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Universidade Federal de Santa Catarina – Campus Blumenau Programa de Pós-Graduação em Engenharia Têxtil Disciplina: Termodinâmica Elizandra Mara De Oliveira, Guido Hobolt, Letícia Küster Generalidades da Termodinâmica Foi para estudar as máquinas térmicas e como melhorar sua eficiência que surgiu a disciplina da termodinâmica. A primeira patente de uma máquina térmica foi obtida pelo engenheiro e capitão da marinha britânica Thomas Savery em 1689, após apresentar sua invenção ao rei da Inglaterra. Um ano depois, sua patente foi estendida até 1732 e lhe dava direito sobre qualquer máquina que utilizasse o fogo para gerar trabalho. Era na verdade uma bomba para remover água das minas de carvão. Em 1712 Newcomen apresenta uma máquina mais eficiente, mas a patente de Savery exigiu que ambos se associassem. Um novo desenvolvimento só ocorre com James Watt. Com a revolução industrial na segunda metade do século XVIII, as primeiras máquinas vieram a substituir o esforço humano e funcionavam na base da conversão de calor em trabalho, logo surgiu a questão relacionada ao seu rendimento: quantos joules posso obter a partir de uma caloria? O primeiro grande desenvolvimento deve-se a James Joule que reconheceu, em 1843, não só que qualquer trabalho pode ser integralmente convertido em calor como estabeleceu as bases para o Primeiro Princípio da Termodinâmica: num sistema isolado, a energia total conserva-se. O segundo grande passo deve-se a Lord Kelvin que, em 1851, especulou não ser possível converter integralmente calor em trabalho, um resultado que viria a fundamentar o importante conceito de entropia introduzido, em 1865, por Rudolf Clausius, e a estabelecer o Segundo Princípio da Termodinâmica: num sistema isolado, a entropia não pode decrescer. Estes dois Princípios balizam completamente a Termodinâmica Clássica. Ciclos Termodinâmicos Define-se como ciclo termodinâmico a sequência repetitiva de transformações físicas produzidas por um sistema a fim de realizar trabalho. Os ciclos termodinâmicos são a base do funcionamento de motores de calor, que operam a maioria dos veículos no mundo. Um ciclo termodinâmico é um circuito de transformações em um ou mais dispositivos pretendidos a partir de duas fontes de calor com temperaturas diferentes, ou, inversamente, para produzir trabalho, proporcionando a passagem de fonte de calor de temperatura mais baixa a temperatura mais elevada. https://pt.solar-energia.net/termodinamica/propriedades-termodinamicas/calor https://pt.solar-energia.net/termodinamica/propriedades-termodinamicas/temperatura https://pt.solar-energia.net/termodinamica/propriedades-termodinamicas/calor https://pt.solar-energia.net/termodinamica/propriedades-termodinamicas/temperatura https://pt.solar-energia.net/termodinamica/propriedades-termodinamicas/temperatura A obtenção de trabalho a partir de duas fontes térmicas a diferentes temperaturas é utilizada para produzir movimento, por exemplo, em motores térmicos ou alternadores utilizados na geração de energia elétrica. O desempenho é o principal parâmetro que caracteriza um ciclo termodinâmico. O desempenho é definido como o trabalho obtido dividido pelo calor gasto no processo, em um mesmo tempo de ciclo completo, se o processo é contínuo. Este parâmetro é diferente de acordo com os múltiplos tipos de ciclos termodinâmicos existentes, mas é limitado pelo fator ou desempenho de Carnot. Um ciclo termodinâmico reverso/inverso busca o oposto do ciclo termodinâmico de obtenção de trabalho. O trabalho externo é fornecido ao ciclo para assegurar que a transferência de calor ocorra da fonte mais fria para o mais quente, ao contrário de como ela tenderia a acontecer naturalmente. Este arranjo é usado em máquinas de ar condicionado e refrigeração. Figura 1 - Finalidade dos ciclos termodinâmicos Fonte: Nascimento, Francisco Existem muitos tipos de ciclos termodinâmicos e os tipos de motores de calor que os mesmos representam: https://pt.solar-energia.net/termodinamica/propriedades-termodinamicas/temperatura https://pt.solar-energia.net/eletricidade https://pt.solar-energia.net/termodinamica/propriedades-termodinamicas/calor/transferencia-de-calor Figura 2 – Tipos de ciclos termodinâmicos Fonte: Nascimento, Francisco. Ciclo de Carnot O ciclo de Carnot, proposto pelo engenheiro francês Nicolas Léonard Sadi Carnot, é considerado um ciclo termodinâmico ideal, representando apenas o funcionamento teórico de uma máquina. Este ciclo reversível é formado por duas transformações isotérmicas, que se alternam com duas transformações adiabáticas. Todas as trocas de calor são isotérmicas neste ciclo. Até hoje, não foi possível desenvolver uma máquina de Carnot, ou seja, uma máquina que opere sob o ciclo de Carnot, uma vez que, seu rendimento corresponde ao máximo que uma máquina térmica pode atingir, operando entre determinadas temperaturas de fonte quente e fonte fria. Assim, para chegar próximo ao sistema isotérmico, um processo real desse ciclo teria que ser muito lento e isso inviabilizaria seu uso.Por representar o ciclo mais básico da Termodinâmica, a máquina de Carnot é utilizada apenas como um comparativo, que mostra se uma máquina térmica tem ou não um bom rendimento. Ciclo de Ericsson O ciclo da Ericsson é nomeado em homenagem a John Ericsson, que projetou e construiu máquinas de aquecimento com base em vários ciclos termodinâmicos. J. Ericsson inventou duas máquinas de aquecimento cíclico e desenvolveu máquinas práticas baseadas nesses ciclos. Seu primeiro ciclo é conhecido como o "ciclo fechado de Brayton", enquanto o segundo ciclo é chamado de "ciclo de Ericsson". O ciclo de Ericsson é um ciclo termodinâmico ideal composto por quatro processos reversíveis, duas transformações isotérmicas e duas transformações isobáricas. Isso descreve o ciclo operacional teórico de um tipo de motor térmico https://www.infoescola.com/fisica/ciclo-de-carnot/ https://www.infoescola.com/termodinamica/transformacao-isotermica/ chamado motor de Ericsson. O ciclo da Ericsson tem semelhanças com outros ciclos principais, como o ciclo de Stirling e o ciclo de Brayton. Ciclo Rankine O ciclo Rankine é o ciclo termodinâmico que representa de forma idealizada o funcionamento das máquinas a vapor, ou seja, de um motor que opera através da transformação de energia térmica em energia mecânica. Tal processo baseia-se no fato de que um gás se contrai ao condensar e se expande quando evapora, de forma a realizar trabalho mecânico. Sendo assim, neste ciclo existe uma transição de fases: condensação e evaporação. Esse modelo usa um fluido orgânico de alto peso molecular com uma mudança de fase de líquido para vapor ou ponto de ebulição, que acontece a uma temperatura mais baixa do que a mudança de fase da água para o vapor. O uso desses fluidos permite o uso do ciclo Rankine para a recuperação de calor de fontes de baixa temperatura, como a combustão de resíduos industriais, calor geotérmico, coletores solares térmicos, etc. Esta fonte de temperatura mais baixa torna-se um trabalho útil, que por si só pode ser convertido em eletricidade. Ciclo de Stirling O motor de ar quente Stirling ou simplesmente o motor Stirling é um motor alternativo de combustão externa, inventado por Robert Stirling em 1816. O motor Stirling é uma evolução dos motores de ar quente que foram usados na Inglaterra durante a primeira revolução industrial. Em particular, a invenção de Stirling envolveu a adoção de uma unidade de recuperação de calor, um dispositivo que tornou possível melhorar significativamente o desempenho do motor. O ciclo de Stirling idealiza o funcionamento de um motor de combustão externa. Esse ciclo é o mais simples, uma vez que é composto apenas por duas câmaras que oferecem temperaturas diferentes, de maneira que o gás seja resfriado alternadamente. Este cicloé o que mais se parece com o ciclo de Carnot. As máquinas térmicas que operam com base no ciclo de Stirling apresentam um rendimento maior do que aquelas operadas com base no ciclo de Otto ou de Diesel. Ciclo de Otto O ciclo de Otto idealiza o funcionamento de motores de combustão interna, que operam grande parte dos veículos automotores movidos a álcool, gasolina ou gás natural. Neste tipo de motor, o calor captado pelo ciclo é proveniente de uma reação de combustão, que acontece no interior do motor. Uma faísca provoca a ignição da combustão e com isso, os gases produzidos na reação são utilizados para realizar trabalho. https://www.infoescola.com/fisica/energia-termica/ https://pt.solar-energia.net/termodinamica/ciclos-termodinamicos/ciclo-rankine https://pt.solar-energia.net/solar-termica/componentes/coletores-solares-termicos https://pt.solar-energia.net/eletricidade https://www.infoescola.com/fisica/ciclo-de-otto/ https://www.infoescola.com/reacoes-quimicas/combustao/ Assim como nenhum outro ciclo termodinâmico, o ciclo de Otto não é tão eficiente quanto o ciclo de Carnot, visto que sua eficiência depende diretamente das propriedades do fluido, como, por exemplo, o calor latente de evaporação e a energia interna. Ciclo de Diesel O ciclo de Diesel representa o funcionamento de outro tipo de motor de combustão interna: o motor movido a diesel. A principal característica deste ciclo é o fato da combustão ser provocada pela compressão da mistura de combustível com o ar (sem faísca). Isso ocorre porque nesse tipo de motor não existe a vela (o dispositivo que causa a faísca), ao contrário dos motores movidos a gasolina, por exemplo. O motor diesel é um motor térmico que possui combustão interna alternativa que é produzida pela auto-ignição do combustível devido às altas temperaturas derivadas da alta taxa de compressão que ele possui, de acordo com o princípio do ciclo diesel. O ciclo termodinâmico utilizado pelo motor Diesel é o ciclo Diesel. O motor diesel pode usar gasóleo / gasóleo ou óleos pesados derivados do petróleo, bem como óleos naturais como o óleo de girassol, além de ser muito eficiente em termos termodinâmicos; os melhores e mais desenvolvidos motores a diesel atingem um valor entre 45% e 55% de eficiência térmica, um valor muito alto em relação a quase todos os motores de explosão. É um dos motores mais utilizados desde a sua criação em várias aplicações. Ciclos Termodinâmicos e Seus Processos Na prática, ciclos termodinâmicos idealizados simples são geralmente compostos por quatro processos termodinâmicos. A princípio, qualquer processo pode ser usado, no entanto, quando ciclos idealizados são modelados, geralmente se mantém uma das variáveis de instância constante, como nos seguintes processos: processo isotérmico (temperatura constante), processo isobárico (pressão constante), processo isocórico (volume constante), processo isotrópico (entropia constante) ou processo entálpico (entalpia constante). Geralmente processos adiabáticos (onde não há troca de calor) também são usados. https://www.infoescola.com/fisica/calor-latente/ https://pt.solar-energia.net/energias-nao-renovaveis/combustiveis-fosseis/petroleo https://pt.wikipedia.org/wiki/Termodin%C3%A2mica https://pt.wikipedia.org/wiki/Transforma%C3%A7%C3%A3o_isot%C3%A9rmica https://pt.wikipedia.org/wiki/Transforma%C3%A7%C3%A3o_isot%C3%A9rmica https://pt.wikipedia.org/wiki/Transforma%C3%A7%C3%A3o_isob%C3%A1rica https://pt.wikipedia.org/wiki/Transforma%C3%A7%C3%A3o_isoc%C3%B3rica https://pt.wikipedia.org/wiki/Transforma%C3%A7%C3%A3o_isoc%C3%B3rica https://pt.wikipedia.org/wiki/Isotropia https://pt.wikipedia.org/wiki/Transforma%C3%A7%C3%A3o_adiab%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Calor Figura 3 –Processos termodinâmicos e os processos que os compõem Fonte: Wikipedia Ciclos de Refrigeração e Bomba de Calor Ciclos de bomba de calor são modelos termodinâmicos aplicados em bombas de calor e refrigeradores. Os ciclos de refrigeração e as bombas de calor, são basicamente os “ares condicionados” e os “aquecedores”. Se o motor “consome” calor para gerar trabalho, então os refrigeradores e as bombas de calor vão consumir calor para manipular o calor. Uma vez que esses ciclos fazem com que o calor siga num sentido não convencional. Indo do calor mais frio para o calor mais quente. A diferença entre os dois é que bombas de calor são feitas para manter um local quente, enquanto refrigeradores são feitos para refrigerá-lo. As bombas de calor de alta temperatura são máquinas térmicas que permitem a recuperação de energia residual e que, em muitas das vezes, se perde no meio ambiente sem utilização, porque o seu calor é de baixa temperatura e não são úteis para a indústria. Isso gera um impacto prejudicial ao meio ambiente e alto consumo de energia. Esta tecnologia permite operar com temperaturas de evaporação entre 40 e 90ºC e com temperaturas de condensação entre 110 e 150ºC. Eles são capazes de absorver calor residual e produzir calor útil na forma de vapor ou água pressurizada em alta eficiência, mas o compressor precisa de uma entrada de energia elétrica (TORO; ISAZA; CHEJNE, 2006). Em muitos processos industriais são exigidas condições de temperatura entre 80 ° C e 90 ° C, que atualmente são obtidas pelo aquecimento de fluido de transferência de https://pt.wikipedia.org/wiki/Bomba_de_calor https://pt.wikipedia.org/wiki/Bomba_de_calor calor em caldeiras que utilizam combustíveis fósseis, mas com alto custo econômico e degradação do meio ambiente. Os resíduos de energia em baixa temperatura, normalmente abaixo de 40ºC, são difíceis de recuperar e reutilizar no processo, tornando-se uma fonte de energia constante não reutilizável e poluente, podendo afetar o desempenho energético. Apesar das desvantagens energéticas da utilização de fluidos de transferência de calor em caldeiras e das vantagens do uso de bombas de calor, estas últimas não se espalharam no setor industrial como desejado por razões econômicas e técnicas. Figura 4 – Maquinas térmicas e bombas de calor Fonte: Wikipedia O ciclo de refrigeração mais simples é o de compressão de vapor, que modela sistemas usando refrigeradores que mudam de fase. Ciclos de refrigeração de gás incluem o ciclo de Brayton reverso e o ciclo de Hampsom-Linde. O desempenho do ciclo de refrigeração por compressão a vapor depende, em particular, do fluido refrigerante; por isso, é importante a análise do coeficiente de desempenho do ciclo. Com esse dado, é possível determinar qual fluido é mais viável para ser utilizado. (MARQUES, 2010). A principal função dos fluidos refrigerantes é o transporte de calor. Segundo Marques (2010), genericamente, os fluidos refrigerantes podem ser classificados da seguinte forma: hidrocarbonetos halogenados, misturas azeotrópicas de hidrocarbonetos hologenados, misturas não azeotrópicas de hidrocarbonetos hologenados, compostos orgânicos e compostos inorgânicos. Na década de 70, estudos identificaram que essas substâncias destruíram a camada de gás ozônio, por serem voláteis, conseguem atingir a estratosfera antes de serem destruídas e, portanto foram os maiores responsáveis pelo buraco na camada de ozônio (ALVES; RODRIGUES). Nos meados da década de 80, com o protocolo de Montreal, determinou-se a substituição dos CFCs (Clorofluorcarbonetos) que deveriam ser proibidos até 2010 em países menos desenvolvidos. Houve muitas tentativas de substituição desses, um https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_de_refrigera%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Refrigera%C3%A7%C3%A3o_por_compress%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_Brayton https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_Hampson-Linde deles foi os compostos parcialmente (hidroclorofluorcabonetos) HCFCs e os (hidrofluorcarbonos) HFCs. No entanto, estudos apontaram que os HCFs também colaboram para o efeito estufa e devemser progressivamente reduzidos até 2040, conforme Ministério do Meio Ambiente, em 2005. Os fluidos blend R404A, composto de três HFCs (R125, R143a e R134a) e R134a, que é um HFC ou o blend R422D, composto de dois HFCs (R125, R134a) e um HC (R600a) podem ser indicados para substituir o R22, que deverá ser abolido até 2040, por ser prejudicial à camada de ozônio, segundo MMA( Ministério do Meio Ambiente) mas não serão os definitivos, uma vez que eles evitam os danos à camada de ozônio, porém ainda provocam impacto no aquecimento global. Atualmente são as alternativas mais viáveis para aplicação comercial para compressores acima de ½ HP em substituição ao R22. Eficiência de uma Bomba de Calor A eficácia de uma bomba de calor é descrita em termos de um número chamado coeficiente de desempenho ou performance (COD ou COP). O refrigerador ou ar- condicionado mais eficaz é aquele que remove a maior quantidade de energia do reservatório frio em troca da menor quantidade de trabalho. Então, para esses aparelhos operando no modo de resfriamento, definimos o COD em termos de QL: COD (Modo de resfriamento): 𝑄𝐿 𝑊 E no modo aquecimento, o COD ou COP de uma bomba de calor é definido como a proporção da energia transferida para o reservatório quente pelo trabalho necessário para transferir aquela energia: COD (Modo de aquecimento): 𝑄𝐻 𝑊 Figura 5 – Ciclos de refrigeração e bombas de calor Fonte: Moreira, José Refrigeradores e Bombas de Calor no Dia a Dia A grande maioria das bombas de calor atualmente funciona com base no ciclo de compressão mecânica de vapor ou ciclo de absorção. Teoricamente, bomba de calor pode ser conseguida por outros ciclos termodinâmicos, estes incluem ciclos Stirling e Vuilleumier, ciclos monofásicos (por exemplo, com o ar, CO2 ou gases nobres), sistemas de sorção sólido-vapor, sistemas híbridos (nomeadamente combinando a compressão de vapor e ciclo de absorção) e processos eletromagnéticos e acústicos (GARRIDO, 2014). Os sistemas de ar condicionado mais comuns utilizam o processo de refrigeração (ou aquecimento) através de compressão de vapor de um fluido (chamado normalmente de fluido frigorífico ou fluido refrigerante), que consiste em um ciclo fechado composto de quatro etapas: 1. Compressão do fluido frigorífico no estado vapor, de baixa pressão para alta pressão, através de um compressor; 2. Dessuperaquecimento e condensação do fluido frigorífico, a alta pressão, através de um trocador de calor que normalmente utiliza o ar externo direto ou água proveniente de uma torre de resfriamento, onde é resfriada pelo ar externo; 3. Expansão (ou despressurização) do fluido frigorífico líquido, através de um dispositivo de expansão (válvula, orifício, tubo capilar, etc), que resultará em uma mistura de líquido e vapor a baixa pressão; 4. Evaporação total do fluido frigorífico a baixa pressão, através de um trocador que irá resfriar (e desumidificar) o ar (direta ou indiretamente) a ser insuflado no ambiente condicionado. O ciclo ou método termodinâmico mais utilizado para aquecimento, ar condicionado, geladeiras e bombas de calor é o ciclo de compressão de vapor. Figura 6 – Ciclo de compressão a vapor aplicado aos sistemas de ar condicionado Fonte: MMA, 2017 Os sistemas de ar condicionado podem ser divididos em dois tipos principais: 1- Sistemas de Expansão Direta Quando o ar a ser insuflado no ambiente é resfriado (ou aquecido) em um trocador de calor do tipo serpentina, que utiliza o próprio fluido frigorífico evaporando no interior dos tubos da serpentina em uma temperatura mais baixa (ou no caso de aquecimento, condensando em uma temperatura mais elevada). https://www.nuclear-power.net/nuclear-engineering/thermodynamics/thermodynamic-cycles/heating-and-air-conditioning/vapor-compression-cycle-vapor-compression-refrigeration/ Figura 7 – Sistema de ar condicionado (resfriamento) do tipo expansão direta Fonte: MMA, 2017 Os exemplos mais comuns de sistemas de ar condicionado (para resfriamento) do tipo de expansão direta são: Aparelho de ar condicionado de Janela – sistema unitário compacto, típico para instalações residenciais para um único ambiente, com controle apenas da temperatura ambiente (com sensor no retorno do equipamento) e extremamente limitado para atender os requisitos de qualidade do ar interior Figura 8 – Ar condicionado de janela Fonte: MMA, 2017 Sistema tipo Split – sistema unitário, com a unidade evaporadora instalada no ambiente condicionado e a unidade condensadora (compressor e condensador) instalada em área externa remota, típico para instalações residenciais para um ou dois ambientes, com controle apenas da temperatura ambiente (com sensor no retorno da unidade evaporadora) e extremamente limitado para atender os requisitos de qualidade do ar interior. Figura 9 – Ar condicionado split Fonte: MMA, 2017 No modo de aquecimento, as bombas de calor são três a quatro vezes mais eficazes no aquecimento (ou seja, podem ter COP = 4) do que simples aquecedores de resistência elétrica que usam a mesma quantidade de eletricidade. O custo normalmente instalado para uma bomba de calor é cerca de 20 vezes maior do que para aquecedores de resistência. No modo de resfriamento, o fluxo é invertido e a bobina externa é um condensador, enquanto a interna é um evaporador. No modo de aquecimento, a bobina externa é um evaporador, enquanto a interna é um condensador. O COP para o modo de resfriamento é menor que o modo de aquecimento, porque o trabalho realizado pelo compressor é utilizado apenas durante o modo de aquecimento. 2- Sistemas de Expansão Indireta Quando o ar a ser insuflado no ambiente condicionado é resfriado (ou aquecido) em uma serpentina que utiliza um fluido secundário, normalmente água no estado líquido. O fluido secundário é bombeado e circula por uma rede hidráulica (tipicamente um circuito hidrônico fechado) e, após passar pela serpentina de resfriamento (ou aquecimento) do ar, retorna para o trocador de calor do sistema de refrigeração onde é resfriado pelo fluido frigorífico que evapora em uma temperatura mais baixa (ou no caso de aquecimento, que condensa em uma temperatura mais elevada). Os sistemas do tipo expansão indireta são os sistemas de água gelada que utilizam as unidades resfriadoras de líquido – os chillers – como equipamentos do processo de refrigeração. Os sistemas de água gelada são mais complexos, porém o sistema de refrigeração fica restrito apenas aos chillers, ou seja, em equipamento compacto e em área restrita fora dos ambientes condicionados. As redes de distribuição são apenas do circuito de água gelada dos chillers para os condicionadores de ar, e as redes de distribuição de ar dos condicionadores de ar para os ambientes condicionados. Devido à sua complexidade, os sistemas de água gelada são aplicáveis a edificações de maior porte, tipicamente com carga térmica superior a 1000 kW (aproximadamente 300 ton). Os sistemas de água gelada associados a condicionadores de ar podem atender plenamente os requisitos de conforto térmico e de processos industriais, com controle de temperatura e umidade relativa e os requisitos de filtragem e renovação de ar para servir diferentes ambientes condicionados. Figura 10 – Sistema de ar condicionado do tipo expansão indireta utilizando chillers Fonte: MMA, 2017 Bombas de Calor na Indústria Segundo Garrido, 2014, para garantir a boa aplicação de bombas de calor na indústria, os processos devem ser melhorados e integrados, assim o aumento eficiência energética pela otimização termodinâmica dos processos industriais de maneira geral é alcançado. As bombas de calor industriais podem se tornar uma importante tecnologia para redução das emissões de gases, melhorar a eficiência e limitaro uso de água para o resfriamento. A seguir, uma comparação entre o consumo de energia entre três fontes de geração de calor para obter como resultado 5 kW de calor, observando nitidamente as vantagem da bombas de calor (CÓRDOVA-LOBATÓN,2011). Figura 11 – Comparativo de consumo de energia entre diferentes fontes de geração de calor Fonte: CÓRDOVA-LOBATÓN,2011 As bombas de calor operam recuperando calor de uma fonte externa o que, segundo CÓRDOVA-LOBATÓN (2011), permite utilizar uma quantidade reduzida de energia para seu funcionamento, podendo alcançar reduções de até 80,0% no consumo de energia. Os principais Tipos de Bombas de Calor Industriais Segundo Garrido, 2014 esses são alguns dos tipos de bombas de calor de uso industrial: Sistemas de Recompressão Mecânica de Vapor (MVRs) Os sistemas MVRs são classificados como bombas de calor aberto ou semi- aberto. Nos sistemas abertos o vapor de um processo industrial é comprimido a uma maior pressão e temperatura e condensado durante o processo de rejeição de calor. Em sistemas semi-abertos o calor do vapor recomprimido é transferido para o processo através de um permutador de calor (evaporador/condensador). Bombas de Calor de Compressão de Ciclo Fechado São aplicadas quando o fluido de trabalho utilizado não ultrapassa a temperatura máxima de descarga de 120°C. Bombas de Calor de Absorção (tipo I) As bombas de calor tipo I não são amplamente utilizadas em aplicações industriais. Os sistemas atuais com brometo de lítio/água como par de trabalho podem atingir uma temperatura de descarga de 100ºC e uma elevação de temperatura de 65ºC. O COP (coeficiente de performance) varia tipicamente 1,2-1,4. A nova geração avançada de sistemas de bombas de calor de absorção opera com temperaturas mais altas de saída (até 260ºC) e temperatura de geração de vapor mais elevadas. Transformadores de Calor (tipo II) Os Transformadores de Calor (tipo II) têm os mesmos componentes principais e princípio de funcionamento de bombas de calor de absorção. Com o transformador de calor, o calor rejeitado de um sistema pode ser utilizado praticamente sem o uso de energia de um meio externo. O calor não aproveitado num sistema, a uma temperatura média, é fornecido ao evaporador e gerador e o calor útil de uma temperatura mais alta é rejeitado no absorvedor. Todos os sistemas atuais usam água e brometo de lítio como par trabalhado. Os transformadores de calor podem atingir uma temperatura de entrega de até 150ºC, tipicamente com uma elevação de 50ºC. COPs sob estas condições variam 0,45-0,48. 11 Bombas de Calor Ciclo Brayton Reverso A bomba de Calor Ciclo Brayton Reverso é utilizada para recuperar solventes de gases em muitos processos. O solvente carregado no ar é comprimido e depois expandido, posteriormente é resfriado durante a expansão, os solventes condensam e são recuperados. A expansão adicional (com o arrefecimento adicional associada, a condensação e a recuperação de solventes) ocorre na turbina que aciona o compressor. Aplicações de Bombas de Calor Industriais Segundo Guilhermetti, 2006, as bombas de calor industriais são usadas principalmente para: ● Aquecimento e refrigeração de espaços; ● Aquecimento e refrigeração de processos industriais; ● Aquecimento de água para lavagem e limpeza; ● Produção do vapor; ● Secagem e desumidificação; ● Evaporação; ● Destilação; ● Concentração. Os setores químicos, petroquímicos, alimentos e bebidas, celulose e papel e têxtil consistem em um enorme campo para utilização das bombas de calor, devido aos processos supracitados, pois para destes processos nestas indústrias, a faixa de temperatura utilizável é condizente com as condições de operação das bombas de calor atualmente existentes (GUILHERMETTI, 2006). Considerações Finais As máquinas térmicas possibilitaram à humanidade alcançar novos horizontes tanto na área industrial quanto no dia a dia, elas proporcionaram uma aceleração dos processos nas indústrias por realizar trabalho por meio da energia térmica e por também auxiliarem nos transportes como por exemplo a capacidade de mover trens através do vapor. É impossível imaginar nossa vida sem esses dispositivos, que a cada dia estão mais aprimorados. Em relação aos ciclos termodinâmicos estudados, os motores que usam o ciclo Diesel apresentam os maiores rendimentos das máquinas térmicas – cerca de 30% – enquanto os motores a gasolina, que geralmente utilizam o ciclo Otto, têm rendimento de até 20%. As máquinas térmicas ideais, também conhecidas como máquinas de Carnot, são teóricas e operam de acordo com o ciclo de Carnot. O ciclo de Carnot apresenta quatro etapas: duas transformações isotérmicas e duas transformações adiabáticas. Essas transformações são, respectivamente, extremamente lentas e extremamente rápidas, tornando esse ciclo impraticável em máquinas reais. No entanto, as máquinas reais são projetadas de forma que o seu ciclo de operação se assemelhe ao máximo ao ciclo de uma máquina ideal, de forma a apresentar o maior rendimento possível. Assim, a maior eficiência possível de uma máquina térmica é a de Carnot, que, como provado anteriormente, é sempre menor que a unidade, logo, não existe máquina térmica perfeita com eficiência de 100%. Em relação às atividades industriais, especificamente a indústria têxtil, a termodinâmica é muito utilizada principalmente nas fases de beneficiamento molhado dos substratos. Tanto a 1ª quanto a 2ª lei da termodinâmica são muito utilizadas nestes processos que precisam de trocas constantes de calor e energia, tanto na produção de força motriz como em aquecimentos e resfriamentos. Sendo os processos termodinâmicos da indústria têxtil realizados principalmente na troca de calor através do vapor obtido em caldeiras que utilizam combustíveis alternativos e renováveis como madeira de reflorestamento, gás natural entre outras, transformando água em vapor superaquecido, alimentando diversas máquinas e equipamentos das tinturarias têxteis. No entanto, entre o aquecimento e a utilização de energia feita nas máquinas, existe uma perda muito considerável (troca térmica entre tubulações com o ambiente), pois após fornecer o trabalho desejado nos equipamentos, o vapor faz o ciclo reverso transformando-se em água novamente. Outro ciclo termodinâmico muito utilizado nesta área são os aquecedores de óleos térmicos, esses por sua vez, usados para alcance de temperaturas mais elevadas, neste caso o óleo executa o trabalho de aquecimento das maquinas e retorna em temperaturas menores aos aquecedores. https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-transformacao-isotermica.htm https://brasilescola.uol.com.br/fisica/estudo-transformacao-adiabatica.htm https://brasilescola.uol.com.br/fisica/estudo-transformacao-adiabatica.htm Por mais eficientes que sejam os processos termodinâmicos dentro da indústria têxtil, a 1ª lei que é princípio da conservação de energia, ainda precisa ser muito melhorada nos processos e equipamentos. É certo afirmar que as leis da termodinâmica estão presentes e determinam grande parte do andamento dos processos na indústria têxtil. Em relação à eficiência das bombas de calor é possível verificar uma economia de até 70% comparada aos demais sistemas de aquecimento e ou resfriamento. E essa por sua vez aproveita o calor contido no ar, tornando-se uma fonte natural de energia, sendo assim uma forma mais sustentável de tecnologia. Referências ALVES, N. F.; RODRIGUES, S. G. - Refrigerantes No Coeficiente De Desempenho Do Ciclo. [s.d.] AMBIENTE, Ministério Meio – Ar Condicionado - Guia prático sobre sistemas de água gelada – Brasília2017. CÓRDOVA-LOBATÓN - A otimização térmica e econômica de bomba de calor para aquecimento de água, utilizando programação quadrática sequencial e simulação através do método de substituição Newton Raphson. Dissertação de Mestrado— Campinas - SP: Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2011. CONNOR, Nick - O que é bomba de calor reversível – aquecimento e resfriamento – definição - Thermal-engineering, 2019. CLUBE da refrigeração - Alternativas R 22 - Disponível em: <https://refrigerationclub.com/pt-br/alternativas-ao-r22-2 > acesso em 22 de fevereiro 2021. EDISCIPLINAS – Refrigerador máquina térmica invertida – Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5353199/mod_resource/content/1/Aula-Mai15- Refrigeradores-CicloCarnot_anotacoes.pdf> acesso em de 20 de fevereiro 2021. GARRIDO, C.V. - Análise térmica de um sistema de bomba de calor para geracão de vapor /Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2014. GUILHERMETTI, R. - Uso de bombas de calor em processos industriais. Pcs.Usp.Br, p. 61, 2006. GOSNEY, W.B., - Principles of Refrigeration, London, Cambridge University Press,1982. TORO, M.; ISAZA, C.; CHEJNE, F. - Uso de las bombas de calor de alta temperatura como alternativa para el uso racional de energía en la industria. 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