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Patologia Clínica Introdução à Patologia Geral (Lesão Celular, Morte Celular e Adaptações) Introdução à Patologia Geral A patologia se dedica ao estudo das alterações estruturais, bioquímicas e funcionais em células, tecidos e órgãos que constituem a base das doenças. Por meio do uso de técnicas moleculares, microbiológicas e morfológicas, a patologia tenta explicar os porquês e as causas dos sinais e sintomas manifestados pelos pacientes, fornecendo, portanto, uma base racional para a terapêutica e os cuidados clínicos. Assim, ela fornece uma ponte entre as ciências básicas e a medicina clínica e é a base científica de toda a medicina. Introdução Introdução à Patologia Geral Tradicionalmente, o estudo da patologia é dividido em patologia geral e patologia sistêmica (ou especial). A patologia geral se preocupa com as reações comuns das células e tecidos aos estímulos nocivos. Tais reações, geralmente, não são específicas de um determinado tecido: assim, a inflamação aguda, em resposta às infecções bacterianas, produz uma reação muito semelhante na maioria dos tecidos. Por outro lado, a patologia sistema examina as alterações e os mecanismos subjacentes das doenças especificas de determinado órgão, tais como a doença cardíaca isquêmica. Introdução Introdução à Patologia Geral As células e os tecidos estão organizados e capacitados a desempenhar funções necessárias à manutenção da vida do indivíduo. Dependendo do estímulo pode ocorrer a adaptação necessária, como nas células musculares do halterofilista ou na hiperqueratose das mãos do lavrador. Como exemplo de adaptações fisiológicas temos a mobilização de cálcio da matriz óssea pelos osteoclastos sob a ação do paratormônio. Introdução Introdução à Patologia Geral O mesmo paratormônio, se em excesso, pode causar a chamada lesão de células gigantes na mandíbula ou maxila, que é caracterizada pela presença de áreas de reabsorção óssea (radiolúcidas). Entretanto não há mobilização de Ca⁺⁺ dos dentes. Se o estímulo for excessivo ou tóxico para a célula, lesões irreversíveis levam a morte celular. O limite entre estímulo fisiológico e lesivo não é exato. Radiação UV pode causar estímulo para produção de melanina, formação de bolha, descamação da pele ou câncer. Introdução Introdução à Patologia Geral Para os seres vivos, é importante a presença de mecanismo de ajuste às variações dos meios externo e interno, mantendo constantes os meios intra e extracelular do organismo, dentro de limites pouco variáveis e compatíveis com a alta eficiência da maquinaria celular. A importância da manutenção do meio interno foi primeiro postulada pelo fisiologista Walter B. Cannon, que criou o termo homeostase para designar a tendência dos organismos vivos em manter constante o meio interno. Quando o organismo não consegue manter a homeostase, ocorre a doença. Introdução Introdução à Patologia Geral Os quatro aspectos de um processo de doença que formam o cerne da patologia são: • Etiologia ou causa: os fatores que causam a doença. Podem ser agrupados em duas classes: – Genéticos, por exemplo: mutações hereditárias e variantes genéticas associadas a doenças ou polimorfismos. – Adquiridos, por exemplo: doenças infecciosas, nutricionais, por agentes químicos ou físicos. Aspectos gerais Introdução à Patologia Geral O conceito de que um agente etiológico seja a causa de uma doença – desenvolvido a partir do estudo de infecções e de distúrbios hereditários monogênicos – não é mais aplicável a maioria das doenças. De fato, a maioria das nossas afecções comuns, como a aterosclerose e o câncer, é multifatorial e surge dos efeitos de vários estímulos externos em um individuo geneticamente suscetível. A contribuição relativa da suscetibilidade hereditária e das influências externas varia nas diferentes doenças. Aspectos gerais Introdução à Patologia Geral • Patogenia: refere-se à sequencia de eventos celulares, bioquímicos e moleculares que decorrem da exposição das células e tecidos a um agente lesivo. O estudo da patogenia continua a ser um dos principais domínios da patologia. Mesmo quando a causa inicial é conhecida (por exemplo infecção ou mutação), ela se distancia por várias etapas da expressão da doença. Por exemplo, para entender a fibrose cística é essencial conhecer não apenas o gene defeituoso e o produto gênico, mas também os eventos bioquímicos e morfológicos que levam à formação dos cistos e fibrose nos pulmões, pâncreas e outros órgãos. Aspectos gerais Introdução à Patologia Geral Genes mutantes subjacentes e um grande numero de doenças já foram identificados, mas as funções das proteínas codificadas e como essas mutações provocam a doença – a patogenia – ainda não são totalmente compreendidas. Com mais pesquisas em genômica clínica, seremos capazes de relacionar as anormalidades moleculares específicas às manifestações das doenças e usar esse conhecimento para traçar novas abordagens terapêuticas. Aspectos gerais Introdução à Patologia Geral • Alterações morfológicas: referem-se às alterações estruturais nas células ou tecidos que são ora características de uma doença, ora diagnósticas de um processo etiológico. Tradicionalmente, a patologia diagnóstica, na sua prática, usa a morfologia para determinar o tipo da doença e acompanhar sua evolução. Embora a morfologia permaneça sendo uma peça fundamental para os diagnósticos, suas limitações se tornaram evidentes ao longo dos anos. Por exemplo, lesões morfologicamente idênticas podem surgir através de mecanismos moleculares distintos. Aspectos gerais Introdução à Patologia Geral Esse aspecto é mais impressionante no estudo dos tumores; por exemplo, cânceres de mama que são morfologicamente idênticos podem apresentar evolução, respostas terapêuticas e prognóstico completamente diferentes. Análises moleculares por técnicas, tais como sequenciamento de última geração começaram a revelar diferenças genéticas que predizem o comportamento dos tumores, bem como sua resposta a diferentes terapias. Aspectos gerais Introdução à Patologia Geral Cada vez mais, as terapias-alvo específicas com base nas alterações moleculares estão sendo utilizadas para o tratamento dos cânceres. Por isso, o campo da patologia diagnóstica se expandiu a ponto de incluir biologia molecular e analise proteômica na análise das doenças. Aspectos gerais Introdução à Patologia Geral • Perturbações funcionais e manifestações clínicas: os resultados finais das alterações genéticas, bioquímicas e estruturais nas células e tecidos são anormalidades funcionais, as quais provocam as manifestações clínicas (sinais e sintomas). Assim, as correlações clinico-patológicas são muito importantes no estudo de doenças. Praticamente todas as formas de doenças começam com alterações moleculares ou estruturais nas células. Aspectos gerais Introdução à Patologia Geral A célula normal está limitada, em suas funções e estrutura, a uma faixa de variação bastante estreita devido ao seu estado de metabolismo, diferenciação e especialização; por restrições pelas células vizinhas; e pela disponibilidade de substratos metabólicos. No entanto, ela é capaz de dar conta das demandas fisiológicas, mantendo um estado de equilíbrio chamado homeostase. Respostas celulares Introdução à Patologia Geral As adaptações estruturais e funcionais reversíveis às alterações fisiológicas (por exemplo, gestação) ou a alguns estímulos patológicos, durante as quais um novo estado de equilíbrio, alterado, é alcançado, permitindo a sobrevivência e a atividade funcional da célula. A resposta adaptativa pode consistir em um aumento no tamanho das células (hipertrofia) e da sua atividade funcional, um aumento do número de célula (hiperplasia), uma diminuição do tamanho e da atividade metabólica das células (atrofia) ou uma mudança do fenótipo das células (metaplasia). Respostas celulares Introdução à Patologia GeralRespostas celulares Introdução à Patologia Geral Quando o estímulo é eliminado, a célula pode retornar ao seu estado original sem ter sofrido qualquer consequência danosa. Se os limites das respostas adaptativas forem excedidos ou se as células forem expostas a agentes ou estímulos nocivos, privadas de nutrientes essenciais, ou ficarem comprometidas por mutações que afetem constituintes celulares essenciais, ocorre uma sequência de eventos denominada lesão celular. Respostas celulares Introdução à Patologia Geral Respostas celulares Introdução à Patologia Geral A lesão celular é reversível até certo ponto, mas se o estímulo persistir ou for intenso o suficiente desde o início, a célula sofre lesão irreversível e, finalmente, ocorre morte celular. Adaptação, lesão reversível e morte celular podem ser os estágios de um dano progressivo que sucede de diferentes tipos de agressões. Por exemplo, em resposta a uma sobrecarga hemodinâmica, o músculo cardíaco aumenta, como uma forma de adaptação, podendo sofrer lesão. Respostas celulares Introdução à Patologia Geral Se o suprimento sanguíneo para o miocárdio está comprometido ou é inadequado, o músculo primeiramente sofre lesão reversível, manifestada por certas alterações citoplasmáticas. Finalmente, as células sofrem lesão irreversível e morrem. Respostas celulares Introdução à Patologia Geral A morte celular, o resultado final da lesão celular progressiva, é um dos mais cruciais eventos na evolução humana de uma doença em qualquer tecido ou órgão. Ela resulta de várias causas, incluindo isquemia (redução do fluxo sanguíneo), infecção e substâncias tóxicas. A morte celular constitui também um processo normal e essencial na embriogênese, no desenvolvimento dos órgãos e na manutenção da homeostase. Respostas celulares Introdução à Patologia Geral Existem duas vias principais de morte celular, a necrose e a apoptose. A privação de nutrientes induz a uma resposta celular adaptativa chamada autofagia, que pode culminar em morte celular. Diversos tipos de estímulos podem induzir alterações nas células e tecidos, diferentes das típicas adaptações, lesão e morte celular. Os distúrbios metabólicos celulares e a agressão crônica sub-letal podem estar associados com acúmulos intracelulares de várias substancias, incluindo proteínas, lipídios e carboidratos. Respostas celulares Introdução à Patologia Geral O cálcio é frequentemente depositado em sítios de morte celular, resultando em calcificação patológica. E, ainda, o processo normal de envelhecimento é acompanhado por alterações morfológicas e funcionais nas células. Respostas celulares Introdução à Patologia Geral O termo degeneração (alteração sub-letal) refere-se a alterações celulares que não matam a célula, deixando-as com funções diminuídas. Estas alterações podem ser reversíveis ou evoluir para a morte celular. Pode ocorrer ou não acúmulo de substâncias no citoplasma. Uma causa comum de degeneração celular é a anóxia. Alterações sub-letais Introdução à Patologia Geral A célula tem quatro sistemas interdependentes que quando alterados podem levar a morte celular: 1. Membranas: que mantém a homeostasia iônica e osmótica da célula e das organelas; 2. Respiração aeróbica: fosforilação oxidativa com produção de ATP (mitocôndrias); 3. Síntese de proteínas e manutenção do citoesqueleto; 4. DNA. Alterações sub-letais Introdução à Patologia Geral As alterações moleculares levam posteriormente às alterações morfológicas, que são observadas quando a lesão já é bastante acentuada. Assim, as células cardíacas, que sofrem estão irreversível em 20-60 minutos após a isquemia, apresentarão alterações microscópicas de morte celular somente após 12 horas. As principais causas das alterações celulares e das doenças são: alterações genéticas, deficiências nutricionais, distúrbios endócrinos, doenças imunológicas, agentes físicos e químicos, infecções, anóxia. Alterações sub-letais Introdução à Patologia Geral É difícil determinar o local exato de ação das substâncias que causam lesão celular, mas estas devem interferir em sistemas básicos da célula, como na manutenção da integridade do DNA e das membranas, na síntese de proteínas e no funcionamento das mitocôndrias. Algumas substâncias reagem diretamente com moléculas das células, outras indiretamente pela formação de substâncias tóxicas ou radicais livres. Alterações sub-letais Introdução à Patologia Geral Como exemplo de ação direta temos: • Cianeto: inativa o citocromo-oxidase das mitocôndrias; • Cloreto de mercúrio: o Hg liga-se a grupos sulfidrila da membrana celular, causando aumento de permeabilidade, principalmente nas células do trato gastrointestinal (absorvem) e rins (excretam); • Clostridium perfringens: bactéria anaeróbia que produz fosfolipases, as quais atacam as membranas celulares; • CCI4 e o acetaminofeno: atuam indiretamente pela formação de radicais livres. Alterações sub-letais Introdução à Patologia Geral A hipóxia, causada por obstrução vascular ou outros mecanismos, causa alterações celulares bem estudadas e que ilustram como ocorrem lesões reversíveis ou irreversíveis. A sensibilidade de cada célula depende da capacidade em resistir a falta de oxigênio, ATP, entrada de cálcio e neutralização de radicais livres. Os neurônios são muito sensíveis, mas fibroblastos são extremamente resistentes. Lesão por isquemia Introdução à Patologia Geral São exemplos de viabilidade celular frente a hipóxia: -Neurônio - 3-5 min. -Miocárdio, hepatócitos - 10 min - 2 horas -Fibroblastos, músculo esquelético, epiderme - muitas horas. O esquema a seguir ilustra as alterações celulares devido à isquemia: Lesão por isquemia Introdução à Patologia Geral Lesão por isquemia Isquemia (hipóxia) Falta de O2 ATP Edema mitocondrial Inibição da bomba de Ca++ Ca++ entra no citosol Ativação de fosfolipase Lesão de membrana Entrada maciça de H2O e Ca ++ Inibição da bomba Na/K na membrana Ca++ entra no citosol Edema do RER (inchação turva) Redução da síntese proteica Metabolismo anaeróbio Redução do pH Liberação de enzimas lisossômicas, ativadas em pH ácido NECROSE Introdução à Patologia Geral • A falta de O2 diminui a fosforilação oxidativa e ativa a glicólise. Na respiração aeróbica formam-se 38 ATPs (304.000 cal.) e na glicólise apenas 2 ATPs por glicose. Há acúmulo de ácido lático, com diminuição do pH; • A concentração de Na+ intracelular é menor do que extracelular, enquanto que a de K+ é maior. Esta diferença de concentração é devido a bomba de Na+, que é um complexo de proteínas dependentes de energia (ATP). Na falta de ATP, entra mais Na+ na célula, principalmente no RE e mitocôndrias, dando à célula o aspecto de inchação turva. Os ribossomos se desprendem do RE; Lesão por isquemia Introdução à Patologia Geral • A concentração de Ca++ no citosol é muito baixa, sendo este removido por bombas dependentes de ATP. Normalmente o Ca++ celular está ligado a proteínas no RER e mitocôndrias. A quantidade de Ca++ aumenta no citosol devido ao aumento de permeabilidade dos canais de íons cálcio, alteração das membranas, diminuição de ATP e lesão mitocondrial. A entrada de Ca++ na célula é o ponto em comum de muitas causas de morte celular; Lesão por isquemia Introdução à Patologia Geral • O Ca++ desnatura proteínas, causando alterações características da necrose por coagulação; • Os efeitos da maior concentração de Ca++ parecem ser mediados por radicais livres; • A ruptura dos lisossomos libera enzimas hidrolíticas, ativas em pH ácido. As células lesadas liberam enzimas no plasma, como ocorre nas hepatites e no infarto do miocárdio. No infarto há liberação de TGO (transaminase glutâmico oxaloacética), transaminases pirúvicas, LDH (desidrogenase láctica), CK (creatinina quinase); Lesão por isquemia Introdução à Patologia Geral • Cerca de 60 segundos após o início da isquemia,a célula cardíaca para de se contrair, começa a usar glicogênio (glicólise) com consequente produção de ácido láctico e diminuição do pH. Posteriormente sofre as alterações acima descritas, sendo estas reversíveis até 1 hora após a hipóxia. As alterações morfológicas serão observadas em microscopia de luz depois de 12h da morte celular. Lesão por isquemia Introdução à Patologia Geral Tumefação celular A Tumefação celular (degeneração hidrópica ou vacuolar, edema celular, inchação turva) é consequência da entrada de água na célula devido a alteração da permeabilidade da membrana celular. O edema celular ocorre quando há alteração no equilíbrio iônico, com entrada de Na+, devido a diminuição na produção de energia (ATP). Fragmentos de fígado incubados com cianeto ou 2-4 dinitrofenol sofrem edema celular devido a insuficiência de ATP. As células tornam-se levemente granuladas e vacuolizadas. Lesão por isquemia Introdução à Patologia Geral Em seguida, pelo menos in vitro, se for diminuída a concentração de Na+, a célula perde água e pode voltar ao normal. In vivo é mais provável que a entrada de Na+ seja resultante de lesões celulares, e não simplesmente devido a maior concentração de sal no meio extracelular. Lesão por isquemia Introdução à Patologia Geral Ocorre principalmente nos rins, fígado e miocárdio. Nos rins os túbulos têm a luz diminuída e irregular, às vezes com o citoplasma arrebentado. A célula fica com volume aumentado, organelas espaçadas e núcleo intacto, sem deslocamento. As células com núcleos pálidos ou fragmentados já estão sofrendo necrose. Macroscopicamente o rim fica com peso aumentado, e o parênquima torna-se saliente quando a cápsula é cortada. Em microscopia eletrônica observa-se dilatação do RE e mitocôndrias. Lesão por isquemia Introdução à Patologia Geral Foi observado que as células quando submetidas a choques térmicos produzem proteínas que protegem outras proteínas de alterações devidas aos estímulos injuriosos. Como foram inicialmente estudadas após choque térmico (são sintetizadas em quantidades muito aumentadas após breve exposição a temperaturas elevadas, 42ºC por exemplo), foram chamadas de proteínas de choque térmico ou “Heat Shock Proteins” (HSP). São também produzidas por outros estímulos físicos (radiação), químicos ou biológicos (isquemia, vírus). Proteínas de Estresse Introdução à Patologia Geral Existem vários tipos de HSP. As HSP 60 e 70 são chamadas de chaperonas, porque atuam se ligando a outras proteínas, evitando que estas se alterem. As HSP foram descritas inicialmente em bactérias E.coli mutantes que não permitiam a replicação do bacteriófago lambda (bacteriófago é um vírus capaz de infectar e se replicar em bactérias). Estas bactérias mutantes produziam versões alteradas de HSP 60 e 70, defeito este que impossibilitava a construção do vírus. Acreditava-se que as chaperonas atuassem somente prevenindo agregação de proteínas ainda não terminadas ou “enroladas” ("unfolded"). Proteínas de Estresse Introdução à Patologia Geral Provavelmente elas também interagem com seus “clientes”, produzindo efeitos semelhantes a uma “massagem” nas proteínas, ligando-se a regiões incorretamente “enroladas” dando uma nova chance para que ocorra o “enrolamento” correto (estruturas secundária e terciária). A HSP 70 parece atuar cedo na vida das proteínas, ligando-se a estas antes do término da síntese proteica. Em contraste, a HSP 60 forma uma estrutura em barril (como uma câmara de isolamento) dentro da qual existe um meio adequado para ocorra a reorganização da estrutura secundária e terciária das proteínas incorretamente “enroladas”. Proteínas de Estresse Introdução à Patologia Geral Na fisiologia normal da célula, as HSP participam do transporte intracelular das proteínas, como colágeno. As HSP parecem reduzir a necrose no coração isquêmico, assim como proteger o cérebro. As HSP são essenciais para a sobrevivência das células. Seria a resposta celular semelhante ao que ocorre no organismo em situações de estresse, quando há liberação de adrenalina. Proteínas de Estresse Introdução à Patologia Geral Na impossibilidade de reparação das proteínas defeituosas, estas são marcadas com uma “etiqueta” de ubiquitina. A ubiquitina é uma pequena proteína composta por 76 aminoácidos (massa molecular de 8.564,8 Da) expressa em todos os organismos eucariotos. Entretanto, a ubiquitina por si só não degrada proteínas, servindo somente como um sinal que marca a proteína- alvo para a destruição, a qual ocorre através do sistema ubiquitina-proteossomo de degradação proteica (complexo Proteínas de Estresse Introdução à Patologia Geral enzimático macromolecular que degrada proteínas citoplasmáticas e nucleares, também conhecido como proteossomo 26s). A marcação das proteínas-alvo com ubiquitina ocorre através de uma reação complexa dependente de ATP. As células possuem ainda um sistema para retirar moléculas de ubiquitina das proteínas já marcadas, processo chamado de desubiquitinação, o qual protege da degradação proteínas erroneamente ubiquitinadas. O sistema ubiquitina-proteossomo não degrada Proteínas de Estresse Introdução à Patologia Geral somente proteínas defeituosas, mas também proteínas que possuem um “turnover” rápido, como aquelas que controlam a progressão do ciclo celular (ex: p53, p21, p27), receptores de superfície (EGFR, c-erb B2), enzimas metabólicas, dentre outras. Proteínas de Estresse Introdução à Patologia Geral Células que sofrem estresse crônico podem formar agregados de proteínas no citoplasma, chamados de corpúsculos de inclusão. Hepatócitos expostos ao álcool formam massas de filamentos intermediários, de coloração rósea nos cortes corados em H&E, chamado de corpúsculo hialino de Mallory. Na doença de Parkinson formam-se inclusões esféricas de aspecto hialino como halo claro nos neurônios, chamados de corpos de Lewy. Na doença de Alzheimer, os neurônios apresentam um novelo neurofibrilar de microtúbulos e neurofilamentos. Corpúsculos de Inclusão Introdução à Patologia Geral As inclusões virais indicam replicação viral, mas os vírus podem já ter deixado as inclusões. • Vírus herpes (HSV 1,2, V-Zoster, CMV, EBV): inclusões nucleares. • Papovavirus: Papiloma vírus e vírus JC (“human polyoma vírus”, causador de uma doença desmielinizante rara, chamada leucoencefalopatia progressiva multifocal); inclusões nucleares. • Poxvirus: molusco contagioso; no citoplasma. Corpúsculos de Inclusão Introdução à Patologia Geral Atrofia Celular e Autofagia Quando o estímulo é nocivo a célula pode atrofiar. Proteínas e organelas são envolvidas por membranas derivadas do RER, que se fundem com lisossomos, causando degradação das organelas. Células em atrofia podem mostrar vacúolos autofágicos em microscopia eletrônica, como corpos densos, lamelares (figuras de mielina), devido as membranas ricas em fosfolipídios não digeridos (corpos residuais), chamados de lipofuscina. Corpúsculos de Inclusão Introdução à Patologia Geral A lipofuscina é facilmente observada em células cardíacas de idosos em microscopia de luz, como grânulos amarelos. Macroscopicamente o coração tem coloração marrom, chamado de atrofia parda. Corpúsculos de Inclusão Introdução à Patologia Geral Radicais livres são espécies químicas bastante reativas, consequentemente instáveis, que têm um elétron não pareado na órbita mais externa. Nas células, a principal fonte de radicais livres é a mitocôndria, oriundos dos processos oxidativos da respiração. Também são formados no citosol, lisossomos, RE e membranas, pela ação de enzimas como citocromo P-450 e xantina oxidase. Radicais livres Introdução à Patologia Geral Os principais radicais livres no organismo são derivados do oxigênio: Ânion Superóxido O2•− e íon hidroxila OH•− H2O é oxidante e fonte importante de radicais livres. O radical hidroxila parece ser o mais importante na célula.O óxido nítrico também pode agir como radical livre. Radicais livres Introdução à Patologia Geral Formação dos radicais livres: • Reações de óxido-redução: o oxigênio respirado é usado na mitocôndria para formação de água, CO2 e ATP. Os elétrons liberados no ciclo de Krebs formam ânions superóxidos. Na presença de Fe, pela reação de Fenton formam ânion hidroxila, que é extremamente reativo, reagindo imediatamente com proteínas, lipídios e DNA. O radical hidroxila pode ser formado pela reação de Fenton, por radiação UV ou pela reação de Haber-Weiss. Radicais livres Introdução à Patologia Geral • Reação de Haber-Weiss: H2O2 + O2• OH • + OH + O2 • Ferro livre: O Fe livre pode catalisar reações que formam radicais livres, na chamada reação de Fenton. Fe++ + H2O2 Fe +++ + OH• + OH- • Irradiação: RX, UV - H2O H + OH• Radicais livres Introdução à Patologia Geral • Xantina oxidase: a xantina é um metabólito do ATP, que se acumula em células com hipóxia. Quando oxidada pela xantina oxidase gera oxigênio reativo. Durante a isquemia não há formação de radicais reativos de oxigênio. Quando a oxigenação é restabelecida, grandes quantidades de radicais se formam nas mitocôndrias através da xantina oxidase, podendo ocorrer a necrose por re-perfusão. Allopurinol, inibidor da xantina oxidase, tem sido usado clinicamente para limitar a necrose cardíaca após infarto do miocárdio. Radicais livres Introdução à Patologia Geral • Neutrófilos: a destruição de bactérias pelos neutrófilos envolve radicais livres derivado do oxigênio. • Tetracloreto de carbono: radicais livres são produzidos como produtos intermediários no metabolismo de substâncias tóxicas como o tetracloreto de carbono (CCl3• + Cl -). O CCl4 é metabolizado no REL dos hepatócitos, iniciando a peroxidação lipídica, com degradação das membranas celulares e edema do RE visível em microscopia eletrônica após 2h. Radicais livres Introdução à Patologia Geral Efeitos dos radicais livres • Mitocôdrias: podem causar liberação da Ca++ para o citosol. • DNA: estima-se que o DNA da célula humana está exposto a 10.000 “hits” oxidativos por dia. A oxidação do DNA mitocondrial é maior porque está próximo de onde o radical livre é formado em grandes quantidades. Além do mais, o DNA mitocondrial não tem histonas, que se ligam e protegem o DNA nuclear. O DNA mitocondrial transcreve cerca de 10 Radicais livres Introdução à Patologia Geral proteínas, necessárias às funções da própria mitocôndria. Sugere-se que a alteração do DNA mitocondrial leva a diminuição de produção de energia, e isto seria uma das causas do envelhecimento. • Altera proteínas das bombas iônicas • Peroxidação de lipídios: desorganização de membranas (a reação é autocatalítica, com a molécula atacada tornando-se ativa, formando uma cadeia de reações) • Admite-se que radicais livres participam da aterosclerose, câncer e envelhecimento. Radicais livres Introdução à Patologia Geral Inativação dos radicais livres: Antioxidantes: vitamina E e β-caroteno. São lipossolúveis e protegem membranas. Enzimas: • Superóxido desmutase: transforma superóxido em peróxido de hidrogênio. Radicais livres Introdução à Patologia Geral • Catalase, glutationa peroxidase: transformam o peróxido de hidrogênio em oxigênio e água. A glutationa peroxidase catalisa a liberação de H do grupo SH da glutationa reduzida (GSH), que reage com OH ou H2O2. 2 GHS + 2 OH• H2O + GS-GS 2 GHS + H2O2 2H2O + GS-GS • Transferrina: se liga a Fe livre, inibindo a reação de Fenton. Radicais livres Introdução à Patologia Geral Esquema da formação dos principais radicais livres na célula: Radicais livres Introdução à Patologia Geral Os ácidos nucleicos e as proteínas são moléculas muito importantes nos processos vitais, sendo fácil compreender o seu papel relevante na manutenção da homeostase e, portanto, da saúde. Os ácidos nucleicos armazenam informação genética no núcleo celular, sob a forma de DNA, e transmitem essa informação ao citoplasma, pelo mRNA. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral As proteínas desempenham papel estrutural. Há proteínas estruturais intracelulares, constituindo o citoesqueleto contrátil, entre outras (colágeno, elastina, fibronectina, laminina, osteonectina) exercem papel estrutural e funcional no meio extracelular, no qual criam condições adequadas para o funcionamento das células. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral Para que as enzimas possam funcionar eficientemente e reagir de modo adequado às variações dos meios interno e externo, desenvolveram-se, durante a evolução, complexos mecanismos de regulação gênica e enzimática, que tornam possível controlar a atividade das enzimas, adequando-as às necessidades do organismo. O conhecimento dos mecanismos regulatórios das atividades celulares é de grande importância não só para compreender as doenças, como também fornecer bases racionais para a sua terapêutica. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral A figura a seguir mostra uma visão panorâmica dos vários níveis nos quais, por meio dos ácidos nucleicos e proteínas, podem ocorrer regulações das atividades celulares. A análise dessa figura mostra que podem ocorrer alterações qualitativas e quantitativas nos genes. Também podem ocorrer alterações nos processos de replicação do DNA, na transcrição do DNA para RNA, na tradução do mRNA em proteína, além das alterações que podem acontecer após a tradução (alterações pós-traducionais). Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral A constância qualitativa e quantitativa do DNA é característica importante, e, para que isso aconteça, é necessário que os processos de replicação ocorrem com fidelidade. Isso, porém, nem sempre acontece, e alterações gênicas por mutações localizadas na sequência do DNA, também podem ocorrer deleções ou acréscimos em cromossomos inteiros, ou em partes de cromossomos (defeitos cromossômicos). Essas alterações cromossômicas são visíveis ao microscópio óptico. A tabela a seguir dá alguns exemplos de doenças causadas por defeitos nos cromossomos. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral Além dos casos já mencionados, ocorrem modificações de DNA que podem transferir-se de um cromossomo para outro (translocações), processos esses reesposáveis por algumas doenças. Um exemplo é o linfoma de Burkitt, tumor maligno do tecido linfático. Nessa doença, ocorre translocações do oncogene c-myc se insere no cromossomo 14, próximo a uma sequência de DNA fortemente ativador (promotor), levando o oncogene a se expressar intensamente, o que estimula a multiplicação anômala das células linfoides. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral As alterações quantitativas no DNA são exemplificadas nos processos de amplificação génica que ocorrem normalmente na natureza, ou então podem processar-se por ação de agentes externos. Amplificação gênica consiste no aumento considerável (podendo chegar até 1000 vezes) do número de determinadas sequencias gênicas, normalmente existentes com apenas poucas cópias no genoma. Como exemplos de genes normalmente amplificados, podem ser citados os pufes de DNA dos cromossomos de certos insetos dípteros e os genes para as histonas e para os rRNA. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral O caso mais bem conhecido de amplificação gênica por agente externo é aquele induzido pelo fármaco anticanceroso metotrexato, que amplifica o gene da hidrofolato redutase, enzima que participa da síntese do DNA e que é inibida pelo mesmo fármaco. Esse fenômeno, observado também em cultura de tecidos, com vários outros fármacos,tem importância médica, pois explica a resistência que certos pacientes desenvolvem a determinados medicamentos após a primeira série do tratamento. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral A amplificação de um oncogene existente na célula pode ser a causa de um tumor, como ocorre no neuroblastoma, tumor no qual foi descrita uma forte amplificação do oncogene N-myc. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral A replicação do material genético é rigorosamente controlada por produtos gênicos, em especial os complexos ciclina-Cdk, responsáveis pela regulação das funções de proteínas celulares envolvidas com eventos do ciclo celular, sobre os quais atuam, principalmente efetuando fosforilações e desfosforilações reversíveis, e, desse modo controlando a passagem por pontos cruciais de avanço do ciclo celular. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral Esses mecanismos, em geral, efetuam a reparação da grande maioria dos defeitos que ocorrem na replicação. Contudo, falhas nesses mecanismos de reparação podem produzir doenças, e uma bem conhecida é o xeroderma pigmentossum. Essa doença é autossômica e recessiva, e é caracterizada por alta sensibilidade aos raios UV acompanhada de aumento considerável da incidência de câncer de pele. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral O processo de tradução é muito complexo e depende de diversos componentes celulares, como o rRNA (RNA ribossômico), o mRNA (RNA mensageiro) e o tRNA (RNA de transferência). A perda dos ribossomos é um sinal precoce, inespecífico, de degeneração celular provocada por inúmeros agentes tóxicos e causa, certamente, uma lesão na tradução. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral Como exemplo, pode ser citado o colágeno, que tem uma patologia excepcionalmente rica não só porque existem vários genes responsáveis pela síntese de seus vários tipos, mas também porque, após a sua tradução, alguns tipos de colágeno passam por quase uma dezena de modificações, a maioria delas dependentes de atividade enzimática. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral Assim é que a molécula de colágeno passa por processos pós- traducionais de hidroxilações, glicosilações, oxidações e proteólises limitadas que ocorrem no interior das células que sintetizam colágeno e, também, no meio extracelular. Essa complexidade de alterações pós-traducionais explica a patologia rica e variada do colágeno, exemplificada pelas síndromes de Ehlers-Danlos, da qual são conhecidos no momento oito tipos. O mecanismo molecular de algumas dessas síndromes já é bem conhecido. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral Outro exemplo é a doença das células I (inclusion cell disease), cujos enfermos apresentam células com inclusões citoplasmáticas, nanismo e retardo mental. Ela é causada por deficiência da enzima responsável pela fosforização de glicoproteínas no aparelho de Golgi, fosforilação essa essencial na síntese de enzimas lisossômicas. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral A regulação das atividades gênicas e enzimáticas são de extra importância. Essas moléculas são de natureza variada, podendo ser hormônios proteicos, esteroides, fatores de crescimento, metabólitos e íons. Como esperado o funcionamento defeituoso desses inúmeros e complexos sistema reguladores é causador de uma rica patologia. É interessante observar que, quando um parâmetro fisiológico é de grande importância para a homeostase, ele é frequentemente regulado por mais de um mecanismo, assegurando assim um controle mais eficiente. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral É o caso, por exemplo, da regulação do teor de cálcio e de glicose no sangue, que são controlados cada um por dois hormônios de ação antagônica: calcitonina e paratormônio, para o cálcio, e insulina e glucagon, para a glicose. A calcitonina faz a concentração de cálcio baixar no sangue, enquanto o paratormônio tem efeito oposto. Quanto à concentração sanguínea de glicose (glicemia), ela é elevada pelo glucagon e reduzida pela insulina. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral As proteínas estruturais defeituosas, por deficiência genica ou agressão ambiental, também causam doenças. A seguir serão mencionados alguns exemplos bem estudados. Um deles refere-se a um tipo de diabetes descrito no roedor Acomys (um gênero de roedores encontrado principalmente na Ásia e na África) em razão da carência de microtúbulos citoplasmáticos nas células produtoras de insulina. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral Os microtúbulos são importantes para o transporte intracitoplasmático dos grânulos de secreção e, quando ausentes, impossibilitam a secreção de insulina pelas células β das ilhotas, provocando diabetes. O escorbuto, causado por carência de ácido ascórbico (vitamina C) é caracterizado por defeito no colágeno, e ocorre porque essa vitamina é um cofator necessário à síntese das fibras colágenas. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral Processos defeituosos de degradação dos componentes celulares, processos esses essenciais para a renovação, e que ocorrem em todos os componentes celulares, com exceção do DNA, podem também, levar a uma série de doenças. Como a degradação das macromoléculas celulares ocorre em grande parte nos lisossomos, as doenças por falta de enzimas lisossômicas são as mais bem mais estudadas. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral As doenças lisossômicas mais conhecidas resultam da degradação incompleta das glicosaminoglicanas, chamadas de mucopolissacaridoses (mucopolissacarídio é o termo usado antigamente para as glicosaminoglicanas) e dos glicoesfingolipidios, chamadas de lipoidoses (lipoides, antigo nome para glicoesfingolipidios). Nessas doenças, a digestão das respectivas moléculas é incompleta, resultando no acúmulo intracelular dos produtos não diferidos completamente. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral Esse acúmulo ocorre em diferentes células, como, por exemplo, nas células do sistema nervoso, fígado, músculos, macrófagos e leucócitos. Em muitas dessas doenças, já se conhece a enzima defeituosa, o que abre a perspectiva da sua cura quando as técnicas de transferência gênica, já utilizada em animais, puderem ser aplicadas à espécie humana. Proteínas e fatores genéticos Introdução à Patologia Geral Adaptações são alterações reversíveis no tamanho, número, fenótipo, atividade metabólica ou funções das células, em resposta a modificações em seu meio ambiente. Tais adaptações podem assumir várias formas distintas. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Hipertrofia A hipertrofia refere-se ao aumento do tamanho das células que resulta no aumento do tamanho do órgão afetado. O órgão hipertrofiado não possui novas células, apenas células maiores. O tamanho aumentado das células é devido à síntese e à incorporação de novos componentes estruturais intracelulares. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Células com capacidade de divisão podem responder aos estímulos sofrendo tanto hiperplasia quanto hipertrofia, porém em tecidos com células que não se dividem (por exemplo células miocárdicas), o aumento da massa tecidual é devido apenas à hipertrofia. Em muitos órgãos, hipertrofia e hiperplasia coexistem contribuindo para o seu aumento de tamanho. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral A hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica e é causada pelo aumento da demanda funcional ou por estimulação dos hormônios e fatores de crescimento. As células musculares estriadas da musculatura esquelética e cardíaca, que possuem capacidade de divisão limitada, respondem ao aumentoda demanda metabólica sofrendo predominantemente hipertrofia. O estímulo mais comum para a hipertrofia do músculo é o aumento do trabalho. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral O proeminente crescimento fisiológico do útero durante a gestação constitui um bom exemplo de aumento de órgão induzido por hormônios, resultante principalmente de hipertrofia das fibras musculares. A hipertrofia uterina é estimulada por hormônios estrogênicos que agem nos receptores de estrogênio do músculo liso, resultando em maior síntese de proteínas no músculo liso e em aumento do tamanho celular. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Mecanismos da Hipertrofia Hipertrofia é o resultado do aumento na produção das proteínas celulares. Muito do conhecimento sobre a hipertrofia é baseado em estudos do coração. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Há três etapas básicas na patologenia molecular da hipertrofia do cardíaca: 1. As ações integradas de sensores mecânicos (que são iniciadas por aumento da carga de trabalho), fatores de crescimento (incluindo TGF-β, fatores de crescimento semelhante a insulina 1 [IGF-1], fatores de crescimento fibroblástico) e agentes vasoativos (por exemplo, agonistas α-adrenérgicos, endotelina-1 e angiotensina II). De fato, os próprios sensores mecânicos induzem a produção de fatores de crescimento e agonistas. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral 2. Esses sinais originários da membrana celular ativam uma rede complexa de vias de transdução de sinal. Duas dessas vias metabólicas envolvidas na hipertrofia muscular são a via do fosfoinositídio 3-cinase (PI3K)/Akt (considerada a mais importante na hipertrofia fisiológica, por exemplo a induzida por exercício) e a via de sinalização em cascata da proteína G ligada a receptores (induzida por muitos fatores de crescimento e agentes vasoativos e considerada como sendo mais importante na hipertrofia patológica). Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral 3. Essas vias de sinalização ativam um conjunto de fatores de transcrição como GATA4, fator nuclear de células T ativadas (NDAT), e fator estimulador do miócito 2 (MEF2). Esses fatores de transcrição trabalham coordenadamente para aumentar a síntese das proteínas musculares que são responsáveis pela hipertrofia. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Hiperplasia A hiperplasia é definida como um aumento no número de células em um órgão ou tecido em resposta a um estimulo. Embora hiperplasia e hipertrofia sejam processos diferentes, frequentemente elas ocorrem juntas e podem ser induzidas pelos mesmos estímulos externos. A hiperplasia somente ocorre em tecidos que contêm células capazes de se dividir, aumentado, portanto, o número de suas células. Ela pode ser fisiológica ou patológica. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Hiperplasia fisiológica A hiperplasia fisiológica ocorre devido à ação de hormônios ou fatores do crescimento, ocorrendo em várias circunstâncias: quando há necessidade de aumentar a capacidade funcional dos órgãos hormônio- sensíveis; quando há necessidade de aumento compensatório após lesão ou ressecção. Um exemplo é a hiperplasia hormonal pela proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez, geralmente acompanhada por aumento (hipertrofia) das células epiteliais glandulares. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Hiperplasia patológica A maioria das formas de hiperplasia patológica é causada pela ação excessiva ou inapropriada de hormônios ou fatores de crescimento sobre suas células-alvo. A hiperplasia endometrial é um exemplo de hiperplasia anormal induzida por hormônio. Normalmente, após a menstruação, há um surto rápido de atividade proliferativa no endométrio que é estimulado por hormônios hipofisários e pelo estrogênio ovariano. Ela permanece até sua parada, pelos níveis crescentes de progesterona, em geral cerca de 10 a 14 dais antes do fim do ciclo menstrual. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Mecanismos da hiperplasia A hiperplasia é o resultado da proliferação de células maduras induzida por fatores de crescimento, e em alguns casos o aumento ocorre pelo surgimento de novas células a partir de células-tronco teciduais. Por exemplo, após hepatectomia parcial, são produzidos no fígado fatores de crescimento que se ligam a receptores nas células remanescentes e ativam vias de sinalização que estimulam a proliferação celular. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Mas, se a capacidade proliferativa das células do fígado estiver comprometida, como em algumas formas de hepatite que causam lesão celular, os hepatócitos podem, alternativamente, regenerar-se a partir de células tronco intra-hepáticas. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Atrofia Atrofia é definida como a redução do tamanho de um órgão ou tecido que resulta da diminuição do tamanho e do número de células. A atrofia pode ser fisiológica ou patológica. A atrofia fisiológica é comum durante o desenvolvimento normal. Algumas estruturas embrionárias, como a notocorda e o ducto tireoglosso, sofrem atrofia durante o desenvolvimento fetal. A diminuição do tamanho do útero, que ocorre logo após o parto, é uma outra forma de atrofia fisiológica. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral A atrofia patológica tem várias causas, e pode ser local ou generalizada. As causas comuns de atrofia são: • Redução da carga de trabalho (atrofia de desuso); • Perda da inervação (atrofia de denervação); • Diminuição do suprimento sanguíneo (isquemia) • Nutrição inadequada • Perda da estimulação endócrina • Compreensão Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral As alterações celulares fundamentais associadas à atrofia são idênticas em todas essas situações. A resposta inicial é uma diminuição do tamanho da célula e das organelas, o que reduz as necessidades metabólicas de célula o suficiente para permitir sobrevivência. No músculo atrófico, as células contêm menos mitocôndrias e miofilamentos e uma menor quantidade de retículo endoplasmático rugoso (RER). Na busca pela adequação entre a demanda metabólica da célula e níveis menores de suprimento sanguíneo, nutrição ou estimulação trófica, um novo equilíbrio é alcançado. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral No inicio do processo, as células e tecidos atróficos têm sua função diminuída, mas a morte células é mínima. Entretanto, a atrofia causada por redução gradual do suprimento sanguíneo pode progredir até o ponto no qual as células são irreversivelmente lesadas e morrem, frequentemente por apoptose. A morte celular por apoptose também contribui para atrofias dos órgãos endócrinos após privação hormonal. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Mecanismos da atrofia A atrofia resulta da diminuição da síntese proteica e do aumento da degradação das proteínas nas células. A síntese de proteínas diminui em função da atividade metabólica reduzida. A degradação das proteínas celulares ocorre principalmentepela via ubiquitina-proteossomo. A deficiência de nutrientes e o desuso podem ativar ligases de ubiquitina, que ligam o pequeno peptídeo ubiquitina a proteínas celulares, e marcam essas proteínas para degradação nos proteossomos. Essa via também é considerada responsável pela proteólise acelerada observada em diversas condições catabólicas, incluindo a caquexia do câncer. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Em muitas situações, a atrofia é também acompanhada por aumento da autofagia, observada pelo número elevado de vacúolos autofágicos. A autofagia (“comer a si próprio”) é o processo no qual as células privadas de alimento digerem seus próprios componentes na tentativa de reduzir a demanda nutricional igualando-a ao fornecimento. Alguns dos restos celulares dentro dos vacúolos autofágicos podem resistir à digestão e persistir no citoplasma como corpos residuais limitados por membrana. Quando presentes em quantidades suficientes, eles conferem uma coloração acastanhada ao tecido (atrofia parda). Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Metaplasia Metaplasia é uma alteração reversível na qual um tipo celular diferenciado (epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo celular. Ela, muitas vezes, representa uma resposta adaptativa em que um tipo de célula sensível a um determinado estímulo nocivo é substituído por outro tipo de célula que é mais capaz de suportar o ambiente adverso. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral A metaplasia epitelial mais comum é a colunar para escamosa, como ocorre no trato respiratório em resposta à irritação crônica. No fumante habitual de cigarros, as células epiteliais normal, colunares e ciliadas da traqueia e dos brônquios, são, com frequência, substituídas por células epiteliais escamosas estratificadas. Cálculos nos ductos excretores das glândulas salivares, do pâncreas ou das vias biliares, que normalmente são revestidas por epitélio colunar secretor, também podem provocar metaplasia escamosa no epitélio respiratório. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Em todas essas situações, o epitélio escamoso estratificado, mais resistente, é capaz de sobreviver sob circunstâncias mas quais o epitélio colunar especializado, mais frágil, teria sucumbido. Entretanto, a mudança para células escamosas metaplásicas tem um preço. Por exemplo, no trato respiratório, embora o revestimento epitelial se torne resistente, os importantes mecanismos de proteção contra infecções – a secreção de muco e o movimento ciliar do epitélio colunar – são perdidos. Portanto, a metaplasia epitelial é uma faca de dois gumes, e na maioria das circunstâncias, representa uma alteração não desejada. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Além disso, as influencias que predispõem à metaplasia, se persistentes, podem indicar a transformação maligna no epitélio metaplásico. Assim, um tipo comum de câncer no trato respiratório é composto por células escamosas, que podem surgir nas áreas onde o epitélio colunar normal foi substituído pelo epitélio escamoso. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral A metaplasia do tipo escamoso para colunar também pode ocorrer, como no esôfago de Barrett, no qual o epitélio escamoso do esôfago é substituído por células colunares tipo intestinais, sob a influência do refluxo do ácido gástrico. Cânceres podem surgir nessas áreas e são tipicamente glandulares (adenocarcinomas). Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral A metaplasia do tecido conjuntivo é a formação de cartilagem, osso ou tecido adiposo (tecidos mesenquimais) em tecido que normalmente não contem estes elementos. Por exemplo, a formação de osso no músculo, designada miosite ossificante, ocorre, ocasionalmente, após uma hemorragia intramuscular. Esse tipo de metaplasia não é interpretado como uma resposta adaptativa e pode ser o resultado de uma lesão celular ou tecidual. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Mecanismos da Metaplasia A metaplasia não resulta de uma alteração no fenótipo de um tipo celular já diferenciado; ao contrário, ela é o resultado de uma reprogramação de células-tronco que sabidamente existem nos tecidos normais ou de células mesenquimais indiferenciadas presentes no tecido conjuntivo. Em uma alteração metaplásica, essas células precursoras diferenciam-se ao longo de um novo caminho. A diferenciação de células-tronco para uma linhagem particular é provocada por sinais gerados por citocinas, fatores de crescimento e componentes da matriz extracelular presentes no ambiente celular. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Esses estímulos externos promovem a expressão de genes que dirigem as células para um via de diferenciação especifica. A relação direta entre a desregulação de um fator de transcrição e a metaplasia é vista em caso de deficiência ou excesso de vitamina A (ácido retinoico), que podem, ambos, causar metraplasia. O ácido retinoico regula a transcrição do gene diretamente através de receptores retinoides nucleares, que podem influenciar a diferenciação de células progenitoras derivadas de células-tronco teciduais. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Desconhece-se como outros estímulos externos causam metaplasia, mas é claro que, de algum modo, eles também alteram a atividade dos fatores de transcrição que regulam a diferenciação. Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares Introdução à Patologia Geral Os estímulos e influências nocivas exercem seus efeitos, primariamente ao nível molecular ou bioquímico. Há um período de tempo entre o estímulo e as alterações morfológicas da lesão e morte celulares; a duração desse retarde pode variar com a sensibilidade dos métodos usados para detectar essas alterações. Com técnicas histoquímicas e ultraestruturas, as alterações podem ser observadas em minutos a horas após a lesão; contudo, esse tempo pode ser consideravelmente mais longo (de horas a dias), para que as alterações sejam visíveis à microscopia óptica ou ao exame macroscópico. Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral Como seriam esperadas, as manifestações morfológicas da necrose levam mais tempo para se desenvolver do que as da lesão reversível. Por exemplo, na isquemia do miocárdio, a tumefação celular é uma alteração morfológica reversível que pode ocorrer em poucos minutos e pode progredir para a irreversibilidade dentro de 1 a 2 horas. Entretanto, as alterações indiscutíveis de morte celular, à microscopia óptica, podem não ser vista até 4 a 12 horas após o inicio da isquemia. Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral A lesão reversível é caracterizada por tumefação generalizada da célula e suas organelas, formação de bolhas na membrana plasmática, destacamento dos ribossomos do RE, e agregação da cromatina nuclear. Essas alterações morfológicas estão associadas com a diminuição da produção de ATP, perda da integridade da membrana celular, deficiência na síntese de proteínas, e danos ao citoesqueleto e ao DNA. Dentro de certos limites, a célula pode reparar essas desordens e, cessado o estímulo nocivo, ela retornará à normalidade. Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral Contudo, havendo agressão excessiva ou persistente a célula ultrapassa o ainda nebuloso“ponto de não retorno”, evoluindo para a lesão irreversível e morte celular. Diferentes estímulos nocivos podem induzir a morte por necrose ou apoptose. Dano mitocondrial severo com depleção de ATP e a ruptura de membranas lisossômicas e plasmática estão tipicamente associados com a necrose. A necrose ocorre em muitas agressões comumente encontradas, como as consequentes a isquemia, exposição a substâncias tóxicas, várias infecções e trauma. Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral Lesão reversível Dois aspectos da lesão celular reversível podem ser reconhecidos à microscopia óptica: tumefação celular e degeneração gordurosa. A tumefação celular surge quando as células se tornam incapazes de manter a homeostase hidroeletrolítica e é resultante da falência das bombas de íons dependentes de energia na membrana plasmática. Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral A degeneração gordurosa ocorre na lesão hipóxica e em várias formas de lesão metabólica ou tóxica. Ela é manifestada pelo surgimento de vacúolos lipídicos no citoplasma. É observada principalmente em células envolvidas e dependentes do metabolismo da gordura, como os hepatócitos e as células miocárdicas. Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral A tumefação celular é a primeira manifestação em quase todas as formas de agressão às células (figura B da página anterior). É uma alteração morfológica difícil de observar à microscopia óptica, pode ser mais evidente examinando-se o órgão inteiro. Quando afeta muitas células, provoca certa palidez, aumento do turgor e aumento do peso do órgão. Ao exame microscópico, podem ser observados pequenos vacúolos claros dentro do citoplasma; estes representam segmentos distendidos e destacados do retículo endoplasmático. Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral Esse padrão de lesão não letal às vezes é chamado de alteração hidrópica ou degeneração vacuolar. A tumefação celular é reversível. As células podem mostrar também um aumento de coloração pela eosina, que se torna mais pronunciada com a progressão para a necrose. Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral As alterações ultra-estruturais da lesão celular reversível (figura B da página anterior) incluem: 1. Alterações da membrana plasmática, como formação de bolhas, apagamento e perda das microvilosidades; 2. Alterações mitocondriais, que incluem tumefação e o aparecimento de pequenas densidades amorfas; Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral 3. Dilatação do retículo endoplasmático, com destacamento dos polissomas; figuras de mielina intracitoplasmáticas podem estar presentes; 4. Alterações nucleares, com desagregação dos elementos granulares e fibrilares. Alterações morfológicas na Lesão Celular Introdução à Patologia Geral A aparência morfológica da necrose, assim como da necroptose, é o resultado da desnaturação de proteínas intracelulares e da digestão enzimática da célula lesada letalmente. As células necróticas são incapazes de manter a integridade da membrana e seus conteúdos sempre são liberados no meio externo, um processo que provoca inflamação no tecido circundante. Necrose Introdução à Patologia Geral As enzimas que digerem a célula necrótica são derivadas dos lisossomos das próprias células que estão morrendo ou dos lisossomos dos leucócitos que são recrutados como parte da reação inflamatória. A digestão dos conteúdos celulares e a resposta do hospedeiro podem levar horas para se desenvolver e, portanto, não seriam detectadas alterações nas células, se, por exemplo, um infarto do miocárdio causasse morte súbita. A primeira evidencia histológica de necrose miocárdica somente aparece 4 a 12 horas depois do evento. Necrose Introdução à Patologia Geral No entanto, devido à perda da integridade da membrana plasmática, as enzimas e proteínas especificas do coração são rapidamente liberadas do músculo necrótico, podendo já ser detectadas no sangue 2 horas após a necrose das células miocárdicas. Necrose Introdução à Patologia Geral As células necróticas mostram eosinofilia aumentada na coloração por hematoxilina e eosina (H&E), atribuível à perda do RNA citoplasmático (que se liga ao corante azul, hematoxilina) e as proteínas citoplasmáticas desnaturadas (que se ligam ao corante vermelho, eosina). A célula necrótica possui uma aparência mais homogênea e vítrea do que as células normais, principalmente devido a perda de partículas de glicogênio. Necrose Introdução à Patologia Geral Quando as enzimas já diferiram as organelas citoplasmáticas, o citoplasma se torna vacuolado e parece roído por traças. As células mortas podem ser substituídas por grandes massas fosfolipídicas espiraladas, chamadas de figuras de mielina, originadas de membranas celulares lesadas. Esses precipitados fosfolipídicos são, então, fagocitados por outras células ou, mais tarde, degradados em ácidos graxos; a calcificação desses resíduos de ácidos graxos resulta na geração de sabões (que são sais de cálcio). Assim, as células mortas podem, no final, sofrer calcificação. Necrose Introdução à Patologia Geral À microscopia eletrônica, as células necróticas caracterizam-se por descontinuidades nas membranas plasmáticas e das organelas, dilatação acentuada das mitocôndrias com o aparecimento de grandes densidades amorfas, figuras de mielina intracitoplasmáticas, restos amorfas, figuras de mielina intracitoplasmáticas, restos amorfos e agregados de material felpudo, provavelmente representando proteína desnaturada. Necrose Introdução à Patologia Geral Alterações nucleares aparecem em um de três padrões, todos devidos à destruição inespecífica do DNA. A basofilia da cromatina pode esmaecer (cariólise), uma alteração que, provavelmente, reflete a perda de DNA pela degradação enzimática por endonucleases. Necrose Introdução à Patologia Geral Um segundo padrão (observado também na morte celular apoptótica) é a picnose, caracterizada por retração nuclear e aumento da basofilia; a cromatina condensa-se numa massa sólida contraída basófila. No terceiro padrão, conhecido como cariorrexe, o núcleo pcinótico sofre fragmentação. Com o decorrer do tempo (1 ou 2 dias), o núcleo da célula necrótica desaparece totalmente. Necrose Introdução à Patologia Geral Padrões de Necrose Tecidual Quando um grande número de células morre num tecido ou órgão, dizemos que está necrótico; assim, um infarto do miocárdio é a necrose de uma porção do coração causada pela morte de muitas células miocárdicas. A necrose dos tecidos possui vários padrões morfológicos distintos, cujo reconhecimento é importante porque eles fornecem pistas sobre a sua causa básica. Embora os termos que descrevem esses padrões sejam um pouco antiquados, eles são usados habitualmente e suas implicações são compreendidas por patologistas clínicos. Necrose Introdução à Patologia Geral A necrose coagulativa é a forma de necrose tecidual na qual a arquitetura básica dos tecidos mortos é preservada por um intervalo de alguns dias. Os tecidos afetados exibem uma consistência firme. Supostamente, a lesão desnatura não apenas as proteínas estruturais mas também as enzimas, bloqueando, assim, a proteólise das células mortas; como resultado, células anucleadas e eosinófilas persistem por dias ou semanas. Necrose Introdução à Patologia Geral Finalmente, as células necróticas são removidas por fagocitose dos restos celulares por leucócitos infiltrados e pela digestão das células mortas através da ação das enzimas lisossômicas dos leucócitos. A isquemia causada por obstruçãode um vaso provoca necrose de coagulação dos tecidos em todos os órgãos, exceto no cérebro. Necrose Introdução à Patologia Geral Deve-se ter em mente que o termo “infarto” deve reservado para as necroses de origem isquêmica ou congestiva, independente de sua localização ou tipo. Assim, nem todo infarto está relacionado à necrose coagulativa e vice-versa. O infarto cerebral (causado por isquemia) gera necrose liquefativa. Uma queimadura de terceiro grau localizada cursa com necrose coagulativa pela ação direta do calor, mas é um infarto. Necrose Introdução à Patologia Geral Necrose Introdução à Patologia Geral A necrose liquefativa, ao contrário da necrose de coagulação, é caracterizada pela digestão das células mortas, resultando na transformação do tecido em uma massa viscosa liquida. É observada em infecções bacterianas ou focais ou, ocasionalmente, nas infecções fúngicas, porque os micróbios estimulam o acúmulo de leucócitos e a liberação de suas enzimas. Necrose Introdução à Patologia Geral O material necrótico é frequentemente amarelo-cremoso devido à presença de leucócitos mortos e é chamado de pus. Por razões desconhecidas, a morte por hipóxia de células dentro do sistema nervoso central com frequência se manifesta como necrose liquefativa. Necrose Introdução à Patologia Geral Necrose Introdução à Patologia Geral A necrose gangrenosa não é um padrão especifico de morte celular, mas o termo é usado comumente na prática clínica. Em geral é aplicado a um membro, geralmente a perna, que tenha perdido seu suprimento sanguíneo e que tenha sofrido necrose (tipicamente necrose de coagulação), envolvendo seus diversos planos teciduais. Quando uma infecção bacteriana se superpõe, ocorre ainda necrose liquefativa devido à ação de enzimas degradativas das bactérias e dos leucócitos atraídos (originando a chamada gangrena úmida). Necrose Introdução à Patologia Geral O termo gangrena está associado às modificações que os tecidos mortos sofrem pela exposição ambiental. Os membros ou outros apêndices corporais (por exemplo, nariz, pênis, orelha externa) com a necrose isquêmica sofrem ressecamento e embebição hemoglobínica, conferindo a coloração negra caractística da gangrena seca. A gangrena úmida surge pela infecção bacteriana associada, que, caso seja por bactérias produtores de gás, é chamada de gangrena gasosa. Necrose Introdução à Patologia Geral A necrose caseosa é encontrada mais frequentemente em focos de infecção tuberculosa. O termo “caseoso” (semelhante a queijo) é derivado da aparência friável esbranquiçada da área da necrose. Ao exame microscópico, área necrótica exibe uma coleção de células rompidas ou fragmentadas e restos granulares amorfos delimitados por uma borda inflamatória distinta; essa aparência é característica de um foco de inflamação conhecido como granuloma. Necrose Introdução à Patologia Geral Necrose Introdução à Patologia Geral A necrose gordurosa (ou esteatonecrose) é um termo bem estabelecido no vocabulário médico, mas que, na verdade, não denota um padrão especifico de necrose. De fato, ela se refere a áreas focais de destruição adiposa, tipicamente resultantes da liberação de lipases pancreáticas ativas na intimidade do pâncreas e na cavidade peritoneal. Isto ocorre na emergência abdominal calamitosa, conhecida como pancreatite aguda. Necrose Introdução à Patologia Geral Neste distúrbio, as enzimas pancreáticas escapam das células acinares e liquefazem as membranas dos adipócitos do peritônio. As enzimas liberadas quebram os triacilgliceróis contidos dentro dessas células. Os ácidos graxos liberados combinam-se com o cálcio, produzindo áreas calcárias brancas macroscopicamente visíveis (saponificação da gordura), que permitem ao cirurgião e ao patologista identificarem as lesões. Ao exame histológico, os focos de necrose exibem contornos indistintos de adipócitos por uma reação inflamatória. Necrose Introdução à Patologia Geral Necrose Introdução à Patologia Geral A necrose fibrinoide é uma forma especial de necrose geralmente observada nas reações imunes que envolvem os vasos sanguíneos. Esse padrão de necrose ocorre tipicamente quando complexos de antígenos e anticorpos são depositados nas paredes das artérias. Os depósitos desses “imunocomplexos”, em combinação com a fibrina que extravasa, resulta em uma aparência amorfa róseo-brilhante, na coloração de H&E, conhecida pelos patologistas como “fibrinoide” (semelhante a fibrina). Necrose Introdução à Patologia Geral Necrose Introdução à Patologia Geral No paciente vivo, ao final, a maioria das células necróticas e seus conteúdos desaparece por fagocitose e digestão enzimática pelos leucócitos. Se as células necróticas e os restos celulares não forem prontamente destruídos e reabsorvidos, eles atuam como um nicho para deposição de sais de cálcio e outros minerais e se tornam calcificadas. Esse fenômeno é chamado de calcificação distrófica. Necrose Introdução à Patologia Geral A apoptose é uma via de morte celular induzida por um programa de suicídio finamente regulado no qual as células destinadas a morrer ativam enzimas que degradam seu próprio DNA e suas proteínas nucleares e citoplasmáticas. As células apoptóticas se quebram em fragmentos, chamados corpos apoptóticos, que contêm porções do citoplasma e núcleo. A membrana plasmática da célula apoptótica e de seus corpos apoptóticos permanece intacta, mas sua estrutura é alterada de tal maneira que seus fragmentos se tornam alvos para os fagócitos. Apoptose Introdução à Patologia Geral A célula morta e seus fragmentos são rapidamente devorados, antes que seus conteúdos sejam liberados no meio, e desse modo a morte celular por esta via não desperta uma resposta inflamatória no hospedeiro. O processo foi reconhecido em 1972 pela aparência morfológica distinta de fragmentos ligados à membrana derivados de células, e, posteriormente nomeados pela designação grega para “desprender-se”. Apoptose Introdução à Patologia Geral Foi rapidamente reconhecido que a apoptose era um mecanismo distinto de morte celular, diferente da necrose, a qual é caracterizada pela perda da integridade da membrana, digestão enzimática dos constituintes celulares, liberação do conteúdo celular, e frequentemente uma reação do hospedeiro. Por ser geneticamente regulada, a apoptose é muitas vezes denominada de morte celular programada. Apoptose Introdução à Patologia Geral Causas da Apoptose A apoptose corre normalmente durante o desenvolvimento e por toda a vida, e serve para eliminar células indesejáveis, velhas ou potencialmente prejudiciais. É também um evento patológico quando células doentes se tornam irreparavelmente danificadas e são eliminadas. Apoptose Introdução à Patologia Geral Apoptose em Situações Fisiológicas A morte por apoptose é um fenômeno normal que visa eliminar as células que não são mais necessárias e manter um número constante das diversas populações celulares nos tecidos. É importante nas seguintes situações fisiológicas: • Destruição programada de células durante a embriogênese; Apoptose Introdução à Patologia Geral • Involução de tecidos hormônio-dependentes sob privação do hormônio, tais como o colapso das células endometriais na menstruação, a atrésia folicular ovariana na menopausa, a regressão da mama da lactação após o desmame, e a atrofia prostática após castração; • Perda celular em populações celulares proliferativas, por exemplo os linfócitos imaturos na medula óssea e timo e os linfócitos B nos centros germinativos que não expressão os receptores antigênicos adequados; Apoptose Introdução à Patologia Geral • Eliminação de linfócitos autorreativos potencialmente nocivos, antes ou depois de eles terem completado sua maturação, para impedir reações contra os próprios tecidos do individuo. • Morte de células normais que já tenham cumprido sua atividade funcional,tais como os neutrófilos na resposta inflamatória aguda e os linfócitos ao término da resposta imune. Nessas situações, as células sofrem apoptose porque são privadas dos sinais de sobrevivência necessários, tais como os fatores de crescimento. Apoptose Introdução à Patologia Geral Apoptose em Condições Patológicas A apoptose elimina células que são lesadas de modo irreparável, sem produzir reação do hospedeiro, limitando, assim, lesão tecidual adicional. A morte por apoptose é responsável pela perda de células em várias situações patológicas: • Dano ao DNA; Apoptose Introdução à Patologia Geral • Acúmulo de proteínas mal dobradas: as proteínas erroneamente dobradas podem surgir de mutações nos genes que codificam estas proteínas ou devido a fatores extrínsecos, como lesão causada por radicais livres; • Morte celular em certas infecções, principalmente as virais; • Atrofia patológica no parênquima de órgãos após obstrução de ducto, como ocorre no pâncreas, na parótida e no rim. Apoptose Introdução à Patologia Geral Morfologia Os seguintes aspectos morfológicos, alguns mais bem observados à microscopia eletrônica, caracterizam as células que sofrem apoptose: • Retração celular: a célula é menor em tamanho; o citoplasma é denso e as organelas, embora relativamente normais, estão compactadas (lembre-se que em outas formas de lesão celular uma característica inicial é a tumefação celular, e não a retração); Apoptose Introdução à Patologia Geral • Condensação da cromatina: esta é a característica mais marcante da apoptose. A cromatina se agrega perifericamente, sob a membrana nuclear, em massas densas de várias formas e tamanhos. O núcleo se rompe, produzindo dois ou mais fragmentos; • Formação de bolhas citoplasmáticas e corpos apoptóticos: a célula apoptótica primeiramente mostra bolhas superficiais extensas, sofrendo então fragmentação em corpos apoptóticos envoltos por membrana, compostos de citoplasma e organelas estreitamente acondicionadas, com ou sem fragmentos nucleares; Apoptose Introdução à Patologia Geral • Fagocitose das células apoptóticas ou corpos apoptóticos, geralmente pelos macrófagos: os corpos apoptóticos são rapidamente ingeridos pelos fagócitos e degradados pelas enzimas lisossômicas dos fagócitos. Acredita-se que as membranas plasmáticas permanecem intactas durante a apoptose, até os seus últimos estágios, quando se tornam permeáveis aos solutos normalmente retidos. Apoptose Introdução à Patologia Geral Ao exame histológico, em tecidos corados com hematoxilina e eosina, as células apoptóticas aparecem como massas ovais ou redondas de citoplasma intensamente eosinófilo com fragmentos de cromatina nuclear condensada; como a retração celular e a formação de corpos apoptóticos são rápidas e os fragmentos são rapidamente fagocitados, apoptose considerável deve ocorrer nos tecidos para que se torne evidentes nos cortes histológicos. Além disso a apoptose – ao contrario da necrose – não desperta inflamação, dificultando sua detecção histológica. Apoptose Introdução à Patologia Geral Apoptose Introdução à Patologia Geral Mecanismos da Apoptose A apoptose resulta da ativação de enzimas chamadas caspases (assim chamadas porque são proteases de cisteína que clivam proteínas após resíduos de aspartato). Como muitas proteases, as caspases existem como pró-enzimas inativas ou zimogênios, e devem sofrer clivagem enzimática para se tornarem ativas. A presença de caspases ativas, clivadas constitui um marcador para células que estão sofrendo apoptose. Apoptose Introdução à Patologia Geral O processo de apoptose pode ser dividido em uma fase de iniciação, durante o qual algumas caspases se tornam cataliticamente ativas, e uma ase de execução, durante a qual outras caspases iniciam a degradação de componentes celulares críticos. A ativação das caspases depende de um equilíbrio de sintonia fina entre a produção de proteínas pró-apoptóticas e antiapoptóticas. Apoptose Introdução à Patologia Geral Duas vias distintas convergem na cativação das caspases: • A via mitocondrial; • A via do receptor de morte. Apoptose Introdução à Patologia Geral Apoptose Introdução à Patologia Geral Apoptose Introdução à Patologia Geral Apoptose Introdução à Patologia Geral Como o nome indica, essa forma de morte celular é um hibrido que compartilha aspectos da necrose e da apoptose. Os seguintes aspectos caracterizam a necroptose: • Morfologicamente e, em certa medida, bioquimicamente, ela se assemelha à necrose, ambas caracterizadas por perda de ATP, tumefação das células e suas organelas, geração de ERO, liberação de enzimas lisossômicas e ruptura de membrana plasmática terminal; Necroptose Introdução à Patologia Geral • Patologicamente, ela é desencadeada por eventos de transdução de sinal geneticamente programados que culminam em morte celular. Nesse aspecto, ela se assemelha à morte celular programada, a qual é considerada a marca típica da apoptose. Devido a essa dualidade de aspectos, a necroptose às vezes é chamada de necrose programada para distingui-la das formas usuais de necrose que ocorrem passivamente por agressão tóxica ou anóxica da célula. Em nítido contraste com a apoptose, o programa genético que dirige a necropse não resulta na ativação da caspase. Necroptose Introdução à Patologia Geral Necroptose Mecanismo molecular de necroptose mediana pelo TFN. A ligação cruzada de TNFR1 por TNF provocada recrutamento de RIP1 e RIP3 juntamente com a caspase-8. a ativação da caspase leva à apoptose. A inibição da caspase-8 ocorre em algumas infecções virais e permite que RIP1 e RIP3 iniciem sinais que afetam a geração mitocondrial de ATP e de ERO. Isto é seguido pelos eventos típicos da necrose. (Adaptada de Galluzi L, et al: Programmed necrosis from molecules to health and disease. Int Ver Cell Molec Biol 289:1, 2011.) Introdução à Patologia Geral Kumar, V. Abbas, A., Aster C. Robbins & Cotran Patologia – Bases Patológicas das Doenças. Tradução da 9° Edição. Elsevier Editora Ltda. Rio de Janeiro. 2016. Junqueira, Carneiro. Biologia Celular e Molecular. 9° Edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. McPhee, Stephen J. Fisiopatologia da doença: uma introdução à Medicina Clínica / Stephen J. McPhee, William F. Ganong. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: AMGH, 2011. Patologia Geral. FOP/UNICAMP. Áreas de semiologia e patologia. Disponível em: https://w2.fop.unicamp.br/ddo/patologia/downloads/db301_un1_Les-Morte-Cel.pdf Referências https://w2.fop.unicamp.br/ddo/patologia/downloads/db301_un1_Les-Morte-Cel.pdf FIM DA APRESENTAÇÃO
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