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CURSO DE CAPACITAÇÃO EM
SANEAMENTO AMBIENTAL
GESTÃO INTEGRADA DE
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro Tecnológico
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental
COORDENADOR DO PROJETO ReCESA NUCASUL
Professor Amando Borges de Castilhos Junior, Dr. (UFSC)
COORDENADOR DE CURSO
Professor Amando Borges de Castilhos Junior, Dr. (UFSC)
GRUPO DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO 
Alexandre Ghilardi Machado (UFSC)
Lucas Bastianello Scremin (UFSC)
ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO
Luciana Paulo Gomes, Drª. (UNISINOS)
Carlos Eduardo Goulart Nascimento, Msc. (UNISINOS)
Suzana Maria De Conto, Drª. (UCS)
Gino Gehling, Dr. (UFRGS)
Participação
Amando Borges de Castilhos Junior, Dr. (UFSC)
Elivete Carmem Clemente Prim, Msc. (UFSC)
CURSO DE CAPACITAÇÃO EM
SANEAMENTO AMBIENTAL
Florianópolis – Santa Catarina
2007
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro Tecnológico
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental
GESTÃO INTEGRADA DE
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
Projeto Gráfico, Diagramação e Capa
Studio S – Diagramação & Arte Visual
(48) 30253070 – studios@studios.com.br
Impresso no Brasil
Todos os Direitos Reservados — Proibida a produção total ou parcial,
de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor
(Lei n° 9.610/98) é crime estabelecido pelo art. 184 do Código Penal.
(Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071)
C977 Curso de capacitação em saneamento ambiental : plano de gestão integrada de 
 resíduos sólidos urbanos / organização Luciana Paulo Gomes ... [et. al.]. – Florianópolis, 
 SC : UFSC, 2007.
 58p.
 Inclui bibliografia
 1. Gerenciamento de resíduos sólidos. 2. Resíduos sólidos urbanos – Administração. 
 3. Sustentabilidade ambiental. 4. Resíduos sólidos urbanos – Aspectos políticos. 
 I. Gomes, Luciana Paulo. II. Universidade Federal de Santa Catarina. 
 
 CDU: 628
SUMÁRIO
RECESA – REDE DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO: BREVE 
HISTÓRICO E PRINCIPAIS DIRETRIZES ............................................................................................ 6
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 7
1 DEFINIÇÕES GERAIS ...................................................................................................................... 8
1.1 Resíduos sólidos urbanos .......................................................................................................... 8
1.2 Gestão de resíduos sólidos urbanos .......................................................................................... 10
1.3 Gerenciamento integrado de RSU ............................................................................................ 12
2 POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ...................... 15
2.1 Consórcios para o gerenciamento de RSU ................................................................................ 17
3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
URBANOS .......................................................................................................................................... 19
3.1 Aspectos operacionais e de planejamento ................................................................................ 19
3.2 Aspectos financeiros ................................................................................................................. 21
3.3 Aspectos sociais ....................................................................................................................... 24
4 MANEJO DE RSU ............................................................................................................................ 26
4.1 Coleta e transporte ................................................................................................................... 27
4.2 Minimização da geração e reciclagem de resíduos solidos urbanos ........................................... 31
4.3 Compostagem .......................................................................................................................... 33
4.4 Disposição final ........................................................................................................................ 35
4.5 Disposição final com prensagem e embolsamento de resíduos ................................................ 39
5 GESTÃO DE RECURSOS NO MANEJO DE RSU .............................................................................. 41
5.1 Critérios para celebração de convênios .................................................................................... 42
5.2 Pessoal ..................................................................................................................................... 45
5.3 Equipamentos .......................................................................................................................... 45
5.4 Material ................................................................................................................................... 46
5.5 Custos variáveis ........................................................................................................................ 46
5.6 Sustentabilidade financeira ....................................................................................................... 46
6 ESTUDO DE CASO ......................................................................................................................... 47
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................... 56
ReCESA – Rede de Capacitação 
e Extensão Tecnológica em 
Saneamento: breve histórico e 
principais diretrizes
A ReCESA tem o propósito de reunir, articular e integrar um conjunto de institui-ções e entidades com o objetivo de promover o desenvolvimento institucional 
do setor mediante soluções de capacitação, intercâmbio técnico e extensão tecno-
lógica, por intermédio de um processo continuado de formação de capacidades. 
A Rede foi concebida com base no enfoque multidisciplinar e na abordagem inte-
grada das lógicas institucionais que orientam as frentes das ações do saneamento, 
considerando-se as políticas e técnicas de manejo, tratamento e disposição final, 
específicas e apropriadas para cada região, nos seguintes temas:
Gerenciamento, operação e manutenção de sistemas de Abastecimento 
de Água;
Gerenciamento, operação e manutenção de sistemas de Esgotamento 
Sanitário;
Gerenciamento e manejo integrado dos Resíduos Sólidos Urbanos;
Gerenciamento e manejo integrado das Águas Pluviais Urbanas;
Temas Transversais, correlatos à formulação e implementação de 
políticas públicas pautadas na integralidade entre os componentes 
do saneamento e na integração setorial deste com as demais áreas de 
intervenção na cidade.
Para estruturar a ReCESA, foi adotada uma estratégia de formação de Núcleos 
Regionais (NRs). Os requisitos para a constituição desses núcleos foram: abran-
gência temática, capilaridade regional e capacidade das instituições de ensino em 
construir um arranjo institucional necessariamente articulado com os prestadores 
dos serviços do saneamento; além da adesão desejável de Cefet´s, sistema S e 
entidades específicas do setor.
Integram os Núcleos Regionais 15 universidades brasileiras, que estão responsáveis 
por implementar um programa de capacitação, em estreita parceria com os presta-
dores dos serviços de saneamento. 
Na região Sul do país, foi criado o Núcleo da Região Sul (NUCASUL), composto por 
quatro instituições: UFSC; UFRGS; UNISINOS; UCS. No Tema Gerenciamento e 
manejo integrado dos Resíduos Sólidos Urbanos, nesse primeiro ano serão ofereci-
dos 5 cursos, emdiferentes localidades.
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INTRODUÇÃO
Os problemas ambientais urbanos hoje são de uma amplitude e complexidade que 
já afetam 82% da população nacional. Neste quadro a questão dos resíduos sólidos 
adquire dimensão considerável em função da sua gravidade frente às conseqüên-
cias indesejáveis para a saúde pública, o bem-estar da população e a qualidade do 
meio ambiente, (Sampaio,2007).
Os países, em geral, se defrontam com dados preocupantes em relação à geração 
de resíduos sólidos urbanos. Mesquita et al (2005), reflete de certa forma a causa 
desta realidade numa frase onde diz que: “usar e jogar fora se tornou um ato des-
medido, assim como jogar em qualquer lugar e de qualquer jeito”. O modelo de 
gestão de resíduos sólidos urbanos, predominante no nosso País, tem se mostrado 
ineficiente, ele é baseado na coleta e afastamento dos resíduos gerados não dis-
pondo na maioria das vezes de um sistema adequado de disposição dos mesmos, 
os sistemas adequados existentes constituem-se na realidade de soluções isoladas e 
estanques, refletindo a necessidade de mudanças. 
Pode-se verificar esta realidade através dos dados de saneamento levantados pelo IBGE 
no ano de 2000 publicados em 2002. Onde entre os diferentes dados levantados ob-
servou-se que dos 5.561 municípios brasileiros, 63,1% deles informaram que depositam 
seus resíduos em lixões e apenas 13,7% declaram que possuem aterros sanitários. Por 
outro lado, 73,1% têm população inferior 20.000 habitantes, nestes municípios, 68,5% 
dos resíduos gerados são vazados em locais inadequados (JUCÁ, 2003).
 As causas desta realidade tem origem nas mudanças dos padrões de consumo, no 
desenvolvimento industrial e nos avanços tecnológicos que vem provocando alte-
rações na composição e na quantidade do lixo gerado, exigindo que a prestação 
dos serviços seja intensificada, ampliada e diversificada visando encontrar soluções 
integradas para a gestão destes resíduos.
Atualmente, o modelo mais adotado para reverter a situação da disposição ina-
dequada dos resíduos sólidos urbanos é baseado no gestão e gerenciamento in-
tegrados. Desta forma, a presente apostila, intitulada de Gestão Integrada de Re-
síduos Sólidos Urbanos, foi elaborada com a finalidade de auxiliar na capacitação 
e aprimoramento dos administradores municipais e profissionais que atuam nesta 
área. Portanto, aborda-se aqui os conceitos básicos envolvidos na questão dos RSU, 
passando por aspectos políticos e jurídicos, operacionais e técnicos, financeiros e 
econômicos, ambientais e sociais, essenciais para a compreensão do que é gestão 
integrada de resíduos sólidos.
1
DEFINIÇÕES GERAIS
1.1 Resíduos sólidos urbanos
Lixo é todo o resíduo resultante das atividades diárias do Homem na sociedade. São 
basicamente restos de alimentos, embalagens de diversos tipos e restos dos sanitários.
A NBR 10.004 – Resíduos Sólidos – Classificação, de 2004 da Associação Brasileira 
de Normas Técnicas (ABNT), define resíduos sólidos como sendo aqueles que, nos 
estados sólidos e semi-sólidos, resultam das atividades da comunidade de origem: 
industrial, doméstica, de serviços de saúde, comercial, de serviços, de varrição ou 
agrícola. Incluem-se lodos de estações de tratamento de água (ETA), e estações de 
tratamento de esgotos (ETE), resíduos gerados em equipamentos e instalações de 
controle da poluição e líquidos que não possam ser lançados na rede pública de 
esgotos, em função de suas particularidades.
De acordo com IPT/CEMPRE (2000), resíduos sólidos são restos das atividades hu-
manas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis, ou 
seja, o que é lixo para uma pessoa pode não ser para outras.
Já resíduos sólidos urbanos referem-se a resíduos domésticos, comerciais e indus-
triais, além dos resíduos dos serviços de saúde. Porém, resíduos sólidos urbanos po-
dem ser, além do descrito anteriormente, também resíduos provenientes de podas, 
varrição, limpeza de bocas-de-lobo, etc.
FATORES QUE DETERMINAM A ORIGEM E FORMAÇÃO DOS RESÍDUOS 
SÓLIDOS
É importante destacar que cada município formule o seu modelo de gestão 
de resíduos sólidos. Nesse sentido cabe realizar um diagnóstico no sentido de 
identificar fatores que podem interferir na origem e formação desses resíduos. 
Diferentes fatores que merecem ser analisados para cada município: número de 
habitantes do local, variações sazonais, legislação, condições climáticas, hábitos, 
variações da economia, poder aquisitivo, nível educacional, tipo de equipa-
mento de coleta, segregação na origem, sistematização da origem, disciplina e 
controle dos pontos produtores.
No que tange aos municípios turísticos (serra ou litoral), é importante analisar es-
ses fatores e identificar as contribuições dos eventos turísticos e sazonalidade na 
geração dos resíduos sólidos. De Conto (2005) ao estudar a hotelaria como fonte 
geradora de resíduos sólidos, identificou diferentes fatores que determinam a ori-
gem dos resíduos sólidos no âmbito desse meio de hospedagem: a) número de hós-
pedes; b) número de funcionários; c) variação sazonal; d) classificação do hotel; e) 
área relativa de geração de resíduos em jardins e parques; f) serviços oferecidos aos 
hóspedes; g) faixa etária dos hóspedes; h) poder aquisitivo dos hóspedes; i) motivo 
da hospedagem; entre outros.
GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS �
NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
Examinar diferentes situações de geração de resíduos sólidos (residências, meios de 
hospedagem, serviços de saúde, indústrias, comércio, entre outras), ou seja, estudar, 
portanto, a origem dos problemas, permite com maior clareza auxiliar os municípios 
a definir o sistema de gerenciamento integrado desses resíduos.
CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS
É importante e necessário que os municípios realizem diagnósticos sistemáticos no 
sentido de identificar as reais situações de gerenciamento de seus resíduos sólidos. 
Importantes contribuições são apresentadas na literatura no sentido de mostrar as 
diferentes características dos resíduos sólidos.
Mandelli (1997) ao estudar sobre as operações de uma residência, e, portan-
to sobre a necessidade da mesma realizar o balanço mássico de seus produtos, 
identificou através de estudos dos resíduos sólidos na fonte geradora, que pro-
dutos domissanitários adquiridos pela população podem conferir características 
de periculosidade aos resíduos sólidos quando descartados após o seu consumo. 
Embasada na obra de Schvartsman (1988), que versa sobre produtos químicos 
de uso domiciliar, Mandelli (1997) determinou a composição gravimétrica de re-
síduos sólidos na fonte geradora, acrescentando duas categorias: contaminantes 
químicos e contaminantes biológicos. Com relação aos contaminantes químicos, 
Mandelli destaca os principais produtos químicos de uso domiciliar: cosméticos, 
produtos de higiene e perfumes; sabões e detergentes; desinfetantes e antissépti-
cos populares; defensivos domissanitários (inseticidas e raticidas); agentes de lim-
peza, polidores e removedores; combustíveis domésticos; colas e adesivos; tintas 
e pigmentos e gases e embalagens pressurizadas.
Ainda com relação aos contaminantes químicos destacam-se os seguintes com-
ponentes que são encontrados nessa categoria na composição dos resíduos sóli-
dos: pilhas, baterias, medicamentos, lâmpadas fluorescentes, cera de assoalho, 
veneno de moscas, ratos, formigas e mosquitos, latas contendo tinta, vernizes 
e óleos; colas em geral; cosméticos em geral, entre outros. Para os contami-
nantes biológicos podem ser destacados os seguintes componentes: papel higi-
ênico, absorventes higiênicos, cotonetes, curativos, gazes, panos impregnados 
com sangue, fraldas descartáveis, agulhas de seringas e pequenos animais mor-
tos. É importante considerar a geração desses componentes que apresentam 
características que conferem periculosidade (ABNT, 2004) no sentido de melhor 
implantar programas de segregação dessesresíduos no âmbito das fontes gera-
doras. Nessa direção é oportuno destacar estudos que analisam os componentes 
potencialmente perigosos na composição gravimétrica dos resíduos sólidos do-
mésticos: Mandelli (1997), De Conto et al. (2002), Pessin, De Conto e Quissini 
(2002), Gomes et al. (2002).
Outro resíduo domiciliar que necessita de estudo mais aprofundado é o óleo ve-
getal. É larga e universalmente consumido para a preparação de alimentos nos do-
micílios e estabelecimentos industriais e comerciais de produção de alimentos. A 
importância da utilização de óleos no preparo de alimentos é, hoje, indiscutível.
Após uso, os óleos não mais prestam-se para novas frituras, em função de conferi-
rem sabor e odor desagradáveis aos alimentos, bem como adquirirem características 
químicas comprovadamente nocivas à saúde. Não havendo utilização prática para 
os residuais domésticos e comerciais, em geral são lançados na rede de esgotos, 
procedimento considerado incorreto.
Sugere-se que os óleos sejam descartados, embalados em recipientes plásticos, 
e encaminhados para a reciclagem (hoje um uso comum para esse produto é a 
CURSO DE CAPACITAÇÃO EM SANEAMENTO10
NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
fabricação de resinas para tintas, sabão, massa de vidraceiro e biodiesel). Existem 
algumas redes de coleta de óleo, como por exemplo, a REMOV – Reciclagem de 
óleos vegetais que faz este tipo de serviço. O projeto teve sua área de atuação 
localizada na Região das Hortênsias, Serra Gaúcha, considerando as cidades de 
Nova Petrópolis, Gramado, Canela e São Francisco de Paula. As circunstâncias que 
deram origem ao projeto se devem ao fato de a região possuir um número supe-
rior a 200 (duzentos) estabelecimentos entre hotéis, bares e restaurantes (segundo 
informações do Sindicato dos Hotéis, Restaurante, Bares e Similares da Região 
das Hortênsias - SHRBS-RH) e da constatação de que não havia uma destinação e 
tratamento adequado aos resíduos de gorduras utilizados pelos estabelecimentos 
no preparo dos alimentos.
1.2 Gestão de resíduos sólidos urbanos
A convivência com questões complexas relacionadas à falta de habitação, traba-
lho, serviços de saúde e transporte, entre outras, é comum nas municipalidades. A 
medida em que os centros urbanos alcançam níveis elevados de desenvolvimento, 
traduzidos pelo acréscimo populacional, os problemas ligados à infra-estrutura de 
serviços e equipamentos urbanos tendem a se agravar. Dentre os aspectos mais 
importantes para garantir um nível aceitável de qualidade de vida, está a saúde 
pública, e a disposição final adequada de RSU é, portanto, uma questão de alta 
prioridade e importância para o setor (Calheiros et al, 2004).
Inicialmente a limpeza urbana era tratada simplesmente como questão de me-
nor importância dentro das Administrações Municipais onde a preocupação era 
apenas de não deixar o lixo visível para a população, depositando-o em algum 
lugar, também fora do campo de visão dos habitantes, geralmente a céu aberto 
e longe das preocupações dos homens públicos e dos cuidados que deveriam 
ser tomados. Com maior visibilidade do problema e com a tomada de consci-
ência das pessoas para as questões ambientais – onde o lixo se insere fortemen-
te – passou-se a enxergar resíduos sólidos com um enfoque um pouco menos 
individualizado, nascendo o conceito de gerenciamento integrado de limpeza 
urbana, onde coleta, limpeza de logradouros e disposição final são pensados e 
tratados de forma igual, solucionando os problemas com instrumentos técnicos 
da engenharia tradicional. Era a época em que se entendia gestão como “ato 
de gerir, gerência, administração, negociação”, tal como consta nos dicionários 
(Mesquita et al, 2001).
Hoje se sabe que o assunto não pode ser enfocado de forma tão simplificada, pois 
o problema é mais complexo e deixa de ser simplesmente questão de gerencia-
mento técnico para inserir-se em um processo de gestão participativa, tal como se 
delineava desde as tratativas e da elaboração de diretrizes estabelecidas na ECO 92, 
na Agenda 21 e nos seus desdobramentos, inclusive na Rio + 10. A gestão que se 
propõe envolve a articulação com os diversos níveis de poder existentes e os repre-
sentantes da sociedade civil nas negociações para a formulação e implementação 
de políticas públicas, programas e projetos.
A gestão representa o todo, a forma como o município é capaz de gerir e gerenciar 
os seus resíduos de forma integral. Compreende as ações referentes à tomada de 
decisões, ampliando o antigo enfoque técnico e financeiro da gestão de resíduos só-
lidos urbanos, ao incluir critérios relacionados aos aspectos econômicos e financei-
ros, ambientais, sociais e culturais, institucionais e políticos e técnicos, requerendo 
um enfoque multidisciplinar envolvendo toda sociedade (Figura 1).
GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 11
NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
Figura 1: A gestão de resíduos sólidos deve envolver toda a sociedade.
Quanto aos critérios, devem ser considerados (Lardinois e Van de Klundert, 2000): 
sociais e culturais: inclui a universalização dos serviços prestados a toda 
a população, independente do nível sócio-econômico e grupo étnico, 
bem como a redução de riscos a saúde humana; 
ambientais: uso mais adequado dos recursos naturais e inclusão aos 
sistemas de ciclo fechado, minimização de resíduos, recuperação de 
materiais reutilizáveis e tratamento, o mais próximo possível da fonte 
de geração; 
institucionais e políticos: inclui clara divisão de atribuições entre os 
protagonistas locais, elaboração de legislação e regulação adequadas, 
instituição de processos de tomada de decisão democráticos e formação 
profissional das equipes técnicas; 
financeiros: inclui análises de todos os custos e possibilidades de 
recuperação dos mesmos, sistemas de taxas/tarifas/preços públicos 
baseados em custos reais (de forma a permitir a possibilidade de 
pagamento) e sistemas possíveis de ser mantidos; 
econômicos e financeiros: incluir a redução da pobreza através da 
geração de emprego e renda;
técnicos: incluir tecnologias apropriadas e limpas. 
Assim, Gestão Integrada de Resíduos Sólidos é a maneira de “conceber, implementar 
e administrar sistemas de Limpeza Urbana, considerando uma ampla participação 
dos setores da sociedade e tendo como perspectiva o desenvolvimento sustentável” 
(Mesquita et al, 2001). Por sua vez, Sistema Sustentável é entendido como aquele 
que se adequa as condições locais considerando os diferentes aspectos e é capaz 
de auto-sustentar-se no tempo sem reduzir os recursos que necessita. 
Para Lima (2005) podem-se diferenciar os sistemas de gestão em diferentes níveis, 
que são: a gestão nacional, a gestão estadual e a gestão municipal:
Gestão nacional: é aquela que determinada a política nacional de 
resíduos sólidos, os planos, as estratégias setoriais, os aspectos legislativos 
e as regulamentações ambientais institucionais.
Gestão estadual: é a que determina através de sua política estadual 
o conjunto de normas e procedimentos sobre o manejo integrado e 
a coloca para que os municípios tenham uma Lei que estabeleçam 
normas e metas de gestão.
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CURSO DE CAPACITAÇÃO EM SANEAMENTO12
NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
Gestão municipal: cuida mais dos aspectos de execução com a 
qualidade do modelo de DIRSU desenvolvido, pelo manejo integral de 
resíduos, para um município ou um conjunto de municípios, mediante 
a aprovação dos elementos de decisão política, administrativos, 
socioculturais e financeiros.
Os sistemas de gestão devem evoluir para a busca de modelos com ênfase em sistemas 
ambientais, ou seja, no desenvolvimento de modelos de gestão de sistemas ambientais 
que contemplem em seu foco, o abastecimento de água, a drenagem e os sistemas de 
coleta e tratamento de esgotos, a coleta,o tratamento e a valorização dos resíduos sóli-
dos urbanos e o controle dos vetores, de forma a consolidar um sistema sustentável.
1.3 Gerenciamento integrado de RSU
O Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos é, em síntese, o envol-
vimento de diferentes órgãos da administração pública e da sociedade civil com 
o propósito de realizar as atividades relativas ao gerenciamento dos RSU, como a 
coleta, o tratamento e a disposição final do lixo, elevando assim a qualidade de vida 
da população e promovendo o asseio da cidade, levando em consideração as carac-
terísticas das fontes de produção, o volume e os tipos de resíduos - para a eles ser 
dado tratamento diferenciado e disposição final técnica e econômicas dos cidadãos 
e as peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais.
O Plano de gerenciamento é um documento que apresenta a situação atual do sistema 
de limpeza urbana, com a pré-seleção das alternativas mais viáveis, com o estabeleci-
mento de ações integradas e diretrizes sob os aspectos ambientais, econômicos, finan-
ceiros, administrativos, técnicos, sociais e legais para todas as fases do gerenciamento 
dos resíduos sólidos, desde a sua geração até a destinação final (Mesquita, 2001).
O gerenciamento implementará a política definida pela gestão integrada de RSU, 
definindo as decisões estratégicas quanto ao desenvolvimento e execução das ações 
definidas anteriormente, que incluem a prestação, fiscalização e controle dos servi-
ços públicos de manejo integrado de resíduos sólidos nas suas diferentes etapa:
Segregação;
Coleta;
Manipulação e acondicionamento;
Transporte;
Armazenamento;
Transbordo;
Triagem e tratamento;
Reciclagem;
Comercialização e 
Destino Final.
Para tanto, as ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento que 
envolve estas etapas devem se processar de modo articulado, segundo a visão de 
que todas as ações e operações envolvidas encontram-se interligadas, comprometidas 
entre si. Por exemplo: uma coleta mal planejada encarece o transporte, assim como 
o transporte mal dimensionado alem de gerar reclamações da população e prejuízos, 
pode prejudicar o andamento das atividades de tratamento e destinação final.
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GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 13
NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
 Logo, é primordial se levar consideração às características das fontes de produção, 
o volume e os tipos de resíduos - para a eles ser dado tratamento diferenciado e 
disposição final técnica adequada. Desse modo, o gerenciamento integrado de 
resíduos sólidos significa o processamento dos RSU utilizando as tecnologias mais 
compatíveis com a realidade local dando-lhes um destino correto e seguro no pre-
sente e no futuro (RESOL, 2007).
A definição de um sistema integrado de gerenciamento de resíduos sólidos univer-
salmente aceita deve ser baseada no principio dos 3 R’s. A política dos 3 R’S consiste 
num conjunto de medidas de ações adotadas em 1992, por ocasião de Conferência 
da Terra realizada no Rio de Janeiro bem como no 5º Programa Europeu para o 
Ambiente e Desenvolvimento de 1993. Política dos 3 R’s Lima (2005):
Redução;
Reutilização e
Reciclagem.
1. Redução:
Reduzir os resíduos na fonte geradora significa pensar nos resíduos antes mesmo 
deles serem gerados, buscar formas de não gerar os resíduos, de combater o des-
perdício. A redução na fonte de produção de resíduos é uma estratégia preventi-
va e pode ser realizada somente com uma política especifica executada por meio 
de instrumentos regulatórios, econômicos e sociais. Pode-se por exemplo formular 
políticas de minimização dos resíduos, utilizando instrumentos econômicos ou de 
outro tipo, para promover modificações nos padrões de produção e consumo. 
2. Reutilização:
Reutilização é um método de controle útil na minimização da produção de resídu-
os, com base na sua redução, uma vez que os bens envolvidos retêm suas carac-
terísticas e funções originais. A reutilização é baseada no emprego direto do bem 
(resíduo) no mesmo uso para o qual foi originalmente concebido, como é o caso da 
reutilização de garrafas de vidro.
3. Reciclagem:
É um método baseado no re-aproveitamento do material pelo o qual o bem é 
composto visando o mesmo ou um diferente uso para o qual fora originalmente 
concebido, exemplo: reciclagem de plástico para produzir outras garrafas plásticas 
ou outros produtos. Uma idéia que vem sendo aplicada é o incentivo da implanta-
ção de sistemas de beneficiamento e tratamento de materiais recicláveis para uso 
pelo órgão responsável pela limpeza urbana e por particulares como, por exemplo, 
unidades de fabricação de vassouras de PET. A vassoura ecológica foi inventada em 
Belo Horizonte pela cooperativa de catadores de Minas Gerais.
A princípio devemos produzir menos resíduos, por exemplo, documentos com o 
mínimo de impressão em papel possível (Redução). Pode-se reutilizar esses mesmos 
documentos como rascunhos de outros trabalhos (Reutilização) e depois de usá-
los, frente e verso, encaminhamos à uma empresa especializada em reciclagem de 
papel (Reciclagem). 
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CURSO DE CAPACITAÇÃO EM SANEAMENTO14
NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
PARA RELEMBRAR:
Nesse capítulo foram abordados:
Conceitos de RSU: São definidos como resíduos sólidos aqueles que 
resultam das atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, 
de serviços de saúde, comercial, de serviços, de varrição ou agrícola. 
Incluem-se lodos de estações de tratamento de água (ETA), e estações 
de tratamento de esgotos (ETE), resíduos gerados em equipamentos 
e instalações de controle da poluição e líquidos que não possam ser 
lançados na rede pública de esgotos, em função de suas particularidades 
(NBR 10004/04).
Gestão de RSU: A gestão define as políticas a serem implementadas nas 
questões relativas aos RSU. Compreende as ações referentes à tomada 
de decisões, políticas e estratégias, quanto aos aspectos institucionais, 
operacionais, financeiros, sociais e ambientais relacionados aos RSU.
Gerenciamento de RSU: conjunto articulado de ações normativas, 
operacionais, financeiras e de planejamento desenvolvidos por uma 
administração pública, com base em critérios sanitários, ambientais e 
econômicos para coletar, tratar e dispor seus resíduos sólidos urbanos.
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POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA 
DE GESTÃO DE RESÍDUOS 
SÓLIDOS URBANOS
A partir da década de 70 do século passado a problemática ambiental passou a ser foco do debate tanto da sociedade civil quanto das entidades governamentais, 
não só em função do impacto ambiental, mas também devido a sua influência na 
saúde humana, passando o saneamento a ocupar-se, além das questões sanitárias, 
também das relacionadas ao meio ambiente.
Porém, com o passar do tempo, ocorreu um distanciamento das ações de sanea-
mento ambiental do campo da saúde pública, o que repercute da sua desvincu-
lação como uma política social, na qual o dever do Estado perante sua provisão e 
promoção seria mais amplo.
Uma evolução na forma de manifestar a preocupação com a preservação ambiental 
pode ser sentida ao longo das últimas quatro décadas. Neste período, técnicos e 
governos buscaram, sucessivamente, resposta aos seguintes questionamentos:
Onde depositar os resíduos sólidos?
Como tratar os resíduos sólidos?
Porque estão sendo gerados determinados resíduos sólidos?
O último dos questionamentos vem levando a que, nos últimos anos, venha ocor-
rendo uma substituição de matérias-primas e de alteração de técnicas produtivas 
em diversas linhas de montagem e de produção, com emprego de ferramentas do 
tipo análise do ciclo de vida de produtos. Com ela, matérias-primas naturais podem 
ser substituídas por materiais pós-consumo (ou reciclados na indústria), minimizan-
do os impactos ambientais decorrentes dessa extração contínua.
Em relação ao saneamento ambiental, onde seinsere a problemática relacionada aos 
RSU, a situação brasileira se mostra muito longe do ideal, sendo que isso se deve, em 
grande parte, ao fato do Poder Público Federal ter se ausentado de suas responsabili-
dades no que se refere ao financiamento e regulação dos serviços sanitários.
Nos países desenvolvidos, onde os problemas de saneamento básico já foram 
resolvidos há muitas décadas, a questão é tratada no bojo das intervenções de 
infra-estrutura das cidades. Já nos países ditos em desenvolvimento ou sub-de-
senvolvidos, que apresentam serviços de saneamento ambiental precários, muito 
deficientes ou ainda, inexistentes, as ações de saneamento deveriam ser desen-
volvidas como medida básica de saúde pública.
A Constituição Federal Brasileira, promulgada em 1988, em seu artigo 30, inciso V, dis-
põe sobre a competência dos municípios em organizar e prestar, diretamente ou sobre 
regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local. O que define 
e caracteriza o “interesse local” é a predominância do interesse do Município sobre os 
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CURSO DE CAPACITAÇÃO EM SANEAMENTO16
NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
interesses do Estado e da União. No que tange aos Municípios, portanto, encontram-se 
sob a competência dos mesmos os serviços públicos essenciais, de interesse predomi-
nantemente locais, entre os quais está o serviço de limpeza urbana (Figura 2).
Figura 2: Órgãos e entidades ambientais no Brasil.
Apesar disso, no Brasil, em 70 % dos Municípios não existem órgãos específicos 
que gerenciem a limpeza urbana. Além disso, o serviço de limpeza urbana ou 
não é cobrado ou a cobrança é muito aquém do custo real do serviço. De qual-
quer forma, a coleta e disposição adequada dos resíduos sólidos gerados pela 
população urbana e rural devem ser um dos objetivos de uma política municipal 
de saneamento ambiental. Porém, a estrutura disponível para o manejo deve ser 
condizente com a realidade socioeconômica do município e à necessidade de 
melhoria da qualidade ambiental.
No caso das grandes aglomerações urbanas, as regiões metropolitanas, por exem-
plo, o destino dos RSU torna-se um problema sério afetando vários Municípios.
Em se tratando de financiamento, desde 2003 os programas governamentais condi-
cionam o repasse de recursos às seguintes diretrizes:
Adoção dos princípios e conceitos do programa Lixo e Cidadania 
(http://www.lixoecidadania.org.br/lixoecidadania/);
Erradicação dos “lixões”;
Apoio às organizações de catadores.
Novamente no que diz respeito à política federal relacionada à questão dos RSU, 
entende-se que essa não pode depender unicamente de vontade política, devendo 
ter uma estrutura e coordenação próprias que garantam a continuidade das ações e 
execução do planejamento.
A lei 11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico, 
indica no artigo 29 que “Os serviços públicos de saneamento básico terão a susten-
tabilidade econômico-financeira assegurada, sempre que possível, mediante remu-
neração pela cobrança dos serviços”, incluindo-se os de limpeza urbana e manejo 
de resíduos sólidos. Essa legislação informa ainda que taxas ou tarifas decorrentes 
da prestação desses serviços devem levar em conta a destinação adequada dos 
resíduos coletados e poderão considerar o nível de renda da população atendida, 
características dos lotes urbanos e áreas que neles podem ser edificadas e peso ou 
volume médio de resíduos coletado por habitante.
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GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 17
NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
Além disso, a PNS sugere que a prestação de serviços de saneamento, entre eles o 
gerenciamento integrado de RSU, não devem se guiar exclusivamente pela busca da 
rentabilidade econômica, mas deve levar em consideração o objetivo principal que 
é garantir a todos o direito à salubridade ambiental (Figura 3).
Figura 3: Má gestão dos resíduos sólidos pode acarretar problemas de saúde pública.
2.1 Consórcios para o gerenciamento de RSU
Os consórcios intermunicipais podem ser constituídos para a prestação de uma 
grande variedade de serviços públicos. Surgiram devido a ampliação das funções 
estatais e da complexidade e o custo das obras públicas, que ao abalarem os fun-
damentação clássica da administração pública, obrigaram a criação de novas formas 
e meios de prestação de serviços ligados ao Estado.
No âmbito das relações intermunicipais que comumente envolvem Municípios vizi-
nhos, são usados como meios para solucionar problemas em áreas específicas como 
saúde, transportes e saneamento básico, uma vez que os mesmos estão entrelaça-
dos. Os governos municipais utilizam os consórcios como instrumento operacional 
para maior rendimento de seus esforços, evitando dispersão de recursos humanos e 
materiais e para maximizar o aproveitamento dos mesmos (Bonatto, 2004).
Consórcios intermunicipais de RSU são propostas alternativas para a gestão dos 
resíduos sólidos nos Municípios, através da associação de entes públicos para a 
gestão do lixo em regiões metropolitanas e microrregiões homogêneas (Oliveira 
1997). Através da busca conjunta de soluções para suas dificuldades, Municípios 
circunvizinhos, que vivem realidades semelhantes, podem buscar, através de for-
mas associadas, alcançar o bem-estar de suas populações, minimizando esforços 
e recursos, sejam eles humanos ou materiais.
Os serviços de limpeza urbana podem assumir, diante de questões complexas 
como meio ambiente, turismo e saúde pública, dimensões que extrapolem os 
limites do território de um determinado Município e passem a ser microrregio-
nais, possibilitando tornar-se uma saída eficiente e econômica na prestação aos 
administrados, quando ofertados em conjunto com Municípios próximos que de-
fendam os mesmos interesses.
ORGANIZAÇÃO DOS CONSÓRCIOS
Segundo Bonatto (2004), preservando a autonomia e a decisão política dos Muni-
cípios o consórcio será resultado de um pacto, de uma negociação que incluirá a 
elaboração e aprovação do estatuto, expressão do compromisso assumido. 
CURSO DE CAPACITAÇÃO EM SANEAMENTO18
NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
A orientação para a formação do instrumento consorcial desenhada pelo Ministé-
rio da Saúde , que segundo Bonatto (2004), muito tem utilizado este instituto de 
forma a disseminar os recursos financeiros para a saúde entre os Municípios, é de 
que este contenha: 
O objeto;
A duração;
A sede e o foro;
As obrigações dos consorciados;
As atribuições e poderes destes;
Bem como sua admissão e exclusão;
As sanções por inadimplência;
A alocação dos recursos;
A prestação de contas;
O controle social; e,
A definição da necessidade ou não de criação de pessoa jurídica
Em havendo a definição da necessidade de criação de pessoa jurídica de direito pri-
vado para gerenciar o consórcio esta tem que que submeter-se às normas de direito 
público (licitação, seleção pública de pessoal, e outras).
Se aponta que há leis municipais exigindo que os consórcios tenham um conselho 
consultivo, uma autoridade executiva e um conselho fiscal, sem fazer a mesma exi-
gência para os convênios. 
Os consórcios intermunicipais, constituídos sob a forma de sociedade civil, devem 
se sujeitar aos controles e procedimentos legais previstos para as pessoas jurídicas 
de direito público, inclusive no tocante à prestação de contas dos recursos públicos 
utilizados. Nesse sentido, ao se estruturar o consórcio intermunicipal, deve-se pre-
ver as atividades relativas à elaboração de orçamento, contabilidade, planejamento, 
controle financeiro e prestação de contas. Trata-se de determinação do art. 70, par. 
único, da Constituição da República, com a redação dada pela Emenda Constitu-
cional 19, de 04/06/98: Art. 70, parágrafo único: “Prestará contas qualquer pessoa 
física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,gerencie ou 
administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou 
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.”
A Lei nº 11.107, que entrou em vigor em de 6 de abril de 2005 dispõe sobre nor-
mas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem 
consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum.
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PARA RELEMBRAR:
Nesse capítulo foi apresentado um breve histórico das políticas públicas e 
competências na gestão de RSU no Brasil, além dos consórcios como alterna-
tiva de gestão de resíduos sólidos.
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 
DO GERENCIAMENTO 
INTEGRADO DE RESÍDUOS 
SÓLIDOS URBANOS
3.1 Aspectos operacionais e de planejamento
O sistema de gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos de um muni-
cípio deve estar organizado de acordo com o número de habitantes do mesmo, 
assim como é importante se ter conhecimento do volume de RSU gerados, além 
de outras peculiaridades regionais/locais. Essa estruturação deve ser feita apoian-
do-se em informações obtidas a partir de dados cadastrais, estatísticos, mapas, 
pesquisas, diagnósticos, etc.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a população brasilei-
ra produz cerca de 90 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, sendo que 
a média de produção per capita varia entre 0,5 e 0,7 kg/hab./dia. Porém, em regiões 
com índice de desenvolvimento maior, como sul e sudeste, essa produção pode 
subir para mais de 1,0 kg/hab./dia. Os dados da Pesquisa Nacional de Saneamento 
Básico/IBGE (2002), indicam que em municípios com até 200.000 habitantes pode-
se estimar a coleta de RSU variando entre 0,45 e 0,70 kg/hab./dia e em cidades com 
população acima de 200.000 habitantes esta quantidade aumenta, podendo variar 
de 0,80 até 1,20 kg/hab./dia.
Além disso, deve-se considerar a projeção de crescimento da população e também 
de crescimento do volume de resíduos sólidos gerados, o qual normalmente é maior 
que a taxa de crescimento populacional, em função do aumento do consumo.
Essas informações vão auxiliar no dimensionamento da coleta, dos veículos a serem 
utilizados no transporte, da estação de transferência, se for o caso, das centrais de 
triagem, dos sistemas de tratamento e do local de disposição final (Figura 4).
Entre os fatores que afetam a geração quantitativa e qualitativa dos resíduos sólidos 
podem ser referidos, os seguintes:
Taxa de crescimento populacional: afeta a geração ao longo do tempo, 
de forma qualitativa e quantitativa;
Condição sócio-econômica familiar, ou do bairro: a uma melhor 
condição sócio-econômica usualmente corresponde maior consumo e 
maior geração de resíduos;
Sazonalidade: determinados períodos do ano podem levar a uma 
constituição física diferenciada dos resíduos sólidos, devido ao consumo de 
frutas de época, ou devido a datas festivas como o natal e o carnaval;
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CURSO DE CAPACITAÇÃO EM SANEAMENTO20
NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
Fluxo turístico: pólos turísticos levam a que em determinados meses do 
ano a população flutuante seja bem superior à população fixa;
Adoção de novas embalagens por parte das indústrias: até recentemente 
este aspecto costumava levar a uma maior geração de resíduos, mas 
agora alguns estabelecimentos comerciais começam a adotar o uso de 
bolsas plásticas biodegradáveis ou fotodegradáveis, estas últimas sendo 
decompostas pela radiação solar.
Figura 4: Rota da matéria-prima: da indústria à disposição final.
Em função das atividades relacionadas ao gerenciamento integrado de RSU serem 
eminentemente técnicas é desejável que o serviço conte com o apoio de um pro-
fissional com formação superior na área, já que no dia-a-dia da atividade sempre 
aparecerão dúvidas que exijam conhecimentos em obras e operação de equipa-
mentos, entre outras. Essa imposição técnica, em geral, não pode ser atendida pela 
maioria dos municípios de pequeno porte, porém é importante que os administra-
dores municipais se conscientizem da necessidade de contarem com profissionais 
qualificados para essa atividade.
O encarregado direto de um aterro sanitário, por exemplo, pode ser um técnico 
especializado na área, que poderá ser de nível médio, desde que apoiado por um 
departamento de obras ou serviço público, e que conte com orientação técnica de 
um profissional de nível superior.
Além disso, a estrutura organizacional do sistema de gerenciamento integrado de 
RSU deverá contar com, pelo menos, os setores de planejamento e operacional.
O setor de planejamento engloba a parte administrativa, responsável pelas tarefas 
de expediente, protocolo, arquivo, comunicação, controle de material e pessoal, 
além de organizar campanhas de educação ambiental; e parte técnica encarregada 
de efetuar análises, projetos e pesquisas.
Já o setor operacional é composto pelas atividades de coleta, limpeza, transporte, e 
destinação final.
Em relação ao planejamento, diversas variáveis devem ser analisadas para que re-
sulte em um bom desempenho no manejo de RSU. Essas variáveis dizem respeito 
ao tamanho da população atendida (já citado anteriormente), variáveis, físicas e 
demográficas (clima, relevo, sistema viário, ocupação do solo), varáveis econô-
micas (distância do percurso de coleta, e até o destino final), além de variáveis 
ambientais, sociais e técnicas.
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NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
3.2 Aspectos financeiros
3.2.1 Taxa/tarifa
No que diz respeito à cobrança de taxa pela execução de serviços de gerencia-
mento integrado de RSU é importante que se estabeleça uma base de cálculo justa 
para que se possa chegar a um valor correto desse tributo. Critérios como valor 
do imóvel, área construída, testada (largura frontal da edificação), entre outros são 
contestados juridicamente porque são utilizados para a obtenção do valor venal do 
imóvel, base de cálculo para a cobrança de IPTU.
Desse modo a alternativa viável é a utilização de unidade fiscal ou valor de referên-
cia municipal e, incidindo sobre esta, aplicar-se uma alíquota definida em lei.
Já a tarifa não é enquadrada como um tributo, mas como receita auferida em fun-
ção de valor estabelecido para a prestação de um determinado serviço. Porém, 
um forte argumento contra a utilização desse tipo de cobrança advém do fato que 
o preço confere ao serviço uma natureza contratual ou voluntária, como aconte-
ce com energia elétrica, por exemplo, se o usuário não quiser usufruir do serviço 
a empresa concessionária simplesmente corta o fornecimento. Em se tratando de 
serviços de limpeza urbana isso seria muito difícil operacionalmente, além disso, a 
não realização de serviço de quem não está pagando a taxa gerará desconforto e 
prejuízo também aos vizinhos contribuintes.
Assim, apenas atividades de interesse específico por parte de pessoas físicas ou ju-
rídicas, efetuadas em imóveis particulares (varrição, remoção de entulhos, capina, 
etc.), seriam passíveis de cobrança de tarifa, o que pode se tornar uma boa maneira 
do município conseguir recurso financeiro adicional.
3.2.2 Administração
O sistema de gerenciamento integrado de RSU pode ser administrado diretamente 
pelo município, por meio de uma empresa ou órgão público específico, ou ainda 
os serviços podem ser objetos de concessão ou terceirização junto a empresas pri-
vadas. Essa terceirização ou concessão pode ser total, ou seja, envolver todos os 
segmentos da operação do gerenciamento de RSU ou ainda ser parcial, englobando 
apenas alguns segmentos, como coleta, transporte, destinação final, etc.
No caso de concessão ou terceirização, esses serviços podem ser contratados na 
forma de licitação ou carta-convite, sendo que a principal diferença entre essas 
modalidades está no valor envolvido. Enquanto para obras e outros serviços de 
engenharia o valor limita-sea R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais), pela 
modalidade de carta-convite, ultrapassa o valor de R$ 1.500.000,00 (um milhão e 
quinhentos mil reais), no caso de licitação/concorrência. Já em se tratando de com-
pras e contratações de serviços esses valores situam-se no limite de R$ 80.000,00 
(oitenta mil reais), pela modalidade de carta/convite e acima de R$ 650.000,00 
(seiscentos e cinqüenta mil reais), se a modalidade for licitação/concorrência.
Os conhecimentos sobre o assunto podem ser ampliados com a leitura da lei federal 
nº 8666/93 que instituiu normas para as licitações e contratos da administração pú-
blica e se encontra disponível no seguinte endereço eletrônico: www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm
CURSO DE CAPACITAÇÃO EM SANEAMENTO22
NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
3.2.3 Aspectos jurídicos
A legislação incidente sobre o manejo e destinação final de RSU nos âmbitos fede-
ral, estadual e municipal, é ampla. Em função disso algumas leis devem ser citadas 
para que norteiem a discussão:
Lei 6938/81, que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente;
Constituição Federal de 1988, que em seu artigo 23º determina ser 
competência da união, estados e municípios a proteção ambiental 
e o combate a todas as formas de poluição. Além disso, no capitulo 
específico do meio ambiente, no artigo 225, estabelece-se a 
obrigatoriedade de EIA/RIMA para a instalação de toda e qualquer 
atividade potencialmente poluidora;
Lei 7802/89, dispõe, entre outras coisas, sobre destino final de resíduos 
sólidos e de embalagens de agrotóxicos utilizados no Brasil;
Lei 11445/2007, em seu artigo 3º considera o manejo de resíduos 
sólidos e a limpeza urbana como parte integrante do que se define 
saneamento básico, além disso, em seu 7º artigo, define que os 
serviços de manejo de resíduos sólidos urbanos e o serviço público de 
limpeza urbana são compostos pelas atividades de coleta, transbordo, 
transporte, de triagem para fins de reuso ou reciclagem, de tratamento, 
inclusive por compostagem, e de disposição final dos resíduos sólidos. 
Ainda integram o serviço público de limpeza urbana atividades de 
varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e 
outros eventuais serviços;
Resolução CONAMA nº 001/86, que dispõe sobre critérios básicos e 
diretrizes gerais para o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA e elenca 
uma série de atividades cujo licenciamento depende de EIA/RIMA;
Resolução CONAMA nº 005/88, determina que obras de saneamento 
ficam sujeitas a licenciamento ambiental, inclusive as relacionadas a 
sistemas de limpeza urbana;
Resolução CONAMA nº 005/93, a qual fixou uma série de definições 
relacionadas a gerenciamento, tratamento e destinação final de resíduos 
sólidos, essa resolução determina ainda que os municípios devam buscar 
solução para o destino dos RSU de maneira integrada ou consorciada;
Resolução CONAMA nº 237/97 - Regulamenta os aspectos de licenciamento 
ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente.
A resolução nº 237/97 definiu quais os tipos de atividades e empreendimentos que 
estão sujeitos ao licenciamento ambiental e que o mesmo se dará através da emis-
são, pelo Poder Público, das seguintes licenças:
Licença Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do 
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, 
atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e 
condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implantação;
Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou 
atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas 
e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais 
condicionantes, da qual constituem motivo determinante;
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NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou 
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que 
consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e 
condicionante determinados para a operação.
No Rio Grande do Sul a emissão de licenças ambientais está a cargo da Fun-
dação Estadual de Proteção Ambiental – FEPAM, salvo alguns casos em que o 
licenciamento de algumas atividades está sob responsabilidade dos municípios. 
Os termos de referência que devem ser seguidos quando da elaboração de 
projetos para o licenciamento de atividades relacionadas ao gerenciamento de 
RSU podem ser obtidos no seguinte endereço eletrônico: www.fepam.rs.gov.
br/licenciamento/area4/13.asp
Resolução CONAMA Nº 257/1999 – Estabelece que pilhas e baterias 
que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e 
seus compostos, tenham os procedimentos de reutilização, reciclagem, 
tratamento ou disposição final, ambientalmente adequados.
Resolução CONAMA Nº 275/2001 – Estabelece código de cores para 
diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva.
Resolução CONAMA nº 283/2001 – Dispõe sobre o tratamento e 
disposição final dos resíduos de serviços de saúde.
Resolução CONAMA Nº 308/2002 – Dispõe sobre licenciamento 
ambiental de sistemas de disposição final de resíduos sólidos urbanos 
gerados em municípios de pequeno porte.
Resolução CONAMA Nº 316/2002 – Dispõe sobre procedimentos 
e critérios para o funcionamento de sistema de tratamento térmico 
de resíduos.
Resolução CONAMA Nº 358/2005 – Dispõe sobre o tratamento e 
a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras 
providências.
Muitas normas técnicas (redigidas pela ABNT), tratam da questão dos RSU (aproxi-
madamente 60 normas), entre as quais podemos citar as seguintes:
NBR 8419/84 – Fixa condições mínimas exigíveis para a apresentação 
de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos.
NBR 8849/85 – Fixa condições mínimas exigíveis para a apresentação 
de projetos de aterros controlados de resíduos sólidos urbanos.
NBR 9191/85 – Fixa os requisitos e métodos de ensaio para sacos plásticos 
destinados exclusivamente ao acondicionamento de lixo para coleta.
NBR 10004/04 - Classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos 
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser 
gerenciados adequadamente.
NBR 10005/04 - Fixa os requisitos exigíveis para a obtenção de 
extrato lixiviado de resíduos sólidos, visando diferenciar os resíduos 
classificados pela ABNT NBR 10004 como classe I - perigosos - e 
classe II - não perigosos.
NBR 10006/04 - Fixa os requisitos exigíveis para obtenção de extrato 
solubilizado de resíduos sólidos, visando diferenciar os resíduos 
classificados na ABNT NBR 10004 como classe II A - não inertes - e 
classe II B - inertes.
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NÚCLEO SUL DE CAPACITAÇÃO E EXTENSÃO TECNOLÓGICA EM SANEAMENTO AMBIENTAL – NUCASUL
NBR 10007/04 - Fixa os requisitos exigíveis para amostragem de 
resíduos sólidos.
NBR 13896/97 - Fixa condições mínimas exigíveis para projeto, 
implantação e operação de aterros de resíduos não perigosos, de 
forma a proteger adequadamente as coleções hídricas superficiais e 
subterrâneas próximas, bem como os operadores destas instalações e 
populações vizinhas.
Em relação à legislação do estado do Rio Grande do Sul são pertinentes ao geren-
ciamento e manejo dos resíduos sólidos urbanos as seguintes:
Lei nº. 9.921, 27 de julho de 1993. Dispõe sobre a gestão dos resíduos 
sólidos, nos termos do artigo 247, parágrafo 3° da Constituição do 
Estado e dá outras providências.
Decreto nº. 38.356, de 01 de abril de 1998. Aprova o Regulamento da 
Lei nº. 9.921, de 27 de julho de 1993, que dispões sobre a gestão dos 
resíduos sólidos no Estado do Rio Grande do Sul.
Resolução Consema nº. 017/2001 - Estabelece diretrizes para a 
elaboração e apresentação de Plano de Gerenciamento Integrado de 
ResíduosSólidos.
Resolução Consema nº. 073/2004 - Dispõe sobre a co-disposição de 
resíduos sólidos industriais em aterros de resíduos sólidos urbanos no 
Estado do Rio Grande do Sul.
3.3 Aspectos sociais
Entre os diversos aspectos sociais relacionados ao gerenciamento integrado de 
RSU pode ser destacado o problema dos indivíduos que vivem da catação em 
aterros controlados e “lixões” (Figura 5). Em geral esse trabalho é realizado por 
uma parcela miserável da população, que tenta retirar do lixo matéria-prima re-
ciclável que possa ser vendida e dessa forma se manter e sobreviver. Esse modo 
de sobrevivência expõe esses indivíduos, entre os quais se incluem crianças, 
diretamente aos vetores transmissores de doenças constituindo-se um problema 
social e de saúde pública, além de ser pouco produtivo em função da desorga-
nização na catação (Figura 6).
Se essa mão-de-obra estivesse trabalhando em conjunto, numa cooperativa, por 
exemplo, maiores volumes de matéria-prima seriam coletados e os trabalhadores 
conseguiriam uma receita mensal que possibilitaria uma vida um pouco mais digna. 
Assim, as principais vantagens da utilização de cooperativas de catadores, formadas 
pelo município ou com o auxílio deste são:
Geração de emprego e renda;
Resgate da cidadania dos catadores, em sua maioria moradores de rua;
Redução das despesas com programas de reciclagem;
Organização do trabalho dos catadores;
Redução nas despesas relativas à disposição final, uma vez que o volume 
de lixo a ser disposto no aterro diminui.
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Figura 5: Catadores em lixão.
Figura 6: Número estimado de pessoas que residem em lixões, por faixa etária e região (IBGE, 2000).
PARA RELEMBRAR:
Nesse capítulo foram apresentados: 
Aspectos operacionais e de planejamento do Gerenciamento Integrado 
de RSU;
Diferenças entre taxa e tarifa;
Formas de administração dos serviços de Gerenciamento Integrado de 
RSU (direta, concessão e terceirização);
Legislação incidente;
Importância das cooperativas de catadores.
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MANEJO DE RSU
As ações relativas ao manejo de resíduos sólidos urbanos contemplam aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, 
transporte, tratamento e disposição final, bem como proteção à saúde pública.
Essas ações podem ser mais bem visualizadas no fluxograma a seguir:
* Ações em que o apoio da população é essencial e decisivo para o bom andamento do manejo de RSU.
Figura 7: Fluxograma representativo de ações relacionadas aos RSU desde a geração até a disposição final.
Geração: no caso de RSU se enquadram os resíduos residenciais, 
comerciais, de varrição, capina e poda.
Acondicionamento: é a preparação dos resíduos, pelo gerador, de 
forma sanitariamente adequada, compatível com o tipo, quantidade 
dos resíduos sólidos e, principalmente, com as formas de coleta. 
Varrição e limpeza pública: são importantes não só do ponto de vista 
estético, mas também evitam proliferação de vetores e mau cheiro, 
além de prevenir o entupimento do sistema de drenagem das águas 
pluviais.
Coleta/transporte: entende-se o recolhimento de resíduos sólidos 
acondicionados pelo gerador para posterior encaminhamento ao 
destino adequado, utilizando-se para isso meio de transporte também 
adequado.
Tratamento e disposição: o tratamento inclui a seleção e aplicação de 
tecnologias adequadas para o controle e tratamento dos resíduos com 
o objetivo de reduzir seu volume e também seu potencial poluidor. Em 
relação à disposição final, se dará mais atenção ao aterro sanitário por 
ser a solução que reduz os riscos ambientais e para a saúde pública.
O manejo de RSU é também a interface entre o gerenciamento de resíduos e a co-
munidade local (Figura 8). Ele tem grande dependência da boa aceitabilidade dos 
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serviços pelos usuários, para que a limpeza publica possa ser efetiva. Além disso, o 
fato dos RSU possuírem valor econômico deve ser considerado, pois existem pesso-
as que tem na catação seu meio de vida.
Figura 8: A segregação de RSU na fonte geradora é ação importante no que se refere ao manejo de resíduos.
4.1 Coleta e transporte
Como coleta de RSU entende-se o recolhimento de resíduos sólidos acondiciona-
dos pelo gerador para posterior encaminhamento ao destino adequado, utilizando-
se para isso meio de transporte compatível.
Os serviços de coleta e transporte são provavelmente os que apresentam as solu-
ções mais satisfatórias em relação ao manejo dos RSU, mas dentro do sistema de 
limpeza urbana são os que mais demandam recursos.
A coleta regular se faz necessária para que não ocorra acúmulo de RSU nas residên-
cias e vias públicas, evitando problemas de saúde pública que certamente ocorre-
rão pela permanência dos resíduos na cidade. Em função disso é importante que a 
mesma tenha como meta atender toda a população, pois na hipótese de não haver 
coleta em alguma região da cidade os resíduos sólidos produzidos nessa, invaria-
velmente, serão lançados em terrenos baldios, junto às drenagens e outros locais 
impróprios, conforme pode ser observado na figura 9.
 
Figura 9: Destino dos resíduos sólidos não-coletados, por região (IBGE, 2000). 
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O resíduo domiciliar, de estabelecimentos públicos e de comércio de pequeno por-
te é coletado e transportado pelo poder público municipal. Esse serviço deve ser 
regular para que a população saiba o dia e horário que o caminhão coletor pas-
sa, evitando assim que o resíduo permaneça por muito tempo exposto causando, 
consequentemente, a emissão de odores, proliferação de vetores e animais, entre 
outros problemas (Figuras 10 e 11).
O planejamento da coleta requer uma série de informações que englobam as ca-
racterísticas físicas do município, sistema viário, tipos de pavimentação (ou a falta 
dela), intensidade de tráfego, número de habitantes, zoneamento do município, 
sazonalidade da produção de RSU, entre outras.
Figura 10: Coleta manual de lixo.
Figura 11: Coleta mecânica de resíduos sólidos.
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De acordo com Teixeira e Bidone (1999), a coleta de resíduos sólidos pode ser clas-
sificada em três formas diferentes:
Comum/Regular: quando os resíduos são coletados misturados;
Diferenciada: quando os resíduos sólidos são coletados separadamente, 
segundo a fonte geradora, como doméstico, industrial, de serviços de 
saúde, etc.
Seletiva: quando os resíduos são separados segundo os seus componentes 
(papel, plástico, metal, vidro, etc).
A coleta seletiva é, depois da segregação na fonte (sempre que possível), a etapa 
para que qualquer processo de reciclagem seja gerenciado com êxito, uma vez que 
a segregação dos materiais auxilia nos procedimentos que envolvem a catação e 
posterior reciclagem (Figura 12 e 13).
Figura 12: Coleta seletiva em Porto Alegre.
Figura 13: Coleta seletiva em escolas.
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No Brasil, os materiais que são recuperados na coleta seletiva são, principal-
mente, papéis e/ou papelão, plásticos em geral, vidros e metais, ferrosos e não 
ferrosos (Figura 14).
Figura 14: Material recuperado na coleta seletiva (IBGE, 2000). 
Em relação ao destino desses materiais, pode-se verificar que a maioria dos reciclá-
veis vai para a comercialização (65%), e os principais receptores dos mesmos são 
os comerciantes de materiais recicláveis (54%), e indústrias da reciclagem (22%), 
(Figura 15 e 16).
Figura 15. Destino domaterial recuperado na coleta 
seletiva (IBGE, 2000).
Figura 16: Principais receptores do material recuperado 
na coleta seletiva (IBGE, 2000). 
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Em se tratando do tipo de veículo a ser utilizado na coleta é importante salientar 
que o mesmo deve impedir o derramamento de resíduos ou lixiviado em via públi-
ca, apresentar altura de carregamento na linha da cintura dos garis e, de preferên-
cia, possuir carregamento traseiro.
Para a escolha do tipo ideal de veículo a ser utilizado na coleta deve-se considerar:
Tipo e quantidade de resíduos;
Condições de operação;
Custo de aquisição e manutenção;
Condições de tráfego do município.
Os tipos de veículos mais utilizados são os caminhões caçamba e os caminhões com-
pactadores (Figura 17 e 18). Os caminhões caçamba têm uma vantagem substancial 
que é a possibilidade de serem utilizados para outros serviços do município.
Figura 17. Caminhão caçamba (Fonte: Modificado de RESOL, 2007). 
Já os veículos compactadores apresentam a vantagem de carregar mais resíduos que 
os caminhões caçamba, além de terem uma baixa altura de carregamento (facilita o 
serviço da guarnição), e são rapidamente descarregados. Sua desvantagem advém 
do alto custo, inclusive de manutenção.
Figura 18: Principais modelos de carrocerias compactadoras utilizados no Brasil (Fonte: Modificado de RESOL, 2007)
4.2 Minimização da geração e reciclagem de 
resíduos solidos urbanos
O gerenciamento integrado de RSU pressupõe a redução do consumo, a reutiliza-
ção de materiais e ainda a reciclagem destes. O princípio dos 3Rs segue a hierarquia 
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de que causa menor impacto evitar a geração de resíduos do que reutilizar e/ou 
reciclar os materiais após a sua geração. 
A reutilização de materiais e a reciclagem são importantes formas de reaproveita-
mento na gestão de resíduos sólidos, mas o grande desafio das próximas gerações 
será a necessidade de redução dos RSU gerados. A redução ocorre na fonte, ou 
seja, é a não geração de resíduos, envolvendo assim mudanças no hábito de con-
sumo da população.
No Brasil, onde se segue o padrão de consumo americano, muito mais consumista 
que o europeu, tem-se uma tendência contínua ao aumento da produção de RSU, 
que só será revertida por meio de uma nova mentalidade de consumo por parte da 
população (Figura 19).
Figura 19: A redução na geração de RSU passa por mudanças de hábitos de consumo da população.
Em relação à reciclagem pode-se dizer que é uma palavra que se difundiu na mídia 
a partir da década de 1980 em função da constatação da necessidade de poupar 
matérias-primas não renováveis e ainda devido à falta de espaço disponível para a 
disposição de RSU.
Esse processo de tratamento de resíduos sólidos apresenta uma série de vantagens 
como a economia dos recursos naturais, economia de energia, a abertura de novos 
postos de trabalho, a geração de receita e, principalmente, o aumento da vida útil 
dos aterros sanitários, devido à redução do volume de resíduos a ser aterrado.
Teoricamente o processo de reciclagem deveria permitir o contínuo reuso de mate-
riais para o mesmo propósito, mas na prática, em boa parte dos casos, a reciclagem 
aumenta a vida útil de um material, porém de forma menos versátil.
Praticamente todos os materiais que são considerados resíduos podem ser recicla-
dos, conforme pode ser visualizado nas figuras a seguir. Entre eles pode-se citar: 
papéis, plásticos, metais, vidros, pneus, restos de construção civil e de alimentos, 
entre outros (Figura 20).
Figura 20: Ilustrações de materiais descartados no lixo doméstico.
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Porém, para que o processo de reciclagem seja desenvolvido de forma adequada 
e proporcione todas as vantagens já citadas, é necessário que a população adquira 
hábitos como a separação de resíduos na sua residência, ou seja, separação na 
fonte geradora, e que o Poder Público propicie a implantação da coleta seletiva 
nos municípios. Após a implantação é importante que a população seja mantida, 
permanentemente, mobilizada através de campanhas de sensibilização e educação 
ambiental. Convém salientar que a implantação de um projeto de coleta seletiva 
requer análise de aspectos de viabilidade executiva, econômica, além de outras 
implicações de natureza ambiental e social.
A separação efetuada pela população é simples, em função da falta de espaço, 
separando-se materiais úmidos (restos de alimentos, papéis higiênicos, etc), de ma-
teriais secos, que são os passíveis de reciclagem (papéis, plásticos, metais, vidros), o 
que já facilita o processo de triagem que ocorrerá posteriormente.
Na maioria das cidades onde existe coleta seletiva ela ocorre semanalmente utili-
zando-se caminhões do tipo carroceria aberta.
4.3 Compostagem
É um processo de decomposição oxidativa aeróbia e controlado, de transformação 
de resíduos orgânicos em produto estabilizado, com propriedades e características 
completamente diferentes do material que lhe deu origem, sendo uma alternativa 
de tratamento da matéria orgânica presente em resíduos sólidos. No processo a 
matéria orgânica pode ser convertida pela ação de microorganismos já existentes ou 
inoculados na massa de resíduos.
O processo aeróbio ocorre com a participação de microrgansimos que só vivem 
na presença de oxigênio. A temperatura pode chegar a até 70ºC, temperatura que 
elimina os possíveis microorganismos patogênicos presentes no resíduo, e os odores 
emanados são menos desagradáveis, enquanto que a decomposição é mais rápida 
que no processo anaeróbio. O resultado final desse processo é o composto orgâ-
nico, em rico em micronutrientes e com razoáveis teores de nitrogênio e fósforo, 
podendo ser utilizado como fertilizante e na recuperação de solos degradados. 
O processo de compostagem aeróbia pode ser dividido em duas fases:
- Bioestabilização: que caracteriza-se pela redução da temperatura da massa orgâ-
nica que, após ter atingido temperaturas de até 65°C, e estabiliza-se à temperatura 
de aproximadamente 30°C. Essa etapa dura, aproximadamente 45 dias, em siste-
mas de compostagem acelerada e 60 dias nos sistemas de compostagem natural;
- Maturação: essa fase dura cerca de 30 dias e nessa etapa ocorre a humificação e 
mineralização da matéria orgânica.
No processo aeróbio os microrganismos necessitam de oxigênio para o seu meta-
bolismo e assim, alguns fatores que influenciam na disponibilidade deste elemento 
são: umidade, granulometria e temperatura. Em função disso é importante o pro-
cesso de aeração do composto para que ocorra a exposição da matéria orgânica ao 
oxigênio, acelerendo o processo de decomposição.
4.3.1 Central de compostagem simplificada
Nesse tipo de local o processo de compostagem acontece naturalmente e ao ar 
livre. O resíduo é colocado em montes, denominados leiras, onde permanece até a 
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estabilização da massa orgânica. Uma vez estabilizado, do ponto de vista biológico, 
o material é peneirado e está pronto para ser utilizado no solo.
Em relação ao pátio onde as leiras serão colocadas, o mesmo deve ser plano e bem 
compactado e, se possível, pavimentado, apresentando declividade suficiente para 
o escoamento das águas pluviais e do lixiviado produzido durante o processo. Con-
vém salientar que em leiras com manejo adequado o lixiviado produzido é muito 
reduzido, mas deve receber tratamento sanitário.
Ao dimensionar-se um pátio de compostagem deve-se levar em conta a necessidade de 
espaço para a circulação entre as leiras (caminhões, carregadeiras e outros maquinários), 
além de espaçopara a estocagem do composto pronto. Já em se tratando das pilhas, as 
mesmas devem apresentar forma piramidal ou cônica, com a base medindo cerca de 3 
ou 2 metros de diâmetro e altura variando entre 1,5 e 2 metros (Figuras 21, 22, 23).
Figura 21: Leira de compostagem.
Figura 22: Leiras cônicas ou pilhas.
Figura 23. Pátio de compostagem. (Foto: André Vilhena)
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4.4 Disposição final
O aumento do consumo verificado no Brasil nos últimos anos deu origem a um 
incremento no volume de resíduos sólidos gerados e, consequentemente, mais 
problemas no que diz respeito ao gerenciamento integrado de RSU. Se por um 
lado as dificuldades em relação à coleta e ao transporte já apresentam soluções 
satisfatórias o mesmo não acontece com a seleção de áreas tecnicamente adequa-
das à disposição final de resíduos.
Essa questão merece atenção porque se uma coleta ineficiente é suficiente para que 
ocorra uma pressão por parte da população objetivando uma melhora na prestação 
do serviço, o mesmo não ocorre no caso de uma destinação inadequada, uma vez 
que a maioria da população não é diretamente atingida.
Devido a isso, e também em função de orçamentos restritos, é comum observar em 
municípios de menor porte a presença de locais com descarte de resíduos a céu 
aberto (lixões), (Figura 24).
Figura 24: Descarte irregular de resíduos (lixão). (Foto: André Vilhena)
A forma de destinação mais adequada, apesar de não ser a mais utilizada é o método 
de disposição por aterro sanitário. No Brasil, a maioria dos municípios que utilizam esse 
método de descarte está localizada e sudeste, sendo que nas regiões norte e nordeste a 
disposição irregular de resíduos sólidos é adotada na maioria das cidades (Figura 25).
Figura 25: Municípios que destinam os RSU para aterros sanitários, por regiões (IBGE, 2000). 
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O aterro sanitário é a técnica mais adequada de disposição de RSU no solo. É ela-
borado de acordo com critérios de engenharia e normas operacionais específicas, 
que proporcionam um confinamento seguro dos resíduos. Os critérios de engenha-
ria mencionados abrangem a drenagem de águas superficiais e do lixiviado, assim 
como o adequado tratamento deste. Além disso, a drenagem e queima dos gases 
gerados e a bioestabilização da matéria orgânica fazem parte do processo de ope-
ração de um aterro sanitário (Figura 26).
Outra definição apresenta aterro sanitário como forma de deposição final de resíduos 
sólidos urbanos no solo, mediante confinamento em camadas cobertas por material 
inerte, geralmente solo, segundo normas operacionais específicas, de modo a evitar 
danos ou riscos à saúde pública e a segurança, minimizando os impactos ambientais.
A norma técnica, intitulada “Apresentação de Projetos de Aterros Sanitários” editada 
em 1984 sob o número 8419 define aterro sanitário como “Técnica de disposição de 
resíduos sólidos urbanos no solo sem causar danos à saúde pública e a sua segurança, 
minimizando os impactos ambientais, método esse que utiliza princípios de engenharia 
para confinar os resíduos a menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissí-
vel, cobrindo-os com uma camada de terra ao fim de cada jornada de trabalho”.
Figura 26. Representação esquemática de um aterro sanitário. 
Ultimamente alguns aterros passaram a adotar a prática de que, ao dar início a 
uma nova célula de resíduos, remove-se a terra do recobrimento provisório, pro-
porcionando o contato resíduo com resíduo. A terra removida volta a ser usada 
para o mesmo fim. Assim, diminui-se a volumetria de material de empréstimo e 
aumenta-se a vida útil do aterro.
Importantíssimo também é a seleção de áreas para a implantação de um aterro 
sanitário a qual deve obedecer a critérios claros, pois dessa seleção vai depen-
der a preservação dos recursos naturais e um racional uso do solo. Além disso, 
a partir da escolha correta de local para a disposição final reduzem-se custos 
de implantação e ainda evitam-se uma série de impactos que seriam gerados 
ao meio, podendo-se também simplificar os sistemas de proteção ambiental a 
serem instalados (MARQUES et al., 1995).
Em função do alto grau de urbanização das cidades associado a uma ocupação 
intensiva do solo, a seleção de áreas torna-se uma tarefa difícil. Alguns critérios 
técnicos mais utilizados para a escolha de áreas aptas a instalação de aterros 
sanitários são a seguir listados:
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Distância de recursos hídricos;
Distância de vias;
Distância da mancha urbana;
Distância de áreas inundáveis;
Declividade;
Geologia/potencial hídrico;
Classes de solo;
Permeabilidade do solo;
Espessura do solo;
Profundidade do lençol freático.
Além desses, outros critérios devem ser analisados como os que dizem respeito aos 
aspectos financeiros (custos), e políticos/sociais.
Em relação aos métodos de operação de um aterro sanitário estes variam conforme 
o local onde o mesmo será implantado, assim como o volume de RSU que será re-
cebido. O método de trincheira é aplicado quando o local do aterro for plano ou 
levemente inclinado, e quando a produção diária de lixo, preferencialmente, não 
ultrapassar 10 toneladas. Assim, é um método próprio para pequenas comunidades, 
normalmente de escassos recursos financeiros e sem equipamentos adequados à ope-
ração de um aterro convencional; no entanto, em função da morfologia do local do 
aterro e da forma de operação que se deseja dispensar ao mesmo, é uma solução que 
também pode ser adotada para grandes comunidades geradoras de lixo (Figura 27).
Figura 27: Escavação mecanizada em uma trincheira de pequena dimensão. (Fonte: Bidone & Povinelli, 1999)
Já o método de escavação progressiva ou da meia encosta é utilizado em área secas 
e de encostas, normalmente aproveitando-se o material escavado do próprio local na 
cobertura do lixo. Esse aspecto caracteriza uma interessante vantagem do método (Fi-
gura 28). O aterro é executado depositando-se certo volume de lixo no solo, o qual é 
compactado por um trator de esteira em várias camadas, até 3,0 m ou 4,0 m de altu-
ra. Em seguida, o trator escora, na parte oposta da operação, o material para a cober-
tura do lixo compactado, formando as células sanitárias, sendo que, após a conclusão 
do aterro com o “selamento” superficial e a reconstituição da morfologia local, a área 
pode ser utilizada em atividades menos restritivas do ponto de vista ambiental.
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Figura 28: Execução de uma célula aproveitando a encosta. (Fonte: Bidone & Povinelli, 1999)
Por fim, o método da área ou aterro tipo superficial é a técnica de execução de aterro 
utilizada quando a topografia local permite o recebimento/confinamento dos resíduos 
sólidos, sem a alteração de sua configuração natural. Nessas áreas, os resíduos são 
descarregados e compactados, formando uma elevação tronco-piramidal, que recebe 
o recobrimento com solo ao final da operação de um dia (Figura 29 e 30).
Figura 29: Célula de aterro tronco-piramidal executada pelo método da área. (Fonte: Bidone & Povinelli, 1999)
Figura 30: Aterro sanitário em implantação.
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4.5 Disposição final com prensagem e 
embolsamento de resíduos 
Na última década do século XX começou a difundir-se na Europa, a partir da Alema-
nha, a prática de prensar os resíduos sólidos antes da destinação final aos aterros sa-
nitários. Neste processo, a manutenção da compactação proporcionada pelas pren-
sas é garantida

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