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Curso Técnico em Eletrotécnica Manutenção Elétrica Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente da Confederação Nacional da Indústria José Manuel de Aguiar Martins Diretor do Departamento Nacional do SENAI Regina Maria de Fátima Torres Diretora de Operações do Departamento Nacional do SENAI Alcantaro Corrêa Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina Sérgio Roberto Arruda Diretor Regional do SENAI/SC Antônio José Carradore Diretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC Marco Antônio Dociatti Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC Confederação Nacional das Indústrias Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Curso Técnico em Eletrotécnica Manutenção Elétrica Frederico Samuel de Oliveira Vaz Florianópolis/SC 2010 É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio consentimento do editor. Material em conformidade com a nova ortografia da língua portuguesa. Equipe técnica que participou da elaboração desta obra Coordenação de Educação a Distância Beth Schirmer Revisão Ortográfica e Normatização FabriCO Coordenação Projetos EaD Maristela de Lourdes Alves Design Educacional, Ilustração, Projeto Gráfico Editorial, Diagramação Equipe de Recursos Didáticos SENAI/SC em Florianópolis Autor Frederico Samuel de Oliveira Vaz SENAI/SC — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Rodovia Admar Gonzaga, 2.765 – Itacorubi – Florianópolis/SC CEP: 88034-001 Fone: (48) 0800 48 12 12 www.sc.senai.br Ficha catalográfica elaborada por Kátia Regina Bento dos Santos - CRB 14/693 - Biblioteca do SENAI/SC Florianópolis. V393m Vaz, Frederico Samuel de Oliveira Manutenção elétrica / Frederico Samuel de Oliveira Vaz. – Florianópolis : SENAI/SC, 2010. 134 p. : il. color ; 28 cm. Inclui bibliografias. 1. Manutenção Elétrica. 2. Motores elétricos - Manutenção. 3. Manutenção - Ferramentas. 4. Manutenção – Normas. I. SENAI. Departamento Regional de Santa Catarina. II. Título. CDU 621.313 Prefácio Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado. Uma rede de Educação e Tecnologia, formada por 35 unidades conecta- das e estrategicamente instaladas em todas as regiões de Santa Catarina. No SENAI, o conhecimento a mais é realidade. A proximidade com as necessidades da indústria, a infraestrutura de primeira linha e as aulas teóricas, e realmente práticas, são a essência de um modelo de Educação por Competências que possibilita ao aluno adquirir conhecimentos, de- senvolver habilidade e garantir seu espaço no mercado de trabalho. Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe de mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em oferecer um modelo de educação atual e de qualidade. Estruturado com o objetivo de atualizar constantemente os métodos de ensino-aprendizagem da instituição, o Programa Educação em Movi- mento promove a discussão, a revisão e o aprimoramento dos processos de educação do SENAI. Buscando manter o alinhamento com as neces- sidades do mercado, ampliar as possibilidades do processo educacional, oferecer recursos didáticos de excelência e consolidar o modelo de Edu- cação por Competências, em todos os seus cursos. É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos. Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com anima- ções, tornando a aula mais interativa e atraente. Mais de 1,6 milhões de alunos já escolheram o SENAI. Você faz parte deste universo. Seja bem-vindo e aproveite por completo a Indústria do Conhecimento. Sumário Conteúdo Formativo 9 Apresentação 11 12 Unidade de estudo 1 Evolução da Manutenção Seção 1 - Introdução Seção 2 - Histórico 16 Unidade de estudo 2 Sistema de Manutenção Seção 1 - Elaboração de um sistema de manutenção Seção 2 - Tipos de manutenção 26 Unidade de estudo 3 Normas Aplicáveis à Manutenção Seção 1 - NR 6 – Equipamen- to de proteção individual (206.000-0/I0) Seção 2 - NR 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade Seção 3 - NR 17 – Ergonomia Seção 4 - NR 33 – Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados 38 Unidade de estudo 4 Software de Geren- ciamento de Manutenção Seção 1 - Introdução Seção 2 - Software ERP Seção 3 - Objetivos de um sistema de manutenção 13 13 44 Unidade de estudo 5 Custos de Manutenção Seção 1 - Custos de manu- tenção 48 Unidade de estudo 6 Logística da Manutenção Seção 1 - Logística da manu- tenção 52 Unidade de estudo 7 Ferramentas Manu- ais e Equipamentos Utilizados na Manutenção Seção 1 - Ferramentas ma- nuais Seção 2 - Ferramentas elé- tricas Seção 3 - Instrumentos de medição 60 Unidade de estudo 8 Manutenção de Equipamentos e Dis- positivos Industriais e Prediais Seção 1 - Manutenção em fusíveis Seção 2 - Manutenção em contatores Seção 3 - Manutenção em relés de sobrecarga e de tempo Seção 4 - Disjuntores Seção 5 - Manutenção em banco capacitores para cor- reção do fator de potência 39 39 40 17 17 49 Seção 6 - Montagem e manutenção em painéis elétricos Seção 7 - Instalação e manu- tenção de transformadores 114 Unidade de estudo 9 Manutenção de Motores Elétricos Seção 1 - Introdução Seção 2 - Resistências de isolamento Seção 3 - Teste de resistência de isolamento em geradores e motores Seção 4 - Desequilíbrio entre as correntes nas fases Seção 5 - Identificação dos terminais do motor de indu- ção trifásico Seção 6 - Manutenção em motores de corrente contí- nua Seção 7 - Planos de manu- tenção aplicados a motores elétricos Seção 8 - Falhas em motores elétricos Seção 9 - Defeitos em enrolamentos de motores elétricos de indução Finalizando 131 Referências 133 27 27 35 36 53 55 55 45 89 105 61 65 74 84 88 115 115 116 117 118 119 121 125 127 8 CURSOS TÉCNICOS SENAI Conteúdo Formativo 9MANUTENÇÃO ELÉTRICA Carga horária da dedicação Carga horária: 120 horas Competências Planejar, executar e fiscalizar a manutenção de sistemas elétricos utilizando técni- cas de manutenção industrial e predial. Conhecimentos ▪ Normas aplicáveis na manutenção; ▪ tipos de manutenção (corretiva, preventiva, preditiva, detectiva, TPM, entre outras); ▪ software de gerenciamento de manutenção; ▪ custos de manutenção (equipamentos, insumos, mão de obra); ▪ logística da manutenção (estoque, prazo de entrega, fornecedores); ▪ manutenção de equipamentos; ▪ dispositivos industriais e prediais; ▪ ferramentas manuais e elétricas para manutenção. Habilidades ▪ Aplicar leis, normas, padrões de higiene e segurança no trabalho. ▪ Desenvolver plano de manutenção. ▪ Elaborar planilha de custos de manutenção, considerando a relação custo bene- fício. ▪ Aplicar técnicas, métodos, processos e logística da manutenção. ▪ Especificar insumos, materiais, dispositivos e máquinas utilizadas na manuten- ção. ▪ Interpretar catálogos e manuais para o planejamento da manutenção. ▪ Utilizar recursos informatizados para planejamento e acompanhamento da manutenção. ▪ Selecionar e utilizar ferramentas e dispositivos. ▪ Interpretar desenhos e representação gráficos de ferramentas e equipamentos. ▪ Aplicar técnicas de medição e ensaios visando à melhoria da qualidade de pro- dutos e serviços da planta industrial. ▪ Propor incorporações de novas tecnologias, visando a melhoria dos sistemas convencionais. 10 CURSOS TÉCNICOS SENAI Atitudes ▪ Zelo no manuseio dos equipamentos e instrumentos; ▪ Cuidados no manuseio de componentes eletroeletrônicos; ▪ Responsabilidade socioambiental. Apresentação MANUTENÇÃO ELÉTRICA 11 Neste materialserão apresentadas definições, ferramentas e conceitos que irão nortear o técnico em eletrotécnica na atividade de manutenção, tanto do ponto de vista técnico-operacional como do planejamento da manutenção. A manutenção deve ser encarada como uma função estratégica na ob- tenção dos resultados da organização e deve estar direcionada ao suporte do gerenciamento e à solução de problemas apresentados na produção, lançando a empresa a patamares competitivos de qualidade e produtivi- dade. Em decorrência de sua função primordial para a continuidade e desen- volvimento das empresas, a atividade de manutenção gera grande de- manda de mão de obra técnica e qualificada, que deve ser suprida por profissionais competentes, atualizados e motivados na execução dessa atividade. Eis a razão para você se aprofundar em seus estudos! É de sua responsa- bilidade, apreender as definições, conceitos e ferramentas de manuten- ção para desenvolver a atividade futura com excelência. Grandes feitos começam por pequenas ações. Bons estudos! Frederico Samuel de Oliveira Vaz Graduado em Engenharia Elé- trica na Universidade Estadu- al de Santa Catarina – UDESC 2005. Pós-graduado em Projeto e Análise de Máquinas Elétrica Girantes Centro Universitário de Jaraguá do Sul – UNERJ 2009. Atuação na área de fabricação de motores elétricos WEG Equipa- mentos Elétricos S.A 2002-2009. Professor dos cursos técnicos e tecnológicos do SENAI – Jaraguá do Sul 2008 até a presente data. Unidade de estudo 1 Seções de estudo Seção 1 – Introdução Seção 2 – Histórico 13MANUTENÇÃO ELÉTRICA SEção 1 Introdução. Nas últimas duas décadas, a ma- nutenção vem sofrendo constan- tes mudanças, que são decorrentes dos seguintes fatores (KARDEC e NASCIF, 2001, p. 3): ▪ Crescente aumento na diversi- dade e no número de itens físicos a serem mantidos; ▪ Aumento na complexidade dos projetos; ▪ Novas técnicas de manuten- ção; ▪ Novos enfoques sobre a or- ganização da manutenção e suas responsabilidades. Uma nova postura vem sendo criada por parte das áreas de ma- nutenção com relação à conscien- tização de relações, tais como: ▪ Falhas de equipamento podem afetar a segurança e o meio am- biente; ▪ O correto funcionamento dos equipamentos representa a quali- dade nos produtos; ▪ Confiabilidade dos equipa- mentos representa redução de custos. Evolução da Manutenção SEção 2 Histórico da evolução da manutenção. O processo evolutivo da manu- tenção é caracterizado por etapas não muito rígidas, com início na década de 40, juntamente com a atividade industrial. Podemos apresentar essas etapas de evolu- ção até os dias atuais da seguinte forma: ▪ Operação até a falha: o equipamento entra em operação e não ocorre o acompanhamento, com o objetivo de manter a ope- racionalidade do mesmo, ou seja, a manutenção é realizada apenas após a quebra do equipamento. Nesta etapa, por volta da déca- da de 40, embora as falhas ocor- ridas tenham gerado impactos no processo de produção, a pro- dutividade não era prioritária e consequentemente não era ne- cessária uma manutenção siste- matizada e de rotina, tais como lubrificação e limpezas. Nesse período, o grau de mecanização era baixo e o grau de complexi- dade dos equipamentos era me- nor (SENAI/MG, 2004). Quebra: falha. 14 CURSOS TÉCNICOS SENAI ▪ Manutenção baseada em períodos: ocorre a troca dos compo- nentes do equipamento em intervalos constantes de tempo, sem a avaliação das condições do mesmo. Ocorre por volta de 1.950, após a Segunda Guerra mundial (KARDEC E NASCIF, 2001 e SENAI/MG, 2004). ▪ Manutenção planejada: iniciam-se planos sistemáticos de manu- tenção através do planejamento de atividades, visando a prevenção de falhas. A complexidade das máquinas segue aumentando e os custos de manutenção começam a elevar em relação aos custos operacionais. Nasce o conceito de manutenção preventiva. Como consequência do aumento da complexidade dos equipamentos, seu custo de aquisição e vida útil passam a ser muito relevantes (SENAI/MG, 2004). Na década de 60, o contingente de mão de obra reduz e a demanda por produtos aumenta, com o consequente aumento da mecanização das instalações industriais. ▪ Manutenção baseada em condição: inicia-se na década de 80 e é uma estratégia de manutenção baseada no monitoramento das con- dições dos equipamentos, por meio do qual se pode detectar falhas potenciais. Denominada manutenção preditiva, esse tipo de manutenção monito- ra as condições do equipamento, sendo possível prever uma eventual falha com maior assertividade, possibilitando ações para que a falha não ocorra. Assertividade: Deriva-se do termo latim assertu. Pro- posição afirmativa; asserção, as- sertiva. (FERREIRA, 2010). 15MANUTENÇÃO ELÉTRICA Essa manutenção elimina também as trocas desnecessárias que ocorriam no período anterior, reduzindo consideravelmente os custos de manu- tenção. ▪ Manutenção proativa: também é baseada no acompanhamento das condições dos equipamentos, no entanto, o monitoramento das diver- sas medidas é realizado por um sistema inteligente - computadores e instrumentos de medição. O maior objetivo desse tipo de manutenção é, por meio da análise de componentes, obter o prolongamento da vida útil do equipamento (SENAI/MG, 2004). Nos últimos anos, cada vez mais agregam-se aos aspectos tradicionais de manutenção, os aspectos relativos a segurança e meio ambiente, como fatores críticos de sucessos, onde os complexos parques indus- triais devem ser gerenciados com alta confiabilidade (SENAI/MG, 2004, p. 5). Nesta primeira unidade de estudos, você pôde conhecer um pouquinho da evolução histórica do desenvolvimento da manutenção, bem como algumas definições e tipos de manutenção existentes. Na próxima uni- dade, tem mais. Prossiga! Unidade de estudo 2 Seções de estudo Seção 1 – Elaboração de um sistema de manutenção Seção 2 – Tipos de manutenção 17MANUTENÇÃO ELÉTRICA SEção 1 Elaboração de um sistema de manutenção O sistema de manutenção de uma planta industrial é com- posto por um conjunto de es- tratégias para cada item de manutenção, cada qual com o seu plano diretor, contendo as ordens de serviço necessárias para que o desempenho dese- jado seja alcançado dentro do plano estratégico (SENAI/MG, 2004, p. 7). As etapas que compõem a for- mulação de um sistema de ma- nutenção podem ser apresen- tadas conforme a figura 1. O plano mestre de manutenção é o conjunto de ordens de servi- ços necessários para cada equi- pamento cumprir seu programa de manutenção onde devem ser definidos: as atividades a serem desenvolvidas, a carga de horas/ homens previstas e a ufrequên- cia com que a atividade deve ser executada (SENAI/MG, 2004, p. 7). Figura 1 – Plano mestre de manutenção. Fonte: SENAI/MG (2004, p. 7). Sistema de Manutenção SEção 2 Tipos de manutenção Conforme apresentado ante- riormente, o processo evolutivo da manutenção foi caracteriza- do por etapas na busca de me- lhores desempenhos e, como consequência, maior eficiência com a redução de custo. Essa evolução dividiu a manutenção de forma conceitual, refletindo nas estratégias formuladas nos equipamentos, constituindo os sistemas de manutenções esta- belecidos para cada planta in- dustrial (SENAI/MG, 2004, p. 7). Podemos dividir os sistemas de manutenção em: ▪ Manutenção corretiva. ▪ Manutenção preventiva. ▪ Manutenção preditiva. Manutenção corretiva A manutenção corretiva é a moda- lidade mais antiga de manutenção. Surgiu nos meados do século XIX durante a revolução industrial. É aquela de atendimento imediato, ou seja, esse tipo de manutenção significa restaurar ou corrigir o funcionamento da máquina. Para esse tipo de manutenção, o manu- tentor deverá estar capacitado a: ▪ Localizar, mediante um plano de trabalho, possíveis defeitos em máquinas, instalações ou equipa- mentos. ▪ Desmontar, total ou parcial- mente, os equipamentos, utilizan- do técnicas que assegurem uma montagemcorreta. ▪ Avaliar a necessidade de subs- tituição de peças e executar esta tarefa adequadamente. ▪ Recuperar peças, caso neces- sário. ▪ Lubrificar e ajustar peças e componentes ▪ Ter pleno conhecimento do funcionamento das máquinas e componentes para executar testes após a montagem. Podemos considerar que existem dois tipos de manutenção correti- va: a não planejada e a planejada. A manutenção corretiva não planejada normalmente impli- ca em altos custos, pois a quebra inesperada pode gerar perdas de produção e deficiência na qualida- de do produto. 18 CURSOS TÉCNICOS SENAI A manutenção corretiva planejada ocorre quando percebemos que o equipamento não está trabalhando como deveria. Ela é mais barata, rápida e mais segura que a manutenção corretiva não planejada. Mesmo quando a gerência decidir deixar o equipamento funcionar até quebrar, pode-se considerar a manutenção corretiva planejada, assim, providen- ciando as peças necessárias para substituição. Na figura 2, apresentamos um gráfico do desempenho esperado para a função tempo na manutenção corretiva não planejada. O comporta- mento da curva é apenas para efeito didático. O patamar de estabilidade pode ser constante, seguido de uma queda abrupta (KARDEC e NAS- CIF, 2001, p. 38). Observe, atentamente. Figura 2 - Manutenção corretiva não planejada. Fonte: Kardec e Nascif (2001, p. 38). Manutenção preventiva O termo manutenção preventiva é muito abrangente e deve significar um conjunto de ações que visam prevenir a quebra. A manutenção pre- ventiva obedece a um padrão esquematizado, que estabelece paradas pe- riódicas com finalidade de permitir a substituição das peças desgastadas por peças novas, assegurando assim o perfeito funcionamento das má- quinas por um período pré-determinado. Para que isso ocorra, é necessário que haja o controle de todas as máqui- nas, por meio de um histórico arquivado com dados de peças e equipa- mentos fornecidos pelos fabricantes, para que assim possa ser realizado um planejamento das verificações e substituições necessárias. Vantagens da manutenção preventiva: ▪ Distribuição equilibrada na carga de trabalho; ▪ Diminuição do estoque de peças de reposição; ▪ Aumento da vida útil das máquinas e equipamentos; ▪ Eliminação de improvisos e atrasos na produção; ▪ Redução de custos; ▪ Melhor qualidade do produto; ▪ Redução nos acidentes de trabalho; ▪ Efeitos no meio ambiente, principalmente no caso de motores de combustão. 19MANUTENÇÃO ELÉTRICA Após o planejamento, deve haver uma lista de checagem, para que possa ser realizado o monitoramento das tarefas planejadas. Assim, os cuida- dos preventivos podem evitar quebras ou falhas. Veja, abaixo, um modelo de lista de checagem (Check-list). Figura 3 – Check-list. REGISTRO DE ANOMALIA NºTAREFA DATA ANOMALIA CAUSA AÇÃO TOMADA NO EFEITO AÇÃO TOMADA NA CAUSA T. PARADA VISTO PROD. 1.1.1 31/jan Ruído excessivo excesso de umidade troca do rolamento melhoria na vedação do motor ñ houve 2.2.1 05/fev Contatos oxidados excesso de umidade troca dos contatos melhoria na vedação do painel 20 min 1.1.3 06/jun Rolamento em bom estado planejamento incorreto tarefa ñ executada replanejamento da tarefa ñ houve OBSERVAÇÕES Replanejar troca do rolamento (tarefa 1.1.3), devido a anomalia ocorrida na tarefa 1.1.1 Figura 4 – Registro de anomalia. Na figura 5, apresentamos um gráfico de desempenho esperado em fun- ção do tempo para a manutenção preventiva. Não se pode descartar a necessidade de uma eventual manutenção corretiva entre duas manuten- ções preventivas (KARDEC E NASCIF, 2001, p. 38). 20 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 5 - Manutenção preventiva. Fonte: Kardec e Nascif (2001, p. 40). Quanto maior a facilidade na substituição de peças, maior o custo de falhas relativas à produção e, quanto maiores forem as implicações na qualidade do produto e na segurança de pessoal, mais conveniente será a manutenção preventiva. Manutenção preditiva É aquela que indica as condições reais de funcionamento das máquinas, com base em dados que informam o seu desgaste ou processo de de- gradação. Trata-se da manutenção que prediz o tempo de vida útil dos componen- tes, das máquinas, equipamentos e as condições para que esse tempo de vida útil seja bem aproveitado (KARDEC e NASCIF, 2001). Objetivos da manutenção preditiva ▪ Determinar antecipadamente a necessidade de serviços de manuten- ção numa peça específica de um equipamento; ▪ Evitar desmontagens desnecessárias para manutenção; ▪ Aumentar o tempo disponível do equipamento; ▪ Reduzir as paradas não planejadas; ▪ Impedir o aumento de danos; ▪ Aproveitar a vida útil total dos componentes do equipamento; ▪ Aumentar o grau de confiança no desempenho de um equipamento ou linha de produção; ▪ Determinar previamente as interrupções de fabricação para cuidar dos equipamentos que precisam de manutenção. 21MANUTENÇÃO ELÉTRICA Condições para implantação ▪ O equipamento deve permitir monitoramento; ▪ O equipamento deve merecer monitoramento (viabilidade); ▪ As causas das quebras e falhas devem ser monitoradas e ter sua evolução acompanhada. Para execução de uma manutenção preditiva, temos que dispor de vários aparelhos capazes de registrar diversos fenômenos tais como: vibrações, pressão, temperatura, desempenho e aceleração. Além disso, é imprescindível que o técnico tenha pleno conhecimento da máquina a ser avaliada, seus tipos de avarias mais frequentes, métodos de detecção e correção. A manutenção preditiva geralmente adota vários métodos de investiga- ção para poder intervir nas máquinas e equipamentos, sendo que, entre eles, destacam-se: o estudo de vibrações, a análise de óleos, a análise de estado de superfícies, o controle de temperatura e a analise estrutural da peça (KARDEC e NASCIF, 2001). Na figura 6, apresentamos um gráfico de desempenho esperado em fun- ção do tempo para a manutenção preditiva. É importante que a mão de obra responsável pela realização do diag- nóstico seja bem treinada, pois se faz necessária a interpretação dos resultados medidos visando obter os diagnósticos (KARDEC e NASCIF, 2001). Acompanhe o gráfico. Figura 6 - Manutenção preditiva 3.3. Fonte: Kardec e Nascif (2001, p. 43). Manutenção detectiva Manutenção detectiva é a atuação efetuada em sistemas de proteção bus- cando detectar falhas ocultas ou não perceptíveis ao pessoal da opera- ção e manutenção. Ex.: botão de lâmpadas de sinalização e alarme em painéis. Manutenção preditiva: É o tipo de manutenção que apresenta os melhores resul- tados, pois é a que apresenta o menor número de inter- venções. 22 CURSOS TÉCNICOS SENAI A identificação de falhas ocul- tas é primordial para garantir a confiabilidade. Em sistemas complexos, essas ações só de- vem ser levadas a efeito por profissionais da área de ma- nutenção, com treinamento e habilitação para tal, assesso- rado pelo pessoal de opera- ção (KARDEC e NASCIF, 2001, p. 44). É cada vez maior a utilização de computadores digitais em instru- mentação e controle de processo nos mais diversos tipos de plantas industriais. São sistemas de aquisição de dados: controladores lógicos programáveis, sistemas digitais de controle distribuídos - SDCD, multiloops com computador supervisório e outra infinidade de arquiteturas de controle, so- mente possíveis com o advento de computadores de processo (KARDEC e NASCIF, 2001, p. 44). A principal diferença é o nível de automatização. Na manutenção preditiva, faz-se necessário o diag- nóstico a partir da medição de pa- râmetros; na manutenção detecti- va, o diagnóstico é obtido de forma direta, a partir do processa- mento das informações colhidas na planta. Deve-se apenas considerar a possibilidade de falha nos pró- prios sistemas de detecção de falhas, sendo esta possibilidade muito remota. De uma forma ou de outra, a redução dos níveis de paradas indesejadas para manutenções não programadas, fica extremamente reduzida (KARDEC e NASCIF,2001). TPM – Manutenção produtiva total Introdução O TPM nasceu no Japão, país que, após a Segunda Guerra, apresentou muitos problemas na qualidade de seus produtos. Considera-se que o TPM deriva da manutenção preventiva gerada nos Estados Unidos e a evolução deste processo é caracterizada pe- las seguintes etapas: ▪ Manutenção preventiva, 1950 – parte do pressuposto que intervenções adequadas eliminam falhas e apresentam maior de- sempenho e vida útil de equipa- mentos; ▪ Manutenção com introdu- ção e melhorias, 1957 – são criadas, nos equipamentos, formas de se facilitar as interven- ções da manutenção preventiva, aumento da confiabilidade; ▪ Prevenção de manutenção, 1960 – é incorporada, no pro- jeto das máquinas, a eliminação da necessidade de manutenção. Podemos citar como exemplo a adoção de articulações com lubri- ficação permanente na indústria automobilística, pois até 1970, carros e caminhões tinham vários pinos de lubrificação, nos quais deveria ser injetada graxa nova, a intervalos regulares. A alteração não é facilitar a colocação do pino e sim eliminar a necessida- de de intervenção (KARDEC e NASCIF, 2001, p. 180). ▪ TPM 1970 – a cada dia, o mercado exige que as empresas sejam mais competitivas e, para que possam permanecer no mer- cado, as empresas são obrigadas a: ▪ Eliminar desperdício; ▪ Obter melhor desempe- nho de equipamentos; TPM – Manutenção produ- tiva total: Total Productive Maintenance. 23MANUTENÇÃO ELÉTRICA ▪ Reduzir interrupções ou paradas de produção oriundas da quebra de equipamentos; ▪ Reavaliar conhecimento, perfil e habilidades dos colaboradores da produção e manutenção. Utilizando uma sistemática de grupo de trabalho conhecida como: CCQ - Circulo de Contro- le de Qualidade ou ZD - Defeito Zero foram disseminados os se- guintes conceitos, bases do TPM (KARDEC e NASCIF, 2001, p. 181): ▪ O autocontrole deve ser exer- cido por todos; ▪ Cada um é responsável pelas próprias razões; ▪ Deve haver integração entre homem, máquina e empresa; ▪ A manutenção dos meios de produção deve ser preocupação de todos. Objetivos visados pelo TPM O TPM visa eficiência da própria estrutura orgânica da empresa, por meio dos aperfeiçoamentos a serem introduzidos pelas pes- soas nos equipamentos. Signifi- ca criar, preparar e desenvolver programas de desenvolvimento de recursos humanos (SENAI/ MG, 2004, p. 51). Dessa forma, o perfil dos em- pregados deve ser alinhado com os interesses da empresa. Via treinamento e capacitação: os operadores realizam pequenas atividades de manutenção de forma espontânea, tais como: regulagens e lubrificação. O pessoal da manutenção realiza a execução e operações na área de mecatrônica e os engenhei- ros realizam o planejamento, o projeto e o desenvolvimento de equipamentos que exijam o me- nor nível de manutenção (KAR- DEC e NASCIF, 2001). Com a mudança de postura do homem, pode-se promover mu- dança nas máquinas e nos equipa- mentos, possibilitando a obtenção dos seguintes resultados: ▪ Melhoria do rendimento ope- racional global; ▪ Projetos de novos equipa- mentos, considerando-se os parâmetros relativos ao seu custo do ciclo de vida (LCC – Life cycle cost), assim como sua entrada em regime de produção normal; Um sistema de manutenção que garanta níveis de confiabilidade de classe mundial (SENAI/MG, 2004, p. 52). As grandes perdas Segundo a visão do TPM, exis- tem seis grandes perdas, cada qual com sua causa, o que re- presenta uma influência nega- tiva em relação à produção. As mesmas são apresentadas a se- guir (KARDEC e NASCIF, 2001): Defeito Zero: Zero Deffects As 6 Grandes Perdas Causa Das Perdas Influência 1- Quebras 2- Mudanças de Linha Perda por Paralisação Tempo de Operação 3- Operação em Vazio e Pequenas Paradas 4- Velocidade Reduziada em Relação à Nominal Perda por Queda de Velocidade Tempo de Operação 5- Defeito de Produção 6- Queda de Rendimento Perda por Defeitos Tempo Efetivo de Produçao Quadro 1 – Perdas segundo visão do TPM. Fonte: Kardec e Nascif (2001, p. 182). 1. Perdas por quebra – são responsáveis pela maior parcela na queda do desempenho dos equipamentos e podem se dividir em perda decor- rente da quebra do equipamento e perda devido à degeneração grada- tiva que torna os produtos defeituosos (KARDEC e NASCIF, 2001); 2. Perdas por mudança de linha – são geradas em decorrência da pre- paração das máquinas para a fabricação de um novo produto. Neste tipo de perda, são considerados os tempos para a preparação da má- quina, regulagens e ajustes (KARDEC e NASCIF, 2001); 24 CURSOS TÉCNICOS SENAI 3. Perdas por operação em vazio – são paradas momentâneas geradas por problemas na pro- dução ou em equipamentos. Deve ocorrer uma rápida ação, por parte do operador, para que a linha seja afetada menos possível. Podemos citar, como exemplo, a detecção de um produto defeituoso por parte dos sensores e consequentes paradas na linha de produção; (KARDEC e NASCIF, 2001); 4. Perdas por queda de velocida- de de produção – são geradas por condições que obrigam o sistema a trabalhar em menor velocidade. Exemplo: supe- raquecimento de um equipa- mento por deficiência de re- frigeração, em um dia quente, que o obriga a trabalhar em 80% da velocidade (KARDEC e NASCIF, 2001); 5. Perdas por produtos defeituo- sos – são geradas por ações de retrabalhos necessários para a recuperação da peça. Pode ser considerado retrabalho: toda ação que é realizada além do programado; 6. Perdas por queda no rendi- mento – são decorrentes do mau aproveitamento da capa- cidade nominal da máquina ou sistema, geralmente causado por problemas operacionais como, por exemplo, a falta de matéria-prima. Quebra zero Dentro da filosofia do TPM, um conceito fundamental é o da quebra zero, pois, como citado anteriormente, essas perdas são responsáveis pela maior parte da queda do desempenho operacio- nal dos equipamentos. Podemos citar cinco requisitos para se atin- gir a quebra zero: ▪ Manter as condições básicas do equipamento; ▪ Manter as condições de ope- ração; ▪ Restaurar a deterioração; ▪ Corrigir as fraquezas do pro- jeto; ▪ Aperfeiçoar as habilidades de operação e manutenção. Os pilares do TPM O TPM pode ser apoiado em oito pilares, que determinam todo o sistema na busca por maior efici- ência produtiva. Comentaremos abaixo sobre cada pilar (KAR- DEC e NASCIF, 2001, p. 185): ▪ Melhoria focada: significa diminuir os problemas na busca de maior eficiência como, por exemplo, reduzir a vibração e temperatura visando aumentar a vida útil de um equipamento; ▪ Manutenção autônoma: sig- nifica a liberdade de ações, elabo- ração, cumprimento de padrões e conscientização do TPM; ▪ Manutenção planejada: ter o controle de manutenção via treinamento em técnicas de planejamento; ▪ Educação e treinamento: capacitação técnica, comporta- mental e gerencial do pessoal da manutenção e operação; ▪ Controle Inicial: determi- nação de um sistema de geren- ciamento para novos projetos e equipamentos, visando combater falhas iniciais; ▪ Manutenção da qualidade: implantação de um programa de defeito zero; ▪ TPM office: implementa- ção do programa TPM na área administrativa em busca de maior eficiência; ▪ Segurança: estabelecimento de um programa de saúde, segu- rança e meio ambiente. Limpeza, lubrificação e para- fusos apertados. 25MANUTENÇÃO ELÉTRICA A figura 7 apresenta a estrutura do TPM apoiada sobre os 8 pilares. Observe. Figura 7 – Os oito pilares do TPM. Fonte: Kardec e Nascif (2001, p. 185). Implantação do TPM A implantação do TPM segundo KARDEC e NASCIF, 2001, página 187 pode ser realizada conforme a apresentação na tabela seguinte: Fase Nº Etapa Ações PR EP A RA TÓ RI A 1 Comprometimento da alta administração Divulgação do TPM em todas as áreas da empresa. Divulgação através dejornais internos. 2 Divulgação e treinamento inicial Seminário interno dirigido a gerentes de nível superior e inter- mediário. Treinamento de operadores. 3 Definição e do órgão ou comitê responsável pela implantação Estruturação e definição das pessoas do comitê de implanta- ção. 4 Definição da política e metas Escolhas das metas e objetivos a serem alcançados. 5 Elaboração do plano diretor de implantação Detalhamento do plano de implantação em todos os níveis. Introdução 6 Outras atividades relacionadas com a introdução Convite a fornecedores, clientes e empresas contratadas IM PL EM EN TA ÇÃ O 7 Melhoria em máquinas e equipamentos Definição de áreas e / ou equipamentos e estruturação das equipes de trabalho. 8 Estruturação da manutenção autônoma Implementação da manutenção autônoma, por etapas, de acordo com o programa. Auditoria de cada etapa. 9 Estruturação do setor de manutenção e condução da manutenção preditiva Condução da manutenção preditiva Administração plano MPd. Sobressalentes, ferramentas, desenhos... 10 Desenvolvimento e capacitação do pessoal Treinamento de pessoas de operação para o desenvolvimen- to de novas habilidades relativas à manutenção para análise, diagnóstico etc. Formação de lideres. Educação de todo o pessoal. 11 Estrutura para controle e gestão dos equipamentos numa fase inicial Gestão do fluxo inicial. LCC (Life Cycle Cost). Consolidação 12 Realização do TPM e seu aperfeiçoamento Candidatura ao Prémio AM. Busca de objetivos mais ambiciosos. Quadro 2 – Etapas para a implantação do TPM. Fonte: Kardec e Nascif (2001, p. 187). Na unidade que segue, você estu- dará as normas aplicáveis à manu- tenção. O conhecimento dessas normas é essencial para a execu- ção de suas atividades profissio- nais. Portanto, fique antenando! Unidade de estudo 3 Seções de estudo Seção 1 – NR 6 – Equipamento de prote- ção individual (206.000-0/I0) Seção 2 – NR 10 – Segurança em instala- ções e serviços em eletricidade Seção 3 – NR 17 – Ergonomia Seção 4 – NR 33 – Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados 27MANUTENÇÃO ELÉTRICA Diversas são as normas regula- mentadoras. Neste livro, serão apresentadas as principais NR aplicadas à manutenção, de for- ma objetiva, simplificada e com foco na instalação e manutenção elétrica. Para uma análise mais detalhada de cada uma das nor- mas citadas a seguir, recomenda- se a consulta direta à norma em questão. As normas apresentadas serão: SEção 1 NR 6 – Equipamento de proteção individual (206.000-0/I0) A norma regulamentadora NR 6, considera equipamento de proteção individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual, utilizado pelo traba- lhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis à ameaça sobre a segurança e a saúde no trabalho (BRASIL, 2007, p. 1). Normas Aplicáveis à Manutenção Compete ao Serviço Especializa- do em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SES- MT, ou à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, nas empresas desobrigadas de manter o SESMT, recomendar, ao empregador, o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade. A seguir, será apresentada a rela- ção de alguns equipamentos de proteção individual associados a suas respectivas funções (BRA- SIL, 2007, p. 6): ▪ A – EPI para proteção da cabeça - A.1 - capacete de segurança para proteção contra choques elétricos e A.2 - capuz de segurança para proteção do crânio em trabalhos onde haja risco de contato com partes gira- tórias ou móveis de máquinas; ▪ B – EPI para proteção dos olhos e face – B.1 - óculos de segurança para proteção dos olhos contra impactos de partícu- las volantes; ▪ F – EPI para proteção dos membros superiores – F.1 - luva de segurança para proteção das mãos contra choques elétri- cos e F.3 - manga de segurança para proteção do braço e do an- tebraço contra choques elétricos; ▪ G – EPI para proteção dos membros inferiores – G.1 - cal- çado de segurança para proteção dos pés contra choques elétricos; ▪ I – EPI para proteção con- tra quedas com diferença de nível – I.1 - dispositivo trava- queda de segurança para prote- ção do usuário contra quedas em operações com movimentação vertical ou horizontal, quando utilizado com cinturão de segu- rança para proteção contra que- das, I.2 – cinturão de segurança para proteção do usuário contra riscos de queda em trabalhos em altura. SEção 2 NR 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade Introdução Dispõe sobre as diretrizes bá- sicas para a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, destinados a garan- tir a segurança e a saúde dos trabalhadores, que direta ou indiretamente interajam com instalações elétricas e serviços com eletricidade nas fases de geração, transmissão, distribui- ção e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manu- tenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades (BRASIL, 2005, p. 1). Entende-se como equipa- mento conjugado de prote- ção individual, todo aquele composto por vários disposi- tivos, que o fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que possam ocorrer si- multaneamente e que sejam suscetíveis à ameaça sobre a segurança e a saúde no traba- lho (BRASIL, 2007, p. 1). 28 CURSOS TÉCNICOS SENAI Medidas de proteção coletiva Em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, priori- tariamente, medidas de proteção coletiva, aplicáveis, mediante pro- cedimentos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos traba- lhadores. As medidas de proteção coletiva compreendem principalmente a desenergização elétrica, confor- me estabelece esta NR, e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança. Não sendo possível aplicar a tensão de segu- rança, devem ser utilizadas outras medidas de proteção coletiva, tais como: isolação das partes vivas, obstáculos, dentre outras. Observação: É considerada tensão de segurança, os ní- veis de tensão inferiores a 50 Vac e 120 Vcc. Em ambientes úmidos este nível de tensão deverá ser a metade deste potencial. Exemplo de aplicação de tensão de segurança: ▪ Os 24 Vcc que são fornecidos pela fonte interna de CLPs, os quais são aplicados em botoeiras e sensores de entrada do mesmo. Exemplo de utilização de prote- ção coletiva: ▪ Isolação das partes vivas; ▪ Obstáculos; ▪ Barreiras; ▪ Sistema de seccionamento automático de alimentação; ▪ Sinalização; ▪ Bloqueio do religamento auto- mático (desenergização); ▪ Aterramento das instalações elétricas. Medidas de proteção individual Nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnica- mente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos de proteção individual específicos e adequados às atividades desenvol- vidas, em atendimento ao dispos- to na NR 6. As vestimentas de trabalho de- vem ser adequadas às atividades, devendo contemplar a condutibi- lidade, inflamabilidade e influên- cias eletromagnéticas. É vedado o uso de adornos pes- soais nos trabalhos com instala- ções elétricas ou em suas proxi- midades. Segurança na constru- ção, montagem, operação e manutenção Nos trabalhos e nas atividades referidas, devem ser adotadas medidas preventivas destinadas ao controle dos riscos adicionais, especialmente quanto à altura, confinamento, campos elétricos e magnéticos, explosividade, umi- dade, poeira, fauna, flora e outros agravantes, adotando-se a sina- lização de segurança (BRASIL, 2005, p.3). Nos locais de trabalho, só podem ser utilizados equipamentos, dis- positivos e ferramentas elétricas compatíveis com a instalação elé- trica existente, preservando-se as características de proteção como, por exemplo, a categoria do equi- pamento de medição compatível com o nível de potência a ser tra- balhado,respeitadas as recomen- dações do fabricante e as influên- cias externas. Os equipamentos, dispositivos e ferramentas que possuam isolamento elétrico de- vem estar adequados às tensões envolvidas. Os ensaios e testes elétricos labo- ratoriais e de campo somente po- dem ser realizados por trabalha- dores que atendam às condições de qualificação, habilitação, capa- citação e autorização estabeleci- das nesta NR, que são (BRASIL, 2005, p. 5): ▪ Trabalhador qualificado é aquele que comprovar conclusão de curso específico na área elé- trica, reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. ▪ Profissional legalmente habili- tado é o trabalhador previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe. ▪ Trabalhador capacitado é aquele que atenda às seguintes condições, simultaneamente: a. Receba capacitação sob orien- tação e responsabilidade de profissional habilitado e auto- rizado; b. Trabalhe sob a responsabilida- de de profissional habilitado e autorizado. A capacitação só terá validade para a empresa que o capacitou e nas condições estabelecidas pelo profissional, habilitado e autoriza- do, responsável pela capacitação. São considerados autorizados os trabalhadores qualificados ou ca- pacitados e os profissionais habi- litados, com anuência formal da empresa. 29MANUTENÇÃO ELÉTRICA Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia elétrica e as principais medidas de prevenção contra acidentes em instalações elétricas, de acordo com o estabelecido nesta NR. Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e sempre que ocorrer alguma das situações a seguir: c. Troca de função ou mudança de empresa; d. Retorno de afastamento do trabalho ou inatividade, por período su- perior a três meses; e. Modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de méto- dos, processos e organização do trabalho. A seguir, é apresentado um fluxograma das etapas para a formação do profissional autorizado. Segurança em instalações elétricas desenergizadas Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas libe- radas para trabalho, mediante os procedimentos apropriados, obedecida a sequência abaixo (BRASIL, 2005, p. 5): a. Seccionamento; b. Impedimento de re-energização; c. Constatação da ausência de tensão; d. Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos; e. Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada; f. Instalação da sinalização de impedimento de re-energização. 30 CURSOS TÉCNICOS SENAI O estado de instalação desenergizada deve ser mantido até a autorização para re-energização, devendo respeitar a sequência de procedimentos abaixo: a. Retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos; b. Retirada, da zona controlada, de todos os trabalhadores não envolvi- dos no processo de re-energização; c. Remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das proteções adicionais; d. Remoção da sinalização de impedimento de re-energização; e. Destravamento se houver e religação dos dispositivos de secciona- mento. A seguir, é apresentado um procedimento para desenergização elétrica, que deve ser utilizado como referência: Título: Procedimento de desenergização elétrica. Elaborador: Nome do Profissional Habilitado. Data: DD/MM/AAAA. Revisão: 00 Item. Descrição da atividade. Responsável / Executante. Risco / Perigo. Efeito. Modo de detecção Meio de controle 01 Receber ordem de serviço. Encarregado. Nenhum. Nenhum. Nenhum. Nenhum. 02 Separar material e ferramentas necessárias para o serviço. Eletricista. Materiais com pontas e farpas ou pesados. Corte e esmagamento. Visual e tato. Luva de couro . 03 Instalar sinalização de serviço. Eletricista. Nenhum. Nenhum. Nenhum. Nenhum. 04 Isolar a área de trabalho, para criar distanciamento da zona controlada. Eletricista. Nenhum. Nenhum. Nenhum. Nenhum. 05 Verificar qual o circuito a ser desenergizado e secciona-lo. Eletricista. Choque elétrico e arco voltaico Parada cardio- respiratória e queimaduras. Visual. Luvas de couro e isolante elétrica para tensão apropriada, sapato com solado isolante elétrico, Vestimenta antichama de classe apropriada. Óculos de segurança com abas lateriais, Capacete de segurança. 06 Bloquear o circuito. Eletricista. Nenhum. Nenhum. Nenhum. Nenhum. 31MANUTENÇÃO ELÉTRICA 07 Verificar ausência de tensão no circuito. Eletricista. Choque elétrico e arco voltáico. Parada cardio- respiratória e queimaduras. Visual, por meio de equipamento de medidas elétricas. Equipamento de medidas elétricas de categoria de segurança apropriado, Luvas de couro e isolante elétrica para tensão apropriada, sapato com solado isolante elétrico, vestimenta antichama de classe apropriada, óculos de segurança com abas lateriais e capacete de segurança. 08 Instalar aterramento temporário. Eletricista. Nenhum. Nenhum. Nenhum. Nenhum. 09 Segregar os demais circuitos que se encontrem energizados. Eletricista. Choque elétrico e arco voltáico. Parada cardio- respiratória e queimaduras. Visual. Luvas de couro e isolante elétrica para tensão apropriada, Sapato com solado isolante elétrico, Vestimenta anti- chama de classe apropriada, Óculos de segurança com abas lateriais, Capacete de segurança. 10 Executar o serviço de instalação ou manutenção aplicando as melhores técnicas de trabalho. Profissionais necessários para a execução do serviço. Verificar demais procedimentos pertinentes. Verificar demais procedimentos pertinentes. Verificar demais procedimentos pertinentes. Verificar demais procedimentos pertinentes. 11 Retirar as ferramentas e equipamentos da área de trabalho. Eletricista. Verificar demais procedimentos pertinentes. Verificar demais procedimentos pertinentes. Verificar demais procedimentos pertinentes. Verificar demais procedimentos pertinentes. 12 Permanecer dentro da zona controlada, somente os necessários para a reenergização do circuito. Eletricista. Falhas operacionais. Em caso de acidente muitas pessoas serem atingidas pelo mesmo. Visual. Seguir o procedimento. 32 CURSOS TÉCNICOS SENAI 13 Remoção da segregação dos demais circuitos. Eletricista. Choque elétrico e arco voltáico. Parada cardio- respiratória e queimaduras. Visual. Luvas de couro e isolante elétrica para tensão apropriada, Sapato com solado isolante elétrico, Vestimenta anti- chama de classe apropriada, Óculos de segurança com abas lateriais e capacete de segurança. 14 Remoção do aterramento temporário. Eletricista. Nenhum. Nenhum. Nenhum. Nenhum. 15 Retirar o bloqueio do sistema de seccionamento do circuito. Eletricista. Nenhum. Nenhum. Nenhum. Nenhum. 16 Religar o circuito. Eletricista. Choque elétrico e arco voltaico. Parada cardio- respiratória e queimaduras. Visual. Luvas de couro e isolante elétrica para tensão apropriada, sapato com solado isolante elétrico, vestimenta antichama de classe apropriada, óculos de segurança com abas lateriais e capacete de segurança. 17 Verificar tensão e funcionamento do equipamento. Eletricista. Choque elétrico e arco voltaico. Parada cardio- respiratória e queimaduras. Visual, por meio de equipamento de medidas elétricas. Equipamento de medidas elétricas de categoria de segurança apropriado, luvas de couro e isolante elétrica para tensão apropriada, sapato com solado isolante elétrico, vestimenta antichama de classe apropriada, óculos de segurança com abas lateriais e capacete de segurança. 18 Remoção do isolamento da zona controlada. Eletricista. Nenhum. Nenhum. Nenhum. Nenhum. 19 Remoção da sinalização. Eletricista. Nenhum. Nenhum. Nenhum. Nenhum. 20 Liberação do serviço. Eletricista. Nenhum. Nenhum. Nenhum. Nenhum. Quadro 3 - Procedimento deDesenergização Elétrica. 33MANUTENÇÃO ELÉTRICA Proteção contra incên- dio e explosão As áreas onde houver instala- ções ou equipamentos elétricos devem ser dotadas de proteção contra incêndio e explosão. Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas des- tinados à aplicação em insta- lações elétricas de ambientes com atmosferas potencialmente explosivas devem ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação (BRASIL, 2005, p. 6). Os processos ou equipamentos suscetíveis à geração ou acumula- ção de eletricidade estática devem dispor de proteção específica e dispositivos de descarga elétrica. Nas instalações elétricas de áreas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou explosões, devem ser adotados dispositivos de proteção como: alarme e seccionamento auto- mático, para prevenir sobreten- sões, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de operação (BRASIL, 2005, p. 6). Sinalização de segu- rança Nas instalações e serviços em ele- tricidade, deve ser adotada a sina- lização adequada de segurança, destinada à advertência e identifi- cação, obedecendo ao disposto na NR-26 – Sinalização de Seguran- ça, de forma a atender, dentre ou- tras, as situações a seguir (BRA- SIL, 2005, p. 6): a. Identificação de circuitos elé- tricos; b. Travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de ma- nobra e comandos; c. Restrições e impedimentos de acesso; d. Delimitações de áreas; e. Sinalização de áreas de circu- lação, de vias públicas, de ve- ículos e de movimentação de cargas; f. Sinalização de impedimento de energização; g. Identificação de equipamento ou circuito impedido. Procedimentos de tra- balho Os serviços em instalações elétri- cas devem ser precedidos de or- dens de serviço específicas, apro- vadas por trabalhador autorizado, contendo, no mínimo: o tipo, a data, o local e as referências aos procedimentos de trabalho a se- rem adotados. Os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo: ob- jetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e respon- sabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orienta- ções finais (BRASIL, 2005, p. 6). Situação de emergên- cia As ações de emergência que en- volvam as instalações ou serviços com eletricidade devem constar do plano de emergência da em- presa. Os trabalhadores autorizados de- vem estar aptos a executar o res- gate e prestar os primeiros socor- ros a acidentados, especialmente por meio de reanimação cardio- respiratória. Os trabalhadores autorizados de- vem estar aptos a manusear e ope- rar equipamentos de prevenção e combate a incêndio existentes nas instalações elétricas. Abaixo, segue o significado de cada termo habitualmente relacio- nado às situações de emergência (BRASIL, 2005 p. 8 e 9). Acom- panhe atentamente! 1. Alta tensão (AT): tensão su- perior a 1000 volts em corren- te alternada, ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. 2. Área classificada: local com potencialidade de ocorrência de atmosfera explosiva. 3. Aterramento elétrico tempo- rário: ligação elétrica efetiva, confiável e adequada, intencio- nal à terra, destinada a garantir a equipotencialidade e mantida continuamente durante a inter- venção na instalação elétrica. 4. Atmosfera explosiva: mis- tura com o ar, sob condições atmosféricas, de substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual, após a ignição, a com- bustão se propaga. 5. Baixa tensão (BT): tensão superior a 50 volts em corren- te alternada, ou 120 volts em corrente contínua igual ou in- ferior a 1000 volts em corren- te alternada, ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. 6. Barreira: dispositivo que im- pede qualquer contato com partes energizadas das instala- ções elétricas. 34 CURSOS TÉCNICOS SENAI 7. Direito de recusa: instrumen- to que assegura, ao trabalhador, a interrupção de uma atividade de trabalho por considerar que ela envolve grave e iminente risco para sua segurança e saú- de ou de outras pessoas. 8. Equipamento de proteção coletiva (EPC): dispositivo, sistema, ou meio, fixo ou mó- vel, de abrangência coletiva, destinado a preservar a integri- dade física e a saúde dos traba- lhadores, usuários e terceiros. 9. Equipamento segregado: equipamento tornado inacessí- vel por meio de invólucro ou barreira. 10. Extrabaixa tensão (EBT): tensão não superior a 50 volts em corrente alternada, ou 120 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e ter- ra. 11. Influências externas: variá- veis que devem ser considera- das na definição e seleção de medidas de proteção, para se- gurança das pessoas e desem- penho dos componentes da instalação. 12.Instalação elétrica: conjunto das partes elétricas e não elé- tricas associadas e com carac- terísticas coordenadas entre si, que são necessárias ao funcio- namento de parte determinada de um sistema elétrico. 13.Instalação liberada para serviços (BT/AT): aquela que garanta as condições de segurança ao trabalhador, por meio de procedimentos e equi- pamentos adequados, desde o início até o final dos trabalhos e liberação para uso. 14.Impedimento de re-energi- zação: condição que garante a não energização do circuito por meio de recursos e pro- cedimentos apropriados, sob controle dos trabalhadores en- volvidos nos serviços. 15.Invólucro: envoltório de par- tes energizadas, destinado a impedir qualquer contato com partes internas. 16.Isolamento elétrico: proces- so destinado a impedir a pas- sagem de corrente elétrica, por interposição de materiais iso- lantes. 17.Obstáculo: elemento que im- pede o contato acidental, mas não impede o contato direto por ação deliberada. 18.Perigo: situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas por ausência de medidas de controle. 19.Pessoa advertida: pessoa in- formada ou com conhecimen- to suficiente para evitar os pe- rigos da eletricidade. 20.Procedimento: sequência de operações a serem desenvol- vidas para realização de um determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos; medidas de seguran- ça e circunstâncias que impos- sibilitem sua realização. 21.Prontuário: sistema organi- zado de forma a conter uma memória dinâmica de informa- ções pertinentes às instalações e aos trabalhadores. 22.Risco: capacidade que uma grandeza com potencial tem para causar lesões ou danos à saúde das pessoas. 23.Riscos adicionais: todos os demais grupos ou fatores de risco, além dos elétricos, es- pecíficos de cada ambiente ou processos de trabalho que, di- reta ou indiretamente, possam afetar a segurança e a saúde no trabalho. 24.Sinalização: procedimento padronizado destinado a orien- tar, alertar, avisar e advertir. 25.Sistema elétrico: circuito ou circuitos elétricos interrelacio- nados destinados a atingir um determinado objetivo. 26.Sistema elétrico de potência (SEP): conjunto das instala- ções e equipamentos destina- dos à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica até a medição, inclusive. 27.Tensão de segurança: extra- baixa tensão originada em uma fonte de segurança. 28.Trabalho em proximidade: trabalho durante o qual o tra- balhador pode entrar na zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que manipule. 29.Travamento: ação destinada a manter, por meios mecânicos, um dispositivo de manobra fixo numa determinada posi- ção, de forma a impedir opera- ções não autorizadas. 30.Zona de risco: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível inclu- sive acidentalmente, de dimen- sões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida 35MANUTENÇÃO ELÉTRICA a. Ter altura e características da superfície de trabalho compa- tíveis com o tipode atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento (BRA- SIL, 2007, p. 2); b Ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo tra- balhador; c. Ter características dimensio- nais que possibilitem posi- cionamento e movimentação adequados dos segmentos cor- porais. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequa- da, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natu- reza da atividade. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa. A ilumina- ção geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos (BRASIL, 2007, p. 4). Os níveis mínimos de iluminação a serem observados nos locais de trabalho são os valores de ilumi- nâncias estabelecidos na NBR 5413, norma brasileira registrada no INMETRO. A medição dos níveis de ilumina- ção deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se um luxíme- tro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de incidên- cia. a profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho. 31.Zona controlada: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível, de di- mensões estabelecidas de acor- do com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados. SEção 3 NR 17 – Ergonomia Esta norma regulamentadora visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às carac- terísticas psico-fisiológicas dos trabalhadores, de modo a pro- porcionar o máximo conforto, segurança e desempenho efi- ciente (BRASIL, 2007, p. 1). As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levanta- mento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equi- pamentos, às condições ambien- tais do posto de trabalho e à pró- pria organização do trabalho. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas e painéis devem propor- cionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização, ope- ração e devem atender aos seguin- tes requisitos mínimos: INMETRO: Instituto Nacio- nal de Metrologia, Norma- lização e Qualidade Industrial. 36 CURSOS TÉCNICOS SENAI SEção 4 NR 33 – Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados Esta norma tem como objeti- vo estabelecer os requisitos mínimos para identificação de espaços confinados e o reco- nhecimento, avaliação, monito- ramento e controle dos riscos existentes, de forma a garantir permanentemente a segurança e saúde dos trabalhadores que interagem direta ou indireta- mente nestes espaços (BRASIL, 2005, p. 1). Medidas técnicas de preven- ção (BRASIL, 2005, p. 2): a. Identificar, isolar e sinalizar os espaços confinados para evitar a entrada de pessoas não auto- rizadas; b. Antecipar e reconhecer os ris- cos nos espaços confinados; c. Proceder à avaliação e contro- le dos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e me- cânicos; d. Prever a implantação de travas, bloqueios, alívio, lacre e etique- tagem; e. Programar medidas necessárias para eliminação ou controle dos riscos atmosféricos em es- paços confinados; f. Avaliar a atmosfera nos espa- ços confinados, antes da entra- da de trabalhadores, para veri- ficar se o seu interior é seguro; g. Manter condições atmosféricas aceitáveis na entrada e durante toda a realização dos trabalhos, monitorando, ventilando, pur- gando, lavando ou inertizando o espaço confinado; h. Monitorar continuamente a atmosfera nos espaços confi- nados, nas áreas onde os traba- lhadores autorizados estiverem desempenhando as suas tare- fas, para verificar se as condi- ções de acesso e permanência são seguras; i. Proibir a ventilação com oxigê- nio puro; j. Testar os equipamentos de me- dição antes de cada utilização; k. Utilizar equipamento de leitura direta, intrinsecamente seguro, provido de alarme, calibrado e protegido contra emissões ele- tromagnéticas ou interferên- cias de uradiofrequência. Confinados: Espaço con- finado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para re- mover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou en- riquecimento de oxigênio. 37MANUTENÇÃO ELÉTRICA Os equipamentos fixos e portáteis, inclusive os de comunicação e de movimentação vertical e horizontal, devem ser adequados aos riscos dos espaços confinados. Em áreas classificadas, os equipamentos devem es- tar certificados ou possuir documento contemplado no âmbito do Siste- ma Brasileiro de Avaliação da Conformidade - INMETRO. Adotar medidas para eliminar ou controlar os riscos de inundação, so- terramento, engolfamento, incêndio, choques elétricos, eletricidade está- tica, queimaduras, quedas, escorregamentos, impactos, esmagamentos, amputações e outros, que possam afetar a segurança e saúde dos traba- lhadores. Com isso, concluímos a terceira unidade de estudos desta unidade curri- cular. Prepare-se para conhecer a estrutura de um sistema de manuten- ção, bem como as ferramentas necessárias para a obtenção de resultados de excelência. Vamos juntos! Unidade de estudo 4 Seções de estudo Seção 1 – Introdução Seção 2 – Software ERP Seção 3 – Objetivos de um sistema de manutenção 39MANUTENÇÃO ELÉTRICA SEção 1 Introdução Inicialmente os sistemas infor- matizados para planejamento e controle da manutenção foram desenvolvidos pelas próprias empresas, ou seja, apenas as empresas com grandes estru- turas possuíam condições de desenvolvimento do software, pois, para tanto, eram neces- sários grandes computadores e pessoal especializado (KARDEC e NASCIF, 2001). Ao longo do tempo, tornou-se cada vez mais difícil planejar e controlar a manutenção sem a utilização de um software, dian- te do volume de informações a serem armazenadas e proces- sadas. O controle manual e as planilhas eletrônicas são ine- ficientes e apresentam pouca quantidade de informação ne- cessária para tomar decisões. Segundo Abraman, a tendência do mercado indica que cerca de 89% das empresas utilizam sof- tware de manutenção (VIANA, 2002). Atualmente o desenvolvimen- to do software, internamente na empresa, apresenta maior custo e demanda maior tempo do que a aquisição de um sof- tware específico no mercado. Existe uma grande variedade de softwares dedicados à área de manutenção e que podem aten- der, desde uma pequena fábrica com um quadro de 15 pessoas até sistemas bastante comple- xos para suprir a necessidade de grandes corporações. O cus- to do software é proporcional à complexidade do mesmo (KAR- DEC e NASCIF, 2001). Software de Gerenciamento de Manutenção Um sistema de manutenção é fun- damental, pois é com a sua utili- zação que se realiza um controle eficiente das ações mantenedoras: desde a implementação e consulta de cadastros até a análise de rela- tórios. Atualmente, no mercado, ainda existem empresas que utili- zam softwares para o gerenciamen- to e controle de manutenção sem a integração com outros sistemas de informação, como por exem- plo, o de custos e suprimento. Os sistemas ERP surgiram da necessidade de integração das informações entre dife- rentes áreas na empresa e podem ser definidos como uma arquitetura de software que possibilita a transferên- cia de informações entre as diferentes áreas de uma em- presa como: compras, recur- sos humanos, finanças e ma- nutenção (VIANA, 2002). SEção 2 Software ERP O software ERP é um sistema am- plo de soluções e informações, com um banco de dados único, em que as informações inseridas em cada módulo podem ser auto- maticamente utilizadas por outros módulos. Ele utiliza uma plata- forma comum que interage com o conjunto integrado de informa- ções, concentrando todas as áreas da empresa em um único ambien- te computacional (VIANA, 2002, p.162). Abraman: Associação Brasi- leira de Manutenção. ERP: Entreprise Resourse Planning. 40 CURSOS TÉCNICOS SENAI Os acessos às informações devem ser o mais abrangente possível e de- vem possibilitar o ingresso por rede local, intranet ou internet (KAR- DEC e NASCIF, 2001). Figura 8 – Acesso a Informações dos Softwares de Manutenção. Fonte: Kardec e Nascif (2001, p. 80). SEção 3 Objetivos de um sistema de manutenção As funções que um sistema informatizado de manutenção deve executar são: ▪ Padronizar procedimentos ligados ao serviço de manutenção, tais como: ordem de serviço, informações oriundas do banco de dados e programação de serviços; ▪ Disponibilizar as informações da manutenção de forma simplificada e de fácil acesso com, por exemplo, custo de componentes e equipa- mentos, informações técnicas etc.; ▪ Gerenciar a estratégia de manutenção com a utilização de planos preventivos de forma que as ordens de manutenção sejam geradas automaticamente; ▪ Aumentar a produtividade da manutenção através de informação e a definição de prioridade de serviços com a consequente otimização de obra; ▪ Controlar a condição dos equipamentos; ▪ Gerar relatórios de históricos de máquinas e equipamentos, índices consolidados, índices de corretivas etc. (VIANA, 2002, p. 163). A seguir, serão apresentados, de forma simplificada, os requisitos ne- cessários a um sistema de manutenção, para a realizar um eficiente pla- nejamento e controle da manutenção. Os requisitos para a escolha do sistema são: ▪ Plataforma operacional: é indicada a utilização da plataforma Win- dows; esta opção enseja uma base de hardware bem mais poderosa, pois há necessidade de que o sistema rode em rede. 41MANUTENÇÃO ELÉTRICA ▪ Relação amigável: o sistema deve apresentar a opção do idioma em português, possuir links entre rotinas interdependentes, abertura de janelas simultâneas, ser intercambiável com programas que realizam ou que viabilizem a utilização de figuras, desenhos e planilhas; ▪ Integração com outros módulos: o mínimo que se pode exigir de um software de manutenção é a integração de um banco de dados da manutenção, estoque e suprimentos. A melhor opção é um sistema ERP, pelas razões anteriormente apresentadas; ▪ Performance: apresentar tempos reduzidos para atividades tais como aberturas de telas, consultas e processamentos; ▪ Interface com materiais: possibilitar a reserva e a aquisição de materiais relacionados à ordem de manutenção; ▪ Assistência técnica: o fornecedor do software deverá apresentar suporte de alta qualidade na solução de problemas, com constantes melhorias e adequações dos sistemas; ▪ Rotinas básicas: o sistema deve oferecer as seguintes rotinas bási- cas (VIANA, 2002, p. 165): ▪ Rede de tags; ▪ Geração manual de ordens de manutenção; ▪ Cadastro de equipamentos, equipes, ferramental, informações técnicas, IPI etc.; ▪ Relatórios relativos a índice de manutenção com opções gráfi- cas; ▪ Geração automática de ordem de manutenção a partir de uma SS; ▪ Inserção e giro de plano de manutenção; ▪ Possuir conceitos para tratar tarefas obrigatórias de manuten- ção. Esses conceitos são importantes para que o sistema con- sidere que a ordem de manutenção pode ser finalizada, caso as tarefas obrigatórias estejam concluídas; ▪ Possibilitar a alteração de informações tais como: tempos para a realização de uma operação, número de homens etc.; ▪ Opção de visualização de calendários nos planos de manuten- ção dos equipamentos, com possibilidade de comparação entre o planejado e o executado em um determinado intervalo de tempo; ▪ Definir o interrelacionamento de tarefas, possibilitando estabe- lecer relações de dependência entre as tarefas de uma ordem, de forma que dependa da conclusão de outra; ▪ Possibilitar ajustes para correção de eventuais erros, bem como melhorar a execução de cálculos de alocação; ▪ Possibilitar que diversas ordens de manutenção sejam agrupa- das. As indicações acima podem ser ou não pertinentes, dependendo da es- trutura de planejamento e controle da manutenção. Por isso, deve-se estudar a realidade específica da empresa onde se deseja implementar o sistema informatizado. A título de informação, será apresentado um quadro com alguns softwares disponíveis no mercado. Fique antenado! 42 CURSOS TÉCNICOS SENAI Nome Comercial do Software Empresa AMOS-D Spectec/Moerbeck ARTEMIS D&ISI AVANTIS-PRO MARCAM SOLUTIONS CHAMPS Thornix Informática CMC PTC COMAC DELTA SetUp COMPASS Boone and Moore COSWIN Siveco (Protom) ENGEMAN Chips Informática GERCOM Compuscience LS MAESTRO Logical Soft Informática Ltda. MAC ACTIVE SAM-Sist. de Automação da manuteção MAIN SERVER Engequal MANTEC Semapi Sistemas MÁXIMO PSDI MMS Inter-Unde Engenharia Química MP2 ENTERPRISE DataStream Systems Inc. MS2000 MicroMains Corp. OOPS Falcon Systems PLACOM Micro Comsult PROTEUS Eagle Technology Inc. SIAM MR Bachelany Adm. e Informática SIEM M&F Consultoria e Projetos SIGMA Petrobras SIM Astrein Informática SMI SPES Engenharia de Sistemas TEROMAN Promon Engenharia/ SD Scicon TMA-CMMS TMA Systems ULTIMAINT Pearl Comuter Systems Inc. Quadro 4 – Softwares Disponíveis no Mercado. Fonte: Kardec e Nascif (2001, p. 81). 43MANUTENÇÃO ELÉTRICA O mais importante não é exatamente a marca do software, mas a quali- dade dos dados que são inseridos nele, a qualidade da informação que é retirada dele e a efetividade do sistema de manutenção implantado no sistema. Daí sairão os resultados da manutenção (SENAI/MG, 2004). Estamos chegando à quinta unidade de estudos desta unidade curricular, onde discutiremos os custos de manutenção. Podemos, com isso, dizer que ultrapassamos mais da metade de nosso percurso. Continue conos- co na tarefa de “descortinar” as tantas ideias, definições e conceitos que envolvem a área de manutenção. Vamos juntos! Unidade de estudo 5 Seções de estudo Seção 1 – Custos de manutenção 45MANUTENÇÃO ELÉTRICA SEção 1 Custos de manutenção Nenhum estudo de implantação de programas de manutenção, em qual- quer empresa, pode ser devidamente efetuado sem considerar os custos envolvidos. Eles são, na verdade, os fatores mais importantes a serem examinados para decidir entre diferentes programas de manutenção. O custo é um fator crítico de competitividade e deve merecer foco total na gestão da manutenção. No Brasil, o custo da manutenção em relação ao faturamento bruto veio apresentando uma tendência de queda a partir de 1991, como pode ser observado no gráfico abaixo: Figura 9 – Custo da Manutenção no Brasil. Fonte: Kardec e Nascif (2001, p. 57). Figura 10 – Composição de Custo Fonte: Abraman – Associação Brasileira de Manutenção Custos de Manutenção Para fins de controle, os custos de manutenção podem ser classifica- dos em três grupos: ▪ Custos diretos - são todos os custos necessários para manter o equipamento funcionando. São custos com: inspeções regulares, manutenção preditiva, manu- tenção detectiva, manutenções corretivas, custos de reparo ou revisões. ▪ Custos de perda de produ- ção - são decorrentes da perda de produção, gerados por: falhas em máquina/equipamento principal sem a possibilidade de utilização de um equipamento reserva, seja pela inexistência deste equipamento ou por indis- ponibilidade do mesmo e falha do equipamento decorrente de ação imprópria de manutenção (KARDEC e NASCIF, 2001). ▪ Custos indiretos - são custos relacionados à estrutura adminis- trativa, composto por: engenharia de supervisão e manutenção, pla- nejamento e estudo de melhorias, supervisão entre outros. Dentro deste grupo, devem ser conside- rados ainda: aquisição de equipa- mentos e ferramentas para a ma- nutenção, custos de amortização, depreciação, consumo de energia e demais utilidades (KARDEC e NASCIF, 2001). 46 CURSOS TÉCNICOS SENAI É importante salientar que a clas- sificação de estudos de melhorias, como custo indireto, é feita consi- derando este estudode forma glo- bal, ou seja, caso ele seja realizado especificamente sobre um equipa- mento, deverá ser considerado cus- to direto. O custo direto de manutenção pode ser dividido nos seguintes componentes: ▪ Mão de obra própria direta - os custos de mão de obra própria são gerados pelas demandas de serviços a executar previstos nos planos de manutenção preven- tiva, estabelecidos no sistema de manutenção, nas demandas de serviços identificadas pelas equipes de inspeção de área e nas chamadas solicitações de serviços avulsas advindas das áreas de produção (SENAI/MG, 2004, p. 55). Para cada ordem de serviço existe um número de horas alocadas que é multiplicado pelo salário mé- dio mensal (incluindo encargos sociais) para geração do custo da ordem de serviço. Uma parcela das atividades rela- cionada à manutenção pode ser terceirizada, passando então a fa- zer parte do custo de serviços de terceiros. Deve-se sempre procurar al- cançar altos padrões de con- fiabilidade, pois, desta forma, a carga de trabalho relativa às ações corretivas são reduzidas e o quadro de mão de obra pró- pria tem seu custo otimizado (SENAI/MG, 2004). Nos planos preventivos, as infor- mações da carga de trabalho em horas/homem e a frequência com que ocorrem as interven- ções em cada ordem de serviço devem ser confiáveis, alinhadas a uma busca constante de pro- dutividade, por meio de um pla- nejamento/programação com padrões eficientes de execução (SENAI/MG, 2004, p. 55). ▪ Custo de serviços de tercei- ros – podem ser divididos em: serviços executados externamen- te (balanceamento, usinagens especiais e testes específicos) e serviços executados internamen- te. Um bom planejamento deve ser realizado previamente à con- tratação de terceiros e os serviços a serem realizados devem estar bem definidos, visando à redução de custo. ▪ Custos com materiais de manutenção – os custos com materiais também dependem de um bom planejamento e sistema de manutenção, onde há trocas sistemáticas e, pôr condição, elas sejam feitas no momento certo, com garantia de qualidade do material adquirido, de qualidade na execução dos serviços e de uma boa política de aquisição de material para estoques (SENAI/ MG, 2004, p. 57). Os custos com materiais de ma- nutenção podem ser separados em: custo de sobressalentes, que é o custo do componente de um equipamento, dado pelo valor da nota fiscal se a aplicação for ime- diata, ou pelo valor reajustado se o componente já estava no es- toque, tendo sido comprado há mais tempo; e custo de materiais de insumo, tais como: óleo, gra- xa, lixas e similares. Em algumas empresas, este custo é considera- do indireto e é rateado entre os equipamentos que utilizaram este insumo em um determinado perí- odo de tempo. 47MANUTENÇÃO ELÉTRICA Um dos itens de controle na manutenção é o acompanhamento de cus- tos que deve ser colocado na forma gráfica. Para facilitar a visualização, os seguintes itens devem ser apresentados: ▪ Previsão de custo mês a mês; ▪ Realização – quanto foi efetivamente gasto no mês; ▪ Realizado em anos anteriores; ▪ Benchmark - índice de uma empresa que seja referência, ou seja, que apresente menor custo na área de manutenção e que possua as mesmas características na área de manutenção. É importante que cada especialidade da manutenção faça o contro- le individual de custos de forma que a estrutura organizacional possa agrupá-los ou dividi-los conforme a necessidade. Como exemplo, pode- se citar uma empresa na área de laminação de tiras a quente de uma siderúrgica, onde é importante saber diferenciar os custos de manuten- ção mecânica, elétrica e automação/instrumentação (KARDEC e NASCIF, 2001, p. 60). Um exemplo de gráfico para acompanhamento de custos é apresentado na figura abaixo, onde as letras j, f, a, m, n e d representam especialidades de manutenção, cada qual com seu custo individual. Figura 11 – Custo Total da Manutenção. Fonte: Kardec e Nascif (2001, p. 60). Com isso, concluímos a quinta unidade de estudos. Prepare-se para es- tudar a logística de manutenção. Bons estudos! Unidade de estudo 6 Seções de estudo Seção 1 – Logística da manutenção 49MANUTENÇÃO ELÉTRICA SEção 1 Logística da manutenção Para uma boa execução do servi- ço de manutenção, além da qua- lificação do serviço de mão de obra, a existência de um estoque otimizado com componentes so- bressalentes é fundamental. Logística da Manutenção Embora o caminho para a inclusão de um novo item no estoque deva ser simples, tende a ser crítico e a solicitação inicial geralmente é reali- zada por parte da equipe de manutenção, em decorrência da sua neces- sidade no campo. A equipe de engenharia deve então verificar possíveis fornecedores nacionais, seguir o padrão do componente da empresa e estabelecer o grau de risco do componente para o processo, que poderá ser classificado em: ▪ Vital – são materiais que podem parar equipamentos estratégicos para a produção, causando a indisponibilidade dos mesmos, afetam profundamente a qualidade do produto final, ou garante condições de segurança a equipamentos e ao trabalhador (VIANA, 2002); ▪ Semivital – são materiais secundários que garantem a eficiência à planta, mas não proporcionam riscos classificados como vital (VIANA, 2002); ▪ Não vital – materiais e equipamentos que possuem stand-by recebem esta classificação; ▪ De risco extremo – são materiais difíceis de serem comprados e que são vitais para o processo, sem alternativa para substituí-los. Existe também uma análise da criticidade com relação à previsibilidade de utilização do item, que pode ser classificado como previsível ou im- previsível. ▪ Previsível – material cuja utilização pode ser prevista com antece- dência de pelo menos 90 dias. ▪ Imprevisível – material que não tem a possibilidade de antever a época correta para a sua aplicação podendo variar a data mais de três meses da previsão. Após a determinação destes pontos a engenharia da manutenção e o setor de suprimentos devem discutir as questões citadas acima, visando definir um fluxo de inclusão do material no estoque. Qualquer inclusão deverá seguir este fluxo, mesmo os materiais que naturalmente deveram estar no estoque, assim como: retentores, mangueiras, escovas de moto- res etc. (VIANA, 2002, p. 47). A próxima figura apresenta o exemplo do fluxo de inclusão de material no estoque. Observe-a. A área de armazenamento, almoxarifado, deve atender dois pontos fundamentais: possuir componentes/peças em quantidades e diversi- dades tais que assegurem a produtividade da empresa, caso ocorra a parada do equi- pamento e seja necessário um componente, e o estoque deve ser limitado a apenas o necessário, visando ser o mais econômico possível (VIANA, 2002, p. 46). O ponto de partida na formação do estoque para manutenção é a definição da forma de inclusão de um novo item. A inclusão deste torna necessária a análise de al- guns, feita pela área de suprimen- tos juntamente com a mantene- dora, tais como (VIANA, 2002): ▪ Custo do material; ▪ Tempo de vida útil; ▪ Grau de risco do item para o processo; ▪ Fornecedores (interno ou externo); ▪ Demanda da área. 50 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 12 – Fluxo de Inclusão de Material no Estoque. Fonte: Viana (2002, p. 48). A determinação da quantidade mínima de cada item no estoque pode ser feita por meio do acompanhamento do consumo deste componente em determinado período de tempo com o equipamento em funcionamento. As médias de consumo devem ser refeitas até que a quantidade do item se estabilize em determinado valor, o qual será a quantidade mínima desejada. Toda requisição de um item no estoque deve ser necessariamente asso- ciada a uma ordem de manutenção, para que os custos possam ser efeti- vamente estratificados. A quantidade de componentes a ser requisitada deve ser equivalente à quantidade utilizada na ordem de manutenção para que não sejam necessários estornos frequentes
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