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Aplicação dos princípios básicos de diagramação, uso de cores e tipografia em projetos gráficos Unidade 3: Tipografia Professor: Jorge Oliveira Realização: Secretaria Geral de Educação a Distância da Universidade Federal de São Carlos Tipografia fundamentais e básicos para os projetos gráficos. Quando pensamos em Tipos/fontes é importante lembrar que a estética obrigatoriamente tem como objetivo proporcionar e garantir a comunicação. Em outras palavras, não adianta de nada um projeto gráfico com um conjunto de tipos bonitos e atraentes, mas que não permitem a leitura e entendimento do conteúdo. Ao se trabalhar com tipos/fontes, pode se estabelecer três relações dinâmicas caracterizadas em: Concordância – “a relação mais fácil e comum”. É quando em um material gráfico, aplica-se uma mesma família de tipos, ou seja, tipos com as mesmas características, variando apenas tamanho, cor e outros efeitos como negrito, itálico e sublinhado. Esse equilíbrio visual também pode ser estabelecido, relacionando os tipos com os outros elementos gráficos da composição. Por exemplo, aplica-se um tipo com traços finos juntamente com molduras, linhas e outros elementos gráficos também finos. Como resultado final, cria-se uma estética calma e formal. É importante salientar que este resultado não é indesejado, ele apenas não proporciona surpresas ao leitor/observador. são as atividades e processos relacionados a criação e ou estudos dos tipos. Os tipos, também chamados de fontes, são elementos Tipografia Observe a ficha a seguir, apesar de simples, ela revela as sensações provocadas pela concordância : O visual da ficha é calmo e formal, para não dizer sem graça ou comum! Foi aplicado apenas o tipo Arial. A comunicação e o entendimento do conteúdo estão garantidos, entretanto, a estética não é atraente e não estabelece hierarquias nas informações. Contribuindo para acentuar este visual, calmo e formal, todas as linhas nas frentes dos itens e na moldura ao redor do conjunto de informações possuem traços finos, que acompanham o traço fino do tipo. traços finos na moldura e linhas Conflitante – “a relação que deve ser evitada”. É quando aplica-se dois ou mais tipos com características visuais similares, porém, visualmente não são nem diferentes e nem iguais, confundindo o olhar. Como resultado final, cria-se uma estética conflitante, induzindo à uma sensação de erro (de digitação, de impressão...). Observe mais dois exemplos: A relação concordante é o caminho mais fácil e comum e o resultado final sempre será formal e calmo. A relação concordante é o caminho mais fácil e comum e o resultado final sempre será formal e calmo. A seguir, observe novamente a ficha da situação anterior. Desta vez, foram aplicados dois tipos, Arial e Avant Garde BK BT. Talvez, se os tipos não tivessem indicados, para muitos esta ação passaria despercebida ou então seria sentida como um erro (você provavelmente se perguntaria: - parece que é a mesma fonte, mas ao mesmo tempo parece que não é! será que está certo? ou é um erro?) As linhas nas frentes dos itens e na moldura também estão com espessuras ligeiramente diferentes, contribuindo para essa confusão visual. Nas frases acima, mais uma vez está configurada uma relação concordante. Mesmo aumentando o tamanho do tipo ou inserindo negrito em algumas palavras, o visual formal e calmo se mantêm. Mesmo sem estabelecer um contraste marcante através dos tipos, a mensagem é legível e a comunicação acontece sem problemas! A relação conflitante é sempre o caminho a ser evitado, pois o resultado final não será positivo . Contrastante - “a relação mais apelativa e atraente, mas nem sempre a mais simples de se construir”. É quando aplica-se uma combinação de tipos com características diferentes, obtendo como resultado final, um projeto gráfico apelativo e atraente. A combinação contrastante entre tipos contribui para a comunicação, organização e favorece a clareza de entendimento das informações. A relação conflitante é sempre o caminho a ser evitado, pois o resultado final não será positivo . A seguir, veja como o conflito se comporta em uma frase. Na primeira frase, aplica-se novamente dois tipos similares e o resultado continua o mesmo: sensação de erro devido a semelhanças visuais entre os tipos. Na segunda frase, a diferença por tamanho também não é suficiente para criar um contraste marcante. É preciso que as diferenças de tamanho entre tipos sejam evidentes. Dica: Não economize nos tamanhos! Observe o exemplo da ficha, agora em uma relação contrastante. O contraste nesta ficha é bem marcado e definido, contribui para organizar as informações (cria-se hierarquias) e direcionar o olhar do observador/leitor. Foram aplicadas dois tipos, Arial e Claredon BK BT. Para acentuar o contraste, as linhas nas frentes dos itens e na moldura ao redor do conjunto de informações receberam tratamentos diferenciados nas espessuras, acompanhando e se relacionando com os traços dos tipos. Dicas para aplicação de tipos/fontes - Evite o conflito, crie Contraste e só use Concordância se não houver outra opção/tempo. - Os erros geralmente não se dão pelas diferenças, mas sim pelas semelhanças. Fique atento a este detalhe! - Os recursos para se alcançar contraste na maioria dos casos se sobrepõem. Por exemplo, em uma mesma frase, você poderá construir contrastes através do tamanho, do peso e da cor dos tipos/fontes. Nas próximas páginas iremos falar um pouco sobre estes recursos. - Assim como foi abordado na Diagramação e nas Cores, trabalhar com Tipos exige experimentação. A prática mais uma vez, sensibiliza os olhos! e as ações passam a ser cada vez mais naturalizadas. A relação contrastante é sempre o caminho mais inesperado e o resultado final causará surpresa. A relação contrastante é sempre o caminho inusitado e o resultado final causará surpresa. Para finalizar, novamente as frases. Observe-as: Em ambas as frases, aplicou-se os tipos Arial e Clarendon BK BT. No primeiro exemplo, manteve-se o tamanho dos tipos e o contraste é estabelecido exclusivamente através do peso, forma e estrutura do tipo com traços grossos frente ao tipo com traços finos. No segundo exemplo, o tamanho foi alterado, o tipo com traços grossos foi aplicado na maioria das palavras da frase e apenas duas palavras receberam o tipo com traços finos. Devido a relação de peso e forma, o tipo com traços finos foi aplicado em um tamanho maior, a fim de evidenciar as palavras, reforçar o contraste e evitar o conflito. ascendentes descendentes altura das Maiúsculas altura x linha de base haste ou fuste arco cauda pernatravessãobraço enlace volta orelha rebarbaterminal bojo, barriga ou pança olhoolho eixo, ênfase Anatomia dos tipos Para dar continuidade aos estudos sobre tipografia, iremos conhecer a anatomia dos tipos, ou seja, vamos analisar como eles estão estruturados. O entendimento desta estrutura e quais as nomenclaturas que recebem cada parte, facilitará a compreensão das classificações e aplicações dos tipos. Não se preocupe em decorar o nome de cada parte, o que realmente importa neste momento, é que você conscientize-se de que um tipo não é uma estrutura simples, mas é uma estrutura formada por partes diferentes e que influenciam a estética de uma composição gráfica. Categoria de tipos Por conta da enorme oferta (gratuita e paga) de tipos, existe a necessidade de organizá-los em categorias. Ao longo da história da tipografia encontraremos diferentes classificações. Entretanto, por uma questão didática, iremos classificá-los em seis famílias distintas, conforme apontado pelo autor Robin Williams, no livro Design para quem não é designer. 1 - Estilo antigo Os tipos desta família foram criados “inspirados” na escrita à mão dos escribas que usavam penas para escrever. Este conjunto de fontes é altamente indicado para projetos gráficos onde haverá textos extensose corridos. serifa transição moderada entre traços finos e grossos serifas das letras em caixa-baixa (minúsculas) são inclinadas ênfase na diagonal Características 2 - Moderno Os avanços na produção de papel e nas técnicas de impressão permitiram o surgimento de uma nova família de tipos, que se distanciou do estilos à mão e se aproximou de uma estética mais mecânica. Esta família possui aspecto visual frio e moderno. Não são indicados para textos extensos e corridos, pois criam efeito de ofuscamento por causa dos traços finos e grossos. Entretanto, podem ser aplicados a títulos, subtítulos, frases curtas e palavras de chamamento/anúncio. Características transição acentuada entre traços finos e grossos serifas das letras são horizontais e finas ênfase na vertical Exemplos de tipos/fontes: Times, Palatino, Bookman, Garamond, Baskerville, etc. Exemplos de tipos/fontes: Bodoni,Madrone, Nofret, Fenice, Walbaum Roman, etc. 3 - Serifa Grossa Com o surgimento da Propaganda durante a Revolução Industrial, surgiu também uma outra categoria de tipos, chamados Serifa Grossa. Esta família tem como característica principal, letras grossas com pouca ou nenhuma transição entre os traços finos e grossos. Os traços grossos das letras, proporciona peso para a composição gráfica e quando usada em textos longos acaba deixando a página mais escura. Apesar disso, esta família é indicada para textos extensos e corridos, pois possuem uma alta legibilidade (é muito comum encontrar estes tipos em livros infantis). Características Pouca ou nenhuma transição de traços serifas das letras em caixa-baixa (minúsculas) são horizontais e grossas ênfase na vertical 4 - Sem Serifa Como o próprio nome diz, eles não possuem serifa no final dos traços. A eliminação das serifas se deu juntamente com o desenvolvimento da tipografia e começou ser aplicada no inicio do século 20. Nenhuma transição de traços Não há ênfase, pois não há transição de traços (finos e grossos) Não há serifas Características Exemplos de tipos/fontes: Gill Sans MT, Helvetica, Avant Garde, Antique Olive, Franklin Gothic Book, etc. Exemplos de tipos/fontes: Claredon BT, Aachen Bold, American Typewriter, Memphis New Century Schoolbook, etc 5 – Manuscrito A variedade de tipos Manuscritos é muito grande, porém todos eles possuem como característica comum, a aparência de terem sidos escritos a mão. Esta família de tipos não deve ser empregada em textos extensos e corridos, deve ser utilizada em poucas quantidades de textos e em ações pontuais. Também deve se evitar usar vários tipos desta categoria em um mesmo projeto gráfico, pois eles podem dificultar a leitura, tornando-a cansativa. Quando usados em dimensões maiores podem assumir papel de elemento gráfico desenhado para o projeto. Exemplos de tipos/fontes: Freestyle Script, French Script MT, Giddyup STD, Kaufmann BT, Lewis Hand, etc 6 – Decorativo É a família mais fácil de ser reconhecida, geralmente os tipos são temáticos e usados para trazer uma atmosfera decorativa ao texto. Não são indicados para textos extensos e corridos, mas são amplamente indicados para situações pontuais, a fim de se estabelecer um “gracejo”, um charme ao projeto gráfico, obviamente quando o projeto permitir isso. Exemplos de tipos/fontes: Flores, JUstAnotherFont,Kings of Pacifica, Harlow Solid Italic, etc. Agora que conhecemos a anatomia dos tipos e suas classificações em famílias, voltaremos a pensar um pouco sobre como aplicá-los. Basicamente, existem seis recursos que podem ser usados isoladamente ou em conjunto pra criar contraste entre tipos. Estes recursos são: - Tamanho, Peso, Estrutura, Forma, Direção e Cor. A seguir, veremos alguns exemplos. Duas peças de Lego de oito pinos podem ser combinadas de 24 maneiras. Três peças de Lego de oito pinos podem ser combinadas de 1060 maneiras. Seis peças de Lego de oito pinos podem ser combinadas de 102981500 maneiras. Com oito peças, as possibilidades são virtualmente infinitas. The Ultimate LEGO Book Duas peças de Lego de oito pinos podem ser combinadas de 24 maneiras. Três peças de Lego de oito pinos podem ser combinadas de 1060 maneiras. Seis peças de Lego de oito pinos podem ser combinadas de 102981500 maneiras. Com oito peças, as possibilidades são virtualmente infinitas. The Ultimate LEGO Book Tamanho Dica: Evidencie os tamanhos! eles precisam ser visivelmente percebidos/sentidos. Peso Contraponha pesos mais fortes e pesos suaves, evite pesos intermediários.Dica: Forma Caixa alta (maiúsculas) x Caixa Baixa (minúsculas), Roman x Itálico/Manuscrito são maneiras de se criar contraste através da forma. Dica: Contrapor Estrutura Veja como estão construídas as transições fino/grosso nos traços das letras e utilize estruturas diferentes para criar contrastes. Dica: Direção LE G O Dicas: O texto pode ser organizado em diferentes direções: horizontal, vertical e inclinadas. A escolha destas direções levarão em conta a quantidade de texto, o formato do material (poster, slide, livro entre outros) e o espaço para esse acontecimento Combinar direções diferentes pode tornar seu projeto gráfico mais dinâmico e atraente. A direção vertical cria uma situação inusitada para o texto, mas deve ser usada com cuidado, pois a leitura neste sentido é mais difícil. A direção inclinada também deve ser evitada, a menos que seu projeto lhe de suporte para justificá-la. Inclinações geralmente remetem à energias positivas (inclinação para cima) e negativas (inclinação para baixo), por exemplo, um anúncio de um produto/vagas poderia ser feito com uma inclinação para cima indicando, movimento, expansão, lançamento, chamamento, etc. “ ”. LE G O energia positiva energia negativa LEGO Duas peças de Lego de oito pinos podem ser combinadas de 24 maneiras. Três peças de Lego de oito pinos podem ser combinadas de 1060 maneiras. Seis peças de Lego de oito pinos podem ser combinadas de 102981500 maneiras. Com oito peças, as possibilidades são virtualmente infinitas. The Ultimate LEGO Book LEGO Duas peças de Lego de oito pinos podem ser combinadas de 24 maneiras. Três peças de Lego de oito pinos podem ser combinadas de 1060 maneiras. Seis peças de Lego de oito pinos podem ser combinadas de 102981500 maneiras. Com oito peças, as possibilidades são virtualmente infinitas. The Ultimate LEGO Book Cores Considerando como base a Unidade 2 sobre cores, para estabelecer contraste marcantes aplique as relações entre cores quentes/frias (cores complementares), fique atento as dimensões e proporções dos tipos ao distribuir as cores e não se esqueça de respeitar as características de fundos claro, escuro e colorido. X Jogo Rápido - Tipografia - Relações: Evite sempre os Conflitos, estabeleça Contrastes e use a Concordância se não houver outra opção/tempo. - Conhecer as categorias de tipos (e suas características gerais) facilita na hora de selecionar os tipos e criar os contrastes. Você não precisa saber os nomes, basta apenas saber onde procurá-los. - Recursos para contrastes: Assim como acontece com os princípios da Diagramação, na vida real, os recursos se sobrepõe e co-existem. As características dos tipos selecionados para um projeto gráfico irão revelar quais recursos você poderá aplicar. Em outros casos, faça experimentações no conjunto de fontes selecionadas, lembre-se que visualizar a ação é sempre mais certeiro do que apenas imaginá-la. - Tire partido estético das famílias de tipos, Decorativa e Manuscrita, dependendo do projeto gráfico a ser desenvolvido, elas podem ser inseridas não apenas como texto, mas como um elemento gráfico. - Assim como acontece com a seleção de cores, ao iniciar um projeto tenha sempre em mente o que você quer criar com seus tipos.Não é necessário saber e definir nomes, apenas tenha em mente os efeitos e sensações que você quer estabelecer. Se no decorrer do trabalho, este grupo de tipos atrapalhar ao invés de ajudar, desapegue-se e troque-os!Página 1 Página 2 Página 3 Página 4 Página 5 Página 6 Página 7 Página 8 Página 9 Página 10 Página 11 Página 12
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