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Economia Internacional

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1
Economia Internacional (Aula 10) 
 
 
1) Introdução 
 
Atualmente, o mundo se apresenta crescentemente interligado, seja por fluxos comerciais, seja 
por fluxos financeiros. De modo geral, as relações econômicas internacionais têm posição 
fundamental para a maioria dos países, inclusive o Brasil. A constatação da importância do setor 
externo no funcionamento das economias nacionais levou ao surgimento de importante ramo de 
estudo da Teoria Econômica, denominado “Economia Internacional”. 
Costuma-se dividir as questões teóricas da Economia Internacional em dois grandes blocos: os 
aspectos microeconômicos, ou a teoria do comércio internacional, que procura justificar os 
benefícios para cada país advindos desse comércio; e os aspectos macroeconômicos, relativos à 
taxa de câmbio e ao balanço de pagamentos. Nesta aula, serão analisadas basicamente as questões 
macroeconômicas das relações entre os países. 
 
2) Determinação da Taxa de Câmbio 
 
a) Conceito 
 
Quando dois países mantêm relações econômicas entre si, entram necessariamente em jogo 
duas moedas, exigindo que se fixe a relação de troca entre ambas. A taxa de câmbio é a medida de 
conversão da moeda nacional em moeda de outros países. Pode, também, ser definida como o preço 
da moeda estrangeira (divisa) em termos de moeda nacional (Exemplo: US$1,00 = R$3,12). 
A determinação da taxa de câmbio pode ocorrer de dois modos: i) institucionalmente, pela 
decisão das autoridades econômicas com a fixação periódica das taxas (taxas fixas de câmbio); ii) 
pelo funcionamento do mercado, no qual as taxas flutuam automaticamente em decorrência das 
pressões de oferta e demanda de divisas estrangeiras (taxas flutuantes ou flexíveis). 
A demanda de divisas é constituída pelos importadores, pela saída de capitais financeiros, pelo 
pagamento de juros, pela remessa de lucros, pela saída de turistas e outros. A oferta de divisas é 
realizada tanto pelos exportadores, como pela entrada de capitais financeiros, turistas etc. 
Uma taxa de câmbio elevada significa que o preço da divisa estrangeira está alto, ou que a 
moeda nacional está desvalorizada. Assim, a expressão desvalorização (depreciação) cambial 
indica que houve um aumento da taxa de câmbio – maior número de reais por unidade estrangeira. 
Por sua vez, valorização (apreciação) cambial significa que a moeda nacional está mais forte, isto 
é, pagam-se menos reais por dólar, e tem-se, em conseqüência, uma queda na taxa de câmbio. Nesse 
caso, a moeda nacional foi valorizada, e o dólar, desvalorizado. 
 
b) Taxa de Câmbio e Inflação 
 
Para analisar as relações entre câmbio e inflação, inicialmente veremos como a política 
cambial afeta as taxas de inflação, e depois inverteremos a questão, isto é, como a taxa de inflação 
afeta o câmbio. 
 
� Valorização Cambial e Inflação 
 
Com a valorização cambial, a moeda nacional fica mais forte relativamente às moedas 
estrangeiras. Os brasileiros passam a importar mais, e aumenta a competição do produto importado 
com os produtos nacionais. Os empresários brasileiros são desestimulados a elevar o preço de seus 
produtos e obrigados a manter os preços em níveis competitivos. Ou seja, a valorização cambial 
permite “ancorar” os preços internos e reduzir a taxa de inflação (âncora cambial). 
 
 2
� Desvalorização Cambial e Inflação 
 
A desvalorização cambial tem efeito contrário ao descrito anteriormente: os produtos 
importados ficam mais caros, em termos reais. Evidentemente, diminuirão as importações de muitos 
produtos, mas os produtos essenciais (petróleo, trigo, etc.) terão seu preço aumentado (em reais), 
provocando aumento dos custos de produção, que serão repassados aos preços dos produtos finais, 
gerando inflação (inflação de custos). O efeito da desvalorização cambial sobre a taxa de inflação é 
denominado pass-trough. 
 
� Efeito da Elevação da Inflação Interna sobre a Taxa de Câmbio 
 
O aumento da inflação interna em relação à externa encarece os produtos nacionais 
relativamente aos estrangeiros, piorando o saldo comercial do país com o resto do mundo. Para 
recuperar as exportações e inibir as importações, o governo desvaloriza o câmbio nominal. Embora 
desestimule a compra de produtos importados, alguns produtos essenciais não terão sua importação 
diminuída, mas apenas elevação de seu preço, em moeda nacional. Isso provocará elevação dos 
custos de produção, que serão repassados aos preços finais, e tem-se, então, caracterizada uma 
inflação de custos. A relação entre preços internos e preços externos se eleva novamente, e o círculo 
vicioso continua. 
 
� Desvalorização Real e Desvalorização Nominal do Câmbio 
 
A desvalorização real é igual à desvalorização nominal, menos a taxa de inflação do período. 
Só ocorrerá desvalorização real se a desvalorização nominal superar a taxa de inflação. Portanto, 
para avaliar a competitividade dos produtos brasileiros no comércio exterior, o conceito relevante é 
o câmbio real, não o nominal. 
 
3) Políticas Externas 
 
A atuação do governo na área externa pode ocorrer por meio da política cambial ou da política 
comercial. A política cambial diz respeito a alterações na taxa de câmbio, enquanto a política 
comercial constitui-se de mecanismos que interferem no fluxo de mercadorias e serviços. 
 
a) Política Cambial 
 
As políticas cambiais dependem do tipo de regime cambial adotado pelo país. 
 
� Regime de Taxas Fixas de Câmbio 
 
O Banco Central fixa antecipadamente a taxa de câmbio com a qual o mercado deve operar. 
Pelas regras fixadas pelo sistema financeiro internacional, se um país fixa sua taxa de câmbio, ele se 
obriga a disponibilizar as reservas para o mercado quando requisitadas (seja pelos exportadores, 
turistas ou saídas de capital financeiro). 
A desvantagem desse regime é que as reservas cambiais ficam mais vulneráveis a elevações na 
demanda por moeda estrangeira, que pode ser ocasionada por ataques especulativos, pagamentos 
elevados de dívidas externas (públicas e privadas). Quando esses ataques ocorrem, o país vê-se 
obrigado a manter elevadas taxas de juros, para evitar a saída de reservas, atraindo capital 
financeiro internacional e desestimulando aplicações de residentes do país em moeda estrangeira. 
Ou seja, a política monetária fica completamente amarrada à questão cambial. 
Dentro do regime fixo, tem-se o sistema de bandas cambiais. O Banco Central fixa os limites 
superior e inferior (uma banda) dentro das quais a taxa de câmbio pode flutuar. 
 
 3
� Regime de Taxas Flutuantes ou Flexíveis de Câmbio 
 
A taxa de câmbio é determinada pelo mercado de divisas, ou seja, pela oferta e demanda de 
moeda estrangeira. Diferentemente do sistema de câmbio fixo, o Banco Central não é obrigado a 
disponibilizar suas reservas cambiais. Com isso, as autoridades podem direcionar os instrumentos 
de política monetária, principalmente a taxa de juros, para outros objetivos, como estimular o nível 
de atividades e do emprego. O principal problema desse sistema é que a taxa de câmbio pode 
tornar-se muito volátil, sujeita às alterações do mercado financeiro nacional e internacional, 
inclusive especulativas. 
Na verdade, mesmo dentro do regime de câmbio flutuante, o Banco Central interfere 
indiretamente na determinação da taxa de câmbio, por meio da compra e venda de divisas no 
mercado, mantendo-a dentro de níveis que julga adequados, dependendo dos objetivos gerais de 
política econômica. Esse fato é chamado de flutuação suja, ou dirty floating, e é o regime cambial 
adotado pela maioria dos países. 
 
b) Política Comercial 
 
Dentre as políticas comerciais externas, podemos destacar as seguintes: 
 
� Alteração das tarifas sobre importações: se a política adotada visa proteger a produção 
interna, isso normalmente é feito com a elevação do imposto de importação e de outros 
tributos e taxas sobre os produtos importados. No caso oposto, com a abertura comercial, as 
tarifas sobre produtos importados são diminuídas; 
� Regulamentaçãodo comércio exterior: entraves burocráticos que dificultam as transações 
com o exterior, bem como o estabelecimento de cotas ou proibições às importações de 
determinados produtos, representam barreiras qualitativas às importações. 
 
4) Fatores Determinantes do Comportamento das Exportações e Importações (Aula 11) 
 
Para compreender melhor os meios de atuação da política econômica, é interessante conhecer 
quais os fatores que mais influenciam as exportações e as importações. 
 
a) Exportações 
 
As exportações são influenciadas, coeteris paribus, pelas seguintes variáveis: 
 
� Preços externos em moeda estrangeira: se os preços dos produtos brasileiros se elevarem no 
exterior, as exportações nacionais deverão se elevar; 
� Preços internos em moeda nacional: uma elevação dos preços internos de produtos 
exportáveis pode desestimular as exportações e incentivar a venda no mercado interno; 
� Taxa de câmbio: um aumento da taxa de câmbio (desvalorização) deve estimular as 
exportações, seja porque os brasileiros receberão mais moeda nacional pela mesma moeda 
estrangeira, seja porque os compradores externos, com a mesma moeda estrangeira, poderão 
comprar mais produtos do Brasil; 
� Renda mundial: um aumento da renda mundial certamente estimulará o comércio 
internacional e, em conseqüência, as exportações brasileiras; 
� Subsídios e incentivos às exportações: subsídios e incentivos às exportações, sejam de 
ordem fiscal (isenções de impostos), sejam de ordem financeira (taxas de juros subsidiadas, 
disponibilidade de financiamento), sempre representam um fator de estímulo às exportações. 
 
b) Importações 
 
 4
Os principais fatores determinantes do comportamento das importações agregadas são os 
seguintes: 
 
� Preços externos em moeda estrangeira: se os preços dos produtos importados se elevarem no 
exterior em moeda estrangeira, haverá uma retração das importações brasileiras; 
� Preços internos em moeda nacional: um aumento dos preços dos produtos produzidos 
internamente incentivará a compra dos similares no mercado externo, elevando as 
importações; 
� Taxa de câmbio: uma elevação da taxa de câmbio (desvalorização) acarretará maior despesa 
aos importadores, pois pagarão mais pelos mesmos produtos importados, os quais, embora 
mantenham seus preços em moeda estrangeira, exigirão mais moeda nacional por moeda 
estrangeira; 
� Renda e produto nacional: enquanto as exportações são mais afetadas pelo que ocorre com a 
renda mundial, as importações estão mais relacionadas à renda nacional. Um aumento da 
produção e da renda nacional significa que o país está crescendo e que demandará mais 
produtos importados, seja na forma de matérias-primas, bens de capital, sejam bens de 
consumo; 
� Tarifas e barreiras às importações: a imposição de barreiras quantitativas (elevação das 
tarifas sobre importações) ou qualitativas (proibição de importação de certos produtos, 
estabelecimento de cotas ou entraves burocráticos) ocasiona uma inibição nas compras de 
produtos importados. 
 
5) A Estrutura do Balanço de Pagamentos (BP) 
 
O balanço de pagamentos é o registro estatístico-contábil de todas as transações econômicas 
realizadas entre os residentes de um país com os residentes dos demais países. Ou seja, estão 
registradas no balanço de pagamentos todas as transações com mercadorias, serviços e capitais 
físicos e financeiros entre o país e o resto do mundo. A contabilidade dessas transações segue as 
normas gerais de contabilidade geral, utilizando-se o método das partidas dobradas. 
O balanço de pagamentos apresenta as seguintes subdivisões: 
� Balança comercial: essa conta compreende o comércio de mercadorias. Se as exportações 
FOB (free on board, isto é, isentas de fretes e seguros) excedem as importações FOB, tem-
se um superávit no balanço de comércio; caso contrário, há um déficit; 
� Balanço de serviços e rendas: registram-se todos os serviços de não-fatores – que se 
referem a pagamentos às empresas estrangeiras pela prestação de serviços de fretes, seguros, 
transporte e viagens, os serviços de fatores – que representam a remuneração dos fatores de 
produção externos (juros, lucros, royalties e assistência técnica) e as rendas pagas e/ou 
recebidas pelo Brasil; 
� Transferências unilaterais correntes (conta de donativos): registram as doações interpaíses. 
Os donativos podem ser em divisas ou em mercadorias; 
� Balanço de transações correntes: o somatório dos balanços comercial, de serviços e de 
transferências unilaterais resulta no saldo em conta corrente e/ou balanço de transações 
correntes. Se o saldo for negativo, tem-se uma poupança externa positiva, pois o país 
aumentou seu endividamento externo. Se o saldo for positivo, tem-se uma poupança 
externa negativa, pois o país enviou mais bens e serviços para o exterior do que recebeu; 
� Conta capital e financeira (movimento ou balanço de capitais): nessa conta aparecem as 
transações que produzem variações no ativo e no passivo externo do país e que, portanto, 
modificam sua posição devedora ou credora perante o resto do mundo. Aí são registradas as 
contrapartidas financeiras das exportações e importações de mercadorias e serviços e as 
transações financeiras puras, ou seja, como ações, cota-parte do capital das empresas, cotas 
de participação governamental em organismos internacionais, títulos de outros países, 
empréstimos em moeda. 
 5
� Erros e omissões: é a diferença entre o saldo do balanço de pagamentos e o financiamento 
do resultado. A regra internacional é admitir para erros e omissões um valor de, no máximo, 
5% da soma das exportações com as importações. 
 
Quadro 1: Balanço de pagamentos 
A) Balança Comercial (Mercadorias) 
- importações FOB (débito) 
- exportações FOB (crédito) 
B) Balanço de Serviços e Rendas 
- viagens internacionais (turismo) 
- transportes (fretes) 
- seguros 
- rendas de capitais (juros, lucros, dividendos e lucros reinvestidos pelas multinacionais) 
- serviços diversos (royalties, assistência técnica) 
- serviços governamentais (embaixadas) 
C) Transferências Unilaterais Correntes 
- donativos em divisas ou mercadorias 
D) Balanço de Transações Correntes = A + B + C 
E) Conta Capital e Financeira 
- investimentos diretos líquidos (novas firmas estrangeiras) 
- reinvestimentos (multinacionais já instaladas no país) 
- empréstimos e financiamentos (Banco Mundial, BID, bancos privados e oficiais estrangeiros) 
- amortizações 
- empréstimos de regularização (FMI) 
- atrasados comerciais 
- capitais de curto prazo 
F) Erros e Omissões 
G) Saldo do Balanço de Pagamentos = D + E + F 
H) Variação de Reservas = – G 
 
Referências 
 
GONÇALVES, A. C. P. et al. Economia aplicada. 8ª ed. São Paulo: Editora FGV, 2008. (Cap. 5). 
 
GREMAUD, A. P. et al. Economia brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 2007. (Cap. 10). 
 
VASCONCELLOS, A S.; GARCIA, M E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2003. 
(Cap. 12).

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