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LIVRO DIDÁTICO Fundamentos de Microbiologia e Imunologia

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Prévia do material em texto

autor
CAMILO DEL CISTIACAMILO DEL CISTIA
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
FUNDAMENTOS DE
IMUNOLOGIA E
MICROBIOLOGIA
 
Conselho editorialConselho editorial sergio augusto cabral; roberto paes; gladis linhares.
Autor do srcinalAutor do srcinal camilo del cistia
Projeto editorialProjeto editorial roberto paes
Coordenação de produçãoCoordenação de produção gladis linhares
Projeto gráficoProjeto gráfico paulo vitor bastos
DiagramaçãoDiagramação bfs media
Revisão de conteúdoRevisão de conteúdo cássio f. coelho
Imagem de capaImagem de capa supachai salaeman | dreamstime.com
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyrightseses, 2015.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
C579f Del Cistia, Camilo Del
 Fundamentos de Imunologia e Microbiologia / Camilo Del Cistia
 Rio de Janeiro : SESES, 2015.
 160 p. : il.
 isbn: 978-85-5548-124-6
 1. Microrganismo. 2. Quimioterapia. 3. Anticorpos I. SESES. II. Estácio.
cdd 616
Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento
Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
 
Sumário
1. Imunologia e Microbiologia – SDE0276 7
1.1 História da evolução da Microbiologia 9
1.2 As primeiras observações 9
1.3 A importância da Microbiologia 14
1.4 Quem descobriu os microrganismos? 15
1.5 O que é biogênese e abiogênese ou geração espontânea? 15
1.6 Classificação dos microrganismos 17
1.7 Classificação dos 5 reinos 19
1.8 Principais características dos grupos de microrganismos 20
1.9 Quimioterapia antimicrobiana 23
1.10 Classificação dos antibióticos 24
1.11 Mecanismo de ação dos antimicrobianos de uso clínico 25
1.12 Visão geral dos antibióticos quanto ao mecanismo de ação 26
1.13 Biossegurança na prática fisioterápica 28
1.14 Evolução histórica da segurança do trabalho 29
1.15 Legislação brasileira – Lei 6.514/77 de Portaria nº 3.214/78 31
1.16 Conceitos básicos sobre assepsia, antissepsia e
técnicas de esterilização. 31
1.17 Apresentação pessoal dos trabalhadores junto
às normas institucionais 33
1.17.1 Luvas 33
1.17.2 Máscaras 35
1.17.3 Óculos de proteção 36
1.17.4 Batas ou jalecos 36
1.17.5 Gorros 37
1.18 Aprender sobre a higienização das mãos 37
 
2. Características das Bactérias 41
2.1 Características gerais das bactérias 43
2.2 Estruturas bacterianas 44
2.3 Estruturas externas a parede celular 46
2.4 Mecanismos de resistência bacteriana 50
2.5 Desenvolvimento de resistência 50
2.6 Mecanismos genéticos de resistência 53
2.7 Mecanismos de reprodução em bactérias 54
2.8 Mecanismos bacterianos de patogenicidade 56
2.9 Fatores de virulência 58
2.10 Características gerais dos fungos 62
2.11 Características dos fungos em relação às bactérias 63
2.12 Modo de vida dos fungos de acordo
com o tipo de alimentação 64
2.13 Tipos de reprodução 65
2.14 Diversidade morfológica dos fungos 66
2.15 Caracteristicas gerais dos vírus 67
3. Elementos da Nutrição Microbiana,
Ecologia e Crescimento. 71
3.1 Elementos da nutrição microbiana, ecologia e crescimento 73
3.2 Fontes dos nutrientes essências 73
3.2.1 Macronutrientes 73
3.2.2 Micronutrientes 75
3.3 Estudo do crescimento microbiano 75
3.4 Estudo do crescimento microbiano 80
3.5 Curva de crescimento bacteriano 80
3.6 Introdução a imunologia 88
3.7 Os componentes do sistema imune 90
3.8 Reconhecimento dos antígenos 93
3.8.1 Anticorpos e Antígenos 93
3.8.2 Desenvolvimento inicial da RIH 93
 
4. Estrutura do Anticorpo 95
4.1 Estrutura do anticorpo 97
4.2 Funções dos anticorpos 99
4.3 Resposta ao antígeno: processamento e apresentação 100
4.4 Processamento e apresentação do antígeno 100
4.4.1 Restrição do MHC 102
4.5 Células apresentadoras de antígenos 102
4.5.1 Apresentação de superantígenos 103
4.5.2 Papel do Timo 104
4.5.3 Seleção negativa na periferia 105
4.6 Mecanismos efetores da resposta imune 105
4.6.1 Citocinas 105
4.7 Existem dois tipos de imunidade: 116
4.8 Imunidade mediada por células 116
4.8.1 Papel central das células Th nas respostas imunes 116
4.8.2 Interações célula-célula em respostas por
anticorpos a antígenos exógenos dependentes de células T 117
4.8.3 Interações célula-célula em respostas
humorais a antígenos exógenos independentes de células T 119
4.8.4 Interações célula-célula em imunidade
mediada por células (geração de células Tc em
resposta a antígenos endógenos no citosol) 120
4.8.5 Interações célula-célula na imunidade
mediada por células (ativação de macrófagos em r
esposta a antígenos endógenos em vesículas) 121
4.8.6 Interações célula-célula em imunidade mediada
por células (ativação de células Nk) 123
4.9 Imunidade dos microrganismos 124
5. O Sistema Imune nas Doenças 127
5.1 Imunologia dos Transplantes 129
5.1.1 Complexo Principal de Histocompatibilidade (Mhc) 130
5.1.2 Seleção do Doador 131
 
5.1.3 Rejeição de Enxertos Alogênicos 133
5.1.4 Rejeição hiperaguda 134
5.1.5 Rejeição aguda 135
5.1.6 Rejeição crônica 137
5.1.7 Supressão da resposta imune e efeitos colaterais 138
5.1.8 Supressão quimioterápica 138
5.1.9 Anticorpos antilinfocitários 140
5.1.10 Inibidores dos receptores de IL-2 141
5.2 Transplantes clínicos 142
5.2.1 Transplante de coração. 142
5.2.2 Transplante de fígado 143
5.2.3 Transplante de pâncreas 144
5.2.4 Medula óssea 144
5.3 Imunologia dos tumores 146
5.3.1 Causas dos tumores 146
5.3.2 Mecanismos Imunológicos que atuam contra células tumorais 148
5.3.3 Mecanismos de escape das células tumorais 149
5.4 Doenças auto-imunes 149
5.5 Mecanismo de formação dos auto-ac 150
5.6 Patogênese das doenças auto-imunes 151
 
Imunologia eImunologia e
Microbiologia –Microbiologia –
SDE0276SDE0276
11
 
8 • capítulo 1
OBJETIVOSOBJETIVOS
• Reconhecer a importância da descoberta do microscópio para a Ciência.
• Diferenciar a abiogênese da biogênese.
• Identificar a importância de Louis Pasteur para a abiogênese.
• Identificar o início da Microbiologia e a sua importância para a nossa vida.
• A descoberta da quimioterapia, a vacinação, a quimioterapia moderna, o avanço da resistên-
cia microbiana às drogas.
• Identificar a célula como unidade comum a todos os seres vivos, bem como sua estrutura.
• Reconhecer os reinos Monera, Protista, Plantae, Animalia e Fungi.
• Identificar as características dos reinos Monera, Protista, Plantae, Animalia e Fungi.
• Biossegurança na prática fisioterápica ea relação dos fatos históricos com o avanço das
técnicas de anti-sepsia de mãos e da cirurgia asséptica, a lavagem das mãos.
 
capítulo 1 • 9
1.1 História da evolução da Microbiologia
Para compreender o atual estágio da Microbiologia, precisamos conhecer como
ela chegou até onde estamos atualmente. Os primeiros cientistas que optaram
por estudar Microbiologia foram motivados, no decorrer de suas descobertas,
por competição, inspiração e sorte. Houve conceitos errôneos que levaram a
 verdade e verdades que não foram inicialmente reconhecidas.
1.2 As primeiras observações
Robert Hooke:Robert Hooke: o Inglês Robert Hooke descreveu em 1665, a estrutura celu-
lar da cortiça e publicou Micrographia, sobre suas descobertas em ótica e ini-
ciando suas análises dos efeitos
do prisma, esferas e lâminas, com
a utilização do microscópio. Com
o microscópio também deu im-
portante contribuição ao estudo
da estrutura das células, deven-
do-se a ele a srcem deste termo.
Hooke foi capaz de visualizar as
células individualmente. A des-
coberta de Hooke marcou o início
da teoria celular - todos os seres
 vivos são compostos de células.
Investigações posteriores sobre
a estrutura e funcionamento das
células teve esta teoria como base.
CONEXÃOCONEXÃO
Link: http://gk12glacier.bu.edu/wordpress/hendrick2012/my-blog/page/2/.
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10 • capítulo 1
 AntonAnton van van LeeuwenhoeLeeuwenhoek:k: o holandês Leeuwenhoek foi, provavelmente, o
primeiro a realmente observar os microrganismos vivos através de lentes de
aumento. Entre 1673 e 1723, ele escreveu uma série de cartas (mais de 300) à
Sociedade Real Inglesa descrevendo o que ele chamou de “animálculos” que ele
 via através de seu modesto microscópio
de uma única lente. Os desenhos deta-
lhados sobre os “animálculos” de águas
de rios, saliva, fezes, líquido no qual
grãos de pimenta forma submersos e no
material removido de seus dentes, fo-
ram identificados com representações
de bactérias e protozoários. Essas cartas
alertaram o mundo para a existência de
formas microscópicas de vida e srcina-
ram a microbiologia (Biologia das célu-
las, vol. 1 – Amabis e Martho).
Edward Jenner Edward Jenner contribuiu de forma revolucionária para a Medicina com o
desenvolvimento inicial da vacinação. Conta-se que uma senhora que trabalha-
 va em uma fazenda ordenhando vacas chamada, Sarah Nelmes gabava-se que
não pegava varíola (doença muito disseminada na Europa na época) porque já
tinha contraído antes a menos séria
 varíola bovina das vacas que ela orde-
nhava. Um surto de varíola em 1788
provou que ela estava certa. Todos os
pacientes de Jenner que já tinham tido
 varíola bovina não contraíram varíola.
No ano de 1796, Jenner provou sua te-
oria infectando um garoto primeiro
com varíola bovina e depois com varí-
ola. Ele descobriu que o garoto estava
imune à doença. Jenner chamou seu
tratamento de vacinação (palavra de-
rivada da palavra latina para varíola
bovina - vaccina) (Riedel, 2005).
 
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capítulo 1 • 11
 Os cientistas britânicos Edward Jenner e Alexander Fleming realizaram descobertas
revolucionárias no campo da Medicina e Fisiologia, marcando o início de uma revolução
na área médica e biológica.
Louis PasteurLouis Pasteur (1822 – 1895) era um químico francês bastante respeitado na
época por seus inúmeros trabalhos científico, dedicou seus consideráveis ta-
lentos ao estudo dos microrganismos. Interessou-se pela indústria de vinhos
franceses e pela função dos microrganismos na produção de álcool. Este inte-
resse incentivou-o a continuar o debate sobre a srcem dos microrganismos,
uma vez que ainda persistiam alguns defensores da geração espontânea ou
abiogênese, a exemplo do naturalista francês Félix Archiméde Pouchet (1800
– 1872). Pasteur fez uma série de experimentos definitivos. Um dos principais
processos foi o uso de frascos de colo longo e curvado, semelhante ao pescoço
de cisnes, que foram preenchidos com caldo nutritivo e aquecidos. O ar podia
passar livremente através dos frascos abertos, mas nenhum microrganismo
surgiu na solução. A poeira e os microrganismos depositavam-se na área sinu-
osa em forma de V do tubo e, portanto, não atingiam o caldo. Seus resultados
foram comunicados com entusiasmo na Universidade de Sorbonna, em Paris,
em 7 de abril de 1864. Pasteur deu um grande impulso na tecnologia de alimen-
tos. O processo de preservação dos ali-
mentos pela pasteurização foi criado
por esse ilustre cientista, e o nome do
processo de pasteurização foi dado em
sua homenagem. Você terá a oportuni-
dade de saber como funciona a pasteu-
rização na disciplina de Microbiologia
dos alimentos (Biologia das células,
 vol. 1 – Amabis e Martho).
 
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12 • capítulo 1
Robert KochRobert Koch – foi um dos fundadores da microbiologia, o alemão foi o pri-
meiro a descobrir o agente do carbúnculo e o baciloda tuberculose. O médico e
cientista Robert Koch, um dos precursores da moderna bacteriologia, dedicou-
se a pesquisas acerca das relações entre agentes bacterianos e a transmissão
de doenças, bem como ao estudo da higiene e de epidemias. Suas teses não
aumentaram a expectativa de vida e melhoraram a saúde da população apenas
na Alemanha, mas continuam, até hoje, sendo consideradas verdadeiros fun-
damentos da microbiologia moderna. Durante a Guerra Franco-Prussiana, de
1870 a 1871, Koch trabalhou como cirurgião. Após seu regresso ao país, assu-
miu a função de médico oficial da cidade na antiga província alemã de Posen
(Poznan). Ali começou a estudar a biologia das bactérias. Naquela época, não
havia ainda microscópios eletrônicos e, desta forma, as bactérias eram os me-
nores agentes que podiam ser examinados através do microscópio. Koch des-
cobriu o agente bacteriano causador do carbúnculo e descreveu, pela primeira
 vez, como a transmissão da doença se dá através dos esporos – este foi seu pri-
meiro grande trabalho científico,
publicado em 1876. Mais tarde,
Koch foi chamado a Berlim para
assumir a direção de um labora-
tório bacteriológico recém-criado,
onde conseguiu detectar o agente
causador da tuberculose. Com a
Etiologia da Tuberculose, Koch
conseguiu, pela primeira vez na
história, identificar um micro-or-
ganismo patogênico. Por este tra-
balho sobre a bactéria da tubercu-
lose, ele recebeu o Prêmio Nobel
de Medicina em 1905.
CONEXÃOCONEXÃO
Link: http://www.sbmicrobiologia.org.br/PDF/Koch.pdf.
 
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capítulo 1 • 13
 Joseph Joseph Lister Lister considerado pai da cirurgia moderna, pois foi o primeiro a
utilizar uma solução de fenol como um eficiente agente antisséptico – substân-
cias que destroem ou impedem o crescimento de microrganismos em tecido
 vivo- isso reduziu o número de mortes por infecções pós-operatórias. Lister co-
municou os métodos para esterilização de bandagens, compressas cirúrgicas,
instrumental cirúrgico e assepsia de feridas. Com isso ele introduziu a cirurgia
asséptica. Antes da descoberta, pelo médico
inglês Joseph Lister, em 1865, que o fenol
podia ser usado para esterilizar os instru-
mentos cirúrgicos, campo operatório e mãos
dos cirurgiões, os hospitais eram campos
de massacres, onde, a maioria dos pacien-
tes que não morriam do trauma cirúrgico,
pereciam de infecções. Juntamente com a
anestesia e os antibióticos, a antissepsia foi
responsável pelo grande avanço da cirurgia
como método científico de tratamento de
inúmeras doenças, ao longo do século XX.
CONEXÃOCONEXÃO
Link: http://www.sciencemuseum.org.uk/broughttolife/people/josephlister.aspx.
Sir Alexander Fleming Sir Alexander Fleming nasceu em 1881 na Escócia, formando-se em
Bacteriologia. Fleming trabalhou no St. Mary's Hospital, em Londres, e serviu
no Corpo Médico durante a Primeira
Guerra Mundial. Ele se tornou inte-
ressado no problema de controlar
infecções causadas por bactérias e
continuou suas pesquisas depois da
guerra. Fleming descobriu a peni-
cilina, o primeiro antibiótico, o que
marcou uma revolução na Medicina.
 Antibióticos são drogas que matam
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14 • capítulo 1
bactérias. Eles, atualmente, são usados para o tratamento de doenças. Conta-se
que, em uma manhã de 1928, Fleming estava preparando sua rotineira amostra
de culturas de bactérias quando notou que algo estava matando as bactérias. Ao
investigar, descobriu que era um bolor de pão chamado penicilina. Dois outros
excelentes cientistas, Howard Walter Florey (1898-1968) e Ernst Boris Chain
(1906-1979), ajudaram a aperfeiçoar a manufatura de penicilina, e eles dividi-
ram em 1945 o Prêmio Nobel de Medicina em com Fleming.
CONEXÃOCONEXÃO
LinK: http://www.biography.com/people/alexander-fleming-9296894#synopsis.
Os argumentos sobre a geração espontânea continuaram até 1861, quando a questão
foi resolvida pelo cientista francês Louis Pasteur.
1.3 A importância da Microbiologia
 A Microbiologia é uma ciência que foi impulsionada com a descoberta do mi-
croscópio por Leuwenhoek (1632 – 1723). A partir da descoberta do microscó-
pio e a constatação da existência dos microrganismos, os cientistas começaram
a indagar sua srcem, surgindo então, as teorias da abiogênese ou geração es-
pontânea e a biogênese. Após os experimentosde Lazzaro Spallanzani (1729
– 1799) que provaram que infusões quando aquecidas, esterilizadas e fechadas
hermeticamente para evitar recontaminação impediam o aparecimento de mi-
crorganismos, a abiogênese foi descartada.
 Acredita-se que os microrganismos (organismos pequenos só visíveis com o
auxílio de lentes) apareceram na terra há bilhões de anos a partir de um mate-
rial complexo de águas oceânicas ou de nuvens que circulavam a terra. Os mi-
crorganismos são antigos, porém a microbiologia como ciência é jovem, uma
 vez que os microrganismos foram evidenciados há 300 anos e só foram estuda-
dos e compreendidos 200 anos depois.
 
capítulo 1 • 15
1.4 Quem descobriu os microrganismos?
 Anton V Anton Van Leuwenhan Leuwenhoekoek (1632 – 1723) era um homem comum que possuía um
armazém, era zelador da prefeitura e servia como provador oficial de vinhos
para a cidade de Delft na Holanda. Tinha como hobby polir lentes de vidro, as
montava entre finas placas de bronze ou prata para inspecionar fibras e tecela-
gem de roupas, flores, folhas e pingos d’água. Na época, era comum o interesse
pelo mundo natural, mas Leuwenhoek tinha o cuidado de descrever, detalha-
damente, tudo o que fazia e o que observava com suas lentes.
Usando seu precário microscópio, observava águas de rios, infusões de pi-
menta, saliva, fezes, etc.; até que verificou nesses materiais, a presença de um
grande número de pequeníssimos objetos móveis e de formas diferentes, que
não poderiam ser vistos sem a ajuda das lentes, e os chamou de “animáculos”
por acreditar que seriam pequeninos animais vivos.
Leuwenhoek fez observações magníficas sobre a estrutura microscópica
das sementes e embriões de vegetais, animais invertebrados, espermatozoides,
sangue, circulação sanguínea etc. Uma dimensão inteiramente nova enrique-
ceu a biologia (bio = vida, logia = estudo). Todos os tipos principais de micror-
ganismos que hoje conhecemos – protozoários, algas, fungos e bactérias foram
primeiramente descritos por Leuwenhoek (Trabulsi, 1991).
1.5 O que é biogênese e abiogênese ou
geração espontânea?
 Após a revelação ao mundo da presença dos microrganismos, os cientistas co-
meçaram a indagar a srcem desses seres e se dividiram em duas correntes de
pensamento as quais veremos a seguir.
BIOGÊNESEBIOGÊNESE
Alguns cientistas acreditavam, inclusive Leuwenhoek, que as “se-
mentes” destas criaturas microscópicas estão sempre presentes no
ar, de onde ganham acesso aos materiais e ali crescem desde que
as condições sejam adequadas ao seu desenvolvimento. A essa
forma de multiplicação dos microrganismos chamou-se biogênese.
 
16 • capítulo 1
ABIOGÊNESEABIOGÊNESE
Outros cientistas acreditavam que os microrganismos se formavam
espontaneamente a partir da matéria orgânica em decomposição
ou putrefação, essa forma de multiplicação chamou-se abiogênese.
CONEXÃOCONEXÃO
A abiogênese também ficou conhecida como geração espontânea.
Video complementar https://www.youtube.com/watch?v=EjyH5MkGdPY
 A crença na geração espontânea de seres vivos teve uma longa existência.
 A ideia da geração espontânea teve srcem na Grécia Antiga, que acreditava
que rãs e minhocas surgiam, espontaneamente, de um pequeno lago ou lama.
Outros acreditavam que larvas de insetos e moscas eram produzidas a partir
de carne em decomposição. Pouco a pouco, essas ideias foram perdendo for-
ça, por demonstrações científicas como a do médico italiano Francesco Redi
(1626 – 1697), que demonstrou que as larvas encontradas na carne em putre-
fação eram larvas de ovos de insetos e não um produto da geração espontânea.
Convencer os que apoiavam a abiogênese de que um ser não poderia surgir
apenas da matéria orgânica, tornou-se bem mais difícil, principalmente, a par-
tir do experimento de Heedham em 1749, que demonstrou que, de muitos tipos
diferentes de infusões, invariavelmente, emergiam criaturas microscópicas (mi-
crorganismos), independentemente do tratamento que receberam, protegidas
ou não, fervidas ou não. Hoje, sabe-se que os experimentos de Heedham foram
falhos, pois este não tomava precauções higiênicas para proteger seus experimen-
tos do ar circundante, permitindo dessa forma a contaminação de suas infusões.
Cinquenta anos após os experimentos de Heedham, Spallanzani eviden-
ciou em centenas de experiências, que o aquecimento das infusões até esteri-
lização, pode impedir a contaminação por microrganismos. Posteriormente,
Spallazani concluiu que poderá haver recontaminação das infusões por con-
dução dos microrganismos pelo ar, desde que o frasco que a contenha não es-
teja hermeticamente fechado ou apresente rachadura, propiciando na infusão,
o aparecimento de colônias de microrganismos (Biologia das células, vol. 1 –
 Amabis e Martho).
 
capítulo 1 • 17
A tarefa dos microrganismos na natureza é algo sensacional, especialmente, quando se
lembra de seu papel como regulador do equilíbrio entre seres vivos e mortos.
1.6 Classificação dos microrganismos
Os seres vivos são constituídos de unidades microscópicas chamadas de cé-
lulas que formam, em conjunto, estruturas organizadas. As células são com-
postas de núcleo e citoplasma. Quando o núcleo celular é circundado por uma
membrana nuclear ou carioteca, os organismos que as possuem são chamados
de eucarióticos, os que não possuem células com carioteca são os procarióticos
a exemplo das bactérias.
Baseado na maneira pela qual os organismos obtêm alimentos, Robert H.
 Whittaker classificou os organismos vivos em 5 reinos: reino Monera, reinoreino Monera, reino
Protista, reino Plantae, reino Animalia e reino FungiProtista, reino Plantae, reino Animalia e reino Fungi.
Prokaryota Monera
Protista
Fungi
Animalia
Plantae
Eukaryota
CONEXÃOCONEXÃO
Video complementar: https://www.youtube.com/watch?v=t63pCUzey3E
 
18 • capítulo 1
Os microrganismos pertencem a três dos cinco reinos: as bactérias são do
reino Monera, os protozoários e algas microscópicas são Protistas e os fungos
microscópicos como leveduras e bolores pertencem ao reino Fungi (Biologia
das células, vol. 1 – Amabis e Martho) .
Célula
 A célula é uma estrutura típica microscópica comum a todos os seres vivos. Com
os avanços da microscopia eletrônica na década de 1940, foi possível a visuali-
zação de muitas estruturas da célula que seria impossível no microscópio ótico.
Todas as células se compõem de duas regiões internas principais conheci-
das como núcleo e citoplasma. O núcleo, que é circundado pelo citoplasma,
contém todas as informações genéticas do organismo, sendo responsável pela
hereditariedade. O citoplasma é a sede primária dos processos de síntese e o
centro das atividades funcionais em geral.
Em algumas células, o núcleo é circundado por uma membrana denomi-
nada de membrana nuclear ou carioteca. Compreendem o grupo das eucarió-
ticas, os protozoários, os fungos, a maior parte das algas. Estas células se asse-
melham as dos animais e plantas. Em contraste, as bactérias e o pequeno grupo
de algas azul-verdes se caracterizam por células menores procarióticas por não
apresentarem membrana nuclear.
Microtúbulos
Microfilamentos
Membrana
plasmática
Mitocôndria Vesícula de secreção
Centríolos
Complexo de Golgi
Retículo
endoplasmático liso
Retículo
endoplasmático rugoso
Lisossomo
Vacúolo alimentar
Carioteca
Nucléolo
Núcleo–Nucleoplasma + DNA
 
capítulo 1 • 19
Nas plantas e microrganismos, a parede celular é a única estrutura limitan-
te. Seu único papel parece ser o de proteção contra injúrias mecânicas e impe-
dem, principalmente, a ruptura osmótica quando a célula é colocada em am-
biente com alto teor de água (Biologia das células, vol. 1 – Amabis e Martho).
1.7 Classificação dos 5 reinos
 A classificação dos organismos, mais recente, proposta por Robert H. Whit-
taker em 1969, foi baseada a partir da maneira pela qual o organismo obtém
nutrientes de sua alimentação. Veja:
FOTOSSÍNTESEFOTOSSÍNTESE
Processo pelo qual a luz fornece energia paraconverter o
dióxido de carbono em água e açúcares.
ABSORÇÃOABSORÇÃO A captação de nutrientes químicos dissolvidos em água.
INGESTÃOINGESTÃO Entrada de partículas de alimentos não dissolvidas.
Nesse esquema de classificação, os procariotos que normalmente obtêm
alimentos só por absorção constituem o reino Monera. O reino Protista inclui
os microrganismos eucarióticos unicelulares, que representam os três tipos
nutricionais: as algas são fotossintéticas, os protozoários podem ingerir seu
alimento e os fungos limosos somente absorvem os nutrientes. Os organismos
eucarióticos superiores são colocados no reino Plantae (plantas verdes fotos-
sintéticas e algas superiores), Animalia (animais que ingerem alimentos) e
Fungi, organismos que têm parede celular, mas não apresentam o pigmento
clorofila encontrado em outras plantas para promover a fotossíntese, portanto
eles absorvem os nutrientes. Como pode se observar, os microrganismos per-
tencem a três dos cinco reinos.
 
20 • capítulo 1
1.8 Principais características dos grupos de
microrganismos
PROTOZOÁRIOSPROTOZOÁRIOS
São microrganismos eucarióticos unicelulares. Como os
animais ingerem partículas alimentares, não apresentam
parede celular rígida e não contêm clorofila. Movem-se
através de cílios, flagelos ou pseudópode. Estes microrga-
nismos são estudados na ciência da Parasitologia (estudo
dos parasitas). São amplamente distribuídos na natureza,
principalmente, em ambientes aquáticos. Muitos são noci-
vos ao homem como a ameba e a giárdia.
ALGASALGAS
São semelhantes às plantas por possuírem clorofila que par-
ticipa do processo de fotossíntese e apresentam uma pare-
de celular rígida. São eucariotos e podem ser unicelulares ou
multicelulares com vários metros de comprimento. Podem ser
nocivas por produzirem toxinas, obstruir caixas d’água ou cres-
cerem em piscinas. Entretanto, algumas espécies são usadas
nas indústrias de alimentos, farmacêuticas, cosméticos e para
o uso em laboratório. As algas não são estudadas na Micro-
biologia de alimentos.
 
capítulo 1 • 21
FUNGOSFUNGOS
Podem ser unicelulares ou multicelulares. São eucariotos e
possuem parede celular rígida. Os fungos não ingerem alimen-
tos e obtêm os nutrientes do ambiente através de absorção.
 
22 • capítulo 1
BACTÉRIASBACTÉRIAS
São procariotos, carecem de membrana nuclear e outras es-
truturas celulares organizadas observadas em eucariotos.
VÍRUSVÍRUS
Representam o limite entre as formas vivas e as sem vida. Não são
células como as descritas anteriormente, contêm somente um tipo
de ácido nucleico, RNA ou DNA que é circundado por um envelope
proteico ou capa. Devido à ausência de componentes celulares ne-
cessários para o metabolismo ou reprodução independente, o vírus
pode multiplicar-se somente dentro de células vivas, por isso não são
considerados seres vivos por não possuírem vida própria.
 
capítulo 1 • 23
1.9 Quimioterapia antimicrobiana
Quimioterapia corresponde ao advento do tratamento de doenças por meio de
substâncias químicas. Algumas são sintetizadas em laboratório, e por isso cha-
madas quimioterápicas; outras são produzidas por seres vivos, e são chamadas
de antibióticos. Os antibióticos são produzidos, na sua maioria, por microrga-
nismos que fazem a síntese total ou parcial da molécula e, neste caso, são con-
cluídos em laboratório (antibióticos semissintéticos).
 A quimioterapia antimicrobiana é um assunto de suma importância dentro
da microbiologia clínica, uma vez que drogas dessas naturezas são importantes
por lutar contra a infecção causada por microrganismos sem causar maléficos
á célula hospedeira, propriedade esta denominada de toxicidade seletiva.
 A maioria dos antibióticos usados na clinica é produzida por bacté-
rias do gênero Streptomyces e alguns por fungos dos gêneros Penicillium e
Cephalosporium.
Histórico
• 1900: Paul Ehrlich, bacteriologista alemão, desenvolveu a propriedade da
toxidade seletiva de alguns medicamentos.
• 1928: Fleming, ao acaso, foi o principal responsável pela descoberta dos
antibióticos depois de ter observado que onde havia desenvolvimento do fungo
Penicilum notatum, bactérias eram exterminadas.
• 1935: Gerhard Domagk cria o primeiro quimioterápico – as sulfona-
midas – um medicamento de natureza quimioterápica mas sintetizado em
laboratório.
• 1940 – Chain e Florey, devido ao estopim da Segunda Guerra Mundial, a
penicilina foi sintetizada em larga escala e nos últimos anos, a indústria farma-
cêutica estabelece modificações químicas, adicionando um radical químico ao
antimicrobiano para tentar aumentar o espectro de atividade da droga.
Recetemente os pesquisadores Annette Draeger e Eduard Bibiychuk nano-
partículas especiais feitas de lipídios, os lipossomas, que muito se assemelham
a células hospedeiras. Ao serem introduzidas no corpo de uma pessoa com uma
grave infecção bacteriana, essas membranas artificiais, também conhecidas
como CALo2, devem atrair as toxinas produzidas por bactérias.
 
24 • capítulo 1
Conceitos
 Antibióticos: são antibacterianos que provem de organismos vivos. Podem ser
naturais (quando a molécula da droga é totalmente de srcem natural; Ex: peni-
cilina, que é extraída de fungos) ou semissintéticos (quando uma molécula, de
srcem natural, é alterada em laboratório; Ex: oxacilina).
Quimioterápicos: drogas sintetizadas completamente em laboratório, po-
dendo ser classificadas apenas como sintéticas (Ex: sulfas). Para o nosso estu-
do, este tipo de antibacterianos será, por critérios meramente didáticos, inseri-
do nos grupos dos antibióticos.
1.10 Classificação dos antibióticos
1. Quanto à srcem:
• Naturais: de srcem natural microbiana. Ex: Penicilina.
• Semissintético: a molécula natural é adicionada a um radial químico
qualquer. Ex: Meticilina.
• Sintética: totalmente produzidas em laboratório. Ex: Quinolonas.
2. Quanto ao mecanismo de ação:
• Bactericidas: provocam a morte das bactérias. Ex: Aminoglicosideos
• Bacteriostáticas: inibem o metabolismo bacteriano, bloqueando o seu
crescimento. Ex: sulfas.
3. Quanto ao espectro de ação antimicrobiano:
• Pequeno espectro: realizam ação sobre determinados grupos de bactéria.
Ex: A penicilina atua apenas sobre bactérias gram-positivas.
• Amplo espectro: atividade sobre bactérias sem grupo específico: atu-
am contra bactérias gram-positivas e gram-negativas. Ex: tetraciclina e
cloranfenicol.
 
capítulo 1 • 25
1.11 Mecanismo de ação dos
antimicrobianos de uso clínico
O primeiro ponto para se observar a utilização dos antimicrobianos é a toxida-
de seletiva: a droga deve atuar especificamente sobre uma estrutura da célula
procariótica bacteriana, e não sendo tóxica a célula eucarionte. Os antibióticos
e os quimioterápicos interferem com diferentes atividades da célula bacteria-
na, causando a sua morte ou somente inibindo o seu crescimento.
1. 1. Ação Ação Antimicrobiana Antimicrobiana Através Através Da Da Inibição Inibição Da Da Síntese Síntese Da Da Parede Parede Celular:Celular:
Ex: Bacitracina, Cefalosporina, Penicilinas e Ex: Bacitracina, Cefalosporina, Penicilinas e VancomicinaVancomicina
 Alguns antibióticos impedem a síntese da parede celular, estrutura respon-
sável pela proteção mecânica da bactéria. Já se sabe que o peptidioglicano que
fornece estrutura à parede celular bacteriana é composta, basicamente, por
N-acetilglicosamina e N-acetilmurâmico. A parede celular, então, é produzida
em três fases: (1) produção dos principais compostos da parede celular ainda
no citoplasma, (2) passagem dessas substâncias por meio da membrana cito-
plasmática e (3) formação da malha de peptidoglicano através da ligação es-
tabelecida por enzimas (como a Transpeptidase), formando, em fim, a parede
celular.
Esses antibióticos inibem a atividade enzimática que forma o peptidioglica-
no. Sem a formação da parede celular, a bactéria fica completamente vulnerá-
 vel a ação do meio, morrendo logo em seguida.
2. 2. Ação Ação Antimicrobiana AntimicrobianaAtravés Através Da Da Inibição Inibição Da Da Membrana Membrana Celular Celular 
Ex: Anfotericina B, Polimixinas e NistatinaEx: Anfotericina B, Polimixinas e Nistatina
 A maioria das reações químicas (até os mecanismos de obtenção de ener-
gia) é realizada pela membrana citoplasmática. A membrana é destruída por
certos antibióticos, situação extremamente inadequada e incompatível com a
 vida bacteriana.
3. 3. Ação Ação Antimicrobiana Antimicrobiana Através Através Da Da Inibição Inibição Da Da Síntese Síntese De De ProteínasProteínas
Ex: Cloranfenicol, Tetraciclinas, Aminoaglicosídeos e EstreptomicinaEx: Cloranfenicol, Tetraciclinas, Aminoaglicosídeos e Estreptomicina
 A síntese de proteínas (tanto o processo de transcrição como o de tradução)
acontece na região do citoplasma. As tetraciclinas bloqueiam a síntese protéica
 
26 • capítulo 1
porque, quando fixadas à subunidade 30S (menor), impedem a fixação dos RNA
transportadores ao ribossomo.
O cloranfenicol, lincomicina e clindamicina, aparentemente, possuem os
mesmos mecanismos de ação, que seria impedir a união dos aminoácidos pela
inibição da peptidiltransferase.
 A eritromicina bloqueia a síntese protéica porque, quando fixada à subuni-
dade 50S, impede os movimentos de translocação. Embora a síntese proteica
seja muito semelhante nas bactérias e nas células do hospedeiro, existem di-
ferenças entre seus ribossomos. Estas diferenças explicam a ação seletiva dos
antimicrobianos.
4. 4. Ação AAção Antimicrobiana ntimicrobiana Através Da Através Da Inibição Da Inibição Da Síntese Dos Síntese Dos ÁcidosÁcidos
NucleícosNucleícos
Ex: Ácido nalidíxico, Novobiocina, Ex: Ácido nalidíxico, Novobiocina, Rifampicina e Fluorquinolonas.Rifampicina e Fluorquinolonas.
Outros antibióticos interferem em alguma fase da síntese do próprio MG da
bactéria. Estudos recentes têm mostrado alguns antimicrobianos interferem
com a síntese de DNA, inibindo a ação das enzimas girases. A função destas
enzimas é promover o enrolamento das moléculas de DNA, para que ocupem
um menor espaço dentro de célula.
OBS: Um antibiograma é um ensaio laboratorial que mede a susceptibili-
dade/resistência de uma bactéria a um ou mais agentes antimicrobianos. Seu
objetivo é tanto a análise do espectro de sensibilidade/resistência a drogas de
uma bactéria quanto a determinação da concentração mínima inibitória.
OBS²: Deve-se evitar o desenvolvimento da resistência combatendo o uso
abusivo e indiscriminado dos antibióticos.
1.12 Visão geral dos antibióticos quanto ao
mecanismo de ação
De uma forma geral, podemos dividir os antibióticos nos seguintes grandes gru-
pos, que serão mais bem detalhados nos materiais referentes à Farmacologia:
 Antibióticos com ação n Antibióticos com ação na parede bacteriana:a parede bacteriana:
-Beta-lactâmicos-Beta-lactâmicos
 
capítulo 1 • 27
• Penicilinas
• Cefalosporinas
• Carbapenêmicos e Monobactâmicos
– Glicopeptídeos
– Polimixina B
 Antibióticos com açã Antibióticos com ação no citoplasma microbiano no citoplasma microbianoo
• Macrolídeos e lincosamidas
• Cloranfenicol
• Tetraciclinas
• Aminoglicosídeos
• Sulfonamidas + Trimetoprim
• Fluorquinolonas
• Metronidazol
CONEXÃOCONEXÃO
Vídeo complemetar A aventura do Antibiótico. Link: https://www.youtube.com/watch?v=X-
tP7WF8XjXU.
 
28 • capítulo 1
1.13 Biossegurança na prática fisioterápica
Conceitos gerais.
Biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização
ou eliminação dos riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensi-
no, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços. Estes riscos podem
comprometer a saúde do homem e animais, o meio ambiente ou a qualidade
dos trabalhos desenvolvidos (Teixeira; Valle, 1996). Há ainda outros conceitos
para a biossegurança, como o que está relacionado à prevenção de acidentes
em ambientes ocupacionais, incluindo o conjunto de medidas técnicas, admi-
nistrativas, educacionais, médicas e psicológicas (Costa, 1996). O tema abrange
ainda a segurança no uso de técnicas de engenharia genética e as possibilida-
des de controles capazes de definir segurança e risco para o ambiente e para a
saúde humana, associados à liberação no ambiente dos organismos genetica-
mente modificados (OGMs) (Albuquerque, 2001).
 A Biossegurança envolve a análise dos riscos a que os profissionais de saúde
e de laboratórios estão constantemente expostos em suas atividades e ambien-
tes de trabalho. A avaliação de tais riscos engloba vários aspectos, sejam relacio-
nados aos procedimentos adotados, as chamadas Boas Práticas em Laboratório
(BPLs), aos agentes biológicos manipulados, à infraestrutura dos laboratórios
ou informacionais, como a qualificação das equipes (Brasil, 2006b).
Em Roma, no primeiro século antes de Cristo, Marcus Varro defendia a associação
dos pântanos com as doenças "por hospedar criaturas diminutas, invisíveis, que flu-
tuando pelo ar podiam entrar no corpo humano pela boca e nariz, causando doenças"
(MASTROENI, 2008).
Importância da Biossegurança.
Do ponto de vista prático, foi a partir da Conferência de Asilomar que se srci-
naram as normas de biossegurança do National Institute of Health (NIH), dos
EUA. Seu mérito, portanto, foi o de alertar a comunidade científica, principal-
mente quanto às questões de biossegurança inerentes à tecnologia de DNA re-
 
capítulo 1 • 29
combinante. A partir de então, a maioria dos países centrais viu-se diante da
necessidade de estabelecer legislações e regulamentações para as atividades
que envolvessem a engenharia genética (Almeida; Valle, 1999).
Na década de 1980 a Organização Mundial de Saúde (OMS) conceituou a
biossegurança como prática de prevenção para o trabalho em laboratório com
agentes patogênicos, e, além disto, classificou os riscos como biológicos, quí-
micos, físicos, radioativos e ergonômicos. Na década seguinte, observou-se a
inclusão de temas como ética em pesquisa, meio ambiente, animais e proces-
sos envolvendo tecnologia de DNA recombinante em programas de biossegu-
rança (Costa, Costa, 2002).
 A biossegurança no Brasil só se estruturou, como área específica, nas déca-
das de 1970 e 1980, mas desde a instituição das escolas médicas e da ciência ex-
perimental, no século XIX, vêm sendo elaboradas noções sobre os benefícios e
riscos inerentes à realização do trabalho científico, em especial nos ambientes
laboratoriais em decorrência do grande número de relatos de graves infecções
ocorridas, e também de uma maior preocupação em relação às consequências
que a manipulação experimental de animais, plantas e micro-organismos po-
deriam trazer ao homem e ao meio ambiente (Almeida; Albuquerque, 2000,
Shatzmayr, 2001).
1.14 Evolução histórica da segurança do
trabalho
Aspectos Legais
Descrever os aspectos legais da Segurança no Ambiente Hospitalar é possível,
desde que seu desenvolvimento seja mostrado a partir de fatos ocorridos nas
 várias atividades profissionais ocorridas em outras épocas. Para tanto, a tabela
1 apresenta uma resumida evolução histórica dos direitos e conhecimento ad-
quiridos pelos trabalhadores no mundo.
No Brasil, o fato marcante na legislação trabalhista se deu em 1943, através
do Decreto 5452, de 1º de maio de 1943, e atualmente as formas de dirimir as
questões legais referentes à segurança dos trabalhadores foram traduzidas nos
conteúdos da Lei nº 6.514 de 22 de dezembro de1977.
 
30 • capítulo 1
ÉÉPPOOCCA A OORRIIGGEEM M CCOONNTTRRIIBBUUIIÇÇÃÃOO
Aristóteles (384 –322
aC)
Cuidou do atendimento e prevenção das enfermidades dos
trabalhadores nos ambientes das minas.
Platão
Constatou e apresentou enfermidades específicas do
esqueleto que acometiam determinados trabalhadores no
exercício de suas profissões.
SÉC. IV ACSÉC. IV AC
Plínio
(23 –79 dC)
Publicou a História Natural, onde pela primeira vez foram
tratados temas referentes à segurança do trabalho. Discor-
reu sobre o chumbo, mercúrio e poeiras. Menciona o uso de
mascaras pelos trabalhadoresdessas atividades.
Hipócrates
(460 –375 aC)
Revelou a srcem das doenças profissionais que acometiam
os trabalhadores nas minas de estanho.
Galeno
(129 –201 aC)
Preocupou-se com o saturnismo.
SÉC. XIIISÉC. XIII
Avicena
(908 –1037)
Preocupou - se com o saturnismo e indicou - o como causa
das cólicas provocadas pelo trabalho em pinturas que
usavam tinta à base de chumbo.
SÉC. XVSÉC. XV Ulrich Ellembog
Editou uma série de publicações em que preconizava medi-
das de higiene do trabalho.
SÉC. XVISÉC. XVI
Paracelso
(1493 –1541)
Divulgou estudos relativos às infecções dos mineiros do
Tirol.
Europa
Foram criadas corporações de ofício que organizaram e
protegeram os interesses dos artifícios que representavam.
16011601 Inglaterra Criada a Lei dos Pobres.
16061606
Rei Carlos II
(1630 –1685)
Em virtude do grande Incêndio de Londres foi proclamado
de que as novas casas fossem construídas com paredes de
pedras ou tijolos e a largura das ruas fosse aumentada de
modo a dificultar a programação do fogo.
17001700
Bernardino Ramazzine
(1633 –1714)
Divulgou sua obra clássica "De Morbis Articum Diatriba"
(As Doenças dos Trabalhadores).
18021802 Inglaterra Substituição das Leis dos Pobres pela Lei das Fábricas.
1844-18481844-1848 Inglaterra
Aprovação das primeiras Leis de Segurança no trabalho e
Saúde Pública, regulamentando os problemas de saúde e
de doenças profissionais.
18621862 França Regulamentação da higiene e segurança no trabalho.
18651865 Alemanha
Lei de indenização obrigatória aos trabalhadores, que res-
ponsabiliza o empregador pelo pagamento dos acidentes.
18831883 Emílio Muller
Fundou em Paris a Associação de Indústrias contra os
Acidentes de Trabalho.
18971897
Inglaterra
Após o incêndio de Cripplegate, foi fundado o Comitê Bri-
tânico de Prevenção e iniciou - se uma série de pesquisas
relativas a materiais aplicados em construções.
França
Após catástrofe do Bazar da Caridade, foram dadas maio-
res atenções aos problemas de incêndios.
19031903 EUA
Promulgada a primeira lei sobre indenização aos trabalha-
dores, limitada ao empregador e trabalhadores federais.
 
capítulo 1 • 31
ÉÉPPOOCCA A OORRIIGGEEM M CCOONNTTRRIIBBUUIIÇÇÃÃOO
19191919 Tratado de Versalhes
Criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
com sede em Genebra, que substitui a Associação Interna-
cional de Proteção Legal ao Trabalhador.
19211921 EUA
Estendidos os benefícios da Lei de 1903 a todos os traba-
lhadores através da Lei Federal.
19271927 França
Foram iniciados estudos de laboratórios relacionados com
a inflamabilidade dos materiais e estabeleceram - se os
primeiros regulamentos específicos que adotaram medidas
e precauções a serem tomadas nos locais de trabalho e
nos locais de uso prático.
19431943 Brasil
O Decreto nº 5452, de 01/05/1943, regulamenta o Ca-
pítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho,
relativo à Segurança e Medicina no Trabalho.
Tabela 1.1 - História da Segurança no Trabalho
1.15 Legislação brasileira – Lei 6.514/77 de
Portaria nº 3.214/78
No Brasil, o direito dos trabalhadores à segurança e medicina no trabalho é ga-
rantido pela Lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Essa lei altera o Capítulo V
do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho no que se refere à Segurança
e Medicina do Trabalho. Sua regulamentação foi feita através da Portaria nº
3.214 de 08 de junho de 1978, do Ministério do Trabalho. Essa portaria aprova
as Normas Regulamentadoras (NR) do Capítulo V do Título II, da Consolidação
das Leis do Trabalho relativas à Segurança e Medicina do Trabalho e por um
conjunto de textos suplementares (leis, portarias e decretos) decorrentes de al-
terações feitas nos textos srcinalmente publicados.
1.16 Conceitos básicos sobre assepsia,antissepsia e técnicas de esterilização.
• Assepsia: Assepsia: é o conjunto de medidas que utilizamos para impedir a penetra-
ção de microorganismos num ambiente que logicamente não os tem, logo um
ambiente asséptico é aquele que está livre de infecção.
 
32 • capítulo 1
• Antissepsia Antissepsia: é o conjunto de medidas propostas para inibir o crescimento
de microorganismos ou removê-los de um determinado ambiente, podendo ou
não destruí-los e para tal fim utilizamos antissépticos ou desinfetantes. É a des-
truição de micro-organismos existentes nas camadas superficiais ou profundas
da pele, mediante a aplicação de um agente germicida de baixa causticidade,
hipoalergênico e passível de ser aplicado em tecido vivo.
• DegermaçãoDegermação: Significa a diminuição do número de microorganismos pa-
togênicos ou não, após a escovação da pele com água e sabão. É a remoção de
detritos e impurezas depositados sobre a pele. Sabões e detergentes sintéticos,
graças a sua propriedade de umidificação, penetração, emulsificação e dis-
persão, removem mecanicamente a maior parte da flora microbiana existente
nas camadas superficiais da pele, também chamada flora transitória, mas não
conseguem remover aquela que coloniza as camadas mais profundas ou flora
residente.
• DesinfecçãoDesinfecção: é o processo pelo qual se destroem particularmente os ger-
mes patogênicos e/ou se inativa sua toxina ou se inibe o seu desenvolvimento.
Os esporos não são necessariamente destruídos.
• EsterilizaçãoEsterilização : é processo de destruição de todas as formas de vida micro-
biana (bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e vírus) mediante
a aplicação de agentes físicos e ou químicos, Toda esterilização deve ser prece-
dida de lavagem e enxaguadura do artigo para remoção de detritos.
• EsterilizantesEsterilizantes : são meios físicos (calor, filtração, radiações, etc) capazes
de matar os esporos e a forma vegetativa, isto é, destruir todas as formas mi-
croscópicas de vida.
• EsterilizaçãoEsterilização : o conceito de esterilização é absoluto. O material é esterili-
zado ou é contaminado, não existe meio termo.
• GermicidasGermicidas: são meios químicos utilizados para destruir todas as formas
microscópicas de vida e são designados pelos sufixos "cida" ou "lise", como por
exemplo, bactericida, fungicida, virucida, bacteriólise etc.
Na rotina, os termos antissépticos, desinfetantes e germicidas são emprega-
dos como sinônimos, fazendo que não haja diferenças absolutas entre desinfe-
tantes e antissépticos. Entretanto, caracterizamos como antisséptico quando
a empregamos em tecidos vivo e desinfetante quando a utilizamos em objetos
inanimados (Moriya; Módena, 2008).
 
capítulo 1 • 33
1.17 Apresentação pessoal dos
trabalhadores junto às normas institucionais
Proteção da Equipe De Saúde
Medidas de precauções universais ou medidas padrão representam um con-
 junto de medidas de controle de infecção para serem adotadas universalmente
como forma eficaz de redução do risco ocupacional e de transmissão de micror-
ganismos nos serviços de saúde.
 As Precauções Universais incluem:
a) uso de barreiras ou equipamentos de proteção individual;
b) prevenção da exposição a sangue e fluidos corpóreos; c) prevenção de
acidentes com instrumentos pérfuro-cortantes;
c) manejo adequado dos acidentes de trabalho que envolva a exposição a
sangue e fluidos orgânicos;
d) manejo adequado de procedimentos de descontaminação e do destino
de dejetos e resíduos nos serviços de saúde. (Martins, 2001).
Barreiras de proteção pessoal, também chamadas de EPI – Equipamento de
Proteção Individual são métodos físicos que interrompem as rotas de contamina-
ção, quebrando o ciclo que poderia ser estabelecido. As barreiras de proteção pes-
soal devem ser utilizadas rigorosamente dentro das clínicas, tanto por alunos ope-
radores como por seus auxiliares, professores e funcionários. (Stefani et al., 2002).
A imunização é indispensável para completar as barreiras de proteção pessoal. Todas as
pessoas expostas à contaminação (profissionais, alunos e funcionários) devem ser vacina-
das contra Hepatite B (Obrigatória!!!), tuberculose (BCG), tétano e difteria, sarampo e rubé-
ola. O ideal é quealunos se imunizem no 4º semestre, antes do início das atividades clínicas.
1.17.1 Luvas
Sempre que houver possibilidade de contato com sangue, saliva contaminada
por sangue, contato com a mucosa ou com superfície contaminada, o profissio-
nal deve utilizar luvas.
 
34 • capítulo 1
• Antes do atendimento de cada paciente, o profissional deve lavar suas
mãos e colocar novas luvas; após o tratamento de cada paciente, ou antes, de
deixar a clínica, o profissional deve remover e descartar as luvas e lavar as mãos.
• Tanto as luvas para procedimento como as luvas cirúrgicas não devem
ser lavadas antes do uso, nem lavadas, desinfetadas ou esterilizadas para
reutilização.
• As luvas de látex para exame não foram formuladas para resistir à exposi-
ção prolongada às secreções, podendo ficar comprometidas durante procedi-
mentos de longa duração.
Normas na utilização das luvas
• As luvas NÃO devem ser utilizadas fora das áreas de tratamento.
• As luvas devem ser trocadas entre os tratamentos de diferentes pacientes.
• A parte externa das luvas NÃO deve ser tocada na sua remoção.
• As luvas devem ser checadas quanto à presença de rasgos ou furos antes e
depois de colocadas, devendo ser trocadas, caso isso ocorra.
• Se as luvas se esgarçarem ou rasgarem durante o tratamento de um pacien-
te, devem ser removidas e eliminadas, lavando-se as mãos antes de reenluvá-las.
• Se ocorrerem acidentes com instrumentos pérfuro-cortantes, as luvas
devem ser removidas e eliminadas, as mãos devem ser lavadas e o acidente
comunicado.
• Superfícies ou objetos fora do campo operatório NÃO podem ser toca-
dos por luvas usadas no tratamento do paciente. Recomenda-se a utilização de
SOBRE-LUVAS ou pinças esterilizadas.
• Em procedimentos cirúrgicos demorados ou com sangramento intenso,
está indicado o uso de dois pares de luvas.
• Luvas usadas não devem ser lavadas ou reutilizadas.
Técnica para a colocação das luvas esterilizadas
• Colocar o pacote sobre uma mesa ou superfície lisa, abrindo-o sem conta-
miná-lo. Expor as luvas de modo que os punhos fiquem voltados para si.
• Retirar a luva esquerda (E) com a mão direita, pela dobra do punho.
Levantá-la, mantendo-a longe do corpo, com os dedos da luva para baixo.
Introduzir a mão esquerda, tocando apenas a dobra do punho.
 
capítulo 1 • 35
• Introduzir os dedos da mão esquerda enluvada sob a dobra do punho da
luva direita (D). Calçar a luva direita, desfazendo a seguir a dobra até cobrir o
punho da manga do avental.
• Ajustar os dedos de ambas as mãos.
• Após o uso, retirar as luvas puxando a primeira pelo lado externo do pu-
nho, e a segunda pelo lado interno.
1.17.2 Máscaras
Durante o tratamento de qualquer paciente, deve ser usada máscara na face
para proteger as mucosas nasais e bucais da exposição ao sangue e saliva. A
máscara deverá ser descartável e apresentar camada dupla ou tripla, para filtra-
ção eficiente.
Normas para a utilização
• As máscaras devem ser colocadas após o gorro e antes dos óculos de
proteção.
• As máscaras devem adaptar-se confortavelmente à face, sem tocar lábios
e narinas.
• Não devem ser ajustadas ou tocadas durante os procedimentos.
• Devem ser trocadas entre os pacientes e sempre que se tornarem úmidas,
quando dos procedimentos geradores de aerossóis ou respingos, o que diminui
sua eficiência.
• Não devem ser usadas fora da área de atendimento, nem ficar penduradas
no pescoço.
• Devem ser descartadas após o uso.
• As máscaras devem ser removidas enquanto o profissional estiver com lu-
 vas. Nunca com as mãos nuas.
• Para sua remoção, as máscaras devem ser manuseadas o mínimo possível
e somente pelos bordos ou cordéis, tendo em vista a pesada contaminação.
• O uso de protetores faciais de plástico NÃO exclui a necessidade da utili-
zação das máscaras.
• Máscaras e óculos de proteção não são necessários no contato social,
tomada da história clínica, medição da pressão arterial ou procedimentos
semelhantes.
 
36 • capítulo 1
1.17.3 Óculos de proteção
Normas para a utilização
• Óculos de proteção com vedação lateral ou protetores faciais de plástico,
devem ser usados durante o tratamento de qualquer paciente, para proteção
ocular contra acidentes ocupacionais (partículas advindas de restaurações, pla-
ca dentária, polimento) e contaminação proveniente de aerossóis ou respingos
de sangue e saliva.
• Os óculos de proteção também devem ser usados quando necessário no
laboratório, na desinfecção de superfícies e manipulação de instrumentos na
área de lavagem.
• Óculos e protetores faciais não devem ser utilizados fora da área de
trabalho.
• Devem ser lavados e desinfetados quando apresentarem sujidade
1.17.4 Batas ou jalecos
Sempre que houver possibilidade de sujar as roupas com sangue ou outros flui-
dos orgânicos, devem ser utilizadas vestes de proteção, como batas (reutilizá-
 veis ou descartáveis), ou aventais para laboratório sobre elas.
Normas para a utilização
• A bata fechada, com colarinho alto e mangas longas é a que oferece a
maior proteção.
• As batas devem ser trocadas pelo menos diariamente, ou sempre que con-
taminados por fluidos corpóreos.
• As batas utilizadas devem ser retiradas na própria clínica e, com cuida-
do, colocados em sacos de plástico, para o procedimento posterior (limpeza ou
descarte). Com essa atitude, evita-se a veiculação de microrganismos da clínica
para outros ambientes, inclusive o doméstico.
 
capítulo 1 • 37
1.17.5 Gorros
Os cabelos devem ser protegidos da contaminação através de aerossóis e gotí-
culas de sangue e saliva, principalmente quando de procedimentos cirúrgicos,
com a utilização de gorros descartáveis, que devem ser trocados quando houver
sujidade visível
1.18 Aprender sobre a higienização das
mãos
Lavagem e cuidado das mãos
 A lavagem de mãos é obrigatória para todos os componentes da equipe de saú-
de; O lavatório deve contar com:
a) dispositivo que dispense o contato de mãos quando do fechamento da
água;
b) toalhas de papel descartáveis ou compressas estéreis;
c) sabonete líquido antimicrobiano;
Nenhuma outra medida de higiene pessoal tem impacto tão positivo na
eliminação da infecção cruzada na clínica odontológica quanto à lavagem das
mãos. A lavagem simples das mãos, ou lavagem básica das mãos, que consis-
te na fricção com água e sabão, é o processo que tem por finalidade remover
a sujidade e a microbiota transitória (constituída por contaminantes recentes
adquiridos do ambiente e que ficam na pele por períodos limitados).
 A lavagem das mãos deve ser realizada:
• no início do dia;
• antes e após o atendimento do paciente;
• antes de calçar as luvas e após removê-las;
• após tocar qualquer instrumento ou superfície contaminada;
• antes e após utilizar o banheiro;
• após tossir, espirrar ou assoar o nariz;
• ao término do dia de trabalho.
 
38 • capítulo 1
Técnica para lavagem das mãos
1. remover anéis, alianças, pulseiras e relógio;
2. umedecer as mãos e pulsos em água corrente;
3. dispensar sabão líquido suficiente para cobrir mãos e pulsos;
4. ensaboar as mãos. Limpar sob as unhas;
5. esfregar o sabão em todas as áreas, com ênfase particular nas áreas ao
redor das unhas e entre os dedos, por um mínimo de 15 segundos antes de en-
xaguar com água fria.
6. obedecer à seguinte seqüência: palmas das mãos; dorso das mãos; es-
paços entre os dedos; polegar;articulações; unhas e pontas dos dedos e punhos.
7. repetir o passo anterior;
8. secar completamente, utilizando toalhas de papel descartáveis.
Antissepsia das Mãos
É o processo utilizado para destruir ou remover microrganismos das mãos, uti-
lizando antissépticos. Realizada antes de procedimentos cirúrgicos e de proce-
dimentos de risco.
Soluções utilizadas:
• solução de digluconato de clorexidina a 2 ou 4% com detergente;
• solução de PVPI 10%, com 1% de iodo livre, com detergente;
• solução de álcool etílico 77% (v/v), contendo 2% de glicerina
Stiers et al., 1995; Guandalini, 1999
LEITURALEITURAhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Pasteur
https://www.youtube.com/watch?v=EnlBK8WjMwk
https://www.youtube.com/watch?v=u9rAOfI5Mf4
 
capítulo 1 • 39
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40 • capítulo 1
 
Características dasCaracterísticas das
BactériasBactérias
22
 
42 • capítulo 2
OBJETIVOSOBJETIVOS
• Conhecer as características gerais dos diferentes grupos de microrganismos;
• Conhecer a morfologia das bactérias, fungos e vírus;
• Reconhecer os mecanismos bacterianos de Patogenicidade;
• Identificar as Síndromes Infecciosas.
 
capítulo 2 • 43
2.1 Características gerais das bactérias
• São seres unicelulares, aparentemente simples, sem carioteca, ou seja,
sem membrana nuclear. Há um único compartimento, o citoplasma.
• O material hereditário, uma longa molécula de DNA, está enovelado na re-
gião, aproximadamente central, sem qualquer separação do resto do conteúdo
citoplasmático. Suas paredes celulares, quase sempre, contêm o polissacarídeo
complexo peptideoglicano.
• Usualmente se dividem por fissão binária. Durante este processo, o DNA
é duplicado e a célula se divide em duas. A seguir, você irá estudar mais deta-
lhadamente as características de maior importância para o entendimento das
aulas seguintes.
Tamanho
Invisíveis a olho nu, só podendo ser visualizada com o auxílio do microscópio,
as bactérias são normalmente medidas em micrômetros (µm), que são equiva-
lentes a 1/1000mm (10-3mm). As células bacterianas variam de tamanho de-
pendendo da espécie, mas a maioria tem aproximadamente de 0,5 a 1µm de
diâmetro ou largura.
Morfologia
Há uma grande variedade de tipos de bactérias e suas formas variam, depen-
dendo do gênero da bactéria e das condições em que elas se encontram. Apre-
sentam uma das três formas básicas: cocos, bacilos e espirilos.
CocosCocos – são células geralmente arredondadas, mas podem ser ovoides ou
achatadas em um dos lados quando estão aderidas a outras células. Os cocos
quando se dividem para se reproduzir, podem permanecer unidos uns aos ou-
tros, o que os classificam em:
DiplococosDiplococos – são os que permanecem em pares após a divisão.
EstreptococosEstreptococos - são aqueles que se dividem e permanecem ligados em for-
ma de cadeia.
TétradesTétrades – são aqueles que se dividem em dois planos e permanecem em
grupos de quatro.
 
44 • capítulo 2
EstafilococosEstafilococos - são aqueles que se dividem em múltiplos planos e formam
cachos (forma de arranjo).
SarcinasSarcinas - são os que se dividem em três planos, permanecendo unidos em
forma de cubo com oito bactérias.
BacilosBacilos – são células cilíndricas ou em forma de bastão. Existem diferenças
consideráveis em comprimento e largura entre as várias espécies de bacilos.
 As porções terminais de alguns bacilos são quadradas, outras arredondadas e,
ainda, outras são afiladas ou pontiagudas.
Coco Diplococo
Estreptococo
Sarcina
Cocobacilo Bacilo
Diplobacilo
Estreptobacilo
Hifa
 Tallo
 Filamento Espiroqueta
Empalizada
Tétrada
Estafilococo
Barra alargada
Fusobacterium
Coma
Bdellovibrio
Bastón
Corynebacteriaceae
Hélice
Helicobacter pylori
Sacacorchos
Borrelia bugdorferi
Vibrio
Diplococo
encapsulado
Pneumococo
CCooccoos s OOttrrooss
BacilosBacilos
Apéndices bacterianosApéndices bacterianos
2.2 Estruturas bacterianas
Com a ajuda do microscópio, podemos observar uma diversidade de estrutu-
ras, funcionando juntas numa célula bacteriana. Algumas dessas estruturas
 
capítulo 2 • 45
são encontradas externamente fixadas à parede celular, enquanto outras são
internas. A parede celular e a membrana citoplasmática são comuns a todas as
células bacterianas.
Cápsula
Fímbrias
Camada externa
Parede celular
Membrana plasmática
Flagelo
DNA em nucleóide
Camada de
peptidoglucano
Parede celular
 A parede celular é uma estrutura rígida que mantém a forma característica de
cada célula bacteriana. A estrutura é tão rígida que mesmo altas pressões ou
condições físicas adversas raramente mudam a forma das células bacterianas.
É essencial para o crescimento e divisão da célula. As paredes celulares das cé-
lulas bacterianas não são estruturas homogêneas, apresentam camadas de di-
ferentes substâncias que variam de acordo com o tipo de bactéria. Elas diferem
em espessura e em composição. Além de dar forma à bactéria, a parede celular
serve como barreira para algumas substâncias, previne a evasão de certas enzi-
mas, assim como a entrada de certas substâncias químicas e enzimas indese-
 jáveis, que poderiam causar danos à célula. Nutrientes líquidos necessários à
célula têm passagem permitida.
Membrana citoplasmática
Localiza-se imediatamente abaixo da parede celular. A membrana citoplasmá-
tica é o local onde ocorre a atividade enzimática e do transporte de moléculas
para dentro e para fora da célula. É muito mais seletiva à passagem de substân-
cias externas que a parede celular.
 
46 • capítulo 2
2.3 Estruturas externas a parede celular
Glicocálice
Significa revestimento de açúcar – é um envoltório externo à membrana plas-
mática que ajuda a proteger a superfície celular contra lesões mecânicas e
químicas. É composto de moléculas de açúcar associadas aos fosfolipídios e
às proteínas dessa membrana. O glicocálice bacteriano é um polímero viscoso
e gelatinoso que está situado externamente à parede celular. Na maioria dos
casos, ele é produzido dentro da célula e excretado para a superfície celular. O
glicocálice é descrito como uma cápsula.
Em certas espécies, as cápsulas são importantes no potencial de produção
de doenças da bactéria. As cápsulas, frequentemente,protegem as bactérias
patogênicas da fagocitose pelas células do hospedeiro.
Flagelos e cílios
Flagelo significa chicote – longo apêndice filamentoso que serve para locomo-
ção. Se as projeções são poucas e longas em relação ao tamanho da célula, são
denominados flagelos. Se as projeções são numerosas e curtas lembrando pe-
los, são denominados cílios.
Existem quatro tipos de arranjos de flagelos, que são:
• Monotríquio (um único flagelo polar).
• Anfitríquio (um único flagelo em cada extremidade da célula).
• Lofotríquio (dois ou mais flagelos em cada extremidade da célula).
• Peritríquio (flagelos distribuídos por toda célula).
 As bactérias móveis contêm receptores em várias localizações, como dentro
ou logo abaixo da parede celular. Estes receptores captam os estímulos quími-
cos, como o oxigênio, a ribose e a galactose. Em resposta aos estímulos, a infor-
mação é passada para os flagelos. Se um sinal quimiotático (estímulo químico)
é positivo, denominado atraente, as bactérias se movem em direção ao estímu-
lo com muitas corridas e poucos desvios. Se um sinal é negativo, denominado
repelente, a frequência de desvios aumenta à medida que a bactéria se move
para longe do estímulo.
 
capítulo 2 • 47
Filamentos axiais
São feixes de fibrilas que se srcinam nas extremidades das células e fazem uma
espiral em torno destas. A rotação dos filamentos produz um movimento que
propele as espiroquetas (bactérias que possuem estrutura e motilidade exclusi-
 va) como a Treponema pallidum, o agente causador da sífilis, em um movimento
espiral. Este movimento é semelhante ao modo como o saca-rolha se move, per-
mitindo que as bactérias se movam efetivamente através dos tecidos corporais.
Fimbrias e pili
São apêndices semelhantes a pelos mais curtos, mais retos e mais finos que os fla-
gelos, são usados para fixação em vez de motilidade. Essas estruturas, que distribu-
ídas de modo helicoidal em torno de um eixo central, são divididas em fimbrias e
pili, possuindo funções diversas. As fimbrias permitem as células aderir às superfí-
cies, incluindo as de outras células. As fimbrias de bactérias Neisseria gonorhoeae,
o agente causador da gonorreia, auxiliam o micróbio a colonizar as membranas
mucosas e uma vez que a colonização ocorre, as bactérias podem causar doenças.
Os pili (singular pilus), normalmente, são mais longos que as fimbrias, ha-
 vendo apenas um ou dois por célula. Os pili unem-se as células.
Área nuclear ou nucleoide
Contém uma única molécula circular longa de DNA de dupla fita, o cromosso-
mo bacteriano. É a formação genética da célula que transporta toda informação
necessária para as estruturas e as funções celulares.bacterianas na preparação
para transferência de DNA de uma célula para outra.
Ribossomos
Servem como locais de síntese proteica. São compostos de duas subunidades,
cada qual consistindo de proteínas e de um tipo de RNA denominado ribossô-
mico (RNAr). Os ribossomos procarióticos diferem dos eucarióticos no número
de proteínas e de moléculas de RNA. Devido a essa diferença, a célula microbia-
na pode ser morta pelo antibiótico, enquanto a célula do hospedeiro eucarióti-
co permanece intacta.
 
48 • capítulo 2
Esporos
Os esporos se formam dentro da célula bacteriana, chamada de endósporos,
são exclusivos de bactérias. São células desidratadas altamente duráveis, com
paredes espessas e camadas adicionais.
Os gêneros Bacillus e Clostridium podem apresentar esporos, estruturas
que constituem formas de defesa e não devem ser confundidas com unidades
reprodutivas. Na forma de esporos, essas bactérias têm a capacidade de resistir
à ação de agentes químicos diversos, às temperaturas inadequadas, aos meios
de radiação, ácidos e outras condições desfavoráveis.
Plasmídeos
São moléculas de DNA de dupla fita pequenas e circulares. Não estão conecta-
dos ao cromossomo bacteriano principal e replicam-se, independentemente,
do DNA cromossômico. Podem ser ganhos ou perdidos sem lesar a celular e
transferidos de uma bactéria para outra. Podem transportar genes para ativida-
des como a resistência aos antibióticos, tolerância aos metais tóxicos, produ-
ção de toxinas e síntese de enzimas. Quanto mais alto o peso molecular maior
será sua importância. Cada plasmídeo tem uma função própria, os que não têm
função são crípticos e apresentam baixo peso molecular.
Reprodução
Quando os microrganismos estão em um meio apropriado (alimentos, meios
de cultura, tecidos de animais ou plantas) e em condições ótimas para o cres-
cimento, um grande aumento no número de células ocorre em um período de
tempo relativamente curto. A reprodução das bactérias se dá, principalmente,
de forma assexuada, em que novas células iguais a que deu srcem são produ-
zidas. As bactérias se reproduzem assexuadamente por fissão binária, na qual
uma única célula parental simplesmente se divide em duas células filhas idên-
ticas. Anteriormente à divisão celular, os conteúdos celulares se duplicam e o
núcleo é replicado. O tempo de geração, ou seja, o intervalo de tempo requerido
para que cada microrganismo se divida ou para que a população de uma cultura
duplique em número é diferente para cada espécie e é fortemente influenciado
pela composição nutricional do meio em que o microrganismo se encontra.
 
capítulo 2 • 49
 Alguns procariotos se reproduzem assexuadamente por modelos de divisão
celular diferentes da fissão binária, tais como:
BROTAMENTOBROTAMENTO
A célula-mãe expele, de forma lenta, uma célula-filha que
brota de maneira a srcinar uma nova bactéria. As células-
filhas podem se manter agregadas às células-mães, após
sucessivos brotamentos forma-se uma colônia.
FRAGMENTAÇÃOFRAGMENTAÇÃO
Formação de filamentos, cada um deles inicia o crescimento
de uma nova célula. Ex. Nocardia sp
FORMAÇÃO DEFORMAÇÃO DE
ESPOROSESPOROS
Produção de cadeias de esporos externos.
Divisão das bactérias
 As bactérias são divididas em dois grandes grupos: as eubactérias e as arqueo-
bactérias. As eubactérias apresentam composição da parede celular diferente
das arqueobactérias, frequentemente aparecem aos pares, em cadeias, forman-
do tétrades ou agrupadas. Algumas apresentam flagelos, favorecendo seu des-
locamento rapidamente em líquidos. São de grande importância na natureza
 
50 • capítulo 2
e na indústria, sendo essenciais na reciclagem de lixo orgânico e na produção
de antibiótico como a streptomicina. As infecções causadas pelas eubactérias
incluem as streptocócica de garganta, tétano, peste, cólera e tuberculose.
 As arqueobactérias assemelham-se as eubactérias quando observadas por
meio de um microscópio, mas existem diferenças importantes quanto a sua
composição química, à atividade e ao meio ambiente em que se desenvolvem
tais como em elevada concentração de salina ou acidez elevada e altas tempera-
turas a exemplo de piscinas térmicas e lagoas salinas.
2.4 Mecanismos de resistência bacteriana
Desde que Alexander Fleming descobriu o primeiro antibiótico, a penicilina,
em 1928, o homem e a bactéria disputam uma corrida e a liderança da competi-
ção vem se alterando o tempo todo. A previsão, porém, é de que os antibióticos,
as drogas milagrosas do século XX, terminem vencidos pela bactéria, um dos
seres mais primitivos na face da Terra.
Se isso de fato acontecer, a humanidade fará uma viagem no tempo em mar-
cha ré: voltará a era em que as mulheres morriam de parto por causa de conta-
minação no sangue, quando uma simples infecção de ouvido infantil podia se
transformar numa terrível meningite e pequenos cortes, as vezes, provocavam
até complicações fatais.
O uso indiscriminado (abusivo) dos antibióticos desde sua industrialização
promoveu uma seleção natural das bactérias patogênicas (causadoras de doen-
ças). Por isso as populações atuais desses micróbios são bastante resistentes
aos medicamentos. Muitas vezes torna-se quase impossível combatê-las e para
tanto é preciso usar antibióticos tão poderosos que causam problemasao pró-
prio paciente, como danos ao fígado ou tecido ósseo.
2.5 Desenvolvimento de resistência
 Antes do desenvolvimento dos antibióticos, as infecções bacterianas sistêmi-
cas eram tão sérias e tão temidas, quanto a AIDS, o é, nos dias de hoje, pois
eram uma das principais causas de morte.
 
capítulo 2 • 51
Por mais de 50 anos, os antibióticos são empregados (na indústria, agricultu-
ra, pecuária e mesmo nos ambientes domésticos), para tratar ou inibir de forma
rápida e eficaz a maioria das infecções comuns. Considerados como drogas mi-
lagrosas, em 1954, foram fabricadas 1000 toneladas de antibióticos, contra uma
produção atual estimada em mais de 25 mil. No entanto, não houve atenção para
as conseqüências adversas de seu uso indiscriminado, como ocorre ainda hoje,
certa indiferença sobre qualquer problema potencialmente sério, relacionado a
esses fármacos, porque assim como os antimicrobianos podem ser prescritas em
tratamentos subterapêuticos, ou em superdoses, as bactérias são estimuladas a
adquirir nova força em um processo seletivo. "A resistência é o preço a pagar para
se ter e usar um antibiótico, pois a natureza rejeita o vácuo e fará o possível para
preenchê-lo.” Os custos dos tratamentos com antimicrobianos respondem por 20
a 60% dos gastos com aquisição de medicamentos da maioria dos hospitais.
Quando a política administrativa pressiona para a aquisição de antimicro-
bianos mais baratos, os gastos gerados para tratar os micro-organismos resis-
tentes podem inviabilizar qualquer dotação orçamentária, pelo prolongamen-
to do tempo de internação para o tratamento destas cepas, que muitas vezes
tornam-se endêmicas nos hospitais, além de gerar o desgaste profissional, pela
impotência da equipe de saúde em obter sucesso no tratamento de pacientes
que adquirem essas infecções.
 A resistência à antibióticos é um problema que está se agravando, pelo de-
senvolvimento de micro-organismos, extremamente difíceis de se tratar.
Para o paciente, a resistência antimicrobiana resulta no aumento da morbi-
dade, e da mortalidade. Para a instituição, no aumento dos custos da assistên-
cia à saúde.
 A prescrição de antibióticos para infecções de etiologia viral, que não neces-
sitam tratamentos, potencializa certamente o desenvolvimento da resistência.
São empregados também, rotineiramente, antibióticos de amplo espectro, em
casos onde um outro fármaco mais simples seria suficiente, para erradicar a
infecção.
 As bactérias possuem um número notável de mecanismos genéticos para
desenvolvimento de resistência aos antimicrobianos: podem sofrer muta-
ção cromossômica, manifestar um gene latente de resistência cromossomal,
adquirir novo material de resistência genética através de troca direta de DNA
por conjugação, através de bacteriófago (transdução), através de plasmídeo
 
52 • capítulo 2
extracromossomal de DNA (também por conjugação), ou ainda por aquisição
de DNA, via transformação.
Não é incomum para uma única cepa de bactéria encontrada em um hospi-
tal, possuir vários desses mecanismos de resistência simultaneamente.
Outros fatores que contribuem para o surgimento de resistência incluem
a severidade crescente da doença, o aumento do comprometimento do siste-
ma imunológico, as intervenções invasivas, a transferência de pacientes entre
clínicas, a falha nos procedimentos de controle de infecção e as precauções de
isolamento ineficazes.
 Verifica-se na prática clínica, que, quando os pacientes não respondem a
um antimicrobiano particular, a resposta de muitos médicos, simplesmente é
substituir a droga e analisar seu êxito, ou sua ineficácia. O emprego de alterna-
tivas terapêuticas sem embasamento nos testes bacteriológicos primários, ou
sem uma pesquisa nos dados da literatura médica, promove ou potencializa a
resistência aos antimicrobianos.
O surgimento da resistência à antibióticos, é uma consequência direta de
seu emprego, e a resistência é, então, estabelecida pela pressão seletiva mostra-
da por estes fármacos.
Esse uso indiscriminado de antimicrobianos sobre certas cepas bacterianas
traz como consequência inevitável, o desenvolvimento de sua resistência. Para
aqueles antibióticos que são derivados de produtos naturais, a resistência está
relacionada à aquisição de genes codificadores de enzimas que inativam o an-
tibiótico, como as betalactamases, modificam seu alvo, como a produção de
PBP's (Penicilin Binding Proteins) modificadas, ou promovem o efluxo ativo do
antibiótico, como os macrolídios.
Crê-se que esses genes de resistência desenvolveram-se há centenas de
milhões de anos nas bactérias do solo, com a finalidade de proteger contra os
antibióticos produzidos por outras bactérias do solo, ou contra seus próprios
antibióticos. Segundo Stuart B. Levy, presidente da Aliança para Uso Prudente
dos Antibióticos (APUA), a resistência pode ocorrer eventualmente para todos
os antibióticos.
No processo inicial de desenvolvimento de resistência bacteriana hospi-
talar, as bactérias ambientais recebem tratamento antimicrobiano em doses
limitadas, suficientes para impedir, na maioria dos casos, que um paciente
 
capítulo 2 • 53
manifeste sinais de infecção. No entanto, com o passar do tempo, o grau de re-
sistência e o número de bactérias resistentes aumentam, invertendo o quadro a
favor das bactérias. Este processo genético e anormal de aquisição de resistên-
cia, não permite que a mesma desapareça, quando estabelecida.
2.6 Mecanismos genéticos de resistência
Resistência Plasmidial
 Além do DNA cromossômico, as células bacterianas podem conter pequenas
moléculas circulares de DNA denominadas plasmídios.
Certos plasmídios possuem genes responsáveis pela síntese de enzimas
que destrõem um antibiótico antes que ele destrua a bactéria. São os chamados
plasmídios R (de resistência aos antibióticos). Eles também possuem genes
que permitem sua passagem de uma bactéria para outra (fator F).
Quando dois ou mais tipos de plasmídios R estão presentes em uma mes-
ma bactéria, os genes de um deles podem passar para outro por recombinação
gênica: conjugação, transformação e transdução. Esse mecanismo faz com que
surjam plasmídios R portadores de diversos genes para resistência a diferentes
antibióticos.
Os plasmídios podem estar integrados no cromossomo, sendo capazes de
transferir genes cromossômicos. Muitos são promíscuos, isto é, passam o gene
de resistência para espécies não aparentadas geneticamente.
Resistência Cromossômica.
Como a resistência cromossômica depende de mutação espontânea, evento
raro, ela é dirigida quase sempre a uma só droga e os genes são transferidos
com freqüência relativamente baixa. Por isso, seu impacto clínico é menor que
o da resistência plasmidial.
Não podemos nos esquecer ainda , que bactérias sensíveis podem receber,
de graça, genes cromossômicos mutantes de bactérias já resistentes, através
dos processos de transformação, conjugação e transdução.
 
54 • capítulo 2
Transposons
Descobriu-se em 1974 que grande parte dos genes de resistência considerados
plasmidiais ou cromossômicos estão localizados sobre transposons e apresentam
as propriedades destes: disseminação rápida dentro da célula ou entre célula.
Os transposons são segmentos de DNA com grande mobilidade, eles codifi-
cam a enzima transposase - responsável por sua transferência para outros seg-
mentos de DNA. Eles são promíscuos: criam as variações invadindo diversos
sítios do DNA hospedeiro, mas às vezes exageram, produzindo mutações letais.
2.7 Mecanismos de reprodução em bactérias
Conjugação
É a transferência de material genético (DNA plasmidial e/ou do cromossomo)
entre duas bactérias através de um tubo de conjugação.
Na conjugação bacteriana duas bactérias unem-se temporariamente atra-
 vés de uma ponte citoplasmática. Em uma das células, denominada "doadora”
ou macho”, ocorre a duplicação de parte do cromossomo. “Essa parte duplica-
da separa-se e, através da ponte citoplasmática, passa para outra

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