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CURSO DE HISTÓRIA

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CURSO DE HISTÓRIA
	
A ERA VARGAS
	DECLÍNIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA
Em 1929, a economia internacional foi abalada pela superprodução da indústria norte-americana que afetou o valor das ações de grandes indústrias na Bolsa de Valores e prejudicou empresas e bancos que foram à falência e levaram consigo milhões de trabalhadores norte-americanos ao desemprego.
Sem poder vender, os comerciantes norte-americanos também deixaram de comprar. Isso afetou gravemente a economia dos países que dependiam de exportações para os Estados Unidos. Foi o caso do Brasil, que deixou de vender milhões de sacas de café para o mercado norte-americano. O preço da saca de café despencou, caindo em mais de 50% entre 1929 e 1930. Foi um desastre econômico que levou muitos cafeicultores à falência.
O enfraquecimento econômico dos cafeicultores contribuiu para desestruturar as bases políticas que sustentavam a Primeira República, fundadas na política do “café-com-leite”.
Além dos problemas econômicos, surgiu ainda o desacordo entre as elites políticas de Minas Gerais e de São Paulo na indicação do candidato presidencial à sucessão de Washington Luís. Nas eleições de 1930:
a) Os políticos da situação em São Paulo apoiavam o candidato Júlio Prestes, do Partido Republicano Paulista (PRP), que era, então, governador do estado.
b) Os políticos mineiros apoiavam Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, governador de Minas Gerais pelo Partido Republicano Mineiro (PRM).
O rompimento do acordo do “café-com-leite”, isto é, o desentendimento entre os partidários do PRP e do PRM, agitou a cena política do país. Os políticos da oposição aproveitaram o momento para conquistar espaço político e formar alianças. Foi nesse contexto histórico que nasceu a ALIANÇA LIBERAL, reunindo lideranças políticas do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e da Paraíba.
A ALIANÇA LIBERAL, lançou o nome do governador gaúcho Getúlio Vargas para presidente da república e do governador paraibano João Pessoa para vice-presidente, apoiados pelos políticos dos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba.
A ALIANÇA LIBERAL apresentava um programa de reformas cujos pontos principais eram:
a) Voto secreto (para acabar com fraudes eleitorais e pressão dos coronéis)
b) Criação de algumas leis trabalhistas (regulamentação dos trabalhos dos menores e das mulheres, e direito de férias etc.)
c) Incentivo à produção industrial.
· MOVIMENTO REBELDE DE 1930
O candidato apoiado pelo Partido Republicano Paulista (PRP), Júlio Prestes, foi o vitorioso na eleição presidencial de 1930, derrotando o candidato da Aliança Liberal, Getúlio Vargas.
Os líderes da ALIANÇA LIBERAL (gaúchos, mineiros e paraibanos) recusavam-se a aceitar o resultado das eleições afirmando que a vitória de Júlio Prestes não passava de fraude.
O clima de revolta aumentava em várias regiões do país, atingindo diversos grupos sociais: operários, militares, profissionais liberais etc. As elites da ALIANÇA LIBERAL, preocupadas com as insatisfações populares, tinham consciência de que era preciso agir para assumir o comando do processo político.
A revolta ganhou intensidade quando João Pessoa, governador da Paraíba e candidato à vice-presidente pela ALIANÇA LIBERAL, foi assassinado por motivos pessoais e políticos, em 26 de julho de 1930. Esse episódio levou a oposição a unir-se contra o governo. Em 3 de outubro, a luta armada teve início no Rio Grande do Sul, espalhando-se por Minas Gerais, Paraíba e Pernambuco. O objetivo das oposições era impedir a posse de Júlio Prestes como presidente da república.
Reconhecendo o avanço da guerra civil, militares do Rio de Janeiro, liderados pelos generais Mena Barreto e Tasso Fragoso, depuseram Washington Luís, poucas semanas antes do fim de seu mandato. O poder foi entregue a Getúlio Vargas, chefe político do movimento de 1930, que grande parte dos estudiosos também chama de “Revolução de 1930”. 
	INTRODUÇÃO À ERA VARGAS
A Era Vargas é o nome que se dá ao período em que Getúlio Vargas governou o Brasil por 15 (quinze) anos, de forma contínua (de 1930 a 1945). Esse período teve início com a Revolução de 1930, e divide-se em três momentos distintos:
a) Governo Provisório (1930 – 1934)
b) Governo Constitucional (1934 – 1937)
c) Estado Novo (1937 – 1945)
Durante esses três períodos ocorreram significativas mudanças político-sociais no país. A população urbana cresceu em relação à agrária, a importância da indústria na economia nacional se ampliou e o poder dos empresários das cidades aumentou, em comparação com o poder dos produtores rurais. Os setores médios urbanos (pequenos empresários, profissionais liberais etc.) e o operariado cresceram em número e conquistaram maior importância na vida política do país.
	GOVERNO PROVISÓRIO - 1930 a 1934
Ao chegar à presidência da república, Getúlio Vargas tomou medidas para assumir o controle político do país. Entre suas primeiras providências destacam-se:
a) Suspensão da Constituição Republicana de 1891
b) Fechamento dos órgãos do Poder Legislativo (Congresso Nacional, Assembleias legislativas e Câmaras Municipais);
c) Indicação de interventores militares ligados ao Tenentismo para chefiar os governos estaduais.
Entregando o governo dos estados aos interventores, Getúlio pretendia desmontar a estrutura política da Primeira República, baseada no poder dos coronéis-fazendeiros. Os interventores acreditavam que em pouco tempo eliminariam a força dos grupos políticos tradicionais. Não eliminaram, mas conseguiram reduzir o poder dos representantes dos fazendeiros que sustentavam o regime deposto em 1930.
Diante da importância que os militares tiveram na estabilização da Revolução de 30, os primeiros anos da Era Vargas foram marcados pela presença dos “tenentes” nos principais cargos do governo e por esta razão foram designados representantes do governo para assumirem o controle dos estados, tal medida tinha como finalidade anular a ação dos antigos coronéis e sua influência política regional.
Esta medida consolidou-se em clima de tensão entre as velhas oligarquias e os militares interventores. A oposição às ambições centralizadoras de Vargas concentrou-se em São Paulo, onde as oligarquias locais, sob o apelo da autonomia política e com um discurso de conteúdo regionalista, convocaram o “povo paulistano” a lutar contra o governo Getúlio Vargas, exigindo a realização de eleições para a elaboração de uma Assembleia Constituinte. A partir desse movimento, teve origem a Chamada Revolução Constitucionalista de 1932.
· A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA (1932)
Aos poucos, o governo de Vargas foi-se revelando centralizador, preocupado com a questão social e interessado em defender as riquezas nacionais. Isso assustou a oposição, especialmente os políticos de São Paulo, que desejavam a volta das práticas existentes na Primeira República, pelas quais obtinham privilégios.
Para enfrentar o governo federal, os líderes do Partido Republicado Paulista (PRP) formaram uma frente única com os líderes do Partido Democrático (dissidentes do próprio PRP), que haviam apoiado a Revolução de 1930, mas que estavam descontentes com a nomeação do interventor João Alberto Lins e Barros para governar São Paulo.
A oposição política do estado exigia a nomeação de um interventor civil e paulista. Cedendo às pressões, o presidente nomeou o interventor Pedro de Toledo; mas essa medida não silenciou a oposição, que também exigia novas eleições e a convocação de uma Assembleia Constituinte. Naquela altura, os ricos fazendeiros queriam novas eleições porque ainda controlavam o viciado sistema eleitoral.
Em maio de 1932, quatro estudantes de São Paulo – Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo – morreram em confronto com a polícia, numa manifestação pública contra o governo federal. Esse fato exaltou ainda mais os ânimos. Com as letras iniciais dos nomes desses estudantes, formou-se a sigla MMDC, que se tornou o símbolo do movimento constitucionalista no estado. No dia 9 de julho de 1932, teve início a chamada Revolução Constitucionalista, que mobilizou armas e 30 mil homensde São Paulo para lutar contra o governo federal.
As tropas paulistas eram formadas por soldados da polícia estadual. Muitas indústrias do estado contribuíram com a fabricação de material de guerra, como granadas, máscaras contra gases, lança-chamas e capacetes. Porém, as tropas ficaram isoladas do resto do país; apenas forças de Mato Grosso acompanharam as tropas paulistas. O apoio prometido pelas elites de outros estados não chegou a se concretizar.
Depois de três meses de lutas e muitos mortos e feridos, os soldados paulistas foram derrotados pelas tropas federais. Apesar disso, obtiveram uma conquista política: terminada a revolta, o governo federal procurou evitar indispor-se com a elite de um estado que, embora derrotado militarmente, tinha grande poder socioeconômico. Garantiu, então, a realização de eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, encarregada de elaborar a nova Constituição – a principal reivindicação formal do movimento de 1932 – que viria a se concretizar em 16 de julho de 1934, com a Constituição de 1934.
Mesmo derrotando as forças oposicionistas, o presidente convocou eleições para a Constituinte. No processo eleitoral, devido ao desgaste gerado pelos conflitos paulistas, as principais figuras militares do governo perderam espaço político e, em 1934 uma nova constituição foi promulgada.
A Carta de 1934 deu maiores poderes ao poder executivo, adotou medidas democráticas e criou as bases da legislação trabalhista. Além disso, sancionou o voto secreto e o voto feminino. Por meio dessa resolução e o apoio da maioria do Congresso, Vargas garantiu mais um mandato.
	GOVERNO CONSTITUCIONAL – 1934 a 1937
Em 16 de julho de 1934, após o fim da Revolução Constitucionalista de 1932 e a decisão de Vargas de não se indispor com o estado de São Paulo, embora derrotado militarmente em sua revolução, mas com grande capacidade socioeconômica, foi concluído o trabalho da Assembleia de promulgar a nova Constituição do Brasil. Entre seus pontos principais estavam:
a) Voto secreto;
A eleição dos candidatos aos poderes executivo e legislativo passou a ser feita por meio do voto secreto. As mulheres adquiriram o direito de votar, mas os analfabetos, mendigos, militares até o posto de sargento e pessoas judicialmente declaradas sem direitos políticos permaneceram excluídas. Também foi criada a Justiça eleitoral independente para zelar pelas eleições.
b) Direitos trabalhistas;
Foram reconhecimentos direitos trabalhistas fundamentais, como: salário mínimo, jornada de trabalho não superior a 8 horas diárias, proibição do trabalho de menores de 14 anos, férias anuais remuneradas e indenização na demissão sem justa causa, entre outras medidas.
c) Nacionalismo econômico;
Decidiu-se pela proteção das riquezas naturais do país, como jazidas minerais e quedas-d’água capazes de gerar energia.
A Constituição de 1934 estabelecia que, após sua promulgação, o primeiro presidente da república seria eleito de forma indireta, pelos membros da Assembleia Constituinte. Vargas foi o vitorioso nessa primeira eleição, iniciando seu mandato constitucional: recebeu 175 votos da Assembleia, enquanto o segundo colocado, Borges de Medeiros, ficou com 59 votos.
Nesse período, ganharam destaque na vida pública do país dois grupos políticos com ideologias bastante diferentes: os integralistas e os aliancistas:
a) INTEGRALISTAS
Em 1932, o escrito Plínio Salgado e outros intelectuais e políticos lançaram o Manifesto à Nação, expondo os princípios do integralismo – inspirado nas ideias FASCISTAS de Benito Mussolini e nas ideias NAZISTAS DE Adolf Hitler.
Criaram a AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA (AIB), organização política que conquistou a simpatia de muitos empresários, de uma parcela da classe média e de parte dos oficiais das forças armadas.DIREITA
O integralismo combatia o comunismo, pregava o nacionalismo extremado, a existência de um Estado poderoso, a disciplina e a hierarquia dentro da sociedade e a entrega do poder a um único chefe integralista.
Seguindo o modelo nazifascista, os integralistas eram submetidos a um rígida disciplina: vestiam uniforme com camisas verdes e desfilavam pelas ruas como tropa militar, gritando a sudação indígena ANAUÊ! (em tupi, “você é meu parente”). Atacavam de forma agressiva outras organizações políticas, e tinham por lema Deus, pátria e família. Ao todo, foram criados mais de mil núcleos da Ação Integralista no país.
b) ALIANCISTAS
Uma das principais frentes políticas contrárias ao integralismo era a ALIANÇA NACIONAL LIBERTADORA (ANL), cujos membros eram chamados de aliancistas.
Essa aliança reunia grupos de várias tendências, como socialistas, anarquistas e comunistas. Uma das principais correntes da ANL era o Partido Comunista e, em abril de 1935, Luís Carlos Prestes foi eleito seu presidente de honra.ESQUERDA
O programa político da ANL incluía a nacionalização das empresas estrangeiras, o não-pagamento da dívida externa brasileira, a realização de uma reforma agrária – dando terra aos trabalhadores do campo e combatendo o latifúndio – e a garantia das liberdades individuais. Um de seus lemas era: Pão, terra e liberdade.
A Aliança Nacional Libertadora cresceu rapidamente, contando com cerca de 1600 núcleos pelo país e reunindo entre 70 mil e 100 mil membros. O governo de Vargas – apoiado pelos grupos políticos conservadores – considerou a ANL ilegal em junho de 1935 e ordenou a prisão de seus líderes, alegando que tinham a intenção de promover um golpe de Estado para derrubar o governo. O chefe de polícia de Vargas, Filinto Muller, acusava o movimento de ser controlado por “perigosos comunistas” e financiado por estrangeiros.
· INTENTONA COMUNISTA
Diante da repressão, os comunistas que participavam da ALIANÇA NACIONAL LIBERTADORA planejaram um revolta militar contra o governo. Em novembro de 1935, eclodiu a intentona comunista – rebeliões de batalhões do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro, todas rapidamente dominadas pelas forças governamentais.
A Intentona Comunista serviu como pretexto para os setores mais autoritários do governo radicalizarem o regime político. Em nome do “perigo comunista”, foram presos milhares de sindicalistas, operários e intelectuais acusados de atividades subversivas contra o governo.
	ESTADO NOVO – 1937 a 1945
Pelas regras constitucionais (Constituição de 1934), o mandato de Getúlio Vargas terminaria em 1938. Aproximando-se a data das eleições presidenciais deu-se início à campanha eleitoral. Enquanto isso, Vargas preparava um golpe de Estado para permanecer na presidência da república.
Em fins de setembro de 1937, o serviço secreto do exército noticiou a descoberta de um plano comunista, chamado Plano Cohen, para acabar com o regime democrático no Brasil. Na verdade, tratava-se de uma farsa tramada pelo próprio governo, com a ajuda dos integralistas. Em nome do combate ao “perigo comunista”, foi decretado o estado de guerra, e a polícia prendeu grande número de adversários do governo.
No dia 10 de novembro de 1937, Vargas ordenou o cerco militar ao Congresso Nacional, impôs o fechamento do Legislativo e outorgou uma nova Constituição para o país, substituindo a Constituição de 1934. Iniciava-se, desse modo, o governo ditatorial que ficou conhecido como ESTADO NOVO.
Durante esse período, foi instaurado no país o estado de emergência, que autorizava o governo a invadir casas, prender pessoas, julgá-las sumariamente e condená-las. Vargas detinha em suas mãos os mais amplos poderes; seus atos não podiam sequer ser submetidos à Justiça.
Os estados brasileiros perderam sua autonomia política, e os governos estaduais foram entregues ao comando de interventores da confiança do presidente. Em comemorações públicas realizadas em todas as capitais, as bandeiras estaduais foram queimadas para simbolizar a morte do federalismo.
Os partidos políticos foram extintos e as eleições democráticas suspensas. As greves e manifestações contrárias ao governo estavam proibidas pela polícia. A polícia política do governo de Vargas perseguiu milhares de cidadãos;muitos foram presos, torturados e mortos. Entretanto, um governo dificilmente se sustenta apenas pela repressão; por isso, desde que se instalou no poder, Vargas buscou recursos de propaganda para conquistar a simpatia popular. Essa estratégia foi comum a diversos ditadores das décadas de 1930 e 1940, como Perón (Argentina), Mussolini (Itália), Hitler (Alemanha) e Stalin (União Soviética).
Com esse objetivo, o governo brasileiro criou, em 1939, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão diretamente ligado à presidência da república, encarregado de coordenar a propaganda oficial e censurar os meios de comunicação social – como rádio, cinema, teatro e imprensa.
Esse departamento foi responsável pela produção do programa de rádio obrigatória Hora do Brasil (substituído atualmente pelo programa A voz do Brasil).
Outro órgão importante na exaltação da imagem do governo Vargas foi o Ministério da Educação. Várias medidas foram tomadas para difundir a ideologia governista dentro da escola: obrigatoriedade do ensino de moral e civismo, canto coral com repertório musical nacionalista, desfiles e paradas de estudantes em comemoração de datas cívicas e adoção de livros didáticos que promoviam o culto a Getúlio Vargas e seu governo.
Vargas esforçou-se para obter a colaboração de intelectuais – como o poeta Cassiano Ricardo, o sociólogo Oliveira Viana e o jurista Pontes de Miranda.
No dia 10 de novembro de 1937, era anunciado em cadeia de rádio pelo presidente Getúlio Vargas o Estado Novo. Tinha início então, um período de ditadura na História do Brasil.
Sob o pretexto da existência de um plano comunista para a tomada do poder (Plano Cohen) Vargas fechou o Congresso Nacional e impôs ao país uma nova Constituição, que ficaria conhecida depois como “Polaca” por ter sido inspirada na Constituição da Polônia, de tendência fascista.
O golpe de Getúlio Vargas foi organizado junto aos militares e teve o apoio de grande parcela da sociedade, uma vez que desde o final de 1935 o governo reforçava sua propaganda anti comunista, alarmando a classe média, na verdade preparando-a para apoiar a centralização política que desde então se desencadeava. A partir de novembro de 1937 Vargas impôs:
a) Censura aos meios de comunicação;
b) Reprimiu a atividade política;
c) Perseguiu e prendeu seus inimigos políticos;
d) Adotou medidas econômicas nacionalizantes e deu continuidade a sua política trabalhista com a criação da CLT;
e) Publicou o Código Penal e o Código de Processo Penal em vigor até hoje;
f) Foi responsável pela concepção da Carteira de Trabalho, Justiça do Trabalho, salário mínimo e pelo descanso semanal remunerado.
O principal acontecimento na política externa foi a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial contra os países do Eixo, fato este, responsável pela grande contradição do governo Vargas, que dependia economicamente dos EUA e possuía uma política semelhante à alemã. A derrota das nações nazi fascistas foi a brecha que surgiu para o crescimento da oposição ao governo de Vargas. Assim, a batalha pela democratização do país ganhou força. O governo foi obrigado a indultar os presos políticos, além de constituir eleições gerais, que goram vencidas pelo candidato oficial, isto é, o general Eurico Gaspar Dutra, apoiado a época pelo governo.A participação do Brasil na Guerra deu-se em razão do ataque de submarinos alemães contra navios mercantes brasileiros. 
Chegava-se ao fim a Era Vargas, mas não ao fim de Getúlio Vargas, que em 1951 retornaria à presidência pelo voto popular.
	
REGIME MILITAR – 1964-1985
	CRONOLOGIA
1961
· Renúncia de Jânio Quadros, então Presidente do Brasil;
· Ministros militares declaram-se contrários à posse de João Goulart, Vice-Presidente do Brasil;
· João Goulart assente para a instituição do sistema parlamentarista como resultado do acordo que possibilitaria sua posse como presidente da República;
· Posse de João Goulart;
· Nomeação de 3 (três) Primeiros-Ministros consecutivos: Tancredo Neves, Brochado da Rocha e Hermes Lima. 
1963
· Retorno ao sistema presidencialista de governo, após plebiscito realizado não referendar o parlamentarismo;
· Projeto sobre reforma agrária é rejeitado;
· João Goulart retira o pedido de decretação de estado de sítio em função da ampla oposição que gerou;
· Rejeitada emenda do PTB sobre reforma agrária na Câmara dos Deputados;
1964
· Regulamentação da lei de remessa de lucros;
· Comício da Central do Brasil;
· Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade em São Paulo (SP), espécie de resposta ao Comício da Central do Brasil;
· O chefe do Estado-Maior do Exército, general Castelo Branco, divulga circular reservada entre seus subordinados contra João Goulart;
· Inicia-se o movimento militar em Minas Gerais com deslocamento de tropas comandadas pelo general Mourão Filho;
· João Goulart segue de Brasília para Porto Alegre;
· O presidente do Congresso Nacional, senador Moura Andrade, declara vacante a cadeira presidencial pela viagem empreendida por João Goulart até Porto Alegre, e, junto do presidente do Supremo Tribunal Federal, Álvaro Costa, declara como presidente da República o então presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli.
· Mazzilli, novo chefe de Estado ficou no cargo por menos de duas semanas. Em 11 de abril de 1964, o Congresso Nacional, com 361 votos favoráveis e 72 abstenções, elegeu o marechal Castelo Branco presidente da República para completar o mandato que fora de Jânio Quadros e João Goulart (Jango).
	HUMBERTO DE ALENCAR CASTELO BRANCO
Castello Branco, militar, foi eleito pelo Congresso Nacional ao cargo de presidente da República em 15 de abril de 1964. Tinha como função completar o mandato que fora de Jânio Quadros e João Goulart (Jango). Em seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém ao começar seu governo, assume uma posição autoritária.
Estabeleceu:
a) Eleições indiretas para presidente;
b) Dissolveu os partidos políticos;
c) Cassou vários parlamentares federais e estaduais;
d) Cancelou direitos políticos de vários cidadãos;
e) Interviu em sindicatos;
f) Instituiu o bipartidarismo, limitado aos partidos: Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e Movimento Democrático Brasileiro (MDB). O primeiro representava os militares e o segundo era de oposição, de certa forma controlada;
g) Instituiu a constituição de 1967 que confirmava e institucionalizava o regime militar e suas formas de atuação.
	ARTHUR DA COSTA E SILVA
Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país e ocorrem os seguintes movimentos:
a) A União Nacional dos Estudantes (UNE) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil;
b) Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam fábricas em protesto ao regime militar;
c) A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e sequestram embaixadores para obterem fundos para o movimento de oposição armada.
No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional nº 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar, pois trouxe as seguintes restrições:
a) Aposentou juízes;
b) Cassou mandatos;
c) Extinguiu ‘habeas corpus’;
d) Aumentou a repressão militar e policial.
	GOVERNO DA JUNTA MILITAR
Doente, Arthur da Costa e Silva foi substituído por uma junta militar formada pelos seguintes ministros militares:
	- Aurélio de Lira Tavares (Exército)
	- Augusto Rademaker (Marinha)
	- Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica)
Durante esse período, dois grupos de esquerda, o MR-8 e a ALN sequestram o embaixador dos Estados Unidos da América (EUA), Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a libertação de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei decretava o exílio e a pena de morte em casos de “guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva”.No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto pelas forças de repressão em São Paulo.
	EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI
Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como “anos de chumbo”. A repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censuradas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O Destacamento de Operações e Informações ao Centro de Operações de Defesa Interna (DOI – Codi) atua como centro de investigação e repressão do governo militar.
Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas forças militares.
		O MILAGRE ECONÔMICO
Na área econômica, o país crescia rapidamente. Este período que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido como a época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%. Com investimentos internos e empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou uma base de infra-estrutura. Todos estes investimentos geraram milhões de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram executadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói.
Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os padrões econômicos do Brasil.
	ERNESTO GEISEL

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