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História do Acre - Leitura celular

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História do 
ACRE 
 
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 99999 2040 
 
 /cursosmaximoqi 
 
 @cursosmaximoqi 
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
2 
HISTÓRIA DO ACRE 
 
 
Amigo concurseiro 
 
O Máximo QI disponibiliza o con-
teúdo de História do Acre, com 35 
questões de provas anteriores, visando 
complementar o material contido na 
apostila preparatória, num formato de 
leitura amigável para smartfone. 
Como parte do conteúdo extra, 
numa segunda etapa estaremos enca-
minhando o conteúdo de História e 
Atualidades do Acre. 
Em breve, o Máximo QI estará dis-
ponibilizando curso completo prepara-
tório para Polícia Penal no formato 
EAD. 
Saiba mais, através do whatsapp 
99999 2040. 
 
 
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
3 
HISTÓRIA DO ACRE 
 
 
HISTÓRIA DO ACRE 
 
Povoamento 
 As terras acreanas começaram a ser po-
voadas em meados do século passado. 
Até 1850, os altos rios acreanos não pas-
savam de "Tierras no Discubiertas", como 
assinalavam os mapas bolivianos da épo-
ca. Somente a partir de 1860 começaram a 
ser realizadas expedições exploratórias 
que deram a conhecer todo o imenso po-
tencial econômico que essa região apre-
sentava, especialmente para a extração da 
borracha. 
 Com isso, o povoamento das terras 
acreanas se deu muito rapidamente e de 
forma intensa, especialmente depois que a 
Revolução Industrial que se processava na 
Europa e Estados Unidos aumentou a de-
manda pela borracha e a grande seca do 
sertão nordestino, em 1877/1878, disponi-
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
4 
HISTÓRIA DO ACRE 
 bilizou milhares de trabalhadores nordes-
tinos para trabalhar na extração do ouro 
negro (a borracha defumada). 
 Em poucos anos, os altos rios acreanos 
estavam totalmente povoados por brasi-
leiros de diversas origens que junto com 
as populações indígenas nativas da região 
compuseram um rico mosaico de culturas 
e etnias. 
 
O Surgimento da Questão do Acre 
 Em 1895 foi nomeada uma Comissão 
Demarcatória encarregada de definir os 
limites entre Brasil e Bolívia de acordo 
com o estabelecido no Tratado de Ayacu-
cho de 1867. O Chefe da delegação Brasi-
leira, o Cel. Thaumaturgo de Azevedo, ao 
constatar a latitude da nascente do Javari, 
ponto inicial da linha divisória entre os 
dois países, percebeu que ficaria com a 
Bolívia uma grande região rica em látex, 
quase totalmente ocupada por brasileiros 
e denunciou ao governo federal, o prejuí-
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
5 
HISTÓRIA DO ACRE 
 zo daí decorrente, já que o Brasil perderia 
o alto rio Acre, quase todo o Iaco e o Alto 
Purus. Infelizmente o ministro brasileiro 
não aceitou os argumentos de Thauma-
turgo de Azevedo, que contrariado demi-
tiu-se e denunciou o grave erro da diplo-
macia brasileira na imprensa, dando ori-
gem a uma intensa polêmica que mobili-
zou a opinião pública nacional. Foi então 
nomeado como novo Comissário, o capi-
tão-tenente Cunha Gomes que cumpriu 
literalmente as ordens da Chancelaria bra-
sileira, reconhecendo os limites estabele-
cidos pelo Tratado. 
 
A primeira Expedição Boliviana 
 Reconhecida legalmente a fronteira Bra-
sil-Bolívia, o governo boliviano enviou pa-
ra o Alto Acre uma expedição militar 
composta por 30 praças, comandada pelo 
Major Benigno Gamarra. A precária situa-
ção econômica da Bolívia fez com o Pi-
quete Gamarra passasse inúmeras dificul-
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
6 
HISTÓRIA DO ACRE 
 dades, inclusive de alimentação. Apesar 
disso, em 12 de setembro de 1898, o Pi-
quete conseguiu chegar ao seringal Car-
men dirigindo-se logo depois à vila de Xa-
puri, onde anunciou que fundaria uma 
Delegação Nacional. Insatisfeitos com a 
nova situação alguns brasileiros, tendo a 
frente o Coronel da Guarda Nacional Ma-
nuel Felício Maciel, intimaram aos bolivia-
nos que se retirassem imediatamente dali 
o que acabou ocorrendo no dia 30 de no-
vembro de 1898. 
 
Os Cem dias de Paravicini 
 Nova investida boliviana aconteceu lo-
go no início do ano seguinte. Em 02 de 
janeiro de 1899 chegou ao Acre, por via 
fluvial vindo de Manaus, com a concor-
dância do governo brasileiro, o ministro 
Plenipotenciário Boliviano Dom José Pa-
ravicini que efetivamente instalou uma 
aduana e um povoado denominado Puer-
to Alonso, homenagem ao então Presi-
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
7 
HISTÓRIA DO ACRE 
 dente da Bolívia Severo Fernandez Alonso, 
em terras do Seringal Caquetá, pouco 
acima da famosa Linha Cunha Gomes. Pa-
ravicini exerceu sua autoridade de forma 
rígida e baixou sucessivos decretos, dentre 
os quais, o polêmico ato de abertura dos 
rios amazônicos ao comércio internacio-
nal, que feria profundamente a soberania 
brasileira. Além disso, passou a arrecadar 
grandes somas com os impostos sobre a 
borracha, a exigir a imediata demarcação 
dos seringais e a consequente regulariza-
ção das propriedades, até então registra-
das no Estado do Amazonas, causando 
temor aos habitantes dos altos rios acrea-
nos. 
 A revolta começava a tomar corpo en-
tre seringalistas e seringueiros brasileiros 
que não se conformavam em ter que 
obedecer a autoridades estrangeiras, en-
quanto multiplicavam-se as denúncias de 
violências cometidas contra brasileiros 
que se sentiam cada vez mais ameaçados 
em seus direitos. Com a partida do minis-
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
8 
HISTÓRIA DO ACRE 
 tro boliviano para Belém, depois dos cha-
mados , os acrea-
nos decidiram se unir para lutar contra a 
dominação boliviana. 
 
Insurreição Acreana - Junta Revo-
lucionária 
 Em 1º de maio de 1899 alguns seringa-
listas reunidos no Seringal Bom Destino, 
de Joaquim Vitor, sob a liderança do jor-
nalista José Carvalho decidiram que era 
chegada a hora de expulsar o delegado 
boliviano, Moisés Santivanez, que havia 
substituído Paravicini no comando de Pu-
erto Alonso. Intimadas a partir do Acre, as 
autoridades bolivianas em evidente inferi-
oridade numérica e militar não resistiram 
ao movimento revolucionário e partiram 
para Manaus. Mesmo sem o disparo de 
um tiro, estava iniciada oficialmente a Re-
volução Acreana com a assinatura de um 
manifesto por mais de 60 proprietários de 
seringais e outros profissionais que atua-
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
9 
HISTÓRIA DO ACRE 
 vam nesta região. Para dar direção ao mo-
vimento foi estabelecida uma Junta Cen-
tral Revolucionária. Pouco tempo depois, 
José Carvalho retornou para Manaus do-
ente de impaludismo. 
 
Interferência estrangeira 
 Luis Galvez, então repórter em Belém, 
descobriu e denunciou nos jornais para-
enses (03/06/1899) a existência de um 
acordo secreto estabelecido preliminar-
mente entre diplomatas da Bolívia e dos 
Estados Unidos da América que formaliza-
va uma aliança entre os dois países. Por 
esse acordo, em caso de guerra entre o 
Brasil e a Bolívia pelo domínio do Acre, os 
Estados Unidos apoiaria militarmente a 
Bolívia. A revelação desse acordo prelimi-
nar chocou a opinião pública brasileira, 
apesar (03/06/1899) das autoridades boli-
vianas e norte-americanas negar veemen-
temente as denúncias veiculadas pelos 
jornais. 
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
10 
HISTÓRIA DO ACRE 
 Seringueiros no Acre 
 Dois fatores se conjugaram na mesma 
época para que o território do Acre, na es-
fera da Amazônia boliviana, terminasse 
ocupado por milhares de seringueiros bra-
sileiros. O primeiro deles foi à explosão da 
demanda pela borracha em razão da ex-
pansão da indústria dos transportes que 
estava ocorrendo nos Estados Unidos co-mo na Europa nos finais do século XIX; o 
segundo, denominado de transumância 
amazônica, resultou da gravíssima seca 
que assolou o Estado do Ceará, entre 1877 
e 1880, situação que provocou uma mi-
gração em massa de trabalhadores que, 
reduzidos à miserabilidade, se deslocaram 
então para o interior da selva amazônica 
na busca de novos meios de sobrevivên-
cia. 
 
Ribeirinhos 
No curso dos anos de exploração da 
borracha e mesmo entre as crises, as mar-
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 gens dos rios do Acre estabeleceram-se os 
ribeirinhos, que constituíram comunida-
des organizadas a partir de unidade pro-
dutivas familiares que utilizam os rios co-
mo principal meio de transporte, de pro-
dução e de relações sociais. 
O ribeirinho, em sua maioria, e oriundo 
do Nordeste ou descende de pessoas da-
quela região. 
Destacamos que, com as agudas crises 
da borracha, muitos desses homens e suas 
famílias se fixaram nas margens dos rios, 
constituindo um tipo de população tradi-
cional com estilo próprio na qual o rio 
tornou-se um dos elementos centrais de 
sua identidade. 
Os produtores ribeirinhos desenvolvem 
uma economia de subsistência bastante 
diversificada, ao mesmo tempo adaptada 
e condicionada pelo meio ambiente, sem 
agredi-lo com praticas como queima e 
desmatamento da floresta. Por isso, sem-
pre estiveram junto com os seringueiros 
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
12 
HISTÓRIA DO ACRE 
 na organização e defesa dos direitos de 
ocupação das áreas onde viviam. 
 
A Província do Amazonas 
 A boa acolhida que o governo da então 
Província do Amazonas deu aos recém-
chegados não se deveu apenas aos princí-
pios humanitários. As sucessivas autorida-
des locais entenderam aquela invasão pa-
cífica dos cearenses escapados da seca 
em 1878 foram mais de onze mil - como 
uma benção devido à procura crescente 
pela borracha. Estimularam a que logo 
rumassem para os distantes seringais para 
os lados distantes da fronteira com a Bolí-
via, porque os sabiam pródigos em látex 
em razão da qualidade ex-
cepcional daquela terra. 
 Assim sendo, não demorou 
muito para que o governo do 
Amazonas se mostrasse co-
mo o principal interessado 
em integrar o território acre-
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
13 
HISTÓRIA DO ACRE 
 ano ao seu patrimônio, tendo contra si, 
em tal intento, não somente a Bolívia, co-
mo também o próprio governo brasileiro 
que temia as consequências de um emba-
te armado naqueles sítios remotíssimos. 
Seja como for, foi o empenho do estado 
do Amazonas quem proporcionou dire-
tamente apoio logístico para que mais 
tarde os seringueiros do Acre tivessem su-
cesso no seu afã autonomista. 
 
O Tratado de Tordesilhas 
 Após o descobrimento da América e do 
Brasil, a Espanha e Portugal ajustaram as 
suas desavenças territoriais no Novo 
Mundo, com a unção papal, com a linha 
Norte-Sul do Tratado de Tordesilhas. Por 
este tratado, como se sabe, o Brasil era 
constituído de menos da metade das ter-
ras que hoje possui. A região do Acre es-
tava completamente fora das terras então 
dominadas pelos portugueses. 
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
14 
HISTÓRIA DO ACRE 
 Foi graças às incursões dos bandeiran-
tes à procura de metais e pedras preciosas 
e à captura de índios que os brasileiros 
empurraram a fronteira estabelecida para 
oeste. Os bandeirantes do sudeste são de-
cantados em prosa e verso pelas suas pro-
ezas. 
 Fenômeno idêntico também se passou 
ao norte do país. Também foi a migração 
interna brasileira que ao povoar as terras 
não descobertas do extremo oeste mar-
cou a presença do Brasil naquelas regiões. 
Este deslocamento de brasileiros não des-
pertou a mesma consideração dada aos 
bandeirantes pela nação brasileira. 
 A Amazônia não despertava grande in-
teresse por parte da Espanha. Os primiti-
vos habitantes do Acre foram os índios 
(amoaca, arara, canamari e ipuriná). 
 
Território Boliviano 
 O estabelecimento dos limites entre as 
terras de Portugal e Espanha, com a ex-
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
15 
HISTÓRIA DO ACRE 
 pansão da fronteira para além da linha 
vertical do Tratado de Tordesilhas, passou 
a ser estabelecido pelos Tratados de Ma-
drid (1750) e de Santo Ildefonso (1777). 
 Até 1850, a região do Acre era conside-
Tierras no Dis-
cubiertas 860 expedições ex-
ploratórias descobriram o potencial da 
borracha, viabilizada por força da Revolu-
ção Industrial, em curso na Europa. 
 Em 1867, o Tratado de Ayacucho pas-
sou a estabelecer os limites entre o Brasil 
e a Bolívia, com desconhecimento da ge-
ografia local. Foi um tratado feito às cegas. 
As terras entre os rios Madeira e o Javari 
pertenceriam à Bolívia. Portanto, o Acre 
era território boliviano. 
 
Estado Independente do Acre 
 Depois de intensas negociações realiza-
das em Manaus Galvez viajou ao Acre 
com patrocínio do Governo do Amazonas 
e de seu encontro com os seringalistas da 
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
16 
HISTÓRIA DO ACRE 
 Junta Revolucionária surgiu à intenção de 
se fundar o Estado Independente do Acre, 
já que o governo brasileiro continuava re-
conhecendo os direitos bolivianos sobre o 
Acre. 
 Em 14 de julho de 1899 (data escolhida 
propositalmente por se tratar do aniversá-
rio da Queda da Bastilha, evento que mar-
cou o início da Revolução Francesa), foi 
criado o Estado Independente do Acre, 
com capital na Cidade do Acre (como pas-
sou a ser chamada Puerto Alonso) e Luis 
Galvez foi escolhido, por aclamação, co-
mo Presidente do novo país. Logo Galvez 
começou a organizar internamente o Acre 
e a expedir inúmeras correspondências 
para diversos países da Europa e da Amé-
rica para obter o reconhecimento interna-
cional do novo país. 
 A legislação que Galvez elaborou orga-
nizava a existência do novo país em seus 
diversos aspectos, desde a saúde até a 
educação passando pelas forças armadas. 
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
17 
HISTÓRIA DO ACRE 
 Porém, uma parte dessas leis, bastante 
avançadas para a época, prejudicava os 
interesses de alguns seringalistas, mas 
principalmente de aviadores e exportado-
res de Manaus e Belém. 
 Com o acirramento da oposição, Galvez 
foi deposto em 28 de dezembro de 1899, 
pelo seringalista Antônio de Souza Braga 
que assumiu a Presidência do Acre. Diante 
das dificuldades encontradas Braga não 
conseguiu equilibrar a situação acreana e 
chamou Galvez para reassumir o cargo 
em 30 de janeiro de 1900. A partir desses 
acontecimentos e da enorme polêmica 
nacional que se tornou à questão acreana, 
o governo federal mandou para o Acre 
uma força tarefa da marinha brasileira pa-
ra destituir Galvez e devolver o Acre ao 
domínio boliviano, o que aconteceu em 
15 de março de 1900, sem nenhuma resis-
tência por parte dos revolucionários. 
 
 
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
18 
HISTÓRIA DO ACRE 
 Expedição dos Poetas 
 Após a saída de Galvez do Acre restabe-
lecendo-se o domínio da Bolívia ao sul da 
linha Cunha Gomes limite com o Brasil, os 
impostos de importação de borracha pro-
duzida nos seringais de proprietários bra-
sileiros, situados em territórios bolivianos 
passaram a ser recolhidos pela alfândega 
boliviana, não mais pelo estado do Ama-
zonas implicando numa redução de uns 
três mil contos de reis em sua composição 
orçamentária, bem como em prejuízos fi-
nanceiros as casas aviadoras e ao comér-
cio em geral. 
 Em Manaus iniciou-se um movimento 
de protestos contra a ocupação do espaço 
do ex-Estado Independente do Acre pela 
Bolívia, organizado pela nata intelectual 
do estado,estudantes e políticos apoiados 
pelo povo e pelo governador Silvério José 
Néri, recém eleito. As manifestações pú-
blicas eram realizadas por intermédio de 
passeatas, comícios e artigos nos jornais. 
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
19 
HISTÓRIA DO ACRE 
 Foi fundado o Comitê Acreano para de-
fender os direitos dos brasileiros que con-
quistaram, desbravaram o Acre, nele habi-
tando transformando em um espaço ge-
rador de riquezas para o país. 
 Os paraenses aderiram ao movimento 
dispondo-se a cooperar com o Comitê. 
Este nos comícios de rua e pela imprensa 
concitava o povo a apoiar a rebelião e aos 
empresários o apoio financeiro a organi-
zação de uma expedição armada ao Acre. 
Em Belém-PA, o coronel Rodrigo de Car-
valho representante do comitê se empe-
nhava em conseguir a adesão dos empre-
sários e da imprensa ao movimento revo-
lucionário. Realizou um encontro presidi-
do pelo coronel Souza Braga com a pre-
sença do presidente da Associação Co-
mercial do Pará, José Marques Braga, jor-
nalista paraense atuante na imprensa do 
Rio de Janeiro, sendo redigida uma mo-
ção em nome do povo paraense manifes-
tando solidariedade aos patriotas que no 
 
 
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20 
HISTÓRIA DO ACRE 
 Acre sustentavam a honra e os brios brasi-
leiros. 
 E ao governo da União declarando con-
fiar patrioticamente, na sua enérgica inter-
ferência na pendência acreana para ga-
rantir os direitos que assistem aos 18.000 
cidadãos brasileiros que povoaram o Acre 
transformando-o em um polo produtivo 
gerador de rendas econômicas para o Bra-
sil, os quais reivindicam e lutam pela ma-
nutenção da integridade do território na-
cional. 
 O Coronel Rodrigo de Carvalho conse-
guiu reunir víveres e medicamentos em-
barcando-os no vapor Macuripe. Viajou à 
Manaus atendendo ao chamado dos che-
fes da Expedição Floriano Peixoto (Expedi-
ção dos poetas) chegando em 10 de no-
vembro de 1900, seus companheiros do 
comitê haviam fretado por onze contos de 
reis o vapor Solimões, neste embarcando 
um pequeno canhão, metralhadores, rifles, 
munições doados pelo governador, víve-
 
 
Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 
21 
HISTÓRIA DO ACRE 
 res e pequeno destacamento militar que 
Silvério Néri achou de bom alvitre juntar 
aos expedicionários. 
 Dia 15 de novembro os expedicionários 
durante a madrugada se apossaram de 
uma lancha boliviana a Alonso, carregada 
de material bélico prestes a seguir para o 
Acre. Mudaram seu nome para Rui Barbo-
sa e despacharam para um lugar seguro 
longe de Manaus para aguardar o navio 
Solimões. 
 Essa movimentação revolucionaria era 
também contra um Protocolo assinado 
em 30 de outubro de 1899 pelos ministros 
Olinto de Magalhães do Brasil e Salinas 
Vega da Bolívia relativo a verificação da 
exata posição das nascentes do rio Javari 
e a demarcação da fronteira pela linha ge-
odésica Beni\Javari, a priori sendo sabido 
ser favorável a Bolívia, em detrimentos as 
posses de bens que os acreanos julgavam 
serem de seus legítimos direitos. Liderava 
o comitê o jornalista Orlando Correia Lo-
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 pes ao lado de João Barreto Menezes, Efi-
gênio Sales, Epaminondas Jácomo. Arnal-
do Machado Vieira, Trajano Chacon, Vitor 
Francisco Gonçalves, Jose Maria dos San-
tos e outros intelectuais, tribunos e poetas 
tendo por conselheiros o coronel Rodrigo 
de Carvalho. 
 Dia 16 de novembro de 1900 a expedi-
ção cautelosamente saiu de Manaus. Os 
expedicionários chegaram dia 02 de de-
zembro a progressista cidade de Lábrea 
no rio Purus sendo entusiasticamente re-
cebidos. A noite promoveram uma reuni-
ão no auditório da intendência municipal 
com a participação das autoridades civis, 
militares e eclesiásticas, empresários, co-
merciantes e personalidades de destaque 
social, sendo-lhes exposto as finalidades 
da expedição e lhes pedido apoio. 
 Foi aclamado presidente do Estado In-
dependente do Acre o coronel Rodrigo de 
Carvalho, aceita a aclamação foi lavrado a 
ata do ocorrido, sendo assinada por todos 
 
 
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23 
HISTÓRIA DO ACRE 
 os presentes, a expedição saiu de Lábrea 
no dia seguinte, a bordo do Solimões re-
bocando a lancha Rui Barbosa, agora tor-
nada aviso-de-guerra, subindo o rio Purus, 
ao chegarem a foz do rio Acre foram in-
formados que os revolucionários concen-
traram em três locais: O batalhão coronel 
Rodrigo comandado por J. Xavier, no se-
ringal Bagaço, o batalhão Luiz Galvez co-
mandado Por Alexandre José da silva, no 
seringal Volta da Empresa e no seringal 
Bom destino o batalhão comandado por 
Luiz Caldas. 
 E que o engenheiro Gentil Noberto ar-
regimentava voluntários para atacar Puer-
to Alonso. Rodrigo de Carvalho achou a si-
tuação confusa por falta de um comando 
geral, determinou a Orlando Lopes que 
auto se intitulou comandante-chefe, se-
guir no aviso-de-guerra Rui Barbosa com 
a missão de encontrar o engenheiro Gentil 
Noberto e lhe oferecer o governo ditatori-
al, comandante supremo das forças revo-
lucionárias. Orlando partiu de imediato, 
 
 
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24 
HISTÓRIA DO ACRE 
 porém por conta própria deteve-se na ci-
dade de Floriano Peixoto mobilizando as 
autoridades a fim de obrigarem um co-
merciante a lhe entregar todos os rifles e 
munições existentes em sua loja. 
 Nessa pendenga o encontrou Rodrigo 
de Carvalho, dirimindo a contenda e lhe 
ordenando a cumprir a missão junto ao 
engenheiro Gentil, bem como se entender 
com o coronel Carneiro e dele saber com 
quantos homens dos seringais Bom Desti-
no Caquetá, eles poderiam contar. Orlan-
do prosseguiu a viagem. Às 9 horas da 
noite do mesmo dia em que havia saído 
de Floriano Peixoto, a lancha Rui Barbosa 
retornou trazendo correspondência de 
Orlando solicitando o envio do canhão e 
sua guarnição, ambulância e enfermeiros. 
Rodrigo de Carvalho decidiu não atender 
e colocar a lancha a reboque do Solimões. 
No dia 20 de dezembro às 10 horas da 
noite o Solimões atracou no seringal Espe-
rança, Orlando veio ao navio e comunicou 
 
 
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25 
HISTÓRIA DO ACRE 
 ao presidente que tudo estava combinado 
com o engenheiro Gentil. 
 No dia seguinte chegou o vapor Lábrea 
carregado de mercadorias para os bolivia-
nos de Puerto Alonso sendo preso por or-
dem do presidente Rodrigo, ato do qual 
discordou Orlando por achar ser de sua 
atribuição, na condição de comandante-
chefe. No dia 22 reuniu-se no Solimões o 
conselho de guerra com a presença do 
engenheiro Gentil, em clima de desacor-
dos e acusações mutuas sem planos e 
nem coordenação militares. Cada um ti-
nha seu plano julgando-o perfeito. 
 Ante a falta e consenso, Rodrigo renun-
ciou o cargo de presidente, propondo a 
constituição de uma junta governativa 
formada por gentil Noberto, Joaquim Vi-
tor, e mais um membro indicado pelos 
acreanos. A renúncia não foi aceita. No dia 
23 à noite Orlando foi ao camarote de Ro-
drigo que estava febril, para lhe comunicar 
 
 
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26 
HISTÓRIA DO ACRE 
 que o ataque a Puerto Alonso seria no dia 
seguinte (24). 
 O presidente ponderou ser prudente 
aguardar 48 horas pelas tropas de Manoel 
Felício Maciel e Luiz Caldas totalizando 
250 soldados. 
 O comandante-chefe não aceitou a su-
gestão e afoitamente junto com Gentil 
comandando 132 homens, na tarde do dia 
24 de dezembro atacaram Puerto Alonso 
defendido com disposição por denodados 
soldados orientados por competentes ofi-
ciais, impuseram uma desastrosa derrota 
aos poetas expedicionários, além dos 
mortos edos feridos, presentearam os bo-
livianos com o canhão e metralhadoras 
abandonadas na precipitada retirada. 
 Os derrotados recolheram-se em Ca-
quetá culpando-se mutuamente, todos in-
criminando o comandante-chefe Orlando, 
imperando a desordem anárquica. Na rea-
lidade todos queriam debandar rumo a 
Manaus. 
 
 
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27 
HISTÓRIA DO ACRE 
 Enquanto isso em Puerto Alonso, Dom 
André Muñoz, o tenente-coronel Pastor 
Baldivieso e vice-presidente Dom Peres 
Velezco, diante da situação de penúria 
com grande número de doentes com fe-
bre palustre e a falta de víveres alimentí-
cios, todos passando fome e mais o assé-
dio dos acreanos, decidiram evacuar a ci-
dade retirando-se para o rio Ortón na Bo-
lívia, porém foram salvos da derrota pela 
fome com a chegada de vários navios na 
manhã de 29 de dezembro, os quais abas-
teceram Puerto Alonso não só de gêneros 
alimentícios mas também com medica-
mentos, armas e munições. 
 
O Bolivian Syndicate 
 Finalmente, depois de tantos boatos e 
denúncias, foi assinado pela Bolívia o con-
trato de arrendamento do Acre com um 
sindicato formado por capitalistas norte-
americanos e ingleses, em 11 de julho de 
1901. Logo depois chegou ao Acre D. Lino 
 
 
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28 
HISTÓRIA DO ACRE 
 Romero, autoridade boliviana encarregada 
de preparar o Acre para o estabelecimento 
do Bolivian Syndicate que estava previsto 
para ser instalado em 02 de abril de 1902. 
Essa notícia repercutiu como uma bomba 
junto à opinião pública e aos meios políti-
cos nacionais. 
 O Bolivian Syndicate representava uma 
ameaça concreta e grave à soberania bra-
sileira sobre a Amazônia, o que forçou ao 
governo federal a finalmente se posicionar 
em relação à questão acreana de forma a 
impedir a efetiva instalação dessa Compa-
nhia Comercial que traria para o Imperia-
lismo Norte-americano o controle territo-
rial (e militar inclusive) de uma das regiões 
mais ricas da Amazônia. 
Plácido de Castro e a conquista do Acre 
 Ex-oficial do exército federalista, com-
batente veterano da Revolução de 1893 a 
1895 no Rio Grande do Sul, Plácido de 
Castro teve sua vida e sua fama ligada à 
Revolução Acreana de 1902 a 1903 contra 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 a Bolívia. Fato que conduziu primeiro a in-
dependência e depois a integração daque-
le território rico em seringais ao Brasil. O 
ímpeto vitorioso do caudilho Plácido, logo 
foi sucedido pela habilidade do chanceler 
Barão do Rio Branco. A pólvora deu lugar 
a diplomacia que, por meio do Tratado de 
Petrópolis, negociou com La Paz a absor-
ção definitiva do Acre. 
 
Revolução Acreana 
 Diante dos fracassos anteriores e da in-
decisão do governo federal, os seringalis-
tas insatisfeitos com a dominação bolivia-
na e temerosos das consequências do Bo-
livian Syndicate articularam uma nova re-
volta, novamente com financiamento do 
governo do Amazonas, para cujo coman-
do foi convidado um homem com experi-
ência militar. 
 Plácido de Castro, ao assumir a revolu-
ção preparou um exército de seringueiros 
(embora os oficiais fossem todos seringa-
 
 
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30 
HISTÓRIA DO ACRE 
 listas) e começou a luta em 6 de agosto de 
1902, em Xapuri. 
 A guerra entre o exército acreano e as 
forças regulares bolivianas foi dura e pas-
sou por momentos sangrentos, durando 
até 24 de janeiro de 1903, quando foi to-
mada Puerto Alonso, transformada então 
em Porto Acre. Mais uma vez foi declarado 
o Estado Independente do Acre, embora o 
objetivo final dos acreanos continuasse 
sendo obter a anexação do Acre ao Brasil. 
 
Tratado de Petrópolis 
 A mudança na presidência brasileira foi 
marcada por uma nova postura do gover-
no brasileiro em relação ao Acre. Enquan-
to Campos Sales (1898 / 1902) não quis 
envolver a problemática republica brasilei-
ra na questão acreana, o novo Presidente 
Rodrigues Alves (1902/1906) estabeleceu 
uma política oposta. Rio Branco, nomeado 
Ministro das Relações Exteriores, iniciou as 
negociações com a Bolívia que foram re-
 
 
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31 
HISTÓRIA DO ACRE 
 solvidas com o estabelecimento do Trata-
do de Petrópolis em 17 de novembro de 
1903. 
 
 Com isso o Acre passou a fazer parte 
do Brasil, restando ainda o problema com 
o Peru que só seria definitivamente resol-
vido em 8 de setembro de 1909 com a as-
sinatura do Tratado do Rio de Janeiro. 
 
O Território Federal do Acre 
 A partir de todos os acontecimentos 
acima descritos surgiu o Território Federal 
do Acre, uma nova identidade regional, 
perfeitamente identificada com a identi-
 
 
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32 
HISTÓRIA DO ACRE 
 dade nacional brasileira. Surgia, enfim, a 
sociedade acreana. 
 
O Movimento Autonomista Acreano 
 A luta da Revolução Acreana pela inde-
pendência e autonomia e o apelo dos 
nordestinos que aqui se instalaram para 
colher seringa no final do século XIV só vi-
eram produzir os resultados desejados 
sessenta anos após o início da revolução 
que conquistou a anexação ao Brasil. Há 
exatos 41 anos, o presidente da República 
João Goulart assinava em Brasília a Lei 
4.070, que elevou o território do Acre à 
categoria de Estado e o Acre conquistou a 
autonomia para escolher seus dirigentes, 
arrecadar impostos e estabelecer suas leis. 
 Até então, o Acre, mesmo tendo con-
quistado sem apoio do governo federal o 
direito de ser Brasil, ainda não tinha rece-
bido o prêmio merecido: a garantia de 
elaborar sua própria Constituição e muito 
menos eleger seus governantes. 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 O dia 15 de junho de 1962 é, sem som-
bra de dúvida, a segunda data mais impor-
tante da história deste Estado (a primeira é 
Seis de Agosto, o início da Revolução). Ho-
je, 41 anos após a assinatura da lei, a data 
ganha uma dimensão maior ainda com os 
novos rumos que o Estado do Acre (autô-
nomo) tomou rumo à autonomia econô-
mica. 
 O movimento dos autonomistas (no 
sentido mais amplo da palavra) começou 
antes mesmo da Revolução. Não acabou 
com o seu final, continuou após ela, e ain-
da seguiu mesmo depois da elevação a 
Estado. Após 41 anos de história, o Acre já 
entrou no caminho certo em busca de um 
novo processo de trabalho para completar 
os objetivos da Revolução de 1902. A Re-
volução Acreana e o movimento dos au-
tonomistas continuam até hoje no sangue 
do povo acreano e não vão sair enquanto 
não conseguirem tudo o que querem e 
merecem. 
 
 
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34 
HISTÓRIA DO ACRE 
 
O Estado do Acre 
 
 
 A partir de 1962 foi extinto o Território 
Federal do Acre e criado o Estado do Acre. 
Mesmo assim o Acre não conseguiu supe-
rar sua crônica deficiência infra-estrutural. 
Apesar de todas essas dificuldades a popu-
lação acreana permaneceu fiel às suas 
origens e tradição de lutas, edificando 
uma sociedade multiforme e definida por 
sua identidade amazônica. 
 
PRIMEIRA REVOLUÇÃO 
A República Independente do Acre 
 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 A partir daqui, dá-se início à fase efeti-
vamente revolucionária do Acre, após os 
esporádicos embates entre os interesses 
bolivianos e brasileiros. Para efeito deste 
texto, divide-se a história recente final 
do século XIX e no século XX em quatro 
grandes revoluções, como se observará a 
seguir. 
 Destaca-se, nesta quadra da história, 
espanhol Luiz Galvez Rodrigues de Aria. 
 Galvez estudou direito e serviu nas em-
baixadas da Espanha em Roma eBuenos 
Aires. Tinha vasta cultura, talento militar e 
administrativo. Tinha fama de mulheren-
go, envolvendo-se em grandes confusões 
por este motivo. Esteve em Buenos Aires e 
no Rio de Janeiro antes de sua ida para a 
Amazônia. 
 Galvez foi repórter jornalístico em Ma-
naus e Belém. Paradoxalmente foi tam-
bém funcionário do consulado da Bolívia 
nesta última cidade. 
 
 
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36 
HISTÓRIA DO ACRE 
 Por exercer essas funções, em junho de 
1899 ele descobre e denuncia a trama: A 
Bolívia receberia o auxílio dos Estados 
Unidos para incorporar o território do Acre 
ao dela. Em caso de guerra os EUA apoia-
riam militarmente a Bolívia. 
 A canhoneira americana Wilmington 
chegou mesmo a ser enviada para região, 
em missão de boa-vizinhança, sendo mui-
to bem recebida pelas autoridades e po-
pulações locais. Na realidade fez o seu pé-
riplo rio-acima para mostrar força e as se-
gundas intenções da Grande Nação do 
Norte. 
 A denúncia de Galvez aborta a transa-
ção. Os jornais do Rio de Janeiro alardei-
am a notícia que chocou a opinião pública 
brasileira. A Bolívia e os EUA negam as de-
núncias. 
 Galvez, em associação com o Governo 
da Província do Amazonas, que financia a 
expedição com cinquenta mil libras ester-
linas, organiza uma expedição para tomar 
 
 
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37 
HISTÓRIA DO ACRE 
 conta das terras em disputa. O fato de ser 
espanhol e aparentemente desvinculado 
do Governo do Amazonas foi fundamen-
tal, pois o governo federal não aprovava a 
empreitada. Assim o governo da província, 
envolvido totalmente no projeto, não se 
indispôs com o Governo Federal. 
 Campos Sales era o então Presidente do 
Brasil (1898/1902). 
 A expedição ao Acre, chefiada por Gal-
vez, era composta de 20 homens, 202 vo-
lumes (com 20 rifles), embarcados no va-
por Cidade do Pará (uma gaiola). 
 O Acre era então explorado pela Bolívia 
e abandonado pelas autoridades brasilei-
habitantes do Acre não pertencem à livre 
 
 Foi assim que proclamou a República 
Independente do Acre (nos territórios dos 
rios Acre, Purus e Iaco) em 14/07/1899. 
Galvez passou a ocupar o cargo de Presi-
dente e não de Imperador, como o ro-
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 mance relata. Sua capital passou a se 
chamar Cidade do Acre (novo nome de 
Puerto Alonzo). 
 A assim chamada República do Acre te-
ve mais sucesso no papel do que na reali-
dade. Planejava-se com detalhes sobre 
saúde, educação, forças armadas e até ti-
nha planos para instalação de telefones. 
Foi escrita uma Constituição e foram con-
vocadas eleições. 
 Enviaram-se cartas diplomáticas às na-
ções amigas, inclusive à República do Bra-
sil, solicitando reconhecimento do novo 
país. Tanto o Brasil como os EUA negaram 
tal reconhecimento. O autor deste texto 
não tem conhecimento se alguma nação 
o tenha feito. 
 O novo país começou sofrendo hostili-
dades de todas as partes: da Bolívia, de 
Manaus e Belém e do Rio de Janeiro. Co-
mo já disse, o Governador do Amazonas 
(Ramalho Jr.) na realidade estava em con-
luio com o Galvez: visavam criar uma si-
 
 
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39 
HISTÓRIA DO ACRE 
 tuação de fato para anexar o território ao 
Brasil e ao Estado do Amazonas. A partir 
das leituras realizadas admite-se que o re-
al interesse de Galvez era esse. A criação 
de uma República Independente foi um 
expediente estratégico para se chegar ao 
fim colimado. A história mostra o sucesso 
dessa trajetória. O que se pode discutir é 
se, de fato, isso estava nos planos do Gal-
vez. 
 A estratégia de reação da Bolívia para 
manter o território era invadir Mato Gros-
so ou contar com a intervenção dos EUA. 
 Galvez interrompe o fluxo de mercado-
rias e da borracha. Em vista da situação di-
fícil criada por esse embargo, em 
28/12/1899 o seringalista Antônio Souza 
Braga destitui Galvez. 
 Souza Braga, contudo, visava outro fim, 
Se o Brasil 
mandar um só homem fardado eu entre-
garei tudo isto. Aos bolivianos, porém, 
não
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 ficuldades e da inapetência do governo 
brasileiro. Galvez reassume em 
30/01/1900. 
 O Governo Federal manda força-tarefa 
da marinha brasileira para destituir Galvez 
e devolver o Acre ao domínio boliviano 
(15/03/1900). Não contou com resistência 
por parte dos revolucionários. Foi o fim da 
República Independente. 
 Galvez não era nem D. Quixote tam-
pouco Antônio Conselheiro. Sabia o que 
queria. O que, aliás, todos os brasileiros 
queriam. Somente o governo federal, diri-
gido pelo Sr. Campos Salles, era contrário 
a esses interesses. 
 
SEGUNDA REVOLUÇÃO 
A Revolução Acreana 
 A grande figura desse período é o mili-
tar gaúcho Plácido de Castro. Financiado 
também pelo governo do Amazonas, for-
mou um exército de seringueiros e de ofi-
ciais seringalistas. Seringueiro é o traba-
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 lhador que extrai a borracha. Seringalista o 
proprietário que explora a exploração. 
 A luta começou em 06/08/1902 - data 
nacional da Bolívia. Durou até 24/01/1903, 
quando foi tomado Puerto Alonzo, trans-
formada em Porto Acre. 
 Mais uma vez foi declarado o Estado In-
dependente do Acre, com o objetivo ago-
ra explícito de sua anexação ao Brasil. 
 Era tempo do Governo do Presidente 
Rodrigues Alves (1902/1906), no qual o Ba-
rão do Rio Branco exercia as funções de 
seu ministro do exterior. 
 Após as manobras militares vitoriosas, 
as discussões diplomáticas se seguiram. 
Em 17/11/1903 foi assinado o Tratado de 
Petrópolis que rezava a posse definitiva da 
região pelo Brasil em troca de áreas no 
Mato Grosso, pagamento de dois milhões 
de libras esterlinas à Bolívia, cento e pou-
cas mil libras ao Bolivian Syndicate e o 
comprometimento da construção da Es-
trada de Ferro Madeira-Mamoré. Outro li-
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 vro de Márcio Souza (Mad Maria) roman-
ceia este último acontecimento. 
 A seguir, o Tratado do Rio de Janeiro 
(08/09/1909) põe fim à questão dos limites 
com o Peru. 
 Nessas discussões foi invocada a figura 
jurídica do Utis Possidetis (posse produtiva 
do território). Os brasileiros de fato já do-
minavam a região. O autor acredita que 
esta mesma figura foi utilizada na Provín-
cia Cisplatina, território anteriormente per-
tencente ao Brasil, que passou a constituir 
a República Oriental do Uruguai. 
 Entre as reações contrárias à assinatura 
dos tratados com a Bolívia e Peru, desta-
cou-se a atuação de Rui Barbosa, secun-
dado por outros menos reconhecidos. 
 A região foi transformada em Território 
Federal do Acre. 
 
TERCEIRA REVOLUÇÃO 
 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 Este período é marcado pela liderança 
do Senador Guiomard (José Guiomard dos 
Santos), militar mineiro que foi governador 
nomeado pelo Governo Federal para ad-
ministração do Território. 
 Como território, o Acre viveu de 1904 a 
1962. Nesse período foram inúmeros os 
movimentos autonomistas, a saber, a re-
volta do Juruá (1910) e outras mais bran-
das: 1913, 1918, 1934, 1957, etc. 
 Em 1962, no governo João Goulart, se 
deu a criação do Estado do Acre. A partir 
daí a população pôde eleger sua bancada 
na Câmara Federal e no Senado Federal 
como qualquer outra unidade da Federa-
ção. Antes tinha poucos representantes. 
Como território, o Acre não se constituía 
uma unidade confederada da República. 
Não tinha autonomia. Seus mandatários 
eram designados pelo Governo Central, na 
maioria dos casos, sem mostrar maiorin-
teresse pela região, uma vez que cessado 
o período de seus mandatos voltavam pa-
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 ra a região originária. Não foi o caso do 
Senador Guiomard. Os orçamentos regio-
nais constituíam parte integrante do or-
çamento da União, o que implicava em 
dependência econômica e financeira. 
 Algumas particularidades do novo Esta-
do: seu território é maior do que o do Es-
pírito Santo e o do Rio de Janeiros juntos. 
Só em 1990 o Acre foi ligado por rodovias 
ao resto do Brasil: BR-Rio Branco-Porto 
Velho. Se não é o único trata-se de um 
dos poucos estados brasileiros em que to-
dos os governadores eleitos foram e são 
naturais do próprio estado. 
 
QUARTA REVOLUÇÃO 
 
 O grande personagem desta quadra é 
indubitavelmente Chico Mendes. É tempo 
da revolução ambiental, da defesa do tra-
balhador e da Amazônia brasileira. 
 Chico Mendes, seringueiro, organizador 
de sindicatos de trabalhadores locais, líder 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 dos empates com os seringalistas, reco-
nhecido internacionalmente antes de o 
ser nacionalmente, pregava o desenvolvi-
mento sustentado da região. Não necessa-
riamente a reforma agrária. Não dividir a 
terra, a floresta é que não pode ser privati-
zada. A luta da terra foi dando lugar à luta 
pelo meio ambiente. 
 Aqueles empates confronto entre os 
seringueiros e seringalistas se deu mais 
acentuadamente durante os governos mi-
litares. A política de ocupação do território 
levou a inúmeros proprietários do sul-
sudeste a se estabelecer na região, aca-
bando com as matas, para começar ativi-
dades pecuárias. Esses novos proprietários 
são ainda conhecidos no Estado pela de-
nominação de paulistas. 
 Sua expressão e liderança cresceu com 
o seu assassinato anunciado. Chico avisou 
por escrito à Polícia Federal, ao Juiz de Di-
reito, às autoridades constituídas da trama 
para a sua morte. Virou mártir. 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 Graças à atuação da população local o 
Acre só foi devastado em suas matas nu-
ma extensão de 5% do seu território. Ron-
dônia, Estado vizinho, tem mais de 70% de 
suas matas destruídas. 
 A Revolução ainda não acabou. Existe o 
compromisso de transformar não só o 
Acre, mas toda a Amazônia em uma terra 
onde todos, sem exceção índios, negros, 
brancos, seringueiros e ribeirinhos pos-
sam viver em harmonia com o meio-
ambiente, dentro de uma perspectiva de 
desenvolvimento humano e econômico 
sustentável e com justiça social. 
 A Senadora Marina da Silva, companhei-
ra política de Chico Mendes e sua substi-
tuta na liderança do movimento, hoje é 
Ministra do Meio Ambiente do Governo 
Federal. 
 
O xadrez diplomático e militar do Acre 
 Para fazer parte do território brasileiro, o 
Acre viveu uma saga diplomática e militar 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 que opôs Brasil e Bolívia e incluiu a parti-
cipação de uma empresa de capital multi-
nacional interessada no látex da região. 
Foi por intermédio da Questão do Acre e 
de outras questões de fronteiras, que o 
Brasil revelou seu diplomata-maior, o ba-
rão do Rio Branco. Aristocrata, agraciado 
pelo Império com o título de barão, José 
Maria da Silva Paranhos Júnior, foi o gran-
de símbolo da diplomacia da República. 
 O escritor Euclides da Cunha, que este-
ve na região acreana em 1905, a serviço 
do governo brasileiro, comenta em seu li-
vro À margem da História que o Acre era, 
por volta de 1870, uma vaga expressão 
geográfica tornando-se, no início do sécu-
lo XX, um lugar de cem mil almas ressusci-
tadas composta, principalmente, de nor-
destinos fugidos da seca nas décadas an-
teriores. Certamente havia algo mais de 
atrativo na vinda de uma leva imensa des-
ses homens para a Amazônia e para o 
Acre, que ia além da aridez do sertão. 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 Por que uma região que durante tanto 
tempo 
transformou-se, três décadas depois, em 
uma área de disputa armada e diplomática 
entre brasileiros e bolivianos? Do final do 
século XIX ao início do XX, todos comen-
tavam amiúde, nos principais salões di-
plomáticos e financeiros do mundo, A 
questão do Acre. Para compreender me-
lhor essa querela é necessário contar al-
gumas histórias sobre o processo de ocu-
pação da região. 
 A região da Amazônia acreana era rica 
em seringueiras (Hevea brasiliensis), de 
onde se extraía o látex, que já tinha suas 
propriedades elásticas conhecidas pelos 
indígenas antes mesmo da chegada dos 
exploradores portugueses e espanhóis à 
região. Com a descoberta do processo de 
vulcanização por Charles Goodyear, em 
1839, a borracha natural passou a ser fun-
damental na produção de vários artefatos 
engendrados pelo processo de industriali-
zação do final do século XIX, principal-
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 mente os de aplicação na então nascente 
indústria automobilística. 
 Assim, passou a ocorrer uma busca 
crescente por parte das indústrias euro-
péias e americanas pela matéria-prima, 
abundante na Amazônia, para onde ruma-
ram uma miríade de seres humanos e in-
teresses articulados às demandas do capi-
tal internacional. O boom foi tão espeta-
cular que, segundo o historiador amazo-
nense Artur Cézar Ferreira Reis, na obra O 
seringal e o seringueiro, em 1827 o Brasil 
exportava apenas 31 toneladas de borra-
cha natural; cinco décadas depois esse 
número subiu para 16 mil toneladas. 
 Embora o Tratado de Madri, arbitrado 
em 1750, tenha procurado regulamentar 
as possessões hispano-portuguesas nas 
Américas, o reino espanhol admitia, atra-
vés do Uti possidetis, a presença portu-
guesa na Amazônia. No caso da região do 
mítrofes, mas, tacitamente, a região era 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 reconhecida como pertencente à Bolívia. 
Esta, em 1825, adquiriu sua independência 
da possessão espanhola do Alto Peru. Po-
rém, as idas e vindas de outros acordos 
posteriores fizeram com que os limites 
continuassem imprecisos e provocassem 
dubiedades interpretativas. Com a cele-
bração do Tratado de Ayacucho, em 1867, 
a região do Acre foi reconhecida e ratifi-
cada, novamente, como pertencente à 
nação boliviana. No entanto, a Bolívia ti-
nha enormes dificuldades em se apossar 
da região acreana, que já era foco de atra-
ção para numerosos contingentes de bra-
sileiros, deslocados para esse novo Eldo-
rado com o objetivo de trabalhar na ex-
ploração do látex. 
 Somente em 1899, já com a forte pre-
sença de brasileiros em terras do Acre, é 
que a Bolívia instala um posto de controle 
fiscal no vilarejo de Puerto Alonso para a 
cobrança de impostos advindos da produ-
ção de borracha. A maior parte dessa pro-
dução era enviada, por via fluvial, até as 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 cidades de Manaus e Belém que, por sua 
vez, repassavam mercadorias e manti-
mentos para abastecer os vastos seringais. 
 Decorridos cinco meses da instalação 
do entreposto fiscal, o delegado boliviano 
Moisés Santivanez e os demais represen-
tantes do Estado boliviano foram expulsos 
de Puerto Alonso por brasileiros ligados à 
extração de seringa, atendendo às preten-
sões dos grandes proprietários de serin-
gais, sequiosos por manter o controle so-
bre as riquezas locais, liderados pelo ad-
vogado José de Carvalho, interlocutor dos 
interesses do estado do Amazonas, finan-
ciador do levante. Um mês depois, o es-
panhol Luiz Gálvez, também com o apoio 
do governo amazonense,proclamaria o 
Estado Independente do Acre, tornando-
se presidente da nova nação. Pouco tem-
po depois, em março de 1900, o governo 
brasileiro interviria para restabelecer os di-
reitos legais dos bolivianos sobre o Acre. 
 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 Companhia arrenda o Acre 
 Após esse incidente, o ministro plenipo-
tenciário da Bolívia, dom Félix Aramayo, 
que servia em Londres, viu a necessidade 
de uma presença mais vigorosa da nação 
boliviana na região. A saída pensada foi ar-
rendar o Acre para uma empresa de capi-
tal privado internacional, inspirado nas 
chamadas Chartered Company, modelo 
implantado nas colônias européias exis-
tentes na África e na Ásia. Dessa forma, o 
Acre passaria a ser administrado por uma 
companhia de capital estrangeiro que es-
tivesse interessada em arrendar o, então, 
território boliviano, ocupado, principal-
mente, por brasileiros. O modelo foi pen-
sado pela Bolívia como uma saída para 
que o país andino não perdesse a região 
do Acre. A empreitada de Félix Aramayo, 
inicialmente, não encontrou o sucesso es-
perado. Somente depois de muitos conta-
tos e articulações na Europa e nos EUA, foi 
criado, em 14 de julho de 1901, o Bolivian 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 Syndicate (syndicate, em inglês, tem o 
sentido de cartel e não de sindicato, como 
no Brasil), um conglomerado anglo-
americano com capital de 500 mil libras 
esterlinas, sediado na cidade de Nova 
York, que tinha como diretor Martin 
Conway. Entre os acionistas dessa charte-
red company encontrava-se até um sobri-
nho do presidente americano Franklin Ro-
osevelt, e a famosa firma Vanderbilt, como 
ressalta o historiador Leandro Tocantins 
na obra Formação Histórica do Acre. 
 O ponto principal do contrato era o ar-
rendamento, por 30 anos, da região acre-
ana, pelo qual 60% dos lucros da explora-
ção ficavam com a Bolívia e os 40% res-
tantes com o Bolivian Syndicate. Os lucros 
futuros viriam, principalmente, da cobran-
ça de impostos sobre a borracha produzi-
da nos seringais acreanos. Além disso, se-
ria assegurada ao cartel a faculdade do 
uso de força militar para garantir seus di-
reitos na região acreana, e a opção prefe-
 
 
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54 
HISTÓRIA DO ACRE 
 rencial de compra do território arrendado, 
se assim desejasse. 
 As discussões e as bases do acordo fo-
ram delineados meio às escondidas, para 
não melindrar o Brasil e o Peru, vizinhos 
fronteiriços, que tinham pendências de li-
mites territoriais com a Bolívia. Mesmo tu-
do isso ocorrendo nos bastidores diplo-
máticos, os rumores preocupantes do 
acordo circulavam junto aos representan-
tes peruanos e brasileiros nos EUA, Europa 
e Bolívia que, evidentemente, tinham inte-
resse no assunto. Depois de assinado, o 
contrato foi encaminhado para que o 
Congresso Nacional Boliviano aprovasse 
as cláusulas acordadas entre o ministro 
Félix Aramayo e os acionistas anglo-
americanos. No entanto, internamente, 
havia oposição ao acordo, com muitos 
parlamentares bolivianos se manifestando 
contrários ao documento, também co-
cipalmente, os adversários do ministro Fé-
 
 
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55 
HISTÓRIA DO ACRE 
 lix Aramayo, prestigiado diplomata e rico 
industrial. 
 Foi, então, criada no Congresso bolivia-
no, a Comissão de Fazenda e Indústria 
com o objetivo de analisar e dar um pare-
cer sobre o arrendamento contratual do 
Acre ao Bolivian Syndicate. Após as análi-
ses, uma das conclusões apontadas pelos 
membros da comissão foi que era impos-
sível à Bolívia conservar o território do 
Acre sem o aporte de capitais externos, 
pois faltava uma presença efetiva do Esta-
do boliviano e, também, uma base demo-
gráfica nacional na região onde a ocupa-
ção era, basicamente, de brasileiros. Esses 
fatores eram, ainda, intensificados pelas 
dificuldades encontradas pelos bolivianos 
para descer o altiplano até o vale amazô-
nico. Enfim, as dificuldades da Bolívia 
eram congênitas e enormes diante dos di-
lemas postos pela questão acreana. 
 O arrendamento parecia ser a saída 
menos ruim, como reporta um trecho do 
 
 
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56 
HISTÓRIA DO ACRE 
 relatório da comissão, citado por Leandro 
desgraciada-
mente em la actualidad no se ofrece nin-
guno otro medio, ni como probabilidad le-
jana
aprovado no dia 17 de dezembro de 1901, 
cinco meses depois da assinatura do con-
trato entre o governo boliviano e o Bolivi-
an Syndicate. 
 Além das já existentes querelas diplo-
máticas entre Brasil e Bolívia, a efetivação 
do acordo trazia a perspectiva clara da 
ntes 
do Bolivian Syndicate, isto é, o prenúncio 
da exaltação e acirramento entre aqueles 
que eram con
leiro, através dos diplomatas Joaquim Na-
buco (Roma/Londres), Joaquim F. de Assis 
Brasil (Washington) e Barão do Rio Branco 
(Berlim), empreendeu uma campanha pa-
ra desacreditar o Bolivian Syndicate junto 
a governos e grupos financeiros que po-
deriam vir a se associar ao cartel. 
 
 
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57 
HISTÓRIA DO ACRE 
 Com a nomeação do Barão do Rio 
Branco para o Ministério das Relações Ex-
teriores, em dezembro de 1902, o ex-
embaixador na Alemanha passou a articu-
lar de maneira mais incisiva uma solução 
ruptura do contrato com a companhia in-
ternacional. Após renhidos embates di-
plomáticos entre as partes envolvidas, o 
Bolivian Syndicate resolve, em fevereiro de 
1903, abdicar do contrato firmado com a 
Bolívia, ao ser indenizado pelo governo 
brasileiro em 114 mil libras esterlinas. 
 Contribuiu para esse desfecho o fato de 
quase um ano após o Congresso boliviano 
ter aprovado o acordo, terem se iniciado 
e bolivianos. Pelo lado brasileiro, atenden-
do aos propósitos formulados pelos gran-
des seringalistas, financiados pelo governo 
do Amazonas, que mantinha seus interes-
ses econômicos pela borracha extraída 
das florestas acreanas, o comando das 
operações de guerra estava a cargo do ex-
 
 
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58 
HISTÓRIA DO ACRE 
 militar gaúcho José Plácido de Castro: es-
te contava com uma força militar com-
posta por trabalhadores extrativistas (se-
ringueiros), a grande 
força ou sob o engodo de receberem re-
compensas materiais, incluindo a posse de 
seringais, caso saíssem vencedores do 
conflito. As evidências históricas e a situa-
ção de miséria em que ficaram os conhe-
ão Ac
apontam que tais recompensas nunca se 
efetivaram. 
 Após vários combates em que, no geral, 
os brasileiros saíram vitoriosos, em janeiro 
de 1903 o governo da República brasileira, 
temendo uma retomada dos conflitos, en-
viou para o Acre um destacamento militar 
comandado pelo general Olímpio da Sil-
e levar a questão para o âmbito diplomáti-
co. A partir do momento em que terminou 
o conflito armado entre brasileiros e boli-
vianos até a assinatura daquele que ficou 
conhecido com
 
 
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59 
HISTÓRIA DO ACRE 
 o Acre foi dividido em duas zonas admi-
nistrativas: o Acre Setentrional, governado 
pelo general Olímpio da Silveira e o Acre 
Meridional, governado por Plácido de Cas-
tro. 
 
O ciclo da borracha 
 O Ciclo da borracha constituiu uma 
parte importante da história econômica e 
social do Brasil, estando relacionado com 
a extração e comercialização da borracha. 
Este ciclo teve o seu centro na região 
amazônica, proporcionando grande ex-
pansão da colonização, atraindo riqueza e 
causando transformações culturais e soci-
ais, além de dar grande impulso às cidades 
de Manaus, Porto Velho e Belém, até hoje 
maiorescentros e capitais de seus Esta-
dos, Amazonas, Rondônia e Pará, respecti-
vamente. No mesmo período foi criado o 
Território Federal do Acre, atual Estado do 
Acre, cuja área foi adquirida da Bolívia por 
meio de uma compra por 2 milhões de li-
 
 
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60 
HISTÓRIA DO ACRE 
 bras esterlinas em 1903. O ciclo da borra-
cha viveu seu auge entre 1879 a 1912, ten-
do depois experimentado uma sobrevida 
entre 1942 e 1945 durante a II Guerra 
Mundial (1939-1945). 
A primeira fábrica de produtos de borra-
cha (ligas elásticas e suspensórios) surgiu 
na França, em Paris, no ano de 1803. Con-
tudo, o material ainda apresentava algu-
mas desvantagens: à temperatura ambi-
ente, a goma mostrava-se 
pegajosa. Com o aumento 
da temperatura, a goma fi-
cava ainda mais mole e pe-
gajosa, ao passo que a dimi-
nuição da temperatura era 
acompanhada do endureci-
mento e rigidez da borracha. 
 Foram os índios centro-americanos os 
primeiros a descobrir e fazer uso das pro-
priedades singulares da borracha natural. 
Entretanto, foi na floresta amazônica que 
de fato se desenvolveu a atividade da ex-
 
 
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61 
HISTÓRIA DO ACRE 
 tração da borracha, a partir da seringa ou 
seringueira (Hevea brasiliensis), uma árvo-
re que pertence à família das Euphorbia-
ceae, também conhecida como árvore da 
fortuna. 
 Do caule da seringueira é extraído um 
líquido branco, chamado látex, em cuja 
composição ocorre, em média, 35% de 
hidrocarbonetos, destacando-se o 2-
metil-1,3-butadieno (C5H8), comercial-
mente conhecido como isopreno, o mo-
nômero da borracha. 
 O látex é uma substância praticamente 
neutra, com pH 7,0 a 7,2. Mas, quando ex-
posta ao ar por um período de 12 a 24 
horas, o pH cai para 5,0 e sofre coagula-
ção espontânea, formando o polímero 
que é a borracha, representada por 
(C5H8)n, onde n é da ordem de 10.000 e 
apresenta massa molecular média de 600 
000 a 950 000 g/mol. 
 A borracha, assim obtida, possui des-
vantagens. Por exemplo, a exposição ao ar 
http://www.jornallivre.com.br/artigo/?p=PH
 
 
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62 
HISTÓRIA DO ACRE 
 provoca a mistura com outros materiais 
(detritos diversos), o que a torna perecível 
e putrefável, bem como pegajosa devido à 
influência da temperatura. Através de um 
tratamento industrial, eliminam-se do co-
águlo as impurezas e submete-se a borra-
cha resultante a um processo denomina-
do vulcanização, resultando a eliminação 
das propriedades indesejáveis. Torna-se 
assim imperecível, resistente a solventes e 
a variações de temperatura, adquirindo 
excelentes propriedades mecânicas e per-
dendo o caráter pegajoso. 
 
O primeiro ciclo da borracha - 
1879/1912 
 Durante os primeiros quatro séculos e 
meio do descobrimento, como não foram 
encontradas riquezas de ouro ou minerais 
preciosos na Amazônia, as populações da 
hileia brasileira viviam praticamente em 
isolamento, porque nem a coroa portu-
guesa e, posteriormente, nem o império 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 brasileiro conseguiram concretizar ações 
governamentais que incentivassem o pro-
gresso na região. Vivendo do extrativismo 
vegetal, a economia regional se desenvol-
veu por ciclos (Drogas do Sertão), acom-
panhando o interesse do mercado nos di-
versos recursos naturais da região. 
 O desenvolvimento tecnológico e a re-
volução industrial, na Europa, foram o es-
topim que fizeram da borracha natural, até 
então um produto exclusivo da Amazônia, 
um produto de muita procura, valorizado 
e de preço elevado, gerando lucros e divi-
dendos a quem quer que se aventurasse 
neste comércio. 
 Desde o início da segunda metade do 
século XIX, a borracha passou a exercer 
forte atração sobre empreendedores visi-
onários. A atividade extrativista do látex na 
Amazônia revelou-se de imediato muito 
lucrativa. A borracha natural logo conquis-
tou um lugar de destaque nas indústrias 
da Europa e da América do Norte, alcan-
 
 
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64 
HISTÓRIA DO ACRE 
 çando elevado preço. Isto fez com que di-
versas pessoas viessem ao Brasil na inten-
ção de conhecer a seringueira e os méto-
dos e processos de extração, a fim de ten-
tar também lucrar de alguma forma com 
esta riqueza. 
 A partir da extração da borracha surgi-
ram várias cidades e povoados, depois 
também transformados em cidades. Be-
lém e Manaus, que já existiam, passaram 
então por importante transformação e ur-
banização. Manaus foi a primeira cidade 
brasileira a ser urbanizada e a segunda a 
possuir energia elétrica - a primeira foi 
Campos dos Goytacazes, no Rio de Janei-
ro. 
 A ideia de construir uma ferrovia nas 
margens dos rios Madeira e Mamoré sur-
giu na Bolívia, em 1846. Como o país não 
tinha como escoar a produção de borra-
cha por seu território, era necessário criar 
alguma alternativa que possibilitasse ex-
 
 
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65 
HISTÓRIA DO ACRE 
 portar a borracha através do Oceano 
Atlântico. 
 
O ciclo da borracha justificou a construção da Estra-
da de Ferro Madeira-Mamoré 
 
 A ideia inicial optava pela via da nave-
gação fluvial, subindo o rio Mamoré em 
território boliviano e depois pelo rio Ma-
deira, no Brasil. Mas o percurso fluvial ti-
nha grandes obstáculos: vinte cachoeiras 
impediam a navegação. E foi aí que cogi-
tou-se a construção de uma estrada de 
ferro que cobrisse por terra o trecho pro-
blemático. 
 Em 1867, no Brasil, também visando en-
contrar algum meio que favorecesse o 
 
 
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66 
HISTÓRIA DO ACRE 
 transporte da borracha, os engenheiros 
José e Francisco Keller organizaram uma 
grande expedição, explorando a região das 
cachoeiras do rio Madeira para delimitar o 
melhor traçado, visando também a insta-
lação de uma ferrovia. 
 Embora a ideia da navegação fluvial fos-
se complicada, em 1869, o engenheiro es-
tadunidense George Earl Church obteve 
do governo da Bolívia a concessão para 
criar e explorar uma empresa de navega-
ção que ligasse os rios Mamoré e Madeira. 
Mas, não muito tempo depois, vendo as 
dificuldades reais desta empreitada, os 
planos foram definitivamente mudados 
para a construção de uma ferrovia. 
As negociações avançam e, ainda em 
1870, o mesmo Church recebe do gover-
no brasileiro a permissão para construir 
então uma ferrovia ao longo das cachoei-
ras do Rio Madeira. 
 
 
 
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67 
HISTÓRIA DO ACRE 
 Madeira-Mamoré, finalmente 
pronta. Mas para quê? 
 A ferrovia Madeira-Mamoré, também 
conhecida como Ferrovia do Diabo por ter 
causado a morte de cerca de seis mil tra-
balhadores (comenta a lenda que foi um 
trabalhador morto para cada dormente fi-
xado nos trilhos), foi encampada pelo me-
gaempresário estadunidense Percival Far-
quhar. A construção da ferrovia iniciou-se 
em 1907 durante o governo de Affonso 
Penna e foi um dos episódios mais signifi-
cativos da história da ocupação da Ama-
zônia, revelando a clara tentativa de inte-
grá-la ao mercado mundial através da 
comercialização da borracha. 
 Em 30 de abril de 1912 foi inaugurado o 
último trecho da estrada de ferro Madeira-
Mamoré. Tal ocasião registra a chegada do 
primeiro comboio à cidade de Guajará-
Mirim, fundada nessa mesma data. 
 Mas o destino da ferrovia que foi cons-
truída com o propósito principal de escoar 
 
 
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68 
HISTÓRIA DO ACRE 
 a borracha e outros produtos da região 
amazônica, tanto da Bolívia quanto do 
Brasil, para os portos do Atlântico, e que 
dizimara milharesde vidas, foi o pior pos-
sível. 
 Primeiro, porque o preço do látex caiu 
vertiginosamente no mercado mundial, 
inviabilizando o comércio da borracha da 
Amazônia. Depois, devido ao fato de que o 
transporte de outros produtos que poderia 
ser feito pela Madeira-Mamoré foi deslo-
cado para outras duas estradas de ferro 
(uma delas construída no Chile e outra na 
Argentina) e para o Canal do Panamá, que 
entrou em atividade em 15 de agosto de 
1914. 
 Alie-se a esta conjuntura o fator nature-
za: a própria floresta amazônica, com seu 
alto índice de precipitação pluviométrica, 
se encarregou de destruir trechos inteiros 
dos trilhos, aterros e pontes, tomando de 
volta para si grande parte do trajeto que o 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 homem insistira em abrir para construir a 
Madeira-Mamoré. 
 A ferrovia foi desativada parcialmente 
na década de 1930 e totalmente em 1972, 
ano em que foi inaugurada a Rodovia 
Transamazônica (BR-230). Atualmente, de 
um total de 364 quilômetros de extensão, 
restam apenas 7 quilômetros ativos, que 
são utilizados para fins turísticos. 
 A população rondoniense luta para que 
a tão sonhada revitalização da EFMM saia 
do papel, mas até à data 1º de dezembro 
de 2006 a obra ainda nem havia começa-
do. A falta de interesse dos órgãos públi-
cos, em especial das prefeituras, e a buro-
cracia impedem o projeto. 
 
Apogeu, requinte e luxo 
Os novos ricos de Manaus tornaram a 
cidade a capital mundial da venda de dia-
mantes. 
 Belém, capital do Estado do Pará, assim 
como Manaus, capital do Estado do Ama-
 
 
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70 
HISTÓRIA DO ACRE 
 zonas, eram na época consideradas cida-
des brasileiras das mais desenvolvidas e 
umas das mais prósperas do mundo, prin-
cipalmente Belém, não só pela sua posi-
ção estratégica - quase no litoral -, mas 
também porque sediava um maior núme-
ro de residências de seringalistas, casas 
bancárias e outras importantes instituições 
que Manaus. Ambas possuíam luz elétrica 
e sistema de água encanada e esgotos. Vi-
veram seu apogeu entre 1890 e 1920, go-
zando de tecnologias que outras cidades 
do sul e sudeste do Brasil ainda não pos-
suíam, tais como bondes elétricos, aveni-
das construídas sobre pântanos aterrados, 
além de edifícios imponentes e luxuosos, 
como o requintado Teatro Amazonas, o 
Palácio do Governo, o Mercado Municipal 
e o prédio da Alfândega, no caso de Ma-
naus, e o mercado de peixe, mercado de 
ferro, Teatro da Paz, corredores de man-
gueiras, diversos palacetes residenciais no 
caso de Belém, construídos em boa parte 
pelo intendente Antônio Lemos. 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 O Cinema Olympia, a mais antiga casa 
de exibição de filmes de Belém, conside-
rada uma das mais luxuosas e modernas 
de seu tempo, foi inaugurado em 21 de 
abril de 1912 no auge do cinema mudo in-
ternacional, pelos proprietários Antonio 
Martins e Carlos Augusto Teixeira, à Praça 
da República, esquina da Rua Macapá. 
 A construção desse espaço de cultura 
completava o quadrado, em cujos vértices 
situavam-se o Palace, Grande Hotel e o 
Teatro da Paz, local de Reunião da elite de 
Belém que, elegantemente trajados à mo-
da parisiense assistiam à inauguração ao 
som de acordes musicais, num ambiente 
esplendoroso, de bom gosto e de grande 
animação. A abertura teve como pano de 
fundo a Belle Époque, ao final do apogeu 
econômico propiciado pelo período da 
borracha e o final da intendência de Antô-
nio Lemos, grande transformador urbanis-
ta da cidade. 
 
 
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72 
HISTÓRIA DO ACRE 
 A influência europeia logo se fez notar 
em Manaus e Belém, na arquitetura das 
construções e no modo de viver, fazendo 
do século XIX a melhor fase econômica vi-
vida por ambas cidades. A Amazônia era 
responsável, nessa época, por quase 40% 
de toda a exportação brasileira. Os novos 
ricos de Manaus tornaram a cidade a capi-
tal mundial da venda de diamantes. Gra-
ças à borracha, a renda per capita de Ma-
naus era duas vezes superior à da região 
produtora de café (São Paulo, Rio de Ja-
neiro e Espírito Santo). 
 Moeda da borracha: libra esterlina: co-
mo forma de pagamento pela exportação 
da borracha, os seringalistas recebiam em 
libra esterlina (£), moeda do Reino Unido, 
que inclusive era a mesma que circulava 
em Manaus e Belém durante a Belle Épo-
que amazônica. 
http://www.jornallivre.com.br/artigo/?p=Caf%C3%A9
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 O fim do monopólio amazônico 
da borracha 
 A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, 
terminada em 1912, já chegava tarde. A 
Amazônia já estava perdendo a primazia 
do monopólio de produção da borracha 
porque os seringais plantados pelos ingle-
ses na Malásia, no Ceilão e na África tropi-
cal, com sementes oriundas da própria 
Amazônia, passaram a produzir látex com 
maior eficiência e produtividade. Conse-
quentemente, com custos menores e pre-
ço final menor, o que os fez assumir o 
controle do comércio mundial do produ-
to. 
 A borracha natural da Amazônia passou 
a ter um preço proibitivo no mercado 
mundial, tendo como reflexo imediato a 
estagnação da economia regional. A crise 
da borracha tornou-se ainda maior por-
que a falta de visão empresarial e gover-
namental resultou na ausência de alterna-
tivas que possibilitassem o desenvolvi-
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 mento regional, tendo como consequên-
cia imediata a estagnação também das ci-
dades. A falta não pode ser atribuída ape-
nas aos empresários tidos como barões da 
borracha e à classe dominante em geral, 
mas também ao governo e políticos que 
não incentivaram a criação de projetos 
administrativos que gerassem um plane-
jamento e um desenvolvimento sustenta-
do da atividade de extração do látex. 
 A Malásia, que investiu no plantio de se-
ringueiras e em técnicas de extração do 
látex, foi a principal responsável pela que-
da do monopólio brasileiro 
 Embora restando a ferrovia Madeira-
Mamoré e as cidades de Porto Velho e 
Guajará-Mirim como herança deste apo-
geu, a crise econômica provocada pelo 
término do ciclo da borracha deixou mar-
cas profundas em toda a região amazôni-
ca: queda na receita dos Estados, alto ín-
dice de desemprego, êxodo rural e urba-
no, sobrados e mansões completamente 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 abandonados, e, principalmente, completa 
falta de expectativas em relação ao futuro 
para os que insistiram em permanecer na 
região. 
 Os trabalhadores dos seringais, agora 
desprovidos da renda da extração, fixa-
ram-se na periferia de Manaus em busca 
de melhores condições de vida. Aí, por fal-
ta de habitação, iniciaram, a partir de 1920, 
a construção da cidade flutuante, gênero 
de moradia que se consolidaria na década 
de 1960. 
 O governo central do Brasil até criou 
um órgão com o objetivo de contornar a 
crise, chamado Superintendência de Defe-
sa da Borracha, mas esta superintendência 
foi ineficiente e não conseguiu garantir 
ganhos reais, sendo, por esta razão, desa-
tivada não muito tempo depois de sua cri-
ação. 
 A partir do final da década de 1920, 
Henry Ford, o pioneiro da indústria ameri-
cana de automóveis, empreendeu o culti-
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 vo de seringais na Amazônia criando 1927 
a cidade de Fordlândia e posteriormente 
(1934) Belterra, no Oeste do Pará, especi-
almente para este fim, com técnicas de 
cultivo e cuidados especiais, mas a inicia-
tiva não logrou êxito já que aplantação foi 
atacada por uma praga na folhagem co-
nhecida como mal-de-folhas, causada pe-
lo fungo Microcyclus ulei. 
 
O segundo ciclo da borracha - 
1942/1945 
 A Amazônia viveria outra vez o ciclo da 
borracha durante a Segunda Guerra Mun-
dial, embora por pouco tempo. Como for-
ças japonesas dominaram militarmente o 
Pacífico Sul nos primeiros meses de 1942 e 
invadiram também a Malásia, o controle 
dos seringais passou a estar nas mãos dos 
nipônicos, o que culminou na queda de 
97% da produção da borracha asiática. 
 Isto resultaria na implantação de mais 
alguns elementos, inclusive de infra-
 
 
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77 
HISTÓRIA DO ACRE 
 estrutura, apenas em Belém, desta vez por 
parte dos Estados Unidos. A exemplo dis-
so, temos o Banco de Crédito da Borracha, 
atual BASA; o Grande Hotel, luxuoso hotel 
construído em Belém em apenas 3 anos, 
onde hoje é o Hilton Hotel; o aeroporto de 
Belém; a base aérea de Belém; entre ou-
tros. 
A batalha da borracha 
 Com o alistamento de nordestinos, Ge-
túlio Vargas minimizou o problema da se-
ca do nordeste e ao mesmo tempo deu 
novo ânimo na colonização da Amazônia. 
Na ânsia de encontrar um caminho que 
resolvesse esse impasse e, mesmo, para 
suprir as Forças Aliadas da borracha então 
necessária para o material bélico, o gover-
no brasileiro fez um acordo com o gover-
no dos Estados Unidos (Acordos de Wa-
shington), que desencadeou uma opera-
ção em larga escala de extração de látex 
na Amazônia - operação que ficou conhe-
cida como a Batalha da borracha. 
 
 
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78 
HISTÓRIA DO ACRE 
 Como os seringais estavam abandona-
dos e não mais de 35 mil trabalhadores 
permaneciam na região, o grande desafio 
de Getúlio Vargas, então presidente do 
Brasil, era aumentar a produção anual de 
látex de 18 mil para 45 mil toneladas, co-
mo previa o acordo. Para isso seria neces-
sária a força braçal de 100 mil homens. 
 O alistamento compulsório em 1943 era 
feito pelo Serviço Especial de Mobilização 
de Trabalhadores para a Amazônia (SEM-
TA), com sede no Nordeste, em Fortaleza, 
criado pelo então Estado Novo. A escolha 
do nordeste como sede deveu-se essenci-
almente como resposta a uma seca devas-
tadora na região e à crise sem preceden-
tes que os camponeses da região enfren-
tavam. 
 Além do SEMTA, foram criados pelo go-
verno nesta época, visando a dar suporte à 
Batalha da borracha, a Superintendência 
para o Abastecimento do Vale da Amazô-
nia (Sava), o Serviço Especial de Saúde Pú-
 
 
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79 
HISTÓRIA DO ACRE 
 blica (Sesp) e o Serviço de Navegação da 
Amazônia e de Administração do Porto do 
Pará (Snapp). Criou-se ainda a instituição 
chamada Banco de Crédito da Borracha, 
que seria transformada, em 1950, no Ban-
co de Crédito da Amazônia. 
 O órgão internacional Rubber Deve-
lopment Corporation (RDC), financiado 
com capital dos industriais estaduniden-
ses, custeava as despesas do deslocamen-
to dos migrantes (conhecidos à época 
como brabos). O governo dos Estados 
Unidos pagava ao governo brasileiro cem 
dólares por cada trabalhador entregue na 
Amazônia. 
 
 O governo dos Estados Unidos pagava 
ao governo brasileiro cem dólares por ca-
da trabalhador entregue na Amazônia 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 Milhares de trabalhadores de várias re-
giões do Brasil foram compulsoriamente 
levados à escravidão por dívida e à morte 
por doenças para as quais não possuíam 
imunidade. Só do Nordeste foram para a 
Amazônia 54 mil trabalhadores, sendo 30 
mil deles apenas do Ceará. Esses novos 
seringueiros receberam a alcunha de "Sol-
dados da borracha", numa alusão clara de 
que o papel do seringueiro em suprir as 
fábricas nos EUA com borracha era tão 
importante quanto o de combater o regi-
me nazista com armas. 
 Manaus tinha, em 1849, cinco mil habi-
tantes, e, em meio século, cresceu para 70 
mil. Novamente a região experimentou a 
sensação de riqueza e de pujança. O di-
nheiro voltou a circular em Manaus, em 
Belém, em cidades e povoados vizinhos e 
a economia regional fortaleceu-se. 
 
 
 
 
 
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O kit básico 
 Cada migrante assinava um contrato 
com o SEMTA que previa um pequeno sa-
lário para o trabalhador durante a viagem 
até a Amazônia. Após a chegada, receberi-
am uma remuneração de 60% de todo ca-
pital que fosse obtido com a borracha. 
 Após recrutados, os voluntários ficavam 
acampados em alojamentos construídos 
para este fim, sob rígida vigilância militar, 
para depois seguirem até à Amazônia, 
numa viagem que podia demorar de 2 a 3 
meses. 
 
Um caminho sem volta 
 Mosquito, elemento transmissor da ma-
lária e da febre amarela, doenças que cau-
saram muitas mortes aos seringueiros. 
 Entretanto, para muitos trabalhadores, 
este foi um caminho sem volta. Cerca de 
30 mil seringueiros morreram abandona-
dos na Amazônia, depois de terem exauri-
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 do suas forças extraindo o ouro branco. 
Morriam de malária, febre amarela, hepati-
te e atacados por animais como onças, 
serpentes e escorpiões. O governo brasi-
leiro também não cumpriu a promessa de 
reconduzir os soldados da borracha de 
volta à sua terra no final da guerra, reco-
nhecidos como heróis e com aposentado-
ria equiparada à dos militares. Calcula-se 
que conseguiram voltar ao seu local de 
origem (a duras penas e por seus próprios 
meios) cerca de seis mil homens. 
 Mas quando chegavam tornavam-se 
escravos por dívida dos coronéis serin-
gueiros e morriam em consequência das 
doenças, da fome ou assassinados quando 
resistiam lembrando as regras do contrato 
com o governo. 
 
Amazônia imperial 
 No período em que ocorreu a Indepen-
dência do Brasil, em 1822, a Amazônia 
pertencia à Coroa portuguesa, como uma 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 unidade político-administrativa, ou seja, 
como uma colônia, dividida em duas capi-
tanias: Pará e Rio Negro, subordinadas à 
Província do Grão-Pará. A elevação do Es-
tado do Brasil à categoria de Reino Unido 
a Portugal e Algarves, em 1815, não modi-
ficou a estrutura política anterior. 
 O Grão-Pará só foi incorporado ao Brasil 
em 11 de agosto de 1823, quando as tro-
pas do almirante inglês John Pascoe 
Greenfel assassinaram vários paraenses, 
que, por sua vez, encontravam-se num 
conflito com os portugueses. 
 
As principais ocorrências desse 
período: 
A primeira viagem do navio a vapor 
com destino a Manaus. 
A criação das diretorias de Índios pelas 
quais as aldeias passavam a ser adminis-
tradas por diretores pagos com honras e 
graduações instituídas em 1845. 
 
 
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HISTÓRIA DO ACRE 
 A elevação da vila de Manaus para cida-
de de Nossa Senhora da Conceição da 
Barra de São José do Rio Negro, em 1848. 
 
A Navegação a Vapor 
 Antes da utilização do navio a vapor, as 
trocas comerciais entre Belém e Manaus 
eram feitas por 30 a 40 escunas de 15 to-
neladas e por cerca de duas mil canoas, 
num transporte que durava até dois me-
ses. 
 A navegação a vapor no rio Amazonas 
iniciou-se a partir de pressões internacio-
nais. A lei n° 3749, de 7 de dezembro de 
1866, autorizou a navegação internacional 
no rio Amazonas, Tocantins, Tapajós e o 
São Francisco. 
 A empresa de navegação de maior ex-
pressão era a de Mauá, mas havia peque-
nas empresas locais. 
 Alexandre Amorim criara a Companhia 
Fluvial do Alto Amazonas, obtendo o mo-
nopólio do Purus, do Madeira e rio Negro

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