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TI - A REALIDADE DOS PRESIDIOS FEMININOS DO BRASIL 1

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS 
Curso de Graduação em Direito 
 
 
 
 
 
Iara Teodoro Azevedo 
Larissa de Paula Teles 
Lorraine Cruz e Silva 
Rogéria Elisa Nascimento 
Rubia Stefane Alves 
 
 
 
 
 
 
 
 
A REALIDADE NOS PRESÍDIOS FEMININOS DO BRASIL: 
Solidão e abandono das mulheres encarceradas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Betim 
2020 
 
 
 
 
 
Iara Teodoro Azevedo 
Larissa de Paula Teles 
Lorraine Cruz e Silva 
Rogéria Elisa Nascimento 
Rubia Stefane Alves 
 
 
 
 
 
 
 
A REALIDADE NOS PRESÍDIOS FEMININOS DO BRASIL: 
Solidão e abandono das mulheres encarceradas 
 
 
 
Trabalho Integrado apresentado ao 3º período 
de Direito da Pontifícia Universidade Católica 
de Minas Gerais – Faculdade Mineira de 
Direito como requisito parcial para obtenção de 
créditos nas disciplinas lecionadas no 3º 
período do núcleo Betim. 
 
 
Orientador: Lucas Cruz Neves 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Betim 
2020 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 TEMA......................................................................................................................................1 
2 PROBLEMATIZAÇÃO........................................................................................................1 
3 HIPÓTESES...........................................................................................................................2 
4 OBJETIVOS GERAIS..........................................................................................................2 
5 OBJETIVOS ESPECIFICOS...............................................................................................3 
6 JUSTIFICATIVA...................................................................................................................3 
6.1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................3 
6.2 ORIGEM DOS PRESÍDIOS FEMININOS E O DESPREPARO PARA RECEBER 
MULHERES..............................................................................................................................3 
6.3 A DESUMANIZAÇÃO DA MULHER ENCARCERADA............................................6 
6.4 ABANDONO E SOLIDÃO DAS MULHERES ENCARCERADAS.............................7 
6.5 RETIRADA DE BEBÊS - ANTES E DEPOIS DA LEI – E PRESÍDIOS PARA 
GESTANTES E LACTANTES..............................................................................................10 
6.6 RETORNO DE EX-PRESIDIÁRIAS NA SOCIEDADE – COMO SÃO 
RECEBIDAS...........................................................................................................................14
7 MARCO TEÓRICO............................................................................................................17 
8 METODOLOGIA................................................................................................................17 
9CRONOGRAMA..................................................................................................................18 
10 REFERENCIA...................................................................................................................19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
1 TEMA 
 
A presente pesquisa procura elucidar uma abordagem da realidade dos presídios 
femininos do Brasil, referente a solidão e ao abandono das mulheres encarceradas. A partir 
disso construiremos uma análise sucinta da forma como as mulheres sofrem com uma falta de 
estrutura adequada à suas necessidades, sendo notável que utilizam sobras de recursos do 
sistema prisional masculino, ao qual não respeitam os direitos humanos salvo no Art. 5º da 
Constituição Federal de 1988, e a forma como são abandonadas pela família e má vistas diante 
a sociedade. 
 
2 PROBLEMATICA 
 
Se faz presente discutir os caminhos assegurados que todas as mulheres tenham seus 
direitos fundamentais e humanos de forma plena como dispõe na Constituição Federal 
brasileira: 
 
Art. 5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; (Constituição Federal da República de 1988) 
 
Porém, não se desenvolve da forma com deveria e um exemplo dessa temática é a falta 
de estrutura prisional de acordo com as necessidades cabíveis as mulheres, tendo em vista que 
estas utilizam de recursos aos quais já não são mais uteis para os homens. 
Ainda neste art. Temos os incisos que asseguram também direitos as detentas, onde na 
prática nota-se uma ineficiência destes: 
 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. 
L - “às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com 
seus filhos durante o período de amamentação. 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral. (Constituição 
Federal da República de 1988) 
 
2 
 
A problematização do respectivo trabalho se dá pela falta de preocupação que os 
Estabelecimentos Prisionais Femininos têm com as mulheres, fazendo com que as mesmas 
fiquem invisibilizadas e despersonalizadas pelo fato de serem tratadas como homens mesmo 
tendo necessidades distintas. O que se pode fazer para que o Estado supra, devidamente, as 
necessidades destas mulheres? 
 
3 HIPÓTESES 
 
Discutir e tentar mudar a realidade faz-se por direitos no qual devem ser garantidos e 
resguardados, como apresentados pela Constituição a cerca de todo e qualquer cidadão 
brasileiro sem que haja desigualdades. Na falha de imposição desses direitos que não chegam 
de forma integral até as mulheres se faz presente hipóteses para o desenvolvimento destes ao 
qual será aprofundado e discorrido diante a corrente pesquisa. Sendo assim, o investimento, por 
parte do Estado, em políticas públicas de inclusão, educação e informação seria uma forma de 
suprir as necessidades das detentas, como investimento em políticas penitenciárias, para a 
evolução nesse quesito, tendo em vista que estas políticas penitenciárias serão como uma 
garantia de se contar a desordem que se originam pela exclusão social, desemprego e recuo 
referente a proteção social do Estado. 
No que se diz respeito as detentas lactantes ou gestante, o investimento de políticas 
públicas para alterar os projetos existentes e que não mais atende as necessidades delas nessas 
situações, é algo importantíssimo para que o trabalho seja colocado em prática juntamente com 
os aspectos da dignidade da pessoa humana. 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados 
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e 
tem como fundamentos: 
III - a dignidade da pessoa humana(Constituição Federal da República de 1988) 
 
4 OBJETIVOS GERAIS 
O trabalho a seguir tem como objetivos gerais evidenciar a triste e desumana realidade 
nos presídios femininos brasileiros a partir de dados, artigos e relatos de presidiárias, levando 
em consideração as leis vigentes no país pela Constituição Federal de 1988 e Código Penal. 
 
3 
 
5 OBJETIVOS ESPECIFÍCOS 
 Levantar dados sobre o número de mulheres presas; investigar a realidade vivida dentro 
dos presídios femininos; evidenciar a percepção e julgamento da sociedade sobre mulheres 
encarceiradas em paralelo a homens; expor a vivência de gestantes lactantes dentro das 
penitenciarias; taxar a falsa ressocialização de ex-presidiárias após o fim de sua Pena Privativa 
de Liberdade. 
 
6 JUSTIFICATIVA 
 
6.1 INTRODUÇÃO 
 O trabalho apresentado irá evidenciar as condições das mulheres que se encontram no 
Sistema Prisional Brasileiro, buscando enfatizar como este não está preparado para recebe-las, 
de forma que as estruturasdos presídios são feitas para homens e não adaptadas para se 
tornarem presidios femininos. 
 Destarte é importante destacar a relação dessas mulheres com suas famílias e 
companheiros, e sempre fazer um paralelo com a realidade masculina nas mesmas condições, 
deixando claro que esta é mais suavizada na vida do homem preso. Outrossim, com as questões 
da quase inexistência de higiene, medicamento, exames aos quais ferem diversos artigos da 
própria Constituição Federal vigente no país. 
 Além desses requisitos, é de extrema importância que seja abordado o fato de que 
mulheres presas também engravidam e, em grande parte, são mães, dentro e fora do 
encarceramento, o que é um problema enorme quando somado aos direitos negligenciados já 
citados. Dessa forma, o trabalho busca mostrar a desigualdade de genêro em uma das camadas 
mais ignoradas na sociedade, a parcela da população encarcerada.
 
6.2 ORIGEM DOS PRESÍDIOS FEMININOS E O DESPREPARO PARA RECEBER 
MULHERES 
 A desigualdade de gênero e negligência sobre as mulheres pela sociedade se encontra 
em diversos âmbitos das relações sociais, esperando destas um desempenho exemplar nas 
tarefas de casa, ser uma boa mãe e se comportar segundo ao que a comunidade conservadora 
espera. Todos esses pré-requisitos cobrados das mulheres, vêm de uma cultura milenar que 
propaga uma falsa ideia de vulnerabilidade e fraqueza do sexo feminino, colocando a mulher 
4 
 
abaixo do homem na pirâmide social. Nesse sentido, tem-se que numa sociedade machista a 
primeira tem que se afirmar em duas esferas, a social esperada de todo ser humano e suprir 
todas as expectativas de como ser uma mulher, segundo as expectativas da sociedade. 
 No sistema carcerário não é diferente, a mulher é julgada, além de seus crimes, pela 
conduta contrária ao esperado pela sociedade. Em um documentário curta-metragem do Jornal 
o Globo a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania afirma que 
 
A mulher criminosa é vista como alguém transgrediu a lei em dois níveis. Ela 
transgrediu a lei penal, aquela que todos devem cumprir e, rompe também, com a 
ordem da família. Não é esperado que uma mulher cometa um crime e essa mulher 
vai ser olhada e vai ser tratada com muito mais rigor. (LEMGRUBER, JORNAL O 
GLOBO, 2019) 
 
Dessa forma fica claro que a mulher é duas vezes mais julgada pela sociedade em relação ao 
homem preso, evidenciando um reflexo claro de grande parte das relações cotidianas. 
 A primeira penitenciária feminina foi a Penitenciária Madre Pelletier do Brasil surgiu 
em 1937, em Porto Alegre pela igreja Católica, afim de acolher mulheres rejeitadas pelo marido, 
prostitutas ou com opiniões fortes, ou seja, mulheres que não supriam as expectativas da 
sociedade machista da época. Quando as mulheres começaram a cometer crimes houve a 
necessidade de criar penitenciárias de fato, que cuidassem de condenadas judiciais e assim, a 
Penitenciária Madre Pelletier foi transferida para os cuidados do Estado, que até nos dias atuais 
não foi capaz e adequar os espaços de cumprimento de Pena Restritiva de Liberdade para 
mulheres, que são tratadas como homens dentro do Sistema Penitenciário do país. 
 Esse quadro se torna ainda mais perceptível quando é tratada a falta de preparo das 
penitenciárias nacionais para receber mulheres. O Sistema Prisional conta com, 
aproximadamente, 773.000 (setecentos e setenta e três mil) presos segundo o parecer de 2019 
do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Desse total, tem-se que pouco mais de 90% 
dos encarcerados são homens, enquanto pouco mais de 8% é formado por mulheres 
(NASCIMENTO, 2020). Esta porcentagem, apesar de mostraruma parcela feminina pequena 
do total de presos no país, está em ascensão, tendo como consequência presídios femininos 
estão vez mais cheios e cada vez menos estruturados para acolher condenadas. 
5 
 
 Em primeira instância, tem-se que muitos presídios femininos, foram planejados para 
serem masculinos, tendo como justificativa o alto número de presos. Entretanto, é explicito (ou 
deveria ser) que as mulheres, mesmo que em menor número, têm necessidades muito diferentes 
das quais homens tem. Exemplo disso, é que em algumas destas penitenciárias planejadas para 
homens que abrigam mulheres, “os banheiros, por exemplo, são os chamados “bois”, ou seja, 
buracos no chão. Imagine uma grávida se agachando num lugar destes?” (QUEIROZ, 2015, 
p.185) comenta Maria José Diniz, assessora de Direitos Humanos da Secretaria de Segurança 
Pública do governo do Rio Grande do Sul em um diálogo do livro Presos que Menstruam 
fazendo uma crítica a negligência do Estado para com as necessidades femininas. Dessa forma, 
fica claro o destrato das presidiárias provando que a mulher nas carcerárias, assim como na 
sociedade, tem seus direitos colocados abaixo dos direitos masculinos, ferindo o Art. 5º, caput, 
CF/88 que garante a igualdade de direitos perante a lei, sem nenhuma distinção. 
 Em segunda instância, existe o problema da falta de saneamento básico nas prisões 
somadas a falta de produtos de higiene. Segundo Nana Queiroz em seu livro Presos que 
Menstruam, cita que: 
 
Cada mulher recebe por mês dois papéis higiênicos (o que pode ser suficiente para um 
homem, mas jamais para uma mulher, que o usa para duas necessidades distintas) e 
dois pacotes com oito absorventes cada. Ou seja, uma mulher com um período 
menstrual de quatro dias tem que se virar com dois absorventes ao dia; uma mulher 
com um período de cinco, com menos que isso. (QUEIROZ, 2015, p. 182). 
 
 Este quadro é muito problemático tendo em vista que o descaso com as presas chega 
a desumanizá-las, colocando-as em situação de insalubridade no meio em que vivem e com o 
próprio corpo. Existem relatos de presas que tiveram que usar miolo de pão amassado como 
forma de segurar a intensidade do fluxo menstrual já que não há parte do Estado em melhorar 
as condições das presas. Desta forma, mais uma vez, é clara a marginalização da mulher e suas 
necessidades perante um sistema pensado apenas para homens, cenário infeliz que não será 
alterado se a sociedade continuar ignorando as condições do sistema penitenciário que não tem 
cumprido seu papel de ressocialização e reinserção dos condenados à comunidade e sim 
transformando esse lugar em casas de tortura. 
 
6 
 
6.3 A DESUMANIZAÇÃO DA MULHER ENCARCERADA 
 
 Além do descaso quanto as necessidades fisiológicas do corpo feminino 
(menstruação, gravidez), as presidiárias também sofrem o abuso psicológico infiltrado no 
tratamento padrão das condenadas pelo sistema penitenciário brasileiro. Exemplo disso é que 
grande parte dos presídios e penitenciárias proíbem o uso de lápis de olho e maquiagem, 
contando como falta grave a quebra dessa regra; nesses mesmos presídios o único reflexo para 
que uma mulher se veja “são uma lâmina onde elas se veem completamente deformadas. 
Imagine passar cinco ou seis anos se vendo assim e sem nunca observar seu corpo inteiro” 
(QUEIROZ, 2015, p.74). Esse processo tem como efeito o desconhecimento da mulher sobre 
ela mesma, de forma que esta perde sua vaidade, sua vontade de estar bem ela mesma e, por 
consequência, sua identidade. 
 Outra ação das penitenciárias as quais acarretam o mesmo efeito que, em grande 
parte, o uniforme usado pelas presas é masculino, evidenciando que o Estado não se deu ao 
trabalho de produzir uniformes femininos. As mulheres são despersonalizadas dentro dos 
presídios sem que haja nenhum tipo de intervenção eficaz. 
 Pelo Art.7º da Lei de Execução Penal (LEP) é assegurado que deva haver pelo menos 
um psicólogo e um psiquiatra em um estabelecimento de cumprimento de Pena Privativa de 
Liberdade. Essa quota se torna muito pequena e incapaz de suprir a necessidade de 250 presas 
por penitenciária. Nesse prisma, tem-se que o número de profissionais com conhecimentos 
psicológicos é insuficientepara o cuidado de todas as presas que, assim, têm suas 
personalidades retiradas pelo Sistema Prisional, muitas vezes, sem poder recorrer a ajuda 
psicológica. 
 Outro problema a ser citado é a falta de atendimento médico para as presas, que além 
dos exames corriqueiros (que já são negligenciados), as mulheres têm outras necessidades, 
como exames anuais, como o papanicolau, mamografia, pré-natal – para as gestantes – entre 
outros. Em um relato disponível no livro “Presas que Menstruam”, uma presidiária conta que 
teve um aborto espontâneo dentro da penitenciéria e não teve a mínima ajuda dos 
coordenadores, muito menos encaminhada para um hospital, ela conta: “Eu, por exemplo, 
estava grávida. Perdi meu filho faz dez dias, sangrei feito porco e ninguém fez nada, não vi um 
médico. Agora, tô aqui cheia de febres. Vai ver o corpinho tá apodrecendo dentro de mim” 
(Queiroz, 2015, p. 106). Tendo em vista o relato, fica evidente, mais uma vez, o quão 
7 
 
marginalizadas são as mulheres dentro do presídio, sendo colocadas abaixo não apenas dos 
homens, mas também da própria natureza humana física e psicológica. 
 Relatos como este são muito comuns dentro das penitenciarias femininas, e apesar da 
dor, as presas contam com uma certa naturalidade por já estarem habituadas com esse lugar, 
com a falta de preocupação do Estado, com a desumanização delas e de seus filhos. E, apesar 
de triste, este relato é ignorado pela maior parte da população que, em grande parte, não têm 
acesso as informações de como os presídios são ambientes desumanos ou apenas não se 
importam o bastante para lutar por alguma mudança. 
 Dado o exposto, é possível afirmar que o Sistema Prisional não foi feito para 
mulheres, tão pouco adaptado para estas, que sofrem, além da superlotação e insalubridade das 
celas, tortura física e psicológica, sendo desumanizadas, tendo sua identidade como pessoa 
individual arrancada, sendo transformadas em números, sem poder recorrer aos seus próprios 
direitos assegurados pelo princípio da dignidade humana disposto art, 1º, inc. III, da 
Constituição Federal da República de 1988. 
 
6.4 ABANDONO E SOLIDÃO DAS MULHERES ENCARCERADAS 
 
Para que seja possível entender os principais motivos que levam uma mulher a ser presa, 
é preciso citar o perfil da maioria dessas mulheres: Negra, periférica, baixa escolaridade, jovem 
e mãe solo. São mulheres em situação de vulnerabilidade que encontram no crime o sustento 
de suas famílias. Desta maneira, fica explícita a sobreposição de excludentes sociais. 
Entre os crimes mais recorrentes que essas mulheres cometem, é o tráfico de drogas, 
disparadamente, segundo dados do DEPEN, 60% das prisões femininas são por envolvimento 
em tráfico de drogas (DEPEN, 2010). É importante citar que o que as motiva para o 
cometimento desse crime é o mais alarmante, as mulheres se envolvem no tráfico por muitos 
fatores, mas o mais recorrente é por causa de seus parceiros. 
 
Considerando-se a motivação, essas mulheres tornam-se traficantes por múltiplos 
fatores: em razão de relações íntimo-afetivas, para dar alguma prova de amor ao 
companheiro, pai, tio etc., ou, ainda, envolvem-se com os traficantes como usuárias, 
8 
 
com o fito de obter drogas, e acabam em um relacionamento afetivo que as conduz ao 
tráfico. (COSTA, 2008; SALMASSO, 2004; BARCINSK, 2009). 
 
Muitas fazem como prova de amor, como também por motivos socioeconômicos, mas 
uma grande parcela também se envolve por status. O respeito que essas mulheres ganham em 
relação as outras e o reconhecimento por parte dos parceiros, para elas é uma forma de poder e 
ascensão social. 
 
Apesar de as participantes reconhecerem os obstáculos econômicos e sociais 
experimentados por jovens pobres e a consequente inserção na rede do tráfico de 
drogas, o poder e o status experimentados são mais frequentemente mencionados 
como motivadores para a entrada da atividade. (BARCINSK, 2009). 
 
Entretanto, as mulheres, em sua total maioria, não chegam a chefiar o tráfico, sempre 
são subordinadas aos seus parceiros, são eles quem mandam e chefiam. Esse crime ainda 
continua sendo de domínio dos homens e as mulheres são usadas na maioria das vezes como 
transportadora das drogas, tendo em vista que muitas não possuem passagens pela polícia e são 
menos visadas. 
 
Os homens é quem manda nesse negócio de droga [sic], a mulher só faz os bicos, 
quem ganha dinheiro mesmo [sic], são eles. Tá certo que eu ganhava mais do que 
quando tinha emprego, mas esse negócio é muito perigoso, eles podiam pagar mais 
caro, pois quando a polícia pega, acaba com a vida da gente, como agora, eu aqui 
presa, e sem ter nem dinheiro para pagar o advogado. (CRAVO-BRANCO apud 
MOURA, 2005:59). 
 
A subordinação feminina, estando abaixo dos homens na cadeia hierárquica é algo 
gritante dentro do tráfico. As mulheres são usadas pelos parceiros e quando presas são 
abandonadas pelos mesmos, eles não as visitam e nem sequer dão qualquer assistência. As filas 
de visitas das penitenciárias femininas são praticamente vazias, principalmente se comparadas 
as filas das penitenciárias masculinas. 
9 
 
As mulheres são abandonadas não só pelos parceiros, mas também pela própria família. 
Como já citado, a mulher quando comete um crime transgride a lei em dois níveis “Ela 
transgrediu a lei penal, aquelas que todos devem cumprir e, rompe também, com a ordem 
familiar” (LEMGRUBER,2019). A mulher é vista pela família como alguém para dá exemplo 
aos seus, desse modo, a julgam muito mais pelo rompimento com a ordem familiar, do que 
julgariam um homem, esse dever de cuidar dos filhos para eles sempre vai ser das mulheres, 
por isso é encarado como algo imperdoável. 
 
Tem dois aspectos: primeiro, que a mulher não é para ir presa. Mulher é tratada na 
família para dar exemplo, para ser boazinha, obediente, então já uma quebra de 
paradigma importante. Segundo, porque a prisão da mulher tem sempre uma 
conotação sexual também, porque se ela rouba, é porque ela é devassa também. 
(VARELLA, 2017, G1). 
 
Outro agravante, é que muitas mulheres não possuem direito a visita íntima, as que tem, 
é considerado uma regalia, não um direito. Segundo o departamento Penitenciário Nacional 
apenas 9,68% das mulheres encarceradas recebem visita íntima. Esse percentual é devido a 
burocracia para conseguir a autorização dos estabelecimentos prisionais. Deixando visível a 
desigualdade, um sistema de proteção extremamente sexista. 
Um dos argumentos usados para essa limitação são de que as mulheres engravidam e 
tem necessidades diferentes das dos homens, deste modo, não existe a necessidade de visita 
íntima para as mulheres. Para as autoridades conceder as visitas, é conceder regalias, já que 
para eles essas mulheres, segundo o Estado, não têm a mesma necessidade sexual que os 
homens e, consequentemente, não são dignas desse direito. 
 
A diferença maior, se você tiver que escolher uma, é o abandono. Quando o homem 
vai preso tem sempre uma mulher que vai visitá-lo: namorada, amante, esposa, tia, 
prima, avó, mãe. A mulher que vai presa é abandonada completamente. Pra você ter 
uma ideia, na penitenciária feminina tem 2.200, 2,500 presas. Número médio de 
visitantes por semana é 800. Visitas íntimas não passam de 200 mulheres. Você vai 
numa cadeia masculina e o número é muito superior a esse. (VARELLA,2017, G1). 
 
10 
 
É notável a disparidade de direitos entre as mulheres e homens encarcerados. As 
mulheres possuem necessidades diferente dos homens. E quando se fala de igualdade de direitos 
entres os gêneros, os das mulheres sempre vem acompanhados com algum obstáculo. Uma 
parcela da população carcerária tem sua dignidade violada ao não ter essas necessidades 
assistidas. O princípio constitucional da igualdade de gênero não está sendo seguido e é gritante 
a necessidade de uma regularização, para que essas mulheres possam ter seusdireitos 
devidamente assistidos. 
 
6.5 RETIRADA DE BEBÊS - ANTES E DEPOIS DA LEI – E PRESÍDIOS PARA 
GESTANTES E LACTANTES 
 
Em 11 de Julho de 1984, foi estabelecido a Lei 7.210 também denominada Lei de 
Execução Penal que dava as mães encarceradas, a possibilidade de ficar com seus filhos dentro 
do presídio até os 7 (sete) anos de idade. 
 
Só em 28 de maio de 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a 
Lei 11.942, que assegurava às presidiárias o direito de um período de amamentação 
de no mínimo seis meses e cuidados médicos aos bebês e a elas. A lei não foi, no 
entanto, acompanhada de meios para seu cumprimento. Existem apenas cerca de 
sessenta berçários e creches em todo o sistema carcerário. (QUEIROZ, 2015, p. 35). 
 
Em 2012, o Brasil foi amplamente repreendido pela Revista Periódica Universal do 
Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, por conta do desrespeito referente aos 
Direitos Humanos no sistema carcerário, focando na tamanha repressão sofrida pelas mulheres 
que tem seu direito ferido, como, por exemplo,na negligencia quanto a saúde dentro dos 
presídios. A juíza auxiliar da presidência do CNJ Andremara dos Santos, que coordenou as 
visitas aos presídios, afirma: 
 
O que faz a diferença entre uma e outra penitenciária é o empenho de quem está na 
direção do estabelecimento penal para cumprir a lei e utilizar adequadamente os 
recursos do fundo penitenciário, disponibilizados pelo Depen (Departamento 
11 
 
Penitenciário Nacional) e pelas secretarias de Administração Penitenciária. (CUNHA, 
2018). 
 
Em Março de 2016, o Congresso aprovou o Marco Legal da Primeira Infância – Lei N° 
13.257 – que dava o direito a prisão domiciliar as; a) gestantes; b) mulheres com filho até 12 
anos incompletos; c) homens, sendo os únicos responsáveis pelos cuidados dos filhos. Com as 
modificações da lei penal, esperava-se um grande índice de solturas de mães encarceradas, outra 
medida defendida por ativistas e defensores dos direitos das mulheres, era o uso de tornozeleira 
eletrônica para as pressas com filhos pequenos. 
Em 2017, a Unidade Materna Infantil (UMI) que integrava o Complexo Penitenciário 
de Gericinó, era o único lugar destinado aos bebês das detentas e não tinha grades ou celas. Em 
uma entrevista no Presídio Feminino da Capital, situado no Carandiru, a detenta e ex-
recepcionista Sarah de Oliveira, afirma: “Cadeia não é um lugar bom para crianças, mas o 
pavilhão onde estou, pelo menos, é menos pesado.” (HENRIQUE, 2019). 
O Centro de Reeducação Feminino (CRF) inaugurado em 1977, é especializado em 
atender mulheres sob custódia no regime semiaberto, fechado e provisório. O CRF detém da 1° 
Unidade Materno-infantil do Norte do país e é destinado as detentas grávidas e as que acabaram 
de dar à luz. Possui 14 leitos, atendimento 24hrs, ambulância para emergência e ajudam 
mulheres a ficarem com seus bebês até os 7 (sete) anos. 
Em Dezembro de 2017, as mulheres gestantes encarceradas era de 373 e 249 lactantes. 
A quantidade de gestantes e lactantes eram maiores em SP, MG E RJ, sendo que o perfil das 
mães encarceradas eram de 70% pardas ou negras e 56% mães solteiras. Os bebês eram 
separados das mães aos 6 meses de vida – em 2006, o período de amamentação era de 2 meses 
– a Organização Mundial da Saúde recomenda o aleitamento materno até, no mínimo, 2 anos, 
sendo exclusivo até os 6 meses. Caso não fosse comprovado, pela mãe encarcerada, que fora 
do presídio haviam pessoas da família aptas para cuidar da criança, a mesma era encaminhada 
para a adoção e a mãe perde a guarda da criança. 
 
As que conseguem completar os seis meses de direito, precisam dar o filho para o pai, 
um parente ou entregar para um abrigo. Neste último caso, quando terminam de 
cumprir sua pena, elas têm que pedir a guarda dos filhos de volta à Justiça. Nem todas 
conseguem. Para provar-se capaz de criar uma criança, é preciso ter comprovante de 
12 
 
endereço e emprego. E esse é um salto muito mais difícil de ser dado pelas mulheres 
com antecedentes criminais. Quando um homem é preso, comumente sua família 
continua em casa, aguardando seu regresso. Quando uma mulher é presa, a história 
corriqueira é: ela perde o marido e a casa, os filhos são distribuídos entre familiares e 
abrigos. (QUEIROZ, 2015,p. 35). 
 
A maioria das mães encarceradas são pobres e não detém de estrutura familiar sólida, o 
que torna ainda mais difícil a obtenção de documentos que comprove que a família tem 
condições de cuidar da criança. A certidão de nascimento dos recém-nascidos é conseguida no 
próprio presídio, das crianças maiores é difícil a comprovação da maternidade. A família das 
encarceradas, não ajudam as mesmas na maioria dos casos e a dificuldade de entrega por meios 
dos correios, nas comunidades carentes, é totalmente aparente e, por este fato, as presas ficam 
sem comprovante de residência. 
 
A maioria das detentas grávidas, já chegam grávidas na cadeia. Algumas, já no fim da 
gestação, nunca passaram por um obstetra pois eram pobres e desinformadas demais. 
Como em todo país só existem 39 unidades de saúde e 288 leitos para gestantes e 
lactantes privadas de liberdade, na maioria dos presídios e cadeias públicas, elas ficam 
misturadas com a população carcerária e, quando chega a hora do parto, geralmente 
alguém leva para o hospital. Já nasceu muita criança dentro do presídio porque a 
viatura não chegou a tempo, ou porque a polícia se recusou a levar a gestante ao 
hospital. (QUEIROZ, 2015, p. 42). 
 
O Sistema Penitenciário é totalmente construído para homens e por homens, sendo 
assim, mal-adaptado para as mulheres, tornando a Pena Privativa de Liberdade ainda mais cruel 
para as mesmas e o afastamento das crianças de suas mães, representa um castigo a mais para 
as detentas. No livro Presas que Menstruam a autora reflete: 
 
Considerando algumas exceções, a prisão não rouba da mulher o seu instinto materno. 
Eu creio nisso, eu vejo isso. A maioria delas tem filhos fora da cadeia e, quando a 
saudade bate, elas choram sem pudor. Só eu vejo como elas sofrem por seus filhinhos. 
(QUEIROZ, 2015, p 104). 
 
13 
 
Segundo estudos científicos da Escola de Amamentação da Universidade de Columbia, 
nos EUA (Simão, 2017), o bebê separado da mãe, aos 6 meses, tem maior probabilidade de 
desenvolver ansiedade e depressão. A justificativa para a não permanência das crianças nos 
presídios até os 7 (sete) anos, é a de que a mesma – criança - necessita de convivência saudável 
e comunitária. 
Em Março de 2017, foi lançada uma pesquisa pelo ITTC, denominada 
#MulheresEmPrisão, onde as mães encarceradas se queixavam principalmente do atendimento 
médico e também falta de autonomia para cuidar dos filhos dentro dos presídios. 
Em 2018, o ministro Ricardo Lewandowski do STF, concedeu Habeas Corpus Coletivo, 
para todas as presas que dividiam as celas com seus filhos – ou que tinham filhos fora do 
encarceramento de até 12 anos incompletos e/ou portadores de deficiência - para que pudessem 
cumprir prisão domiciliar, caso os crimes cometidos pelas mesmas não tivessem sido praticados 
com violência, ou grave ameaça e desde que o crime não tenha sido praticado contra os próprios 
filhos – em Janeiro de 2018, 622 mulheres estavam gestantes ou amamentando no cárcere. Vale 
ressaltar que esse Habeas Corpus Coletivo foi designado apenas para as presas que não foram 
condenadas, porém quando sai a condenação das mesmas ou quando os filhos completam 13 
(treze) anos, devem voltar para o presídio. Sendo assim, por meio desse Habeas Corpus 
Coletivo, 1229 mulheres deixaram o encarceramento e 1325 mulheres que podiam ser 
beneficiadas permaneceram presas. 
Nos casos em que as mulheres foram presas após a decisão, os mesmos foram 
apressados pelos juízes nas audiências de custódia com a participação e fiscalização do MP e 
da Defesa Pública ou Advogado. 
Em 2018, deveriamexistir 43 unidades materno-infantis dentro dos Presídios 
Femininos. Muita das vezes, as mães decidem entregar seus filhos para a adoção, para não 
verem seus filhos passando por situações precárias nos presídios. 
Na Penitenciária Feminina da Capital, localizada na cidade de São Paulo, em Junho de 
2019, eram 24 mulheres com crianças e 9 lactantes, sendo que, em Maio de 2019, todo o Estado 
detinha de 97 gestantes e 72 lactantes no Sistema Prisional. Segundo dados do INFOPEN, 
Dezembro de 2019, o Brasil possuía 36.929 mulheres encarceradas, sendo que 501 delas eram 
gestantes e lactantes. Dessas 36.929 mulheres encarceradas, 1.446 crianças viviam com suas 
mães nas penitenciárias femininas do Brasil. 
14 
 
A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) gestão de João Dória (PSDB), 
afirmou que 19 unidades femininas, 7 presídios e 1 Centro de Progressão Penitenciária tem alas 
materno-infantis. Além do mais, após os 4 meses de nascimento, começa um estímulo a 
socialização e adaptação dos bebês a uma “nova realidade “. 
 
6.6 RETORNO DE EX-PRESIDIÁRIAS NA SOCIEDADE – COMO SÃO RECEBIDAS 
 
Tendo em vista que a sociedade atual é altamente patriarcal decorrente de anos, ao qual 
o espaço da mulher vem sido construído durante séculos, onde estas lutam por equidade e 
respeito, fazendo com que seus direitos sejam resguardados assim como os dos homens são. Ao 
pensar nas dificuldades que as mulheres enfrentam de acordo com a desigualdade estrutural, 
quando se trata de ex-presidiárias, é muito mais difícil de se pensar em uma ressocialização ao 
qual elas sofrem ainda mais com a falta de espaço que as são “dadas”, pois, além das 
dificuldades que lhe são desenvolvidas pelo tempo que passam dentro dos sistemas prisionais, 
estes como o medo e a debilitação do psicológico por efeitos da dor provocada pelo 
confinamento, essas mulheres se deparam também com dificuldades ainda maiores como 
desigualdade, preconceitos, e discriminação social, mesmo com os direitos assegurados pela 
constituição e todos os movimentos para a redução de ações discriminadoras. 
Cabe ressaltar que o sistema prisional brasileiro não respeita os direitos humanos, e são 
as mulheres quem mais sofrem com a falta de estrutura, visto que estão destinadas a utilizarem 
as sobras dos recursos do sistema masculino, assim como os abrigos que não são mais úteis. A 
falta de investimentos no sistema prisional acaba por gerar, entre outras consequências, a 
violações dos direitos das presidiárias e, portanto, não atinge o objetivo que seria o de punir e 
humanizar. 
Ao pensar nessas mulheres e aos motivos que as levam para a criminalidade e de como 
recuperá-las para uma vida cidadã, principalmente em tempos em que a crise do sistema 
prisional brasileiro fica tão evidente por frequentes rebeliões e dezenas de mortos. Precisa-se 
dizer que há uma ineficácia da função social da pena de prisão. A certeza é de que o estado 
segrega uma pessoa apenas para devolvê-la posteriormente à sociedade, mas falha no processo 
de ressocialização das pessoas encarceradas que permanecem em condições sub-humanas. 
15 
 
Ao se reintegrar na sociedade, essas mulheres são obrigadas a buscar por uma nova 
identidade social, pois a discriminação sofrida em relação ao estereótipo de criminosas 
irrecuperáveis causa o afastamento de familiares e torna essas mulheres como suspeita em 
potencial, tornando mais difícil a ressocialização já que muitas saem dos sistemas prisionais 
apenas com a roupa do corpo e sem moradia, e as que possuem moradia, as dificuldades são 
enormes pois residem em bairros conhecidos como perigosos e violentos, por possuir uma 
organização fechada - de criminalidade - ao qual intensificam as faltas de oportunidades de 
ressocialização das mesmas. Porém, mesmo que não queiram voltar as atividades ilegais, 
sofrerá, contudo, a discriminação da sociedade. 
 
Para se explicar esse pré-julgamento que criam sobre essas pessoas o psicólogo 
americano Edward Thorndike, criou o termo “Efeito Halo” que consiste na afirmação 
de que o cérebro humano é capaz de julgar, analisar, concluir e definir uma pessoa a 
partir apenas de uma característica, determinando um estereótipo universal para ela, 
com base em um único elemento, como aparência, forma de se vestir, falar, postura, 
entre outros fatores. (Equipe IBC, 2019) 
Portanto, este efeito se traduz no aumento da importância da primeira impressão de 
forma que as impressões que se seguirem serão ignoradas na constituição da 
conclusão. Essa seletividade que ocorre nos processos de criminalização tem por base 
o secondcode, um código social latente e implícito em que se destacam os estereótipos 
associados ao senso comum, buscando no passado, na aparência e no comportamento, 
a atribuição causal do crime. (Hamann, 2016). 
 
Experiências punitivas durante o momento de detenção não as preparam para o retorno 
à sociedade, falta de programas de ressocialização para a volta ao convívio social e reingresso 
no mercado de trabalho dificultam a reinserção social destas mulheres. “Além disso, a 
legislação, em regra, não trata o trabalhador livre e o trabalhador presidiário de maneira 
equivalente em termos de direitos, o que afeta a capacidade de reintegração social atribuída ao 
trabalho” (Cabral & Silva, 2010). 
É de plena necessidade, o investimento do estado para que haja uma verdadeira 
reintegração eminente, assegurando todos os direitos básicos garantidos pela constituição que 
acabam lhe sendo distanciados na visão da sociedade ao qual deviam ser acolhidos. Como 
exemplo disso temos os aspectos abordados pela carta de Brasília: 
16 
 
 
Em junho de 2011, houve o Encontro Nacional sobre o Encarceramento Feminino, 
organizado e realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília (DF). A 
partir deste encontro, deliberaram e proclamaram a Carta de Brasília, em que há 
recomendações sobre a detenção das presidiárias. Dentre os nove tópicos, ressalta-se, 
aqui, o oitavo, que preconiza o trabalho e a educação no espaço dos cárceres 
femininos, visando qualificar a mulher apenada, preparando-as para exercer atividade 
lícita, que garanta realização pessoal e a sua subsistência para além das necessidades 
básicas. (Conselho Nacional de Justiça, 2011). 
 
Nessa perspectiva, a educação, o acesso às informações sobre seus direitos, o 
pensamento crítico e o sentimento de valorização pelo trabalho realizado devem ser feitos ainda 
no momento de detenção, para que as presidiárias, durante a criação da sua nova identidade, 
recebam a educação e o estímulo que não tiveram durante a sua vida inteira. Apenas investir na 
construção de novos presídios não diminuirá a criminalidade, mas sim, o investimento na 
ressocialização e na educação, pois tratar o ser humano com desvalorização tem se mostrado 
ineficaz (Silva, 2015). 
É notável a existência de propostas para promover a reinserção social de mulheres no 
Legislativo, fazendo-se necessário a participação eficaz da sociedade, pois, após cumprir a pena 
essas mulheres precisaram de acolhimento e adoção de políticas publicas. Porém a realidade 
observada vem ser a falta de suporte das instituições sociais que estariam implicados no sucesso 
dessa reinserção. Com o afastamento e exclusão que ocorrem com essas mulheres, o processo 
de ressocialização pode vir a ser mais demorado e até mesmo ter um efeito contrário do 
esperado, já que a falta de apoio pode levar elas ao mundo do crime novamente. Por tanto, faz-
se de total importância o apoio da sociedade, familiares e Estado. 
 
7 MARCO TEÓRICO 
O trabalho integrado tem como base o livro “Presos que Menstruam” da autora Nana 
Queiroz, a qual trata da problemática de que o Sistema Carcerário Brasileiro foi feito para 
homens e não se adequam às mulheres. Levando essa afirmação como fundamento principal 
para o desenvolvimento do trabalho em questão, fazendo um paralelo entre a desigualdade degênero na sociedade, em pensamentos, costumes e ideologias e no sistema prisional feminino, 
17 
 
evidenciando a negligência do Estado e da população para com as mulheres encarceradas. 
Outras fontes a serem mencionadas como parte da fundamentação são artigos científicos sobre 
mulheres presas e sites oficiais do governo e jornalismo; e por fim a Constituição Federal, 
Código Penal e Lei de Execução Penal, sendo estas, leis as quais constituem os direitos das 
penitenciáras em todo cumprimento de sua Pena Privativa de Liberdade. 
 
8 METODOLOGIA 
O prosseguimento do trabalho supracitado foi realizado através de pesquisa 
bibliográfica, com viés exploratório de informações adquiridas de livros, artigos, sites, e textos 
normativos sobre o problema, sempre fazendo um paralelo entre a realidade vivida pelas 
mulheres e pelos homens em um ambiente e situação semelhante. Visando um maior 
entendimento a cerca do assunto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
9 CRONOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Etapas/meses 
 2020 
 
fev 
 
mar 
 
abr 
 
 mai 
 
Jun 
Seleção do tema 
 
 X 
 
 
Levantamento das 
referências 
 X 
Levantamento e 
análise dos dados 
 X 
Desenvolvimento do 
Projeto 
 X 
Revisão do conteúdo X 
Revisão metodológica X 
Revisão ortográfica X 
Entrega do projeto de 
pesquisa 
 X 
19 
 
 
10 REFERÊNCIAS 
Abandono é a principal diferença entre mulheres e homens na cadeia, diz Drauzio Varella. G1 
São Paulo. Disponível em:<https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/abandono-e-a-principal-
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feminino no estado do Ceará. Disponível em: 
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Disponível em: <http://www.justificando.com/2018/08/27/a-violacao-dos-direitos-humanos-
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FICKERT, Kellen. É urgente regulamentar a visita íntima das presas em nível nacional. 
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NASCIMENTO, Luciano. Brasil tem mais de 773 mil encarcerados, maioria no regime 
fechado. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-02/brasil-tem-
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<https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2018/06/11/interna-
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21 
 
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<https://psicologado.com.br/atuacao/psicologia-juridica/atuacao-do-psicologo-no-sistema-
prisional-brasileiro> Acesso em 4 de maio de 2020.

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