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ECOFISIOLOGIA VEGETAL Prof. GISLENE GANADE Lab. Ecologia da Restauração Relações hídricas Plantas são descendentes de organismos que viviam nos oceanos A habilidade de viver sobre a terra fez com que as plantas evoluíssem adaptações fisiológicas e morfológicas para viverem neste ambiente seco Modificações na disponibilidade de água dos ambientes naturais levaram a adaptações que permitem com que plantas sobrevivam a extremos de seca ou de inundação “Plantas não podem correr para sombra quando tem muito sol ou correr para o calor quando esta muito frio” Habilidade de aclimatação, ou seja, adaptação as condições ambientais são cruciais para sua sobrevivência Alterações rápidas em seus processos fisiológicos: ex: mudança do potencial osmótico da célula, fechamento estomatal, alterar forma de uma enzimas que tem ótimos diferentes de temperatura Alterações mais lentas: • produção de folhas com diferentes características estruturais, crescimento de raízes em áreas onde o solo se encontra mais úmido Água • Constitui 85 – 90% do tecido vivo da planta. •Hidroesqueleto que mantem a rigidez das folhas •Crucial para a fotossíntese •Excelente solvente e veiculo de transporte de íons para dentro da planta Potencial hídrico • A habilidade da planta de obter água do solo, distribuir água para as células e perder água por transpiração depende do seu potencial hídrico • O potencial hídrico representa diferenças da energia potencial entre água pura (potencial hídrico definido como zero) e água presa em algum sistema (potencial hídrico negativo) • O potencial de energia da água com materias dissolvidos é sempre menor do que a água pura Potencial hídrico Bom indicador da saúde da planta •Crescimento celular, fotossíntese e produtividade são fortemente influenciados pelo potencial hídrico potencial hídrico = potencial soluto + potencial pressão + potencial gravidade •potencial soluto = Efeito osmótico das substancias dissolvidas na célula ou planta •potencial pressão = Pressão de turgor da água dentro da parede celular ou do xilema •potencial gravidade = Pressão da força gravitacional (Ψ) Relação solo /planta /atmosfera • A água sempre se move do grande para o pequeno potencial hídrico • Em plantas isto significa mover de regiões de potencial hídrico menos negativo (ex: solo hidratado) para regiões de potencial hídrico mais negativo (atmosfera) Relação solo /planta /atmosfera • O gradiente de potencial de água age como a força que dirige o movimento da água para dentro, através da planta e para a atmosfera Valores típicos de potencial hídrico e diferentes locais Relação solo /planta /atmosfera • O movimento da água através da planta para a atmosfera ocorre sem gasto energético para a planta •A energia para mover a água vem do sol, através da evaporação, desta forma, plantas podem mover vastas quantidades de água sem gasto de ATP Transpiração e controle de perda de água • Plantas transpiram muito mais do que usam água metabolicamente •Uma arvore de floresta tropical pode transpirar 1000 litros de água em um dia Evaporação • Um de lago (1 ha) apresenta uma taxa de evaporação inferior a taxa de uma floresta (1 ha) • A floresta tem mais superfície (folha) para transpiração Fotossíntese (Glicose) H20 CO2 H2O Luz O2 Para fixar carbono a planta precisa perder água simplesmente porque o vapor de água e o CO2 Difundem pelo mesmo caminho através dos estômatos Fotossíntese (Glicose) H20 CO2 H2O Luz O2 Eficiência no uso de Água Solução de compromisso entre controlar a perda de água pelos estômatos e aumentar a captura de CO2 Eficiência no uso de Água • Razão entre fotossíntese e transpiração • Plantas controlam a condutância dos estômatos para otimizar a fotossíntese controlando a perda de água • Em períodos de seca ao meio-dia plantas fecham seus estômatos quando a relação perda de água e ganho de carbono seria desfavorável. Condutância estomatal Varia com a largura do poro (tamanho da abertura do estômato) O tamanho do poro é controlado por células guarda cujo movimento é controlado hormonalmente As células guarda abrem e fecham os estômatos em resposta a luz, concentração de CO2 e disponibilidade de água Três vias fotossintéticas diferentes C3, C4 e CAM A ação da célula guarda difere entre metabolismos C3, C4 e CAM C3 e C4 • Luz faz estômatos de C3 e C4 abrirem durante o dia • A noite quando para a fotossintese aumenta a concentração de CO2 dentro da célula e o estomato fecha CAM • De dia ácidos orgânicos são descarboxilados liberando CO2 que se acumula na folha sinalizando o fechamento dos estômatos • A noite a PEP carboxilase captura o CO2 diminuindo sua concentração na célula sinalizando a abertura dos estômatos Via metabólica C4 • Planta faz fotossíntese mais eficientemente em altas temperaturas Via metabolica CAM – Metabolismo acido descoberta inicialmente em Crassulaceas Via metabólica CAM freqüente em epífitas de florestas tropicais Via metabólica CAM Clusia hilariana Espécie que ocorre nas formações de Restinga da costa do Rio de Janeiro como arvore mas na Mata Atlântica ocorre como epifita Espécies CAM com folhas mais grossas e suculentas capturam mais CO2 durante a noite Um decréscimo de potencial hídrico nas folhas leva ao fechamento dos estômatos mesmo que as condições de CO2 e Luz sinalizem sua abertura. Este processo previne a dissecação 155 (260)0.4 (0.5)-13 (15)225 (300) Arbustos xerófitos do deserto Ambientes xéricos 150 (250)0.9 (1.2)610 (15)200 (300)Árvores decíduas 100 (300)2.3 (3.0)818 (25)400 (600)Árvores de floresta tropical Ambientes mésicos Condutância máxima de CO2 (mmol/m2/s) Área do poro (% da área da folha) Tamanho máximo (µm) do poro Largura do poro (µm) Densidade de estômatos (n°/mm2 área da folha Tipo de planta 130 (200)1.0 (1.2)623 (30)75 (100) Plantas herbáceas (ambientes sombreados) 425 (700)0.9 (1.0)515 (20)150 (200) Plantas herbáceas (ambientes ensolarados) 175 (250)0.4 (0.5)213 (15)300 (500)Esclerófitas 270 (460)0.6 (0.7)325 (30)75 (100)Gramíneas Coníferas perenes Suculentas 200 (--)0.7 (1.0)-18 (20)80 (120) 95 (130)0.3 (0.4)10ca. 1033 (50) Propriedades dos estômatos na superfície abaxial em plantas de ambientes mésicos e xéricos Eficiência no uso de Água • Pode ser medida em qualquer momento que a fotossíntese e a transpiração forem determinadas simultaneamente • No entanto, uma medida ecológica mais importante poderia ser a quantidade de carbono ganho x perda de água durante a vida da planta. • Difícil de realizar, porem, existem maneiras indiretas de se avaliar a eficiência de uso de água integrada através de isótopo de carbono δC13 Delta C 13: Razão entre o isótopo estável 13C e o 12C Composição isotópica medida por um espectrômetro de massa δ13C= (δ13C /δ12C)amostra - (δ13C /δ12C) padrão x 1000 (δ 13 C /δ 12 C) padrão O 13C esta em concentração menor na atmosfera de apenas 1,1% em relação ao 12C. E é registrado em partes por mil (0/00) Tem como referencia um padrão que representa os isótopos de carbono contidos em uma belemnite fóssil (grupo extinto de cephalopoda marinho semelhante as lulas) da formação calcaria de Pee Dee da Carolina do Sul (EUA) Diferencas em Delta C 13 entre plantas C3, C4 e CAM? Enzima Rubisco discrimina contra o C13 isótopo mais pesado do C12 Poderiam existir diferenças em δ13C entre plantas C3, C4 e CAM? Diferenças em Delta C 13 entre plantas C3, C4 e CAM C4 : δ13C= -10 ate -18, em media -13 C3 : δ13C= -23 ate -36, em media -27 CAM : δ13C= valores intermediários e muito variáveis As diferenças em δ13C são facilmente detectáveis com o espectrômetro de massa. A medida do δ13C do açúcar de mesa (sacarose) possibilita determinar se este provem da beterraba(C3) ou da cana-de-açúcar (C4) Eficiência no uso de Água Isótopo estável • Enzima Rubisco discrimina contra o C13 isótopo mais pesado do C12 • Esta discriminação diminui se os estômatos tem que ser constantemente fechado para evitar a perda de água porque a fotossíntese tem que ser feita com o Carbono que esta disponível dentro da célula • Desta forma plantas que sofreram maior estresse fisiológico teriam uma maior quantidade de carbono C13 incorporada no tecido. Apresentando assim um maior δC13 (delta C13) Estudo na Amazônia central utilizando δC13 para identificar alterações fisiológicas de plantas em bordas florestais e áreas degradadas Adaptações das plantas à gradientes de disponibilidade de água: seca e alagamento Área foliar aumenta em ambientes com maior disponibilidade de água (plantas da Australia) • Tipos de folhas das plantas dominantes se altera ao longo de em um gradiente de seca na California e no Chile • Folhas sempre verdes (circulos) • Folhas decíduas (quadrados) • Folhas suculentas (triangulos) Adaptações de folhas aos ambientes úmidos Adaptações de folhas a ambientes secos • Superfície de folhas que refletem calor (cera, pelos) • Estômatos posicionados dentro de reentrâncias • Redução de área da folha por unidade de massa •Redução do tamanho da folha • Massa de raízes longas e profundas • Modificação do caule ou raiz para formar órgãos de estoque de agua •Habilidade de perder folhas durante períodos mais secos •Sobrevivência no período seco como semente Adaptações de folhas a ambientes secos Plantas que ressucitam: A celula seca e entra em equilibrio de potencial hidrico com o ar (20-40% de umidade relativa). Reganha água em menos de um dia Plantas são capazes de estocar água nos ramos e troncos e redistribuir água durante o processo de transpiração alterando o diâmetro dos galhos durante o dia (10 a 20% da água transpirada) Em florestas tropicais secas arvores decíduas eliminam perda de água por transpiração porque perdem as folhas. No entanto, a água estocada nos ramos é utilizada para floração e rebrota mento de folhas jovens. A capacidade de estoque de água dessas arvores esta inversamente relacionada a densidade da madeira. EFEITO DA TEMPERATURA Agua e extremos de temperatura • Altas temperaturas podem: 1) reduzir processos bioquímicos; 2) danificar a membrana; 3) Denaturar proteinas • Excesso de frio pode: formar de cristais de gelo que destroem a célula; 2) reduzir processos bioquímicos; 3) perder elasticidade da membrana Sobrevivência em extremos de temperatura • Plantas podem evoluir uma grande tolerancia a extremos de temperatura durante varias gerações • Espécies características de diferentes partes do mundo tem diferenças em sua tolerância ao calor e ao frio Temperaturas extremas (°C) para danos foliares para plantas de diferentes ambientes Coníferas perenes Espécies de campos Espécies herbáceas Árvores e arbustos decíduos Habitats temperados Plantas alpinas Árvores Limite de temperatura para danos por aquecimentoAmbiente Herbáceas alpinas e espécies árticas Árvores decíduas boreais Habitats com invernos frios -40 a -90 < -30 -10 a -20 -25 a -35 -5 a -15 +5 a -2 Limite de temperatura para danos pelo frio < -30 < -30 Habitats tropicais 44 - 50 60 - 65 40 - 50 cerca de 50 cerca de 45 45 - 55 44 - 54 42 - 45 Adaptações a inundação Mangues: plantas apresentam pneumatóforos, raízes que auxiliam no suporte e canalização de ar para porção submersa Adaptações a inundação Raízes de Taxodium distichum projetadas para fora da coluna de água para facilitar troca de gases Adaptações à inundação Lenticelas: Poros que ocorrem no tronco e nos galhos de várias plantas características de regiões alagadas. Auxiliam a entrada de oxigênio na planta Tolerância ao alagamento Em Florestas Alagadas da Amazônia: Iguapó e Varzea. Algumas plantas terrestres permanecem totalmente submersas durante os meses de cheia. Tolerância ao alagamento Em Florestas Alagadas da Amazônia plantas submersa: - Plantas entram em estado de latencia - Produzem raízes adventícias - Produzem lenticelas
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