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História do ACRE ACOMPANHE-NOS NAS REDES SOCIAIS 99999 2040 /cursosmaximoqi @cursosmaximoqi Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 2 HISTÓRIA DO ACRE Amigo concurseiro O Máximo QI disponibiliza o con- teúdo de História do Acre, com 35 questões de provas anteriores, visando complementar o material contido na apostila preparatória, num formato de leitura amigável para smartfone. Como parte do conteúdo extra, numa segunda etapa estaremos enca- minhando o conteúdo de História e Atualidades do Acre. Em breve, o Máximo QI estará dis- ponibilizando curso completo prepara- tório para Polícia Penal no formato EAD. Saiba mais, através do whatsapp 99999 2040. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 3 HISTÓRIA DO ACRE HISTÓRIA DO ACRE Povoamento As terras acreanas começaram a ser po- voadas em meados do século passado. Até 1850, os altos rios acreanos não pas- savam de "Tierras no Discubiertas", como assinalavam os mapas bolivianos da épo- ca. Somente a partir de 1860 começaram a ser realizadas expedições exploratórias que deram a conhecer todo o imenso po- tencial econômico que essa região apre- sentava, especialmente para a extração da borracha. Com isso, o povoamento das terras acreanas se deu muito rapidamente e de forma intensa, especialmente depois que a Revolução Industrial que se processava na Europa e Estados Unidos aumentou a de- manda pela borracha e a grande seca do sertão nordestino, em 1877/1878, disponi- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 4 HISTÓRIA DO ACRE bilizou milhares de trabalhadores nordes- tinos para trabalhar na extração do ouro negro (a borracha defumada). Em poucos anos, os altos rios acreanos estavam totalmente povoados por brasi- leiros de diversas origens que junto com as populações indígenas nativas da região compuseram um rico mosaico de culturas e etnias. O Surgimento da Questão do Acre Em 1895 foi nomeada uma Comissão Demarcatória encarregada de definir os limites entre Brasil e Bolívia de acordo com o estabelecido no Tratado de Ayacu- cho de 1867. O Chefe da delegação Brasi- leira, o Cel. Thaumaturgo de Azevedo, ao constatar a latitude da nascente do Javari, ponto inicial da linha divisória entre os dois países, percebeu que ficaria com a Bolívia uma grande região rica em látex, quase totalmente ocupada por brasileiros e denunciou ao governo federal, o prejuí- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 5 HISTÓRIA DO ACRE zo daí decorrente, já que o Brasil perderia o alto rio Acre, quase todo o Iaco e o Alto Purus. Infelizmente o ministro brasileiro não aceitou os argumentos de Thauma- turgo de Azevedo, que contrariado demi- tiu-se e denunciou o grave erro da diplo- macia brasileira na imprensa, dando ori- gem a uma intensa polêmica que mobili- zou a opinião pública nacional. Foi então nomeado como novo Comissário, o capi- tão-tenente Cunha Gomes que cumpriu literalmente as ordens da Chancelaria bra- sileira, reconhecendo os limites estabele- cidos pelo Tratado. A primeira Expedição Boliviana Reconhecida legalmente a fronteira Bra- sil-Bolívia, o governo boliviano enviou pa- ra o Alto Acre uma expedição militar composta por 30 praças, comandada pelo Major Benigno Gamarra. A precária situa- ção econômica da Bolívia fez com o Pi- quete Gamarra passasse inúmeras dificul- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 6 HISTÓRIA DO ACRE dades, inclusive de alimentação. Apesar disso, em 12 de setembro de 1898, o Pi- quete conseguiu chegar ao seringal Car- men dirigindo-se logo depois à vila de Xa- puri, onde anunciou que fundaria uma Delegação Nacional. Insatisfeitos com a nova situação alguns brasileiros, tendo a frente o Coronel da Guarda Nacional Ma- nuel Felício Maciel, intimaram aos bolivia- nos que se retirassem imediatamente dali o que acabou ocorrendo no dia 30 de no- vembro de 1898. Os Cem dias de Paravicini Nova investida boliviana aconteceu lo- go no início do ano seguinte. Em 02 de janeiro de 1899 chegou ao Acre, por via fluvial vindo de Manaus, com a concor- dância do governo brasileiro, o ministro Plenipotenciário Boliviano Dom José Pa- ravicini que efetivamente instalou uma aduana e um povoado denominado Puer- to Alonso, homenagem ao então Presi- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 7 HISTÓRIA DO ACRE dente da Bolívia Severo Fernandez Alonso, em terras do Seringal Caquetá, pouco acima da famosa Linha Cunha Gomes. Pa- ravicini exerceu sua autoridade de forma rígida e baixou sucessivos decretos, dentre os quais, o polêmico ato de abertura dos rios amazônicos ao comércio internacio- nal, que feria profundamente a soberania brasileira. Além disso, passou a arrecadar grandes somas com os impostos sobre a borracha, a exigir a imediata demarcação dos seringais e a consequente regulariza- ção das propriedades, até então registra- das no Estado do Amazonas, causando temor aos habitantes dos altos rios acrea- nos. A revolta começava a tomar corpo en- tre seringalistas e seringueiros brasileiros que não se conformavam em ter que obedecer a autoridades estrangeiras, en- quanto multiplicavam-se as denúncias de violências cometidas contra brasileiros que se sentiam cada vez mais ameaçados em seus direitos. Com a partida do minis- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 8 HISTÓRIA DO ACRE tro boliviano para Belém, depois dos cha- mados , os acrea- nos decidiram se unir para lutar contra a dominação boliviana. Insurreição Acreana - Junta Revo- lucionária Em 1º de maio de 1899 alguns seringa- listas reunidos no Seringal Bom Destino, de Joaquim Vitor, sob a liderança do jor- nalista José Carvalho decidiram que era chegada a hora de expulsar o delegado boliviano, Moisés Santivanez, que havia substituído Paravicini no comando de Pu- erto Alonso. Intimadas a partir do Acre, as autoridades bolivianas em evidente inferi- oridade numérica e militar não resistiram ao movimento revolucionário e partiram para Manaus. Mesmo sem o disparo de um tiro, estava iniciada oficialmente a Re- volução Acreana com a assinatura de um manifesto por mais de 60 proprietários de seringais e outros profissionais que atua- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 9 HISTÓRIA DO ACRE vam nesta região. Para dar direção ao mo- vimento foi estabelecida uma Junta Cen- tral Revolucionária. Pouco tempo depois, José Carvalho retornou para Manaus do- ente de impaludismo. Interferência estrangeira Luis Galvez, então repórter em Belém, descobriu e denunciou nos jornais para- enses (03/06/1899) a existência de um acordo secreto estabelecido preliminar- mente entre diplomatas da Bolívia e dos Estados Unidos da América que formaliza- va uma aliança entre os dois países. Por esse acordo, em caso de guerra entre o Brasil e a Bolívia pelo domínio do Acre, os Estados Unidos apoiaria militarmente a Bolívia. A revelação desse acordo prelimi- nar chocou a opinião pública brasileira, apesar (03/06/1899) das autoridades boli- vianas e norte-americanas negar veemen- temente as denúncias veiculadas pelos jornais. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 10 HISTÓRIA DO ACRE Seringueiros no Acre Dois fatores se conjugaram na mesma época para que o território do Acre, na es- fera da Amazônia boliviana, terminasse ocupado por milhares de seringueiros bra- sileiros. O primeiro deles foi à explosão da demanda pela borracha em razão da ex- pansão da indústria dos transportes que estava ocorrendo nos Estados Unidos co-mo na Europa nos finais do século XIX; o segundo, denominado de transumância amazônica, resultou da gravíssima seca que assolou o Estado do Ceará, entre 1877 e 1880, situação que provocou uma mi- gração em massa de trabalhadores que, reduzidos à miserabilidade, se deslocaram então para o interior da selva amazônica na busca de novos meios de sobrevivên- cia. Ribeirinhos No curso dos anos de exploração da borracha e mesmo entre as crises, as mar- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 11 HISTÓRIA DO ACRE gens dos rios do Acre estabeleceram-se os ribeirinhos, que constituíram comunida- des organizadas a partir de unidade pro- dutivas familiares que utilizam os rios co- mo principal meio de transporte, de pro- dução e de relações sociais. O ribeirinho, em sua maioria, e oriundo do Nordeste ou descende de pessoas da- quela região. Destacamos que, com as agudas crises da borracha, muitos desses homens e suas famílias se fixaram nas margens dos rios, constituindo um tipo de população tradi- cional com estilo próprio na qual o rio tornou-se um dos elementos centrais de sua identidade. Os produtores ribeirinhos desenvolvem uma economia de subsistência bastante diversificada, ao mesmo tempo adaptada e condicionada pelo meio ambiente, sem agredi-lo com praticas como queima e desmatamento da floresta. Por isso, sem- pre estiveram junto com os seringueiros Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 12 HISTÓRIA DO ACRE na organização e defesa dos direitos de ocupação das áreas onde viviam. A Província do Amazonas A boa acolhida que o governo da então Província do Amazonas deu aos recém- chegados não se deveu apenas aos princí- pios humanitários. As sucessivas autorida- des locais entenderam aquela invasão pa- cífica dos cearenses escapados da seca em 1878 foram mais de onze mil - como uma benção devido à procura crescente pela borracha. Estimularam a que logo rumassem para os distantes seringais para os lados distantes da fronteira com a Bolí- via, porque os sabiam pródigos em látex em razão da qualidade ex- cepcional daquela terra. Assim sendo, não demorou muito para que o governo do Amazonas se mostrasse co- mo o principal interessado em integrar o território acre- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 13 HISTÓRIA DO ACRE ano ao seu patrimônio, tendo contra si, em tal intento, não somente a Bolívia, co- mo também o próprio governo brasileiro que temia as consequências de um emba- te armado naqueles sítios remotíssimos. Seja como for, foi o empenho do estado do Amazonas quem proporcionou dire- tamente apoio logístico para que mais tarde os seringueiros do Acre tivessem su- cesso no seu afã autonomista. O Tratado de Tordesilhas Após o descobrimento da América e do Brasil, a Espanha e Portugal ajustaram as suas desavenças territoriais no Novo Mundo, com a unção papal, com a linha Norte-Sul do Tratado de Tordesilhas. Por este tratado, como se sabe, o Brasil era constituído de menos da metade das ter- ras que hoje possui. A região do Acre es- tava completamente fora das terras então dominadas pelos portugueses. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 14 HISTÓRIA DO ACRE Foi graças às incursões dos bandeiran- tes à procura de metais e pedras preciosas e à captura de índios que os brasileiros empurraram a fronteira estabelecida para oeste. Os bandeirantes do sudeste são de- cantados em prosa e verso pelas suas pro- ezas. Fenômeno idêntico também se passou ao norte do país. Também foi a migração interna brasileira que ao povoar as terras não descobertas do extremo oeste mar- cou a presença do Brasil naquelas regiões. Este deslocamento de brasileiros não des- pertou a mesma consideração dada aos bandeirantes pela nação brasileira. A Amazônia não despertava grande in- teresse por parte da Espanha. Os primiti- vos habitantes do Acre foram os índios (amoaca, arara, canamari e ipuriná). Território Boliviano O estabelecimento dos limites entre as terras de Portugal e Espanha, com a ex- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 15 HISTÓRIA DO ACRE pansão da fronteira para além da linha vertical do Tratado de Tordesilhas, passou a ser estabelecido pelos Tratados de Ma- drid (1750) e de Santo Ildefonso (1777). Até 1850, a região do Acre era conside- Tierras no Dis- cubiertas 860 expedições ex- ploratórias descobriram o potencial da borracha, viabilizada por força da Revolu- ção Industrial, em curso na Europa. Em 1867, o Tratado de Ayacucho pas- sou a estabelecer os limites entre o Brasil e a Bolívia, com desconhecimento da ge- ografia local. Foi um tratado feito às cegas. As terras entre os rios Madeira e o Javari pertenceriam à Bolívia. Portanto, o Acre era território boliviano. Estado Independente do Acre Depois de intensas negociações realiza- das em Manaus Galvez viajou ao Acre com patrocínio do Governo do Amazonas e de seu encontro com os seringalistas da Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 16 HISTÓRIA DO ACRE Junta Revolucionária surgiu à intenção de se fundar o Estado Independente do Acre, já que o governo brasileiro continuava re- conhecendo os direitos bolivianos sobre o Acre. Em 14 de julho de 1899 (data escolhida propositalmente por se tratar do aniversá- rio da Queda da Bastilha, evento que mar- cou o início da Revolução Francesa), foi criado o Estado Independente do Acre, com capital na Cidade do Acre (como pas- sou a ser chamada Puerto Alonso) e Luis Galvez foi escolhido, por aclamação, co- mo Presidente do novo país. Logo Galvez começou a organizar internamente o Acre e a expedir inúmeras correspondências para diversos países da Europa e da Amé- rica para obter o reconhecimento interna- cional do novo país. A legislação que Galvez elaborou orga- nizava a existência do novo país em seus diversos aspectos, desde a saúde até a educação passando pelas forças armadas. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 17 HISTÓRIA DO ACRE Porém, uma parte dessas leis, bastante avançadas para a época, prejudicava os interesses de alguns seringalistas, mas principalmente de aviadores e exportado- res de Manaus e Belém. Com o acirramento da oposição, Galvez foi deposto em 28 de dezembro de 1899, pelo seringalista Antônio de Souza Braga que assumiu a Presidência do Acre. Diante das dificuldades encontradas Braga não conseguiu equilibrar a situação acreana e chamou Galvez para reassumir o cargo em 30 de janeiro de 1900. A partir desses acontecimentos e da enorme polêmica nacional que se tornou à questão acreana, o governo federal mandou para o Acre uma força tarefa da marinha brasileira pa- ra destituir Galvez e devolver o Acre ao domínio boliviano, o que aconteceu em 15 de março de 1900, sem nenhuma resis- tência por parte dos revolucionários. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 18 HISTÓRIA DO ACRE Expedição dos Poetas Após a saída de Galvez do Acre restabe- lecendo-se o domínio da Bolívia ao sul da linha Cunha Gomes limite com o Brasil, os impostos de importação de borracha pro- duzida nos seringais de proprietários bra- sileiros, situados em territórios bolivianos passaram a ser recolhidos pela alfândega boliviana, não mais pelo estado do Ama- zonas implicando numa redução de uns três mil contos de reis em sua composição orçamentária, bem como em prejuízos fi- nanceiros as casas aviadoras e ao comér- cio em geral. Em Manaus iniciou-se um movimento de protestos contra a ocupação do espaço do ex-Estado Independente do Acre pela Bolívia, organizado pela nata intelectual do estado,estudantes e políticos apoiados pelo povo e pelo governador Silvério José Néri, recém eleito. As manifestações pú- blicas eram realizadas por intermédio de passeatas, comícios e artigos nos jornais. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 19 HISTÓRIA DO ACRE Foi fundado o Comitê Acreano para de- fender os direitos dos brasileiros que con- quistaram, desbravaram o Acre, nele habi- tando transformando em um espaço ge- rador de riquezas para o país. Os paraenses aderiram ao movimento dispondo-se a cooperar com o Comitê. Este nos comícios de rua e pela imprensa concitava o povo a apoiar a rebelião e aos empresários o apoio financeiro a organi- zação de uma expedição armada ao Acre. Em Belém-PA, o coronel Rodrigo de Car- valho representante do comitê se empe- nhava em conseguir a adesão dos empre- sários e da imprensa ao movimento revo- lucionário. Realizou um encontro presidi- do pelo coronel Souza Braga com a pre- sença do presidente da Associação Co- mercial do Pará, José Marques Braga, jor- nalista paraense atuante na imprensa do Rio de Janeiro, sendo redigida uma mo- ção em nome do povo paraense manifes- tando solidariedade aos patriotas que no Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 20 HISTÓRIA DO ACRE Acre sustentavam a honra e os brios brasi- leiros. E ao governo da União declarando con- fiar patrioticamente, na sua enérgica inter- ferência na pendência acreana para ga- rantir os direitos que assistem aos 18.000 cidadãos brasileiros que povoaram o Acre transformando-o em um polo produtivo gerador de rendas econômicas para o Bra- sil, os quais reivindicam e lutam pela ma- nutenção da integridade do território na- cional. O Coronel Rodrigo de Carvalho conse- guiu reunir víveres e medicamentos em- barcando-os no vapor Macuripe. Viajou à Manaus atendendo ao chamado dos che- fes da Expedição Floriano Peixoto (Expedi- ção dos poetas) chegando em 10 de no- vembro de 1900, seus companheiros do comitê haviam fretado por onze contos de reis o vapor Solimões, neste embarcando um pequeno canhão, metralhadores, rifles, munições doados pelo governador, víve- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 21 HISTÓRIA DO ACRE res e pequeno destacamento militar que Silvério Néri achou de bom alvitre juntar aos expedicionários. Dia 15 de novembro os expedicionários durante a madrugada se apossaram de uma lancha boliviana a Alonso, carregada de material bélico prestes a seguir para o Acre. Mudaram seu nome para Rui Barbo- sa e despacharam para um lugar seguro longe de Manaus para aguardar o navio Solimões. Essa movimentação revolucionaria era também contra um Protocolo assinado em 30 de outubro de 1899 pelos ministros Olinto de Magalhães do Brasil e Salinas Vega da Bolívia relativo a verificação da exata posição das nascentes do rio Javari e a demarcação da fronteira pela linha ge- odésica Beni\Javari, a priori sendo sabido ser favorável a Bolívia, em detrimentos as posses de bens que os acreanos julgavam serem de seus legítimos direitos. Liderava o comitê o jornalista Orlando Correia Lo- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 22 HISTÓRIA DO ACRE pes ao lado de João Barreto Menezes, Efi- gênio Sales, Epaminondas Jácomo. Arnal- do Machado Vieira, Trajano Chacon, Vitor Francisco Gonçalves, Jose Maria dos San- tos e outros intelectuais, tribunos e poetas tendo por conselheiros o coronel Rodrigo de Carvalho. Dia 16 de novembro de 1900 a expedi- ção cautelosamente saiu de Manaus. Os expedicionários chegaram dia 02 de de- zembro a progressista cidade de Lábrea no rio Purus sendo entusiasticamente re- cebidos. A noite promoveram uma reuni- ão no auditório da intendência municipal com a participação das autoridades civis, militares e eclesiásticas, empresários, co- merciantes e personalidades de destaque social, sendo-lhes exposto as finalidades da expedição e lhes pedido apoio. Foi aclamado presidente do Estado In- dependente do Acre o coronel Rodrigo de Carvalho, aceita a aclamação foi lavrado a ata do ocorrido, sendo assinada por todos Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 23 HISTÓRIA DO ACRE os presentes, a expedição saiu de Lábrea no dia seguinte, a bordo do Solimões re- bocando a lancha Rui Barbosa, agora tor- nada aviso-de-guerra, subindo o rio Purus, ao chegarem a foz do rio Acre foram in- formados que os revolucionários concen- traram em três locais: O batalhão coronel Rodrigo comandado por J. Xavier, no se- ringal Bagaço, o batalhão Luiz Galvez co- mandado Por Alexandre José da silva, no seringal Volta da Empresa e no seringal Bom destino o batalhão comandado por Luiz Caldas. E que o engenheiro Gentil Noberto ar- regimentava voluntários para atacar Puer- to Alonso. Rodrigo de Carvalho achou a si- tuação confusa por falta de um comando geral, determinou a Orlando Lopes que auto se intitulou comandante-chefe, se- guir no aviso-de-guerra Rui Barbosa com a missão de encontrar o engenheiro Gentil Noberto e lhe oferecer o governo ditatori- al, comandante supremo das forças revo- lucionárias. Orlando partiu de imediato, Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 24 HISTÓRIA DO ACRE porém por conta própria deteve-se na ci- dade de Floriano Peixoto mobilizando as autoridades a fim de obrigarem um co- merciante a lhe entregar todos os rifles e munições existentes em sua loja. Nessa pendenga o encontrou Rodrigo de Carvalho, dirimindo a contenda e lhe ordenando a cumprir a missão junto ao engenheiro Gentil, bem como se entender com o coronel Carneiro e dele saber com quantos homens dos seringais Bom Desti- no Caquetá, eles poderiam contar. Orlan- do prosseguiu a viagem. Às 9 horas da noite do mesmo dia em que havia saído de Floriano Peixoto, a lancha Rui Barbosa retornou trazendo correspondência de Orlando solicitando o envio do canhão e sua guarnição, ambulância e enfermeiros. Rodrigo de Carvalho decidiu não atender e colocar a lancha a reboque do Solimões. No dia 20 de dezembro às 10 horas da noite o Solimões atracou no seringal Espe- rança, Orlando veio ao navio e comunicou Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 25 HISTÓRIA DO ACRE ao presidente que tudo estava combinado com o engenheiro Gentil. No dia seguinte chegou o vapor Lábrea carregado de mercadorias para os bolivia- nos de Puerto Alonso sendo preso por or- dem do presidente Rodrigo, ato do qual discordou Orlando por achar ser de sua atribuição, na condição de comandante- chefe. No dia 22 reuniu-se no Solimões o conselho de guerra com a presença do engenheiro Gentil, em clima de desacor- dos e acusações mutuas sem planos e nem coordenação militares. Cada um ti- nha seu plano julgando-o perfeito. Ante a falta e consenso, Rodrigo renun- ciou o cargo de presidente, propondo a constituição de uma junta governativa formada por gentil Noberto, Joaquim Vi- tor, e mais um membro indicado pelos acreanos. A renúncia não foi aceita. No dia 23 à noite Orlando foi ao camarote de Ro- drigo que estava febril, para lhe comunicar Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 26 HISTÓRIA DO ACRE que o ataque a Puerto Alonso seria no dia seguinte (24). O presidente ponderou ser prudente aguardar 48 horas pelas tropas de Manoel Felício Maciel e Luiz Caldas totalizando 250 soldados. O comandante-chefe não aceitou a su- gestão e afoitamente junto com Gentil comandando 132 homens, na tarde do dia 24 de dezembro atacaram Puerto Alonso defendido com disposição por denodados soldados orientados por competentes ofi- ciais, impuseram uma desastrosa derrota aos poetas expedicionários, além dos mortos edos feridos, presentearam os bo- livianos com o canhão e metralhadoras abandonadas na precipitada retirada. Os derrotados recolheram-se em Ca- quetá culpando-se mutuamente, todos in- criminando o comandante-chefe Orlando, imperando a desordem anárquica. Na rea- lidade todos queriam debandar rumo a Manaus. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 27 HISTÓRIA DO ACRE Enquanto isso em Puerto Alonso, Dom André Muñoz, o tenente-coronel Pastor Baldivieso e vice-presidente Dom Peres Velezco, diante da situação de penúria com grande número de doentes com fe- bre palustre e a falta de víveres alimentí- cios, todos passando fome e mais o assé- dio dos acreanos, decidiram evacuar a ci- dade retirando-se para o rio Ortón na Bo- lívia, porém foram salvos da derrota pela fome com a chegada de vários navios na manhã de 29 de dezembro, os quais abas- teceram Puerto Alonso não só de gêneros alimentícios mas também com medica- mentos, armas e munições. O Bolivian Syndicate Finalmente, depois de tantos boatos e denúncias, foi assinado pela Bolívia o con- trato de arrendamento do Acre com um sindicato formado por capitalistas norte- americanos e ingleses, em 11 de julho de 1901. Logo depois chegou ao Acre D. Lino Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 28 HISTÓRIA DO ACRE Romero, autoridade boliviana encarregada de preparar o Acre para o estabelecimento do Bolivian Syndicate que estava previsto para ser instalado em 02 de abril de 1902. Essa notícia repercutiu como uma bomba junto à opinião pública e aos meios políti- cos nacionais. O Bolivian Syndicate representava uma ameaça concreta e grave à soberania bra- sileira sobre a Amazônia, o que forçou ao governo federal a finalmente se posicionar em relação à questão acreana de forma a impedir a efetiva instalação dessa Compa- nhia Comercial que traria para o Imperia- lismo Norte-americano o controle territo- rial (e militar inclusive) de uma das regiões mais ricas da Amazônia. Plácido de Castro e a conquista do Acre Ex-oficial do exército federalista, com- batente veterano da Revolução de 1893 a 1895 no Rio Grande do Sul, Plácido de Castro teve sua vida e sua fama ligada à Revolução Acreana de 1902 a 1903 contra Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 29 HISTÓRIA DO ACRE a Bolívia. Fato que conduziu primeiro a in- dependência e depois a integração daque- le território rico em seringais ao Brasil. O ímpeto vitorioso do caudilho Plácido, logo foi sucedido pela habilidade do chanceler Barão do Rio Branco. A pólvora deu lugar a diplomacia que, por meio do Tratado de Petrópolis, negociou com La Paz a absor- ção definitiva do Acre. Revolução Acreana Diante dos fracassos anteriores e da in- decisão do governo federal, os seringalis- tas insatisfeitos com a dominação bolivia- na e temerosos das consequências do Bo- livian Syndicate articularam uma nova re- volta, novamente com financiamento do governo do Amazonas, para cujo coman- do foi convidado um homem com experi- ência militar. Plácido de Castro, ao assumir a revolu- ção preparou um exército de seringueiros (embora os oficiais fossem todos seringa- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 30 HISTÓRIA DO ACRE listas) e começou a luta em 6 de agosto de 1902, em Xapuri. A guerra entre o exército acreano e as forças regulares bolivianas foi dura e pas- sou por momentos sangrentos, durando até 24 de janeiro de 1903, quando foi to- mada Puerto Alonso, transformada então em Porto Acre. Mais uma vez foi declarado o Estado Independente do Acre, embora o objetivo final dos acreanos continuasse sendo obter a anexação do Acre ao Brasil. Tratado de Petrópolis A mudança na presidência brasileira foi marcada por uma nova postura do gover- no brasileiro em relação ao Acre. Enquan- to Campos Sales (1898 / 1902) não quis envolver a problemática republica brasilei- ra na questão acreana, o novo Presidente Rodrigues Alves (1902/1906) estabeleceu uma política oposta. Rio Branco, nomeado Ministro das Relações Exteriores, iniciou as negociações com a Bolívia que foram re- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 31 HISTÓRIA DO ACRE solvidas com o estabelecimento do Trata- do de Petrópolis em 17 de novembro de 1903. Com isso o Acre passou a fazer parte do Brasil, restando ainda o problema com o Peru que só seria definitivamente resol- vido em 8 de setembro de 1909 com a as- sinatura do Tratado do Rio de Janeiro. O Território Federal do Acre A partir de todos os acontecimentos acima descritos surgiu o Território Federal do Acre, uma nova identidade regional, perfeitamente identificada com a identi- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 32 HISTÓRIA DO ACRE dade nacional brasileira. Surgia, enfim, a sociedade acreana. O Movimento Autonomista Acreano A luta da Revolução Acreana pela inde- pendência e autonomia e o apelo dos nordestinos que aqui se instalaram para colher seringa no final do século XIV só vi- eram produzir os resultados desejados sessenta anos após o início da revolução que conquistou a anexação ao Brasil. Há exatos 41 anos, o presidente da República João Goulart assinava em Brasília a Lei 4.070, que elevou o território do Acre à categoria de Estado e o Acre conquistou a autonomia para escolher seus dirigentes, arrecadar impostos e estabelecer suas leis. Até então, o Acre, mesmo tendo con- quistado sem apoio do governo federal o direito de ser Brasil, ainda não tinha rece- bido o prêmio merecido: a garantia de elaborar sua própria Constituição e muito menos eleger seus governantes. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 33 HISTÓRIA DO ACRE O dia 15 de junho de 1962 é, sem som- bra de dúvida, a segunda data mais impor- tante da história deste Estado (a primeira é Seis de Agosto, o início da Revolução). Ho- je, 41 anos após a assinatura da lei, a data ganha uma dimensão maior ainda com os novos rumos que o Estado do Acre (autô- nomo) tomou rumo à autonomia econô- mica. O movimento dos autonomistas (no sentido mais amplo da palavra) começou antes mesmo da Revolução. Não acabou com o seu final, continuou após ela, e ain- da seguiu mesmo depois da elevação a Estado. Após 41 anos de história, o Acre já entrou no caminho certo em busca de um novo processo de trabalho para completar os objetivos da Revolução de 1902. A Re- volução Acreana e o movimento dos au- tonomistas continuam até hoje no sangue do povo acreano e não vão sair enquanto não conseguirem tudo o que querem e merecem. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 34 HISTÓRIA DO ACRE O Estado do Acre A partir de 1962 foi extinto o Território Federal do Acre e criado o Estado do Acre. Mesmo assim o Acre não conseguiu supe- rar sua crônica deficiência infra-estrutural. Apesar de todas essas dificuldades a popu- lação acreana permaneceu fiel às suas origens e tradição de lutas, edificando uma sociedade multiforme e definida por sua identidade amazônica. PRIMEIRA REVOLUÇÃO A República Independente do Acre Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 35 HISTÓRIA DO ACRE A partir daqui, dá-se início à fase efeti- vamente revolucionária do Acre, após os esporádicos embates entre os interesses bolivianos e brasileiros. Para efeito deste texto, divide-se a história recente final do século XIX e no século XX em quatro grandes revoluções, como se observará a seguir. Destaca-se, nesta quadra da história, espanhol Luiz Galvez Rodrigues de Aria. Galvez estudou direito e serviu nas em- baixadas da Espanha em Roma eBuenos Aires. Tinha vasta cultura, talento militar e administrativo. Tinha fama de mulheren- go, envolvendo-se em grandes confusões por este motivo. Esteve em Buenos Aires e no Rio de Janeiro antes de sua ida para a Amazônia. Galvez foi repórter jornalístico em Ma- naus e Belém. Paradoxalmente foi tam- bém funcionário do consulado da Bolívia nesta última cidade. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 36 HISTÓRIA DO ACRE Por exercer essas funções, em junho de 1899 ele descobre e denuncia a trama: A Bolívia receberia o auxílio dos Estados Unidos para incorporar o território do Acre ao dela. Em caso de guerra os EUA apoia- riam militarmente a Bolívia. A canhoneira americana Wilmington chegou mesmo a ser enviada para região, em missão de boa-vizinhança, sendo mui- to bem recebida pelas autoridades e po- pulações locais. Na realidade fez o seu pé- riplo rio-acima para mostrar força e as se- gundas intenções da Grande Nação do Norte. A denúncia de Galvez aborta a transa- ção. Os jornais do Rio de Janeiro alardei- am a notícia que chocou a opinião pública brasileira. A Bolívia e os EUA negam as de- núncias. Galvez, em associação com o Governo da Província do Amazonas, que financia a expedição com cinquenta mil libras ester- linas, organiza uma expedição para tomar Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 37 HISTÓRIA DO ACRE conta das terras em disputa. O fato de ser espanhol e aparentemente desvinculado do Governo do Amazonas foi fundamen- tal, pois o governo federal não aprovava a empreitada. Assim o governo da província, envolvido totalmente no projeto, não se indispôs com o Governo Federal. Campos Sales era o então Presidente do Brasil (1898/1902). A expedição ao Acre, chefiada por Gal- vez, era composta de 20 homens, 202 vo- lumes (com 20 rifles), embarcados no va- por Cidade do Pará (uma gaiola). O Acre era então explorado pela Bolívia e abandonado pelas autoridades brasilei- habitantes do Acre não pertencem à livre Foi assim que proclamou a República Independente do Acre (nos territórios dos rios Acre, Purus e Iaco) em 14/07/1899. Galvez passou a ocupar o cargo de Presi- dente e não de Imperador, como o ro- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 38 HISTÓRIA DO ACRE mance relata. Sua capital passou a se chamar Cidade do Acre (novo nome de Puerto Alonzo). A assim chamada República do Acre te- ve mais sucesso no papel do que na reali- dade. Planejava-se com detalhes sobre saúde, educação, forças armadas e até ti- nha planos para instalação de telefones. Foi escrita uma Constituição e foram con- vocadas eleições. Enviaram-se cartas diplomáticas às na- ções amigas, inclusive à República do Bra- sil, solicitando reconhecimento do novo país. Tanto o Brasil como os EUA negaram tal reconhecimento. O autor deste texto não tem conhecimento se alguma nação o tenha feito. O novo país começou sofrendo hostili- dades de todas as partes: da Bolívia, de Manaus e Belém e do Rio de Janeiro. Co- mo já disse, o Governador do Amazonas (Ramalho Jr.) na realidade estava em con- luio com o Galvez: visavam criar uma si- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 39 HISTÓRIA DO ACRE tuação de fato para anexar o território ao Brasil e ao Estado do Amazonas. A partir das leituras realizadas admite-se que o re- al interesse de Galvez era esse. A criação de uma República Independente foi um expediente estratégico para se chegar ao fim colimado. A história mostra o sucesso dessa trajetória. O que se pode discutir é se, de fato, isso estava nos planos do Gal- vez. A estratégia de reação da Bolívia para manter o território era invadir Mato Gros- so ou contar com a intervenção dos EUA. Galvez interrompe o fluxo de mercado- rias e da borracha. Em vista da situação di- fícil criada por esse embargo, em 28/12/1899 o seringalista Antônio Souza Braga destitui Galvez. Souza Braga, contudo, visava outro fim, Se o Brasil mandar um só homem fardado eu entre- garei tudo isto. Aos bolivianos, porém, não Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 40 HISTÓRIA DO ACRE ficuldades e da inapetência do governo brasileiro. Galvez reassume em 30/01/1900. O Governo Federal manda força-tarefa da marinha brasileira para destituir Galvez e devolver o Acre ao domínio boliviano (15/03/1900). Não contou com resistência por parte dos revolucionários. Foi o fim da República Independente. Galvez não era nem D. Quixote tam- pouco Antônio Conselheiro. Sabia o que queria. O que, aliás, todos os brasileiros queriam. Somente o governo federal, diri- gido pelo Sr. Campos Salles, era contrário a esses interesses. SEGUNDA REVOLUÇÃO A Revolução Acreana A grande figura desse período é o mili- tar gaúcho Plácido de Castro. Financiado também pelo governo do Amazonas, for- mou um exército de seringueiros e de ofi- ciais seringalistas. Seringueiro é o traba- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 41 HISTÓRIA DO ACRE lhador que extrai a borracha. Seringalista o proprietário que explora a exploração. A luta começou em 06/08/1902 - data nacional da Bolívia. Durou até 24/01/1903, quando foi tomado Puerto Alonzo, trans- formada em Porto Acre. Mais uma vez foi declarado o Estado In- dependente do Acre, com o objetivo ago- ra explícito de sua anexação ao Brasil. Era tempo do Governo do Presidente Rodrigues Alves (1902/1906), no qual o Ba- rão do Rio Branco exercia as funções de seu ministro do exterior. Após as manobras militares vitoriosas, as discussões diplomáticas se seguiram. Em 17/11/1903 foi assinado o Tratado de Petrópolis que rezava a posse definitiva da região pelo Brasil em troca de áreas no Mato Grosso, pagamento de dois milhões de libras esterlinas à Bolívia, cento e pou- cas mil libras ao Bolivian Syndicate e o comprometimento da construção da Es- trada de Ferro Madeira-Mamoré. Outro li- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 42 HISTÓRIA DO ACRE vro de Márcio Souza (Mad Maria) roman- ceia este último acontecimento. A seguir, o Tratado do Rio de Janeiro (08/09/1909) põe fim à questão dos limites com o Peru. Nessas discussões foi invocada a figura jurídica do Utis Possidetis (posse produtiva do território). Os brasileiros de fato já do- minavam a região. O autor acredita que esta mesma figura foi utilizada na Provín- cia Cisplatina, território anteriormente per- tencente ao Brasil, que passou a constituir a República Oriental do Uruguai. Entre as reações contrárias à assinatura dos tratados com a Bolívia e Peru, desta- cou-se a atuação de Rui Barbosa, secun- dado por outros menos reconhecidos. A região foi transformada em Território Federal do Acre. TERCEIRA REVOLUÇÃO Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 43 HISTÓRIA DO ACRE Este período é marcado pela liderança do Senador Guiomard (José Guiomard dos Santos), militar mineiro que foi governador nomeado pelo Governo Federal para ad- ministração do Território. Como território, o Acre viveu de 1904 a 1962. Nesse período foram inúmeros os movimentos autonomistas, a saber, a re- volta do Juruá (1910) e outras mais bran- das: 1913, 1918, 1934, 1957, etc. Em 1962, no governo João Goulart, se deu a criação do Estado do Acre. A partir daí a população pôde eleger sua bancada na Câmara Federal e no Senado Federal como qualquer outra unidade da Federa- ção. Antes tinha poucos representantes. Como território, o Acre não se constituía uma unidade confederada da República. Não tinha autonomia. Seus mandatários eram designados pelo Governo Central, na maioria dos casos, sem mostrar maiorin- teresse pela região, uma vez que cessado o período de seus mandatos voltavam pa- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 44 HISTÓRIA DO ACRE ra a região originária. Não foi o caso do Senador Guiomard. Os orçamentos regio- nais constituíam parte integrante do or- çamento da União, o que implicava em dependência econômica e financeira. Algumas particularidades do novo Esta- do: seu território é maior do que o do Es- pírito Santo e o do Rio de Janeiros juntos. Só em 1990 o Acre foi ligado por rodovias ao resto do Brasil: BR-Rio Branco-Porto Velho. Se não é o único trata-se de um dos poucos estados brasileiros em que to- dos os governadores eleitos foram e são naturais do próprio estado. QUARTA REVOLUÇÃO O grande personagem desta quadra é indubitavelmente Chico Mendes. É tempo da revolução ambiental, da defesa do tra- balhador e da Amazônia brasileira. Chico Mendes, seringueiro, organizador de sindicatos de trabalhadores locais, líder Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 45 HISTÓRIA DO ACRE dos empates com os seringalistas, reco- nhecido internacionalmente antes de o ser nacionalmente, pregava o desenvolvi- mento sustentado da região. Não necessa- riamente a reforma agrária. Não dividir a terra, a floresta é que não pode ser privati- zada. A luta da terra foi dando lugar à luta pelo meio ambiente. Aqueles empates confronto entre os seringueiros e seringalistas se deu mais acentuadamente durante os governos mi- litares. A política de ocupação do território levou a inúmeros proprietários do sul- sudeste a se estabelecer na região, aca- bando com as matas, para começar ativi- dades pecuárias. Esses novos proprietários são ainda conhecidos no Estado pela de- nominação de paulistas. Sua expressão e liderança cresceu com o seu assassinato anunciado. Chico avisou por escrito à Polícia Federal, ao Juiz de Di- reito, às autoridades constituídas da trama para a sua morte. Virou mártir. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 46 HISTÓRIA DO ACRE Graças à atuação da população local o Acre só foi devastado em suas matas nu- ma extensão de 5% do seu território. Ron- dônia, Estado vizinho, tem mais de 70% de suas matas destruídas. A Revolução ainda não acabou. Existe o compromisso de transformar não só o Acre, mas toda a Amazônia em uma terra onde todos, sem exceção índios, negros, brancos, seringueiros e ribeirinhos pos- sam viver em harmonia com o meio- ambiente, dentro de uma perspectiva de desenvolvimento humano e econômico sustentável e com justiça social. A Senadora Marina da Silva, companhei- ra política de Chico Mendes e sua substi- tuta na liderança do movimento, hoje é Ministra do Meio Ambiente do Governo Federal. O xadrez diplomático e militar do Acre Para fazer parte do território brasileiro, o Acre viveu uma saga diplomática e militar Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 47 HISTÓRIA DO ACRE que opôs Brasil e Bolívia e incluiu a parti- cipação de uma empresa de capital multi- nacional interessada no látex da região. Foi por intermédio da Questão do Acre e de outras questões de fronteiras, que o Brasil revelou seu diplomata-maior, o ba- rão do Rio Branco. Aristocrata, agraciado pelo Império com o título de barão, José Maria da Silva Paranhos Júnior, foi o gran- de símbolo da diplomacia da República. O escritor Euclides da Cunha, que este- ve na região acreana em 1905, a serviço do governo brasileiro, comenta em seu li- vro À margem da História que o Acre era, por volta de 1870, uma vaga expressão geográfica tornando-se, no início do sécu- lo XX, um lugar de cem mil almas ressusci- tadas composta, principalmente, de nor- destinos fugidos da seca nas décadas an- teriores. Certamente havia algo mais de atrativo na vinda de uma leva imensa des- ses homens para a Amazônia e para o Acre, que ia além da aridez do sertão. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 48 HISTÓRIA DO ACRE Por que uma região que durante tanto tempo transformou-se, três décadas depois, em uma área de disputa armada e diplomática entre brasileiros e bolivianos? Do final do século XIX ao início do XX, todos comen- tavam amiúde, nos principais salões di- plomáticos e financeiros do mundo, A questão do Acre. Para compreender me- lhor essa querela é necessário contar al- gumas histórias sobre o processo de ocu- pação da região. A região da Amazônia acreana era rica em seringueiras (Hevea brasiliensis), de onde se extraía o látex, que já tinha suas propriedades elásticas conhecidas pelos indígenas antes mesmo da chegada dos exploradores portugueses e espanhóis à região. Com a descoberta do processo de vulcanização por Charles Goodyear, em 1839, a borracha natural passou a ser fun- damental na produção de vários artefatos engendrados pelo processo de industriali- zação do final do século XIX, principal- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 49 HISTÓRIA DO ACRE mente os de aplicação na então nascente indústria automobilística. Assim, passou a ocorrer uma busca crescente por parte das indústrias euro- péias e americanas pela matéria-prima, abundante na Amazônia, para onde ruma- ram uma miríade de seres humanos e in- teresses articulados às demandas do capi- tal internacional. O boom foi tão espeta- cular que, segundo o historiador amazo- nense Artur Cézar Ferreira Reis, na obra O seringal e o seringueiro, em 1827 o Brasil exportava apenas 31 toneladas de borra- cha natural; cinco décadas depois esse número subiu para 16 mil toneladas. Embora o Tratado de Madri, arbitrado em 1750, tenha procurado regulamentar as possessões hispano-portuguesas nas Américas, o reino espanhol admitia, atra- vés do Uti possidetis, a presença portu- guesa na Amazônia. No caso da região do mítrofes, mas, tacitamente, a região era Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 50 HISTÓRIA DO ACRE reconhecida como pertencente à Bolívia. Esta, em 1825, adquiriu sua independência da possessão espanhola do Alto Peru. Po- rém, as idas e vindas de outros acordos posteriores fizeram com que os limites continuassem imprecisos e provocassem dubiedades interpretativas. Com a cele- bração do Tratado de Ayacucho, em 1867, a região do Acre foi reconhecida e ratifi- cada, novamente, como pertencente à nação boliviana. No entanto, a Bolívia ti- nha enormes dificuldades em se apossar da região acreana, que já era foco de atra- ção para numerosos contingentes de bra- sileiros, deslocados para esse novo Eldo- rado com o objetivo de trabalhar na ex- ploração do látex. Somente em 1899, já com a forte pre- sença de brasileiros em terras do Acre, é que a Bolívia instala um posto de controle fiscal no vilarejo de Puerto Alonso para a cobrança de impostos advindos da produ- ção de borracha. A maior parte dessa pro- dução era enviada, por via fluvial, até as Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 51 HISTÓRIA DO ACRE cidades de Manaus e Belém que, por sua vez, repassavam mercadorias e manti- mentos para abastecer os vastos seringais. Decorridos cinco meses da instalação do entreposto fiscal, o delegado boliviano Moisés Santivanez e os demais represen- tantes do Estado boliviano foram expulsos de Puerto Alonso por brasileiros ligados à extração de seringa, atendendo às preten- sões dos grandes proprietários de serin- gais, sequiosos por manter o controle so- bre as riquezas locais, liderados pelo ad- vogado José de Carvalho, interlocutor dos interesses do estado do Amazonas, finan- ciador do levante. Um mês depois, o es- panhol Luiz Gálvez, também com o apoio do governo amazonense,proclamaria o Estado Independente do Acre, tornando- se presidente da nova nação. Pouco tem- po depois, em março de 1900, o governo brasileiro interviria para restabelecer os di- reitos legais dos bolivianos sobre o Acre. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 52 HISTÓRIA DO ACRE Companhia arrenda o Acre Após esse incidente, o ministro plenipo- tenciário da Bolívia, dom Félix Aramayo, que servia em Londres, viu a necessidade de uma presença mais vigorosa da nação boliviana na região. A saída pensada foi ar- rendar o Acre para uma empresa de capi- tal privado internacional, inspirado nas chamadas Chartered Company, modelo implantado nas colônias européias exis- tentes na África e na Ásia. Dessa forma, o Acre passaria a ser administrado por uma companhia de capital estrangeiro que es- tivesse interessada em arrendar o, então, território boliviano, ocupado, principal- mente, por brasileiros. O modelo foi pen- sado pela Bolívia como uma saída para que o país andino não perdesse a região do Acre. A empreitada de Félix Aramayo, inicialmente, não encontrou o sucesso es- perado. Somente depois de muitos conta- tos e articulações na Europa e nos EUA, foi criado, em 14 de julho de 1901, o Bolivian Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 53 HISTÓRIA DO ACRE Syndicate (syndicate, em inglês, tem o sentido de cartel e não de sindicato, como no Brasil), um conglomerado anglo- americano com capital de 500 mil libras esterlinas, sediado na cidade de Nova York, que tinha como diretor Martin Conway. Entre os acionistas dessa charte- red company encontrava-se até um sobri- nho do presidente americano Franklin Ro- osevelt, e a famosa firma Vanderbilt, como ressalta o historiador Leandro Tocantins na obra Formação Histórica do Acre. O ponto principal do contrato era o ar- rendamento, por 30 anos, da região acre- ana, pelo qual 60% dos lucros da explora- ção ficavam com a Bolívia e os 40% res- tantes com o Bolivian Syndicate. Os lucros futuros viriam, principalmente, da cobran- ça de impostos sobre a borracha produzi- da nos seringais acreanos. Além disso, se- ria assegurada ao cartel a faculdade do uso de força militar para garantir seus di- reitos na região acreana, e a opção prefe- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 54 HISTÓRIA DO ACRE rencial de compra do território arrendado, se assim desejasse. As discussões e as bases do acordo fo- ram delineados meio às escondidas, para não melindrar o Brasil e o Peru, vizinhos fronteiriços, que tinham pendências de li- mites territoriais com a Bolívia. Mesmo tu- do isso ocorrendo nos bastidores diplo- máticos, os rumores preocupantes do acordo circulavam junto aos representan- tes peruanos e brasileiros nos EUA, Europa e Bolívia que, evidentemente, tinham inte- resse no assunto. Depois de assinado, o contrato foi encaminhado para que o Congresso Nacional Boliviano aprovasse as cláusulas acordadas entre o ministro Félix Aramayo e os acionistas anglo- americanos. No entanto, internamente, havia oposição ao acordo, com muitos parlamentares bolivianos se manifestando contrários ao documento, também co- cipalmente, os adversários do ministro Fé- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 55 HISTÓRIA DO ACRE lix Aramayo, prestigiado diplomata e rico industrial. Foi, então, criada no Congresso bolivia- no, a Comissão de Fazenda e Indústria com o objetivo de analisar e dar um pare- cer sobre o arrendamento contratual do Acre ao Bolivian Syndicate. Após as análi- ses, uma das conclusões apontadas pelos membros da comissão foi que era impos- sível à Bolívia conservar o território do Acre sem o aporte de capitais externos, pois faltava uma presença efetiva do Esta- do boliviano e, também, uma base demo- gráfica nacional na região onde a ocupa- ção era, basicamente, de brasileiros. Esses fatores eram, ainda, intensificados pelas dificuldades encontradas pelos bolivianos para descer o altiplano até o vale amazô- nico. Enfim, as dificuldades da Bolívia eram congênitas e enormes diante dos di- lemas postos pela questão acreana. O arrendamento parecia ser a saída menos ruim, como reporta um trecho do Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 56 HISTÓRIA DO ACRE relatório da comissão, citado por Leandro desgraciada- mente em la actualidad no se ofrece nin- guno otro medio, ni como probabilidad le- jana aprovado no dia 17 de dezembro de 1901, cinco meses depois da assinatura do con- trato entre o governo boliviano e o Bolivi- an Syndicate. Além das já existentes querelas diplo- máticas entre Brasil e Bolívia, a efetivação do acordo trazia a perspectiva clara da ntes do Bolivian Syndicate, isto é, o prenúncio da exaltação e acirramento entre aqueles que eram con leiro, através dos diplomatas Joaquim Na- buco (Roma/Londres), Joaquim F. de Assis Brasil (Washington) e Barão do Rio Branco (Berlim), empreendeu uma campanha pa- ra desacreditar o Bolivian Syndicate junto a governos e grupos financeiros que po- deriam vir a se associar ao cartel. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 57 HISTÓRIA DO ACRE Com a nomeação do Barão do Rio Branco para o Ministério das Relações Ex- teriores, em dezembro de 1902, o ex- embaixador na Alemanha passou a articu- lar de maneira mais incisiva uma solução ruptura do contrato com a companhia in- ternacional. Após renhidos embates di- plomáticos entre as partes envolvidas, o Bolivian Syndicate resolve, em fevereiro de 1903, abdicar do contrato firmado com a Bolívia, ao ser indenizado pelo governo brasileiro em 114 mil libras esterlinas. Contribuiu para esse desfecho o fato de quase um ano após o Congresso boliviano ter aprovado o acordo, terem se iniciado e bolivianos. Pelo lado brasileiro, atenden- do aos propósitos formulados pelos gran- des seringalistas, financiados pelo governo do Amazonas, que mantinha seus interes- ses econômicos pela borracha extraída das florestas acreanas, o comando das operações de guerra estava a cargo do ex- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 58 HISTÓRIA DO ACRE militar gaúcho José Plácido de Castro: es- te contava com uma força militar com- posta por trabalhadores extrativistas (se- ringueiros), a grande força ou sob o engodo de receberem re- compensas materiais, incluindo a posse de seringais, caso saíssem vencedores do conflito. As evidências históricas e a situa- ção de miséria em que ficaram os conhe- ão Ac apontam que tais recompensas nunca se efetivaram. Após vários combates em que, no geral, os brasileiros saíram vitoriosos, em janeiro de 1903 o governo da República brasileira, temendo uma retomada dos conflitos, en- viou para o Acre um destacamento militar comandado pelo general Olímpio da Sil- e levar a questão para o âmbito diplomáti- co. A partir do momento em que terminou o conflito armado entre brasileiros e boli- vianos até a assinatura daquele que ficou conhecido com Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 59 HISTÓRIA DO ACRE o Acre foi dividido em duas zonas admi- nistrativas: o Acre Setentrional, governado pelo general Olímpio da Silveira e o Acre Meridional, governado por Plácido de Cas- tro. O ciclo da borracha O Ciclo da borracha constituiu uma parte importante da história econômica e social do Brasil, estando relacionado com a extração e comercialização da borracha. Este ciclo teve o seu centro na região amazônica, proporcionando grande ex- pansão da colonização, atraindo riqueza e causando transformações culturais e soci- ais, além de dar grande impulso às cidades de Manaus, Porto Velho e Belém, até hoje maiorescentros e capitais de seus Esta- dos, Amazonas, Rondônia e Pará, respecti- vamente. No mesmo período foi criado o Território Federal do Acre, atual Estado do Acre, cuja área foi adquirida da Bolívia por meio de uma compra por 2 milhões de li- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 60 HISTÓRIA DO ACRE bras esterlinas em 1903. O ciclo da borra- cha viveu seu auge entre 1879 a 1912, ten- do depois experimentado uma sobrevida entre 1942 e 1945 durante a II Guerra Mundial (1939-1945). A primeira fábrica de produtos de borra- cha (ligas elásticas e suspensórios) surgiu na França, em Paris, no ano de 1803. Con- tudo, o material ainda apresentava algu- mas desvantagens: à temperatura ambi- ente, a goma mostrava-se pegajosa. Com o aumento da temperatura, a goma fi- cava ainda mais mole e pe- gajosa, ao passo que a dimi- nuição da temperatura era acompanhada do endureci- mento e rigidez da borracha. Foram os índios centro-americanos os primeiros a descobrir e fazer uso das pro- priedades singulares da borracha natural. Entretanto, foi na floresta amazônica que de fato se desenvolveu a atividade da ex- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 61 HISTÓRIA DO ACRE tração da borracha, a partir da seringa ou seringueira (Hevea brasiliensis), uma árvo- re que pertence à família das Euphorbia- ceae, também conhecida como árvore da fortuna. Do caule da seringueira é extraído um líquido branco, chamado látex, em cuja composição ocorre, em média, 35% de hidrocarbonetos, destacando-se o 2- metil-1,3-butadieno (C5H8), comercial- mente conhecido como isopreno, o mo- nômero da borracha. O látex é uma substância praticamente neutra, com pH 7,0 a 7,2. Mas, quando ex- posta ao ar por um período de 12 a 24 horas, o pH cai para 5,0 e sofre coagula- ção espontânea, formando o polímero que é a borracha, representada por (C5H8)n, onde n é da ordem de 10.000 e apresenta massa molecular média de 600 000 a 950 000 g/mol. A borracha, assim obtida, possui des- vantagens. Por exemplo, a exposição ao ar http://www.jornallivre.com.br/artigo/?p=PH Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 62 HISTÓRIA DO ACRE provoca a mistura com outros materiais (detritos diversos), o que a torna perecível e putrefável, bem como pegajosa devido à influência da temperatura. Através de um tratamento industrial, eliminam-se do co- águlo as impurezas e submete-se a borra- cha resultante a um processo denomina- do vulcanização, resultando a eliminação das propriedades indesejáveis. Torna-se assim imperecível, resistente a solventes e a variações de temperatura, adquirindo excelentes propriedades mecânicas e per- dendo o caráter pegajoso. O primeiro ciclo da borracha - 1879/1912 Durante os primeiros quatro séculos e meio do descobrimento, como não foram encontradas riquezas de ouro ou minerais preciosos na Amazônia, as populações da hileia brasileira viviam praticamente em isolamento, porque nem a coroa portu- guesa e, posteriormente, nem o império Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 63 HISTÓRIA DO ACRE brasileiro conseguiram concretizar ações governamentais que incentivassem o pro- gresso na região. Vivendo do extrativismo vegetal, a economia regional se desenvol- veu por ciclos (Drogas do Sertão), acom- panhando o interesse do mercado nos di- versos recursos naturais da região. O desenvolvimento tecnológico e a re- volução industrial, na Europa, foram o es- topim que fizeram da borracha natural, até então um produto exclusivo da Amazônia, um produto de muita procura, valorizado e de preço elevado, gerando lucros e divi- dendos a quem quer que se aventurasse neste comércio. Desde o início da segunda metade do século XIX, a borracha passou a exercer forte atração sobre empreendedores visi- onários. A atividade extrativista do látex na Amazônia revelou-se de imediato muito lucrativa. A borracha natural logo conquis- tou um lugar de destaque nas indústrias da Europa e da América do Norte, alcan- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 64 HISTÓRIA DO ACRE çando elevado preço. Isto fez com que di- versas pessoas viessem ao Brasil na inten- ção de conhecer a seringueira e os méto- dos e processos de extração, a fim de ten- tar também lucrar de alguma forma com esta riqueza. A partir da extração da borracha surgi- ram várias cidades e povoados, depois também transformados em cidades. Be- lém e Manaus, que já existiam, passaram então por importante transformação e ur- banização. Manaus foi a primeira cidade brasileira a ser urbanizada e a segunda a possuir energia elétrica - a primeira foi Campos dos Goytacazes, no Rio de Janei- ro. A ideia de construir uma ferrovia nas margens dos rios Madeira e Mamoré sur- giu na Bolívia, em 1846. Como o país não tinha como escoar a produção de borra- cha por seu território, era necessário criar alguma alternativa que possibilitasse ex- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 65 HISTÓRIA DO ACRE portar a borracha através do Oceano Atlântico. O ciclo da borracha justificou a construção da Estra- da de Ferro Madeira-Mamoré A ideia inicial optava pela via da nave- gação fluvial, subindo o rio Mamoré em território boliviano e depois pelo rio Ma- deira, no Brasil. Mas o percurso fluvial ti- nha grandes obstáculos: vinte cachoeiras impediam a navegação. E foi aí que cogi- tou-se a construção de uma estrada de ferro que cobrisse por terra o trecho pro- blemático. Em 1867, no Brasil, também visando en- contrar algum meio que favorecesse o Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 66 HISTÓRIA DO ACRE transporte da borracha, os engenheiros José e Francisco Keller organizaram uma grande expedição, explorando a região das cachoeiras do rio Madeira para delimitar o melhor traçado, visando também a insta- lação de uma ferrovia. Embora a ideia da navegação fluvial fos- se complicada, em 1869, o engenheiro es- tadunidense George Earl Church obteve do governo da Bolívia a concessão para criar e explorar uma empresa de navega- ção que ligasse os rios Mamoré e Madeira. Mas, não muito tempo depois, vendo as dificuldades reais desta empreitada, os planos foram definitivamente mudados para a construção de uma ferrovia. As negociações avançam e, ainda em 1870, o mesmo Church recebe do gover- no brasileiro a permissão para construir então uma ferrovia ao longo das cachoei- ras do Rio Madeira. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 67 HISTÓRIA DO ACRE Madeira-Mamoré, finalmente pronta. Mas para quê? A ferrovia Madeira-Mamoré, também conhecida como Ferrovia do Diabo por ter causado a morte de cerca de seis mil tra- balhadores (comenta a lenda que foi um trabalhador morto para cada dormente fi- xado nos trilhos), foi encampada pelo me- gaempresário estadunidense Percival Far- quhar. A construção da ferrovia iniciou-se em 1907 durante o governo de Affonso Penna e foi um dos episódios mais signifi- cativos da história da ocupação da Ama- zônia, revelando a clara tentativa de inte- grá-la ao mercado mundial através da comercialização da borracha. Em 30 de abril de 1912 foi inaugurado o último trecho da estrada de ferro Madeira- Mamoré. Tal ocasião registra a chegada do primeiro comboio à cidade de Guajará- Mirim, fundada nessa mesma data. Mas o destino da ferrovia que foi cons- truída com o propósito principal de escoar Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 68 HISTÓRIA DO ACRE a borracha e outros produtos da região amazônica, tanto da Bolívia quanto do Brasil, para os portos do Atlântico, e que dizimara milharesde vidas, foi o pior pos- sível. Primeiro, porque o preço do látex caiu vertiginosamente no mercado mundial, inviabilizando o comércio da borracha da Amazônia. Depois, devido ao fato de que o transporte de outros produtos que poderia ser feito pela Madeira-Mamoré foi deslo- cado para outras duas estradas de ferro (uma delas construída no Chile e outra na Argentina) e para o Canal do Panamá, que entrou em atividade em 15 de agosto de 1914. Alie-se a esta conjuntura o fator nature- za: a própria floresta amazônica, com seu alto índice de precipitação pluviométrica, se encarregou de destruir trechos inteiros dos trilhos, aterros e pontes, tomando de volta para si grande parte do trajeto que o Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 69 HISTÓRIA DO ACRE homem insistira em abrir para construir a Madeira-Mamoré. A ferrovia foi desativada parcialmente na década de 1930 e totalmente em 1972, ano em que foi inaugurada a Rodovia Transamazônica (BR-230). Atualmente, de um total de 364 quilômetros de extensão, restam apenas 7 quilômetros ativos, que são utilizados para fins turísticos. A população rondoniense luta para que a tão sonhada revitalização da EFMM saia do papel, mas até à data 1º de dezembro de 2006 a obra ainda nem havia começa- do. A falta de interesse dos órgãos públi- cos, em especial das prefeituras, e a buro- cracia impedem o projeto. Apogeu, requinte e luxo Os novos ricos de Manaus tornaram a cidade a capital mundial da venda de dia- mantes. Belém, capital do Estado do Pará, assim como Manaus, capital do Estado do Ama- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 70 HISTÓRIA DO ACRE zonas, eram na época consideradas cida- des brasileiras das mais desenvolvidas e umas das mais prósperas do mundo, prin- cipalmente Belém, não só pela sua posi- ção estratégica - quase no litoral -, mas também porque sediava um maior núme- ro de residências de seringalistas, casas bancárias e outras importantes instituições que Manaus. Ambas possuíam luz elétrica e sistema de água encanada e esgotos. Vi- veram seu apogeu entre 1890 e 1920, go- zando de tecnologias que outras cidades do sul e sudeste do Brasil ainda não pos- suíam, tais como bondes elétricos, aveni- das construídas sobre pântanos aterrados, além de edifícios imponentes e luxuosos, como o requintado Teatro Amazonas, o Palácio do Governo, o Mercado Municipal e o prédio da Alfândega, no caso de Ma- naus, e o mercado de peixe, mercado de ferro, Teatro da Paz, corredores de man- gueiras, diversos palacetes residenciais no caso de Belém, construídos em boa parte pelo intendente Antônio Lemos. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 71 HISTÓRIA DO ACRE O Cinema Olympia, a mais antiga casa de exibição de filmes de Belém, conside- rada uma das mais luxuosas e modernas de seu tempo, foi inaugurado em 21 de abril de 1912 no auge do cinema mudo in- ternacional, pelos proprietários Antonio Martins e Carlos Augusto Teixeira, à Praça da República, esquina da Rua Macapá. A construção desse espaço de cultura completava o quadrado, em cujos vértices situavam-se o Palace, Grande Hotel e o Teatro da Paz, local de Reunião da elite de Belém que, elegantemente trajados à mo- da parisiense assistiam à inauguração ao som de acordes musicais, num ambiente esplendoroso, de bom gosto e de grande animação. A abertura teve como pano de fundo a Belle Époque, ao final do apogeu econômico propiciado pelo período da borracha e o final da intendência de Antô- nio Lemos, grande transformador urbanis- ta da cidade. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 72 HISTÓRIA DO ACRE A influência europeia logo se fez notar em Manaus e Belém, na arquitetura das construções e no modo de viver, fazendo do século XIX a melhor fase econômica vi- vida por ambas cidades. A Amazônia era responsável, nessa época, por quase 40% de toda a exportação brasileira. Os novos ricos de Manaus tornaram a cidade a capi- tal mundial da venda de diamantes. Gra- ças à borracha, a renda per capita de Ma- naus era duas vezes superior à da região produtora de café (São Paulo, Rio de Ja- neiro e Espírito Santo). Moeda da borracha: libra esterlina: co- mo forma de pagamento pela exportação da borracha, os seringalistas recebiam em libra esterlina (£), moeda do Reino Unido, que inclusive era a mesma que circulava em Manaus e Belém durante a Belle Épo- que amazônica. http://www.jornallivre.com.br/artigo/?p=Caf%C3%A9 Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 73 HISTÓRIA DO ACRE O fim do monopólio amazônico da borracha A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, terminada em 1912, já chegava tarde. A Amazônia já estava perdendo a primazia do monopólio de produção da borracha porque os seringais plantados pelos ingle- ses na Malásia, no Ceilão e na África tropi- cal, com sementes oriundas da própria Amazônia, passaram a produzir látex com maior eficiência e produtividade. Conse- quentemente, com custos menores e pre- ço final menor, o que os fez assumir o controle do comércio mundial do produ- to. A borracha natural da Amazônia passou a ter um preço proibitivo no mercado mundial, tendo como reflexo imediato a estagnação da economia regional. A crise da borracha tornou-se ainda maior por- que a falta de visão empresarial e gover- namental resultou na ausência de alterna- tivas que possibilitassem o desenvolvi- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 74 HISTÓRIA DO ACRE mento regional, tendo como consequên- cia imediata a estagnação também das ci- dades. A falta não pode ser atribuída ape- nas aos empresários tidos como barões da borracha e à classe dominante em geral, mas também ao governo e políticos que não incentivaram a criação de projetos administrativos que gerassem um plane- jamento e um desenvolvimento sustenta- do da atividade de extração do látex. A Malásia, que investiu no plantio de se- ringueiras e em técnicas de extração do látex, foi a principal responsável pela que- da do monopólio brasileiro Embora restando a ferrovia Madeira- Mamoré e as cidades de Porto Velho e Guajará-Mirim como herança deste apo- geu, a crise econômica provocada pelo término do ciclo da borracha deixou mar- cas profundas em toda a região amazôni- ca: queda na receita dos Estados, alto ín- dice de desemprego, êxodo rural e urba- no, sobrados e mansões completamente Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 75 HISTÓRIA DO ACRE abandonados, e, principalmente, completa falta de expectativas em relação ao futuro para os que insistiram em permanecer na região. Os trabalhadores dos seringais, agora desprovidos da renda da extração, fixa- ram-se na periferia de Manaus em busca de melhores condições de vida. Aí, por fal- ta de habitação, iniciaram, a partir de 1920, a construção da cidade flutuante, gênero de moradia que se consolidaria na década de 1960. O governo central do Brasil até criou um órgão com o objetivo de contornar a crise, chamado Superintendência de Defe- sa da Borracha, mas esta superintendência foi ineficiente e não conseguiu garantir ganhos reais, sendo, por esta razão, desa- tivada não muito tempo depois de sua cri- ação. A partir do final da década de 1920, Henry Ford, o pioneiro da indústria ameri- cana de automóveis, empreendeu o culti- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 76 HISTÓRIA DO ACRE vo de seringais na Amazônia criando 1927 a cidade de Fordlândia e posteriormente (1934) Belterra, no Oeste do Pará, especi- almente para este fim, com técnicas de cultivo e cuidados especiais, mas a inicia- tiva não logrou êxito já que aplantação foi atacada por uma praga na folhagem co- nhecida como mal-de-folhas, causada pe- lo fungo Microcyclus ulei. O segundo ciclo da borracha - 1942/1945 A Amazônia viveria outra vez o ciclo da borracha durante a Segunda Guerra Mun- dial, embora por pouco tempo. Como for- ças japonesas dominaram militarmente o Pacífico Sul nos primeiros meses de 1942 e invadiram também a Malásia, o controle dos seringais passou a estar nas mãos dos nipônicos, o que culminou na queda de 97% da produção da borracha asiática. Isto resultaria na implantação de mais alguns elementos, inclusive de infra- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 77 HISTÓRIA DO ACRE estrutura, apenas em Belém, desta vez por parte dos Estados Unidos. A exemplo dis- so, temos o Banco de Crédito da Borracha, atual BASA; o Grande Hotel, luxuoso hotel construído em Belém em apenas 3 anos, onde hoje é o Hilton Hotel; o aeroporto de Belém; a base aérea de Belém; entre ou- tros. A batalha da borracha Com o alistamento de nordestinos, Ge- túlio Vargas minimizou o problema da se- ca do nordeste e ao mesmo tempo deu novo ânimo na colonização da Amazônia. Na ânsia de encontrar um caminho que resolvesse esse impasse e, mesmo, para suprir as Forças Aliadas da borracha então necessária para o material bélico, o gover- no brasileiro fez um acordo com o gover- no dos Estados Unidos (Acordos de Wa- shington), que desencadeou uma opera- ção em larga escala de extração de látex na Amazônia - operação que ficou conhe- cida como a Batalha da borracha. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 78 HISTÓRIA DO ACRE Como os seringais estavam abandona- dos e não mais de 35 mil trabalhadores permaneciam na região, o grande desafio de Getúlio Vargas, então presidente do Brasil, era aumentar a produção anual de látex de 18 mil para 45 mil toneladas, co- mo previa o acordo. Para isso seria neces- sária a força braçal de 100 mil homens. O alistamento compulsório em 1943 era feito pelo Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (SEM- TA), com sede no Nordeste, em Fortaleza, criado pelo então Estado Novo. A escolha do nordeste como sede deveu-se essenci- almente como resposta a uma seca devas- tadora na região e à crise sem preceden- tes que os camponeses da região enfren- tavam. Além do SEMTA, foram criados pelo go- verno nesta época, visando a dar suporte à Batalha da borracha, a Superintendência para o Abastecimento do Vale da Amazô- nia (Sava), o Serviço Especial de Saúde Pú- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 79 HISTÓRIA DO ACRE blica (Sesp) e o Serviço de Navegação da Amazônia e de Administração do Porto do Pará (Snapp). Criou-se ainda a instituição chamada Banco de Crédito da Borracha, que seria transformada, em 1950, no Ban- co de Crédito da Amazônia. O órgão internacional Rubber Deve- lopment Corporation (RDC), financiado com capital dos industriais estaduniden- ses, custeava as despesas do deslocamen- to dos migrantes (conhecidos à época como brabos). O governo dos Estados Unidos pagava ao governo brasileiro cem dólares por cada trabalhador entregue na Amazônia. O governo dos Estados Unidos pagava ao governo brasileiro cem dólares por ca- da trabalhador entregue na Amazônia Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 80 HISTÓRIA DO ACRE Milhares de trabalhadores de várias re- giões do Brasil foram compulsoriamente levados à escravidão por dívida e à morte por doenças para as quais não possuíam imunidade. Só do Nordeste foram para a Amazônia 54 mil trabalhadores, sendo 30 mil deles apenas do Ceará. Esses novos seringueiros receberam a alcunha de "Sol- dados da borracha", numa alusão clara de que o papel do seringueiro em suprir as fábricas nos EUA com borracha era tão importante quanto o de combater o regi- me nazista com armas. Manaus tinha, em 1849, cinco mil habi- tantes, e, em meio século, cresceu para 70 mil. Novamente a região experimentou a sensação de riqueza e de pujança. O di- nheiro voltou a circular em Manaus, em Belém, em cidades e povoados vizinhos e a economia regional fortaleceu-se. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 81 HISTÓRIA DO ACRE O kit básico Cada migrante assinava um contrato com o SEMTA que previa um pequeno sa- lário para o trabalhador durante a viagem até a Amazônia. Após a chegada, receberi- am uma remuneração de 60% de todo ca- pital que fosse obtido com a borracha. Após recrutados, os voluntários ficavam acampados em alojamentos construídos para este fim, sob rígida vigilância militar, para depois seguirem até à Amazônia, numa viagem que podia demorar de 2 a 3 meses. Um caminho sem volta Mosquito, elemento transmissor da ma- lária e da febre amarela, doenças que cau- saram muitas mortes aos seringueiros. Entretanto, para muitos trabalhadores, este foi um caminho sem volta. Cerca de 30 mil seringueiros morreram abandona- dos na Amazônia, depois de terem exauri- Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 82 HISTÓRIA DO ACRE do suas forças extraindo o ouro branco. Morriam de malária, febre amarela, hepati- te e atacados por animais como onças, serpentes e escorpiões. O governo brasi- leiro também não cumpriu a promessa de reconduzir os soldados da borracha de volta à sua terra no final da guerra, reco- nhecidos como heróis e com aposentado- ria equiparada à dos militares. Calcula-se que conseguiram voltar ao seu local de origem (a duras penas e por seus próprios meios) cerca de seis mil homens. Mas quando chegavam tornavam-se escravos por dívida dos coronéis serin- gueiros e morriam em consequência das doenças, da fome ou assassinados quando resistiam lembrando as regras do contrato com o governo. Amazônia imperial No período em que ocorreu a Indepen- dência do Brasil, em 1822, a Amazônia pertencia à Coroa portuguesa, como uma Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 83 HISTÓRIA DO ACRE unidade político-administrativa, ou seja, como uma colônia, dividida em duas capi- tanias: Pará e Rio Negro, subordinadas à Província do Grão-Pará. A elevação do Es- tado do Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves, em 1815, não modi- ficou a estrutura política anterior. O Grão-Pará só foi incorporado ao Brasil em 11 de agosto de 1823, quando as tro- pas do almirante inglês John Pascoe Greenfel assassinaram vários paraenses, que, por sua vez, encontravam-se num conflito com os portugueses. As principais ocorrências desse período: A primeira viagem do navio a vapor com destino a Manaus. A criação das diretorias de Índios pelas quais as aldeias passavam a ser adminis- tradas por diretores pagos com honras e graduações instituídas em 1845. Material exclusivo MÁXIMO QI Em breve curso Preparatório em EAD 84 HISTÓRIA DO ACRE A elevação da vila de Manaus para cida- de de Nossa Senhora da Conceição da Barra de São José do Rio Negro, em 1848. A Navegação a Vapor Antes da utilização do navio a vapor, as trocas comerciais entre Belém e Manaus eram feitas por 30 a 40 escunas de 15 to- neladas e por cerca de duas mil canoas, num transporte que durava até dois me- ses. A navegação a vapor no rio Amazonas iniciou-se a partir de pressões internacio- nais. A lei n° 3749, de 7 de dezembro de 1866, autorizou a navegação internacional no rio Amazonas, Tocantins, Tapajós e o São Francisco. A empresa de navegação de maior ex- pressão era a de Mauá, mas havia peque- nas empresas locais. Alexandre Amorim criara a Companhia Fluvial do Alto Amazonas, obtendo o mo- nopólio do Purus, do Madeira e rio Negro
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