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A) FRUTICULTURA AUTORES ANTENOR FRANCISCO DE FIGUEIREDO CARLOS ALBERTO FRANCO TUCCI Fruticultura 9 Introdução Introdução Fruticultura é uma disciplina profissionalizante, a qual tem por finalidade levar aos alunos conhecimentos que estão relacionados ao cultivo de plantas frutíferas. Contudo o número de plantas que produzem frutos que são importantes para o homem é muito grande, por isto escolhemos algumas espécies das mais conhecidas e que os profissionais de Ciências Agrárias devem conhecê-las melhor. O conteúdo será apresentado, neste caderno, em cinco unidades. Na primeira unidade, iremos ver a cultura da bananeira, fazendo considerações sobre: qual o local de origem; como foi originada; como é dividida em grupos de cultivares; quais as exigências climáticas da cultura; como instalar um bananal; o modo mais técnico de fazer a colheita; manuseio pós-colheita; principais pragas e doenças e seu controle. Na segunda unidade, iremos estudar a cultura do abacaxizeiro, fazendo considerações sobre: qual sua importância econômica e social; local de origem; quais as influências que o clima exerce sobre a cultura; as principais cultivares; métodos de propagação; épocas de plantio e densidade; tratos culturais; colheita; principais pragas e doenças e seu controle. Na terceira unidade, iremos estudar a cultura do mamoeiro, considerando: a importância econômica e social; local de origem; descendência esperada em um cruzamento; produção de sementes de qualidade; estabelecimento de um plantio; colheita; classificação; embalagem; principais pragas e doenças e seu controle. Na quarta unidade, iremos estudar a cultura do maracujazeiro, fazendo considerações sobre: qual local de origem; biologia floral; principais cultivares; espaldeira; plantio; adubação; tratos culturais; colheita; principais pragas e doenças e seu controle. Na quinta unidade estudaremos as culturas de citros e cupuaçu, considerando: a origem destes frutos; a importância deles; a produção de mudas; estabelecimento de plantio; tratos culturais; adubação; principais cultivares; colheita; e comercialização; principais pragas e doenças e seu controle. Fruticultura 10 Palavras do professor autor Palavras dos professores autores Prezado aluno, Este caderno traz para você conhecimentos da disciplina Fruticultura. Com eles pretendemos orientá-los nos estudos relacionados à fruticultura, para que você possa, com nossas orientações, realizar atividades práticas na área. É importante que você procure aproveitar ao máximo as informações constantes nas cinco unidades que compõe o caderno. Para tanto participe de todas as atividades programadas. É por intermédio da realização das atividades propostas que você terá condições de aprender o conteúdo deste caderno Utilize este material como guia para seus estudos. Tire todas as dúvidas de cada unidade antes de passar para a seguinte. Neste caderno mostraremos que existe um número muito grande de plantas que produzem frutos comestíveis importante para o homem. Estudá-los todos seria impossível em uma única disciplina. Por isto escolhemos seis culturas de maior interesse para o nosso curso que são banana, abacaxi, mamão, maracujá, citros (laranja e limão e tangerina) e cupuaçu. Uma vez sabedor dos conhecimentos para estas culturas, fica fácil aprender como lidar com outras. Sabemos que para boa qualidade de vida, o homem deve ingerir diariamente carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas, sais minerais e fibras, além de praticar exercício regularmente. Sabidamente as frutas são boa fonte de vitaminas, sais minerais e fibras. Consumi-las diariamente é sinônimo de longevidade, saúde. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, sendo superado apenas pela China e Índia. Outros grandes produtores de fruta são: Estados Unidos, Indonésia, Filipinas e México. Entre os frutos mais produzidos no mundo temos a banana, uva, maçã, coco, melão e manga, abacaxi, pêssego e limão. O brasileiro consome em média 57 Kg. de fruta por ano. Aparentemente é uma quantia considerável, mas se comparada com países como Espanha, Itália e Japão estamos muito aquém do desejável. Os frutos mais consumidos pelos brasileiros são banana, laranja e maçã. Temos também as influências das ofertas das estações e das regiões, que fazem com que haja variações. Conhecedores disto, esperamos que a disciplina desperte bastante interesse de todos e que ao final do curso tenham aprendido o suficiente para saber conduzir estas culturas em moldes técnicos e sejam capazes de ajudar aqueles que necessitem de orientação. Desejamos-lhes bom trabalho. Professor Antenor Francisco de Figueiredo Professor Carlos Alberto Franco Tucci Fruticultura 11 Orientações para estudo Ementa Orientações para estudos Para que você tenha bom desempenho em nossa disciplina há necessidade que você proceda de maneira sistemática no seu processo de aprendizagem. Mas como agir de maneira sistemática? Vamos apresentar algumas orientações para o uso deste caderno que poderão ajudar você agir desta maneira. A disciplina está organizada em cinco unidades, constando de novos conhecimentos, como conceitos e premissas que você terá que ler com atenção. A leitura pode ser realizada individualmente. Se isto acontecer, enquanto você lê sublinhe as palavras e os conteúdos que você desconhece. Quanto às palavras desconhecidas, verifique primeiro se elas constam no Glossário que está no final do seu caderno. Se você não encontrar as palavras desconhecidas nele, procure-as, então, em dicionário, para tirar as suas dúvidas. Feito isto, volte ao texto e leia-o mais uma vez. Se por acaso você continuar com as dúvidas, reúna-se com alguns colegas e discuta as partes que não foram entendidas. Se as dúvidas ainda continuarem, recorra ao professor tutor, e se este não dirimi-las vá ao ambiente virtual e solicite ajuda do professor da disciplina. Depois que você tiver dominado o conteúdo da unidade, comece a realizar as atividades. As atividades são variadas, e se você tiver dúvidas em relação a como realizá-las entre em contato com o professor da disciplina. Bom estudo. Ementa Importância, origem, condições edafoclimáticas, sistemas de cultivo, tratos culturais, colheita e comercialização de citros, abacaxi, mamão, maracujá, banana e fruteiras regionais. Objetivos de ensino-aprendizagem 1. Capacitar o aluno para instalar um pomar das referias culturas em moldes técnicos, bem como familiarizá-lo com tratos culturais e torná- lo capaz de identificar as principais pragas e doenças e seu controle, orientar a colheita e comercialização destas culturas. 2. Instalar um pomar em moldes técnicos. 3. Proceder a tratos culturais das culturas considerados no caderno. Fruticultura Unidade 1 Cultura da bananeira 12 4. Identificar as principais pragas e doenças e os meios de controle. 5. Fazer a colheita, transporte, conservação, comercialização e a pós-colheita das culturas. 6. Elaborar um projeto das culturas tratadas. Unidade 1 Cultura da bananeira Síntese: Nesta unidade, veremos a origem e importância deste fruto, fazendo, posteriormente, considerações relacionadas à sua botânica, ao clima e solo, às condições edafoclimática, às suas técnicas de cultivo, à colheita, às principais pragas e seus controles, como às principais doenças e seus controles. Local de origem e importância A bananeira é de origem asiática, da região tropical da Índia e Malásia (EMBRAPA, 1997), e de lá se dispersou para o resto do mundo. Para as Américas, provavelmente, foi levada por correntes marítimas e ou por navegadores da Antiguidade, como os fenícios e chineses. Na América foi encontrada por Cristóvão Colombo por ocasião das primeiras viagens (ITAL, 1995). No Brasil, os primeiros navegadores que percorreram o Rio Madeira já haviam identificado em suas margens o cultivo da bananeira (ITAL, 1995). A banana é a fruta mais produzida no mundo, com cerca de cento ecinco milhões de toneladas por ano (MANICA, 2006). Os maiores produtores mundiais de banana são a Índia, Brasil, China, Equador, Filipinas, Indonésia e Costa Rica (MANICA, 2006). No Brasil, são os maiores produtores de banana: São Paulo, Bahia, Pará, Minas Gerais e Santa Catarina (BORGES; SOUZA, 2004). A área cultivada com a banana no Brasil é cerca de quinhentos mil hectares e gera cerca de quatrocentos mil empregos diretos, (MANICA, 2006), sendo uma ótima cultura para gerar renda e alimento para a população rural. Botânica A bananeira pertence à família musaceae, gênero Musa e as espécias Musa acuminata (AA) e Musa balbisiana (BB), (SIMMONDS, 1966). Foi a Musa acuminata que sozinha ou em cruzamento com a Musa balbisiana originaram todas as cultivares, atualmente conhecidas pelo homem (ITAL, 1995). De acordo com Borges e Souza (2004), essas cultivares podem ser agrupadas da seguinte forma: Fruticultura Unidade 1 Cultura da bananeira 13 Grupo AA: Neste grupo temos uma cultivar denominada banana ouro, ou baé, ou nanica, que apresenta frutos curtos, de cor amarela quando maduros, e muito doces. Grupo AAB: Neste grupo temos várias cultivares exploradas comercialmente, como a prata, maçã, pacovan, pacovinha, pacovan do nordeste, que é bem parecida com a prata, a thap maeo, a prata zulu e a prata anã. Grupo AAA: Neste grupo estão as cultivares nanica, conhecida, também, como baé, por ser a planta de porte baixo, também conhecida como casca verde ou banana d’água e nanicão, uma mutação da nanica, cuja planta tem porte um pouco mais alto. São as cultivares mais produzidas no mundo. (ITAL, 1985). Neste grupo ainda existem as cultivares banana roxa, cujos frutos e planta são roxos, e a caru verde, ou banana casada, que é uma mutação da anterior. Grupo AAAB Neste grupo estão algumas cultivares tetraplóides, lançadas pela EMBRAPA por serem resistentes à sigatoka negra. São elas a FHIA 18, FHIA1, pacovan Ken e preciosa. Clima e solo O clima afeta diretamente o comportamento da bananeira. Dentre os fatores do clima que exercem maior influência na cultura temos: Temperatura A banana pode ser cultivada economicamente em temperatura que varia de 18 a 35 graus centígrados, com um ótimo em torno de 26 a 27 graus centígrados. Quando a temperatura baixa de 15 graus a planta paralisa o crescimento, e abaixo de 13 graus ocorre o fenômeno denominado de friagem, que consiste em coagulação do protoplasma das células, principalmente da casca dos frutos, e impede que esses madureçam normalmente. Em temperatura próxima de zero ou abaixo, as plantas secam as folhas, mas ao subir a temperatura, estas voltam a vegetar normalmente. (EMBRAPA, 1997). Umidade A bananeira é uma planta de crescimento contínuo e por isto, para o seu desenvolvimento, necessita de fornecimento contínuo de água. Mensalmente deve-se fornecer pelo menos 100 ml de água, seja na forma de chuva ou por irrigação, para que a planta desenvolva adequadamente. (ITAL, 1995). Fruticultura Unidade 1 Cultura da bananeira 14 Vento Em locais de ventos fortes, as folhas das plantas perdem muita água e ficam dilaceradas, o que de certa forma prejudica o seu desenvolvimento; por ocasião da formação do cacho, a planta pode tombar e para evitar isto deve ser escorada. (BALESTERO, 1985; EMBRAPA, 1997). Solo A bananeira se desenvolve bem na maioria dos solos, desde que não seja excessivamente arenoso, por este ter dificuldade de reter umidade e nutrientes ou excessivamente raso, por dificultar o aprofundamento das raízes. Também não suporta solo encharcado ou com lençol freático muito raso, o que prejudica o crescimento das raízes. (BALESTERO, 1985). Estabelecimento de um bananal Aquisição das mudas Para a formação do bananal devem-se adquirir sempre mudas sadias, retiradas de bananal livres de pragas e doenças ou mudas de cultura de tecidos, (ITAL, 1995) As mudas de bananeira podem ser dos tipos: Chifrinho: mudas de até 50 cm. de altura, cujas folhas ainda não apresentam libo foliar expandido. Chifre: mudas de 50 a 80 cm. de altura e suas folhas já iniciaram expandir do limbo. Chifrão: mudas acima de 80 cm. de altura que já apresentam limbo foliar em expansão. Todos estes tipos de mudas podem ser utilizados para formar um bananal comercial. Temos ainda as mudas de cultura de tecidos que, apesar de caras e nem sempre estarem disponíveis para a maioria dos produtores, são de muito boa qualidade. Espaçamento de plantio De um modo geral pode-se utilizar os seguintes espaçamento (ITAL, 1985): Cultivares de porte alto, como a prata, pacovan, roxa e prata zulu: 3x3m. a 4x4m. Cultivares de porte médio, como a prata anã e a maçã: 2x3m a 3x3,5m. Cultivar de porte baixo como a nanica e nanicão: 2x2m a 2x2,5m. Época de plantio Em regiões quentes como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a bananeira pode ser plantada em qualquer época do ano, desde que haja disponibilidade de irrigação para que a planta prossiga seu desenvolvimento, caso contrário, só poderá ser plantada no período das chuvas. Fruticultura Unidade 1 Cultura da bananeira 15 Tratos culturais a) controle das plantas daninhas: pode ser feito pela capina com enxada, roçagem do mato ou com o uso de herbicidas como glifosato ou gramoxone, desde que não atinjam diretamente as plantas. (BORGES; SOUZA, 2004 ). b) desfolha: consiste em eliminar as folhas secas ou quebradas do bananal. É uma prática que melhora o arejamento e luminosidade do bananal e evita que seja criado ambiente favorável a pragas e doenças. Por ocasião da desfolha, o material resultante deve ser acumulado entre as fileiras e nunca no pé das plantas. c) proteção dos cachos: após a emissão, os cachos devem ser protegidos com sacos plásticos nas dimensões de um metro de comprimento por oitenta centímetros de largura, para protegê-los do ataque de pássaros e pragas. A melhor ocasião para se efetuar esta operação é logo após a emissão do cacho, por este se encontrar de tamanho pequeno. (ITAL, 1995). d) desbaste: a cultura de bananeira deve ser mantida desbastada, deixando-se apenas três plantas de idades diferentes (uma família) em cada touceira: uma planta mais velha, a planta mãe, uma planta de tamanho intermediário, a planta filha, e uma planta em início de crescimento, a planta neta; os demais perfilhos devem ser eliminados no desbaste que se faz a cada dois ou três meses. A maneira mais prática de se fazer este desbaste é utilizando uma ferramenta denominada “lurdinha”. Para isto cortam-se as mudas a serem eliminadas, com um facão, rente ao solo e com auxílio desta ferramenta elimina-se a gema vegetativa que está localizada no centro do rizoma. (OLIVEIRA, 1996; ITAL, 1995). Calagem A bananeira produz melhor quando o pH do solo varia entre 6,0 a 6,5, por ser a faixa em que os nutrientes essenciais estão mais disponíveis para as plantas. Por isso, a calagem deve ser baseada na análise química do solo. (SALOMÃO, 2005). Adubação Deve ser baseada na análise química do solo e na experiência de um profissional competente que tenha prática com a cultura. Contudo, pode-se usar a seguinte adubação (PADOVANI, 1986; GASPAROTO, 1999) de plantio: colocar em cada cova, antes do plantio, 300g. de superfosfato simples, mais 10 a 20 litros de esterco curtido, mais 40 gramas de um adubo que contenha micronutrientes como o FTE. Fruticultura Unidade 1 Cultura da bananeira 16 Adubação de crescimento da bananeira; colocar em cada cova: Fontes de Nutriente Cloreto de potássio 2 meses 4 meses 7 meses 10 meses Uréia 135g. 100g. 135g. 300g. 300g. 300g. 150g. 150g. Quadro 1 – Adubação de crescimento da bananeira. FONTE: Professor Antenor. Adubação de produção: para cada tonelada de banana produzida, colocar por hectare: 2,0 Kg. de N, 0,5 Kg. de P2O5 e 6,0 Kg. de K2O. Além destes nutrientes deve-se colocar anualmente 50 Kg. de FTE. Colheita A banana pode ser colhida depois que os frutos alcançam seu crescimentofinal, porém ainda verde. Na operação de colheita e subsequentes devem-se evitar choques e abrasões nos frutos para que estes não percam qualidade. Após a colheita, os cachos são transportados para o galpão de beneficiamento, onde são pendurados, despencados e as pencas são lavadas em água com detergente, na base de 500 ml para cada 1000 litros de água. Depois de lavados, os frutos devem ser submersos em uma solução de 400 ppm de tiabendazol por um período de 5 minutos (ITAL, 1995). Estas operações têm a função de retirar eventuais sujeiras, melhorando a aparência para o mercado e diminuir a temperatura dos frutos, que por ocasião da colheita pode estar muito alta, o que prejudicaria a sua maturação e comercialização. Após o tratamento, os frutos são levados para a câmara de maturação, onde é feita a maturação controlada. Maturação controlada A maturação controlada das bananas é feita em câmaras onde a temperatura é calibrada para 18 graus centígrados, umidade entre 85 a 95%. Depois de cheia de frutos, injetam-se os gases de maturação como o etileno (C2H4) ou acetileno (C2H2) na base 1 litro para cada metro cúbico de câmara. Este gás permanece na câmara por 12 horas. Passado este período, a câmara é aberta, os gases do seu interior são exauridos, a câmara é novamente fechada, e faz-se nova injeção de gás, que permanece por mais 12 horas no interior da câmara. Findo este período, esses gases são retirados e os frutos permanecem por mais 12 horas na câmara. Passado este tempo, os frutos são retirados e distribuídos para o mercado. Os frutos estarão maduros depois de cinco ou seis dias. Todos amadurecerão ao mesmo tempo. Maduras desta maneira, as bananas permanecerão por Fruticultura Unidade 1 Cultura da bananeira 17 uma semana em boas condições de serem comercializadas ou consumidas (ITAL, 1995; ALVES et al, 1997). A maturação controlada (BORGES; SOUZA, 2004) pode ser feita da seguinte forma, sem utilizar a câmara de maturação: usa-se 208 ml. do produto comercial Ethrel (o princípio ativo é o etefon), contendo 240 g./ litro, para cada 100 litros de água. Os frutos são mergulhados nessa solução por 10 minutos. Findo este período, os frutos são retirados e guardados em um local adequado para sua maturação, que acontecerá de maneira uniforme em um período aproximado de seis dias. Esta solução pode ser utilizada por mais de 200 dias, o que pode tornar este método bastante econômico. Principais doenças a) Sigatoka negra: causada pelo fungo Mycosphaerella fijienssi, que ataca as folhas das plantas, destruindo-as e prejudicando o processo de fotossíntese. O controle desta doença pode ser feito utilizando cultivares resistentes como FHIA 18, prata zulu e thap maeo ou realizando- se pulverizações quinzenais com fungicidas a base de tiabaedazol, ou semanais com fungicidas à base de cobre, (PEREIRA et al, 1998; SOUTO et al,1997). b) Mal do Panamá: causado pelo fungo de solo Fusarium oxysporum f. cubensis. Este fungo provoca a obstrução dos vasos das plantas, deixando-os de cor escura, podendo provocar a morte da planta, ou reduzir a produção. Depois de infestado, o solo fica, por muitos anos, praticamente imprestável para a cultura da bananeira. A maneira de controlar esta doença é usar cultivares resistentes, como a nanica e nanicão, thap maeo, FHIA 18, entre outras, e usar mudas sadias em solos que não estejam contaminados (ITAL, 1995). c) Moko: causado pela bactéria Ralstonia solanacearum, raça 2. Esta bactéria ataca toda a planta, causando o escurecimento dos vasos, prejudicando a produção. Depois de contaminando, o solo não pode ser usado pela cultura por um período de 18 meses. A maneira de produzir banana em regiões que apresentam esta doença é a utilização de mudas sadias em solo livre desta bactéria. Ainda não foi identificada cultivar que seja resistente a esta doença. (PEREIRA et al, 1998). Principais pragas Dentre as pragas que atacam a cultura da bananeira, uma merece destaque, o moleque da bananeira ou broca da bananeira, Cosmopolites sordidus. Na fase adulta, esta praga é um besouro de cor preta, que mede cerca de 11 mm. de comprimento e 5 mm. de largura. Na fase de larva Fruticultura 18 Unidade 2 Cultura do abacaxizeiro esta praga ataca o rizoma da planta, onde cava galerias, prejudicando a planta, tornando-a pouco produtiva. O controle desta praga é feito usando- se isca envenenada, que consiste de pedaços de pseudocaule de bananeira que já produziu cacho. Cada pedaço de 50 cm. de pseudo caule deve ser partido longitudinalmente, e na face cortada faz-se o pincelamento com um inseticida, distribuindo-se as iscas pelo terreno do bananal, com a parte tratada voltada para o solo, na base de 50 isca por hectare. (ITAL, 1995; BALESTERO, 1985). Unidade 2 Cultura do abacaxizeiro Síntese: Origem e importância. Botânica. Cultivares. Clima e solo. Condições edafoclimática. Propagação e manejo das mudas. Técnicas de cultivo. Colheita. Principais pragas e seus controles. Principais doenças e seus controles. Origem e importância econômica O abacaxizeiro é originário do Brasil e mais provavelmente da região que abrange as regiões sul e centro-oeste do Brasil, o norte da Argentina e o Paraguai e daí foi levado para outras regiões da América do Sul e Central, onde o clima é favorável ao seu desenvolvimento. (CUNHA; CABRAL; SOUZA, 1999). A cultura do abacaxi é grande absorvedora de mão de obra e fonte de renda no meio rural e na indústria, uma vez que é um dos frutos mais industrializados. Os grandes produtores mundiais são Tailândia, Filipinas, Brasil, Índia, China, Nigéria, Indonésia e Colômbia. No Brasil é cultivados em todos os estados Brasileiros com destaque para o Pará, Paraíba, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e São Paulo. (MANICA, 2006). Botânica O abacaxi explorado comercialmente pertence à família da Bromeleaceae, gênero Ananas e espécie Ananas comosus L., Merril. Além desta espécie temos Ananas monstruosus conhecida como cabeça de onça e o Ananas nanus, conhecido como ananaí, cultivado como planta ornamenta. (MANICA, 1999). Fruticultura 19 Unidade 2 Cultura do abacaxizeiro Cultivares Dentre as cultivares exploradas comercialmente destacam-se: Smooth cayenne: conhecida como abacaxi havaiano. Esta cultivar tem algumas características importantes que a torna uma das mais cultivadas, como: formato cilíndrico, olhos planos, o que permite ótimo aproveitamento na indústria; cor de polpa amarela, importante por ser mais atrativa para o consumidor; a planta não tem espinhos nas folhas, o que facilita o cultivo. (CUNHA; CABRAL; SOUZA, 1999). Pérola ou branco de Pernambuco: muito cultivada no Brasil. Possui formato cônico, polpa de cor branca, muito doce, rica em suco, pouco ácida, o que satisfaz o paladar do brasileiro. (CUNHA; CABRAL; SOUZA, 1999). Regional: muito cultivado nas proximidades da cidade de Manaus AM. O fruto e a planta são bem parecidos com aqueles da cultivar pérola, porém o formato é menos cônico, os olhos dos frutos são bem proeminentes; a polpa é amarela, o que satisfaz as exigências do mercado regional e por isto alcança bons preços. Clima O clima exerce muita influência na abacaxicultura. (INFORME AGROPECUÁRIO, 1981), sendo fator decisivo para o seu sucesso. Dos elementos de clima destaca-se em importância: Temperatura: a cultura do abacaxi pode ser explorada economicamente em regiões onde a temperatura varia de 22 até 32 graus centígrados, estando a temperatura ótima em torno de 27 oC. Em temperatura abaixo de 20 ou acima de 35 graus, a planta paralisa o crescimento; e em regiões em que a maturação dos frutos ocorre na época mais fria do ano, esses são mais ácidos, crescem menos e são de qualidade inferior, ao contrário daqueles que amadurecem na época quente, quando os frutos são mais suculentos, mais doces e menos ácidos. Frutos produzidos nas regiões de clima quente são maiores, mais suculentos, menos ácidose muito doces. (MANICA, 1999). Precipitação: o abacaxizeiro é planta de crescimento contínuo e precisa de fornecimento regular de água para completar o seu ciclo normalmente. Se ocorrer seca forte durante o crescimento da planta, este é interrompido e a planta volta a crescer e completa seu ciclo, sem afetar a produtividade, apenas alonga o ciclo; porém, se a seca ocorrer após a planta entrar no período reprodutivo, os frutos serão menores e a produção pede ser seriamente afetada. (CUNHA; CABRAL; SOUZA, 1999). Fruticultura 20 Unidade 2 Cultura do abacaxizeiro Solo O abacaxizeiro desenvolve-se bem em todos os tipos de solo desde que não seja excessivamente arenoso, pelo fato deste não reter adequadamente água e nutrientes. Portando a maioria dos solos pede ser utilizado para a cultura, desde que não seja sujeito ao enxarcamento. Propagação Comercialmente o abacaxi é propagado por mudas. O tipo mais utilizado para sua propagação é a muda do tipo filhote, por ser produzida em maior quantidade e ser de tamanho mais uniforme. Além destas, temos mudas do tipo coroa, filhote rebentão e rebentão, também muito utilizadas para propagação. Temos ainda a muda de cultura de tecido, que são de ótima qualidade, mas são muito caras e na maioria das vezes não está disponível para o produtor. (INFORME AGROPECUÁRIO, 1985). Manejo das mudas Após a coleta, as mudas do abacaxi devem ser colocadas com a base voltadas para cima, a pleno sol, pelo período de cerca de 10 dias para haver a cicatrização, fazendo-se o que se chama de “cura” das mudas. Este procedimento é importante para evitar a entra de microorganismos e o apodrecimento das mesmas por após o plantio. As mudas podem também ser armazenadas à sombra de galpão ou árvore, pelo período de até seis meses antes de serem plantadas. Para isto, devem ser colocadas uma ao lado da outra, com a base para baixo. Podem ser deixadas aderidas à planta mãe, para continuarem a crescer até alcançar o tamanho 25 cm de altura, ideal para o plantio, é o que se chama de ceva, Informe Agropecuário. (REINHARDT; SOUZA; CABRAL, 2000). Plantio Preparo do solo Para o plantio do abacaxi, o solo deve ser preparado com uma aração e duas gradagem, deixando superfície bem destorroada e plana para facilitar o plantio. Espaçamento O abacaxi pode ser plantado tanto em fileiras simples como em fileiras duplas; o importante é que contenha pelo menos 30.000 plantas por hectare. Com exemplo de espaçamento podemos citar 0,40 x 0,80 m. com no qual são plantadas 31.250 mudas em um hectare ou o espaçamento duplo de 0,40 x 0,40 x 1,0 m. no qual são plantadas 35.714 mudas em um hectare, sem diminuir o tamanho dos frutos. Fruticultura 21 Unidade 2 Cultura do abacaxizeiro Época de plantio Em regiões quentes, o plantio do abacaxi pode ser feito em qualquer época do ano, desde que seja irrigado; fora disto, deve ser feito no período chuvoso. Quanto mais cedo o plantio for feito no período das chuvas, mais curto será o ciclo da planta. Quando o plantio é feito no final do período das chuvas, a planta enraíza, e logo após vem a seca; a planta pouco cresce neste período, mas tão logo comece a chover, ela recomeça o crescimento e completa o ciclo, permitindo ao produtor colocar sua produção fora de época no mercado, conseguindo bons preços pelo produto. (MANICA, 1999). Controle de plantas daninhas A cultura deve permanecer todo o tempo no limpo, seja pela capina com enxada, uso de herbicidas ou outro roçagem. Entre os herbicidas que podem ser utilizados na cultura do abacaxi podemos citar diuron, gesaprim, gesatop e bromacil, este último com a vantagem de ser usado em pós-emergência. (INFORME AGROPECUÁRIO, 1985). Calagem A calagem deve ser feita com base na análise química do solo, procurando elevar o ph para a faixa de 6,0 a 6,5 de preferência usando calcário dolomítico, que além de conter cálcio contém também magnésio em teor mais elevado, ambos nutrientes essenciais, e utilizados em elevadas quantidades pelas plantas. Adubação Além de se basear na análise química do solo é importante que o produtor possa contar com a experiência de um profissional competente, que tenha vivência com a cultura, para orientar de maneira mais adequada a adubação de abacaxizeiro. Enquanto não se define uma adubação mais adequada para cada local, pode-se colocar 60,0 Kg de P2O5 por hectare, distribuído no sulco de antes do plantio. Um mês após o plantio, colocar 4,0 g. de N e 4 g. de K2O por planta, o que deve ser repetido a cada dois meses. A primeira destas adubações deve ser feita em sulco próximo às plantas, as demais devem ser feitas colocando-se os adubos nas axilas das folhas mais velhas, bem próximas do solo. (INFORME AGROPECUÁRIO, 1981). Colheita Cerca de um ano após o plantio, dependendo do tipo de muda e da época em que estas foram plantadas, a colheita pode ser feita. O abacaxi Fruticultura 22 Unidade 2 Cultura do abacaxizeiro é um fruto não climatérico e por isto deve ser colhido completamente maduro. No ponto de colheita, o fruto muda da cor verde para a amarela, iniciando a mudança de cor pelo na base do fruto. Nas regiões de clima quente, o fruto pode alcançar a maturação e esta mudança de coloração é pouco percebida, mas o fruto já se encontra doce, pronto para ser colhido. Por ocasião da colheita deve-se deixar um pedaço do pedúnculo de cerca de dois centímetros, para evitar que o fruto apodreça, iniciando pela base. É importante evitar ferimento dos frutos na operação de colheita, causado por fricção, impactos, etc; além de prejudicar a conservação, estes ferimentos pedem se constituir em entrada para uma série de doenças. Após a colheita, os frutos devem ser levados para casa de beneficiamento onde são limpos, classificados e embalados para serem enviados para o mercado. (REINHARDT; SOUZA; CABRAL, 2000). Principais pragas a) Broca-do-fruto – Thecla basilides. É uma das principais pragas da cultura de abacaxi no Brasil. Ataca os frutos, formando galerias, de onde sai grande quantidade de resina, tornando-os imprestáveis para o consumo. Na fase adulta, este inseto é uma borboleta de cor parda escura, de cerca de 3,0 cm de envergadura. Estas borboletas depositam os ovos nas inflorescências e frutos, de onde saem as lagartas de cor avermelhada, que perfuram os frutos. Para o controle desta praga, pode-se empregar o inseticida biológico, Bacillus Thuringiensis ou os inseticidas carbaril ou paration metílico. As aplicações devem ser feitas após o aparecimento da inflorescência até o fechamento das flores, em intervalos de 10 dias, o que corresponde a um mês, aproximadamente. (FRUPEX, 1994). b) Cochonilha-do-abacaxi – Dysmicoccus brevipes. Conhecida popularmente como pulgão branco. Este inseto se constitui de pequenas cochonilhas de cor avermelhadas, corpo coberto de uma cerosidade branca. Formam colônias nas axilas das folhas ou nas raízes das plantas, onde sugam grande quantidade de seiva. Ao sugarem a seiva, eles introduzem na planta agentes de natureza, possivelmente virótica (FRUPEX, 1994), os quais fazem com que as plantas se apresentem murchas, ficando com a cor avermelhada. O controle desta praga pode ser feito utilizando-se óleo mineral, dissolvido em água a 1%, ou paration metílico, entre outros inseticidas. (FRUPEX, 1994). Principais doenças a) Fusariose – Fusarium subglutinans. É considerada a doença mais importante do abacaxizeiro, por causar enormes prejuízos à cultura. Pode atacar qualquer parte das plantas. Nos frutos, ela provoca o Fruticultura 23 Unidade 3 Cultura do mamoeiro aparecimento de goma, manchas escuras na casca, destruindo os tecidos, que ficam de cor escura, tornando-os imprestáveis para o mercado. A maneira eficiente de evitar esta doença é a utilização de mudas sadias no plantio e eliminação das plantas que apresentem sintomas, como vermelhão e morte de raízes. (FRUPEX, 1994). b) Mancha-negra-dos-frutos – Penicillium funiculosume Fusarium moniliforme. Normalmente, esta doença não apresenta sintomas externo, somente interno, quando apresenta manchas escuras na polpa dos frutos atacados. O seu controle deve ser iniciado quando as plantas iniciam o florescimento, eliminando-se os ácaros, transmissores da doença, fazendo-se pulverizações com acaricidas. (CUNHA; CABRAL; SOUZA, 1999). Unidade 3 Cultura do mamoeiro Sintese: Origem e importância. Botânica. Produção de sementes. Condições Condições edafoclimática. Cultivares. Técnicas de cultivo. Principais pragas e seus controles. Principais doenças e seus controles. Origem e importância econômica O mamão é originário da região tropical da América, tendo os espanhóis encontrado esta cultura no continente por ocasião do descobrimento e daqui foi levado para outras partes do mundo, (MEDINA et al, 1989). O Brasil é o maior produtor mundial de mamão, com uma área plantada estimada em mais de 35.000 hectares. Além do Brasil, também são grandes produtores México, Nigéria, Índia e Indonésia. No Brasil os Estados da Bahia, Espírito Santo, Ceará, Pará, Amapá e Rio Grande do Norte são os grandes produtores. (MANICA, 2006). É importante mencionar que a cultura do mamão só se desenvolveu no Brasil a partir do início da década de 1970, com a introdução das cultivares conhecidas, como “mamão Havaí”, pois até então o mamão plantado era o conhecido “mamão de passarinho”, que produz frutos grandes, de mais de quilo, de polpa amarela e de difícil manuseio para o mercado; era cultivado em fundo de quintal, com pouca expressão econômica. Fruticultura 24 Unidade 3 Cultura do mamoeiro Botânica O mamoeiro pertence à família caricaceae, gênero carica e a espécie Carica papaya L. As plantas, segundo Medina et al (1989), podem ser classificadas, de acordo com o tipo de flor que produz em: Ginóica: plantas que produzem somente flores femininas. Andróicas: plantas que produzem somente flores masculinas. Andromonóicas: plantas que produzem flores masculinas e flores hermafroditas. As flores do mamoeiro podem ser classificadas nos seguintes tipos (MEDINA et al, 1989): Flor tipo I. Flor feminina. Apresenta ovário grande, arredondado, sem estames, que vão formar frutos arredondados, de cavidade interna grande, polpa pouco espessa, pouco valorizados comercialmente, em regiões de consumidores mais exigentes. Flor tipo II. Flor hermafrodita pentandra. Estas flores são em tudo muito semelhantes às flores femininas, porém apresenta cinco estames. Os frutos produzidos deste tipo de flor são profundamente sulcados, sem valor comercial. Flor tipo III. Flor hermafrodita intermédia. Neste tipo floral são agrupados vários tipos de flores, não existindo uma única forma definida; agrupa flores de número de estames e forma variados. Flor tipo IV. Flor hermafrodita elongata. Apresenta 10 estames; as pétalas são soldadas até a metade. Este tipo de flor produz frutos alongados, de polpa espessa, ideal para mercado de consumidores exigentes. Flor tipo IV+. Este tipo de flor é produzido em plantas que produzem flor hermafrodita, porém na flor tipo iv+ o ovário não se desenvolve, fica como se fosse uma flor masculina com o pedúnculo curto. Estas flores são produzidas em determinadas épocas do ano, quando as condições de clima são desfavoráveis à produção de frutos. Flor tipo V. Estaminada ou masculina típica. São flores pequenas, aglomeradas em rácemos longos. Estas flores, apesar de possuir ovário, estes são de tamanho diminuto, portanto, não produzem frutos. Dependendo da época do ano, ou com o aumento da idade das plantas, algumas destas flores podem desenvolver o ovário e produzir frutos de formato longo, conhecidos como mamão macho ou de corda. Estes frutos apresentam cavidade pequena e polpa espessa, mas não servem para o mercado porque são insípidos, pouco doces. Estudando o mamoeiro, Storey (1941) apud Medina et al (1989), denominou o caráter hermafroditisdmo por M2, a masculinidade por M1 e feminilidade por m. Com isto a constituição das plantas ficou da seguinte forma: Fruticultura 25 Unidade 3 Cultura do mamoeiro Planta andromonóica: M2m Planta andróica: M1m Planta ginóica: mm As combinações M1M1, M2M2 e M1M2 são letais para o zigoto e por isto não existem. Quando do cruzamento de plantas de mamoeiro, a seguinte descendência é esperada: Cruzamento Andróica M1m Ginóica mm Andromon. Ginóca x andróica Mm x M1m Ginóica x andromonóica Mm x M2m Andromon. X andromon. M2m xM2m Andromnóica x andróica M2m x M1m Andróica x andróica M1m x M1m 50% 0% 0% 33% 66% 50% 50% 33% 33% 33% 0% 50% 66% 33% 0% Quadro 2- Descendência esperada do cruzamento de plantas de mamoeiro. Fonte: Medina et al (1989, p. 24). Pensando no formato do fruto mais adequado para o comércio, o cruzamento mais interessante seriam as plantas andromonóicas x andromonóicas ou as andromonóicas antofecundadas. Aliás, esta é uma característica interessante do mamoeiro: quando se reproduz por autofecundação não perde vigor. (MEDINA et al, 1989). Na cultura do mamão é comum a produção de frutos deformados conhecidos como carpelóides ou cara de gato. Segundo Medina et al (1989), este fenômeno ocorre devido a estes frutos se originarem de flores em que os estames são parcialmente transformados em carpelos. Este fenômeno é agravado por baixas temperaturas, solo enxarcado ou adubação nitrogenada excessiva. Frutos de mamão podem ser formados sem que haja fecundação das flores, portanto são partenocárpicos, sem sementes, que normalmente são de tamanho reduzido. A polinização do mamoeiro é realizada principalmente pelo vento. As flores abrem-se por volta das 20 horas e tornam-se receptivas dois dias antes da abertura, e assim continuam por mais cinco dias. (MEDINA et al, 1989). Fruticultura 26 Unidade 3 Cultura do mamoeiro Produção de sementes Para produzir sementes de boa qualidade, o produtor deve selecionar as melhores plantas do próprio plantio, selecionando aquelas com as melhores características como mais vigorosas, maior produção, frutificação precoce, frutos de melhor aparência, mais sadios, polpa mais vermelha, etc. Destas plantas, antes que as flores se abram, devem ser isoladas com saquinhos de plástico transparentes. Após sua abertura, retira-se o saquinho, faz-se a polinização, transferindo-se o pólen das anteras da própria flor para os seus estigmas, com auxílio de um alfinete ou algo semelhante e se coloca novamente os saquinhos, mantendo-as assim por mais uns quatro dias, ou até que os estigmas fiquem de cor escura, quando já não estão mais receptivos. Os saquinhos são retirados e os frutinhos daí resultantes são marcados com uma fita vermelha ou outro material, até alcançarem a maturação, quando estão prontos para a retirada e utilização das sementes. (ITAL, 1989). Clima Temperatura O mamoeiro é cultura de clima quente; portanto, temperatura abaixo de 15oC diminui, consequentemente, o crescimento das plantas, a emissão de novas flores e a produção de frutos. Para produção comercial é importante que a temperatura esteja sempre entre 20oC. e 32 oC., com a temperatura ideal entre 25 e 27oC. Nesta temperatura, a planta tem crescimento contínuo e os frutos são de ótima qualidade, muito doces, polpa macia e boa aparência. (ITAL, 1989). Precipitação A cultura de mamoeiro necessita de fornecimento contínuo de água, para que a planta possa crescer e produzir continuamente. Mensalmente deve receber pelo menos 100mm. de água distribuídos em quatro irrigações espaçadas de uma semana. (ITAL, 1989). Solo A cultura do mamão produz bem em qualquer tipo de solo, porém aqueles sujeitos ao enxarcamento, excessivamente arenoso, muito rasos e de lençol freáticos muito rasos devem ser evitados. Cultivares As cultivares mais importantes, comercialmente, no Brasil estão divididas no grupo “Havaí” ou solo e “Formosa”. Fruticultura27 Unidade 3 Cultura do mamoeiro No grupo solo, destacam-se a “improved sunrise solo cv. 72/12” e “sunrise solo”. Neste grupo os frutos são pequenos, em torno de 400g. mais valiosos comercialmente. No grupo formosa, os frutos são longos e bem maiores que do grupo solo, pesando em torno de um quilo cada. Neste grupo os mais conhecidos no Brasil são a cultivar “Tailândia” e os híbridos “tainung 1” e “tainung 2”. (FRUPEX, 1994). Plantio Espaçamento O plantio do mamoeiro pode ser efetuado tanto em fileira simples com em fileira dupla. Em fileira simples, o espaçamento entre planta na fileira pode variar entre 1,5 a 2,5 metros e entre fileiras pode variar de 2,5 a 3,5 metros. Normalmente em solos mais férteis, ou quando se planeja fazer uma adubação mais pesada, é importante adotar-se espaçamento maior. Quando plantado em fileira dupla, o espaçamento pode variar em torno de 1,8 m. entre plantas na fileira e entre as fileiras simples; entre as fileiras duplas, o espaçamento pode variar de três a quatro metros. O plantio pode ser feito em covas de 40 x 40 x 40 cm. ou preferencialmente em sulcos de 40 cm de largura e 40 cm de profundidade, uma vez que economiza mão de obra, quando comparado com a abertura de covas. Época de plantio Nas regiões quentes como norte, nordeste e centro-oeste o plantio do mamoeiro pode ser feito em qualquer época do ano, desde que se disponha da possibilidade de se fazer irrigação, para que ocorra bom pegamento e crescimento das mudas; se o produtor não dispuser de irrigação, o plantio deve ser feito sempre no início do período de chuvas. Preparo do solo Para a cultura do mamoeiro, o solo deve ser arado uma ou duas vezes conforme necessidade e gradeado de modo a deixar a sua superfície bem uniforme. É importante também não esquecer as práticas de conservação, como plantio em nível ou plantar vegetação com capacidade de conter a erosão, como capim cidreira também chamado capim santo. Para o mamoeiro é importante que se faça a calagem em toda a superfície do terreno e também nas covas ou sulco de plantio, de acordo com a análise química do solo. Fruticultura 28 Unidade 3 Cultura do mamoeiro Adubação A adubação do mamoeiro deve ser baseada na análise química do solo e na prática de técnicos que lidam com acultura. A adubação a seguir serve como uma indicação inicial. a) Adubação da cova: sempre que houver disponibilidade, colocar 10 litros de esterco de gado ou de galinha curtido em cada cova, mais 200 g. de calcário, de preferência, dolomítico. Decorridos 15 dias desta adubação, colocar em cada cova 100g de superfosfato simples e 50g. de cloreto de potássio, cinco dias antes do plantio. b) Adubação de cobertura: a cada mês após o plantio, colocar em cobertura por planta: 50g de uréia e 20g de cloreto de potássio, durante o primeiro ano. Após o primeiro ano acrescentar a adubação anterior 20g de superfosfato fosfato simples ou 15 de suferfosfato triplo. (MANICA, 2006). Tratos culturais Controle de plantas daninhas O pomar de mamão deve permanecer livre da competição de plantas daninhas desde o início. Para isto, o controle pode ser feito pela roçagem, capinas com enxada ou mediante o uso de herbicidas como glifosato ou paraquat, tendo-se o cuidado de não atingir as plantas de mamoeiro por ocasião da aplicação, para evitar intoxicação. Cobertura morta Se houver disponibilidade de algum material vegetal como capim seco, palha, ou outro qualquer, o uso de cobertura morta é uma prática importante para o mamoeiro, por diminuir o aparecimento de plantas daninhas; as perdas de água durante o período seco; manter a temperatura do solo mais baixa em regiões de temperatura mais elevada; e adicionar matéria orgânica ao solo. Cultura intercalar Devido o porte e ciclo do mamoeiro, é comum o uso de culturas intercalares. Entre as várias que podem ser usadas para este fim pode-se citar a batata doce, amendoim, alface, couve e muitas outras plantas que não sejam hospedeiras de pragas e doenças que podem ser transmitidas para o mamoeiro. As cucurbitáceas, como abóboras, melancia, pepino, etc. não devem ser usadas por serem hospedeiras de viroses que são transmitidas para o mamoeiro pelos pulgões. O mamão pode também ser usado como cultura intercalar para cultura de laranjeira, seringueira, castanheira, etc. (EMBRAPA, 2000). Fruticultura 29 Unidade 3 Cultura do mamoeiro Rotação de cultura A área utilizada para a cultura do mamoeiro não deve ser reutilizada para a mesma, antes de se passarem pelo menos 3 a 4 anos, visando diminuir a incidência de doenças que eventualmente pedem persistir no solo e voltar a infestar a cultura. É importante o agricultor, sempre que não for mais colher em um determinado plantio, eliminá-lo, para evitar que este seja uma fonte de dispersão de pragas e doenças para cultura vizinhas. Principais doenças Doenças causadas por fungos Existem várias doenças causadas por fungos na cultura do mamoeiro, entre as quais podemos citar a antracnose, varíola ou pinta preta, podridão peduncular dos frutos, podridão do pé ou gomose. Todas essas doenças são melhor controladas quando o produtor segue todas as práticas recomendadas para a cultura desde o momento em que decide produzir mamão, como evitar plantio em lugar sujeito a doenças, fazer adubação bem equilibrada, controlar as plantas daninhas adequadamente desde o início da lavoura, adquirir mudas de boa qualidade, fazer os controles fitossanitários no tempo certo, colher de maneira correta, manusear os frutos adequadamente após a colheita. Doenças causadas por vírus Existem vários tipos de vírus causadores de doenças no mamoeiro, podendo causar sérios prejuízos para o produtor, com destaque para o mosaico do mamoeiro. Na planta, o sintoma da presença de virose e identificada pelo amarelecimento das folhas novas da planta, que se apresentam verdes claras e de menor tamanho. Nos frutos podem aparecer manchas de formato anelar. O controle das viroses é realizado de maneira eficiente com vistorias semanais da lavoura e eliminação das plantas doentes, para evitar que as mesmas sirvam de fonte de infecção; eliminar os pomares que não estão sendo colhidos; evitar o plantio de cucurbitáceas em pomares e próximo a estes; realizar adubações equilibradas e controlar as plantas daninhas. (MANICA, 2006). Principais pragas O ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus) é a praga mais importante do mamoeiro. Ataca as folhas novas no ápice da planta, que ficam deformadas, muitas vezes reduzidas apenas às nervuras principais, o que prejudica o crescimento e expõe os frutos já formados aos raios solares, ficando, por isto, prejudicados para o mercado. Fruticultura 30 Unidade 4 Cultura do maracujazeiro Este ácaro é controlado de maneira eficiente com pulverizações a base de enxofre, dirigidas às partes mais novas da planta, nas horas mais frias do dia. (FRUPEX, 1994). Colheita A colheita do mamão deve ser feita quando os frutos começam a mudar da cor verde para o amarelo. A colheita deve ser realizada diariamente ou no máximo em dias alternados. Os frutos devem ser colhidos com um pedaço do pedúnculo, colocados em caixas de plástico e levados para o galpão de beneficiamento, onde são lavados e classificados de acordo com o formato, tamanho e grau de maturação. Só então são enviados ao mercado para serem comercializados. Unidade 4 Cultura do maracujazeiro Síntese: Origem e importância. Botânica. Cultivares. Condições Condições edafoclimática. Técnicas de cultivo. Principais pragas e seus controles. Principais doenças e seus controles. Origem e importância econômica O maracujá amarelo (Passiflora edulis sims f. flavicarpa Deg.) é de origem sul americana. Além desta espécie, que é a mais plantada para fins comercial, existem outras como o maracujá roxo (Passiflora edulis sims) mais explorado na Austrália e África do Sul; o maracujá-açu, ou maracujá do Pará, também conhecido no nordeste do Brasilcomo maracujá de família; (Passiflora quadrangularis Linaeus) e o maracujá suspiro (Passiflora nitida), encontrado na região norte do Brasil, muito apreciado para ser consumido ao natural. (ITAL, 1995). A cultura do maracujá, em termos econômicos, teve início no Brasil somente na década de 1970, pois até então era explorada como cultura de fundo de quintal e quase não era encontrada à venda em feiras e mercados. A partir desta década cresceu em importância e hoje figura como importante na fruticultura, sendo o Brasil o maior produtor mundial. Seguem ao Brasil: o Peru, Venezuela, África do sul, Sri Lanka e Austrália, como grandes produtores. (SILVA; LOPES, 2008). No estado do Amazonas, esta cultura é explorada por pequenos produtores. A produção se destina ao mercado de fruta fresca ou é transformada em polpa, situando-se os principais produtores nas proximidades da cidade de Manaus, dentre os quais se citam: Iranduba, Manacapuru e Itacoatiara. (SILVA; LOPES, 2008). Fruticultura 31 Unidade 4 Cultura do maracujazeiro Esta cultura tem como característica muita oscilação de preço, isto é: em determinado ano de escassez do produto, os preços são muito elevados o que leva muitos produtores a faze plantios, fazendo com que haja superprodução e como consequência baixos preços, poucos compensadores. Esta característica da cultura é mais pronunciada em regiões onde a produção é destinada somente ao mercado de frutas in natura e menos importante em regiões onde há industrialização, para produção de suco, onde muitos produtores produzem sob a forma de contrato com a indústria com garantia de preço. (JOSÉ, 1994). Botânica O maracujá amarelo (Passiflora edilis sims. f. flavicarpa Deg.) pertence à família passifloraceae e ao gênero passiflora. (ITAL, 1995). Biologia floral Apesar de hermafrodita, a flor do maracujazeiro não se autofecunda, uma vez que existem mecanismos que impedem a sua autofecundação. Esta incompatibilidade é comum mesmo entre flores de uma mesma planta. Por isto é comum existirem plantas isoladas que produzem muito pouco ou mesmo não produzem frutos. No maracujá existe um mecanismo denominado de protandria, em que as anteras abrem-se e liberam os grãos de pólen antes que os estigmas estejam receptivos. As flores do maracujazeiro abrem-se por volta do meio dia e permanecem abertas até o final da tarde. Após este período se fecham e não abrem mais. As que foram fecundadas dão prosseguimento ao desenvolvimento dos frutos e as demais murcham e caem. Somente ramos novos, produzem flores. A flor do maracujá é composta de cálice, formado por cinco sépalas de cor branca, corola com cinco pétalas brancas, corona formada por filetes coloridos, ovário que dá origem ao fruto, cinco anteras onde são formados os grãos de pólen e três estigmas. (ITAL, 1995). De acordo com Ruggiero (1998), as flores do maracujazeiro podem ser classificadas em três tipos, de acordo com a curvatura do estilete: as que apresentam estiletes totalmente curvos, (TC); as que apresentam estiletes parcialmente curvos (PC); e flores que apresentam os estiletes sem curvatura (SC). Em trabalho desenvolvido com nove genótipos de maracujá amarelo no município de Iranduba, no Estado do Amazonas, Silva e Lopes (2008) encontraram que em média 3,81% das flores eram classificadas como sem curvatura no estígma, 44,50% apresentavam os estigmas totalmente curvos e 52,09% das flores apresentavam os estigmas parcialmente curvos. De acordo com Ruggiero (1989), as flores com estigmas totalmente curvos são as que apresentam maior porcentagem de frutificação. Fruticultura 32 Unidade 4 Cultura do maracujazeiro Observando-se a flor de maracujá pode-se verificar que o espaço entre os estigmas e nectário é relativamente grande e por isto os insetos de grande porte são mais eficientes na polinização destas flores; entre os insetos, as mamangavas são as mais eficientes na polinização do maracujazeiro. (SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A CULTURA DO MARACUJAZEIRO, 1998). Abelhas de pequeno porte, como as abelhas conhecidas como “italianas”, “africanas” e “arapuá”, ao contrário, prejudicam a polinização, uma vez que retiram pólen das anteras antes que as flores estejam completamente abertas, deixando-as vazias, além de impedirem que as mamangavas frequentem os plantios no horário de completa abertura das flores, mais adequado à polinização. Cultivares Atualmente já se dispõe no mercado, de sementes de qualidade de alguns híbridos e cultivares testadas, que têm bom desempenho, indicados para as várias regiões do País. Para a região de Manaus, os genótipos testados e recomendados, segundo Silva e Gomes (2008), são FB 200, FB 100 e CPATU casca-fina. Condições edafoclimática Temperatura O maracujazeiro produz bem em temperaturas que variam entre 20o e 32o C. Quando a temperatura é baixa prejudica, o crescimento da planta e consequentemente a emissão de ramos novos e flores prejudicam a produção. (ITAL, 1995). Precipitação O maracujazeiro é planta de crescimento contínuo e por isto necessita de fornecimento contínuo de água para que possa produzir durante todo o ano. Quando ocorre falta acentuada de água, as plantas param de crescer e de emitir ramos novos e flores. Apesar de resistente à seca, quando ocorrem períodos extensos de falta de água, a planta para de crescer, pode perder folhas e em casos extremos pode morrer. (ITAL, 1995). Comprimento do dia Para produzir continuamente o maracujazeiro necessita de comprimento de dias de no mínimo 11 horas, segundo Lima (2004). As regiões norte e nordeste do Brasil, pela proximidade da linha do equador, possuem comprimento de dias adequado para produção contínua, desde que satisfeitas outras exigências da planta, como adubação, irrigação, etc. Fruticultura 33 Unidade 4 Cultura do maracujazeiro Solo O maracujazeiro produz bem na maioria dos solos, desde que profundo e bem arejado, porém, sempre que possível, deve-se evitar aqueles excessivamente arenosos, pela fácil lixiviação de nutrientes e água. Devem-se evitar, também, os solos excessivamente rasos ou sujeitos ao enxarcamento, ou com lençol freático muito raso. Formação de mudas Para formação das mudas, o produtor pode adquirir sementes disponíveis no mercado, de cultivares indicadas para a região ou retirar sementes de plantio próprio, selecionando os melhores frutos das melhores plantas. Um fruto bem formado contém cerca de 220 sementes e uma grama tem cerca de 38 sementes. Para obtenção de sementes, partem- se os frutos ao meio e com auxílio de uma colher retiram-se todas as sementes; junta-se a estas um pouco de cal hidratada, esfrega-se para a retirada do arilo, camada gelatinosa que contém o suco, e depois lava-se em água corrente. A seguir essas sementes podem ser colocadas sobre papel para secar a sombra. As sementes de maracujá não têm problema de dormência e podem ser semeadas ou guardadas depois de bem secas, pelo período de até um ano. As mudas podem ser formadas em sacos plásticos preto de 14 cm. de largura e 20 cm. de comprimento, cheios com a seguinte mistura: Duas partes de terriço de mata peneirado, mais uma parte de esterco de curral curtido, mais 10 kg. de superfostato simples e dois kg. de cloreto de potássio. Quando se mantém este material sempre irrigado, as sementes podem ser semeadas cinco dias após o enchimento dos saquinhos. Um dia antes da semeadura é importante que estes recipientes sejam irrigados com uma calda fungicida à base de benzimidazol ou thiabendazol ou mesmo pentacloro nitrobenzeno para evitar que algum fungo possa prejudicar a germinação das sementes. Em condições normais, cerca de 10 a 12 dias após a semeadura, as sementes germinam e as mudas podem ser levadas para o campo a partir do 45 dias após a semeadura. Preparo do terreno para o plantio Quando as mudas estiveram prontas, é importante que o terreno esteja com as covas já adubadas e as espaldeiras instaladas, para evitaresticar os arames e fincar os mourões quando as mudas já estejam plantadas, o que pode provocar pisoteio e quebra de mudas. A distância de plantio entre mudas na fileira pode ser de 2,0 m., e entre fileira, a Fruticultura 34 Unidade 4 Cultura do maracujazeiro distância mínima deve ser de 2,5 m., para evitar que as ramas de uma fileira passem para outra. As covas podem ter as dimensões de 40 cm. de comprimento por 40 cm. de largura e 40 cm de profundidade. (FERREIRA; VAZ, 1991). Espaldeira O maracujazeiro é planta trepadora e por isto necessita de suporte para que possa enramar e produzir normalmente. Para isto pode ser utilizado cerca de arame, árvore, ou outro suporte produzido para este fim. Em plantios comerciais são utilizados mourões de 1,80 a 2,0 metros de altura, além da parte enterrada no solo, de madeira de lei ou madeira tratada, que resista pelo menos dois anos no solo. Na extremidade superior dos mourões passa-se um fio de arame liso número 12 ou número 10. É importante que os mourões fiquem bem cravados no solo para manter o arame sempre bem esticado. Existem vários tipos de espaldeiras, mas o mais utilizado é a que usa um único fio de arame. (ITAL, 1995). Adubação A adubação do maracujazeiro deve ser feita baseada em análise química do solo, na necessidade da cultura e na experiência da profissional que tenha vivência com a cultura. Contudo na falta destas informações, pode-se adubar cada cova, cerca de cinco dias antes do plantio, com dez litros de esterco de gado curtido, 200 gramas se superfosfato simples, 150 gramas de cloreto de potássio. Dois meses após o plantio, a cada sessenta dias, colocar em cobertura, para cada planta, 50 gramas de sulfato de amônio. A cada seis meses colocar juntamente com esta adubação, 100 gramas de superfosfato simples ou equivalente em superfofato triplo e 100 gramas de cloreto de potássio. (LIMA, 2004). Tratos culturais Capina: a cultura do maracujazeiro deve ser mantida no limpo, por meio de capinas periódicas. Poda: cada planta é conduzida em haste única, eliminando-se os demais brotos, até que a mesma alcance o fio de arame. Suporte: para que a planta alcance o fio de arame, é necessário colocar um suporte, por exemplo, uma varinha de bambu ou semelhante, para que a mesma possa enrolar-se e alcançar o fio de arame. Quando a rama alcança o fio de arame, retira-se a gema apical, para provocar o aparecimento de brotos que vão formar a parte aérea da planta. (ITAL, 1995). Fruticultura 35 Unidade 4 Cultura do maracujazeiro Poda de limpeza: esta é uma prática aconselhada para eliminar ramos secos, atacados por doenças e pragas, ou que estejam em excesso na planta. Normalmente é feita depois de um ciclo de produção, quando as plantas apresentam poucas flores e frutos. Após a poda de limpeza é comum as plantas emitirem novas brotações e nova florada. (ITAL, 1995). Colheita Em condições favoráveis, seis a sete meses após o plantio, colhem-se os primeiros frutos. Desde a abertura da flor até a maturação do fruto, demora cerca de 60 dias, variando um pouco para mais ou para menos dependendo da região. Quando o fruto está maduro, desprende-se da planta e cai no chão, sendo então recolhido. Pode-se colher o fruto da planta, desde que já esteja maduro. É aconselhável fazer colheita diariamente, ou em dias alternados, para evitar que uma vez caído no solo, o fruto permaneça no campo perdendo peso e sujeito a chuvas, o que pode prejudicá-lo quando ao aspecto fitossanitário. Após a colheita os frutos são levados para um galpão, onde são eliminados aqueles atacados por pragas, doenças e muito pequenos, seguindo para o comércio somente aqueles sadios e de boa aparência. Dependendo da região, um plantio de maracujá pode ser explorado por dois, três anos. (LIMA, 2004). Principais pragas Existem várias pragas que podem ser problemáticas para a cultura do maracujá; as mais comuns são: a) Percevejos Existem várias espécies de percevejos que atacam a cultura do maracujá. Tanto os insetos adultos como as formas jovens podem atacar ramos, botões florais, flores e frutos novos, sugando a seiva e provocando sua queda ou deformação, podendo causar sérios prejuízos para a cultura. (LIMA, 2004). b) Lagartas Existem duas espécies que podem provocar desfolha da cultura, eliminar o broto terminal da planta no início do crescimento, atacar botões e flores e causar sérios prejuízos para a cultura do maracujá: a Dione Juno Juno e a Agraulis vanillae vanillae. (LIMA, 2004). Em ambas espécies, as lagartas quando completamente desenvolvidas medem cerca de três centímetros de comprimento e muitos espinhos pelo corpo; a borboleta mede cerca de seis centímetros de envergadura. A principal diferença entre as duas é que no início da infestação, as lagartas da dione são encontradas formando grandes grupos, uma vez Fruticultura 36 Unidade 4 Cultura do maracujazeiro que a postura feita pela borboleta ocorre de forma agrupara, enquanto que a agraulis, coloca os ovos isoladamente e as lagartas desde o início são encontradas de forma isoladas. (LIMA, 2004). Controle de pragas O controle de pragas utilizando defensivos químicos nas culturas deve ser feito com bastante critério, para evitar a eliminação de seus inimigos naturais, até porque estes precisam das pragas para permanecer e se multiplicar nas culturas. Para o maracujá este cuidado deve ser ainda maior, uma vez que o mesmo depende de abelhas de grande porte para polinização. Quando se usa produtos químicos, as pulverizações devem ser feitas a noitinha ou de manhã bem cedo, no máximo até as oito horas da manhã, porque até este horário os insetos polinizadores ainda não estão na lavoura e as flores ainda estão fechadas, portanto os inseticidas ficam em contacto apenas com a parte externa das flores, prejudicando pouco os polinizadores. As pulverizações devem ser feitas, sempre que possível em períodos de pouco ou nenhum florescimento. Os produtos registrados no Ministério da Agricultura para o controle de pragas do maracujá, entre outros, segundo Lima (2004), são o fenthion, cujo produto comercial é o lebaycid, e cartap, cujo produto comercial é o thiobel. Em pequenos plantios o controle de pragas pode ser feito com a cata manual e eliminação dos insetos. (STEINBERG, 1988). Principais doenças Murcha ou fusariose (Fusarium oxysporum ou Fusarium solani) Os sintomas da doença manifestam-se pelo murchamento e seca das folhas, casada pela necrose dos tecidos das raízes e colo da planta. A doença começa com o murchamento dos ponteiros e folhas novas; examinando-se os tecidos das raízes e colo da planta, pode-se verificar sua morte; em corte realizado nesta região, observa-se a cor escura dos vasos. (LIMA, 2004). Controle: Usar sementes sadias para produção de mudas, evitar solos recém desmatados, eliminar as plantas doentes. Podridão do colo Phytophthora nicotianae var. parasítica Os sintomas podem ser notados pela seca e aparência corticosa observada no colo das plantas; as folhas ficam amareladas, sem turgidez e em seguida caem; a parte interna do colo da planta fica de cor escura e esta morre lentamente. A doença ocorre em reboleira; solos mais argilosos, enxarcados, são mais susceptíveis à doença. (LIMA, 2004). Fruticultura 37 Unidade 5 Cultura de citros e cupuaçu O controle pode ser feito mediante o uso de mudas sadias, evitando-se solos muito argilosos e enxarcados. Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) Pode afetar todas as partes da planta; nas folhas aparecem manchas circulares enrugadas que podem atingir grandes áreas; nos frutos, as lesões são deprimidas e causam o apodrecimento, atingindo a parte interno, tornando-os imprestáveis para o consumo. É considerada a doença mais séria de pós-colheita do maracujá. (LIMA, 2004). O controle é feito mediante a aplicação de produtos à base de cobre ou benomil, em pulverizações semanais. Unidade 5 Cultura de citros e cupuaçuSíntese: Origem e importância. Botânica. Cultivares. Condições Condições edafoclimática. Técnicas de cultivo. Principais pragas e seus controles. Principais doenças e seus controles. Cultura de citros Origem e importância econômica Acredita-se que a cultura de citros seja de origem asiática e mais provavelmente das regiões tropicais e subtropicais da Ásia e Arquipélago Malaio (KOLLER, 2006) daí levada para outras partes do mundo pelos comerciantes e descobridores; para o Brasil foi trazida pelos primeiros colonizadores, sendo distribuída nos primeiros povoados criados no litoral e depois levada para o interior do país pelos primeiros exploradores. O Brasil é o maior produtor mundial de citros, com uma produção anual estimada em mais de dezoito milhões de toneladas. Os estados maiores produtores são: São Paulo, Bahia, Sergipe, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Pará (MANICA, 2006). Apesar do clima favorável e alto preço pago pelo consumidor, o Estado do Amazonas não produz citros o suficiente para abastecer o mercado interno. A produção no Amazonas situa-se na sua quase totalidade em Manaus e municípios próximos, como Rio Preto da Eva, Manacapuru, Iranduba e Presidente Figueiredo, uma vez que a produção se destina na sua totalidade ao consumo in natura (SILVA et al, 2004). A citricultura local caracteriza-se pela baixa tecnologia aplicada, como baixo nível de adubação, controle de pragas, doenças e plantas daninhas, além da utilização de mudas de baixa qualidade, tendo Fruticultura 38 Unidade 5 Cultura de citros e cupuaçu como consequência a baixa produtividade e curta vida útil dos pomares (SILVA et al, 2004). Botânica Segundo Tanaka apud Koller (1994), os citros pertencem à família Rutaceae, ao gênero Citrus e várias espécies: Laranja doce: Citrus sinensis Laranja azeda: Citrus aurantium Tangerina: Citrus reticulata Limão taiti: Citrus latifolia Limão galego: Citrus aurantifolia Limão cravo: Citrus limonia Clima O clima exerce grande influência sobre os citros, determinando características como produtividade, longevidade, composição física e química dos frutos, incidência de pragas e doenças, etc. Os fatores climáticos que mais influenciam a cultura de citros são: Temperatura Os citros estão mais adaptados às temperaturas das latitudes de 20 a 40 graus Norte e Sul, apesar de vegetar e produzir em outras latitudes. Em temperaturas amenas, as plantas normalmente florescem apenas uma vez por ano, os frutos são mais coloridos e mais doces, quando maduros; o suco é de melhor qualidade, permanecem na planta por mais tempo após alcançar a maturação; frutos produzidos em regiões localizadas próximas à linha do equador, onde a temperatura é sempre elevada, são maiores, têm casca mais grossa, amadurecem rapidamente e ficam de cor verde ou amarela pouco intensa, o suco não fica de cor amarela (KOLLER, 1994). Precipitação Para vegetar normalmente, os citros necessitam de uma precipitação anual de 1000 a 2000 mm, distribuídos ao longo do ano. A falta de umidade pode provocar queda de frutos jovens, prejudicar o crescimento e causar o murchamento quando já maduros. Em regiões de temperaturas elevadas, a falta de chuvas por um longo período faz com que as plantas entrem em repouso vegetativo; o retorno das chuvas ou irrigação provoca um florescimento mais abundante, diminuindo o número de floradas ao longo do ano (RODRIGUEZ et al, 1976). Fruticultura 39 Unidade 5 Cultura de citros e cupuaçu Solo Os citros produzem bem na maioria dos solos, desde que não seja raso, encharcado, com lençol freático à profundidade a menos um metro; o solo também não deve ser arenoso, pela dificuldade de reter umidade e nutrientes. Variedades As cultivares de laranja podem ser divididas em precoce, meia estação e tardias, de acordo com a época do ano em que seus frutos amadurecem. Cultivares precoces: laranja lima, piralima e hamlim. Cultivares de meia estação: baia, baianinha e barão. Cultivares tardias: pêra, valência e folha murcha. Na formação de um pomar comercial, é importante que o produtor plante mais de uma cultivar, para distribuir sua produção ao longo do ano e assim obter maior lucratividade. Temos ainda as tangerinas como a cravo e murcote e as limas ácidas taiti e galego. Formação de mudas Um pomar de citros tem vida útil de mais de vinte anos, por isso é importante que o produtor adote, desde o início, as práticas mais adequadas possíveis e mudas de boa qualidade. Na produção de mudas, é importante que o produtor se preocupe em ter no seu pomar pelo menos três tipos de porta-enxertos diferentes. Para a região de Manaus, os porta-enxertos, que se mostraram mais adequados, segundo Silva et al (2004), foram: para laranja Pêra: limoeiro cravo, e as tangerinas Cleópatra e Sunki; para a lima ácida Taiti: limão volkameriano e as tangerinas Cleópatra e Sunki. Semeadura As sementes devem ser semeadas nas sementeiras em sulcos espaçados de 15 cm e 2 cm de profundidade. Estas sementeiras devem ser protegidas dos raios solares com uma cobertura de palha ou sombrite e irrigadas diariamente para manter o solo sempre úmido. Antes do plantio as sementes devem ser tratadas com um fungicida a base de benzimidazol ou tiabendazol, para prevenir o aparecimento de doenças como tombamento das mudinhas. As sementes começam a germinar 15 dias após a semeadura. Fruticultura 40 Unidade 5 Cultura de citros e cupuaçu Transplantio Quando as mudas alcançam de 10 a15 cm de altura, são arrancadas e classificadas em três tipos quanto ao tamanho: as maiores, as intermediárias, as menores e as com defeitos, sendo estas últimas descartadas, utilizando para produção de mudas somente aquelas dos dois primeiros tipos. Antes do transplantio para sacos plásticos, as raízes das mudinhas devem ser lavadas e aparadas, reduzindo seu comprimento para apenas sete cm (RODRIGUEZ et al, 1976). Os sacos plásticos para produção de mudas de citros devem ter pelo menos 20 cm de largura e 30 cm de altura. Para o enchimento destes recipientes, pode-se utilizar terriço de mata peneirado, misturado com esterco de gado curtido, na base de duas partes de terra para uma de esterco, mais dez kg de superfosfato simples e dois kg de cloreto de potássio, para cada metro cúbico da mistura. Na operação de transplantio, é importante não deixar as raízes das mudas dobradas, para evitar o enovelamento, o que prejudica o seu crescimento. Enxertia As mudas estão prontas para serem enxertadas depois dos cinco meses do transplantio. O método mais empregado na enxertia de citros é a borbulhia. As borbulhas devem ser adquiridas de viveiro registrado no Ministério da Agricultura. A operação de enxertia deve ser realizada com ferramentas bem afiadas e bem limpas, em dias de temperatura amena; a irrigação das mudas deve ser abundante, o que aumenta índice de pegamento. Decorridos 20 dias da enxertia, o amarrio deve ser retirado; naquelas plantas em que os enxertos não pegaram devem ser enxertadas novamente, no lado oposto da primeira enxertia e aqueles que foram bem sucedidos, uma semana após a retirada do amarrio devem ser decapitadas três cm acima do local da enxertia. Após a decapitação, nos porta-enxertos irão se desenvolver vários brotos, porém os demais devem ser eliminados, deixando-se apenas aqueles provenientes da borbulha enxertada, que irá formar a parte aérea da planta (SILVA et al, 2004). Formação da muda O broto proveniente da borbulha enxertada deverá se desenvolver em haste única até 80 cm de altura, formando assim a chamada muda tipo palito ou haste única, muito utilizada atualmente. Para que a muda cresça Fruticultura 41 Unidade 5 Cultura de citros e cupuaçu na vertical, ela deve ser tutorada com uma haste de bambu ou outro material. Podemos ter, também, as mudas com a parte inicial da copa formada no viveiro. Para isso, eliminamos a parte aérea da muda a 60 cm de altura,o que irá forçar o aparecimento de vários brotos. Destes, são deixados apenas três ou quatro em alturas e ângulos diferentes, que irão se desenvolver, sendo os demais eliminados. Quando as mudas forem vendidas, por ocasião do arranquio, estes galhos serão podados a 20 cm de comprimento, formando as “pernadas” ou primeiros galhos da planta. Está assim formada a muda, pronta para ir para o local do plantio definitivo. O período para formar uma muda deste tipo dura de 18 a 24 meses (RODRIGUEZ et al,1976). Implantação de pomar Um pomar de citros deve durar mais de 20 anos em produção, por isso deve ser bem planejado e implantado com os devidos cuidados, uma vez que, passado o tempo, não dá para corrigir muitos problemas originados no início da implantação. Preparo do solo O solo deve ser arado, gradeado e feitas todas as práticas conservacionistas, para evitar a erosão. Espaçamento O espaçamento de plantio depende do nível tecnológico que se pretende dar ao pomar. Em solo fértil, quando se pretende fazer boa adubação, o espaçamento entre as plantas deve ser maior; em solo de baixa fertilidade, em que a adubação não será tão pesada, o espaçamento entre planta pode ser menor. Considerando este aspecto, o espaçamento de plantio de laranjeira pode variar de 3 a 4 metros entre plantas na fileira e 5 e 6 metros entre fileiras. Para as tangerinas, o espaçamento pode ser menor, e para os limoeiros (limas ácidas taiti e galego), pode ser maior. Pode-se optar por menor espaçamento na implantação do pomar e, posteriormente, quando as plantas começarem a fechar a área, optar pelo desbaste, eliminando-se plantas nas fileiras, alternadamente. Época de plantio Nas regiões quentes como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, se o produtor dispuser de irrigação, o plantio pode ser feito em qualquer época do ano; caso contrário, o plantio das mudas no campo só poderá ser feito Fruticultura 42 Unidade 5 Cultura de citros e cupuaçu no período das chuvas, preferencialmente no início, para que as mudas possam enraizar e criar estruturas para prosseguir seu desenvolvimento no período seco. Calagem e adubação A calagem e a adubação para a cultura dos citros devem ser feitas baseadas na análise química do solo e na experiência de um profissional que tenha experiência com a cultura na região. A calagem deverá ser feita em toda a superfície do terreno, visando elevar o pH para a faixa entre 6,0 a 6,5. Além da calagem de toda a superfície, deve-se fazer a calagem na cova, com cerca de 400 gramas de calcário dolomítico. Na falta de uma adubação mais adequada, pode-se usar a seguinte (SILVA et al, 2004): durante o período em que as mudas estão no viveiro, a cada 15 dias cada vaso deve ser adubado com 50 ml de uma solução feita com 5 g de superfosfato simples, 10 g de sulfato de amônio, 5 g de cloreto de potássio e 1,2 g de cal hidratada para cada litro de água. Época N P2O5 K2O FTE Calcário Esterco (litros) Cova 30 dias 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos - 60 90 150 180 300 100 - 160 130 130 200 20 40 90 100 100 240 50 - - 50 - 50 300 - - 500 - 500 10 20 20 20 20 20 Quadro 3 - Adubação de formação em gramas por cova. Fonte: Professor Antenor. Observação: dividir as adubações nitrogenadas e potássica em três vezes, com o solo úmido, em dezembro, fevereiro e maio. Colocar o esterco o FTE e mais 50 g de sulfato de zinco na adubação de dezembro. ADUBAÇÃO DE PRODUÇÃO (em grama de nutriente por caixa de frutos produzidos): N = 150 P2O5 = 90 K2O = 120 Controle das plantas daninhas O pomar de citros deve ser mantido sem a concorrência das plantas daninhas, seja utilizando-se capinas manuais, herbicidas ou roçagens. Um cuidado deve ser lembrado: quando se usa roçagem com trator, no período de chuvas, em solo muito argiloso, ocorre a compactação do solo, o que irá prejudicar o crescimento do sistema radicular das plantas e consequentemente da planta como um todo, por isso, sempre que possível, esta prática deve ser evitada. Fruticultura 43 Unidade 5 Cultura de citros e cupuaçu Cultura intercalar Na cultura de citros, no início da implantação do pomar, o espaço entre as plantas pode ser ocupado com culturas de ciclo curto, como olerícolas de um modo geral, abacaxi, arroz, amendoim, etc. conquanto não estabeleça concorrência com os citros. A utilização desta área com as culturas intercalares é importante para fornecer uma renda inicial ao produtor, uma vez que os citros só vão produzir frutos para serem comercializados a partir do terceiro ou quarto ano do plantio (KOLLER, 2006). Poda A poda é uma prática utilizada nos citros e visa eliminar ramos doentes, atacados por insetos, ramos secos e os chamados brotos ladrões, aqueles que de certa forma iriam prejudicar a formação de uma parte aérea regular, bem equilibrada. A poda, sempre que necessária, deve ser feita no período seco e após sua realização, o corte deve ser protegido com calda bordaleza. Colheita A colheita é uma operação que deve ser feita utilizando-se escadas, sacolas de colheita de fundo falso e com bastante cuidado para evitar danos aos frutos, especialmente se estes são destinados ao mercado de frutas frescas. As tangerinas devem ser colhidas com tesoura, deixando- se um pedaço de 0,5 cm do pedúnculo para evitar o seu apodrecimento. Após a colheita, os frutos devem ser levados para a casa de beneficiamento, onde são lavados e escovados, para remoção de poeiras e outras sujeiras que podem prejudicar sua aparência. Antes de serem enviados para o comércio, frutos muito pequenos, atacados por pragas e doenças ou com algum defeito, devem ser descartados (SILVA et al, 2004). Principais doenças e pragas Existem várias doenças e pragas que podem trazer grandes prejuízos aos citros se não forem controladas adequadamente. Doenças a) Gomose Agente causal: Phytophthora spp. Sintomas: penetra nos tecidos através de ferimentos e desenvolve-se no câmbio, produzindo necrose; a casca apresenta-se seca e rachada; pode aparecer exudação de goma, folhas cloróticas, desfolhamento e morte de tecidos no colo da planta. Fruticultura 44 Unidade 5 Cultura de citros e cupuaçu Controle: instalar o pomar em solo bem drenado, usar mudas sadias, porta-enxerto resistente, fazer enxertia a 30-40 cm de altura e pincelamento do tronco das plantas com calda bordaleza. No início do aparecimento da doença, fazer cirurgia retirando os tecidos doentes e pincelamento com fosetil-Al (BENTES et al, 2006). b) Queda prematura dos frutos jovens. Agente causal: Colletotrichum acutatum Sintomas: os frutos caem, permanecendo na planta apenas os discos florais ou frutinhos de cor amarelo-pálida, que não se desenvolvem. Controle: fazer pulverizações dirigidas à inflorescência com fungicidas cúpricos, clorotalonil, mancozeb, benzimidazol (BENTES et al, 2006). Pragas a) Pulgão preto dos citros: Toxoptera citricida O pulgão preto é um inseto pequeno (2mm de comprimento) de cor castanho-escura tendendo a preto. Danos: ataca os brotos e folhas das plantas jovens, provocando deformações, diminuindo o crescimento. É transmissor do vírus da tristeza; provoca aparecimento da fumagina, o que prejudicaa fotossíntese. Controle: pulverizações a base de fosfamidon, dimetoato ou pirimicarb, que atua somente sobre os pulgões. b) Larva minadora dos citros: Phyllocnistis citrella A larva minadora dos citros é a larva de uma borboleta diminuta, de cor branco-prateada, que cava galerias em forma de serpentina nas folhas e brotos jovens, provocando deformações e diminuindo o crescimento das plantas. Os maiores danos ocorrem em viveiros e pomares novos. Controle: pulverizações com imidaclopride, abamectina, diflubenzuron ou extrato vegetal a base de nim (BENTES et al, 2006). c) Mosca negra dos citros: Aleorocanthus woglumi A mosca negra é um pequeno inseto de cor azul-acinzentada que deposita os ovos, em grande quantidade, na página
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