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Introdução à Fruticultura

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Prévia do material em texto

A) FRUTICULTURA
AUTORES
ANTENOR FRANCISCO DE FIGUEIREDO
CARLOS ALBERTO FRANCO TUCCI
Fruticultura
9
Introdução
Introdução
Fruticultura é uma disciplina profissionalizante, a qual tem por 
finalidade levar aos alunos conhecimentos que estão relacionados ao cultivo 
de plantas frutíferas. Contudo o número de plantas que produzem frutos 
que são importantes para o homem é muito grande, por isto escolhemos 
algumas espécies das mais conhecidas e que os profissionais de Ciências 
Agrárias devem conhecê-las melhor. O conteúdo será apresentado, neste 
caderno, em cinco unidades.
Na primeira unidade, iremos ver a cultura da bananeira, fazendo 
considerações sobre: qual o local de origem; como foi originada; como é 
dividida em grupos de cultivares; quais as exigências climáticas da cultura; 
como instalar um bananal; o modo mais técnico de fazer a colheita; 
manuseio pós-colheita; principais pragas e doenças e seu controle. 
Na segunda unidade, iremos estudar a cultura do abacaxizeiro, 
fazendo considerações sobre: qual sua importância econômica e social; 
local de origem; quais as influências que o clima exerce sobre a cultura; 
as principais cultivares; métodos de propagação; épocas de plantio e 
densidade; tratos culturais; colheita; principais pragas e doenças e seu 
controle.
Na terceira unidade, iremos estudar a cultura do mamoeiro, 
considerando: a importância econômica e social; local de origem; 
descendência esperada em um cruzamento; produção de sementes 
de qualidade; estabelecimento de um plantio; colheita; classificação; 
embalagem; principais pragas e doenças e seu controle.
Na quarta unidade, iremos estudar a cultura do maracujazeiro, 
fazendo considerações sobre: qual local de origem; biologia floral; 
principais cultivares; espaldeira; plantio; adubação; tratos culturais; 
colheita; principais pragas e doenças e seu controle.
Na quinta unidade estudaremos as culturas de citros e cupuaçu, 
considerando: a origem destes frutos; a importância deles; a produção de 
mudas; estabelecimento de plantio; tratos culturais; adubação; principais 
cultivares; colheita; e comercialização; principais pragas e doenças e seu 
controle. 
Fruticultura
10
Palavras do 
professor autor Palavras dos professores autores
Prezado aluno, 
Este caderno traz para você conhecimentos da disciplina 
Fruticultura. Com eles pretendemos orientá-los nos estudos relacionados 
à fruticultura, para que você possa, com nossas orientações, realizar 
atividades práticas na área. É importante que você procure aproveitar 
ao máximo as informações constantes nas cinco unidades que compõe o 
caderno. Para tanto participe de todas as atividades programadas. É por 
intermédio da realização das atividades propostas que você terá condições 
de aprender o conteúdo deste caderno
Utilize este material como guia para seus estudos. Tire todas 
as dúvidas de cada unidade antes de passar para a seguinte. Neste 
caderno mostraremos que existe um número muito grande de plantas que 
produzem frutos comestíveis importante para o homem. Estudá-los todos 
seria impossível em uma única disciplina. Por isto escolhemos seis culturas 
de maior interesse para o nosso curso que são banana, abacaxi, mamão, 
maracujá, citros (laranja e limão e tangerina) e cupuaçu. Uma vez sabedor 
dos conhecimentos para estas culturas, fica fácil aprender como lidar com 
outras. 
Sabemos que para boa qualidade de vida, o homem deve ingerir 
diariamente carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas, sais minerais e 
fibras, além de praticar exercício regularmente. Sabidamente as frutas são 
boa fonte de vitaminas, sais minerais e fibras. Consumi-las diariamente é 
sinônimo de longevidade, saúde. 
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, sendo 
superado apenas pela China e Índia. Outros grandes produtores de fruta 
são: Estados Unidos, Indonésia, Filipinas e México. Entre os frutos mais 
produzidos no mundo temos a banana, uva, maçã, coco, melão e manga, 
abacaxi, pêssego e limão. O brasileiro consome em média 57 Kg. de fruta por 
ano. Aparentemente é uma quantia considerável, mas se comparada com 
países como Espanha, Itália e Japão estamos muito aquém do desejável. 
Os frutos mais consumidos pelos brasileiros são banana, laranja e maçã. 
Temos também as influências das ofertas das estações e das regiões, que 
fazem com que haja variações.
Conhecedores disto, esperamos que a disciplina desperte 
bastante interesse de todos e que ao final do curso tenham aprendido o 
suficiente para saber conduzir estas culturas em moldes técnicos e sejam 
capazes de ajudar aqueles que necessitem de orientação.
Desejamos-lhes bom trabalho.
Professor Antenor Francisco de Figueiredo
Professor Carlos Alberto Franco Tucci
Fruticultura
11
Orientações 
para estudo
Ementa
Orientações para estudos
Para que você tenha bom desempenho em nossa disciplina há 
necessidade que você proceda de maneira sistemática no seu processo de 
aprendizagem. Mas como agir de maneira sistemática? Vamos apresentar 
algumas orientações para o uso deste caderno que poderão ajudar você 
agir desta maneira. 
A disciplina está organizada em cinco unidades, constando de 
novos conhecimentos, como conceitos e premissas que você terá que 
ler com atenção. A leitura pode ser realizada individualmente. Se isto 
acontecer, enquanto você lê sublinhe as palavras e os conteúdos que 
você desconhece. Quanto às palavras desconhecidas, verifique primeiro 
se elas constam no Glossário que está no final do seu caderno. Se você 
não encontrar as palavras desconhecidas nele, procure-as, então, em 
dicionário, para tirar as suas dúvidas. Feito isto, volte ao texto e leia-o 
mais uma vez. Se por acaso você continuar com as dúvidas, reúna-se com 
alguns colegas e discuta as partes que não foram entendidas. Se as dúvidas 
ainda continuarem, recorra ao professor tutor, e se este não dirimi-las vá 
ao ambiente virtual e solicite ajuda do professor da disciplina. 
Depois que você tiver dominado o conteúdo da unidade, 
comece a realizar as atividades. As atividades são variadas, e se você tiver 
dúvidas em relação a como realizá-las entre em contato com o professor 
da disciplina. 
Bom estudo. 
Ementa
Importância, origem, condições edafoclimáticas, sistemas de cultivo, 
tratos culturais, colheita e comercialização de citros, abacaxi, mamão, 
maracujá, banana e fruteiras regionais.
Objetivos de ensino-aprendizagem
1. Capacitar o aluno para instalar um pomar das referias culturas 
em moldes técnicos, bem como familiarizá-lo com tratos culturais e torná-
lo capaz de identificar as principais pragas e doenças e seu controle, 
orientar a colheita e comercialização destas culturas.
2. Instalar um pomar em moldes técnicos.
3. Proceder a tratos culturais das culturas considerados no 
caderno.
Fruticultura
Unidade 1 
Cultura da bananeira
12
4. Identificar as principais pragas e doenças e os meios de 
controle.
5. Fazer a colheita, transporte, conservação, comercialização e 
a pós-colheita das culturas.
6. Elaborar um projeto das culturas tratadas.
Unidade 1 Cultura da bananeira
Síntese: Nesta unidade, veremos a origem e importância deste fruto, 
fazendo, posteriormente, considerações relacionadas à sua botânica, ao 
clima e solo, às condições edafoclimática, às suas técnicas de cultivo, à 
colheita, às principais pragas e seus controles, como às principais doenças 
e seus controles.
Local de origem e importância 
A bananeira é de origem asiática, da região tropical da Índia 
e Malásia (EMBRAPA, 1997), e de lá se dispersou para o resto do mundo. 
Para as Américas, provavelmente, foi levada por correntes marítimas e ou 
por navegadores da Antiguidade, como os fenícios e chineses. Na América 
foi encontrada por Cristóvão Colombo por ocasião das primeiras viagens 
(ITAL, 1995). No Brasil, os primeiros navegadores que percorreram o Rio 
Madeira já haviam identificado em suas margens o cultivo da bananeira 
(ITAL, 1995). 
A banana é a fruta mais produzida no mundo, com cerca de 
cento ecinco milhões de toneladas por ano (MANICA, 2006). Os maiores 
produtores mundiais de banana são a Índia, Brasil, China, Equador, 
Filipinas, Indonésia e Costa Rica (MANICA, 2006). No Brasil, são os maiores 
produtores de banana: São Paulo, Bahia, Pará, Minas Gerais e Santa 
Catarina (BORGES; SOUZA, 2004). A área cultivada com a banana no Brasil 
é cerca de quinhentos mil hectares e gera cerca de quatrocentos mil 
empregos diretos, (MANICA, 2006), sendo uma ótima cultura para gerar 
renda e alimento para a população rural.
 Botânica
A bananeira pertence à família musaceae, gênero Musa e as 
espécias Musa acuminata (AA) e Musa balbisiana (BB), (SIMMONDS, 1966). 
Foi a Musa acuminata que sozinha ou em cruzamento com a Musa balbisiana 
originaram todas as cultivares, atualmente conhecidas pelo homem (ITAL, 
1995). De acordo com Borges e Souza (2004), essas cultivares podem ser 
agrupadas da seguinte forma:
Fruticultura
Unidade 1 
Cultura da bananeira
13
Grupo AA:
Neste grupo temos uma cultivar denominada banana ouro, 
ou baé, ou nanica, que apresenta frutos curtos, de cor amarela quando 
maduros, e muito doces. 
Grupo AAB: 
Neste grupo temos várias cultivares exploradas comercialmente, 
como a prata, maçã, pacovan, pacovinha, pacovan do nordeste, que é 
bem parecida com a prata, a thap maeo, a prata zulu e a prata anã.
Grupo AAA:
Neste grupo estão as cultivares nanica, conhecida, também, 
como baé, por ser a planta de porte baixo, também conhecida como 
casca verde ou banana d’água e nanicão, uma mutação da nanica, cuja 
planta tem porte um pouco mais alto. São as cultivares mais produzidas 
no mundo. (ITAL, 1985). Neste grupo ainda existem as cultivares banana 
roxa, cujos frutos e planta são roxos, e a caru verde, ou banana casada, 
que é uma mutação da anterior.
Grupo AAAB
Neste grupo estão algumas cultivares tetraplóides, lançadas 
pela EMBRAPA por serem resistentes à sigatoka negra. São elas a FHIA 18, 
FHIA1, pacovan Ken e preciosa. 
Clima e solo
O clima afeta diretamente o comportamento da bananeira. 
Dentre os fatores do clima que exercem maior influência na cultura temos:
Temperatura
A banana pode ser cultivada economicamente em temperatura 
que varia de 18 a 35 graus centígrados, com um ótimo em torno de 
26 a 27 graus centígrados. Quando a temperatura baixa de 15 graus a 
planta paralisa o crescimento, e abaixo de 13 graus ocorre o fenômeno 
denominado de friagem, que consiste em coagulação do protoplasma 
das células, principalmente da casca dos frutos, e impede que esses 
madureçam normalmente. Em temperatura próxima de zero ou abaixo, 
as plantas secam as folhas, mas ao subir a temperatura, estas voltam a 
vegetar normalmente. (EMBRAPA, 1997).
Umidade
A bananeira é uma planta de crescimento contínuo e por isto, 
para o seu desenvolvimento, necessita de fornecimento contínuo de água. 
Mensalmente deve-se fornecer pelo menos 100 ml de água, seja na forma 
de chuva ou por irrigação, para que a planta desenvolva adequadamente. 
(ITAL, 1995).
Fruticultura
Unidade 1 
Cultura da bananeira
14
Vento
Em locais de ventos fortes, as folhas das plantas perdem 
muita água e ficam dilaceradas, o que de certa forma prejudica o seu 
desenvolvimento; por ocasião da formação do cacho, a planta pode tombar 
e para evitar isto deve ser escorada. (BALESTERO, 1985; EMBRAPA, 1997).
Solo
A bananeira se desenvolve bem na maioria dos solos, desde que 
não seja excessivamente arenoso, por este ter dificuldade de reter umidade 
e nutrientes ou excessivamente raso, por dificultar o aprofundamento das 
raízes. Também não suporta solo encharcado ou com lençol freático muito 
raso, o que prejudica o crescimento das raízes. (BALESTERO, 1985).
Estabelecimento de um bananal
Aquisição das mudas
Para a formação do bananal devem-se adquirir sempre mudas 
sadias, retiradas de bananal livres de pragas e doenças ou mudas de cultura 
de tecidos, (ITAL, 1995)
As mudas de bananeira podem ser dos tipos:
Chifrinho: mudas de até 50 cm. de altura, cujas folhas ainda 
não apresentam libo foliar expandido.
Chifre: mudas de 50 a 80 cm. de altura e suas folhas já iniciaram 
expandir do limbo.
Chifrão: mudas acima de 80 cm. de altura que já apresentam 
limbo foliar em expansão.
Todos estes tipos de mudas podem ser utilizados para formar 
um bananal comercial.
Temos ainda as mudas de cultura de tecidos que, apesar de 
caras e nem sempre estarem disponíveis para a maioria dos produtores, 
são de muito boa qualidade.
 Espaçamento de plantio
De um modo geral pode-se utilizar os seguintes espaçamento 
(ITAL, 1985):
Cultivares de porte alto, como a prata, pacovan, roxa e prata 
zulu: 3x3m. a 4x4m.
Cultivares de porte médio, como a prata anã e a maçã: 2x3m a 
3x3,5m.
Cultivar de porte baixo como a nanica e nanicão: 2x2m a 2x2,5m.
 Época de plantio
Em regiões quentes como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a 
bananeira pode ser plantada em qualquer época do ano, desde que haja 
disponibilidade de irrigação para que a planta prossiga seu desenvolvimento, 
caso contrário, só poderá ser plantada no período das chuvas.
Fruticultura
Unidade 1 
Cultura da bananeira
15
Tratos culturais
a) controle das plantas daninhas: pode ser feito pela capina 
com enxada, roçagem do mato ou com o uso de herbicidas como glifosato 
ou gramoxone, desde que não atinjam diretamente as plantas. (BORGES; 
SOUZA, 2004 ).
b) desfolha: consiste em eliminar as folhas secas ou quebradas 
do bananal. É uma prática que melhora o arejamento e luminosidade do 
bananal e evita que seja criado ambiente favorável a pragas e doenças. 
Por ocasião da desfolha, o material resultante deve ser acumulado entre 
as fileiras e nunca no pé das plantas.
c) proteção dos cachos: após a emissão, os cachos devem ser 
protegidos com sacos plásticos nas dimensões de um metro de comprimento 
por oitenta centímetros de largura, para protegê-los do ataque de pássaros 
e pragas. A melhor ocasião para se efetuar esta operação é logo após 
a emissão do cacho, por este se encontrar de tamanho pequeno. (ITAL, 
1995).
d) desbaste: a cultura de bananeira deve ser mantida 
desbastada, deixando-se apenas três plantas de idades diferentes (uma 
família) em cada touceira: uma planta mais velha, a planta mãe, uma 
planta de tamanho intermediário, a planta filha, e uma planta em início de 
crescimento, a planta neta; os demais perfilhos devem ser eliminados no 
desbaste que se faz a cada dois ou três meses. A maneira mais prática de se 
fazer este desbaste é utilizando uma ferramenta denominada “lurdinha”. 
Para isto cortam-se as mudas a serem eliminadas, com um facão, rente 
ao solo e com auxílio desta ferramenta elimina-se a gema vegetativa que 
está localizada no centro do rizoma. (OLIVEIRA, 1996; ITAL, 1995).
Calagem
A bananeira produz melhor quando o pH do solo varia entre 6,0 a 
6,5, por ser a faixa em que os nutrientes essenciais estão mais disponíveis 
para as plantas. Por isso, a calagem deve ser baseada na análise química 
do solo. (SALOMÃO, 2005).
Adubação
Deve ser baseada na análise química do solo e na experiência 
de um profissional competente que tenha prática com a cultura. Contudo, 
pode-se usar a seguinte adubação (PADOVANI, 1986; GASPAROTO, 1999) 
de plantio: colocar em cada cova, antes do plantio, 300g. de superfosfato 
simples, mais 10 a 20 litros de esterco curtido, mais 40 gramas de um 
adubo que contenha micronutrientes como o FTE.
Fruticultura
Unidade 1 
Cultura da bananeira
16
Adubação de crescimento da bananeira; colocar em cada cova:
Fontes de 
Nutriente
Cloreto de
potássio
2 meses 4 meses 7 meses 10 meses
Uréia 135g.
100g.
135g.
300g. 300g. 300g.
150g. 150g.
Quadro 1 – Adubação de crescimento da bananeira.
FONTE: Professor Antenor.
Adubação de produção: para cada tonelada de banana produzida, 
colocar por hectare: 2,0 Kg. de N, 0,5 Kg. de P2O5 e 6,0 Kg. de K2O. Além 
destes nutrientes deve-se colocar anualmente 50 Kg. de FTE.
 
Colheita
A banana pode ser colhida depois que os frutos alcançam 
seu crescimentofinal, porém ainda verde. Na operação de colheita e 
subsequentes devem-se evitar choques e abrasões nos frutos para que 
estes não percam qualidade. Após a colheita, os cachos são transportados 
para o galpão de beneficiamento, onde são pendurados, despencados e as 
pencas são lavadas em água com detergente, na base de 500 ml para cada 
1000 litros de água. Depois de lavados, os frutos devem ser submersos 
em uma solução de 400 ppm de tiabendazol por um período de 5 minutos 
(ITAL, 1995). Estas operações têm a função de retirar eventuais sujeiras, 
melhorando a aparência para o mercado e diminuir a temperatura 
dos frutos, que por ocasião da colheita pode estar muito alta, o que 
prejudicaria a sua maturação e comercialização. Após o tratamento, os 
frutos são levados para a câmara de maturação, onde é feita a maturação 
controlada.
Maturação controlada
A maturação controlada das bananas é feita em câmaras onde 
a temperatura é calibrada para 18 graus centígrados, umidade entre 85 a 
95%. Depois de cheia de frutos, injetam-se os gases de maturação como o 
etileno (C2H4) ou acetileno (C2H2) na base 1 litro para cada metro cúbico 
de câmara. Este gás permanece na câmara por 12 horas. Passado este 
período, a câmara é aberta, os gases do seu interior são exauridos, a câmara 
é novamente fechada, e faz-se nova injeção de gás, que permanece por 
mais 12 horas no interior da câmara. Findo este período, esses gases são 
retirados e os frutos permanecem por mais 12 horas na câmara. Passado 
este tempo, os frutos são retirados e distribuídos para o mercado. Os 
frutos estarão maduros depois de cinco ou seis dias. Todos amadurecerão 
ao mesmo tempo. Maduras desta maneira, as bananas permanecerão por 
Fruticultura
Unidade 1 
Cultura da bananeira
17
uma semana em boas condições de serem comercializadas ou consumidas 
(ITAL, 1995; ALVES et al, 1997).
A maturação controlada (BORGES; SOUZA, 2004) pode ser feita 
da seguinte forma, sem utilizar a câmara de maturação: usa-se 208 ml. do 
produto comercial Ethrel (o princípio ativo é o etefon), contendo 240 g./
litro, para cada 100 litros de água. Os frutos são mergulhados nessa solução 
por 10 minutos. Findo este período, os frutos são retirados e guardados 
em um local adequado para sua maturação, que acontecerá de maneira 
uniforme em um período aproximado de seis dias.
Esta solução pode ser utilizada por mais de 200 dias, o que pode 
tornar este método bastante econômico.
Principais doenças
a) Sigatoka negra: causada pelo fungo Mycosphaerella fijienssi, 
que ataca as folhas das plantas, destruindo-as e prejudicando o processo 
de fotossíntese. O controle desta doença pode ser feito utilizando 
cultivares resistentes como FHIA 18, prata zulu e thap maeo ou realizando-
se pulverizações quinzenais com fungicidas a base de tiabaedazol, ou 
semanais com fungicidas à base de cobre, (PEREIRA et al, 1998; SOUTO et 
al,1997).
b) Mal do Panamá: causado pelo fungo de solo Fusarium 
oxysporum f. cubensis. Este fungo provoca a obstrução dos vasos das 
plantas, deixando-os de cor escura, podendo provocar a morte da planta, 
ou reduzir a produção. Depois de infestado, o solo fica, por muitos 
anos, praticamente imprestável para a cultura da bananeira. A maneira 
de controlar esta doença é usar cultivares resistentes, como a nanica e 
nanicão, thap maeo, FHIA 18, entre outras, e usar mudas sadias em solos 
que não estejam contaminados (ITAL, 1995).
c) Moko: causado pela bactéria Ralstonia solanacearum, raça 
2. Esta bactéria ataca toda a planta, causando o escurecimento dos vasos, 
prejudicando a produção. Depois de contaminando, o solo não pode ser 
usado pela cultura por um período de 18 meses. A maneira de produzir 
banana em regiões que apresentam esta doença é a utilização de mudas 
sadias em solo livre desta bactéria. Ainda não foi identificada cultivar que 
seja resistente a esta doença. (PEREIRA et al, 1998).
Principais pragas
Dentre as pragas que atacam a cultura da bananeira, uma merece 
destaque, o moleque da bananeira ou broca da bananeira, Cosmopolites 
sordidus. Na fase adulta, esta praga é um besouro de cor preta, que mede 
cerca de 11 mm. de comprimento e 5 mm. de largura. Na fase de larva 
Fruticultura
18
Unidade 2 
Cultura do 
abacaxizeiro
esta praga ataca o rizoma da planta, onde cava galerias, prejudicando a 
planta, tornando-a pouco produtiva. O controle desta praga é feito usando-
se isca envenenada, que consiste de pedaços de pseudocaule de bananeira 
que já produziu cacho. Cada pedaço de 50 cm. de pseudo caule deve ser 
partido longitudinalmente, e na face cortada faz-se o pincelamento com 
um inseticida, distribuindo-se as iscas pelo terreno do bananal, com a 
parte tratada voltada para o solo, na base de 50 isca por hectare. (ITAL, 
1995; BALESTERO, 1985).
Unidade 2 Cultura do abacaxizeiro
Síntese: Origem e importância. Botânica. Cultivares. Clima e solo. 
Condições edafoclimática. Propagação e manejo das mudas. Técnicas de 
cultivo. Colheita. Principais pragas e seus controles. Principais doenças e 
seus controles. 
Origem e importância econômica
O abacaxizeiro é originário do Brasil e mais provavelmente da 
região que abrange as regiões sul e centro-oeste do Brasil, o norte da 
Argentina e o Paraguai e daí foi levado para outras regiões da América do 
Sul e Central, onde o clima é favorável ao seu desenvolvimento. (CUNHA; 
CABRAL; SOUZA, 1999).
A cultura do abacaxi é grande absorvedora de mão de obra e 
fonte de renda no meio rural e na indústria, uma vez que é um dos frutos 
mais industrializados. Os grandes produtores mundiais são Tailândia, 
Filipinas, Brasil, Índia, China, Nigéria, Indonésia e Colômbia. No Brasil 
é cultivados em todos os estados Brasileiros com destaque para o Pará, 
Paraíba, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e São 
Paulo. (MANICA, 2006).
Botânica
O abacaxi explorado comercialmente pertence à família da 
Bromeleaceae, gênero Ananas e espécie Ananas comosus L., Merril. Além 
desta espécie temos Ananas monstruosus conhecida como cabeça de 
onça e o Ananas nanus, conhecido como ananaí, cultivado como planta 
ornamenta. (MANICA, 1999).
Fruticultura
19
Unidade 2 
Cultura do 
abacaxizeiro
Cultivares
Dentre as cultivares exploradas comercialmente destacam-se:
Smooth cayenne: conhecida como abacaxi havaiano. Esta 
cultivar tem algumas características importantes que a torna uma das 
mais cultivadas, como: formato cilíndrico, olhos planos, o que permite 
ótimo aproveitamento na indústria; cor de polpa amarela, importante por 
ser mais atrativa para o consumidor; a planta não tem espinhos nas folhas, 
o que facilita o cultivo. (CUNHA; CABRAL; SOUZA, 1999).
Pérola ou branco de Pernambuco: muito cultivada no Brasil. 
Possui formato cônico, polpa de cor branca, muito doce, rica em suco, 
pouco ácida, o que satisfaz o paladar do brasileiro. (CUNHA; CABRAL; 
SOUZA, 1999).
Regional: muito cultivado nas proximidades da cidade de 
Manaus AM. O fruto e a planta são bem parecidos com aqueles da cultivar 
pérola, porém o formato é menos cônico, os olhos dos frutos são bem 
proeminentes; a polpa é amarela, o que satisfaz as exigências do mercado 
regional e por isto alcança bons preços.
Clima
O clima exerce muita influência na abacaxicultura. (INFORME 
AGROPECUÁRIO, 1981), sendo fator decisivo para o seu sucesso. Dos 
elementos de clima destaca-se em importância:
Temperatura: a cultura do abacaxi pode ser explorada 
economicamente em regiões onde a temperatura varia de 22 até 32 
graus centígrados, estando a temperatura ótima em torno de 27 oC. 
Em temperatura abaixo de 20 ou acima de 35 graus, a planta paralisa o 
crescimento; e em regiões em que a maturação dos frutos ocorre na época 
mais fria do ano, esses são mais ácidos, crescem menos e são de qualidade 
inferior, ao contrário daqueles que amadurecem na época quente, quando 
os frutos são mais suculentos, mais doces e menos ácidos. Frutos produzidos 
nas regiões de clima quente são maiores, mais suculentos, menos ácidose 
muito doces. (MANICA, 1999).
 Precipitação: o abacaxizeiro é planta de crescimento contínuo 
e precisa de fornecimento regular de água para completar o seu ciclo 
normalmente. Se ocorrer seca forte durante o crescimento da planta, 
este é interrompido e a planta volta a crescer e completa seu ciclo, sem 
afetar a produtividade, apenas alonga o ciclo; porém, se a seca ocorrer 
após a planta entrar no período reprodutivo, os frutos serão menores e a 
produção pede ser seriamente afetada. (CUNHA; CABRAL; SOUZA, 1999).
Fruticultura
20
Unidade 2 
Cultura do 
abacaxizeiro
Solo
O abacaxizeiro desenvolve-se bem em todos os tipos de solo 
desde que não seja excessivamente arenoso, pelo fato deste não reter 
adequadamente água e nutrientes. Portando a maioria dos solos pede ser 
utilizado para a cultura, desde que não seja sujeito ao enxarcamento. 
Propagação
Comercialmente o abacaxi é propagado por mudas. O tipo mais 
utilizado para sua propagação é a muda do tipo filhote, por ser produzida 
em maior quantidade e ser de tamanho mais uniforme. Além destas, 
temos mudas do tipo coroa, filhote rebentão e rebentão, também muito 
utilizadas para propagação. Temos ainda a muda de cultura de tecido, que 
são de ótima qualidade, mas são muito caras e na maioria das vezes não 
está disponível para o produtor. (INFORME AGROPECUÁRIO, 1985). 
Manejo das mudas
Após a coleta, as mudas do abacaxi devem ser colocadas com a 
base voltadas para cima, a pleno sol, pelo período de cerca de 10 dias para 
haver a cicatrização, fazendo-se o que se chama de “cura” das mudas. 
Este procedimento é importante para evitar a entra de microorganismos e 
o apodrecimento das mesmas por após o plantio. As mudas podem também 
ser armazenadas à sombra de galpão ou árvore, pelo período de até seis 
meses antes de serem plantadas. Para isto, devem ser colocadas uma ao 
lado da outra, com a base para baixo. Podem ser deixadas aderidas à planta 
mãe, para continuarem a crescer até alcançar o tamanho 25 cm de altura, 
ideal para o plantio, é o que se chama de ceva, Informe Agropecuário. 
(REINHARDT; SOUZA; CABRAL, 2000).
Plantio
Preparo do solo
Para o plantio do abacaxi, o solo deve ser preparado com uma 
aração e duas gradagem, deixando superfície bem destorroada e plana 
para facilitar o plantio.
Espaçamento
O abacaxi pode ser plantado tanto em fileiras simples como em 
fileiras duplas; o importante é que contenha pelo menos 30.000 plantas 
por hectare. Com exemplo de espaçamento podemos citar 0,40 x 0,80 m. 
com no qual são plantadas 31.250 mudas em um hectare ou o espaçamento 
duplo de 0,40 x 0,40 x 1,0 m. no qual são plantadas 35.714 mudas em um 
hectare, sem diminuir o tamanho dos frutos. 
Fruticultura
21
Unidade 2 
Cultura do 
abacaxizeiro
Época de plantio
Em regiões quentes, o plantio do abacaxi pode ser feito em 
qualquer época do ano, desde que seja irrigado; fora disto, deve ser feito 
no período chuvoso. Quanto mais cedo o plantio for feito no período das 
chuvas, mais curto será o ciclo da planta. Quando o plantio é feito no 
final do período das chuvas, a planta enraíza, e logo após vem a seca; a 
planta pouco cresce neste período, mas tão logo comece a chover, ela 
recomeça o crescimento e completa o ciclo, permitindo ao produtor 
colocar sua produção fora de época no mercado, conseguindo bons preços 
pelo produto. (MANICA, 1999).
Controle de plantas daninhas
A cultura deve permanecer todo o tempo no limpo, seja 
pela capina com enxada, uso de herbicidas ou outro roçagem. Entre os 
herbicidas que podem ser utilizados na cultura do abacaxi podemos citar 
diuron, gesaprim, gesatop e bromacil, este último com a vantagem de ser 
usado em pós-emergência. (INFORME AGROPECUÁRIO, 1985).
Calagem
 A calagem deve ser feita com base na análise química do solo, 
procurando elevar o ph para a faixa de 6,0 a 6,5 de preferência usando 
calcário dolomítico, que além de conter cálcio contém também magnésio 
em teor mais elevado, ambos nutrientes essenciais, e utilizados em 
elevadas quantidades pelas plantas.
Adubação
Além de se basear na análise química do solo é importante que 
o produtor possa contar com a experiência de um profissional competente, 
que tenha vivência com a cultura, para orientar de maneira mais adequada 
a adubação de abacaxizeiro. Enquanto não se define uma adubação mais 
adequada para cada local, pode-se colocar 60,0 Kg de P2O5 por hectare, 
distribuído no sulco de antes do plantio. Um mês após o plantio, colocar 
4,0 g. de N e 4 g. de K2O por planta, o que deve ser repetido a cada dois 
meses. A primeira destas adubações deve ser feita em sulco próximo às 
plantas, as demais devem ser feitas colocando-se os adubos nas axilas 
das folhas mais velhas, bem próximas do solo. (INFORME AGROPECUÁRIO, 
1981). 
Colheita
Cerca de um ano após o plantio, dependendo do tipo de muda e 
da época em que estas foram plantadas, a colheita pode ser feita. O abacaxi 
Fruticultura
22
Unidade 2 
Cultura do 
abacaxizeiro
é um fruto não climatérico e por isto deve ser colhido completamente 
maduro. No ponto de colheita, o fruto muda da cor verde para a amarela, 
iniciando a mudança de cor pelo na base do fruto. Nas regiões de clima 
quente, o fruto pode alcançar a maturação e esta mudança de coloração é 
pouco percebida, mas o fruto já se encontra doce, pronto para ser colhido.
Por ocasião da colheita deve-se deixar um pedaço do pedúnculo 
de cerca de dois centímetros, para evitar que o fruto apodreça, iniciando 
pela base. É importante evitar ferimento dos frutos na operação de 
colheita, causado por fricção, impactos, etc; além de prejudicar a 
conservação, estes ferimentos pedem se constituir em entrada para uma 
série de doenças. Após a colheita, os frutos devem ser levados para casa 
de beneficiamento onde são limpos, classificados e embalados para serem 
enviados para o mercado. (REINHARDT; SOUZA; CABRAL, 2000).
Principais pragas
a) Broca-do-fruto – Thecla basilides. É uma das principais 
pragas da cultura de abacaxi no Brasil. Ataca os frutos, formando galerias, 
de onde sai grande quantidade de resina, tornando-os imprestáveis para o 
consumo. Na fase adulta, este inseto é uma borboleta de cor parda escura, 
de cerca de 3,0 cm de envergadura. Estas borboletas depositam os ovos 
nas inflorescências e frutos, de onde saem as lagartas de cor avermelhada, 
que perfuram os frutos. Para o controle desta praga, pode-se empregar 
o inseticida biológico, Bacillus Thuringiensis ou os inseticidas carbaril ou 
paration metílico. As aplicações devem ser feitas após o aparecimento da 
inflorescência até o fechamento das flores, em intervalos de 10 dias, o que 
corresponde a um mês, aproximadamente. (FRUPEX, 1994).
b) Cochonilha-do-abacaxi – Dysmicoccus brevipes. Conhecida 
popularmente como pulgão branco. Este inseto se constitui de pequenas 
cochonilhas de cor avermelhadas, corpo coberto de uma cerosidade branca. 
Formam colônias nas axilas das folhas ou nas raízes das plantas, onde 
sugam grande quantidade de seiva. Ao sugarem a seiva, eles introduzem 
na planta agentes de natureza, possivelmente virótica (FRUPEX, 1994), 
os quais fazem com que as plantas se apresentem murchas, ficando com 
a cor avermelhada. O controle desta praga pode ser feito utilizando-se 
óleo mineral, dissolvido em água a 1%, ou paration metílico, entre outros 
inseticidas. (FRUPEX, 1994).
Principais doenças
a) Fusariose – Fusarium subglutinans. É considerada a doença 
mais importante do abacaxizeiro, por causar enormes prejuízos à cultura. 
Pode atacar qualquer parte das plantas. Nos frutos, ela provoca o 
Fruticultura
23
Unidade 3 
Cultura do 
mamoeiro
aparecimento de goma, manchas escuras na casca, destruindo os tecidos, 
que ficam de cor escura, tornando-os imprestáveis para o mercado. A 
maneira eficiente de evitar esta doença é a utilização de mudas sadias 
no plantio e eliminação das plantas que apresentem sintomas, como 
vermelhão e morte de raízes. (FRUPEX, 1994).
b) Mancha-negra-dos-frutos – Penicillium funiculosume 
Fusarium moniliforme. Normalmente, esta doença não apresenta 
sintomas externo, somente interno, quando apresenta manchas escuras 
na polpa dos frutos atacados. O seu controle deve ser iniciado quando as 
plantas iniciam o florescimento, eliminando-se os ácaros, transmissores 
da doença, fazendo-se pulverizações com acaricidas. (CUNHA; CABRAL; 
SOUZA, 1999).
Unidade 3 Cultura do mamoeiro
Sintese: Origem e importância. Botânica. Produção de sementes. 
Condições Condições edafoclimática. Cultivares. Técnicas de cultivo. 
Principais pragas e seus controles. Principais doenças e seus controles.
Origem e importância econômica
O mamão é originário da região tropical da América, tendo 
os espanhóis encontrado esta cultura no continente por ocasião do 
descobrimento e daqui foi levado para outras partes do mundo, (MEDINA 
et al, 1989).
O Brasil é o maior produtor mundial de mamão, com uma área 
plantada estimada em mais de 35.000 hectares. Além do Brasil, também 
são grandes produtores México, Nigéria, Índia e Indonésia. No Brasil os 
Estados da Bahia, Espírito Santo, Ceará, Pará, Amapá e Rio Grande do 
Norte são os grandes produtores. (MANICA, 2006).
É importante mencionar que a cultura do mamão só se 
desenvolveu no Brasil a partir do início da década de 1970, com a 
introdução das cultivares conhecidas, como “mamão Havaí”, pois até 
então o mamão plantado era o conhecido “mamão de passarinho”, que 
produz frutos grandes, de mais de quilo, de polpa amarela e de difícil 
manuseio para o mercado; era cultivado em fundo de quintal, com pouca 
expressão econômica. 
Fruticultura
24
Unidade 3 
Cultura do 
mamoeiro
Botânica
O mamoeiro pertence à família caricaceae, gênero carica e a 
espécie Carica papaya L. As plantas, segundo Medina et al (1989), podem 
ser classificadas, de acordo com o tipo de flor que produz em:
Ginóica: plantas que produzem somente flores femininas.
Andróicas: plantas que produzem somente flores masculinas.
Andromonóicas: plantas que produzem flores masculinas e 
flores hermafroditas.
As flores do mamoeiro podem ser classificadas nos seguintes 
tipos (MEDINA et al, 1989):
Flor tipo I. Flor feminina. Apresenta ovário grande, arredondado, 
sem estames, que vão formar frutos arredondados, de cavidade interna 
grande, polpa pouco espessa, pouco valorizados comercialmente, em 
regiões de consumidores mais exigentes.
Flor tipo II. Flor hermafrodita pentandra. Estas flores são 
em tudo muito semelhantes às flores femininas, porém apresenta cinco 
estames. Os frutos produzidos deste tipo de flor são profundamente 
sulcados, sem valor comercial.
Flor tipo III. Flor hermafrodita intermédia. Neste tipo floral são 
agrupados vários tipos de flores, não existindo uma única forma definida; 
agrupa flores de número de estames e forma variados.
Flor tipo IV. Flor hermafrodita elongata. Apresenta 10 estames; 
as pétalas são soldadas até a metade. Este tipo de flor produz frutos 
alongados, de polpa espessa, ideal para mercado de consumidores 
exigentes. Flor tipo IV+. Este tipo de flor é produzido em plantas que 
produzem flor hermafrodita, porém na flor tipo iv+ o ovário não se 
desenvolve, fica como se fosse uma flor masculina com o pedúnculo curto. 
Estas flores são produzidas em determinadas épocas do ano, quando as 
condições de clima são desfavoráveis à produção de frutos. 
Flor tipo V. Estaminada ou masculina típica. São flores 
pequenas, aglomeradas em rácemos longos. Estas flores, apesar de possuir 
ovário, estes são de tamanho diminuto, portanto, não produzem frutos. 
Dependendo da época do ano, ou com o aumento da idade das plantas, 
algumas destas flores podem desenvolver o ovário e produzir frutos de 
formato longo, conhecidos como mamão macho ou de corda. Estes frutos 
apresentam cavidade pequena e polpa espessa, mas não servem para o 
mercado porque são insípidos, pouco doces.
Estudando o mamoeiro, Storey (1941) apud Medina et al (1989), 
denominou o caráter hermafroditisdmo por M2, a masculinidade por M1 e 
feminilidade por m. Com isto a constituição das plantas ficou da seguinte 
forma:
Fruticultura
25
Unidade 3 
Cultura do 
mamoeiro
Planta andromonóica: M2m
Planta andróica: M1m
Planta ginóica: mm
As combinações M1M1, M2M2 e M1M2 são letais para o zigoto e 
por isto não existem. Quando do cruzamento de plantas de mamoeiro, a 
seguinte descendência é esperada:
 
Cruzamento Andróica 
M1m 
Ginóica 
mm 
Andromon. 
 
Ginóca x andróica 
 Mm x M1m 
Ginóica x andromonóica 
Mm x M2m 
Andromon. X andromon. 
M2m xM2m 
Andromnóica x andróica 
M2m x M1m 
Andróica x andróica 
M1m x M1m 
50% 
 
0% 
 
0% 
 
33% 
 
66% 
50% 
 
50% 
 
33% 
 
33% 
 
33% 
0% 
 
50% 
 
66% 
 
33% 
 
0% 
Quadro 2- Descendência esperada do cruzamento de plantas de mamoeiro.
Fonte: Medina et al (1989, p. 24). 
Pensando no formato do fruto mais adequado para o comércio, 
o cruzamento mais interessante seriam as plantas andromonóicas x 
andromonóicas ou as andromonóicas antofecundadas. Aliás, esta é 
uma característica interessante do mamoeiro: quando se reproduz por 
autofecundação não perde vigor. (MEDINA et al, 1989). 
Na cultura do mamão é comum a produção de frutos deformados 
conhecidos como carpelóides ou cara de gato. Segundo Medina et al 
(1989), este fenômeno ocorre devido a estes frutos se originarem de 
flores em que os estames são parcialmente transformados em carpelos. 
Este fenômeno é agravado por baixas temperaturas, solo enxarcado ou 
adubação nitrogenada excessiva.
Frutos de mamão podem ser formados sem que haja fecundação 
das flores, portanto são partenocárpicos, sem sementes, que normalmente 
são de tamanho reduzido. 
A polinização do mamoeiro é realizada principalmente pelo 
vento. As flores abrem-se por volta das 20 horas e tornam-se receptivas 
dois dias antes da abertura, e assim continuam por mais cinco dias. 
(MEDINA et al, 1989).
Fruticultura
26
Unidade 3 
Cultura do 
mamoeiro
Produção de sementes
Para produzir sementes de boa qualidade, o produtor deve 
selecionar as melhores plantas do próprio plantio, selecionando aquelas 
com as melhores características como mais vigorosas, maior produção, 
frutificação precoce, frutos de melhor aparência, mais sadios, polpa mais 
vermelha, etc. Destas plantas, antes que as flores se abram, devem ser 
isoladas com saquinhos de plástico transparentes. Após sua abertura, 
retira-se o saquinho, faz-se a polinização, transferindo-se o pólen das 
anteras da própria flor para os seus estigmas, com auxílio de um alfinete 
ou algo semelhante e se coloca novamente os saquinhos, mantendo-as 
assim por mais uns quatro dias, ou até que os estigmas fiquem de cor 
escura, quando já não estão mais receptivos.
Os saquinhos são retirados e os frutinhos daí resultantes são 
marcados com uma fita vermelha ou outro material, até alcançarem a 
maturação, quando estão prontos para a retirada e utilização das sementes. 
(ITAL, 1989).
Clima
Temperatura
O mamoeiro é cultura de clima quente; portanto, temperatura 
abaixo de 15oC diminui, consequentemente, o crescimento das plantas, a 
emissão de novas flores e a produção de frutos. Para produção comercial 
é importante que a temperatura esteja sempre entre 20oC. e 32 oC., com 
a temperatura ideal entre 25 e 27oC. Nesta temperatura, a planta tem 
crescimento contínuo e os frutos são de ótima qualidade, muito doces, 
polpa macia e boa aparência. (ITAL, 1989).
Precipitação
A cultura de mamoeiro necessita de fornecimento contínuo 
de água, para que a planta possa crescer e produzir continuamente. 
Mensalmente deve receber pelo menos 100mm. de água distribuídos em 
quatro irrigações espaçadas de uma semana. (ITAL, 1989).
Solo
A cultura do mamão produz bem em qualquer tipo de solo, 
porém aqueles sujeitos ao enxarcamento, excessivamente arenoso, muito 
rasos e de lençol freáticos muito rasos devem ser evitados.
Cultivares
As cultivares mais importantes, comercialmente, no Brasil estão 
divididas no grupo “Havaí” ou solo e “Formosa”. 
Fruticultura27
Unidade 3 
Cultura do 
mamoeiro
No grupo solo, destacam-se a “improved sunrise solo cv. 72/12” 
e “sunrise solo”. Neste grupo os frutos são pequenos, em torno de 400g. 
mais valiosos comercialmente. No grupo formosa, os frutos são longos e 
bem maiores que do grupo solo, pesando em torno de um quilo cada. 
Neste grupo os mais conhecidos no Brasil são a cultivar “Tailândia” e os 
híbridos “tainung 1” e “tainung 2”. (FRUPEX, 1994).
Plantio
Espaçamento
O plantio do mamoeiro pode ser efetuado tanto em fileira 
simples com em fileira dupla. Em fileira simples, o espaçamento entre 
planta na fileira pode variar entre 1,5 a 2,5 metros e entre fileiras pode 
variar de 2,5 a 3,5 metros. Normalmente em solos mais férteis, ou quando 
se planeja fazer uma adubação mais pesada, é importante adotar-se 
espaçamento maior.
Quando plantado em fileira dupla, o espaçamento pode variar 
em torno de 1,8 m. entre plantas na fileira e entre as fileiras simples; entre 
as fileiras duplas, o espaçamento pode variar de três a quatro metros. O 
plantio pode ser feito em covas de 40 x 40 x 40 cm. ou preferencialmente 
em sulcos de 40 cm de largura e 40 cm de profundidade, uma vez que 
economiza mão de obra, quando comparado com a abertura de covas.
Época de plantio
Nas regiões quentes como norte, nordeste e centro-oeste o 
plantio do mamoeiro pode ser feito em qualquer época do ano, desde 
que se disponha da possibilidade de se fazer irrigação, para que ocorra 
bom pegamento e crescimento das mudas; se o produtor não dispuser de 
irrigação, o plantio deve ser feito sempre no início do período de chuvas.
Preparo do solo
Para a cultura do mamoeiro, o solo deve ser arado uma ou duas 
vezes conforme necessidade e gradeado de modo a deixar a sua superfície 
bem uniforme. É importante também não esquecer as práticas de 
conservação, como plantio em nível ou plantar vegetação com capacidade 
de conter a erosão, como capim cidreira também chamado capim santo.
Para o mamoeiro é importante que se faça a calagem em toda a 
superfície do terreno e também nas covas ou sulco de plantio, de acordo 
com a análise química do solo.
Fruticultura
28
Unidade 3 
Cultura do 
mamoeiro
Adubação
A adubação do mamoeiro deve ser baseada na análise química 
do solo e na prática de técnicos que lidam com acultura. A adubação a 
seguir serve como uma indicação inicial. 
a) Adubação da cova: sempre que houver disponibilidade, 
colocar 10 litros de esterco de gado ou de galinha curtido em cada cova, 
mais 200 g. de calcário, de preferência, dolomítico. Decorridos 15 dias 
desta adubação, colocar em cada cova 100g de superfosfato simples e 50g. 
de cloreto de potássio, cinco dias antes do plantio.
b) Adubação de cobertura: a cada mês após o plantio, colocar em 
cobertura por planta: 50g de uréia e 20g de cloreto de potássio, durante o 
primeiro ano. Após o primeiro ano acrescentar a adubação anterior 20g de 
superfosfato fosfato simples ou 15 de suferfosfato triplo. (MANICA, 2006).
Tratos culturais
Controle de plantas daninhas
O pomar de mamão deve permanecer livre da competição de 
plantas daninhas desde o início. Para isto, o controle pode ser feito pela 
roçagem, capinas com enxada ou mediante o uso de herbicidas como 
glifosato ou paraquat, tendo-se o cuidado de não atingir as plantas de 
mamoeiro por ocasião da aplicação, para evitar intoxicação.
Cobertura morta
Se houver disponibilidade de algum material vegetal como 
capim seco, palha, ou outro qualquer, o uso de cobertura morta é uma 
prática importante para o mamoeiro, por diminuir o aparecimento de 
plantas daninhas; as perdas de água durante o período seco; manter a 
temperatura do solo mais baixa em regiões de temperatura mais elevada; 
e adicionar matéria orgânica ao solo.
Cultura intercalar
Devido o porte e ciclo do mamoeiro, é comum o uso de culturas 
intercalares. Entre as várias que podem ser usadas para este fim pode-se 
citar a batata doce, amendoim, alface, couve e muitas outras plantas que 
não sejam hospedeiras de pragas e doenças que podem ser transmitidas 
para o mamoeiro.
As cucurbitáceas, como abóboras, melancia, pepino, etc. não 
devem ser usadas por serem hospedeiras de viroses que são transmitidas 
para o mamoeiro pelos pulgões. O mamão pode também ser usado como 
cultura intercalar para cultura de laranjeira, seringueira, castanheira, 
etc. (EMBRAPA, 2000). 
Fruticultura
29
Unidade 3 
Cultura do 
mamoeiro
Rotação de cultura
A área utilizada para a cultura do mamoeiro não deve ser 
reutilizada para a mesma, antes de se passarem pelo menos 3 a 4 anos, 
visando diminuir a incidência de doenças que eventualmente pedem 
persistir no solo e voltar a infestar a cultura. É importante o agricultor, 
sempre que não for mais colher em um determinado plantio, eliminá-lo, 
para evitar que este seja uma fonte de dispersão de pragas e doenças para 
cultura vizinhas.
Principais doenças
Doenças causadas por fungos
Existem várias doenças causadas por fungos na cultura do 
mamoeiro, entre as quais podemos citar a antracnose, varíola ou pinta 
preta, podridão peduncular dos frutos, podridão do pé ou gomose.
Todas essas doenças são melhor controladas quando o produtor 
segue todas as práticas recomendadas para a cultura desde o momento 
em que decide produzir mamão, como evitar plantio em lugar sujeito a 
doenças, fazer adubação bem equilibrada, controlar as plantas daninhas 
adequadamente desde o início da lavoura, adquirir mudas de boa 
qualidade, fazer os controles fitossanitários no tempo certo, colher de 
maneira correta, manusear os frutos adequadamente após a colheita.
Doenças causadas por vírus
Existem vários tipos de vírus causadores de doenças no 
mamoeiro, podendo causar sérios prejuízos para o produtor, com destaque 
para o mosaico do mamoeiro. Na planta, o sintoma da presença de virose 
e identificada pelo amarelecimento das folhas novas da planta, que se 
apresentam verdes claras e de menor tamanho. Nos frutos podem aparecer 
manchas de formato anelar. O controle das viroses é realizado de maneira 
eficiente com vistorias semanais da lavoura e eliminação das plantas 
doentes, para evitar que as mesmas sirvam de fonte de infecção; eliminar 
os pomares que não estão sendo colhidos; evitar o plantio de cucurbitáceas 
em pomares e próximo a estes; realizar adubações equilibradas e controlar 
as plantas daninhas. (MANICA, 2006). 
Principais pragas
O ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus) é a praga mais 
importante do mamoeiro. Ataca as folhas novas no ápice da planta, que 
ficam deformadas, muitas vezes reduzidas apenas às nervuras principais, 
o que prejudica o crescimento e expõe os frutos já formados aos raios 
solares, ficando, por isto, prejudicados para o mercado.
Fruticultura
30
Unidade 4
Cultura do 
maracujazeiro 
Este ácaro é controlado de maneira eficiente com pulverizações 
a base de enxofre, dirigidas às partes mais novas da planta, nas horas mais 
frias do dia. (FRUPEX, 1994). 
Colheita
A colheita do mamão deve ser feita quando os frutos começam 
a mudar da cor verde para o amarelo. A colheita deve ser realizada 
diariamente ou no máximo em dias alternados. Os frutos devem ser 
colhidos com um pedaço do pedúnculo, colocados em caixas de plástico e 
levados para o galpão de beneficiamento, onde são lavados e classificados 
de acordo com o formato, tamanho e grau de maturação. Só então são 
enviados ao mercado para serem comercializados. 
Unidade 4 Cultura do maracujazeiro 
Síntese: Origem e importância. Botânica. Cultivares. Condições Condições 
edafoclimática. Técnicas de cultivo. Principais pragas e seus controles. 
Principais doenças e seus controles.
Origem e importância econômica
O maracujá amarelo (Passiflora edulis sims f. flavicarpa Deg.) 
é de origem sul americana. Além desta espécie, que é a mais plantada 
para fins comercial, existem outras como o maracujá roxo (Passiflora 
edulis sims) mais explorado na Austrália e África do Sul; o maracujá-açu, 
ou maracujá do Pará, também conhecido no nordeste do Brasilcomo 
maracujá de família; (Passiflora quadrangularis Linaeus) e o maracujá 
suspiro (Passiflora nitida), encontrado na região norte do Brasil, muito 
apreciado para ser consumido ao natural. (ITAL, 1995). 
A cultura do maracujá, em termos econômicos, teve início no 
Brasil somente na década de 1970, pois até então era explorada como 
cultura de fundo de quintal e quase não era encontrada à venda em feiras 
e mercados. A partir desta década cresceu em importância e hoje figura 
como importante na fruticultura, sendo o Brasil o maior produtor mundial. 
Seguem ao Brasil: o Peru, Venezuela, África do sul, Sri Lanka e Austrália, 
como grandes produtores. (SILVA; LOPES, 2008).
No estado do Amazonas, esta cultura é explorada por 
pequenos produtores. A produção se destina ao mercado de fruta fresca 
ou é transformada em polpa, situando-se os principais produtores nas 
proximidades da cidade de Manaus, dentre os quais se citam: Iranduba, 
Manacapuru e Itacoatiara. (SILVA; LOPES, 2008).
Fruticultura
31
Unidade 4
Cultura do 
maracujazeiro 
Esta cultura tem como característica muita oscilação de 
preço, isto é: em determinado ano de escassez do produto, os preços são 
muito elevados o que leva muitos produtores a faze plantios, fazendo 
com que haja superprodução e como consequência baixos preços, poucos 
compensadores. Esta característica da cultura é mais pronunciada em 
regiões onde a produção é destinada somente ao mercado de frutas in 
natura e menos importante em regiões onde há industrialização, para 
produção de suco, onde muitos produtores produzem sob a forma de 
contrato com a indústria com garantia de preço. (JOSÉ, 1994).
Botânica
O maracujá amarelo (Passiflora edilis sims. f. flavicarpa Deg.) 
pertence à família passifloraceae e ao gênero passiflora. (ITAL, 1995). 
Biologia floral
Apesar de hermafrodita, a flor do maracujazeiro não se 
autofecunda, uma vez que existem mecanismos que impedem a sua 
autofecundação. Esta incompatibilidade é comum mesmo entre flores 
de uma mesma planta. Por isto é comum existirem plantas isoladas que 
produzem muito pouco ou mesmo não produzem frutos. No maracujá existe 
um mecanismo denominado de protandria, em que as anteras abrem-se e 
liberam os grãos de pólen antes que os estigmas estejam receptivos.
As flores do maracujazeiro abrem-se por volta do meio dia e 
permanecem abertas até o final da tarde. Após este período se fecham 
e não abrem mais. As que foram fecundadas dão prosseguimento ao 
desenvolvimento dos frutos e as demais murcham e caem. Somente ramos 
novos, produzem flores. A flor do maracujá é composta de cálice, formado 
por cinco sépalas de cor branca, corola com cinco pétalas brancas, corona 
formada por filetes coloridos, ovário que dá origem ao fruto, cinco anteras 
onde são formados os grãos de pólen e três estigmas. (ITAL, 1995). 
De acordo com Ruggiero (1998), as flores do maracujazeiro podem ser 
classificadas em três tipos, de acordo com a curvatura do estilete: as 
que apresentam estiletes totalmente curvos, (TC); as que apresentam 
estiletes parcialmente curvos (PC); e flores que apresentam os estiletes 
sem curvatura (SC).
Em trabalho desenvolvido com nove genótipos de maracujá 
amarelo no município de Iranduba, no Estado do Amazonas, Silva e Lopes 
(2008) encontraram que em média 3,81% das flores eram classificadas como 
sem curvatura no estígma, 44,50% apresentavam os estigmas totalmente 
curvos e 52,09% das flores apresentavam os estigmas parcialmente curvos. 
De acordo com Ruggiero (1989), as flores com estigmas totalmente curvos 
são as que apresentam maior porcentagem de frutificação.
Fruticultura
32
Unidade 4
Cultura do 
maracujazeiro 
Observando-se a flor de maracujá pode-se verificar que o 
espaço entre os estigmas e nectário é relativamente grande e por isto 
os insetos de grande porte são mais eficientes na polinização destas 
flores; entre os insetos, as mamangavas são as mais eficientes na 
polinização do maracujazeiro. (SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A CULTURA 
DO MARACUJAZEIRO, 1998). Abelhas de pequeno porte, como as abelhas 
conhecidas como “italianas”, “africanas” e “arapuá”, ao contrário, 
prejudicam a polinização, uma vez que retiram pólen das anteras antes 
que as flores estejam completamente abertas, deixando-as vazias, além 
de impedirem que as mamangavas frequentem os plantios no horário de 
completa abertura das flores, mais adequado à polinização. 
Cultivares
Atualmente já se dispõe no mercado, de sementes de qualidade 
de alguns híbridos e cultivares testadas, que têm bom desempenho, 
indicados para as várias regiões do País. Para a região de Manaus, os 
genótipos testados e recomendados, segundo Silva e Gomes (2008), são FB 
200, FB 100 e CPATU casca-fina.
Condições edafoclimática
Temperatura
O maracujazeiro produz bem em temperaturas que variam entre 
20o e 32o C. Quando a temperatura é baixa prejudica, o crescimento da 
planta e consequentemente a emissão de ramos novos e flores prejudicam 
a produção. (ITAL, 1995).
Precipitação
O maracujazeiro é planta de crescimento contínuo e por isto 
necessita de fornecimento contínuo de água para que possa produzir 
durante todo o ano. Quando ocorre falta acentuada de água, as plantas 
param de crescer e de emitir ramos novos e flores. Apesar de resistente à 
seca, quando ocorrem períodos extensos de falta de água, a planta para 
de crescer, pode perder folhas e em casos extremos pode morrer. (ITAL, 
1995). 
Comprimento do dia
Para produzir continuamente o maracujazeiro necessita de 
comprimento de dias de no mínimo 11 horas, segundo Lima (2004). As 
regiões norte e nordeste do Brasil, pela proximidade da linha do equador, 
possuem comprimento de dias adequado para produção contínua, desde 
que satisfeitas outras exigências da planta, como adubação, irrigação, 
etc.
Fruticultura
33
Unidade 4
Cultura do 
maracujazeiro 
Solo
O maracujazeiro produz bem na maioria dos solos, desde que 
profundo e bem arejado, porém, sempre que possível, deve-se evitar 
aqueles excessivamente arenosos, pela fácil lixiviação de nutrientes e 
água. Devem-se evitar, também, os solos excessivamente rasos ou sujeitos 
ao enxarcamento, ou com lençol freático muito raso.
Formação de mudas
Para formação das mudas, o produtor pode adquirir sementes 
disponíveis no mercado, de cultivares indicadas para a região ou retirar 
sementes de plantio próprio, selecionando os melhores frutos das melhores 
plantas. Um fruto bem formado contém cerca de 220 sementes e uma 
grama tem cerca de 38 sementes. Para obtenção de sementes, partem-
se os frutos ao meio e com auxílio de uma colher retiram-se todas as 
sementes; junta-se a estas um pouco de cal hidratada, esfrega-se para a 
retirada do arilo, camada gelatinosa que contém o suco, e depois lava-se 
em água corrente.
A seguir essas sementes podem ser colocadas sobre papel para 
secar a sombra. As sementes de maracujá não têm problema de dormência 
e podem ser semeadas ou guardadas depois de bem secas, pelo período 
de até um ano.
As mudas podem ser formadas em sacos plásticos preto de 14 
cm. de largura e 20 cm. de comprimento, cheios com a seguinte mistura: 
Duas partes de terriço de mata peneirado, mais uma parte de esterco de 
curral curtido, mais 10 kg. de superfostato simples e dois kg. de cloreto de 
potássio. Quando se mantém este material sempre irrigado, as sementes 
podem ser semeadas cinco dias após o enchimento dos saquinhos. Um dia 
antes da semeadura é importante que estes recipientes sejam irrigados 
com uma calda fungicida à base de benzimidazol ou thiabendazol ou mesmo 
pentacloro nitrobenzeno para evitar que algum fungo possa prejudicar a 
germinação das sementes.
Em condições normais, cerca de 10 a 12 dias após a semeadura, 
as sementes germinam e as mudas podem ser levadas para o campo a 
partir do 45 dias após a semeadura.
Preparo do terreno para o plantio
Quando as mudas estiveram prontas, é importante que o 
terreno esteja com as covas já adubadas e as espaldeiras instaladas, para 
evitaresticar os arames e fincar os mourões quando as mudas já estejam 
plantadas, o que pode provocar pisoteio e quebra de mudas. A distância 
de plantio entre mudas na fileira pode ser de 2,0 m., e entre fileira, a 
Fruticultura
34
Unidade 4
Cultura do 
maracujazeiro 
distância mínima deve ser de 2,5 m., para evitar que as ramas de uma 
fileira passem para outra.
As covas podem ter as dimensões de 40 cm. de comprimento 
por 40 cm. de largura e 40 cm de profundidade. (FERREIRA; VAZ, 1991). 
Espaldeira
O maracujazeiro é planta trepadora e por isto necessita de 
suporte para que possa enramar e produzir normalmente. Para isto pode 
ser utilizado cerca de arame, árvore, ou outro suporte produzido para este 
fim.
Em plantios comerciais são utilizados mourões de 1,80 a 2,0 
metros de altura, além da parte enterrada no solo, de madeira de lei ou 
madeira tratada, que resista pelo menos dois anos no solo. Na extremidade 
superior dos mourões passa-se um fio de arame liso número 12 ou número 
10. É importante que os mourões fiquem bem cravados no solo para manter 
o arame sempre bem esticado. Existem vários tipos de espaldeiras, mas o 
mais utilizado é a que usa um único fio de arame. (ITAL, 1995).
Adubação
A adubação do maracujazeiro deve ser feita baseada em análise 
química do solo, na necessidade da cultura e na experiência da profissional 
que tenha vivência com a cultura. Contudo na falta destas informações, 
pode-se adubar cada cova, cerca de cinco dias antes do plantio, com dez 
litros de esterco de gado curtido, 200 gramas se superfosfato simples, 150 
gramas de cloreto de potássio. Dois meses após o plantio, a cada sessenta 
dias, colocar em cobertura, para cada planta, 50 gramas de sulfato de 
amônio. A cada seis meses colocar juntamente com esta adubação, 100 
gramas de superfosfato simples ou equivalente em superfofato triplo e 
100 gramas de cloreto de potássio. (LIMA, 2004). 
Tratos culturais
Capina: a cultura do maracujazeiro deve ser mantida no limpo, 
por meio de capinas periódicas.
Poda: cada planta é conduzida em haste única, eliminando-se 
os demais brotos, até que a mesma alcance o fio de arame.
Suporte: para que a planta alcance o fio de arame, é necessário 
colocar um suporte, por exemplo, uma varinha de bambu ou semelhante, 
para que a mesma possa enrolar-se e alcançar o fio de arame. Quando a 
rama alcança o fio de arame, retira-se a gema apical, para provocar o 
aparecimento de brotos que vão formar a parte aérea da planta. (ITAL, 
1995). 
Fruticultura
35
Unidade 4
Cultura do 
maracujazeiro 
Poda de limpeza: esta é uma prática aconselhada para eliminar 
ramos secos, atacados por doenças e pragas, ou que estejam em excesso 
na planta. Normalmente é feita depois de um ciclo de produção, quando 
as plantas apresentam poucas flores e frutos. Após a poda de limpeza é 
comum as plantas emitirem novas brotações e nova florada. (ITAL, 1995).
Colheita
Em condições favoráveis, seis a sete meses após o plantio, 
colhem-se os primeiros frutos. Desde a abertura da flor até a maturação 
do fruto, demora cerca de 60 dias, variando um pouco para mais ou para 
menos dependendo da região. Quando o fruto está maduro, desprende-se 
da planta e cai no chão, sendo então recolhido. Pode-se colher o fruto 
da planta, desde que já esteja maduro. É aconselhável fazer colheita 
diariamente, ou em dias alternados, para evitar que uma vez caído no 
solo, o fruto permaneça no campo perdendo peso e sujeito a chuvas, o que 
pode prejudicá-lo quando ao aspecto fitossanitário.
Após a colheita os frutos são levados para um galpão, onde 
são eliminados aqueles atacados por pragas, doenças e muito pequenos, 
seguindo para o comércio somente aqueles sadios e de boa aparência. 
Dependendo da região, um plantio de maracujá pode ser explorado por 
dois, três anos. (LIMA, 2004).
Principais pragas
Existem várias pragas que podem ser problemáticas para a 
cultura do maracujá; as mais comuns são:
a) Percevejos
Existem várias espécies de percevejos que atacam a cultura do 
maracujá. Tanto os insetos adultos como as formas jovens podem atacar 
ramos, botões florais, flores e frutos novos, sugando a seiva e provocando 
sua queda ou deformação, podendo causar sérios prejuízos para a cultura. 
(LIMA, 2004).
b) Lagartas
Existem duas espécies que podem provocar desfolha da cultura, 
eliminar o broto terminal da planta no início do crescimento, atacar botões 
e flores e causar sérios prejuízos para a cultura do maracujá: a Dione 
Juno Juno e a Agraulis vanillae vanillae. (LIMA, 2004). Em ambas espécies, 
as lagartas quando completamente desenvolvidas medem cerca de três 
centímetros de comprimento e muitos espinhos pelo corpo; a borboleta 
mede cerca de seis centímetros de envergadura.
A principal diferença entre as duas é que no início da infestação, 
as lagartas da dione são encontradas formando grandes grupos, uma vez 
Fruticultura
36
Unidade 4
Cultura do 
maracujazeiro 
que a postura feita pela borboleta ocorre de forma agrupara, enquanto 
que a agraulis, coloca os ovos isoladamente e as lagartas desde o início são 
encontradas de forma isoladas. (LIMA, 2004).
Controle de pragas
O controle de pragas utilizando defensivos químicos nas culturas 
deve ser feito com bastante critério, para evitar a eliminação de seus 
inimigos naturais, até porque estes precisam das pragas para permanecer 
e se multiplicar nas culturas. Para o maracujá este cuidado deve ser ainda 
maior, uma vez que o mesmo depende de abelhas de grande porte para 
polinização.
Quando se usa produtos químicos, as pulverizações devem ser 
feitas a noitinha ou de manhã bem cedo, no máximo até as oito horas da 
manhã, porque até este horário os insetos polinizadores ainda não estão 
na lavoura e as flores ainda estão fechadas, portanto os inseticidas ficam 
em contacto apenas com a parte externa das flores, prejudicando pouco 
os polinizadores. As pulverizações devem ser feitas, sempre que possível 
em períodos de pouco ou nenhum florescimento.
Os produtos registrados no Ministério da Agricultura para o 
controle de pragas do maracujá, entre outros, segundo Lima (2004), são 
o fenthion, cujo produto comercial é o lebaycid, e cartap, cujo produto 
comercial é o thiobel. 
Em pequenos plantios o controle de pragas pode ser feito com a 
cata manual e eliminação dos insetos. (STEINBERG, 1988).
Principais doenças
Murcha ou fusariose (Fusarium oxysporum ou Fusarium solani)
Os sintomas da doença manifestam-se pelo murchamento e seca 
das folhas, casada pela necrose dos tecidos das raízes e colo da planta. 
A doença começa com o murchamento dos ponteiros e folhas 
novas; examinando-se os tecidos das raízes e colo da planta, pode-se 
verificar sua morte; em corte realizado nesta região, observa-se a cor 
escura dos vasos. (LIMA, 2004).
Controle: Usar sementes sadias para produção de mudas, evitar 
solos recém desmatados, eliminar as plantas doentes.
Podridão do colo Phytophthora nicotianae var. parasítica
Os sintomas podem ser notados pela seca e aparência corticosa 
observada no colo das plantas; as folhas ficam amareladas, sem turgidez 
e em seguida caem; a parte interna do colo da planta fica de cor escura e 
esta morre lentamente. A doença ocorre em reboleira; solos mais argilosos, 
enxarcados, são mais susceptíveis à doença. (LIMA, 2004).
Fruticultura
37
Unidade 5 
Cultura de citros 
e cupuaçu
O controle pode ser feito mediante o uso de mudas sadias, 
evitando-se solos muito argilosos e enxarcados.
Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides)
Pode afetar todas as partes da planta; nas folhas aparecem 
manchas circulares enrugadas que podem atingir grandes áreas; nos 
frutos, as lesões são deprimidas e causam o apodrecimento, atingindo a 
parte interno, tornando-os imprestáveis para o consumo. É considerada a 
doença mais séria de pós-colheita do maracujá. (LIMA, 2004).
O controle é feito mediante a aplicação de produtos à base de 
cobre ou benomil, em pulverizações semanais.
Unidade 5 Cultura de citros e cupuaçuSíntese: Origem e importância. Botânica. Cultivares. Condições Condições 
edafoclimática. Técnicas de cultivo. Principais pragas e seus controles. 
Principais doenças e seus controles.
Cultura de citros
Origem e importância econômica 
Acredita-se que a cultura de citros seja de origem asiática e mais 
provavelmente das regiões tropicais e subtropicais da Ásia e Arquipélago 
Malaio (KOLLER, 2006) daí levada para outras partes do mundo pelos 
comerciantes e descobridores; para o Brasil foi trazida pelos primeiros 
colonizadores, sendo distribuída nos primeiros povoados criados no litoral 
e depois levada para o interior do país pelos primeiros exploradores.
O Brasil é o maior produtor mundial de citros, com uma produção 
anual estimada em mais de dezoito milhões de toneladas. Os estados 
maiores produtores são: São Paulo, Bahia, Sergipe, Minas Gerais, Paraná, 
Rio Grande do Sul e Pará (MANICA, 2006). Apesar do clima favorável e 
alto preço pago pelo consumidor, o Estado do Amazonas não produz citros 
o suficiente para abastecer o mercado interno. A produção no Amazonas 
situa-se na sua quase totalidade em Manaus e municípios próximos, como 
Rio Preto da Eva, Manacapuru, Iranduba e Presidente Figueiredo, uma vez 
que a produção se destina na sua totalidade ao consumo in natura (SILVA 
et al, 2004). 
A citricultura local caracteriza-se pela baixa tecnologia 
aplicada, como baixo nível de adubação, controle de pragas, doenças e 
plantas daninhas, além da utilização de mudas de baixa qualidade, tendo 
Fruticultura
38
Unidade 5 
Cultura de citros 
e cupuaçu
como consequência a baixa produtividade e curta vida útil dos pomares 
(SILVA et al, 2004).
Botânica
Segundo Tanaka apud Koller (1994), os citros pertencem à 
família Rutaceae, ao gênero Citrus e várias espécies:
Laranja doce: Citrus sinensis
Laranja azeda: Citrus aurantium
Tangerina: Citrus reticulata
Limão taiti: Citrus latifolia
Limão galego: Citrus aurantifolia
Limão cravo: Citrus limonia 
Clima
O clima exerce grande influência sobre os citros, determinando 
características como produtividade, longevidade, composição física 
e química dos frutos, incidência de pragas e doenças, etc. Os fatores 
climáticos que mais influenciam a cultura de citros são:
Temperatura
Os citros estão mais adaptados às temperaturas das latitudes de 
20 a 40 graus Norte e Sul, apesar de vegetar e produzir em outras latitudes. 
Em temperaturas amenas, as plantas normalmente florescem apenas uma 
vez por ano, os frutos são mais coloridos e mais doces, quando maduros; o 
suco é de melhor qualidade, permanecem na planta por mais tempo após 
alcançar a maturação; frutos produzidos em regiões localizadas próximas 
à linha do equador, onde a temperatura é sempre elevada, são maiores, 
têm casca mais grossa, amadurecem rapidamente e ficam de cor verde ou 
amarela pouco intensa, o suco não fica de cor amarela (KOLLER, 1994).
Precipitação
Para vegetar normalmente, os citros necessitam de uma 
precipitação anual de 1000 a 2000 mm, distribuídos ao longo do ano. A 
falta de umidade pode provocar queda de frutos jovens, prejudicar o 
crescimento e causar o murchamento quando já maduros.
Em regiões de temperaturas elevadas, a falta de chuvas por um 
longo período faz com que as plantas entrem em repouso vegetativo; o 
retorno das chuvas ou irrigação provoca um florescimento mais abundante, 
diminuindo o número de floradas ao longo do ano (RODRIGUEZ et al, 1976). 
Fruticultura
39
Unidade 5 
Cultura de citros 
e cupuaçu
Solo
Os citros produzem bem na maioria dos solos, desde que não 
seja raso, encharcado, com lençol freático à profundidade a menos um 
metro; o solo também não deve ser arenoso, pela dificuldade de reter 
umidade e nutrientes.
Variedades
As cultivares de laranja podem ser divididas em precoce, meia 
estação e tardias, de acordo com a época do ano em que seus frutos 
amadurecem.
Cultivares precoces: laranja lima, piralima e hamlim.
Cultivares de meia estação: baia, baianinha e barão.
Cultivares tardias: pêra, valência e folha murcha.
Na formação de um pomar comercial, é importante que o 
produtor plante mais de uma cultivar, para distribuir sua produção ao 
longo do ano e assim obter maior lucratividade.
Temos ainda as tangerinas como a cravo e murcote e as limas 
ácidas taiti e galego. 
Formação de mudas
Um pomar de citros tem vida útil de mais de vinte anos, por 
isso é importante que o produtor adote, desde o início, as práticas mais 
adequadas possíveis e mudas de boa qualidade. Na produção de mudas, é 
importante que o produtor se preocupe em ter no seu pomar pelo menos 
três tipos de porta-enxertos diferentes.
Para a região de Manaus, os porta-enxertos, que se mostraram 
mais adequados, segundo Silva et al (2004), foram: para laranja Pêra: 
limoeiro cravo, e as tangerinas Cleópatra e Sunki; para a lima ácida Taiti: 
limão volkameriano e as tangerinas Cleópatra e Sunki.
Semeadura
As sementes devem ser semeadas nas sementeiras em sulcos 
espaçados de 15 cm e 2 cm de profundidade. Estas sementeiras devem ser 
protegidas dos raios solares com uma cobertura de palha ou sombrite e 
irrigadas diariamente para manter o solo sempre úmido. 
Antes do plantio as sementes devem ser tratadas com um 
fungicida a base de benzimidazol ou tiabendazol, para prevenir o 
aparecimento de doenças como tombamento das mudinhas. As sementes 
começam a germinar 15 dias após a semeadura. 
Fruticultura
40
Unidade 5 
Cultura de citros 
e cupuaçu
Transplantio 
Quando as mudas alcançam de 10 a15 cm de altura, são 
arrancadas e classificadas em três tipos quanto ao tamanho: as maiores, 
as intermediárias, as menores e as com defeitos, sendo estas últimas 
descartadas, utilizando para produção de mudas somente aquelas dos dois 
primeiros tipos.
Antes do transplantio para sacos plásticos, as raízes das 
mudinhas devem ser lavadas e aparadas, reduzindo seu comprimento para 
apenas sete cm (RODRIGUEZ et al, 1976). 
Os sacos plásticos para produção de mudas de citros devem 
ter pelo menos 20 cm de largura e 30 cm de altura. Para o enchimento 
destes recipientes, pode-se utilizar terriço de mata peneirado, misturado 
com esterco de gado curtido, na base de duas partes de terra para uma 
de esterco, mais dez kg de superfosfato simples e dois kg de cloreto de 
potássio, para cada metro cúbico da mistura.
Na operação de transplantio, é importante não deixar as raízes 
das mudas dobradas, para evitar o enovelamento, o que prejudica o seu 
crescimento.
Enxertia
As mudas estão prontas para serem enxertadas depois dos cinco 
meses do transplantio. O método mais empregado na enxertia de citros 
é a borbulhia. As borbulhas devem ser adquiridas de viveiro registrado 
no Ministério da Agricultura. A operação de enxertia deve ser realizada 
com ferramentas bem afiadas e bem limpas, em dias de temperatura 
amena; a irrigação das mudas deve ser abundante, o que aumenta índice 
de pegamento.
Decorridos 20 dias da enxertia, o amarrio deve ser retirado; 
naquelas plantas em que os enxertos não pegaram devem ser enxertadas 
novamente, no lado oposto da primeira enxertia e aqueles que foram bem 
sucedidos, uma semana após a retirada do amarrio devem ser decapitadas 
três cm acima do local da enxertia.
Após a decapitação, nos porta-enxertos irão se desenvolver 
vários brotos, porém os demais devem ser eliminados, deixando-se apenas 
aqueles provenientes da borbulha enxertada, que irá formar a parte aérea 
da planta (SILVA et al, 2004).
 
Formação da muda
O broto proveniente da borbulha enxertada deverá se desenvolver 
em haste única até 80 cm de altura, formando assim a chamada muda tipo 
palito ou haste única, muito utilizada atualmente. Para que a muda cresça 
Fruticultura
41
Unidade 5 
Cultura de citros 
e cupuaçu
na vertical, ela deve ser tutorada com uma haste de bambu ou outro 
material. 
Podemos ter, também, as mudas com a parte inicial da copa 
formada no viveiro. Para isso, eliminamos a parte aérea da muda a 60 cm 
de altura,o que irá forçar o aparecimento de vários brotos. Destes, são 
deixados apenas três ou quatro em alturas e ângulos diferentes, que irão 
se desenvolver, sendo os demais eliminados.
Quando as mudas forem vendidas, por ocasião do arranquio, 
estes galhos serão podados a 20 cm de comprimento, formando as 
“pernadas” ou primeiros galhos da planta. Está assim formada a muda, 
pronta para ir para o local do plantio definitivo. O período para formar 
uma muda deste tipo dura de 18 a 24 meses (RODRIGUEZ et al,1976). 
Implantação de pomar
Um pomar de citros deve durar mais de 20 anos em produção, 
por isso deve ser bem planejado e implantado com os devidos cuidados, 
uma vez que, passado o tempo, não dá para corrigir muitos problemas 
originados no início da implantação.
Preparo do solo
O solo deve ser arado, gradeado e feitas todas as práticas 
conservacionistas, para evitar a erosão. 
Espaçamento
O espaçamento de plantio depende do nível tecnológico que 
se pretende dar ao pomar. Em solo fértil, quando se pretende fazer boa 
adubação, o espaçamento entre as plantas deve ser maior; em solo de 
baixa fertilidade, em que a adubação não será tão pesada, o espaçamento 
entre planta pode ser menor.
Considerando este aspecto, o espaçamento de plantio de 
laranjeira pode variar de 3 a 4 metros entre plantas na fileira e 5 e 6 metros 
entre fileiras. Para as tangerinas, o espaçamento pode ser menor, e para os 
limoeiros (limas ácidas taiti e galego), pode ser maior. Pode-se optar por 
menor espaçamento na implantação do pomar e, posteriormente, quando 
as plantas começarem a fechar a área, optar pelo desbaste, eliminando-se 
plantas nas fileiras, alternadamente.
Época de plantio
Nas regiões quentes como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, se o 
produtor dispuser de irrigação, o plantio pode ser feito em qualquer época 
do ano; caso contrário, o plantio das mudas no campo só poderá ser feito 
Fruticultura
42
Unidade 5 
Cultura de citros 
e cupuaçu
no período das chuvas, preferencialmente no início, para que as mudas 
possam enraizar e criar estruturas para prosseguir seu desenvolvimento 
no período seco.
Calagem e adubação 
A calagem e a adubação para a cultura dos citros devem ser feitas 
baseadas na análise química do solo e na experiência de um profissional 
que tenha experiência com a cultura na região. A calagem deverá ser feita 
em toda a superfície do terreno, visando elevar o pH para a faixa entre 6,0 
a 6,5. Além da calagem de toda a superfície, deve-se fazer a calagem na 
cova, com cerca de 400 gramas de calcário dolomítico. 
Na falta de uma adubação mais adequada, pode-se usar a 
seguinte (SILVA et al, 2004): durante o período em que as mudas estão no 
viveiro, a cada 15 dias cada vaso deve ser adubado com 50 ml de uma 
solução feita com 5 g de superfosfato simples, 10 g de sulfato de amônio, 
5 g de cloreto de potássio e 1,2 g de cal hidratada para cada litro de água.
 
Época N P2O5 K2O FTE Calcário Esterco 
(litros) 
Cova 
30 dias 
1 ano 
2 anos 
3 anos 
4 anos 
 
- 
60 
90 
150 
180 
300 
100 
- 
160 
130 
130 
200 
20 
40 
90 
100 
100 
240 
50 
- 
- 
50 
- 
50 
300 
- 
- 
500 
- 
500 
10 
20 
20 
20 
20 
20 
Quadro 3 - Adubação de formação em gramas por cova.
Fonte: Professor Antenor.
Observação: dividir as adubações nitrogenadas e potássica em 
três vezes, com o solo úmido, em dezembro, fevereiro e maio. Colocar o 
esterco o FTE e mais 50 g de sulfato de zinco na adubação de dezembro.
ADUBAÇÃO DE PRODUÇÃO (em grama de nutriente por caixa de 
frutos produzidos):
N = 150 P2O5 = 90 K2O = 120
Controle das plantas daninhas
O pomar de citros deve ser mantido sem a concorrência das 
plantas daninhas, seja utilizando-se capinas manuais, herbicidas ou 
roçagens. Um cuidado deve ser lembrado: quando se usa roçagem com 
trator, no período de chuvas, em solo muito argiloso, ocorre a compactação 
do solo, o que irá prejudicar o crescimento do sistema radicular das 
plantas e consequentemente da planta como um todo, por isso, sempre 
que possível, esta prática deve ser evitada.
Fruticultura
43
Unidade 5 
Cultura de citros 
e cupuaçu
Cultura intercalar 
Na cultura de citros, no início da implantação do pomar, o espaço 
entre as plantas pode ser ocupado com culturas de ciclo curto, como 
olerícolas de um modo geral, abacaxi, arroz, amendoim, etc. conquanto 
não estabeleça concorrência com os citros.
A utilização desta área com as culturas intercalares é importante 
para fornecer uma renda inicial ao produtor, uma vez que os citros só vão 
produzir frutos para serem comercializados a partir do terceiro ou quarto 
ano do plantio (KOLLER, 2006).
Poda 
A poda é uma prática utilizada nos citros e visa eliminar ramos 
doentes, atacados por insetos, ramos secos e os chamados brotos ladrões, 
aqueles que de certa forma iriam prejudicar a formação de uma parte 
aérea regular, bem equilibrada. A poda, sempre que necessária, deve ser 
feita no período seco e após sua realização, o corte deve ser protegido 
com calda bordaleza.
Colheita
A colheita é uma operação que deve ser feita utilizando-se 
escadas, sacolas de colheita de fundo falso e com bastante cuidado para 
evitar danos aos frutos, especialmente se estes são destinados ao mercado 
de frutas frescas. As tangerinas devem ser colhidas com tesoura, deixando-
se um pedaço de 0,5 cm do pedúnculo para evitar o seu apodrecimento.
Após a colheita, os frutos devem ser levados para a casa de 
beneficiamento, onde são lavados e escovados, para remoção de poeiras 
e outras sujeiras que podem prejudicar sua aparência. Antes de serem 
enviados para o comércio, frutos muito pequenos, atacados por pragas e 
doenças ou com algum defeito, devem ser descartados (SILVA et al, 2004).
Principais doenças e pragas
Existem várias doenças e pragas que podem trazer grandes 
prejuízos aos citros se não forem controladas adequadamente.
Doenças
a) Gomose
Agente causal: Phytophthora spp.
Sintomas: penetra nos tecidos através de ferimentos e 
desenvolve-se no câmbio, produzindo necrose; a casca apresenta-se 
seca e rachada; pode aparecer exudação de goma, folhas cloróticas, 
desfolhamento e morte de tecidos no colo da planta.
Fruticultura
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Unidade 5 
Cultura de citros 
e cupuaçu
Controle: instalar o pomar em solo bem drenado, usar mudas 
sadias, porta-enxerto resistente, fazer enxertia a 30-40 cm de altura e 
pincelamento do tronco das plantas com calda bordaleza. No início do 
aparecimento da doença, fazer cirurgia retirando os tecidos doentes e 
pincelamento com fosetil-Al (BENTES et al, 2006).
b) Queda prematura dos frutos jovens.
Agente causal: Colletotrichum acutatum
Sintomas: os frutos caem, permanecendo na planta apenas os 
discos florais ou frutinhos de cor amarelo-pálida, que não se desenvolvem.
 Controle: fazer pulverizações dirigidas à inflorescência com 
fungicidas cúpricos, clorotalonil, mancozeb, benzimidazol (BENTES et al, 
2006).
Pragas
a) Pulgão preto dos citros: Toxoptera citricida
O pulgão preto é um inseto pequeno (2mm de comprimento) de 
cor castanho-escura tendendo a preto.
Danos: ataca os brotos e folhas das plantas jovens, provocando 
deformações, diminuindo o crescimento. É transmissor do vírus da tristeza; 
provoca aparecimento da fumagina, o que prejudicaa fotossíntese.
Controle: pulverizações a base de fosfamidon, dimetoato ou 
pirimicarb, que atua somente sobre os pulgões.
b) Larva minadora dos citros: Phyllocnistis citrella
A larva minadora dos citros é a larva de uma borboleta diminuta, 
de cor branco-prateada, que cava galerias em forma de serpentina nas folhas 
e brotos jovens, provocando deformações e diminuindo o crescimento das 
plantas. Os maiores danos ocorrem em viveiros e pomares novos.
Controle: pulverizações com imidaclopride, abamectina, 
diflubenzuron ou extrato vegetal a base de nim (BENTES et al, 2006).
c) Mosca negra dos citros: Aleorocanthus woglumi
A mosca negra é um pequeno inseto de cor azul-acinzentada 
que deposita os ovos, em grande quantidade, na página

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