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RESUMO - MEMÓRIA CLASSIFICAÇÃO DAS MEMÓRIAS A memória pode ser classificada quanto ao curso temporal do armazenamento (curto ou longo prazo) ou quanto a natureza da informação (implícita ou explícita) Mem. de curto prazo/trabalho: representação transitória relevante para um objetivo imediato, mediada pelo cortéx pré-frontal sistema verbal: conhecimento fonológico sistema visuoespacial: imagem mental de objetos e sua localização espacial sistema de controle: aloca recursos necessários para o funcionamento dos outros sistemas, monitora, manipula e atualiza representações Mem. de longo prazo: explícita/declarativa: é consciente; seu processamento envolve o lobo temp. medial (armazena temporariamente), mas seu armazenamento é difuso pelo córtex, podendo ser evocada a partir de diversas regiões; o processamento pode ser dividido em 4 partes: codificação, armazenamento, consolidação (mecanismos moleculares) e evocação; dividida em episódica e semântica OBJETIVOS 1. Componentes do sistema límbico e o processamento das emoçoes 2. Descrever a classificação das memórias. 3. LTP x LTD 4. Processamentos da memória explícita - mem. episódica: relacionada à experiência pessoal; sua codificação depende da interação entre controle cognitivo no córtex pré-frontal e entre as associações feitas no lobo temp. medial; sua evocação (para detalhes contextuais) envolve atividade no hipocampo, que precede atividade no córtex difuso - mem. semântica: relacionada aos significados, conceitos e fatos (conhecimento de mundo); é associativa, ou seja, uma série de infos remetem a um mesmo conceito e podem evocá-lo; é organizada de acordo com função, forma, etc.. forma de objetos armazenadas no lobo temp. inf, padrões de movimento para uso de objetos na região pré-motora e movimento dos objetos no espaço no lobo temp. medial implícita/não declarativa: inconsciente, vem à mente 'sem querer'; depende de um aprendizado progressivo baseado na repetição - priming: facilita o acesso ao conhecimento, utilizados anteriormente, semântico (conceitual) ou relacionado à percepções dos sentidos; é imagem de um evento sem a compreensão do que ele significa - procedimento (habilidades e hábitos): não depende da transformação de mem. de curto em longo prazo no lobo temporal; inicialmente requer atenção, mas depois torna-se autônomo - condicionamento clássico: capacidade de resposta de um reflexo à um estímulo condicionado (EC) e fraco, seguido de um estímulo não condicionado (ENC) forte benéfico ou não, aplicados de forma repetida; com isso, o EC passa a ser interpretado como preditivo do ENC; depende de um pequeno ΔT - condicionamento operante: relação preditiva entre uma ação e sua consequência, observando-se o comportamento espontâneo ou que ocorre sem estímulo identificável; as ações recompensadas são repetidas e as aversivas não; ocorre por tentativa-erro; depende de um pequeno ΔT - habituação: aprender a ignorar um estímulo único que não tenha importância, ocorre através da redução da efetividade sináptica, que causa diminuição da resposta reflexa; estímulo benigno ou não prejudicial - sensibilização e desabituação: aprender a intensificar estímulos únicos, mesmo àqueles que evocaram pouca ou nenhuma reação, ocorre por meio do aumento da resposta reflexa; estímulo nocivo OBS: 1. lesão no hipocampo direito: dificuldade na localização espacial 2. lesão no hipocampo esquerdo: dificuldade na mem, verbal, identificação de objetos e pessoas 3. lesão no lobo temp. medial (hipocampo): não transf. da mem. de curto prazo em longo prazo, afeta todo o processamento da memória explícita; a mem. implícita não é afetada, a pessoa aprende novas habilidades/reflexos, mas não se lembra disso 4. lesão em núcleos da base, cerebelo: dificuldade no aprendizado de habilidades motoras IMPERFEIÇÕES DA MEMÓRIA Distração: pouca atenção durante a codificação e durante a experiência imediata Bloqueio: dificuldade na evocação consciente Erro de atribuição: reconhecimento falso de eventos/coisas que não aconteceram Sugestibilidade: incorporação de infos externas à memoria em questão Aprendizado não-associativo Aprendizado associativo Viés: distorções inconscientes sobre a memória, refletindo conhecimentos e crenças Persistência: memórias cte de coisas que se poderia querer esquecer, grande carga emocional (relacionada à amigdala) Transitoriedade FORMAÇÃO DA MEMÓRIA IMPLÍCITA: ALTERAÇÕES NA EFETIVIDADE SINÁPTICA Estudos de formas elementares de aprendizado implícito - habituação, sensibilização e condicionamento clássico - forneceram os fundamentos para o entendimento dos mecanismos neurais da formação da memória Habituação: ignorar um estímulo sem importância; ocorre inicialmente por diminuição da resposta reflexa, devido a menor força de transmissão sináptica, o que caracteriza a depressão homossináptica, com isso há menor liberação de GLU, não há alteração dos receptores; se continuada (habituação duradoura) pode haver diminuição do número de sinapses entre neurônios pré e pós sinápticos e também interneurônios Desabituação (+)/Sensibilização (+++): desabituar seria aumentar uma resposta reflexa habituada e sensibilizar seria aumentar uma resposta reflexa habituada ou não, sendo que ambas ocorrem por processos heterossinápticos dependentes da modulação por interneurônios; existem 3 grupos de interneurônios conhecidos, o mais estudado utiliza serotonina (5-HT) estímulo nocivo liberação 5-HT pelos interneurônois nos neurônios pré-sinápticos acoplamento no rcpt metabotrópico ligado a ptn G do neurônio pós-sináptico aumenta adenilato ciclase aumenta AMPc ativa PKA e outro rcpt ligado a ptn G (ativa fosfolipase C, produz DAG), que ativa a PKC PKA fecha canais de K+, prolongando os PA`s e o influxo de Ca++, enquanto que a PKC atua diretamente na liberação de NT aumento da liberação de NT aumento da resposta reflexa Condicionamento clássico do medo: pareamento de dois estímulos, um EC (toque no sifão) e um ENC (choque), com ΔT de 0,5s; o choque provoca liberação se serotonina pelos interneurônios nos terminais dos neurônios sensitivos, resultando numa facilitação associada à sensibilização, mas quando o choque é relacionado ao toque no sifão, a serotonina causa uma facilitação ainda maior, resultando numa facilitação dependente de atividade OBS: existem reflexos que podem ser potencializados por sensibilização ou condicionamento clássico, o condicionamento clássico produz um resposta mais intensa e duradoura devido ao pareamento de estímulos os interneurônios liberam 5-HT após o EC ter causado um PA nos neurônios sensitivos pré-sinápticos; o PA induz influxo de Ca++ Ca++/calmodulina Ca++/calmodulina + adenilato cilcase aumenta produção de AMPc potencialização da facilitação; também há influxo de Ca++ nos neurônios pós-sinápticos quando eles são muito excitados pelos neurônios pré OBS: adenilato ciclase atua como detector de conincidências no terminal pré, pois reconhece a ordem cronológica dos acontecimentos OBS: esse mecanismo é similar a LTP FORMAÇÃO DA MEMÓRIA IMPLÍCITA: MODIFICAÇÕES DA CROMATINA E DA EXPRESSÃO GÊNICA Transformação da memória de curto prazo em longo prazo (consolidação): depende de uma sensibilização de longa duração, que envolve aumento prolongado de AMPc seguido de aplicações repetidas de 5-HT e também a facillitação de longa duração AMPc + 5-HT ativação prolongada de PKA + ativação MAPK ativação CREB1 + desativação CREB2 cascata de expressãode novos genes importantes para o aprendizado e memória Genes importantes no desenvolvimento da facilitação de longa duração: - gene da enzima hidrolase: aumenta a atividade da PKA; a PKA tem 4 subunidades, 2 catalíticas e duas reguladoras, com a sensibilização de longa duração as subunid. reguladoras são degradas parcialmente permitindo atividade de PKA se mantenha mesmo com o AMPc baixo - gene do fator de transc. CAAT - proteína intensificadora de ligação à CAAT (C/EBP): liga-se à outros fatores e desencadeia o crescimento de novas conexões sinápticas que sustentam a memória implícita de longo prazo a facilitação sináptica de longa duração é sinapse-específica: somente sinapses que já participaram ativamente do aprendizado são facilitadas, pois elas foram marcadas previamente pelo sinal modulador serotoninérgico, que permite incorporação de proteínas e RNAm, capturadas pela atividade da PKA quando há novo pulso OBS: a maquinaria responsável pela prod. de ptn e RNAm se localiza no corpo celular e nos terminais sinápticos a marcação dessas sinapses ocorre em dois tempos: - o primeiro dura 24h e inicia a facilitação e o crescimento sináptico, requer transcrição e tradução no corpo celular e recruta a atividade local PKA, mas não necessita de síntese proteica local - o segundo dura até 72h, estabiliza as modificações sinápticas e requer síntese proteica local nas sinapses, controlada pela ptn CPEB, que torna-se ativa com a liberação de 5-HT, comandando a trasncrição de RNAm, uma vez ativa ela se autoperpetua MEMÓRIA DE TRABALHO Memória de curto prazo mediada pelo cortéx pré-frontal cuja atividade mantém a representação neural do que se deseja lembrar prontamente, isso ocorre por meio de dois subunidade catalítica PKA transloc. núcleo ativa CREB1 recruta CBP (que recruta RNApol.) complexo CREB1-CBP ligam-se ao CRE (promotor) e acetilam histonas causando alteração de forma/função MAPK fosf. CREB2, removendo sua ação inibidora da transc. mecanismos: propriedades intrínsecas da membrana celular, que geram atividade persistente, e conexões em rede, que levam a uma atividade sustentada propriedade intrínseca da membrana: um breve estímulo pode levar a disparos persistentes que duram de segundos a minutos depois do fim do estímulo - Exemplo: no cortéx entorrinal (adjacente ao hipocampo) a ACo ativa rcpt muscarínicos ligados à ptn G despol. trem de PA's persistentes, que dependem da abertura de canais de Ca++, cujo influxo abre canais não seletivos, mantendo o estímulo prolongado conexões em rede: os disparos são mantidos pelas conexões excitatórias entre neurônios ativos (ativ. reverberatória) ou pela desregulação de inibição recíproca, em que uma população de neurônios é estimulada, torna-se mais ativa e inibe mais a outra população, essa população inibida deixa de exercer sua ácão inicial inibitória sobre a outra populaçào de neurônios OBS: a eficiência da memória de trabalho depende da ativação de rcpt D1 acoplados à ptn G e também da produção de AMPc MEMÓRIA EXPLÍCITA E OS DIFERENTES TIPOS DE LTP Acredita-se que o armazenamento de longa duração da informação pelo hipocampo não dependa de disparos neurais persistentes, mas sim envolva mudanças de longa duração na eficácia das conexões sinápticas LTP: um breve estímulo de alta frequência produz uma LTP, que é um aumento de longa duração dos PEPS nos neurônios do hipocampo, tanto na via direta quanto indireta; a LTP pode durar por dias ou semanas e todos os tipos de LTP são homossinápticos (induzida por atividade sináptica na via que está sendo potenciada) LTP nas fibras musgosas: estímulo influxo de Ca++ na cél. granular ativa complexo adenilatociclase dependente de Ca++/calmodulina aumenta AMPc aumenta ativ. da PKA aumenta liberaçào de GLU (liga-se aos rcpt AMPA e NMDA) LTP é não associativa, pois não depende dos neurônios pós sinapticos rcpt NMDA não participam ativamente o estímulo pode ser facilitado por NA que se liga à rcpt β-adrenérgicos aumentando a atividade da adenilatociclase o PKA age da mesma forma que no aprendizado associativo e no medo aprendido LTP nas colaterais de Schaffer: GLU liga-se aos rcpt AMPA e NMDA, os rcpt AMPA abrem causando PEPS suficiente para desencadear um PA pós-sináptico despolarizando a membrana, essa depol. provoca a expulsão do Mg++ dos rcpt NMDA, deixando-os livres para passagem de cátions, contribuindo para a despol. Dentro os cátions, ocorre o influxo de Ca++, que ativa vias de sinalização responsáveis por alterações que estimulam a resposta de CA1 ao GLU e que aumentam a liberação de GLU OBS: Ca++ ativação da PKC e da CaMKII, que fosforilam o rcpt AMPA aumentando sua condutância iônica e/ou provocam a inserção de novos rcpt na membrana a LTP surge quando a estimulação sináptica por altas frequências ocorre ao mesmo tempo que a forte despolarização pós-sináptica, causada pela somação de PEPS ativando várias sinapses (cooperatividade): só eventos com grande importância são armazenados LTP em CA1 é sinapse-específica, as sinapses tornam-se mais efetivas, podendo ser induzidas por um breve tétano; se uma sinapse não for ativada os rcpt NMDA não serão ativados e não ocorrerá LTP: evita que sinapses não relacionadas ao evento sejam ativadas, impedindo que infos não relacionadas a essa memória façam parte dela OBS: é hebbiana, pois impulsos que disparam juntos formam circuitos juntos é associativa, pois sinais fracos fracos de entrada, quando associados com estímulos fortes induzem a LTP: eventos com pouco significado ganham importância, pois foram associados a um outro mais significativo Antes da LTP a ligação CA3-CA1 é fraca e necessita muitos neurônios para disparar um PA, depois aumenta a probabilidade de disparo, pois ocorre maior liberação de NT e há mais receptores de membrana Fases da LTP: Precoce: 1-3h, não requer síntese de ptn, AMPc ou PKA, é diferente nas fibras musgosas e na colateral de Schaffer por causa do NMDA Tardia: 24h, requer síntese de ptn, AMPc, PKA e transcrição de genes, é a mesma nas fibras musgosas e na colateral de Schaffer (ocorre recrutamento de AMPc e PKA, que ativam CREB, levando a síntese proteica); sua manutenção depende da atividade da PKMzeta que provoca a inserçào de rcpt AMPA na membrana MEMÓRIA EXPLÍTICA E LTD Ocorre LTD quando a célula pós-sináptica está fracamente despolarizada por outros impulsos de baixa frequência e sinapses são ativadas LTD em CA1: assim como na LTP, ela é disparada pelo influxo de Ca++ que delpol. a membrana, contudo é uma despolarização fraca insuficiente para retirar o Mg++ dos receptores NMDA, impedindo a entrada de mais cátions. Com isso, diferentes enzimas são ativadas OBS: Ca++ ativ. de fosfatases desfosforilação e endocitose de rcpt AMPA LTP, LTD E TRÁFEGO DE RCPT GLUTAMATÉRGICOS Metade dos receptores de glutamato são substituídos a cada 15min, quando há LTP ou LTD esse balanço é desequilibrado. A capacidade da membrana de se adaptar a essas trocas é determinas pelas ptn slot (de encaixe) compostas, que 'armazenam' os rcpt AMPA. A ptn PSD-95 que constitui as ptn slot têm sua expressão aumentada quando há LTP, aumentando a capacidade sináptica para os rcpt