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MÉTODOS DE INTERVENÇÃO EM SAÚDE MENTAL PROFESSORA: PATRICIA SCHEEREN TURMA: 2020/I PSICOTERAPIAS NA ATUALIDADE Este arquivo consiste em um compilado dos trabalhos apresentados pela turma do curso de Psicologia 2020/I referente ao trabalho de psicoterapias na atualidade. Terapia de Aceitação e Compromisso Autores: Daiane Andrade, Eduardo Rocha, Maristela Machado, Mônica Pereira, Sabrina Freuz e Volnei Júnior A terapia de aceitação e compromisso (ACT) é uma terapia comportamental. É proveniente dos princípios básicos das teorias de aprendizagem conforme (Hayes, Villatte, levin, & Hildebrandt, 2011). A ACT é o desenvolvimento de uma abordagem que ressalta a relação do indivíduo com eventos psicológicos, e não dos eventos em si (Hayes, 2008). Sobre a história da ACT, Zettle (2005) nos traz a informação de que pode ser dividida em três períodos. O primeiro ocorrido entre as décadas de 70 e 80 do século passado, a ACT foi chamada de Distanciamento Compreensivo, apontando um crescimento na elaboração da Terapia Cognitiva. Seu aditamento foi motivado pela “sensação de que o comportamento verbal e a linguagem desempenhavam a iniciação, constância e tratamento do comportamento anormal” (Zettle, 2005, p 78). Era essencial para uma clínica comportamental mais efetiva, levando a aplicação dos princípios do comportamento verbal e outras abordagens clínicas. O segundo período da ACT ocorreu entre 1985 e 1999, quando foi desenvolvida a Teoria dos Quadros Relacionais (TQR, Hayes, Barnes – Holmes, & Roche, 2001). A TQR aumentou as concepções de Skinner sobre comportamento verbal, seguimento de regras e fundamentando o modelo das intervenções da ACT. Foi nesse período a alteração do nome Distanciamento Compreensivo para Teoria de Aceitação e Compromisso. Essa modificação no nome visou diferenciar a ACT do Cognitivismo. O termo distanciamento foi emprestado da Teoria de “Aaron Beck” e da conotação dissociativa do seu nome original. O terceiro e último período atinge o ano de 2000 até a atualidade, nesse momento há a disseminação pela publicação do livro Terapia de Aceitação e Compromisso: Uma abordagem Experiencial a Mudança Comportamento (Hayes, Strosahl, & Wilson, 1999). A partir desse marco a ACT tem sido investigada e reconhecida como uma abordagem contextualista baseada na TQR. Conforme Hayes, Pistorello, & Levin (2012) até o ano de 2012 pode se contar com mais 60 livros científicos sobre ACT, publicados em mais de 10 línguas e pelo menos 63 estudos clínicos eventuais abrangendo temas diversos, como ansiedade, administração da diabetes, preconceito, enfretamento do câncer, transtorno borderline e desempenho esportivo. Pragmátismo: “A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida” (John Dewey). Contextualismo Funcional: Prediz e influencia eventos, utilizando conceitos empíricos e regras. Comportamentalismo Radical: O comportamento verbal é um comportamento operante, agindo sobre o ambiente e sofrendo as consequências da alteração que provoca nele (Skinner, 1957/1992) Teoria dos Marcos relacionais: É uma teoria da linguagem e da comunicação, introduzindo o conceito de Resposta Relacional. (Hayes) Estabelecimento de um estado de Desesperança criativa: É fazer o cliente ver que o que ele está fazendo para solucionar o se problema não funcionou ou não está funcionando, para sair daquela situação. O controle é o problema, não a solução: Consiste em mostrar ao cliente que seus intentos para solucionar ou eliminar algo não são a solução e sim são parte do problema. Reduzir a fusão com a linguagem: Implicar em romper a relação entre comportamento e pensamento, se distanciando da linguagem tomada como literal. Diferenciar o eu do conteúdo (comportamento) do eu como contexto (a pessoa): Consiste em criar um sentido transcendente da pessoa em que ela se vê, no contexto ou local no qual se dão diferentes comportamentos por ela aplicado. Esclarecimento dos valores do cliente: Consiste em mostrar o que é importante na vida de uma pessoa. Enquanto se alinha seus valores e atos. Desenvolver a vontade de compromisso: Fazer com que a pessoa tenha responsabilidade sobre seus atos e sua vida, enquanto está em processo de aceite daquilo que não se pode mudar. Técnicas relacionadas a reformulação de falas e pensamentos tem sido constantemente usadas nessa terapia. A terapia de aceitação e compromisso recebe esse nome porque é focada em 3 áreas: 1. Aceitação da realidade e das reações emocionais e comportamentais 2. Escolha de uma direção de acordo com os valores do indivíduo 3. Comprometimento com a mudança desejada Fatores que levam ao sofrimento de acordo com a ACT Fusão cognitiva: A fusão cognitiva pode ser definida como um estado no qual a pessoa está fundida com seus pensamentos e sentimentos. A pessoa passa a interpretar o que sente e pensa como o que está acontecendo de fato, ao invés de se atentar à realidade. É como se a pessoa vivesse no que está se passando em sua cabeça e não no mundo real. Embora seja um fenômeno natural da nossa psique, a fusão cognitiva pode ser bastante prejudicial quando há distorções cognitivas. Essas distorções fazem com que os pensamentos e sentimentos do indivíduo não sejam muito precisos em relação à realidade, resultando em interpretações errôneas acerca dos acontecimentos. Portanto, “viver” nossos pensamentos e sentimentos às vezes pode atrapalhar mais do que ajudar. Esquiva experiencial: Também chamada de evitação experiencial, a esquiva experiencial é a tendência que as pessoas têm de evitar situações que acreditam que podem lhe causar desconforto psicológico. Esse desconforto psicológico aparece na forma de pensamentos negativos e autodepreciativos. Por exemplo, uma pessoa pode deixar de ir na academia, uma atividade importante e frequentemente positiva, por achar que será julgada pelo seu jeito de fazer exercícios ou pelo seu condicionamento físico no momento. A fim de evitar esses pensamentos, a pessoa não vai na academia e deixa de fazer exercícios. Conceito rígido de si mesmo: As pessoas tendem a ver umas às outras como estáveis, constantes ou até mesmo rígidas. Usam adjetivos para descrever a si mesmas como se fossem apenas aquilo em todos os momentos da vida. São usados rótulos como “agradável” ou “fracassado” para definir uma pessoa, e isso pode ter um peso bem grande na saúde mental. Falta ou confusão em relação aos valores: Valores são como uma bússola interna que dão sentido e direção à nossa vida. Eles ajudam na hora de tomar decisões e agir perante as situações. Esses valores estão diretamente relacionados com aquilo que valorizamos na vida. Por exemplo, se uma pessoa valoriza a natureza, ela tentará levar uma vida com o mínimo impacto ambiental possível. Podemos ter valores em diversos aspectos da nossa vida. Valores acerca de relacionamentos, da nossa vida social, do trabalho, saúde, entre outros. Contudo, quando uma pessoa entra em um estado de fusão cognitiva frequente, é fácil acabar se esquecendo de seus valores e tomar decisões incompatíveis com aquilo que acredita. A seguir são apresentados alguns conceitos que guiam os trabalhos na ACT. Nem todos tem um fim em si, mas interagem entre si para conseguir alcançar o objetivo geral da terapia, que é a flexibilidade psicológica. Aceitação: Muitas coisas que acontecem conosco são desagradáveis e, por isso, não queremos aceitá-las. Contudo, isso pode acabar piorando ainda mais a situação. É o caso da pessoa em uma crise de ansiedade que, sem aceitar a ansiedade, acaba ficando ainda mais ansiosa. A aceitação consisteem um envolvimento consciente nesses eventos desagradáveis. No caso da pessoa em crise de ansiedade, é melhor sentir a ansiedade de uma vez do que tentar se defender e falhar, gerando mais ansiedade ainda. O mesmo vale para qualquer sentimento negativo: lutar contra eles muitas vezes não melhora a situação. Pelo contrário, pode até piorar. Aceitar o que está sentindo e se deixar sentir é a chave para que o sentimento seja resolvido. Defusão cognitiva: A defusão cognitiva nada mais é do que o processo contrário à fusão cognitiva. Busca-se mudar a maneira que se interage com os pensamentos, sentimentos e percepções, não mais vivenciando eles como realidade, mas como simples percepções que podem estar erradas. Ao ter um pensamento negativo, por exemplo, a pessoa pode aceitá-lo como uma realidade ou perceber que se trata apenas de um pensamento e não um fato consumado. Para isso, há uma variedade de técnicas que o terapeuta pode ensinar ao paciente durante o curso da terapia. Uma das técnicas envolve narrar o processo do pensamento. Ao invés de aceitar o pensamento “eu sou um fracassado” como uma verdade, narrar o processo como “estou pensando que sou um fracassado” ajuda a perceber que se trata apenas de um pensamento, que pode estar errado, e não uma representação fiel da realidade. Contato com o presente: O contato com o momento presente é de extrema importância para lidar com certos problemas. Por isso, ele também é um dos pilares da ACT. Ao estar em contato com o presente, a pessoa é capaz de pensar com clareza a respeito das coisas que acontecem, identificando seus pensamentos e interpretações como eventos psicológicos subjetivos e não como parte da realidade. Além disso, é no contato com o presente que é possível a mudança de comportamento para que suas ações sejam mais consistentes com seus valores. Eu como contexto: Como dito anteriormente, frequentemente existe um apego a um conceito rígido de si mesmo quando, na realidade, seres humanos são sempre diferentes em diversos contextos. Ninguém age da mesma forma o tempo inteiro. Nossas emoções afetam nosso comportamento, os eventos externos afetam nosso comportamento… Por mais que tenhamos valores que tentamos seguir, não vamos agir sempre do mesmo jeito. Tudo depende de um contexto — até mesmo o “eu”, a maneira que usamos para nos definir, depende do contexto. Quem eu sou depende do que aconteceu e do que está acontecendo comigo. É importante ter essa noção porque a concepção de um eu cristalizado pode causar muito sofrimento, especialmente no que tange nossos erros e defeitos. Admitir que por vezes agimos com agressividade não quer dizer que somos pessoas agressivas 100% do tempo. Contudo, as pessoas que estiveram presente no momento podem achar que sim, e isso pesa na consciência. Ainda assim, a realidade é outra: agimos com agressividade, mas não somos pessoas agressivas. Somos apenas pessoas agindo de acordo com o contexto e não tem nada de errado nisso. Entender que nossas ações e até mesmo identidade depende de um contexto torna a aceitação da realidade muito mais fácil. Compromisso: Por fim, um dos conceitos mais importantes é a disposição ao compromisso. Apenas quando o indivíduo se compromete com a terapia e com a mudança de comportamento para comportamentos mais adequados é que a terapia poderá ter algum efeito. O paciente se compromete com as mudanças desejadas a partir da aceitação e dos valores já trabalhados em terapia. Indicações ACT é a terapia baseada na aceitação foi originalmente indicada por Hayes (1987) para transtornos de ansiedade e de humor, que Normalmente envolvem emoções e pensamentos desagradáveis. São indicados também para Transtorno Borderline, Dor crônica, Esquizofrenia. O objetivo do ACT é estar presente com o que a vida nos traz e nos levar em direção ao comportamento valorizado. Evitando que deixamos de fazer coisas que são importantes para nós, na tentativa de evitar sentimento, experiências que não queremos sentir. Mostrando ao paciente que podemos não nos livrar dos medos, mas podemos aprender a conviver bem com eles. Empregada em diversos contextos psicopatológicos, a ACT tem passado uma perspectiva positiva no tratamento contra ansiedade, distúrbio alimentares, dependências e depressão. ACT é subjetiva, portanto, não possui etapas pré-estabelecidas. No primeiro momento é feito uma avaliação e coleta de dados a fim de entender o caso, depois, a familiarização do indivíduo em relação á abordagem escolhida, consolidando os ganhos e fim da terapia. A duração vai depender do contexto em que ela vai estar inserida (escolas, atendimentos públicos ou privados, Hospitais públicos entre outros). Ela demora o tempo necessário para desenvolver a flexibilidade psicológica do indivíduo. Ao término da terapia a pessoa será capaz de praticar o que foi aprendido e continuar como seu próprio terapeuta. Estudos Sobre a Eficácia da ACT “Dois recentes artigos (Hayes, Masuda et al., 2004; Hayes et al., 2006) confirmam a diminuição dos sintomas em pacientes como depressão, suicidalidade, auto- ferimento, abuso de substâncias, dor crônica, ansiedade, psicose, fumo, preconceito, estresse laboral, síndrome de Burnout, diabetes, adaptação ao câncer, transtorno obsessivo-compulsivo, tricotilomania, adaptação à epilepsia e auto-estigma, dentre outros.’’ Segundo, Hayes, Bergan e Romano (1998) impacto da terapia em um grupo de clínicos em uma grande organização de saúde onde trabalhavam. Este estudo se baseou em novos pacientes que chegavam até o local onde os clínicos locais atendem os mesmos independente de seu diagnóstico, eles chegavam e eram avaliados no inicio e após cinco meses de atendimento para a veracidade do estudo. Após duas oficinas sobre a terapia ACT ministradas e quatro horas mensais de supervisão, os pacientes foram novamente avaliados e resultou em uma melhora significativa, contando com menos prescrição de medicamentos. Sendo assim este treinamento obteve clínicos mais efetivos, conforme resultados em pacientes. Neste teste alguns estudantes aplicaram terapias cognitivas convencionais também, e observaram que no pós-tratamento, a ACT se sobressaiu, pois teve um aumento significativo de confiança e auto aceitação em comparação as TCC. Psicose: Usando as intervenções da ACT, temos uma melhora visível nos sintomas de pacientes psicóticos. Bach e Hayes (2002) concluem que esta teoria comparada a outras, usando intervenções de três horas da terapia psicóticas, reduzirem a até em 50% das chances deles serem hospitalizados até quatro meses após o término do tratamento. Dor: Também é destacadas em resultados com pacientes com dores, segundo Dahl, Wilson, e Nilsson (2004), a terapia por um período de quarto horas diminuiu 91% as dores por um período de 6 meses. Essas dores que por vezes causam afastamento do trabalho. Esse teste foi feito com pacientes de dor crônica e propensos a deficiência permanente. Referências: https://www.psychologytoday.com/intl/blog/two-takes-depression/201102/introduction- acceptance-and-commitment-therapy http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517- 55452008000100008 https://contextualscience.org/act http://institutodepsiquiatriapr.com.br/terapia-de-aceitacao-e-compromisso-act-o-que-e- e-como-funciona/ https://www.google.com/search?q=terapia+de+aceita%C3%A7%C3%A3o+e+comprom isso&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjzq8iE4LPoAhWbHrkGHVezAG sQ_AUoAnoECA4QBA&biw=1600&bih=757#imgrc=xCIUWck02hTCWM https://amenteemaravilhosa.com.br/terapia-de-aceitacao-e-compromisso/ HAYES, Steven C.; PISTORELLO, Jacqueline e BIGLAN, Anthony.Terapia de Aceitação e Compromisso: modelo, dados e extensão para a prevenção do suicídio. Rev. bras. ter. comport. cogn. [online]. 2008, vol.10, n.1,pp. 81-104. ISSN 1517-5545. Eye Movement Desensitization and Reprocessing (EMDR) Autores: Bibianna Dutra, Fernanda Rauber, Ketlyn Kunze, Luiza Juszkevicz, Queila e Yasmin Cardoso Introdução Eye Movement Desensitization and Reprocessing (EMDR) foi criado por Francine Shapiro em 1989 nos Estados Unidos, é uma psicoterapia que por ser descrita como um procedimento e um protocolo estandardizado que inclui uma estimulação sensorial bilateral como o movimento dos olhos com o objetivo de trabalhar e reprocessar memórias traumáticas ou outros eventos de vida adversos (EMDR Europe Association, 2017). Essa terapia é um tratamento com oito fase agrupadas em três dimensões. Inicia- se uma avaliação clínica e compreensiva da imagem trazida pelo paciente, preparação do paciente para a intervenção e em seguida o processamento de: a) eventos passados que fundaram a patologia; b) situações perturbadoras atuais; c) desafios para o futuro. Fundamentos teóricos O EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing) é uma abordagem desenvolvida na década de 80 pela pesquisadora norte-americana Francine Shapiro acidentalmente (Shapiro, 1989). Como Shapiro conta (2001), ela estava numa caminhada na Califórnia, quando percebeu que os pensamentos perturbadores que tinha no momento começaram a desaparecer. Quando novamente, voltou a pensar neles, notou que esses pensamentos já não a incomodavam como antes de iniciar a atividade. Também percebeu que, quando um pensamento perturbador vinha à sua mente, seus olhos começavam a se mexer rapidamente de um lado para o outro. Entre os anos 1987 e 1988, Shapiro operou um estudo comparando dois grupos: um que era aplicado o EMDR e outro grupo placebo, totalizando 22 pacientes apresentando sintomas de Perturbação Pós-Stress Traumático (PPST) e sofrendo de memórias traumáticas. Os resultados da aplicação foram significativos, com todos os pacientes do grupo EMDR apresentando melhoras consideráveis que se mantiveram após 90 dias da aplicação (Shapiro, 2014). Principais conceitos A participação em formação em EMDR é limitada a profissional licenciados na área de saúde mental psicológica clínicos e psiquiatras, cujas qualificações são conhecidas no país que residem. Quem passou por problemas psicológicos como: tristezas, flashbacks ou problemas do sono a EMDR é uma terapia muito eficaz. Geralmente sua indicação se dá a pacientes que presenciaram traumas como: um crime violento, ou ataque por um cachorro feroz ou teve que lidar com abuso sexual e violência doméstica, essas experiências traumáticas estão armazenadas no cérebro junto com muitas emoções. Portanto, uma vez que essa memória esteja guardada a longo prazo ela pode incomodar por muito tempo, a memória perturbadora fica voltando involuntariamente trazendo sentimento de impotência ou te faz acreditar que você não tem valor. A terapia EMDR pode-lhe ajudar a se livrar dessas queixas e sentimento dolorosos, como a orientação do terapeuta você irá ativar as lembranças dessas experiências perturbadoras. Feito isso o terapeuta vai lhe pedir para pensar nesses eventos horríveis, então o profissional move seus dedos na frente dos seus olhos rapidamente de um lado para o outro e pede que você acompanhe seus dedos ou mais rápido que puder, mantendo a lembrança traumática na sua mente e acompanhando os dedos do terapeuta ao mesmo tempo. A memória operacional começa a processar muitas informações tanto de informações que a imagem fica borrada e perde a sua carga emocional. Quando a carga emocional diminui também fica mais fácil pensar de forma diferente a respeito da experiência, gerando uma ressignificação da mesma em sua memória. Principais técnicas O método permite a dessensibilização e o reprocessamento de experiências através da estimulação dos dois hemisférios do cérebro. Normalmente é utilizado para reduzir sintomas de ansiedade, manifestações depressivas e para melhorar, de forma global, a saúde mental do paciente. Trata-se de um método especialmente eficiente em questões relacionadas a eventos traumáticos. Este tipo de terapia utiliza a estimulação sensorial (auditiva, ocular e/ou tátil) para ativar mecanismos de cura. (Associação EMDR Portugal, 2016a). Indicações A Técnica de EMDR pode ser indicada no tratamento de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Apesar de poucos estudos sobre as evidências da EMDR em outras patologias, o mesmo se mostrou eficaz e traz resultados esperados como em outros tipos de terapias (Brunnet, Silva, Soares, Guimarães & Pizzinato, 2014, pág.120). Pode ser aplicada em pessoas com diferentes tipos de eventos traumáticos, mas para isso será avaliada a resistência e disposição da pessoa para passar pela técnica, essa avaliação está dentro de uma das fases do protocolo (Brunnet, Silva, Soares, Guimarães & Pizzinato, 2014, pág.123). A aplicação deve ser feita através de um protocolo de 8 fases e a duração das sessões varia de acordo com a necessidade de cada caso. No Brasil a técnica ainda é pouco difundida (Brunnet, Silva, Soares, Guimarães & Pizzinato, 2014, pág.128). É de extrema importância o levantamento de mais pesquisas e estudos, para identificar se a mesma poderá ajudar no tratamento de mais tipos de transtornos, pois hoje ainda não temos evidências suficientes. Evidências de eficácia O método iniciou-se com o tratamento para TEPT, no qual mostrou-se extremamente eficaz. Em artigos que foram feitos comparativos do método de EMDR com outras técnicas, a grande maioria apresentou significantes diferenças, entre os pacientes que estavam sendo aplicado o protocolo de EMDR com as demais técnica. Houve uma grande expansão do método, que foi citada por Clara Soares, 2015, psicóloga clínica, certificada em EMDR, no artigo “EMDR como ferramenta de ação no tratamento do Burnout”, no qual ela diz que hoje é um método cientificamente reconhecido no tratamento o TEPT, mas também para ansiedade e fobias, e é recomendado como tratamento eficaz por entidades como a Associação Americana de Psiquiatria (2004), o Departamento da Defesa Americano (2010), a Sociedade Internacional para o Estudo do Stresse Traumático (2009) e a OMS (2013). A eficácia do tratamento pode ser descrita como um resultado que traz a diminuição do impacto das emoções e memórias perturbadoras do paciente, através da indução do estado de relaxamento e diminuição da resposta de excitação fisiológica, gerada pelo trauma em questão. Capacitando assim uma ressignificação destas emoções, vistas como ruins, através de uma nova aprendizagem sobre essas. De todas as pesquisas que realizamos é possível afirmar que há uma melhora nos pacientes expostos a esta técnica e mais de 60% dos pacientes que concluem o tratamento não preenchem mais os critérios do transtorno do qual estava tratando. Informações sobre a formação em EMDR Apenas profissionais formados em psicoterapia tem acesso a essa a essa formação. O treinamento em EMDR é subdividido em três módulos, sendo eles: • Nível 1: Introdutório, composto por 20 horas, que são divididas entre apresentação da teoria, protocolos clássicos e específicos, assim como a prática dos papéis de terapeuta e paciente. • Nível Intermediário, composto por 16 horas, que incluem um aprofundamento de técnicas de manejo da terapia EMDR, técnicas específicas para administrar bloqueios de reprocessamento, protocolos adicionais, 5 horas de supervisão de casos e prática como terapeuta e cliente. • Nível 2: Avançado, apresentação de teoria dissociativo, manejo da dissociação, protocolos adicionais, subdividido também em 16 horas de teoria e prática e 5 horas de supervisão de casos. Os participantes devem chegar ao último módulo com um total mínimo de 50 horas de prática de EMDR já realizados, imprescindivelmente. Sugere-se também que os candidatosse submetam a 5 horas de terapia como pacientes com um terapeuta certificado antes de começar o curso ou no seu decorrer. Esse custo não está incluído no investimento da formação. Após finalizar satisfatoriamente os três módulos, reconhece-se a conclusão e é concedido o certificado por treinadores credenciados pelo EMDR Institute (52 horas), título que vem dos EUA com o selo de reconhecimento da Dra. Shapiro. Também receberá a certificação do EMDR Ibero-América (EMDRIBA) no término do treinamento básico (52 horas), o certificado da AIBAPT – Associación Ibero-americana de PsicoTrauma, sediada em Barcelona, assim como o certificado do EMDR Treinamento e Consultoria que reconhece o trabalho clínico de 50 atendimentos exigidos para habilitar o profissional. O custo, médio, para a formação em EMDR é varia de 5.100,00 a 5.400,00, mas em nossas pesquisas não ficou claro se este valor é para todos os módulos ou individual. A maior parte destas informações foram retiradas do site TraumaClinic (https://traumaclinic.com.br/emdr), que tem como proprietária a diretora da associação de EMDR do Brasil, situada em Brasília, sendo mantido a descrição como estavam no mesmo, para que não houvesse informações equivocadas. Referências Breve História do Movimento EMDR (Disponível em https://emdrbrasil.com.br/histoacuteria-do-emdr.html) Brunnet, A. E., Silva, T. L., Soares, T., Guimarães, E. R. & & Pizzinato, A. (2014) Dessensibilização e reprocessamento por movimentos oculares (EMDR) para transtorno de estresse pós-traumático: uma revisão sistemática; Dias, J. C. N. C. C. (2017) O modelo terapêutico EMDR: Eye Movement Desensitization and Reprocessing- Viabilidade de aplicação no Hospital das Forças Armadas. EMDR Treinamento & Consultoria. (2017, 11,24). Como funciona o EMDR? [Arquivo de vídeo]. Recuperado de link https://youtu.be/8-DsFiYr2ac Formação em Terapia EMDR (Disponivel em https://traumaclinic.com.br/emdr) Revista Interinstitucional de Psicologia, (2014) Jan - Jun, Pág.119-131 Revista Fatores de Risco (2015) N. º37 Jul-Set, Pág. 82-87 Shapiro, F. (1989). Efficacy of the eye movement desensitization procedure in the treatment of traumatic memories. Journal of Traumatic Stress Studies; Shapiro, F. (2001). EMDR: Dessensibilização e Reprocessamento Através de Movimentos Oculares. Brasília: Nova Temática; Shapiro, F. (2002). EMDR 12 years after its introduction: past and future research. Journal of clinical psychology; Terapia Cognitivo Comportamenal Autores: Pietra Frohlich, Bruno Marcelo Almeida Muller, Francine Arruda da Luz, Franciele Corrêa Martins e Erick Douglas Cardozo Carvalho Fundamentos Dentro da psicologia, existem ainda diversas abordagens que podem solucionar transtornos psicológicos de todos os tipos. Entre suas abordagens, está a Terapia Cognitivo Comportamental ou TCC. A Terapia Cognitivo Comportamental ou TCC é uma abordagem da psicoterapia baseada na combinação de conceitos do Behaviorismo radical com teorias cognitivas. A TCC entende a forma como o ser humano interpreta os acontecimentos como aquilo que nos afeta, e não os acontecimentos em si é a forma como cada pessoa vê, sente e pensa com relação à uma situação que causa desconforto, dor, incômodo, tristeza ou qualquer outra sensação negativa. A Terapia Cognitiva começou a surgir no início dos anos 60 por Aaron Beck, Neurologista e Psiquiatra norte-americano, vindo de uma insatisfação com os modelos estritamente comportamentais, baseados em S-R. Albert Bandura e George Kelly foram os autores que participaram do movimento. Bandura por sua vez, contribuiu com a Aprendizagem por Modelo e para Kelly teve como princípio o Constructo pessoal. Beck propôs, inicialmente, um “modelo cognitivo da depressão” e que posteriormente evoluiu para a compreensão e tratamento de outros transtornos. Em um dos seus trabalhos publicados, Beck relaciona 03 domínios: • Si mesmo (autocritica) • Mundo (negatividade generalizada) • Futuro (desesperança) A TCC é usada para descrever as intervenções psicoterapêuticas, visando reduzir o sofrimento psicológico e o comportamento desajustado, alterando assim os processos cognitivos (Kaplan et al, 1995) Indicações A Terapia cognitivo comportamental é aplicada em casos de Depressão, Transtorno de Ansiedade, Transtorno de pânico e agorafobia, Fobia Social, Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Principais técnicas Durante a terapia, várias técnicas são ensinadas ao paciente para que ele possa identificar pensamentos, emoções e situações, resolver problemas, identificar pensamentos automáticos... Entre elas estão: Ø Técnicas de relaxamento: O relaxamento é um processo psicofisiológico que envolve respostas somáticas e autônomas, informes verbais de tranquilidade e bem-estar e estado da aquiescência motora. Ø Dissensibilização sistemática: A dissensibilização sistemática foi desenvolvida experimentalmente para tratar respostas de ansiedade (Wolpe, 1980) e evoluiu com grande aceitação nas décadas de 1970 e 1980. Ø Treino de assertividade: O treinamento do comportamento assertivo tem o objetivo de ensinar formas socialmente adequadas para expressão verbal e motora de emoções. Ø Parada de pensamento: A presença de pensamentos irreais ou improdutivos muitas vezes demanda comportamentos compulsivos ou de esquiva e dificulta a realização de tarefas desejáveis. Ø Autoinstrução: O treino de autoinstrução é uma versão experimental da terapia racional-emotiva de Ellis, na qual o paciente é treinado a desenvolver pensamentos adequados à situação vivenciada e realísticos quanto às possíveis consequências do comportamento emitido (Thorpe e Olson, 1977). Ø Inoculação do estresse: O estresse é uma relação entre a pessoa e o ambiente, que ela avalia como exigente ou excedente a seus recursos pessoais de enfrentamento e ameaçador de seu bem- estar (Lazarus e Folkman, 1984). Ø Treino em habilidades sociais: Habilidade social é a capacidade de emitir respostas eficazes e adequadas a situações sociais especificas. Ø Solução de problemas: A técnica de solução de problemas treina o paciente em respostas possíveis para o manejo eficaz de uma situação problemática, de forma semelhante à técnica de autoinstrução e a inoculação de estresse. Ø Exposição: A técnica de exposição a estímulos temidos foi desenvolvida por Meyer nos anos de 1960 e superou as técnicas de dessensibilização e de relaxamento para o tratamento da ansiedade fóbica e de rituais compulsivos (Salkovskis, 1999). Ø Exposição e prevenção de resposta: Exposição e prevenção de resposta inclui a técnica de exposição mais o bloqueio da resposta utilizada para remover a ansiedade (Salkovskis, 1999). Ø Exposição interoceptiva: Especialmente útil no tratamento do transtorno do pânico, a exposição interoceptiva é sustentada pelo mesmo princípio da exposição, com o objetivo de romper ou enfraquecer a associação entre indicadores fisiológicos e respostas de pânico. As técnicas utilizadas na terapia cognitivo comportamental têm especial projeção na intervenção clínica, tratando transtornos psicológicos e psiquiátricos. Evidências de eficácia Na fobia social Técnica da exposição: os pacientes que possuem a fobia social e que sentem em si fisiologicamente os impactos dos altos níveis de ansiedade e desconforto. a técnica consiste em que o paciente pense em situações que de fato teme, e que assim consiga mapeá-las junto com o seu terapeuta, lembrando que esses variam dos que menos causam e despertam o sentimento de ansiedade até os que mais a causam acompanhado de desconforto. Geralmente, as principais situações onde os pacientes que sofrem da fobia são: • falar em público • comer e beber em público • sentir desconforto ao falar com outra pessoa (Lincoln & cols., 2003;Mersch, 1995). A fase inicial da exposição consiste no acompanhamento do terapeuta com o paciente a enfrentar as situações que normalmente são as que foram citadas acima, porém podendo variar de pessoa para pessoa. Após a grande repetição das situações, ao longo do percurso, o paciente vai deixando de sentir os altos níveis de ansiedade e de desconforto que um dia sentiu, e assim seguindo o tratamento e se expondo a todos os tópicos mapeados anteriormente em suas sessões de terapia, assim reduzindo os seus sintomas. Estudos demonstraram a clara eficácia da exposição no tratamento da fobia social (Fava, Grand, Rafanelli, Conti & Belluard, 2001; Heimberg, Dodge & Hope, 1990; Lincoln & cols., 2003; Mattick, Peters & Clarke, 1989; Mattick & Peters, 1988; Mersch, 1995; Newman, Hofmann, Trabert, Roth & Taylor, 1994; Shaw, 1979) Nos pacientes com depressão: Os pacientes com depressão sejam eles com sintomas leves, médios e profundos, sofrem com alto impacto em aspectos sociais, profissionais, acadêmicos e ou outras diversas áreas de funcionamento, tendem a ter comportamento e sentimentos autodepreciativos. Normalmente são pensamentos relacionados a questão de não se verem fora das situações imaginadas, ou que nunca vão conseguir ser suficientes para ultrapassá-las “não sou bom o bastante, nunca irei conseguir”. Sempre com a perspectiva de que são inferiores. muitas vezes tendem a enxergar que a situação é muito maior do que de fato é, parte dos pacientes veem a morte como forma de escapar dessa situação, ou de não conseguir se enxergar fora. Auto imagem distorcida, falta de atenção e de vontade para realizar tarefas que antes lhes davam prazer, humor distorcido, fadiga, ganho ou perda excessiva de peso, hipersonia ou insônia são alguns dos sintomas mais apresentados. Antes de um Quadro de Depressão, os pacientes podem apresentar o que chamamos de EDM (Episódio depressivo maior), que normalmente ocorre após situações traumáticas e com peso emocional negativo, para podermos realmente diagnosticar com certeza o transtorno depressivo, ao menos cinco dos nove sintomas devem perdurar por no mínimo o período de duas semanas, sendo obrigatoriamente a presença dos sintomas de Humor deprimido e perda de interesse ou prazer. A depressão pode surgir de outras duas formas que conhecemos que são elas: distimia é de natureza crônica tem como característica os dois últimos sintomas citados mesmo que não tenha a intensidade no sintoma e a quantidade de um caso de EDM, e depressão maior Crônica. O que difere os dois casos, é como se inicia, se o EDM for intenso e de certa forma “completo” é diagnosticado como depressão maior crônica, caso o início tenha acontecido de forma mais sutil, e demorado mais do que três anos para se comparar com um EDM o paciente é diagnosticado com distimia. Modelo cognitivo A TCC é a mais desenvolvida forma de tratamento para qualquer transtorno psicológico, incluindo a depressão, independente dos estágios que ela esteja. a efetividade da teoria cognitiva comportamental é tão potente quanto o uso de medicamentos para o transtorno, sendo assim até mesmo tendo um efeito mais eficaz a longo prazo quando comparada a medicação. E como a TCC entra no tratamento de pacientes com depressão? O tratamento com a TCC auxilia os pacientes a alterarem pensamentos e comportamentos que lhes despertem estados de humor negativos a estratégia consiste em trabalhar em três fases, que são: 1- Trabalhar e entender os pensamentos automáticos e como eles estão atrelados nos esquemas depressivos; 2- Entender de que forma tem de se relacionar com outras pessoas e o mundo externo; 3- Trabalhar na mudança de comportamento e de conscientização de que episódios passados obrigatoriamente não vão se repetir por ser com o paciente, e assim ter um melhor enfrentamento da situação problema. Referências: RANGÉ, bernard. Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais: Um diálogo com a psiquiatria. Edição 2. Porto Alegre. Artmed, 2011. https://prezi.com/7vkob9khit_b/fundamentos-teoricos-da-terapia-cognitivo- comportamental/ http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462008000600004 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722006000200005 Terapia Comportamental Dialética Autores: Adriana Maciel, Andriely Garcia, Bruna Dal Bosco, Jessica Zvoboda Roesler e Tamara Nunes Desenvolvida na década de 80 pela psicóloga americana Marsha Linehan, a Terapia Comportamental Dialética (TCD), em inglês Dialectical Behavior Therapy (DBT), é um tipo de terapia cognitivo-comportamental que integra elementos das terapias psicodinâmica e Gestalt, noções budistas e estratégias baseadas em técnicas de aceitação. Foi nomeada desta forma pois a dialética é parte essencial do tratamento, onde o terapeuta aceita o paciente como ele é e busca mudanças significativas em suas formas de agir e viver. Este modelo de intervenção é principalmente direcionado para o tratamento de pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), objetivando sua regulação emocional e visando o equilíbrio entre a validação e aceitação dos pacientes como eles são, e a mudança do que se tornaram, tratando seus conflitos com exposição direta e foco no “aqui e agora”. A TCD também vem mostrando resultados positivos no tratamento de diversos outros distúrbios tais como ansiedade, transtorno bipolar, depressão e transtornos alimentares. A técnica visa reduzir comportamentos de risco à vida, à terapia e à qualidade de vida, promover habilidades e aumentar o respeito próprio, onde o terapeuta ajuda o paciente a identificar, aceitar e lidar com suas questões emocionais usando estratégias a fim de reduzir o efeito negativo do estresse promovendo a necessidade de mudança. Metas de Tratamento Partindo do princípio que o tratamento irá falhar se o paciente morrer ou não comparecer às sessões, na TCD há uma estruturação do tratamento por meio de uma hierarquia de metas, que determina a ordem de prioridade em que os problemas serão abordados em cada sessão de terapia, diferente da TCC, que utiliza protocolos de atendimento com roteiros em sequência. O paciente ainda deve concordar em permanecer em tratamento pelo período mínimo de um ano, onde irá participar de terapia individual, grupo de treinamento de habilidades e consultoria telefônica em momentos de crise. Primeiro são abordados comportamentos do paciente que oferecem risco à sua vida, tais como autolesões suicidas ou parassuicidas, comunicações de natureza suicida e outros comportamentos com a finalidade de causar danos físicos a si mesmo. Em segundo lugar são abordados comportamentos que interferem na terapia de forma efetiva, como chegar atrasado às sessões agendadas, cancelar compromissos ou não colaborar com o objetivo do tratamento. Em terceiro são abordados os comportamentos que prejudicam ou interferem em uma qualidade de vida razoável, como sintomas psiquiátricos, problemas de relacionamento e desorganização financeira. E por último a aquisição de habilidades para o aprendizado de novos comportamentos, substituindo ações que os prejudicam por comportamentos eficazes para atingir seus objetivos. Terapias Individuais As estratégias de tratamento incluem os princípios, procedimentos e técnicas da Terapia Individual, agrupados em quatro categorias principais: dialética, estratégias estilísticas, estratégias nucleares e manejo de caso. As estratégias dialéticas são a base do tratamento pois buscam o equilíbrio das tensões entre aceitação e mudança. Se o tratamento fosse focado somente na mudança, isso iria trazer total desconforto ao paciente, gerando constantemente a sensação de invalidação do mesmo, como impressão de que seu comportamento está sempre errado, nada do que ele faz está certo, não há conserto para ele. Ao mesmo tempo, focarsomente na aceitação também iria gerar o mesmo desconforto, pois o paciente não suporta mais a vida como ela está. Contemplar aceitação e mudança ao mesmo tempo foi justamente o que deu origem à TCD. Para buscar esse equilíbrio dentro da sessão, o terapeuta alterna o tipo de comunicação (alternância estilística), utilizando dois estilos de comunicação interpessoal: comunicação irreverente e comunicação recíproca. A irreverente irá desequilibrar uma situação que parece rígida em termos de comportamento e cognição, deve ser empregada de forma sensível, não depreciativa, sem invalidar. A recíproca é o estilo empático, caloroso e responsivo ao sofrimento do paciente. As estratégias nucleares são a validação e a solução de problemas. A validação identifica e comunica ao paciente que suas sensações, emoções, pensamentos e respostas são compreensíveis e fazem sentido dentro do contexto em que se encontra. Mas, se por exemplo a automutilação ocorre, a validação tem que ocorrer sobre as sensações, emoções e o desejo intenso de modificar esse estado compreendendo a automutilação como uma estratégia de alívio, e não validando esse comportamento em si. E a solução de problemas identifica comportamentos que são desadaptativos, desenvolvendo comportamentos mais eficazes. O manejo de caso equilibra a responsabilização do paciente por desenvolver habilidades ou alcançar melhoras, onde o terapeuta é um consultor que irá auxiliar no desenvolvimento dessas habilidades de regulação emocional, relacionamento interpessoal e tolerância ao mal-estar, com estratégias voltadas sempre a modificar situações problemáticas no ambiente que o paciente se encontra. Técnicas Específicas da Dialética Segundo Cordioli (2019): 1.penetrar no paradoxo 2.uso de metáforas 3.advogado do diabo 4.expandir 5.ativar a mente sábia 6.fazer dos limões uma limonada O autor diz que um paradoxo da Terapia Comportamental Dialética é de que o paciente está fazendo o melhor que pode no seu dia-a-dia e que deve aprender fazer ainda mais, ou seja, a indecisão entre aceitação e a mudança. Um exemplo de paradoxo trazido por ele é: “Saiba quem você é e seja o que você sabe”. Nesta frase pode-se perceber que existe uma chamada para um olhar para dentro de si e, ao mesmo tempo, para a ação do que está no mundo a fora. Esse método tem como objetivo de mudar a ideia de que quando uma pessoa está certa, a outra está errada, formando espaço para que ideias diferentes possam concomitar e ser verdadeiras, mesmo que sejam diferentes. O uso de metáforas ou de histórias tem um papel relevante; elas são mais suaves do que um apontamento mais direto e geram, assim, menos tenacidade no paciente. Na técnica do advogado do diabo, o terapeuta assume por um tempo a argumentação de amparo das condutas de menor habilidade com a intenção de que o paciente tenha comportamentos comprometedores com a terapia e com a mudança. Essa técnica é indicada a pacientes que são opositores, criando a estabilidade retórica no sentido para a mudança. Expandir é o semelhante emocional da estratégia do advogado do diabo; é aplicada nos momentos em que o paciente está usando a ação de suas emoções como tentativa de controlar o ambiente ou quando ele não espera ser levado a sério. A mente sábia é ativada através de habilidades designadas a trazer equilíbrio entre a “mente racional” e a “mente emocional”. E para fazer dos limões uma limonada, quando uma situação complexa é apresentada, o terapeuta ou o treinador de habilidades usam como forma de aprendizado. Deste modo, o autor nos mostra que a análise dialética tem a finalidade de olhar para o que ocorre na vida do paciente com uma visão complementar, considerando as questões individuais, como a fragilidade emocional e os modelos de respostas desenvolvidos, para que ele aprenda atuar de forma transacional com o ambiente e o contexto no qual está inserido. Além de o paciente buscar somente as mudanças pessoais, salienta-se que o tipo de mudança também pode gerar no ambiente. Grupo de Treinamento de Habilidades Esse programa é dividido em seis módulos, cada módulo com quatro encontros, totalizando seis meses, ou seja, o paciente faz duas vezes o programa. Os módulos, em ordem, são: Mindfulness - Regulação emocional – Mindfulness - Efetividade interpessoal – Mindfulness - Tolerância ao mal-estar Os módulos de Mindfulness têm como objetivo vivenciar as emoções pra poder aceita-las e assim conseguir mudar o que é preciso. Durante essa vivência, o paciente precisa participar do momento plenamente e observar o que se passa, tanto externa quanto internamente, para compreender e poder por em palavras, descrever. Para isso é preciso que o paciente tenha uma postura sem julgamentos, plenamente atenta e que busque a eficácia, evitando possíveis discordâncias, desvios emocionais e idealizações, qualquer emoção que disperse o momento em si. As habilidades desenvolvidas em Mindfulness são: - Observar: não julgar o ambiente externo ou interno, somente olhar para a experiência presente com o objetivo de entender o que está acontendo; - Descrever: expressar o que foi observado sem julgamento; - Participar: envolver-se de maneira integral e com a mente presente; - Sem julgar: simplesmente só descrever os fatos sem julgar se é “bom” ou “ruim” ou “justo” e “injusto” evitando gerar discordância; - Com atenção: manter a mente no que está acontecendo sem se deixar desviar pelas emoções; - Efetivamente: fazer o que funciona, sem obstinação com ideais ou senso de justiça. A regulação emocional busca auxiliar os pacientes a reconhecer suas emoções, quais são, quando elas se manifestam e por que, identifica-las no momento em que acontecem, que barreiras e vulnerabilidades surgem no caminho da mudança e aumentar a frequência de emoções positivas. No módulo efetividade interpessoal as estratégias ensinadas exercitam habilidades como a de dizer “não” quando necessário e a pedir o que se precisa, de maneira efetiva. E por fim, para a habilidade de tolerar o mal-estar é preciso reconhecer como os comportamentos disfuncionais impactam negativamente e a desenvolver a tomada de decisões para que sejam sábias, construtivas e para controlar a impulsividade. Eficácia do Tratamento Costa, Lamela & Costa (2009) diz que: Apesar de inicialmente ter sido desenvolvida para subgrupos específicos de pacientes com transtorno de personalidade borderline (por exemplo, pacientes com risco acrescido de comportamentos suicidas ou dependentes de substâncias), estudos recentes demonstram a eficácia da TCD para populações diagnosticadas com transtorno de personalidade borderline comórbidas a perturbações alimentares ou com um diagnóstico único de transtorno alimentar em adultos ou adolescentes ou para outras populações sem diagnóstico no eixo II. Os autores acima citados nos mostram que no que se refere a estudos sobre a eficácia da Terapia Comportamental Dialética em um público diagnosticado com transtorno da compulsão alimentar periódica, 89% das pessoas do grupo suscetíveis às estratégias dialéticas acabaram os comportamentos de compulsão alimentar periódica até quatro semanas após o término da intervenção. A realidade é que os dados experimentais apresentados parecem demonstrar a eficácia, pelo menos a curto prazo, da Terapia Comportamental Dialética para populações bulímicas e com relatos de compulsão alimentar periódica. Assim como Cordioli (2019) em seus estudos afirma que: A DBT para adolescentes (DBT-A) foi comparada ao tratamento habitual, mas a DBT-A mostrou-se superior na redução da automutilação, da ideação suicida e dos sintomas depressivos. Logo, a DBT-A é uma intervenção mais eficaz para reduzir condutas autolesivas, ideação suicida e depressão em adolescentes com comportamento autolesivo repetitivo. Pesquisas demonstramque existem resultados teoricamente significativos em ambiente clínico quando a Terapia Comportamental Dialética é utilizada para tratar a raiva e a agressão em várias amostras. Referências Sayago, C.W. (2015). Terapia Comportamental Dialética. Programa e resumo do X Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas. Pág.2. Cordioli. A. V. & Grevet, E. H. (2019). Terapia Comportamental Dialética. Psicoterapias: Abordagens Atuais. 4ª edição. p. 215 – 220. Cavalheiro, C. V. & Melo, W. V. (2016) Relação Terapêutica com Pacientes Borderlines na Terapia Comportamental Dialética. Psicologia em Revista. V. 22, n. 3, p. 579 – 595. Costa, R. A. N., Lamela, D.J.P.V. & Costa, L.G. (2009). Teoria e eficácia da terapia comportamental dialética na bulimia nervosa e no transtorno da compulsão alimentar periódica. Universidade do Minho, Campus de Gualtar. Braga, Portugal. Terapia dos Esquemas Autores: Adilson, Ana Paula Denck, Andressa, Ione, Julya e Raquel Feix Terapia do esquema é um modelo de Psicoterapia cognitiva desenvolvida por Jeffrey E. Young, no tratamento de diversos transtornos de personalidade. Com o intuito de recuperar as limitações identificadas por ele, sistematizou a abordagem focada nos esquemas. (Cazassa, Oliveira, 2008). Para Young a terapia de esquemas representa uma evolução do modelo cognitivo para o tratamento de transtorno de personalidade, e favorecer o desenvolvimento humano, é uma teoria de trabalho simples focada nos esquemas. (Cazassa, Oliveira, 2008). Na terapia do esquema existem cinco domínios, com a intenção de identificar os esquemas iniciais desadaptativos, foi construído por ele um questionário, chamado de Young Schema Questionnaire (75 itens), o qual aproveitou-se cinco itens com maior peso de cada fator. Esse questionário tem o objetivo de mudar a forma de encarar, interpretar e reagir aos estímulos. (Cazassa, Oliveira, 2008) O questionário avalia 15 esquemas iniciais desadaptativos que são mapeados por meio do somatório do resultado de cada grupo de cinco questões, os quais configuram os domínios a seguir: (Cazassa, Oliveira, 2008) � Desconexão e rejeição Domínio ligado ao sentimento de frustração vivenciado pela pessoa com relação às expectativas de segurança, estabilidade, carinho, empatia, compartilhamento de sentimentos, aceitação e consideração. O questionário de Young avalia cinco esquemas que estariam vinculados a este grupo – privação emocional, abandono, desconfiança/abuso, isolamento social e defectividade/vergonha. � Autonomia e desempenho prejudicados Domínio que avalia sentimentos de incapacidade experimentados pelo indivíduo no que tange à possibilidade de se separar dos demais conquistando a autonomia necessária para sobreviver de forma independente e com bom desempenho (os esquemas são fracasso, dependência/incompetência, vulnerabilidade a dores e doenças, emaranhamento). � Limites prejudicados Possível de ser identificado pela deficiência nos limites internos, pela ausência de responsabilidade com os demais e ou pela dificuldade de orientação para a concretização de objetivos distantes. Caracteriza prejuízos com relação a respeitar os direitos dos outros. Os esquemas associados a este domínio são os de merecimento e autocontrole/ autodisciplina insuficientes. � Orientação para o outro Trata-se de um funcionamento que, quando presente na personalidade, ocasiona um foco excessivo para os desejos e sentimentos dos outros, em função da constante busca de obtenção de amor. Muitas vezes a pessoa suplanta suas próprias necessidades com o intuito de obter aprovação, podendo suprimir sua consciência, subjugação e auto sacrifício compõem este grupo. � Supervigilância e inibição Refere-se ao bloqueio da felicidade, auto expressão, relaxamento, relacionadas a íntimos e ao comprometimento da própria saúde em razão da ênfase excessiva na supressão dos sentimentos, dos impulsos e das escolhas pessoais espontâneas. Regras e expectativas rígidas internalizadas sobre desempenho e comportamento ético geralmente integram esse padrão de funcionamento inibição emocional e padrões inflexível são os dois esquemas que integram esse contexto. (Cazassa, Oliveira, 2008). Conceitos básicos Existem quatro conceitos básicos ao qual vamos descrever brevemente: esquemas precoces mal-adaptativos (EPM), processos de manutenção do esquema, processos de evitamento do esquema e processos de compensação do esquema. Esquemas precoces mal-adaptativos (EPM): São estáveis e duradouros, desenvolvem durante a infância e geradas através da vida do indivíduo (Young, 1990, p. 9). Podem ser caracterizadas da seguinte forma: — Originam-se muito cedo e permanecem por toda a vida, a não ser que sejam tratados; — São estruturas capazes de gerar níveis elevados de afeto destrutivo, consequências auto derrotistas, e/ou dano significativo para os outros; — São capazes de interferir de forma significativa com necessidades centrais para a auto expressão, autonomia, ligação interpessoal, validação social ou integração social; — São padrões profundamente embrenhados, centrais para o "sentido do Eu" da pessoa (idem). São difíceis de mudar de forma definitiva, a partir das técnicas utilizadas pela terapia cognitiva. Processos de manutenção do esquema: Esta manutenção, resulta ao nível cognitivo, das distorções cognitivas descritas por Beck (1976) e a nível comportamental, tem relação com a seleção mal adaptativa de um parceiro e de outras atividades auto derrotistas (Young & Lindemann, 1992). Quanto à manutenção comportamental, a escolha de parceiro funciona frequentemente, em muitos doentes com distúrbios de personalidade, como um processo de manutenção dos seus EPM. Como exemplo, refira-se o caso dos doentes com EPM de desconfiança/abuso. Não raras vezes, estas pessoas escolhem para companheiro (a) alguém que continua a abusar deles ou a traí-los, confirmando repetidamente o seu EPM. Processos de evitamento do esquema: O evitamento pode incluir evitamento cognitivo, afetivo e comportamental. Falamos de evitamento cognitivo quando o doente se recusa (conscientemente ou não) a pensar em temas relacionados com os esquemas, de evitamento emocional, quando tenta não experiência as emoções ligadas ao esquema, e de evitamento comportamental, quando evita situações nas quais seria ativado o esquema. Muitas vezes estes evitamentos ocorrem em simultâneo. Processos de compensação do esquema: Este mecanismo surgiu da observação de que certos doentes adotam estilos cognitivos ou comportamentais que parecem ser o oposto do que poderia predizer-se a partir do conhecimento dos seus EPM na terapia. Como referem Young e Lindemann, "os processos de compensação do esquema podem ser vistos como tentativas parcialmente bem-sucedidas dos doentes para desafiar os seus esquemas. Como, habitualmente, isso envolve o "falhanço" no reconhecimento da sua vulnerabilidade subjacente, deixa o paciente não preparado para a dor evocada quando a compensação falha e o esquema é ativado" (1992, p. 13). Numa entrevista dada a Falcone e Ventura, Jeffrey Young diz o seguinte ao ser questionado sobre o que o levou a desenvolver a Terapia do Esquema: “Quando decidi iniciar minha prática clínica privada, comecei usando a Terapia Cognitiva para um grupo de pacientes mais geral e mais uma vez enfrentei problemas. Não tão sérios quanto os que eu tive com a Terapia Comportamental, mas problemas sérios na medida em que pelo menos metade dos pacientes não respondia tão bem. Metade deles me dizia: ‘isso faz sentido racionalmente, mas não me afeta emocionalmente. Eram pacientes muito inteligentes, que entendiam todos os conceitos, faziam os registos de pensamentos mês após mês, todas as técnicas cognitivas que eu conhecia e, ainda assim, não melhoravam. Eles entendiamo problema, entendiam quando estavam distorcendo, mas não conseguiam mudar. Eu sabia que devia fazer mais do que a Terapia Cognitiva. Não algo ao invés dela, mas além dela. Além disso, tinham também partes da Terapia Comportamental de que eu gostava, porque eu sabia o REVISTA BRASILEIRA DE PSICOTERAPIA 2016; 18(3):17-31 Análise comparativa entre a Terapia Cognitivo-Comportamental e a Terapia do Esquema quanto era importante não somente pensar sobre os pensamentos, mas também Conseguir que as pessoas mudem seus comportamentos. Eu estava usando, na verdade, ambas as terapias, comportamental e cognitiva. Mas eu sabia que precisava de algo mais (p. 02). A tem 40 Anos procurou atendimento devido à dificuldade de estabelecer vínculo e manter relacionamentos amorosos, estava vivenciando simultaneamente duas relações afetivas e sentia-se insatisfeito com isso. Aos 8 anos foi abandonado pelo pai e deixou a família e nunca mais a procurou. O motivo foi a descoberta que A, não era seu filho de sangue, mas fruto de uma traição de sua mãe. Atualmente, vive com a mãe e transita entre dois relacionamentos primeiro com uma mulher de mesma idade que a sua, bastante afetiva e que se preocupa com ele e suas necessidades, o segundo com uma pessoa que o trai e por quem diz sentir mais atração, e até mesmo amor, o que o deixa bastante em dúvida sobre os próprios sentimentos. Ao iniciar o tratamento, A passou por uma fase de avaliação. Por meio de escalas especificas, entrevistas, automonitoramento e exercícios, seus esquemas foram identificados, ele recebeu orientação ao método de esquemas. “A apresentava esquemas de abandono e dependência/incompetência. Um dos eventos que mais ilustrava esses esquemas era um sonho recorrente que tinha e do qual acordava muito angustiado. Sonhava que seu pai estava se afogando e que, quando ia salvá-lo, recusava sua ajuda dizendo que ele não era capaz de ajudar. Esse sonho era relembrado na sessão de forma bastante emotiva Objetivo: lidar com o abandono de maneira que consiga se relacionar afetivamente. Método: neste caso necessárias ações que ajudem o paciente a sair do sofrimento devido o abandono sendo que será validado e reforçado suas capacidades como autonomia, enfraquecer os esquemas de abandono e dependência e incompetência. Também pode ocorrer a partir das vivencias praticas ou role-playing por meio de imaginação ou dialogo com aspectos emocionais da infância. Ainda o paciente pode comentar sobres suas dificuldades, ou conversas imaginarias sobre o relacionamentos com os pais. As técnicas na perspectiva experiencial diálogos imaginários, imagens mentais com os pais ou catarse emocional carta aos pais. O terapeuta por sua vez e necessário uma frontação empática ou reparação parental dentro dos limites do setting terapêutico. O terapeuta ainda deve representar um adulto saudável que busca reparar as necessidades básicas infantis do paciente. Na ruptura dos padrões seria necessário que esse paciente sair da casa da mãe, pois a mesma reforçava seu esquema de dependência/incompetência. Referências Cazassa, M. J. & Oliveira, M. S. (2008). Terapia Focada em Esquemas: Conceituação e Pesquisas. Revista de psiq. Clínica. 35(5), 187-95 Cordioli, Aristides Volpato; GREVET, Eugenio Horacio Org.). Psicoterapias: abordagens atuais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. 765 PINTO-GOUVEIA, José e RIJO, Daniel. Terapia focada nos esquemas: Questões acerca da sua validação empírica. Psicologia [online]. 2001, vol.15, n.2, pp.309-324. ISSN 0874-2049. REVISTA BRASILEIRA DE PSICOTERAPIA 2016; 18(3):17-31-Análise comparativa entre a Terapia Cognitivo-Comportamental e a Terapia do Esquema 20 e 21. Psicanálise e Terapia de Orientação Psicanalítica Autores: Gabriela dos Santos, Antonella Nunes, Sabrina Michelin, Laura Linden, Nicoli Peixoto Fundamentos teóricos Por volta de 1882 o neurologista J. Breuer apresentou a Freud o método hipnótico, usado por ele no tratamento da histeria da paciente Anna O. (nome fictício adotado para Berta Papenheim). Durante o transe hipnótico a paciente relembrava acontecimentos traumáticos do passado e experimentava o alívio do sintoma. Esse método foi denominado por Breuer de cartase (ab-reação). Mais tarde, Freud abandonou o método hipnótico ao perceber que os sintomas retornavam depois que as pacientes despertavam. Ele acreditava que a neurose tinha raízes em traumas sexuais sofridos pelas pacientes ainda na infância, por homens mais velhos (muitas vezes os próprios pais). Freud então passou a utilizar a associação livre para acessar os conteúdos mentais inconscientes. É através da associação livre -conhecida como a regra fundamental da psicanálise – que a paciente falava livremente tudo que lhe vinha à mente (sonhos, desejos, fantasias, experiências). A espontaneidade do discurso permitia que a paciente remontasse lembranças patogênicas e, até então, reprimidas, para que fossem "liberadas" as resistências que mantinham tais lembranças no inconsciente. Quando a paciente conseguia se lembrar (transferir as lembranças do inconsciente para o consciente), através da transferência estabelecida com o psicanalista, ocorria a descarga emocional na direção da superação do trauma ocorrido na infância. (CORDIOLI, 2019). Técnica Psicanalítica Associação livre. Em seu formato mais ortodoxo, o psicanalista senta-se em uma poltrona, fora do campo visual do paciente que se coloca deitado no divã. Sua principal ferramenta é a transferência, e as sessões costumam ocorrer em maior frequência do que nas terapias de orientação psicanalítica. - Terapias de Orientação Psicanalítica: nessa técnica as associações não são tão livres como na psicanálise (CORDIOLI, 2019). O terapeuta orienta a sessão de acordo com questões-chave na busca da intervenção da circunstância apresentada ou do problema delimitado. De acordo com o foco da terapia, o paciente é incentivado a explorar seus sentimentos, ideias e atitudes com relação às figuras importantes tanto no passado quanto atualmente, a fim de obter insights. Interpretações transferenciais são menos frequentes, pois são utilizadas as interpretações das defesas. São aplicadas técnicas comportamentais (reforços), além do uso de assinalamentos e esclarecimentos. Diferente da psicanálise, o paciente senta-se em uma poltrona em frente ao terapeuta e não no divã. As sessões são menos frequentes, assim como o uso da associação livre. O tratamento pode durar meses ou anos. Principais conceitos a) Independente do referencial em que o analista se baseia, os seguintes conceitos teóricos e técnicos mantêm-se constantes: - Inconsciente: processos mentais que ocorrem sem que o indivíduo se dê conta. - Associação Livre: regra fundamental da técnica psicanalítica. - Resistência: força que dificulta o acesso ao inconsciente. - Transferência: relação paciente e terapeuta. Ocorre quando o paciente projeta padrões infantis inconscientemente no analista. - Contratransferência: emoções que são despertadas no psicanalista, relacionados a sua própria vida, durante a sessão, em relação ao paciente. - Neutralidade:segundo Freud seria uma condição para controlar a contratransferência. - Interpretação: principal ferramenta do analista. Pode ser transferencial ou extra transferencial. b) Principais Teorias: conforme Zimmermann (2005), as principais teorias psicanalíticas são: modelo topográfico (3 diferentes níveis de consciência); modelo estrutural (id, ego, superego)); teoria da sexualidade (fases do desenvolvimento psicossexual). Principais técnicas Associação livre, interpretação dos sonhos e transferência. Indicações A psicanálise iniciou no formato individual usado por Freud e Klein. Mais tarde, Bion expandiu o uso da técnica no tratamento de grupos. A psicanálise da família e casal, surgiu por voltados anos 40, a partir do atendimento de pacientes esquizofrênicos e suas famílias. O objeto da psicanálise, o inconsciente, é tomado na psicanálise de grupo, família ou casal, como um inconsciente coletivo, partilhado entre os membros daquele grupo. A psicanálise pode ser usada também no tratamento de crianças, e nesses casos, o acesso ao inconsciente é feito através de jogos, desenhos, brincadeiras.... enfim, recursos que facilitem esse acesso, que não ocorre da mesma forma que para um adulto. Os testes projetivos tem base psicanalítica para interpretar as figuras apresentadas. Evidências de eficácia Tanto a psicanálise quanto a psicoterapia de orientação analítica (POA) vem obtendo bons resultados, constatados por meio de estudos de segmento que possibilitam um olhar positivo sobre a redução de sintomas, objetivos individuais terapêuticos e satisfação com o tratamento. Estudos atuais ressaltam a importância do vínculo terapeuta e paciente para um desfecho positivo da terapia. Estudos entre a psicanálise, neuroimagem, neurociência, psicofarmacologia, neurobiologia tem servido como problemática para a contribuição das evidências de eficácia na POA. A eficácia pode ser verificada através de critérios psicanalíticos, por meio de relatos pessoais (analista e paciente), casos clínicos, metanálise e o próprio exercício psicoterapêutico. A psicoterapia de orientação analítica é eficaz tanto de longo como de curto prazo. Leichsenring e Rabung publicaram, na revista JAMA, uma metanálise que avaliou terapia psicodinâmica de longo prazo (pelo menos um ano de duração ou 50 sessões). Encontraram, para transtornos mentais complexos (definidos como transtornos da personalidade, transtornos mentais crônicos – com duração maior que um ano –, vários transtornos mentais ou transtornos ansiosos e depressivos complexos), um tamanho de efeito impressionante de 1,8 com baixa heterogeneidade entre os estudos. Esse estudo foi atualizado pelos mesmos autores em 20114 e apresentou resultados semelhantes. Uma metanálise recente publicada na JAMA Psychiatry também encontrou que terapias psicodinâmicas são eficazes para sintomas do transtorno da personalidade borderline e problemas relacionados. (THOMÉ, 2005) Já a terapia psicodinâmica breve costuma ser indicada para conflitos ou sintomas pontuais, nos quais um foco de natureza psicodinâmica foi facilmente identificado. Em 2014, uma revisão sistemática da Cochrane identificou que essa modalidade de terapia psicodinâmica pode ser eficaz para sintomas psiquiátricos gerais, depressivos e ansiosos, de ajustamento social ou de natureza interpessoal. Referências CORDIOLI, Aristides Volpato. Psicoterapias: abordagens atuais. 3.ed. Porto Alegre: Artmed. 2008. CORDIOLI, Aristides Volpato; GREVET, Eugenio Horácio. Psicoterapias: abordagens atuais. 4.ed. Porto Alegre: Artmed. 2019. ZIMERMAN, David E. Fundamentos psicanalíticos: Teoria, técnica e clínica. Porto Alegre: Artmed. 1999. THOMÉ, José T. Psicoterapia de orientação analítica: fundamentos teóricos e clínicos. Porto Alegre: Artmed. 2005 Gestalt Terapia Autores: Bárbara Muller Quintana, Déborah Haetinger de Figueiredo, Jennifer Vieira da Rosa, Karoline da Silva Oliveira, Maria Eduarda Pressi e Nicole Maria Liota da Silva Fundamentação Teórica A Gestalt Terapia originou-se na Alemanha, entre 1910 e 1912. A palavra Gestalt tem como significado “dar forma”, teve como principal fundador Fritz Perls e sua esposa Laura Perls. “O primeiro estudo oficial, que fundou esta nova escola, apareceu em 1912, com a assinatura conjunta de Marx Wertheimer (1880-1943), Kurt Koffka (1886-1941) e Wolfang Köhler (1887-1967).” (Ginger, 1995, p.38). “Os psicólogos gestaltistas, continuando os trabalhos de Christian von Ehrenfels 91859-1932), um dos precursores da Gestalt, que enfatizara desde o início do século que “ o todo é uma realidade diferente da soma de suas partes”, estudaram, essencialmente, num primeiro momento, os mecanismos fisiológicos e psicológicas da percepção e as relações do organismo com seu meio.” (Ginger, 1995, p. 38) Essa abordagem não tem como objetivo explicar quais são as origens das dificuldades, mas sim busca de alguma forma saber o porquê de cada pessoa ser responsável pelas suas escolhas. “A Gestalt integra e combina, de forma original, um conjunto de técnicas variadas, verbais e não-verbais, tais como: despertar sensorial, trabalho com a energia, a respiração, o corpo ou a voz, expressão da emoção, trabalho a partir dos sonhos, criatividade (desenho, modelagem, música, dança) etc.” (Ginger, 1995 p. 18). Princípios • Unidade: Refere-se a um único elemento, que encerra em si mesmo ou um conjunto de elementos que são percebidos como um todo; • Segregação: Refere-se à capacidade de evidenciar uma unidade em uma composição de elementos iguais ou semelhantes, que se distribuem de modo coerente; • Proximidade: Refere-se a elementos próximos uns dos outros, que tendem a agruparem-se, sendo então, percebidos de forma única; • Semelhança: Refere-se a elementos que tendem a se agruparem, tornando- se um; • Fechamento: Para estabelecer a formação de uma unidade e no fim, acaba sendo interpretada como um todo; • Continuidade: Refere-se a elementos próximos, que dão a entender estar seguindo uma mesma direção. Técnicas da Gestalt Terapia A Gestalt Terapia apresenta diversas técnicas, porém abordaremos algumas sendo as mais importantes. Vejamos algumas delas: • Monodrama Variante da dramatização. Trata-se de uma técnica onde o paciente desempenha alternadamente os diferentes papeis da situação evocada por ele mesmo. Como por exemplo, ele pode desempenhar o papel dele mesmo e de sua mulher, assim sugerindo que troque de lugar sempre que trocar de papel. Facilita a encenação do seu próprio sentimento, sem a interferência de uma terceira pessoa. • Um exercício de awareness A técnica de awareness refere-se a uma tomada de consciência do paciente sobre a sua condição em determinado momento. Assim tomando consciência do indivíduo que sou, juntamente com suas sensações físicas, sentimentos e sobre sua estrutura corporal sendo ela emocional, imaginaria, racional ou comportamental. Consiste em responder as perguntas: O que você está fazendo agora? O que você sente neste momento? O que você está evitando? O que você quer, ou o que espera de mim? • O Hot Seat e a “cadeira vazia” A técnica do hot seat que significa cadeira quente, foi muito apreciada por Fritz Perls em suas demonstrações. Essa técnica consiste em colocar uma cadeira vazia próximo ao terapeuta, porém de frente para o paciente na qual o mesmo de acordo com sua vontade pode projetar naquela cadeira o que desejar. Assim por exemplo podendo ser um personagem imaginário, um objeto, entidades abstratas, sentimentos etc. • A amplificação A técnica da amplificação consiste em deixar explícito algo que está implícito, como por exemplo ampliar gestos inconscientes que o paciente faz sem estar consciente do ato. Assim por exemplo, mudanças no ritmo da respiração ou deglutição, mudanças no tom de voz, mudanças nos “microgestos” como mãos, dedos e pés entre outros. Indicações e Evidências A Gestalt (1910), juntamente com a Psicanálise (1900) e o Behaviorismo (1913) são juntas as três grandes teorias da psicologia contemporânea. Sua principal contribuição é relacionar os aspectos específicos das teorias, levando a compreensão do entendimento e experiência do todo através da consciência do indivíduo com a realidade de seus sentidos e entendimento do seu ambiente. A Psicologia da Gestalt surge em 1910 com o objetivo de construir uma teoria consistente e com base metodológica forte. Os estudos buscaram compreender o fenômeno psicológico e mensurar asparticularidades naturais. Tais conceitos levaram a teoria a ter forte relação com o humanismo que é uma abordagem que busca estar centrada na pessoa. Essa abordagem considera os fenômenos psicológicos como totalidades organizadas, logo, ações resultantes da experiência, entendimento e significado. A existente relação com o Humanismo traz o conceito de o indivíduo viver num constante processo de desenvolvimento de suas habilidades. Não busca se aprofundar na origem do problema, mas sim o que o paciente está vivenciado no presente (chamado também de aqui e agora), buscando com que esta pessoa utilize seus recursos internos, como: cognição, emoções e sensações para encarar os conflitos que o emergem. Portanto, especialistas trazem que esta abordagem pode ser utilizada tanto em grupos, atendimentos individuais, tratamentos familiares, terapia de casal e também em grupos corporativos. Segundo Barreto (2017), durante a terapia, os grupos podem expor suas vivencias, sendo um momento valioso de trocas, na qual podem explorar seus comportamentos, associando as relações e questionamentos para alcançar a resolução dos mesmos. “Os teóricos de Gestalt-Terapia propuseram uma série de princípios para percepção, tais como: Proximidade, semelhança, direção, disposição objetiva e destino comum. Também como conceitos básicos destacam-se: O Todo e a Parte; Figura e Fundo; Aqui e Agora, Campo, Estrutura e Forma” (Barreto, 2017, p.10). Tais princípios trazidos pela Gestalt e em constante influência das teorias paralelas apontam e reverberam a eficácia do uso das técnicas nos processos terapêuticos de clientes, como também na capacitação de terapeutas nos seus processos de formação. Referencias Ginger, S. & Ginger, A. (1995). Um primeiro olhar sobre a Gestalt. Gestalt: Uma terapia do contato.(p.p. 18) São Paulo: Editora Summus. Ginger, S. & Ginger, A. (1995). Um primeiro olhar sobre a Gestalt. Gestalt: Uma terapia do contato.(p.p. 20-26) São Paulo: Editora Summus. Barreto, C.E.S. (2017). Um estudo sobre a gestalt-terapia na contemporaneidade. Psicologia.pt, 01-17. Terapia sistêmica Autores: Caroline Kern, Délis Espindola, Diego Magalhães, Gian Joaquim, Vera Margarete e Yasmin Ribeiro Terapia Sistêmica O pensamento sistêmico, multiplicado em diversas áreas do conhecimento, foi reconhecido na primeira metade do século XX. Porém suas bases foram formuladas e pensadas entre as décadas de 40 e 50, teve seu processo de mudança do paradigma mecanicista para o ecológico tem ocorrido de forma não linear há muitos séculos, com avanços e retrocessos nos vários campos da ciência. Quando se fala em Teoria ou Pensamento Sistêmico, conhecemos somente seus principais conceitos e aplicabilidades, de forma que seus fundamentos históricos e epistemológico dificilmente são aprofundados nos artigos. Fundamentada na Teoria Geral dos Sistemas, proposta por Bertalanffy, na Cibernética de Wiener e na Teoria da Comunicação, formulada por Bateson e Watzlawick, surge a prática sistêmica. Capra destaca que “com o forte apoio subsequente vindo da Cibernética, as concepções de Pensamento Sistêmico e de Teoria Sistêmica tornaram-se partes integrais da linguagem científica estabelecida, e levaram a numerosas metodologias e aplicações novas” (1996, p. 53). No campo da Psicologia Clínica, até a década de 1940, a prática terapêutica era orientada pela Psicanálise e a ideia hegemônica, assim o comportamento humano era regido por forças intrapsíquicas, como consequência da Segunda Guerra Mundial, havendo um movimento da união de famílias, no qual criticavam à Psicanálise por não dar ênfase necessárias aos contextos ambientais. Assim a Teoria Sistêmica passa a ganhar forças, buscando a mudança de foco das teorias clínicas do indivíduo, para os sistemas humanos, ou seja, o intrapsíquico para o interrelacional. Desta forma, nas décadas de 50 e 60, ocorreu um movimento de combinação de abordagens já consolidadas, tais como a psicanalítica, e novos conceitos baseados na teoria dos Sistemas, na Cibernética e na Teoria da Comunicação. O pensamento sistêmico passa a ser substrato de propostas de intervenção para a clínica de família, Dessen (2010) ressalta a relevante contribuição da Teoria Sistêmica da família, a partir da segunda metade do século XX, visto que trouxe um novo olhar para o contexto familiar. A adoção da Perspectiva Sistêmica implica em entender a família como um sistema complexo, composto por vários subsistemas que se influenciam mutuamente, tais como o conjugal e o parental (Kreppner, 2000). O estudo de Costa (2010) destaca brevemente os momentos cruciais da construção teórico metodológica que caracterizaram o início da Terapia de Família e marcaram seu desenvolvimento. A autora também apresenta as diferentes Escolas de Terapia Familiar, desde aquelas fortemente influenciadas pela Cibernética até aquelas que assimilaram as contribuições do Construtivismo e do Construcionismo Social. A Teoria Familiar Sistêmica foi desenvolvida por diferentes grupos de pesquisadores e em contextos diversificados. As abordagens que contribuíram significativamente para o seu surgimento foram a Psicanálise, de Sigmund Freud e a Terapia Focalizada no Cliente, de Carl Rogers (Nichols & Schwartz, 1998). Ambas as perspectivas apresentavam um enfoque intrapsíquico em relação à compreensão dos fenômenos psicológicos. Foi a partir da década de 1950 que a Teoria Familiar Sistêmica passou a assumir maior representatividade (Cerveny, 1994). Essa abordagem delimitou uma mudança gradativa de paradigma em relação às ideias sugeridas pelas teorias prevalecentes até então, ao propor um olhar voltado às relações interpessoais. O início da Teoria Familiar Sistêmica também sofreu influência da Teoria Geral dos Sistemas, da Cibernética e da Teoria da Comunicação Humana (Osório & Valle, 2002). O biólogo Bertalanffy (1973) concebia que as leis aplicadas aos organismos biológicos poderiam ser ampliadas a outras áreas de conhecimento, elaborando a Teoria Geral dos Sistemas. Para o autor, um sistema representa um conjunto complexo de elementos em interação, que formam um todo unitário e organizado. A Teoria Geral dos Sistemas contribuiu significativamente para a elaboração de conceitos que fundamentam a concepção de família como um sistema. Dentre esses conceitos, destacam-se: a equifinidade, a globalidade, a homeostase, a morfogênese, a noção de causalidade circular e o princípio da não – somatividade. O início da prática embasada na Teoria Familiar Sistêmica (Terapia Familiar Sistêmica) foi protagonizado por terapeutas da Primeira Cibernética (Cibernética de Primeira Ordem). Esse grupo formou, na década de 1950, o Palo Alto, e elaborou as bases familiares referentes à etiologia da esquizofrenia e à Teoria da Comunicação Humana. Os trabalhos em Palo Alto amplificaram-se para famílias com pacientes neuróticos, quando o grupo percebeu que os mesmos princípios interacionais estavam presentes em todas as famílias, embora em graus diferentes (Carneiro, 1996). Na década de 1960, formou-se a equipe MRI (Mental Reserch Institute), que criou a Teoria da Comunicação Humana (Watzlawick, Beavin, & Jackson, 1973). Essa equipe propôs que a comunicação, ao mesmo tempo em que transmite uma informação, também delimita a natureza da relação entre os comunicantes (Carneiro, 1996). A comunicação familiar determina, portanto, um modelo de interação entre os membros. Na década de 1980, emergiu a Abordagem Estratégica (Nichols & Schwartz, 1998), que se centrava na solução de problemas apresentados pelo cliente, ressaltando sempre o contexto familiar. Essa teoria não formulou um método específico, porém utilizou técnicas inovadoras de intervenção para situações particulares (Haley,
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