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TCC futsal e futebol educação física EDUCAÇÃO FISÍCA JEC

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PAULO CARLOS GALDINO DA SILVA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEDAGOGIA DO ESPORTE: ENSINO-APRENDIZAGEM DOSJOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENSINO-APRENDIZAGEM DO FUTEBOL 
RESUMO 
 
 
O presente estudo fez parte do TCC 2022, de LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FISÍCA. Objetivou identificar, analisar e compreender de que forma a Pedagogia do dos jogos esportivos coletivos poderia contribuir no ensinoaprendizagem de alunos do projeto leõezinhos morados nova. Foi realizada uma revisão de literatura Paes (2002), Freire (2011), Scaglia (1999; 2003), Santana (2003); Freire (2011), outros; então elaborou-se uma série de aulas processualmente implementadas junto aos alunos de 11 e 13 anos do referido projeto leõezinhos morados nova. Os resultados do trabalho foram compartilhados e discutidos com os demais profissionais da área, através de grupo de estudo específicos. Como resultado final, teve-se um processo de ensino aprendizagem dos jogos esportivos coletivos mais significativos evitando exclusões e favorecimento daqueles ditos mais habilidosos, situação que questiona o paradigma do esporte voltado ao rendimento e não para cultura esportiva popular. 
 
Palavras-chave: Educação Física. Pedagogia do esporte. Futsal. Ensino Fundamental II. Escola Pública. 
 
 
1. 	INTRODUÇÃO 
 
O trabalho buscou uma contribuição no ensino-aprendizagem do futebol na escolinha de futebol, na cidade de morada nova, no estado do Ceará. A pedagogia do esporte nos abre um campo de estudo sobre o ensino-aprendizagem dos jogos esportivos coletivos. 
O esporte deve proporcionar uma formação básica, pela qual podemos desenvolver as habilidades físicas e mentais, como: coordenação, flexibilidade, ritmo, agilidade, equilíbrio, percepção espaço-temporal, descontração, dinamismo e ludicidade. Sendo assim, elaboramos uma proposta de ensino dos (JEC), tendo como base o projeto leõezinhos morada nova.
 De acordo com a revisão de literatura realizada, nos últimos anos o processo de ensino-aprendizagem está passando por mudanças, o que exige do profissional de EF métodos, por exemplo, apresentados pela pedagogia do esporte para um ensino mais significativo. As transformações que ocorrem na sociedade são diversas e se faz necessário que os professores de EF, que contribui para uma transformação do indivíduo, busque se adequar no meio em que se encontra inserido. 
Segundo Paes (2006, p.225), 
Neste início do século XXI, a Pedagogia do Esporte nos mostra como intervir nessa discussão acadêmica e orientadora de novos procedimentos e intervenções profissionais buscando um embasamento cada vez mais cientifico, com o objetivo de chegar a um acordo ou conciliação no ensino e aprendizagem esportivo. 
 
Alguns fatores mereceram cuidados e que influenciaram um ensino sem qualidade, a saber é a exclusão, conteúdos delimitados, prática inadequada. Devemos estar atentos a estes fatores, pois em muitas situações acabam favorecendo diretamente a dificuldade de aprendizagem, levando à criança a um trauma contra a prática esportiva. As aulas de futebol com o passar dos anos se tornaram alvo de críticas e muitas vezes causa certo incomodo, ora pela alegria e satisfação que ela traz ou pela falta de preparo de certos professores que ministram as aulas. 
 Freire (2011), em seu livro Pedagogia do futebol, relatou e analisou os fatos históricos do futebol, bem como alguns princípios e condutas pedagógicas no desenvolvimento das habilidades motoras e através de fundamentos específicos, jogos adaptados, capacidades motoras básicas para o futebol, possibilitou uma metodologia de ensino do futebol. 
 O professor deve proporcionar uma pedagogia na qual a Ludicidade (brincadeiras) seja o caminho para transformar e agregar valores positivos para se chegar ao objetivo, que é o ensino e a prática do futebol nas escolinhas de futebol. Espero que este trabalho possa acender um novo olhar e uma contribuição significativa para o ensino do futebol em nossas aulas/treinamento de futebol. Mas, além de ensinar, espero que nós possamos proporcionar mais do que a pratica esportiva, que possamos possibilitar o resgate da cultura do futebol e não formar atletas e sim alunos capazes e que peguem gosto pela prática. 
Outro fato lamentável é o da exclusão de alunos nas aulas de futebol, por isto, a importância da intervenção pedagógica do professor, pela qual possa fazer com que todos participem, adaptando novas situações, pois as aulas de futebol são momentos de criar um espaço para que esses alunos possam construir um ambiente de cooperação, socialização e formar alunos conscientes e cidadãos críticos para a vida. Pelo espaço que temos e podendo ser adaptado, o futebol é uma das modalidades esportivas mais praticadas no mundo, devido a ser associada a
Cultura, “uma paixão Nacional” marcada diariamente nas mídias de massa. O ensinoaprendizagem do futebol não deveria ser apenas um processo de repetição, pelo qual o professor faz e os alunos repetem, é precisaria fazer com que os alunos conhecessem e tivessem possibilidade de executar seus fundamentos técnicos de uma forma que busquem em primeiro lugar a construção de seus próprios conhecimentos adquiridos, permitindo interagir com aquilo que o aluno já sabe. A prática mais adequada do Futebol oferece uma grande variedade de atividades que podem estimular nos praticantes muitos valores positivos, entre os quais: solidariedade, cooperação, construção da cidadania, autoestima e prazer. 
O futebol hoje faz parte da cultura brasileira, nesse sentido, o projeto esportivo (leõezinhos morados nova) tem a responsabilidade em ofertar em seus métodos de ensinos esse elemento da cultura corporal de movimento, mas cabe aos professores recorrerem as pedagogias que melhor atendam às necessidades dos alunos e a metodologia que dará a todos o melhor resultado no seu desenvolvimento, promovendo assim o crescimento como um todo do ser humano de forma inclusiva. A prática sem prazer, sem gostar ou sem alegria, ou seja, sem a ludicidade (brincadeiras) pode provocar trauma e desmotivação e na maioria das vezes pode também prejudicar a aprendizagem dos alunos e consequentemente o seu desenvolvimento esportivo. 
Assim, considerando parte da realidade vivida por nós professores de Educação Física e o valor cultural do esporte na sociedade, o objetivo de nossa pesquisa e intervenção didática foi propor aos alunos/atletas de um projeto esportivo um processo de ensino-aprendizagem tendo como referência uma proposta de Pedagogia do Esporte Futebol. A seguir descrita. 
 
 
 2. METODOLOGIA 
 
A construção do projeto e da unidade didática se deu através de pesquisas e revisão bibliográfica. Em relação à revisão bibliográfica desenvolveu o seguinte caminho metodológico: primeiramente, revisão de vários textos sobre pedagogia do esporte e Educação Física Escolar, com destaque para Freire (2011), Scaglia (1999); Reverdito (2005), Paes (2002) e Santana (2003). Nos trabalhos desses autores e pesquisadores, foi buscado os problemas para o ensino dos esportes nas aulas de Educação Física, bem como uma pedagogia do esporte futsal, métodos de ensino e diferentes formas de trabalhar os passos, técnicas e táticas desse esporte. 
2.1 O futebol ensinado 
 
O Trabalho foi desenvolvido ao longo de 2 anos uma hora/aula, sendo (02) duas aulas semanais em 02 turmas: (01) turma de 09 anos e (01) turma de 11 anos. Cada turma em média de 15 alunos, totalizando (30) trinta alunos. 
Foram abordados os temas do ensino dos Jogos Desportivos Coletivos, aqui especificamente o futebol, com os seguintes passos desenvolvidos de forma integrada, complexa e não sequencial: 
1º - História e origem do futebol de campo
 2º - Conhecimento das regras do futebol
3º - Domínio das técnicas do jogo 
4º - Possibilidades e inovações pedagógicas 
5º - Ensinar a jogar jogando 
6º - Ensinar /futebol pela compreensão 
7º - Jogos adaptados 
8º - Resgatar a cultura de jogos e brincadeiras 
 9º - Respeitar e observar os limites 
 10º - Dar diferentes vivências e experiências aos alunos
11º - Aprender a respeitar regras, discutidas e acordadas. 
 Assumiu-se a proposta de Freire (2011, p.8-10), ela propõe quatro princípios pedagógicos no ensino do futebol que conduzem ao caminho de um processo de ensino-aprendizagem do futebol resgatando o lúdico e dando um novo significado a essa cultural popular. 
1. Princípio da Inclusão (ensinar futebol a todos). 
2. Princípio da excelência (Não basta ensinar, deve ensinar bem a todos). 
3. Princípio Ético e crítico (Ensinar mais que futebol a todos). 
4. Princípio de tomada de consciência das ações (Fazer com que todos gostem de esporte). 
Seguindo uma organização pedagógica para aplicar todo o conhecimento levantado acima, o projeto de intervenção foi dividido ao longo de (02) anos que possibilitou o ensino do futebol nas aulas/treinamento do projeto. 
 
2.2. Um processo de ensino-aprendizagem 
 
· Primeira parte da aula: foi destinada à formação de uma roda de conversa, na qual o professor explicava a aula. 
· Segunda parte: realizamos um jogo adaptado dando-se ênfase a uma das particularidades do jogo. E em cada aula foram destacados dois fundamentos trabalhados. 
· Terceira parte: de forma lúdica, vivenciamos uma das habilidades do futebol. 
· Quarta parte: foi realizado um jogo de futebol que continha ou não algumas regras adaptadas. 
· Quinta parte: a aula se encerrava com uma roda de conversa, na qual foram discutidas e avaliadas as aulas pelo grupo (estudantes e professor). (FREIRE, 2011, p.91). 
Ainda no ensino-aprendizagem do futebol, os princípios pautados pelos autores Freire (2011), Scaglia (1999), Santana (2003) e Paes (2002), foram norteadores para o ensino do futebol em minhas aulas no projeto para atingir os objetivos traçados. 
 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
3.1 Pedagogia do esporte 
 
Relacionados à busca para uma interdisciplinaridade, fortalecimento da Educação Física e para que possamos aplicar em nossas aulas, autores apontam uma pedagogia norteadora para o ensino-aprendizagem do futebol em escolinhas de futebol. 
Para Paes (1992; 2002), justifica-se pela importância de buscar conhecimento mais profundo sobre a Pedagogia do Esporte voltada não só para o ensino de técnicas e táticas dos esportes (futebol), mas também, valores importantíssimos para o desenvolvimento das crianças, dos adolescentes. 
 Discutir a Pedagogia do Esporte é como associar uma busca de solução a problemas relacionados às diversas formas do ensino-aprendizagem nas aulas de futebol, isso significa abordar os conhecimentos partindo de uma investigação da sua origem e o que ela pode na auxiliar, considerando o seu percurso. Por isso é importante entender e compreender sua função e dar um novo significado para verificar as necessidades e os problemas que acercam o processo ensino-aprendizagem na construção do conhecimento do jogo de futebol. A Pedagogia nos permite analisar fundamentos e conhecer, ao mesmo tempo, experiência e procedimentos didáticos que são capazes de atingir um número maior de alunos na ação pedagógica (FREIRE, 2003). 
As atividades praticadas nas aulas de futebol como meio educativo tornam-se uma ferramenta para a educação, além de possuir conteúdos ricos e diversas alternativas. As aulas de futebol à princípio não se devem pensar em criar atletas de alto rendimento, competição, desempenho, resultados e sim trabalhar as potencialidades de cada aluno, respeitando seus limites. 
Os esportes, como futebol, futsal e voleibol, são os mais praticados hoje em nosso País e devido a isto, se tornam muito visíveis em meios de comunicação de massa e também muito praticados nas praias, ruas, quadras e campos de várzea. Devido a isto, a comunicação com os alunos no sentido prático e teórico pedagógico ficam mais fáceis, criando juntamente com o aluno uma reflexão sobre os diversos pontos de vista e diversas interpretações existentes nestes esportes e possibilidades de suas práticas. 
Para (SANTANA, 2003), a educação física escolar enfrenta um grande problema, ocasionados pelo desinteresse, falta de informação e principalmente por pedagogias inadequadas, entre outras características dos profissionais (professores) que atuam na área. Outro problema detectado também é a especialização precoce presenciada na escola, pois os professores tentam transformar crianças em atletas, deixando de lado os jogos e brincadeiras (Lúdico). 
O objetivo da Pedagogia do Esporte é buscar na sua essência o ensino do jogo e do esporte, de forma que todos possam jogar, respeitando as suas qualidades, defeitos, mas, principalmente, havendo a cooperação. Para se compreender a pedagogia do esporte, quer quanto às teorias que a fundamentam, como adequar à prática, se faz necessário tomar consciência em que consiste o seu conceito desde o seu percurso histórico e o seu estado atual. (SCAGLIA, 2009) 
 
3.2 Pedagogia do esporte: futebol 
 
O ensino-aprendizagem do futebol não deverá ser apenas um processo de repetição, pelo qual o professor faz e os alunos repetem, é preciso fazer com que os alunos conheçam e tenham a possibilidade de vivenciar seus fundamentos técnicos de uma forma pela qual busquem em primeiro lugar a construção de seus próprios conhecimentos adquiridos, permitindo interagir com aquilo que o aluno já sabe, com o novo, propiciando e ampliando-se assim seus conhecimentos culturais e motores. (SCAGLIA, 1999, p.61) 
O futebol é um esporte já introduzido na cultura dos brasileiros, construído historicamente e instrumento importante para a sociedade e posteriormente o futebol foi construindo sua identidade por ser um esporte de invasão, que é capaz de influenciar diversos segmentos da sociedade, tanto na economia, na política, na cultura e socialmente, levando o ser humano a sentir paixão, emoção, empolgação, expectativa e muitas vezes frustração. Possuem técnicas, táticas, estratégias, regras, competições e características também voltadas para os aspectos biológico, psicológico, sócio cultural. Tais características citadas tornam o futebol o objeto de estudo da ciência em diferentes áreas: humanas, exatas e biológicas. O que diferencia é como se dá seu tratamento pedagógico, como ele é organizado e sistematizado nas aulas de futebol, seguindo o programa esportivo (FREIRE, 2011, p.73). 
Freire (2011, p.67) deixa claro que se faz necessário a elaboração de uma pedagogia que procura ensinar as crianças a jogar futebol através de brincadeiras resgatadas da cultura infantil e adaptadas à “Pedagogia de Rua”, assim batizada por ele. O futebol é abordado pensado na sua possibilidade de ensino aprendizagem, na sua pedagogia, assim mostra-se a possibilidade de ir além das aulas de educação física. Freire classifica ainda quatro tipos de habilidades: 
· Individuais 
· Coletivas de oposição  Coletivas de cooperação 
· Cognitivas de integração. 
 
Freire (2003, p.110) conclui quanto à objetividade da Pedagogia do Esporte no ensino do futebol para a construção de uma educação física de qualidade. Para tanto, utilizamos os conteúdos articulados, que possibilitam um processo de aprendizagem na medida de sua elaboração. 
Segundo Freire (2011, p.73-74), o futebol a ser ensinado nas escolinhas específica, deve contribuir para que o aluno possa aprender e usufruir dele no dia a dia. Dessa forma, no ambiente esportivo, a pedagogia do esporte se volta não para a formação de alunos atletas (alto rendimento), mas para que todos possam vivenciar e ter acesso ao aprendizado do futebol (inclusão) e desenvolver as habilidades e gestos motores de acordo com as suas limitações. 
Para Freire (2011, p.13), o ensino e a aprendizagem de qualquer esporte se fazem necessário o desenvolvimento das habilidades gerais, ou aqui como descreve o autor, habilidade motora e habilidades inespecíficas. Essas habilidades são próprias do ser humano, capaz de executar uma ação, pela qual exige resistência, velocidade, agilidade e flexibilidade. Essas habilidades inespecíficas são essenciais para quem quer aprender a jogar, não importa qual seja o esporte, mas aqui especificamente o futebol.
Segundo Freire (2011, p.28), as habilidades básicas bem como as habilidades específicas do futebol são combinações de movimentos coordenados para atingirem o sucesso na execução. As Habilidades Específicas do futebol são bastante evidentes a semelhança a do futsal como: a finalização, passe, controle de bola, condução, desarme, lançamento, cruzamento, cabeceio, defesa (goleiros). 
Freire (2011) defende que no ensino-aprendizagem do futebol a criança deve primeiro ter contato com a bola, ou seja, inicialmente as habilidades como: a condução, controle, finalização e cabeceio. Na sequência a criança deverá conhecer as habilidades nas quais possa interagir com o outro: o passe, drible e desarme e por último desenvolver todas as habilidades citadas anteriormente, acrescentando a tática sem bola de atuação em um jogo, criando em sua memória capacidade de executar depois na prática com a bola. 
Os fundamentos básicos do futebol classificados por Scaglia (1999, p.66), são:  Fundamentos Básicos: passe, domínio de bola, condução, drible, chute, desarme e cabeceio. 
· Fundamentos Derivados: cruzamento, cobrança de falta e pênalti, lançamentos e tabelinhas. 
· Fundamentos Específicos: são as posições assumidas pelo jogador durante o jogo, como goleiro, zagueiros, laterais, meias e atacantes. 
 
O ensino do futebol vai além do aprendizado do jogo propriamente dito e de seus fundamentos dentro das suas circunstâncias. Scaglia (1999) destaca que devemos oportunizar o conhecimento, hábitos e condutas e a cultura que o futebol proporciona. Ao proporcionar esses conhecimentos ao aluno, o objetivo é despertar os sentimentos de solidariedade, cooperação, autonomia e criatividade, valores éticos, sociais e morais, e que tornem um agente transformador das realidades presentes no cotidiano. 
Scaglia (1999) e Freire (2003) veem no jogo uma grande oportunidade para que os alunos desenvolvam suas habilidades, buscando nos jogos populares, o futebol praticado na rua, transformados e adaptados para a prática no processo de ensino e aprendizagem de forma diversificada e de caráter lúdico, com o planejamento feito com antecedência. Todos os alunos na iniciação de aprendizagem devem atuar em todas as posições, uma solução é o rodízio para que possam assimilar e ter conhecimento do jogo como um todo, além de proporem as adaptações nas regras do jogo, dando preferência a jogos em pequenos grupos. 
Para Scaglia (1999), a pedagogia é como um processo de condução ao saber e o futebol um jogo histórico e culturalmente construído. Foi por isso que na década de 1980, a partir da democratização do país, surgem novas propostas curriculares para escolas estaduais e na educação física dá-se um marco histórico focado na cultura corporal e na emancipação dos sujeitos. Nesse contexto, o esporte foi um dos conteúdos mais evidenciando pela prática da educação física. Com diversas mudanças conceituais, enquanto patrimônio cultural da humanidade, o esporte traz uma diversidade grande de situações. O mesmo possui uma riqueza de significados capaz de transformar a realidade dos alunos em uma qualidade de vida melhor. Entretanto, para isso é preciso compreender duas coisas bem diferentes: prática esportivizada e esportes de (alto) rendimento. 
Por sua vez, o futebol porque é jogado com os pés, semelhante à o futsal, sobretudo nos aspectos técnicos, mas também com similaridades táticas. Sendo assim, Freire (2011) aponta que para ensinar a jogar futebol é preciso entender alguns princípios: ensinar a todos; ensinar bem; ensinar mais do que (futebol); ensinar a gostar de (futebol). Portanto, o propósito deste nosso trabalho foi ensinar tanto meninas e meninos, os mais e os menos habilidosos, desenvolvendo em todos eles habilidades que atinjam o psicológico, o social e o biológico, deixando para os mesmos o futebol como uma ferramenta de exercício da cidadania em suas vidas adultas. 
 
4 RESULTADOS 
 
O Grupo de Trabalho Esportivo (GTE) se constituiu como uma das atividades do Programa de Desenvolvimento Esportivo (PDE) e se caracterizou pela interação a distância entre o professor PDE e os demais professores do projeto, pelo qual podemos compartilhar os conhecimentos alcançados ao longo do período do projeto, trocar experiência sobre as atividades que foram desenvolvidas e relatos de atividades propostas nos planos de aulas que foram utilizados pelos professores. Os professores puderam opinar sobre o material produzido e sua relevância para o projeto, com o objetivo de um novo olhar e novas estratégias para a prática esportiva. 
O GTE foi desenvolvido em uma plataforma de Ambiente de aprendizagem, através de fóruns e tópicos de discussões, na ocasião foi dividido em três momentos através de módulos sendo: 
· Análise e avaliação do projeto de intervenção Pedagógica 
· Análise do material produzido 
· Acompanhamento da implementação do projeto 
 
O GTE permitiu a socialização com os demais professores do projeto de ensino de modo a redimensionar as ações na pratica pedagógica do projeto. 
 
4.1 Registro dos dados 
 
A tabela apresentada a seguir traz a síntese das ações adotadas na implementação do projeto pedagógico: 
 
	UNIDADES 
 
	AULAS 
	DESCRIÇÃO 
	01 
 
	01 
	Questionário de Investigação: o Objetivo foi identificar através da aplicação do Questionário o conhecimento já adquirido sobre o futebol. 
	02 
	02 
	 Lateralidade Corporal - nesta aula exploramos os movimentos e a importância de sabermos o lado dominante em nosso corpo (dominância lateral) 
	03 e 09 
	03 e 09 
	Aulas sobre o Fundamento “Passe”, cujo objetivo foi fazer com que os alunos pudessem realizar uma sequência de passes, pois é através dos passes que 
se possibilita o jogo coletivo e a progressão das jogadas no futsal. Aulas pautadas na Pedagogia do Esporte, através dos jogos e brincadeiras, objetivou alcançar o ensino/aprendizagem do futebol. Ao final de cada aula foi realizada conversa com os alunos sobre suas percepções do que foi passado. 
	04 e 07 
	04 e 07 
	Aulas sobre Condução de bola, cujo objetivo foi fazer com que os alunos pudessem desenvolver as diversas possibilidades dos movimentos corporais, aplicando as técnicas básicas do futebol, pois é através da condução de bola que se possibilita a progressão das jogadas no futebol. 
	05 
	05 
	Nesta aula foi trabalhado o Fundamento “Rodízio” ou troca de posições, com o objetivo de desenvolver as diversas possibilidades dos movimentos corporais e deslocamentos para que realizem o rodízio 3-2-1 e manobras com a bola. 
	06 
	06 
	Nesta unidade foram trabalhados os Fundamentos 
“toque e Passe”, com o objetivo de ensinar tais fundamentos por meio das brincadeiras (atividades lúdicas), assim desenvolver ad habilidades físicas: agilidade, velocidade e deslocamento. 
	07 
	07 e 04 
	Nesta unidade foi trabalhada a Condução de bola. 
	08 
	08 e 13 
	Nesta unidade o objetivo foi desenvolver as diversas possibilidades de chutes que podem acontecer durante uma partida de futsal. Continuou a ênfase aos princípios operacionais dos esportes coletivos, com jogos e brincadeiras, mas também com a utilização da bola, que é o objeto principal futebol. 
	09 
	09 e 03 
	Nesta unidade foram utilizados brincadeiras e jogos dando ênfase ao Fundamento “Passe”. 
	10 
	10 
	Nesta unidade foi desenvolvido as diversas possibilidades da condução de bola e a realização do chute. Através de jogos adaptados e brincadeiras foram vivenciadas atividades recreativas usando a organização (trabalho em equipe e cooperação) agilidade, condução e chute. 
	11 
	11 
	Nesta unidade foram realizadas jogadas ensaiadas, com o objetivo de desenvolver as diversas possibilidades das jogadas que podem acontecer em uma partida de futebol. 
	12 
	12 
	Nesta unidade foi realizado o deslocamento, passe, toque e cabeceio, com o objetivo de desenvolver as diversas possibilidades de passe que podem acontecer em uma partida de futebol. 
	13 
	13 e 08 
	Nesta unidade foi desenvolvida as diversas possibilidades de chutes que podem acontecer durante
uma partida de futebol.
	14 
	14 
	Aula teórica com o objetivo de verificar o aprendizado dos alunos com a metodologia utilizada para o ensino dos fundamentos do futebol.
	15 
	15 
	Nesta unidade foram desenvolvidos os Fundamentos “Chutes e Passes”, com o objetivo de trabalhar as habilidades de domínio, deslocamento, passes e chutes colocados, que são usados durante uma partida de futebol.
	16 
	16 
	Nesta unidade foram trabalhados os fundamentos “Chutes, Passes e cabeceio”, com o objetivo de desenvolver as habilidades de domínio, deslocamento, passes, chutes colocados e cabeceio que são muito utilizados durante uma partida de futebol. 
Quadro 1: Elaborado pelo autor. 
 
Esta parte do trabalho foi dividida em dezesseis unidades, cada unidade, composta de duas (02) aulas, sendo uma (01) aula para alunos de 11 Anos de idade e a outra aula para alunos de 13 Anos de idade, somando um total de 32 aulas que serviram para avaliar a implementação. 
A implementação teve início com uma aula na qual os alunos tiveram conhecimento de como seriam as próximas aulas, o que teriam que fazer durante as aulas para que eu pudesse avaliá-los, a ênfase foi de que o importante era a participação de todos. Foi aplicado o questionário diagnóstico e depois fomos para a sala de multimídia onde foi passado o filme “Rudy” com o objetivo de mostrá-los que podemos ser perseverantes e acreditar em nossos sonhos e que podemos praticar os esportes pelo simples prazer. Os alunos demonstraram-se um pouco ansiosos em querer ir para a prática, mas expliquei para todos a importância desta conversa inicial sobre o trabalho. 
Nesta unidade, os alunos tomaram conhecimento de como seria realizado o trabalho no projeto. A conversa foi sobre o futebol, explicações de como é trabalhado este esporte nas escolinhas de futebol, na busca de (alto-rendimento) do aluno. Expliquei também que as aulas teriam início com atividades pautadas na Pedagogia do Esporte. 
Na unidade didático 02, a aula foi o desenvolvimento dos movimentos e a importância de sabermos o lado dominante em nosso corpo (dominância lateral), para qual usando a princípio bexigas, os alunos puderam trabalhar realizando toques alternando as mãos, ora com a mão direita, depois a mão esquerda, podendo detectar o lado dominante de seu corpo e as dificuldades de utilizar o lado não dominante, depois utilizamos o mesmo método usando a bola de futsal quando puderam usar os pés para fazer o mesmo experimento. 
 
Figura1: Dominância Lateral 
 
Nas unidades didáticas 03 e 09, desenvolvemos o Fundamento “Passe”., Os alunos realizaram uma sequência de passes (passe com o lado interno do pé, passe de bico, passe com a parte externa do pé), pois é por meio dos passes que se possibilita o jogo coletivo e a progressão das jogadas no futsal. O trabalho foi realizado no primeiro momento em fila, quando os alunos passavam a bola de pé em pé, depois realizamos o trabalho em duplas. Os (as) alunos (as) demonstraram interesse em aprender e executar as atividades propostas, mas não podia deixá-los ociosos para não dispersarem, entre uma atividade e outra sempre mostrando a eles a importância de se manterem em organizados para a vivência das atividades. 
 
Figura 2: Passe de pé 
 
 Nas unidades didáticas 04 e 07, realizamos a condução de bola. s alunos desenvolveram as diversas possibilidades dos movimentos corporais, aplicando as técnicas básicas do futsal, que são conduzir a bola tocando apenas com a parte interna do pé em progressão, depois conduzir a bola tocando com a parte externa do pé em progressão, pois é através da condução de bola que se possibilita a progressão das jogadas no futsal. Os meninos nesta atividade se mostraram mais confiantes na vivência, já as meninas se mostraram com vergonha, pois quando iam tocar na bola, muitas vezes a bola saia do controle, mas mesmo assim, todos realizaram a atividade proposta e podemos perceber que no final as meninas e os meninos com menos habilidades conseguiram realizar apesar das dificuldades encontradas. 
 
Figura 3: Condução de bola 
Na unidade didática 05, utilizamos jogos e brincadeiras para estratégia do ensino-aprendizagem do Rodízio (troca de posições), essas atividades propiciaram aos alunos a vivência de deslocamentos, posicionamentos que os levaram a ter consciência do espaço do jogo e das formas de deslocar-se durante uma partida de futsal. Nas atividades propostas, utilizamos diferentes tipos de bolas (bola de voleibol, handebol e futsal). No primeiro momento, logo após a conversa com os alunos, expliquei sobre a importância de se realizar o rodízio e o porquê de realizar dentro de uma partida de futsal, mas que também é executado em outras modalidades. Os alunos a princípio mostraram muita dificuldade em realizar o rodízio e aos poucos foram fazendo e os próprios alunos que aprenderam com mais facilidade foram orientando os colegas, ao final pode perceber que todos conseguiam vivenciar a atividade. Na conversa após a aula, relataram as dificuldades de algumas situações, como: espaços delimitados, ter que realizar a atividade dependendo da ajuda do colega, encontrar um obstáculo (colega) e ter que mudar de direção. Chegar a um local e ele já estar ocupado, precisando então achar outro. 
 
Figura 4: Troca de posições (brincadeira do Relógio 
 
Na unidade didática 06, trabalhamos o Toque e o Passe. Os alunos formaram um círculo, e um dos alunos foi o “bobinho”, o qual ficou no meio do círculo, a escolha foi feita aleatória. A brincadeira popularmente conhecida como bobinho, proporcionou vivenciarmos o passe longo, o passe curto e também o toque com a parte interna e externa do pé. Definimos a regra da brincadeira, a princípio os alunos podiam dar no máximo dois toques na bola, um toque para dominar e outro para passar, depois alteramos a regra, os alunos tinham que tocar de primeira, ou seja, dar apenas um toque na bola, assim dificultando mais a ação dos mesmos. Quando o aluno (bobinho) tocava na bola, o aluno que tocou a bola por último e foi pego passava a ser o bobinho e assim sucessivamente. Os fundamentos do Toque e do Passe, por meio das brincadeiras (atividades lúdicas), proporcionaram o desenvolvimento das habilidades físicas como: agilidade, velocidade e deslocamento de suma importância no Futsal. 
 
Figura 5: Bobinho 
 
 Nas unidades didáticas 08 e 13, trabalhamos o Chute. Desenvolvemos as diversas possibilidades de Chutes que acontecem durante uma partida de futsal, através da competição dos números e do fut-queimada realizamos os chutes colocados com a parte interna e externa do pé, chutes por elevação, ou seja por cima com o peito do pé e chute de bico. O jogo do fut-queimada é uma versão da bola queimada, mas adaptado para realizar com os pés, o qual possibilitou treinar os mais variados chutes. Os alunos se mostraram muito solidários as meninas e criamos regras pelas quais os meninos dominavam a bola para que as meninas chutassem na tentativa de queimar o time adversário e assim também como o chute das meninas eram mais fracos não os machucavam. Variamos a regras muitas vezes no decorrer da partida. 
 
 
Figura 6: Fut-Queimada 
 Na unidade didática 10, trabalhamos a Condução de bola e o chute, dando ênfase às regras de ação do futsal, fazendo com que os alunos se apropriassem das regras básicas do jogo. Através do jogos adaptados e das brincadeiras vivenciamos as atividades recreativas usando a organização (trabalho em equipe) cooperação, agilidade, condução e chute. No início das atividades, os alunos se apresentaram ansiosos, todos querendo estar onde a bola estivesse, expliquei que seria formadas duas filas, uma fila conduzia a bola, tocando para o colega que estava na outra fila e este devolvia, tocando para que o mesmo chutasse ao gol, depois os alunos trocavam de fila. Ao final da aula, realizamos o “Gol a gol” neste jogo o jogador foi, ao mesmo tempo, o goleiro e o atacante, pelo qual arriscavam chutes ao gol adversário e defendia a sua meta, não podiam usar as mãos e quando acertava a trave, realizavam
a cobrança de uma penalidade máxima. 
Na unidade didática 11, realizamos as jogadas ensaiadas, mas antes, ficamos em sala de aula, onde retomamos sobre a aula anterior e apresentei um vídeo sobre jogadas ensaiadas e também o vídeo expondo o momento que os próprios alunos vivenciavam as atividades na quadra. Pôde perceber que eles mesmos comentavam sobre sua execução da condução de bola, toque e chute ao gol, isto foi muito benéfico, pois puderam verificar os seus próprios erros e mostraram um otimismo para experenciar novamente a atividade. Depois expus as atividades que iriam ser trabalhadas nesta aula. Levei para a quadra um tabuleiro de Futebol de Botão, similar a uma quadra de futsal para o ensino das jogadas ensaiadas. Através de jogos adaptados e atividades lúdicas, os alunos mostraram-se mais cooperativos, também cobraram o posicionamentos errôneos dos colegas. Foram atividades pelas quais pôde perceber que os alunos estavam mais focados em trabalhar em equipe (cooperação), foram poucos que ainda mostraram-se mais individualistas. 
Na unidade didática 12, realizamos a brincadeira do “Nunca Três”. Dividimos a turma em duplas; delimitados o espaço para a brincadeira (quadra de voleibol); as duplas se posicionaram de forma aleatória no espaço escolhido. Para iniciar a brincadeira escolhemos uma dupla, nesta dupla um dos alunos foi o fugitivo e o outro foi o pegador. Nesta parte da aula, trabalhamos o deslocamento, na sequência trabalhamos o passe, toque e cabeceio, como também o desenvolvimento das diversas possibilidades de passes que podem acontecer em uma partida de futsal através do fut-vôlei. Nesta aula organizamos as equipes (mistas) com cinco jogadores cada, criamos regras para que todos pudessem participar, estabelecemos três minutos por partida e ganharia a equipe que mais pontuasse. Os jogos foram disputados no sistema de todos contra todos, mas o principal desta aula foi a participação de todos. 
Na unidade didática 14, verificamos o aprendizado dos alunos com a metodologia utilizada para o ensino dos fundamentos do futsal, ficamos em sala e os alunos expuseram suas opiniões sobre as aulas práticas e responderam algumas perguntas realizadas sobre os conteúdos aplicados. Pôde perceber nas respostas dos alunos que a avaliação foi qualitativa através das observações referentes ao desenvolvimento das atividades realizadas, verificamos também que a proposta inicial pode dar bons frutos, mas sempre adequando as metodologias de ensino. 
Na unidade 15, desenvolvemos o chute e o passe, através da brincadeira do “Stop”, os alunos ocupavam um mesmo espaço no círculo central da quadra, um aluno foi escolhido para ficar no meio do círculo e o mesmo joga a bola de futsal para cima e os outros alunos se deslocariam por todos os lados da quadra, quando a bola caísse, o aluno que a jogou gritaria STOP, os alunos tinham que parar imediatamente de correr. O aluno, com a posse de bola, daria três toques e a chutaria usando a parte interna do pé, ou seja, um chute colocado, tentando atingir um colega. Conforme os alunos vão sendo queimados, vão saindo da brincadeira até que todos também sejam queimados e assim conhecemos o vencedor ou a vencedora. Nesta atividade, pudemos perceber que os meninos sempre queriam tentar queimar os outros meninos e as meninas também optava por queimar as meninas, quando perguntei a eles o porquê, os meninos responderam que tinham medo de chutar e machucar as meninas, já as meninas disseram que não tinha um motivo, mas que era mais fácil queimar as meninas. 
Na unidade 16, realizamos um “circuito”. Desenvolvemos as habilidades de domínio, deslocamento, passes, chutes colocados e cabeceio. Por estar chegando ao final da implementação do projeto, trabalhamos com eles vários fundamentos ao mesmo tempo, uma vez que nas unidades anteriores, procurei trabalhar um fundamento, ou no máximo dois em uma só aula. Pôde-se perceber uma melhor familiarização com o futsal, que antes era pouco conhecido e vivenciado na prática por muitos dos alunos, principalmente as meninas e os menos habilidosos, ora por vergonha, por falta de motivação, ou até mesmo como relataram por oportunidades. 
O trabalho de implementação foi além das expectativas, os alunos se mostraram sempre motivados e querendo aprender cada vez mais, pudemos também perceber que com organização e uma metodologia pautada em estudos sérios é possível realizar um trabalho que contribua para o desenvolvimento dos nossos alunos. 
 
5 DISCUSSÃO 
 
 Observando ao longo do estudo entendemos a importância do ensino aprendizagem do futsete no projeto, sendo este um esporte criado a partir do futebol para atender uma clientela e espaços diferentes ao do campo de futebol. Pode-se perguntar então qual o papel deste esporte para o ambiente esportivo, dentro da sociedade? 
De acordo com os relatos dos autores citados neste trabalho percebemos que cada um identifica os problemas enfrentados no ensino- aprendizagem, mas também apontam as soluções para que possamos mudar os rumos e não cairmos nos mesmos erros apresentados. Pudemos identificar que Freire (2011) apresenta uma proposta de ensino do futebol em seu livro pedagogia do futebol no sentido de que a escola é o lugar apropriado para sistematizar os fundamentos do futebol e nos diz também que a escola não é o único lugar onde aprendemos coisas importantes, mas nos apresenta a pedagogia da rua, onde traz essa cultura para a escola, preservando o lúdico, as brincadeiras no ensino aprendizagem. 
Santana (2005), procurando uma iniciação esportiva que contemple toda a complexidade humana e no seu desenvolvimento de forma integral, entende que o período em que a criança inicia a prática regular e orientada de uma ou mais modalidades esportivas e o momento de trabalhar os aspectos motor, cognitivo, afetivo e social do aluno, e não formar atletas ou, implicando em competições regulares. Percebe-se que o autor destaca também o papel social que o esporte desempenha no desenvolvimento integral dos sujeitos. 
 Existem vários pontos observados a serem discutidos na produção e na implementação deste projeto, a discussão nos remete ao ensino do futsal nas aulas de educação física de forma mais significativa e aos paradigmas Os textos revelaramse quase todos preocupados com a prática pedagógica do ensino aprendizagem dos esportes, apesar de receberem um tratamento diferenciado, os autores estudados compartilharam nas críticas as características consensualmente aceitas no desafio de superar os paradigmas propostos para o ensino dos esportes e aqui especificamente o futsal. Essa questão é comprovada nos trechos a seguir: a) especialização precoce; b) gestos motores repetitivos; c) exclusão dos menos habilidosos d) o jogo é dividido em elementos isolados; e) ensinar a técnica e a tática fora do contexto de jogo; f) valorizar demais as competições; g) ênfase na técnica/sistema sem compreensão. 
Os autores nos mostram várias explicações sobre o ensino e aprendizagem do futsal nas aulas de educação física, quanto à iniciação os resultados apontam para o fato de a maioria das crianças dão os primeiros passos na rua, depois passam a praticar nas escolas (nas aulas de educação física) e que poucos aprendem nas escolinhas de futsal. O fato é que a maior parte dos alunos a um tempo atrás iniciavam a prática de jogar bola na rua, revelam que esse ambiente, ainda que informal e desprovido de um tratamento pedagógico, mas mesmo assim, é favorável para o aprendizado do futsal. Então podemos dizer que não apenas as escolas, os clubes e as associações ensinam às crianças jogar bola com os pés. 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O presente trabalho realizado, a princípio era um projeto idealizado no início do ano de 2016 e no primeiro semestre de 2017 a implementação executada, fez parte dos requisitos do PDE (Programa de desenvolvimento Educacional). A implementação didática-pedagógica aconteceu com duas turmas do Colégio Estadual “Professora Nadir Mendes Montanha” (6º Ano “A” e 7º Ano “A”). A proposta foi derrubar
paradigmas com relação ao ensino de futsal nas aulas de educação física escolar. Acreditamos que o ensino do futsal e dos esportes coletivos a partir da proposta da Pedagogia do Esporte adotada neste trabalho podem contribuir de forma significativa para o aprendizado dos alunos, sem exclusão ou favorecendo os mais habilidosos. 
 A fundamentação teórica que norteou o projeto possibilitou entender a educação física como disciplina escolar que visa a formação de cidadãos que conheçam e vivenciem a cultura esportiva. Nesse sentido, tornou-se importante compreender que os alunos não são atletas, mas que podem jogar apenas pelo prazer e devem ter a oportunidade de apropriação dos princípios básicos dos esportes coletivos, aqui especificamente o futsal, pensando numa formação esportiva inicial mais ampla e que se afasta do ensino especializado. Com isso, espera-se que os alunos puderam desenvolver melhores condições para aprender o futsal de maneira mais ampla e que isso possa ser efetivado em suas práticas esportivas fora do ambiente escolar. 
Esta metodologia, mostrou-se eficaz, mas para que os resultados sejam mais expressivo e que contemple a totalidade dos alunos, necessita de um tempo maior de aplicação, mesmo assim, com trinta e duas horas-aula de implementação do projeto tivemos uma noção de como pode ser mais efetivo no ensino das aulas de educação física. Destaca-se que a Pedagogia do Esporte pode ser utilizada no ensino do futsal ou em outras modalidades, e em diferentes turmas, basta os ajustes necessários. 
O trabalho teve aceitação perante os interesses e a motivação dos alunos, além de ser avaliado positivamente pelos professores cursistas do GTR (Grupo de Trabalho em Rede). Os alunos, com o passar das aulas, foram tornando-se mais independentes e participativos nos jogos, mostrando um domínio maior sobre o que se orientava, mostrando, desta forma, um processo que, talvez, não tenha sido mais acentuado pela limitação do tempo de vivência do trabalho. 
O projeto proporcionou experiências de ensino do futsal de maneira pela qual os alunos não foram deixados excluídos das possibilidades de aprendizagem por falta de habilidades especificas ou por condição de gênero. Por outro lado, foi possibilitado a eles a compreensão da importância dos métodos e as estratégias comum ao futsal, sabendo se posicionar no espaço de jogo e contribuindo com deslocamentos, posicionamentos, marcações para o sucesso do trabalho coletivo. 
Por fim, esperamos divulgar esta metodologia de ensino do futsal não apenas no Colégio Estadual “Professora Nadir Mendes Montanha”, onde foi realizado o projeto, mas também em outras escolas do município de Arapongas – PR e escolas do Núcleo Regional. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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FREIRE, J. B. Pedagogia do Futebol. 3 ed. Campinas: São Paulo, Autores Associados, 2011. 
 
PAES, R. R. A pedagogia do esporte e os jogos coletivos. In: DE ROSE JR. D. 
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