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FAMART RELAÇÕES BANCÁRIAS 2021-1 1 Unidade 2 Introdução ao Código de Defesa do Consumidor 1. ENTENDENDO A ORIGEM E O PORQUÊ DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Para entendermos melhor a origem do Código de Defesa do Consumidor (CDC) no Brasil, é necessário embarcar numa viagem pela história recente do país. Os direitos dos consumidores têm uma relação direta com o resgate da democracia no Brasil. O CDC foi criado durante o processo de redemocratização, que ocorreu no fim dos anos 1980, um período marcado pela participação ativa da sociedade civil e da organização de sistemas para a proteção de direitos coletivos. Antes de embarcarmos em nossa viagem pela história do Brasil, vale registrar que a preocupação em garantir direitos aos consumidores vem de longa data. Em 15 de março de 1962, o então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, em um discurso dirigido ao Congresso americano proferiu a primeira manifestação de uma personalidade política na defesa dos consumidores. Sua mensagem impactou não somente os Estados Unidos, mas todo o mundo, e movimentos em prol do consumidor começaram a surgir por todos os continentes. John F. Kennedy declarou que são direitos básicos do consumidor a segurança, a informação e a escolha, além de ser ouvido. Justificou sua mensagem dizendo que os consumidores precisavam ser protegidos porque são maioria e “maioria não se organiza”. Sua declaração foi de tal importância, que 23 anos após, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 15 de março, como o Dia Mundial do Consumidor. Voltando ao Brasil. Em 15 de novembro de 1986, ocorreram eleições gerais para a escolha dos parlamentares que integrariam a Assembleia Constituinte, composta por 559 congressistas, sendo 72 senadores e 487 deputados federais. Os parlamentares, democraticamente eleitos pelo voto direto, tomaram posse em fevereiro de 1987 com a missão de elaborar a Carta Magna da nação. A Constituição Federal que serviria de FAMART RELAÇÕES BANCÁRIAS 2021-1 2 base para a construção de uma nova sociedade, mais justa, mais solidária e mais humana. A Constituição Federal de 1988, é o documento que engloba as atuais leis, regras e normas da República Federativa do Brasil. Assim, no dia 27 de julho de 1988, o então presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães, declarou a entrada em vigor dessa nova Constituição Federal – batizada Constituição Cidadã – porque era o Brasil, nessa época, um país recém-saído da ditadura militar na qual os princípios constitucionais foram trocados por porões de tortura dos oponentes políticos do militarismo. Em seu discurso da promulgação da Carta Magna, Ulysses Guimarães, sentenciou: A constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar? Sim. Divergir? Sim. Descumprir? Jamais. Afrontá-la? Nunca! Figura 1 – Ulysses Guimarães na promulgação da Constituição Fonte: Célio Azevedo / BBC News Brasil, 1988. Dentre os inúmeros ordenamentos produzidos pela Constituição Federal de 1988, nos interessa nesse momento a determinação de que o Congresso criasse um código de proteção ao consumidor, consolidando a ideia de que esse direito do cidadão deve ser garantido pelo Estado. A criação do CDC coincide, não por acaso, com o momento FAMART RELAÇÕES BANCÁRIAS 2021-1 3 em que consumidores começavam a se organizar em associações pelo mundo e que demandava regras contra produtos nocivos e abusos de empresas. Como vimos, em alguns países a discussão sobre os direitos dos consumidores já era mais antiga, desde as décadas de 1960 e 1970. No Brasil o assunto ainda fervilhava durante o momento em que o Código estava sendo pensado, o que permitiu a construção de uma lei moderníssima para seu tempo. Esse atraso jurídico, permitiu a comissão que trabalhou no texto do novo Código consultar tudo o que estava acontecendo no mundo sobre as relações de consumo, consultar as legislações americana e europeia, consolidando uma série de direitos que estavam em discussão em outros países, inclusive se adiantando em alguns pontos. Até então, os problemas nas relações entre consumidores e fornecedores de bens e serviços eram dirimidos pelo Código Civil, que se mostrava insuficiente para dar conta dos fenômenos cada vez mais sofisticados e dinâmicos decorrentes da moderna sociedade de consumo, e o CDC trouxe inovações que revolucionaram o Direito brasileiro, sendo três importantes destaques que merecem ser ressaltados: a mudança das regras para contratos, que passaram a reconhecer que uma das partes estará sempre em desvantagem; a consagração da responsabilidade objetiva em casos de vício de produtos e serviços, facilitando a reclamação das vítimas; e a consagração das ações coletivas, o que exigiu a modernização das regras processuais. Especialistas do Direito concordam que o grande trunfo para que o CDC continue eficaz 30 anos depois de sua criação, apesar das grandes transformações no mercado, foi a escolha de um método que fixa princípios gerais, sem segmentar por setor ou problema. Como explica Marcelo Sodré, professor de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e membro do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) citado em artigo comemorativo publicado na Revista do Idec, edição 233, Nov/Dez 2020 “O CDC trata de temas como responsabilidade, contratos, publicidade etc. de forma principiológica e sistematizada. Os princípios são aplicados no dia a dia e permitem que o Código continue atual”. Na época, Sodré participou das discussões para a elaboração da lei como diretor do Procon-SP. FAMART RELAÇÕES BANCÁRIAS 2021-1 4 1.1. Março: um mês especial para o consumidor Março é um mês muito especial para os consumidores, grandes avanços no que tange ao debate e regramento das relações de consumo no mundo e no Brasil aconteceram nesse mês. 11 de março, é comemorado o Dia do Consumidor no Brasil. Dia em que entrou em vigor o Código de Defesa do Consumidor no Brasil, há cerca de 30 anos. Em setembro de 1990, o então presidente Fernando Collor de Melo assinou a Lei 8.078, determinando que entrasse em vigor seis meses depois, 11 de março de 1991. 15 de março de 1962, como visto anteriormente, o presidente John F. Kennedy discursou para o Congresso americano. Nesse discurso foi proferida a primeira manifestação de uma personalidade política em defesa dos consumidores. Isso impactou a sociedade estadunidense e mundial desencadeando o surgimento de movimentos em prol do consumidor por todos os continentes. 23 anos mais tarde, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) reconheceu a importância do discurso, instituindo 15 de março como o Dia Mundial do Consumidor. 16 de março, comemora-se o Dia do Ouvidor, conforme a Lei nº 12.632/2012. O Ouvidor é um importante profissional dentro da relação consumidor/fornecedor. Seu em uma organização tem por finalidade garantir e dar voz ao cidadão, ao consumidor e ao funcionário. O Ouvidor tem por finalidade ouvir todos os “stakeholders”, termo inglês usado para definir as partes interessadas, todas as pessoas e as organizações que possam ser afetadas por um projeto ou empresa, de forma direta ou indireta, positiva ou negativamente. Todos que se relacionam com determinada organização, sendo consumidores, fornecedores, sociedade, governos ou empregados. O ouvidor tem a capacidade de transformar cada manifestação de seus stakeholders em uma importante ferramenta de gestão, recurso precioso para garantir serviços e produtos de excelência. O estrangeirismo, um tipo de empréstimo linguístico, é muito usual na comunicação das organizacionais sendo possível que você se depare também com o termo Ombudsman, palavra de origem sueca, que corresponde ao profissional que exerce papel semelhante ao do Ouvidor.FAMART RELAÇÕES BANCÁRIAS 2021-1 5 1.2. O objetivo do Código de Defesa do Consumidor Figura 2 – CDC: 30 anos em defesa de todos Fonte: Idec, 2020. A advogada, professora universitária, especialista em Docência Universitária, Direito Penal e Direito Processual Penal, Kelly Lisita Peres, descreve o objetivo do CDC, da seguinte forma: O CDC tem por objetivo primordial proteger e defender o consumidor que em regra é a parte hipossuficiente nas relações de consumo. Por hipossuficiente nesse sentido compreende-se que o consumidor é a parte mais fragilizada. Consumidor por sua vez, é toda pessoa física ou jurídica que compra, que faz uso do produto final conforme alude o Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 2º. (KELLY PERES, 2020) Definitivamente, a criação do CDC trouxe ao país o ordenamento jurídico dentro das relações de consumo. Um dos autores do anteprojeto dessa lei, Antônio Herman V. FAMART RELAÇÕES BANCÁRIAS 2021-1 6 Benjamin, hoje ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), escreveu que, “com o CDC, o País reconheceu um importante ator econômico: o consumidor”. Ao determinar pela Constituição Cidadã (1988) a criação de um código específico para o ordenamento das relações de consumo, a Assembleia Constituinte além de personificar a ideia de consumidor, corou a sociedade brasileira ao oferecer a proteção necessária ao ator mais fraco da relação. Pois, à medida que as mudanças econômicas se aceleram, crescente também é a complexidade das transações e formas de garantir segurança ao consumidor que a cada dia ocupava a posição de extrema vulnerabilidade. Nesse sentido, o CDC nasceu como uma resposta legal protetiva, objetivando estabelecer a transparência e a harmonia entre forças distintas: consumidores e fornecedores. Mais do que uma legislação fiscalizadora e punitiva, o CDC criou uma cultura de respeito aos direitos daquele que consome produtos e serviços. Certamente, todas essas finalidades às quais a lei se propõe ainda não foram alcançadas, mas é inegável que, em pouco mais de três décadas de vigência, o CDC trouxe enormes avanços em relação às práticas e aos costumes do mercado, estabelecendo novos parâmetros para as relações jurídicas entre consumidores e fornecedores. Para além disso, representou também um marco no exercício da cidadania, pois transformou o consumidor em cidadão portador de direitos que devem ser respeitados. O CDC surgiu para buscar o equilíbrio na relação consumidor/fornecedor. Definindo seus agentes e o papel de cada um deles, promovendo transparência e responsabilizando cada agente dessa interação, além de estabelecer parâmetros mais assertivos quanto a definição do que venha a ser um produto, um serviço, uma relação comercial com responsabilidades distribuídas. A fim de exemplificar podemos, à luz do CDC, afirmar que um produto é todo bem material, imaterial, móvel e imóvel. Uma cadeira ou mesa são exemplos de bens de natureza concreta. O crédito concedido por um banco ou financeira é categorizado como bem de natureza abstrata. Um produto pode ser transportado sem que haja perda de sua essência, como o computador, a tv ou um carro, e outros bens não podem ser transportados sem que haja perda de sua essência, que é o caso de uma casa ou apartamento. FAMART RELAÇÕES BANCÁRIAS 2021-1 7 Graças ao CDC é possível afirmar com toda segurança legal que uma pessoa pode ser física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, sem excetuarmos os entes despersonalizados que desenvolvem atividades vinculadas com exportação, importação, montagens, transformação, criação e que é fundamental na relação de consumo é denominada fornecedor. O consumidor por definição, é visto como a parte vulnerável da relação, e sendo mais frágil, possui direitos básicos intocáveis, que poucos têm conhecimento acerca deles. Proteção à vida, acesso às informações referentes ao produto por ele adquirido, proteção contra a publicidade enganosa, a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos, o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados, a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova a seu favor no Processo Civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências, a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral, a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas são alguns exemplos de direitos do consumidor, conforme o artigo 6º do CDC. Ocorre que mesmo diante da legislação que não deixa margens para entendimentos inversos é notório o desrespeito para com o consumidor, que é comumente comprovado através das práticas abusivas tais como: condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos, recusa ao atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes, envio ou entrega ao consumidor, sem solicitação prévia, de qualquer produto, ou ainda o fornecimento de qualquer serviço, prevalecimento da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços dentre outras. FAMART RELAÇÕES BANCÁRIAS 2021-1 8 São pormenores presentes no dia a dia do consumidor e do fornecedor que merecem atenção, destaco aqui a questão da apresentação de um orçamento. O valor orçado tem validade pelo prazo de dez dias, contado do recebimento pelo consumidor e o fornecedor é obrigado a entregar ao consumidor o orçamento prévio com valores e serviços discriminados, explicitando data de início e término da obra ou serviço, devendo ainda mencionar quais materiais serão utilizados e sua qualidade. De suma importância, é saber que, caso haja contratação de serviço de terceiros posterior ao orçamento que lhe foi entregue, não poderá haver quaisquer ônus ao consumidor. O fornecedor não tem a faculdade de entregar ao consumidor o orçamento, mas sim a obrigatoriedade. “Poder e dever” têm significados diferentes e devem ser bem observados. A legislação contida no código veda também a publicidade enganosa ou abusiva, o fornecedor não pode se dirigir ao consumidor apresentando informação total ou parcialmente falsa, mentirosa, tampouco ser omisso induzindo o consumidor em erro sobre as características e natureza do produto, sem excetuarmos que é considerada abusiva a propaganda que explore o medo, incitação à violência, discriminação em relação à publicidade e que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. Inegável que tantos absurdos ainda sejam vivenciados pelos consumidores e que não raramente sintam-se ofendidos quando percebem que foram iludidos e sequer sabem que seus direitos estão amparados pelo Código de Defesa do Consumidor. O Princípio da boa-fé nas relações contratuais, inclusive observada na legislação civil, deve fazer-se presente nas cláusulas que permeiam a relação fornecedor e consumidor, ou seja, das partes contratantes, ainda que na relação consumerista seja observada a paritariedade, ou seja, que o consumidor não discute com o fornecedor; o comerciante as condições do contrato. Toda relação contratual deve em condições de igualdade beneficiar as partes, porque o contrato tem sua função social capaz de refletir efeitos para toda a sociedade.Ao contrário do que ocorre com muitas leis no Brasil, o CDC “pegou” e está presente no dia a dia do consumidor, sendo inclusive de fácil acesso. Por determinação da Lei no 12.291, sancionada em 20 de julho de 2010, é obrigatório que os estabelecimentos FAMART RELAÇÕES BANCÁRIAS 2021-1 9 comerciais ou de prestação de serviços disponibilizem ao público um exemplar do Código para consulta. Mas você, pode não estar tão familiarizado com a linguagem utilizada no dia a dia jurídico e que está presente no Código de Defesa do Consumidor. Outros tantos cidadãos, têm dificuldade para compreender certos princípios e termos contidos nele. A fim de facilitar e alinhar conhecimentos, foi elaborado um quadro (vide a seguir) com a seleção de algumas expressões, termos e princípios mais comumente encontrados no CDC. FAMART RELAÇÕES BANCÁRIAS 2021-1 10 Quadro 1 – Algumas expressões encontradas no Código de Defesa do Consumidor Expressão Definição Acidente de consumo Ocorre quando um produto ou serviço prestado com defeito provoca danos físicos ao usuário ou a terceiros, mesmo quando utilizado de acordo com as instruções. Por exemplo, choque elétrico ao manusear aparelhos eletrodomésticos, corte ao abrir uma embalagem etc. Cláusula abusiva Cláusula contratual que cria um evidente desequilíbrio entre os direitos e as obrigações das partes envolvidas na relação de consumo, pois onera excessivamente o consumidor e favorece o fornecedor (juridicamente significa vantagem manifestamente excessiva). Contrato de adesão É aquele redigido pelo fornecedor, sem que o consumidor tenha a possibilidade de discutir ou modificar seu conteúdo. No entanto, as cláusulas que venham a limitar os direitos do consumidor devem estar destacadas e aquelas consideradas abusivas serão consideradas nulas (o consumidor deve procurar a Justiça para conseguir a declaração de nulidade da cláusula abusiva). Desconsideração da personalidade jurídica A distinção entre pessoa jurídica e pessoa física surgiu para resguardar bens pessoais de empresários e sócios em caso de falência da empresa. Porém, muitas vezes, abusa-se dessa proteção para lesar credores/consumidores. Sempre que a personalidade jurídica for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores, o juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica, permitindo que os donos da empresa respondam com os próprios bens pela reparação do dano causado; Execução É o procedimento legal por meio do qual se exige o cumprimento forçado de um direito reconhecido numa decisão judicial definitiva; Hipossuficiência A hipossuficiência do consumidor tem relação com a sua carência econômica e é um dos requisitos para a inversão do ônus da prova (veja a letra “I”). Como o CDC determina que a defesa do consumidor seja facilitada, aquele que não puder arcar com os custos de um processo judicial será beneficiado com a isenção do seu pagamento, assim como dos honorários do perito, caso este seja necessário para a produção de provas. Inversão do ônus da prova O CDC prevê a possibilidade de o juiz dar ao réu (fornecedor) o encargo (ônus) de provar que as alegações do autor da ação (consumidor) não correspondem à verdade dos fatos. Esse processo recebe o nome de “inversão do ônus da prova”. O juiz pode aplicá-lo se acreditar que a prova a cargo do consumidor é muito difícil de ser feita — por dificuldade econômica ou técnica de se provar os fatos constitutivos do seu direito — ou bastante onerosa. Ou ainda se estiver convencido de que os argumentos alegados pelo autor da ação são verossímeis. Liquidação de sentença É o procedimento através do qual, tendo o processo chegado ao fim, se apura o valor a ser pago ao credor, a fim de que a sentença seja cumprida. FAMART RELAÇÕES BANCÁRIAS 2021-1 11 Prescrição e Decadência Ambas têm a mesma consequência jurídica: a impossibilidade de exigir o cumprimento de um direito que não foi exercido durante o espaço de tempo legalmente estipulado. Prescrição ocorre quando a reparação de um direito violado não é exigida judicialmente no prazo que a lei define. Por exemplo, quando ocorre um acidente de consumo (veja letra “A”), o direito de o consumidor ter acesso a um produto seguro foi violado. Ele tem, então, cinco anos para pedir a indenização na Justiça; se não o fizer nesse prazo, nunca mais poderá fazê-lo. Decadência ocorre quando um fato gera um direito ao consumidor e este não o exerce no prazo definido na lei. Por exemplo, quando um produto apresenta defeito, ele pode ser trocado. Esse direito precisa, obrigatoriamente, ser exercido no prazo estipulado na lei. Publicidade enganosa e abusiva Ciente de que hoje a publicidade tem grande impacto na vida do consumidor, podendo alterar hábitos, criar necessidades e mudar comportamentos, o CDC preocupou-se em coibir a publicidade enganosa e abusiva, ou seja, aquela que contém informações falsas ou incompletas sobre os elementos do produto e do serviço, desrespeitando valores éticos e induzindo o consumidor a adotar comportamentos prejudiciais à saúde ou segurança. Responsabilidade objetiva Aquela na qual o causador do dano deve reparar a lesão sem a necessidade de provar sua culpa (por imperícia, imprudência ou negligência). Para caracterizá- la basta verificar a existência de vínculo entre a conduta/atividade do agente e o dano produzido (nexo de causalidade). O CDC estabeleceu a responsabilidade objetiva em todos os acidentes de consumo, quer decorrentes de fornecimento de produtos quer de serviços. Responsabilidade solidária (“solidariamente responsável”) Ocorre quando mais de uma pessoa ou empresa pode ser responsabilizada, em igual intensidade, pelo cumprimento de uma obrigação. Por exemplo, o fabricante, o comerciante e o importador. Sentença transitada em julgado É aquela contra a qual não cabem mais recursos, tornando-se, portanto, definitiva e imutável. Vício do produto ou do serviço Vício, para o CDC, é o mesmo que defeito. O vício do produto ou serviço pode ser de qualidade ou quantidade; Vulnerabilidade Na relação consumerista, a vulnerabilidade é um pressuposto de que o consumidor é a parte mais fraca da relação frente ao fornecedor de produtos ou serviços. A vulnerabilidade pode ser técnica (o consumidor não possui conhecimento sobre o produto ou serviço, podendo ser iludido); jurídica (falta a ele domínio de questões jurídicas, econômicas e financeiras presentes nessas relações); e fática ou socioeconômica (o consumidor, em geral, está em situação de inferioridade diante do poderio econômico do fornecedor). Adaptado de Idec (2012).
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