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Manual de Processo Penal - Recurso de Apelação

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MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1816
insurgir contra a decisão de pronúncia. Com a reforma do CPP pela Lei nº 11.689/08, encontra-
-se implicitamente revogado o dispositivo do art. 585 do CPP, uma vez que o acusado somente 
deve ser recolhido ao cárcere se o magistrado assim entender necessário e desde que presente 
hipótese que autorize a decretação de sua prisão preventiva (CPP, art. 413, § 3º);154
d) decisão que julgar quebrada a fiança: segundo o art. 343 do CPP, com redação determi-
nada pela Lei nº 12.403/11, o quebramento injustificado da fiança importará na perda de metade 
do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for 
o caso, a decretação da prisão preventiva. O recurso em sentido estrito interposto contra essa 
decisão terá efeito suspensivo apenas quanto ao perdimento da metade do valor prestado em 
fiança (art. 584, § 3º, CPP). Portanto, diante do quebramento da fiança, caso o juiz determine a 
imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a prisão preventiva, o RESE interposto 
não terá o condão de impedir a imediata execução de tais medidas. Restará ao acusado, assim, 
a possibilidade de impetrar ordem de habeas corpus.
2. APELAÇÃO
2.1. Noções gerais
A apelação é tratada pela doutrina como recurso ordinário por excelência, já que consiste 
na impugnação de efeito devolutivo mais amplo, por permitir ao juízo ad quem, quando inter-
posta contra sentença de mérito proferida por juiz singular, o reexame integral das questões 
suscitadas no primeiro grau de jurisdição, ressalvadas aquelas sobre as quais tenha se operado 
a preclusão (v.g., nulidade relativa não arguida oportunamente). Funciona como eficaz instru-
mento processual para concretização do princípio do duplo grau de jurisdição, visto que, em 
face do extenso âmbito cognitivo do julgado recorrido, permite que o juízo ad quem reaprecie 
questões de fato e de direito.
Trata-se de recurso amplo porque permite à parte, assim o desejando, devolver ao conhe-
cimento da instância superior o pleno conhecimento do feito. Por isso, a regra é que a apelação 
seja um recurso de fundamentação livre.
A apelação também funciona como recurso preferível, já que se trata do instrumento ade-
quado quando parte da decisão poderia ser impugnada por meio de recurso em sentido estrito, 
que fica absorvido pela apelação, nos termos do art. 593, § 4º, do CPP, em fiel observância ao 
princípio da unirrecorribilidade.
Essa natureza ampla da apelação contra decisões do juiz singular permite que o juízo ad 
quem concentre as funções rescindentes e rescisórias. Assim, pelo menos em regra, haverá 
substituição da sentença impugnada por outra por ocasião do julgamento da apelação, exceto 
nos casos de reconhecimento de nulidade, em que haverá apenas a cassação da decisão recorrida 
(juízo rescindente).
Ressalve-se dessa possibilidade de devolução plena à instância superior apenas a hipótese 
de apelação contra decisões do júri. Nesse caso, diante da garantia constitucional da soberania 
dos veredictos (CF, art. XXXVIII, “c”), o Tribunal está restrito à reforma da aplicação do direito 
feita pelo juiz presidente, não podendo, todavia, modificar o quanto decidido pelos jurados. Na 
hipótese de a instância superior concluir que a decisão do Júri foi manifestamente contrária à 
prova dos autos, o Tribunal deve se limitar a rescindir (cassar) a decisão impugnada, sujeitando 
o acusado a novo julgamento perante o Tribunal do Júri.
154. Nesse sentido: STF, 1ª Turma, HC 101.244/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 16/03/2010, DJe 62 08/04/2010.
TÍTULO 14 • RECURSOS 1817
2.2. Espécies
2.2.1. Apelação plena (ou ampla) e apelação parcial (restrita)
Segundo o art. 599 do CPP, as apelações poderão ser interpostas quer em relação a todo o 
julgado, quer em relação a parte dele. Como se percebe, a apelação pode ser plena ou parcial.
A apelação será plena (ou ampla) quando abranger, intencionalmente, todo o conteúdo 
passível de impugnação, ou seja, o recurso tem por objeto a integralidade da parcela da decisão 
que tenha gerado sucumbência à parte recorrente. A título de ilustração, suponha-se que, em 
processo criminal pela prática de furto qualificado, o juiz condene o acusado pela prática de furto 
tentado, deixando de aplicar a qualificadora a ele imputada. Se o Ministério Público impugnar 
o decreto condenatório quanto ao reconhecimento do crime tentado, requerendo, ademais, a 
aplicação da qualificadora, temos que o recurso de apelação será pleno, devolvendo ao juízo 
ad quem o conhecimento de todo o objeto da sucumbência.
A apelação será parcial quando englobar, intencionalmente, apenas parte do conteúdo 
impugnável da decisão recorrida, ou seja, somente uma parcela da decisão que gerou sucum-
bência da parte recorrente é objeto do recurso. Exemplificando, suponha-se que, em processo 
criminal pela prática de furto qualificado, o juiz condene o acusado pela prática de furto ten-
tado, deixando de aplicar a qualificadora a ele imputada. Se o Ministério Público impugnar o 
decreto condenatório apenas quanto ao reconhecimento do crime tentado, temos que o recurso 
de apelação será parcial, devolvendo ao juízo ad quem apenas o conhecimento de tal matéria.
No âmbito do Tribunal do Júri, o recurso de apelação não devolve ao juízo ad quem, ordi-
nariamente, o integral conhecimento da causa, que fica limitado e restrito à matéria recorrida. 
Nessa linha, segundo a súmula nº 713 do Supremo, “o efeito devolutivo da apelação contra 
decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição”.
Como se sabe, a apelação pode ser interposta num momento procedimental, com posterior 
apresentação das razões recursais. Nesse caso, a delimitação do efeito devolutivo é feita na pe-
tição de interposição do recurso. Ao apelar, deve a parte indicar no pedido sua fundamentação 
ou o dispositivo legal em que se apoia, que não pode ser modificado nas razões. A extensão 
do apelo mede-se pela interposição, portanto, e não pelas razões. Se, porém, o recorrente não 
delimitar a matéria impugnada em sua petição de interposição, prevalece o entendimento no 
sentido de que se devolve ao juízo ad quem o conhecimento integral da matéria que gerou a 
sucumbência, sendo vedado à parte querer reduzi-la por ocasião da apresentação de suas razões 
recursais. A exceção a tal regra fica por conta da apelação contra decisões do Tribunal do Júri, 
em que a parte é obrigada a declinar um dos fundamentos previstos na lei. Nessa hipótese, o 
conhecimento do Tribunal fica adstrito aos motivos invocados pelo recorrente quando da inter-
posição ou, ao menos, da apresentação das razões, que complementam o recurso.
Em síntese, na hipótese de o apelante não delimitar a extensão da devolução na petição 
de interposição do recurso, só haverá efeito devolutivo amplo na apelação interposta contra 
sentença proferida por Juiz singular. Já nos processos da competência do Tribunal do Júri, não 
se aplica a orientação no sentido de ser possível conhecer de matéria não ventilada nas razões 
da apelação criminal, ou seja, o alcance de apelação contra decisão do Júri será determinado 
pelo teor das razões recursais.155
155. No sentido de que a apelação contra sentença do Tribunal do Júri pode ter seu alcance determinado pelas res-
pectivas razões, quando tempestivas, em homenagem ao princípio do tantum devolutum quantum apellatum, 
notadamente em se tratando de interposição genérica: STF, 2ª Turma, HC 93.942/RS, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 
06/05/2008, DJe 142 31/07/2008.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1818
2.2.2. Apelação principal e apelação subsidiária (ou supletiva)
A apelação principal é aquela interposta pelo Ministério Público. Apelação subsidiária (ou 
supletiva) é aquela interposta pelo ofendido, habilitado ou não como assistente da acusação, 
cabível apenas quando verificada a inércia do órgão ministerial (CPP, art. 598, caput).156
Há quem entenda que apelação subsidiária é aquelaprevista no art. 593, II, do CPP, que 
só pode ser interposta quando não houver previsão legal de recurso em sentido estrito contra a 
decisão definitiva ou com força de definitiva.
2.2.3. Apelação sumária e apelação ordinária
A depender da natureza da infração penal, o Código de Processo Penal estabelece proce-
dimento recursal distinto, dando origem à classificação da apelação em ordinária e sumária.
A apelação será sumária na hipótese de a infração penal ser punida com pena de detenção, 
hipótese em que o procedimento é mais curto (CPP, art. 610, caput). Nesse caso, os autos irão 
imediatamente com vista ao Procurador de Justiça (ou Procurador Regional da República) pelo 
prazo de 5 (cinco) dias, e, em seguida, passarão, por igual prazo, ao relator, que pedirá desig-
nação de dia para o julgamento.
Fala-se em apelação ordinária quando a infração penal for punida com reclusão. Nesse 
caso, o procedimento recursal a ser observado é aquele constante do art. 613 do CPP, que se 
diferencia do rito acima delineado pelos seguintes motivos: a) os prazos são ampliados ao do-
bro; b) o tempo para os debates será de 15 (quinze) minutos, e não de 10 (dez), como ocorre 
na apelação sumária; c) depois de passarem pelo Relator, os autos serão encaminhados a um 
revisor, que terá o prazo de 10 (dez) dias para o exame do processo. Retornando os autos ao 
Relator, este pedirá dia para julgamento.
A nosso juízo, essa distinção entre apelação sumária e ordinária deve ser relida à luz da Lei 
nº 11.719/08. Antes da reforma processual de 2008, falava-se em apelação sumária e ordinária 
para os crimes punidos com detenção ou reclusão, respectivamente, pelo fato de a lei prever 
procedimentos distintos para tais crimes: se punido com pena de detenção, o procedimento seria 
o sumário; se punido com pena de reclusão, seria o procedimento comum ordinário. Ocorre 
que, com o advento da Lei nº 11.719/08, o procedimento comum deixou de ser estabelecido a 
partir da espécie de pena, e sim com base no quantum de pena cominado ao delito. Agora, se 
o crime tiver pena máxima igual ou superior a 4 (quatro) anos, estará sujeito ao procedimento 
comum ordinário. Se a pena máxima cominada for inferior a 4 (quatro) e superior a 2 (dois) 
anos, estará submetido ao procedimento comum sumário. Por isso, parece-nos que essa nova 
forma de classificação do procedimento comum também deve ser aplicada à distinção entre 
apelação sumária e ordinária.
2.2.4. Apelação adesiva (ou incidental)
Recurso adesivo (ou subordinado) é aquele interposto no prazo de contrarrazões de recurso 
apresentado pela parte contrária, motivado não pela vontade originária de impugnar a decisão, 
mas como contraposição ao recurso oferecido pela outra parte. Para que seja possível a inter-
posição de recurso adesivo, é indispensável a presença de duas circunstâncias: a) sucumbência 
recíproca, de forma que ambas as partes tenham interesse recursal (art. 997, § 1º, do novo CPC); 
b) interposição de recurso na forma principal por somente uma das partes, porque o recurso 
adesivo é destinado para aquele que não pretendia recorrer, o que fica evidenciado por meio 
da não interposição do recurso na forma principal. Consoante disposto no art. 997, § 2º, do 
156. Para mais detalhes acerca do assunto, remetemos o leitor ao tópico anteriormente estudado pertinente à legi-
timação restrita e subsidiária do assistente.
TÍTULO 14 • RECURSOS 1819
novo CPC, o recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis 
as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, 
salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: I – será dirigido ao órgão perante 
o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; 
II – será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; III – não será 
conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível.
Diversamente de outras legislações, a lei processual penal pátria não admite a apelação 
adesiva (ou incidental). Se a parte tiver interesse recursal, deve impugnar a decisão no prazo 
legal, tão logo seja intimada da decisão. Quedando-se inerte, conclui-se que houve preclusão 
temporal, inviabilizando-se o conhecimento de eventual recurso adesivo interposto no prazo 
destinado à apresentação das contrarrazões ao recurso apresentado pela parte contrária.
O STJ tem precedente no sentido de que não se pode admitir o conhecimento de recurso 
adesivo interposto pelo Ministério Público em processo de matéria penal, veiculando pedido em 
desfavor do acusado. O art. 997, §2º, do novo CPC, estabelece que o recurso adesivo é admis-
sível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial. Dessa forma, por não estar 
em conflito com norma processual penal, poderia entender-se, em análise inicial, ser possível a 
interposição de recurso especial criminal adesivo com fundamento no art. 3º do CPP. Entretanto, 
tal admissão recursal, veiculando pedido em desfavor do réu, conflita com a regra do art. 617 
do CPP. Em razão da relação de subordinação, o recurso adesivo ministerial somente poderia 
ser conhecido caso fosse conhecido também o recurso da defesa, ou seja, a admissão do recurso 
defensivo acarretaria ao réu um efeito negativo, qual seja, o de que o recurso acusatório adesivo 
também passaria a ser analisado, caracterizando uma reformatio in pejus indireta. Outrossim, 
o recurso adesivo é acessório do recurso principal. Ao aplicar esse conceito ao Processo Penal, 
tem-se que o recurso adesivo do Ministério Público, em sentido amplo, passa a integrar formal-
mente, de maneira acessória, o recurso principal defensivo. Portanto, qualquer agravamento da 
situação do réu, em razão do provimento do recurso adesivo acusatório, dar-se-ia, na verdade, 
dentro do âmbito, lato sensu, do recurso defensivo ao qual está subordinado. E, por força do 
art. 617 do Código de Processo Penal, não pode haver reformatio in pejus em recurso exclusi-
vo da defesa. Sendo assim, não deve ser conhecido o recurso especial adesivo ministerial em 
matéria criminal.157
2.3. Hipóteses de cabimento
As hipóteses em que se admite a interposição de apelação não estão previstas apenas no 
art. 593 do CPP. Com efeito, não se pode perder de vista que o art. 416 do CPP faz menção ao 
cabimento da apelação contra a absolvição sumária e impronúncia. A Lei nº 9.099/95 também 
faz menção ao cabimento da apelação. Vejamos, então, cada uma das hipóteses de cabimento 
da apelação do art. 593 do CPP.
2.3.1. Sentença definitiva de condenação ou absolvição proferida por juiz singular
A primeira hipótese de cabimento da apelação diz respeito às sentenças definitivas de 
condenação ou absolvição proferidas por juiz singular (CPP, art. 593, I).
Sentenças absolutórias são aquelas em que o juiz julga improcedente a imputação constante 
da peça acusatória, tendo como fundamento uma das causas mencionadas no art. 386 do CPP. 
Na sentença condenatória, o juiz julga procedente, total ou parcialmente, a imputação.
O recurso de apelação também será cabível contra a absolvição sumária do art. 397 do 
CPP, quer quando o juiz reconhecer a existência manifesta de causa excludente da ilicitude 
(inciso I), a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade, salvo inimputabilidade 
157. STJ, 6ª Turma, REsp 1.595.636/RN, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 02/05/2017, DJe 30/05/2017.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1820
(inciso II), quer quando concluir que o fato narrado evidentemente não constitui crime (inciso 
III). Afinal, cuida-se de sentença (definitiva) de absolvição, também impugnável por apelação, 
nos exatos termos do art. 593, I, do CPP. Ressalve-se, todavia, a hipótese em que tal decisão 
for proferida em virtude da presença de causa extintiva da punibilidade (CPP, art. 397, IV). 
Nesse caso, como a decisão tem natureza declaratória, e não absolutória – vide súmula 18 doSTJ –, a impugnação adequada será o recurso em sentido estrito, nos termos do art. 581, VIII, 
do CPP. O art. 416 do CPP também prevê o cabimento de apelação contra a absolvição sumária 
no âmbito do procedimento do Júri.
Perceba-se que o art. 593, inciso I, do CPP, condiciona o cabimento da apelação às sen-
tenças condenatórias ou absolutórias proferidas por juiz singular. Isso porque, nas hipóteses de 
competência originária dos Tribunais (v.g., Promotor de Justiça perante o respectivo Tribunal 
de Justiça), não se afigura cabível a interposição de apelação contra acórdãos condenatórios 
ou absolutórios, o que, no entanto, não impede a utilização dos recursos extraordinários, desde 
que presentes seus pressupostos legais.
2.3.2. Decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular, nos casos 
em que não houver previsão legal de cabimento do recurso em sentido estrito
Segundo o art. 593, inciso II, do CPP, também caberá apelação contra decisões definitivas, 
ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo 
anterior.
Ao se referir aos casos não previstos no Capítulo anterior – lembre-se que o capítulo ante-
rior versa sobre o recurso em sentido estrito –, conclui-se que a apelação somente será cabível 
contra decisões definitivas ou com força de definitivas se tais decisões não forem impugnáveis 
mediante RESE. É o que ocorre, por exemplo, com a rejeição da peça acusatória (CPP, art. 581, 
I), acolhimento de exceção de coisa julgada, de ilegitimidade de parte ou de litispendência (CPP, 
art. 581, III) e extinção da punibilidade (CPP, art. 581, VIII). Nesses casos, como há previsão 
expressa de cabimento do recurso em sentido estrito, não será cabível apelação.
As decisões definitivas a que faz menção o art. 593, II, do CPP, são as chamadas decisões 
definitivas lato sensu: encerram a relação processual, julgam o mérito, mas não se encaixam 
na moldura das sentenças absolutórias ou condenatórias de que tratam os arts. 386 e 387 do 
CPP. Caso não haja previsão legal de RESE contra tais decisões, a apelação será o recurso 
adequado. A título de exemplo, a decisão que declara extinta a punibilidade é decisão de mé-
rito; no entanto, para essa hipótese, há previsão legal de RESE (CPP, art. 581, VIII). Se o juiz 
reconhece a ausência de condição objetiva de punibilidade, tal decisão é definitiva. Como não 
há previsão legal de RESE contra ela, a apelação será a impugnação correta. Outros exemplos 
podem ser lembrados: decisão que julga o pedido de restituição, nos termos do art. 120, § 1º, 
do CPP; decisão que ordena ou não o sequestro, nos termos do art. 127 do CPP; decisão que 
autoriza (ou não) o levantamento do sequestro (CPP, art. 131); decisão que acolhe (ou não) o 
pedido de especialização e registro de hipoteca legal ou de arresto (CPP, arts. 134 a 137), etc.
As decisões com força de definitivas, também denominadas de decisões interlocutórias 
mistas, são aquelas que não decidem o mérito, mas põem fim à relação processual (termina-
tivas) ou põem termo a uma etapa do procedimento (não terminativas). A título de exemplo 
de decisão interlocutória mista terminativa, podemos citar a decisão que acolhe a exceção de 
coisa julgada, a exceção de litispendência, a que rejeita a denúncia ou queixa, etc. Desde que 
não haja previsão legal de RESE contra tais decisões, será cabível a apelação. Como exemplos 
de decisões interlocutórias mistas não terminativas, podemos citar a pronúncia, para a qual, 
todavia, há previsão legal de RESE (CPP, art. 581, IV). Caso não haja previsão legal de RESE 
– por exemplo, no caso da decisão que remete as partes ao juízo civil no pedido de restituição 
de coisas apreendidas –, a impugnação adequada será a apelação.
TÍTULO 14 • RECURSOS 1821
2.3.3. Decisões do Tribunal do Júri
O art. 593, inciso III, do CPP, prevê o cabimento de apelação contra decisões do Tribunal 
do Júri, quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) for a sentença do juiz presiden-
te contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça no tocante à 
aplicação da pena ou da medida de segurança; d) for a decisão dos jurados manifestamente 
contrária à prova dos autos.
A fim de se evitar uma possível violação à soberania dos veredictos, deve o juízo ad quem 
ficar atento àquilo que diz (ou não) respeito ao mérito ao julgar uma apelação contra decisão do 
Júri. Se a matéria devolvida à apreciação do Tribunal disser respeito ao mérito da decisão profe-
rida pelo Júri, só se admite que o Tribunal determine a sujeição do acusado a novo julgamento. 
Todavia, se a impugnação não estiver relacionada ao mérito da decisão dos jurados, guardando 
relação com decisões proferidas pelo Juiz-Presidente, é plenamente possível a modificação do 
teor da decisão pelo juízo ad quem.
É necessário que se distinga, então, na sentença subjetivamente complexa do júri, a matéria 
de competência dos jurados – e, por conseguinte, acobertada pela soberania dos veredictos – e 
a matéria de competência do juiz presidente – desprovida, pois, do atributo da soberania. Aos 
jurados compete decidir sobre a existência do crime e autoria delitiva, sobre a possível absol-
vição do acusado, bem como em relação à presença de qualificadoras, causas de aumento e de 
diminuição de pena. Portanto, somente com relação à decisão de tais questões é que se pode falar 
em soberania dos veredictos. Lado outro, como a fixação da pena é matéria afeta à competência 
do juiz presidente, e não aos jurados, não há falar em impossibilidade de reforma da decisão.
Logo, com base no fundamento da alínea “d” do inciso III do art. 593 do CPP (decisão dos 
jurados manifestamente contrária à prova dos autos), o Tribunal de Justiça (ou TRF), em grau de 
apelação, somente pode fazer o juízo rescindente (judicium rescindens), ou seja, cassar a decisão 
anterior, remetendo a causa a novo julgamento, pois, do contrário, estaria violando a soberania 
dos veredictos. Todavia, quando estivermos diante de uma decisão do juiz-presidente, o juízo 
ad quem poderá fazer não só o juízo rescindente como também o juízo rescisório (judicium 
rescisorium), ou seja, substituir a decisão impugnada pela sua (v.g., corrigindo eventual erro no 
tocante à aplicação da pena, matéria afeta à competência do juiz-presidente).
Esta apelação contra decisões do júri é um recurso de fundamentação vinculada, ou seja, 
recai sobre o apelante o ônus de invocar um dos fundamentos dentre aqueles relacionados no 
inciso III do art. 593, ficando a análise do juízo ad quem restrita à fundamentação invocada 
pelo recorrente. Portanto, se a parte invocar uma das alíneas, não pode o Tribunal julgar com 
base em outra.158
Exemplificando, se o recorrente interpõe uma apelação sob o argumento de que teria havido 
nulidade após a pronúncia (CPP, art. 593, III, “a”), não é possível que o Tribunal dê provimento 
ao recurso por entender que a decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos 
(CPP, art. 593, III, “d”). A propósito, eis o teor da Súmula 713 do STF: “O efeito devolutivo da 
apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos de sua interposição”.159
158. Segundo parte da doutrina, “não pode também o recorrente, após ter restringido na petição a sua impugnação a 
determinada hipótese, ampliar nas razões o âmbito da devolução do recurso para incluir outra, quando já supe-
rado o prazo legal de interposição da apelação. Nada impediria, contudo, à parte de, ainda no prazo, acrescentar 
à impugnação outra matéria, suplementando o primeiro recurso com outro”. (GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES 
FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo penal. 6ª ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2009. p. 99).
159. No sentido de que o recurso de apelação de decisão do Júri tem caráter restrito, razão pela qual o Tribunal ad 
quem só pode conhecer das alegações suscitadas na irresignação, não sendo lícito o reconhecimento,em des-
favor do réu, de nulidades processuais que não foram formalmente arguidas pelo Ministério Público, sob pena 
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1822
Apesar de se tratar, a apelação interposta contra decisões do Júri, de recurso de funda-
mentação vinculada, a omissão do apelante em não indicar, no momento da interposição do 
recurso, as alíneas que fundamentam o apelo, representa mera irregularidade, não podendo o 
direito de defesa do acusado ficar cerceado por um formalismo exacerbado. Portanto, é possível, 
por ocasião das razões de apelação, se tempestivas, sanar o vício de não terem sido indicados, 
na petição de apelo, os fundamentos do pedido de reforma da decisão de tribunal do júri.160
De acordo com o art. 593, inciso III, caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias das deci-
sões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia: o dispositivo fala em nulidade após a pronún-
cia porquanto, se anterior a ela, a nulidade deve ter sido impugnada por meio do Recurso em 
Sentido Estrito eventualmente interposto contra a pronúncia (CPP, art. 581, IV). Isso, todavia, 
não significa dizer que a parte fica impedida de alegar nulidade anterior à pronúncia, o que é 
plenamente possível, mas desde que não se trate de vício sujeito à preclusão, ou sanável pelos 
atos processuais posteriores. De fato, em se tratando de nulidade relativa, sabe-se que, não ar-
guida oportunamente, dar-se-á preclusão. Logo, se uma nulidade relativa anterior à pronúncia 
não foi impugnada em eventual recurso em sentido estrito, a preclusão impedirá a apreciação 
da matéria em eventual apelação interposta contra a sentença do Júri. Lado outro, na hipótese 
de nulidade absoluta, é sabido que esta pode ser arguida a qualquer momento, já que não está 
sujeita à preclusão. Logo, ainda que anterior à pronúncia, uma nulidade absoluta pode ser ar-
guida em eventual apelação interposta contra decisão do júri. Evidentemente, se esta nulidade 
já havia sido arguida em anterior recurso em sentido estrito interposto contra a pronúncia, tendo 
o Tribunal negado provimento à referida impugnação, a matéria estará protegida pelo manto da 
coisa julgada, impossibilitando nova discussão da matéria no recurso de apelação.
Exemplificando, suponha-se que, a despeito do oferecimento de denúncia pelo Ministério 
Público imputando a prática de um homicídio doloso em conexão com um crime de calúnia, o 
juiz sumariante delibere pela pronúncia do acusado em relação a ambos os delitos, sem perceber 
que a acusação fora feita em relação à calúnia – crime de ação penal de iniciativa privada – pela 
parte ilegítima – Ministério Público. Ora, se o acusado for levado a julgamento perante o júri 
e condenado pelas duas infrações, é evidente que a parte prejudicada poderá interpor apelação, 
postulando o reconhecimento da nulidade absoluta e ab initio no tocante ao crime de ação penal 
privada, nos termos do art. 564, inciso II, do CPP.
São vários os exemplos de nulidades que podem ocorrer após a pronúncia, tais como a 
inexistência do número mínimo de 15 (quinze) jurados (CPP, art. 463, caput), acusado indefeso 
em plenário, quebra da incomunicabilidade dos jurados, etc. Apesar de o art. 593, III, alínea 
“a”, do CPP, nada dizer quanto à espécie de nulidade, entende-se que é cabível apelação para 
impugnar a presença de nulidades absolutas e relativas, com a ressalva de que, em relação a 
estas, deve se verificar se não teria havido prévia preclusão, ou seja, se houve a impugnação 
logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes ou logo após sua ocorrência 
(CPP, art. 571, V e VIII).
Perceba-se que o reconhecimento de nulidade após a pronúncia por ocasião do julgamento 
da apelação nada tem a ver com o mérito da decisão dos jurados. Logo, uma vez reconhecida 
a nulidade, impõe-se a realização de novo julgamento ou a renovação dos atos inquinados de 
nulidade, sem que se possa falar em violação à soberania dos veredictos. Essa hipótese de ca-
bimento da apelação contra decisões do júri pode ser utilizada mais de uma vez.
de infringência ao princípio da non reformatio in pejus: STJ, 5ª Turma, HC 48.375/GO, Rel. Min. Gilson Dipp, 
j. 02/02/2006, DJ 06/03/2006 p. 424. Na mesma linha: STJ, 5ª Turma, HC 100.518/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 
26/08/2010, DJe 04/10/2010; STJ, 5ª Turma, HC 175.993/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 06/09/2011, DJe 21/09/2011.
160. Nessa linha: STJ, 6ª Turma, HC 149.966/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 18/10/2012.
TÍTULO 14 • RECURSOS 1823
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados: 
a primeira hipótese ocorre quando a sentença, apesar de estar em conformidade com a decisão 
dos jurados, apresenta-se contrária ao texto expresso da lei. A título de exemplo, em fiel obser-
vância ao quanto decidido pelos jurados, o juiz presidente impõe ao acusado o cumprimento 
de 12 (doze) anos de reclusão pela prática de crime de homicídio qualificado, porém determina 
o cumprimento da pena em regime integralmente fechado, afrontando o art. 2º, § 1º, da Lei 
nº 8.072/90, com redação determinada pela Lei nº 11.464/07, que diz que a pena por crimes 
hediondos e equiparados será cumprida inicialmente em regime fechado.
A segunda hipótese a que se refere a alínea “b” do inciso III do art. 593 ocorre quando 
houver dissonância entre o que decidiram os jurados e o que constou da sentença. Exemplifi-
cando, se os jurados reconheceram a prática de homicídio qualificado por motivo torpe, ao juiz 
presidente não é dado condenar o acusado por homicídio simples.
Como se percebe, essa hipótese de cabimento de apelação não afronta o veredicto dos 
jurados. Cuida, sim, de um erro do juiz togado, que pode ser corrigido diretamente pela Instân-
cia Superior. Portanto, é perfeitamente possível que esse equívoco na aplicação da pena seja 
reformado pelo juízo ad quem, sem necessidade de se proceder a novo julgamento. Não por 
outro motivo dispõe o art. 593, § 1º, do CPP, que se a sentença do juiz presidente for contrária 
à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a 
devida retificação.
c) erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança: o 
erro estará presente quando houver equívoco do juiz na estipulação da pena ou da medida 
de segurança, como, por exemplo, se fixar a pena abaixo do mínimo legal, ou se, em vez de 
aplicar a medida de segurança de internação (CP, art. 96, I), determinar a sujeição a tratamento 
ambulatorial, quando este for inteiramente desajustado ao caso. A injustiça, por sua vez, decor-
rerá de inadequada individualização da pena ou aplicação da medida de segurança em face dos 
elementos de prova existentes, como sucederia com a fixação de pena-base elevada sem a justa 
valoração de aspectos favoráveis ao condenado.161
Nos mesmos moldes que a alínea anterior, esta hipótese de cabimento de apelação contra 
decisão do júri também diz respeito, exclusivamente, à atuação do juiz presidente, não impor-
tando em ofensa à soberania dos veredictos. Afinal, se compete ao presidente fixar a pena base 
e impor, se for o caso, a medida de segurança cabível (CPP, art. 492, inciso I, alíneas “a”, “b” e 
“c”, e inciso II, “c”, respectivamente), é evidente que eventual erro por ele praticado é passível 
de imediata correção pelo Tribunal. Exemplificando, se a pena aplicada pelo juiz presidente 
ocorrer em patamar muito acima do mínimo legal, apesar de as circunstâncias judiciais do 
art. 59 do Código Penal serem amplamente favoráveis ao acusado, é possível que o Tribunal 
determine a retificação da pena. Nessa linha, diz o art. 593, § 2º, do CPP, que se o Tribunal 
der provimento à apelação interposta com fundamento nesta hipótese, retificará a aplicação da 
pena ou da medida de segurança.
Se ao juízo ad quem é permitido fazer a correção do erro ou injustiça no tocante à aplicação 
da pena ou da medida de segurança, sem que se possa arguir ofensa à soberania dosveredic-
tos, o mesmo não se pode dizer quanto à exclusão ou inclusão de qualificadoras, privilégios, 
causas de aumento ou de diminuição de pena expressamente admitidos pelos jurados. Afinal, 
tal matéria diz respeito à tipicidade derivada, integrante do crime doloso contra a vida, cuja 
competência pertence, com exclusividade, aos jurados. Fosse possível ao Tribunal reformar a 
decisão nesses pontos, não haveria mera retificação da pena, mas evidente desrespeito à sobe-
rania dos veredictos.
161. GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo 
penal. 6ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 101
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1824
A propósito, o art. 483, incisos IV e V, do CPP, prevê expressamente que aos jurados devem 
ser formulados quesitos indagando sobre a existência de causa de diminuição de pena alegada 
pela defesa, circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecida na pronún-
cia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. Ora, se tais matérias são 
expressamente analisadas pelos jurados, não é possível que a Instância Superior determine sua 
exclusão ou inclusão, retificando a pena, sob pena de patente violação à soberania dos veredictos.
O que o Tribunal pode e deve fazer, caso tenha havido oportuna impugnação nesse sentido, 
é determinar que o reconhecimento pelos jurados de tal qualificadora, causa de aumento ou 
de diminuição de pena é manifestamente contrária à prova dos autos, submetendo o acusado a 
novo julgamento pelo júri, com fundamento no art. 593, III, “d”, do CPP.
Nesse ponto, convém destacar que, por força da Lei nº 11.689/08, a presença de agravan-
tes e atenuantes não é mais quesitada aos jurados. Na verdade, segundo o art. 492, I, “b”, ao 
proferir sentença condenatória, deve o juiz presidente considerar as circunstâncias agravantes 
ou atenuantes alegadas nos debates. Portanto, se a competência para o reconhecimento de 
agravantes e atenuantes não é mais dos jurados, mas sim do juiz presidente, forçoso é concluir 
que, doravante, é plenamente possível que o juízo ad quem determine a exclusão ou inclusão 
de tais circunstâncias e retifique a pena. Em tal hipótese, a soberania dos veredictos não será 
vulnerada pelo aumento ou diminuição da pena determinado pela instância recursal, já que esta 
reforma recairá sobre uma decisão do juiz togado, que cometeu erro ou injustiça no tocante à 
aplicação (ou não) de tais circunstâncias.
d) decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos:162 para que seja 
cabível apelação com base nessa alínea e, de modo a se compatibilizar sua utilização com a 
soberania dos veredictos, é necessário que a decisão dos jurados seja absurda, escandalosa, 
arbitrária e totalmente divorciada do conjunto probatório constante dos autos. Portanto, decisão 
manifestamente contrária à prova dos autos é aquela que não encontra nenhum apoio no con-
junto probatório, é aquela que não tem apoio em nenhuma prova, é aquela que foi proferida ao 
arrepio de tudo que consta dos autos, enfim, é aquela que não tem qualquer prova ou elemento 
informativo que a suporte ou justifique, e não aquela que apenas diverge do entendimento dos 
juízes togados a respeito da matéria.163
A título de exemplo, suponha-se que, durante toda a instrução probatória, tenha o acusado 
confessado que atirou no ofendido, causando sua morte, mas que o fez em legítima defesa. Não 
obstante, por ocasião da votação dos quesitos, os jurados reconhecem a negativa de autoria, 
absolvendo o acusado (CPP, art. 483, § 1º). Nesta hipótese, não há como negar que a decisão dos 
jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, autorizando a interposição de apelação 
com base no art. 593, III, “d”, do CPP, a fim de que novo julgamento seja realizado (CPP, art. 
593, § 3º). Lado outro, se 02 (duas) testemunhas são ouvidas em juízo e reconhecem o acusado 
como o suposto autor dos disparos de arma de fogo que causaram a morte da vítima, ao passo 
que outros 02 (dois) depoentes confirmam que o acusado estava em uma festa no exato momen-
to em que o crime foi perpetrado, eventual decreto absolutório ou condenatório não deve ser 
considerado manifestamente contrário à prova dos autos, já que os jurados simplesmente terão 
aderido a uma das versões apresentadas. Neste caso, por força da soberania dos veredictos, a 
162. Quanto à subsistência do cabimento da apelação interposta pela acusação com base no art. 593, III, alínea “d”, 
do CPP, diante da inserção do quesito absolutório genérico do art. 483, III, do CPP, remetemos o leitor ao título 
atinente ao Procedimento do Júri, mais precisamente ao tópico relativo à “ordem dos quesitos” (item. 12.3).
163. No sentido de que a suficiência (ou não) de um único depoimento para a prolação do juízo condenatório é ma-
téria constitucionalmente afeta ao tribunal do júri e infensa à reforma pelo tribunal de justiça, ao qual não cabe 
a valoração da prova: STF, 1ª Turma, Rcl 29.621 AgR/MT, Rel. Min. Luiz Fux, j. 25/06/2019, DJe 213 30/09/2019.
TÍTULO 14 • RECURSOS 1825
decisão dos jurados deve ser mantida, sobretudo se considerarmos que os jurados julgam segundo 
sua íntima convicção, sem a necessidade de fundamentar seus votos.164
Assim, optando os jurados, bem ou mal, por uma das versões trazidas aos autos, não há 
falar em decisão inteiramente divorciada da prova existente no processo. Logo, existindo prova 
a sustentar a tese adotada em plenário pelos jurados, não é possível que o Tribunal ad quem 
desconstitua a escolha dos jurados, procedendo à interpretação que, sob sua ótica, coaduna-se 
melhor com a hipótese dos autos, sob pena de ferir a soberania dos veredictos. Não por outro 
motivo, em caso concreto no qual os acusados foram absolvidos pelo Conselho de Sentença, 
que reconheceu terem eles agido por erro de tipo invencível (CP, art. 20), porquanto imaginaram 
estar atirando em um animal em vez de nas pessoas que haviam adentrado a sua propriedade, 
concluiu o STJ terem os jurados optado por uma das versões conflitantes, consubstanciada nos 
interrogatórios, depoimentos e laudos acostados aos autos, daí por que seria inviável reconhecer 
a existência de decisão manifestamente contrária à prova dos autos.165
Se, todavia, no julgamento de apelação interposta com fundamento no art. 593, III, “d”, 
do CPP, o Tribunal ad quem, apesar de não se tratar de decisão manifestamente contrária à 
prova dos autos, determinar equivocadamente a realização de novo julgamento, será cabível 
recurso extraordinário, recurso especial ou habeas corpus, a fim de que seja mantida a decisão 
do Conselho de Sentença, preservando-se a soberania de seus veredictos.
Essa decisão manifestamente contrária à prova dos autos, que desafia a apelação prevista 
na alínea “d” do inciso III do art. 593 do CPP, pode estar relacionada tanto ao fato principal, à 
autoria, às causas excludentes da ilicitude ou da culpabilidade, como versar sobre questão se-
cundária, como o reconhecimento de uma qualificadora, causa de aumento ou de diminuição da 
pena. Assim, por exemplo, se os jurados, de forma manifestamente contrária à prova dos autos, 
reconhecem que o agente praticou o crime de homicídio doloso impelido por relevante valor 
moral, apesar de o acusado ter confessado na fase policial e em juízo que praticou o crime por 
conta de uma briga de trânsito, é cabível a apelação. Portanto, como as qualificadoras, causas 
de aumento e de diminuição de pena compõem o tipo penal no homicídio doloso (tipicidade 
derivada), se o Tribunal entender que seu reconhecimento pelos jurados se deu de maneira 
contrária à prova dos autos, deve o juízo ad quem cassar a decisão para que outro julgamento 
seja realizado. Fosse possível que o Tribunal de Justiça (ou TRF) corrigisse a pena imposta para 
afastar qualificadoras, causas de aumento ou de diminuição de pena, haveria patente violação à 
soberania dos veredictos, porquanto um Tribunalcomposto por juízes togados estaria afastando 
164. Portanto, se o Conselho de Sentença, após os debates, acolher uma das versões existentes nos autos, exercendo 
sua soberania, não se pode falar em decisão manifestamente contrária à prova dos autos. Nesse sentido: STJ, 
6ª Turma, HC 120.967/MS, Rel. Min. Nilson Naves, j. 03/12/2009, DJe 24/05/2010. E ainda: STJ, 5ª Turma, REsp 
779.518/MT, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 17/08/2006, DJ 11/09/2006. Para o STJ (6ª Turma, HC 141.598/GO, Rel. 
Min. Og Fernandes, j. 17/05/2011), se, a despeito da presença de laudo pericial nos autos apontando que o 
acusado era, à época dos fatos, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se 
de acordo com esse entendimento, os jurados optarem por condenar o acusado, ao argumento de que a prova 
testemunhal evidenciaria sua imputabilidade, não se afigura cabível a apelação prevista no art. 593, III, “d”, do 
CPP, porquanto a decisão do Conselho não teria contrariado todo o conjunto probatório constante dos autos, já 
que havia elementos para se afastar a conclusão produzida pelos experts.
165. STJ, 6ª Turma, HC 70.962/SP, Rel. Min. Nilson Naves, j. 04/03/2008, DJe 22/09/2008. Portanto, se o Tribu-
nal do Júri, com base no depoimento de testemunhas ouvidas em juízo, concluir que o acusado cometera 
homicídio privilegiado, não pode o Tribunal de Justiça substituir esse entendimento, por reputar existentes 
outras provas mais robustas no sentido contrário ao da tese acolhida, sob pena de violação à soberania dos 
veredictos: STF, 2ª Turma, HC 85.904/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 13/02/2007, DJe 47 28/06/2007. Na 
mesma linha: STJ, 6ª Turma, REsp 690.927/CE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 13/03/2007, DJ 
26/03/2007 p. 309.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1826
aspectos relativos à tipicidade derivada expressamente admitidos pelos jurados, com indevida 
invasão ao mérito da decisão, o que é vedado ao juízo ad quem.166
No caso em que o Tribunal, em apelação, determinar a realização de novo júri em razão do 
reconhecimento de que a decisão dos jurados fora manifestamente contrária à prova dos autos, 
não é possível que se conceda às partes o direito de inovar no conjunto probatório mediante a 
apresentação de novo rol de testemunhas a serem ouvidas em plenário. Afinal, a preparação pre-
vista no art. 422 do CPP, que consiste, entre outras coisas, na apresentação do rol de testemunhas 
que irão depor em plenário, é ato antecedente ao julgamento em si. Praticado o referido ato de 
preparação – que não se confunde com o ato de julgamento propriamente dito –, ocorrerá, em 
regra, a sua preclusão consumativa. Dessa maneira, tendo sido provida apelação tão somente 
para a realização de novo julgamento, não será possível repetir a realização de outro ato (o de 
preparação), que já fora consumado, sendo cabível proceder apenas ao novo julgamento do acu-
sado. Além do mais, se o Tribunal ad quem determina um novo julgamento por estar convencido 
de que o veredicto exarado pelo Conselho de Sentença anterior seria manifestamente contrário 
à prova dos autos, deve o novo Júri realizar uma nova análise sobre o mesmo acervo de provas 
anteriormente analisado. Caso contrário, estar-se-ia, no novo Conselho de Sentença, diante do 
primeiro juízo de valoração de prova inédita – que não fora valorada no primeiro julgamento – 
sem que fosse possível outro pleito de anulação desse novo julgamento com base no art. 593, 
III, d, do CPP, visto que a norma contida na parte final do § 3º do aludido dispositivo impede 
a interposição de segunda apelação fundamentada no mesmo motivo.167
Há posição minoritária na doutrina que entende que o disposto no art. 593, III, alínea “d”, 
do CPP é inconstitucional, sob o argumento de que, por força da soberania dos veredictos, 
não é possível que um tribunal superior composto por juízes togados determine a realização 
de novo julgamento, sob a justificativa de manifesto desrespeito à prova dos autos. Prevalece, 
todavia, a orientação de que é inconcebível que uma decisão manifestamente contrária à prova 
dos autos não possa ser revista por meio de recurso, o que poderia inclusive caracterizar afronta 
ao princípio do duplo grau de jurisdição, previsto implicitamente na Constituição Federal, e 
explicitamente na Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Dec. 678/92, art. 8º, nº 2º, 
alínea “h”). De mais a mais, é bom lembrar que, ao dar provimento à apelação com base na 
alínea “d” do inciso III do art. 593, o Tribunal de Justiça (ou Tribunal Regional Federal) não 
estará substituindo a decisão dos jurados, mas apenas reconhecendo o equívoco manifesto na 
apreciação da prova e determinando a realização de outro julgamento pelo Júri. Em síntese, 
o juízo ad quem estará proferindo mero juízo de cassação (juízo rescindente), não de reforma 
(juízo rescisório), reservando ao Tribunal do Júri, juízo natural da causa, novo julgamento.168
166. No sentido de que as circunstâncias qualificadoras, devidamente reconhecidas pelo Plenário do Júri, somente 
podem ser excluídas, em sede de apelação, com base no art. 593, III, “d”, do Código de Processo Penal, quando 
absolutamente improcedentes, sem amparo nos elementos dos autos, sob pena de o juízo ad quem imiscuir-se 
na competência constitucional do Tribunal do Júri, atentando contra a soberania dos veredictos: STJ, 6ª Turma, 
REsp 785.122/SP, Rel. Min. Og Fernandes, j. 19/10/2010, DJe 22/11/2010. No sentido de que o Tribunal ad quem, 
ao julgar a apelação interposta com fundamento no art. 593, III, d, do CPP, na eventualidade de concluir que a 
qualificadora reconhecida pelo Júri é manifestamente contrária à prova dos autos, não pode, desde logo, afastá-la 
e reduzir a pena, mas sim cassar o julgamento para que outro seja realizado: STJ, 6ª Turma, REsp 702.223/MT, 
Rel. Min. Celso Limongi, j. 01/06/2010, DJe 28/06/2010. E também: STJ, 6ª Turma, REsp 981.057/SC, Rel. Min. 
Maria Thereza de Assis Moura, Informativo nº 455 do STJ, 8 a 12 de novembro de 2010.
167. STJ, 5ª Turma, HC 243.452/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 26/02/2013, DJe 12/03/2013.
168. No sentido de que o princípio constitucional da soberania dos veredictos não é violado pela determinação de 
realização de novo julgamento pelo Tribunal do Júri quando a decisão é manifestamente contrária à prova dos 
autos: STF, 1ª Turma, HC 102.004/ES, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 11/05/2010, DJe 025 07/02/2011; STF, 2ª Turma, 
HC 76.994/RJ, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 12/05/1998, DJ 26/06/1998; STF, 2ª Turma, HC 94.052/PR, Rel. Min. 
Eros Grau, j. 14/04/2009, DJe 152 13/08/2009.
TÍTULO 14 • RECURSOS 1827
Segundo o art. 593, § 3º, in fine, do CPP, não se admite segunda apelação com base na alínea 
“d” do inciso III do art. 593, pouco importando se a decisão seguinte é a mesma ou diferente 
da anterior. Essa norma, ao impedir que a parte se utilize do recurso de apelação para exame do 
mesmo propósito de anterior apelo interposto, prima pela segurança jurídica, porquanto impede 
a utilização do expediente recursal como maneira de eternizar a lide criminal. Assim, não sendo 
a apelação da defesa admitida por corresponder ao segundo recurso pelo mesmo fundamento 
(contrariedade à prova dos autos), não há falar em cerceamento de defesa.169
Portanto, no segundo julgamento, do qual não poderão fazer parte os jurados que atuaram 
no júri anterior (CPP, art. 449, I, e súmula nº 206 do STF), independentemente do resultado, 
a decisão proferida pelo Tribunal do Júri será definitiva, haja vista a impossibilidade de nova 
apelação sob o mesmo fundamento (CPP, art. 593, § 3º, in fine). Logo, ressalvada a interposi-
ção de apelação com base nas outras hipóteses do art. 593, III, pode-se dizer que, na hipótese 
de o veredicto proferido no segundo julgamento ser absolutório, operando-se o trânsito em 
julgado da decisão, a garantia da soberania dos veredictos será absoluta, visto que não se 
admite revisão criminal pro societate. No entanto,em se tratando de decreto condenatório 
ou absolutório impróprio com trânsito em julgado, ainda se pode cogitar do ajuizamento de 
revisão criminal.
A expressão pelo mesmo motivo constante do art. 593, § 3º, in fine, do CPP, deve ser 
compreendida como mesma hipótese de cabimento, ou seja, o mesmo fundamento legal. Logo, 
conhecida uma primeira apelação interposta com base na alínea “d” do inciso III do art. 593 do 
CPP, uma vez realizado novo julgamento perante o Júri, não se afigura cabível nova apelação 
com base na mesma hipótese. Isso, no entanto, não significa dizer que o acusado não possa ser 
julgado mais de duas vezes pelo Tribunal do Júri. De fato, se o Tribunal ad quem determinar 
a realização de novo julgamento por entender que o primeiro foi contrário à prova dos autos, 
não será cabível nova apelação com base na alínea “d” do inciso III do art. 593, mas é perfei-
tamente possível a interposição de apelação sob o argumento de que este segundo júri estaria 
contaminado por nulidade (CPP, art. 593, III, “a”). Nesta hipótese, reconhecida a nulidade pelo 
Tribunal, seria determinada a realização de um terceiro julgamento.
Na mesma linha, se uma apelação foi interposta com fundamento nas alíneas “a” (nulidade) 
e “d” (decisão manifestamente contrária à prova dos autos) do inciso III do art. 593, o juízo ad 
quem julgará primeiro a alínea “a”, por ser prejudicial da outra. Em caso de provimento, ficará 
prejudicado o julgamento com fundamento na alínea “d”. Logo, havendo novo julgamento, po-
derá haver nova apelação com fundamento na alínea “d”, já que tal hipótese não foi conhecida 
nem julgada no recurso anterior.
Ainda em relação ao disposto no art. 593, § 3º, in fine, do CPP, é bom lembrar que pouco 
importa qual parte interpôs o recurso primeiro. Portanto, se o Ministério Público recorre de um 
decreto absolutório e invoca o art. 593, III, “d”, vindo o Tribunal a determinar novo julgamento, 
que culmina com a condenação do acusado, não poderá agora a Defesa apelar sob o argumento 
de que teria havido manifesta divergência com a prova. Ainda que não houvesse previsão legal 
nesse sentido, essa vedação é evidente. Afinal, se o primeiro julgamento absolutório do júri foi 
considerado manifestamente contrário à prova dos autos pelo Tribunal de Justiça, daí por que 
foi cassada a decisão, submetendo-se o acusado a novo julgamento, na hipótese de ser proferido 
um decreto condenatório pelo segundo júri, tal decisão não será considerada manifestamente 
contrária à prova dos autos pelo juízo ad quem, sob pena de o Tribunal contrariar o quanto 
decidido por ele mesmo na apelação anteriormente apreciada.
169. STJ, 6ª Turma, HC 114.328/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 14/06/2011.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1828
2.4. Aspectos procedimentais da apelação
2.4.1. Forma
A apelação pode ser interposta por petição ou por termo nos autos (CPP, art. 587, caput). 
No processo penal militar, todavia, a apelação só pode ser interposta por petição (CPPM, art. 
529, caput), o que também ocorre no âmbito dos juizados especiais criminais (Lei nº 9.099/95, 
art. 82, § 1º).
Ao contrário do recurso em sentido estrito, que é geralmente processado por instrumento, 
a apelação é encaminhada à instância superior nos próprios autos do processo. Por isso, ante 
a possibilidade de extravio dos autos originais, determina o art. 603 do CPP que, quando in-
terposta no interior, deverá o escrivão tirar o traslado das principais peças do processo, com 
observância do disposto no art. 564, II, do CPP, assim como da intimação da sentença e da 
interposição da apelação.
Se houver mais de um acusado, e não houverem todos sido julgados, ou não tiverem to-
dos apelado, o art. 601, § 1º, do CPP, determina que caberá ao apelante promover extração do 
traslado dos autos, o qual deverá ser remetido à instância superior no prazo de 30 (trinta) dias, 
contado da data da entrega das últimas razões de apelação, ou do vencimento do prazo para a 
apresentação das do apelado.
2.4.2. Prazo
Segundo o art. 593, caput, do CPP, a apelação deve ser interposta no prazo de 5 (cinco) 
dias. De acordo com a súmula nº 428 do Supremo, “não fica prejudicada a apelação entregue 
em cartório no prazo legal, embora despachada tardiamente”.
Interposta a apelação, os autos serão conclusos ao magistrado para o juízo de admissibili-
dade. Denegada a apelação, será cabível recurso em sentido estrito (CPP, art. 581, XV).
Preenchidos seus pressupostos, a impugnação será recebida pelo juízo a quo, que deve 
notificar as partes – primeiro o recorrente, depois o recorrido – para apresentação das razões 
e contrarrazões recursais, cada qual no prazo de 08 (oito) dias, salvo nos processos de con-
travenções penais, em que o prazo será de 3 (três) dias (CPP, art. 600, caput). Em que pese o 
art. 600, caput, in fine, do CPP, prever o prazo de 3 (três) dias para apresentação de razões e 
contrarrazões nos processos de contravenções, é bom lembrar que o processo e julgamento de 
tais infrações penais está afeto aos juizados especiais criminais. Em sede de Juizados, a apelação 
deve ser interposta no prazo de 10 (dez) dias, por petição escrita, da qual constarão as razões e 
o pedido do recorrente (Lei nº 9.099/95, art. 82, § 1º).
Apesar de o art. 600, caput, do CPP, sugerir que o prazo de 08 (oito) dias para apresenta-
ção das razões recursais corra de maneira automática após a interposição do recurso, prevalece 
o entendimento no sentido de que sua fluência só terá início após a notificação do recorrente 
para essa finalidade.
No âmbito processual penal militar, o prazo para apresentação de razões e contrarrazões é 
de 10 (dez) dias para cada parte, sucessivamente (CPPM, art. 531, caput).
2.4.3. Processamento
Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado, terão o prazo de 8 (oito) 
dias cada um para oferecer razões e contrarrazões. Se houver assistente, este arrazoará, no prazo 
de 3 (três) dias, após o Ministério Público. Se a ação penal for movida pela parte ofendida, o 
Ministério Público terá vista dos autos, no prazo de 3 (três) dias.
Para fins de apresentação de suas razões e contrarrazões, acusação e defesa devem poder 
retirar os autos do cartório. Por isso, reputamos que o dispositivo do art. 600, § 3º, do CPP, 
TÍTULO 14 • RECURSOS 1829
não foi recepcionado pela Constituição Federal. Segundo tal dispositivo, quando forem dois ou 
mais os apelantes ou apelados, os prazos serão comuns. Ao dizer que os prazos serão comuns, 
o dispositivo em questão afirma, implicitamente, que os autos deverão permanecer em cartório. 
A nosso juízo, a concessão de prazo comum aos defensores dos acusados para apresentação de 
razões ou contrarrazões viola a ampla defesa e o contraditório, porquanto deixa de lado a regra 
da paridade de armas. De fato, se o Ministério Público tem 8 (oito) dias para apresentar suas 
razões, igual prazo há de ser assegurado à defesa, independentemente do número de apelantes 
ou apelados. Ademais, a impossibilidade de se retirar os autos do cartório dificultaria a atuação 
da defesa, que teria que elaborar suas razões mediante consulta dos autos na secretaria do juízo.
Na visão da doutrina, é plenamente possível que as partes requeiram a juntada de quais-
quer documentos por ocasião da apresentação de razoes e contrarrazões. Afinal, salvo os casos 
expressos em lei – a única restrição ao momento para a juntada de documentos constante do 
CPP é aquela do art. 479 do CPP –, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase 
do processo, nos termos do art. 231 do CPP. Todavia, se os documentos forem oferecidos nas 
contrarrazões, deve o juiz determinar que o apelante se manifeste sobre eles. Caso tenham sido 
juntados pelo apelante, o apelado terá a oportunidade de se manifestar sobre eles em sede de 
contrarrazões.170
De acordo com o art. 600, § 4º, do CPP, se o apelante declarar, na petição ou no termo, 
ao interpor apelação, que deseja arrazoar na superiorinstância, serão os autos remetidos ao 
tribunal ad quem onde será aberta vista às partes, observados os prazos legais, notificadas as 
partes pela publicação oficial.
Há quem entenda que essa faculdade pode ser exercida por qualquer parte. A nosso ver, se 
a apelação for interposta pelo Promotor de Justiça, as razões devem ser apresentadas obrigato-
riamente na 1ª instância, já que tal órgão ministerial não atua junto aos Tribunais. Portanto, o 
permissivo do art. 600, § 4º, do CPP, não pode ser utilizado pelo Ministério Público. De todo 
modo, na hipótese de as razões serem apresentadas pela Defesa na 2ª instância, os autos devem 
retornar à comarca de origem, para que o Promotor Natural do caso ofereça contrarrazões.
2.4.4. Competência para o julgamento
A competência para o julgamento da apelação recai sobre as Câmaras dos Tribunais de 
Justiça e Turmas dos Tribunais Regionais Federais.171
2.5. Efeitos
Como todo e qualquer recurso, a apelação é dotada de efeito devolutivo, transferindo o 
conhecimento da matéria impugnada à instância superior, objetivando a reforma, a invalidação, 
a integração ou o esclarecimento da decisão impugnada.
Enquanto o recurso em sentido estrito e o agravo em execução são dotados de efeito regres-
sivo (iterativo ou diferido), autorizando o juízo de retratação, a apelação não permite que o juízo 
a quo reexamine sua decisão. Essa vedação encontra fundamento no princípio segundo o qual 
a competência do magistrado se esgota no exato instante em que profere sua decisão, daí por 
que não lhe seria lícito modificar sua decisão posteriormente, ainda que houvesse impugnação 
das partes. Nessa linha, como consta do art. 494 do novo CPC, publicada a sentença, o juiz só 
poderá alterá-la para corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou 
retificar erros de cálculo, ou por meio de embargos de declaração.
170. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. 33ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2011. p. 465.
171. Para mais detalhes acerca da possibilidade de julgamento monocrático da apelação pelo Relator, remetemos o 
leitor ao princípio da colegialidade.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1830
A depender do caso concreto, a apelação pode ter efeito extensivo: a decisão do recurso 
interposto por um dos acusados no caso de concurso de agentes, desde que fundada em motivos 
que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos demais (CPP, art. 580).
Em relação ao efeito suspensivo da apelação, sua presença (ou não) depende da espécie 
de decisão, senão vejamos:
a) sentença absolutória própria: de acordo com o art. 596, caput, do CPP, a apelação da 
sentença absolutória não impedirá que o acusado seja posto imediatamente em liberdade. Na 
mesma linha, segundo o art. 386, parágrafo único, I, do CPP, na sentença absolutória, o juiz 
mandará, se for o caso, pôr o acusado em liberdade. Como se percebe, a sentença absolutória 
própria acarreta a imediata soltura do acusado, efeito este que não depende do trânsito em julgado 
e também não está condicionado à interposição de apelação pela acusação. Portanto, pode-se 
dizer que a apelação contra sentença absolutória própria não é dotada de efeito suspensivo;
b) sentença absolutória imprópria: segundo o art. 386, parágrafo único, III, do CPP, na 
sentença absolutória imprópria, o juiz aplicará medida de segurança, se cabível. Como a execução 
dessa medida pressupõe o trânsito em julgado da sentença que a impôs (LEP, art. 171), e tendo 
em conta que a interposição de apelação obsta o trânsito em julgado, conclui-se que a apelação 
da sentença absolutória imprópria é dotada de efeito suspensivo indireto – diz-se indireto 
porquanto, apesar de não haver dispositivo legal atribuindo efeito suspensivo à apelação nesse 
caso, sua interposição retarda a ocorrência de coisa julgada, impedindo-se, em consequência, a 
execução da medida de segurança.172 É bom esclarecer que é plenamente possível que, no curso 
do processo ou na própria sentença absolutória imprópria, ocorra a aplicação da medida cautelar 
diversa da prisão prevista no art. 319, inciso VII, do CPP, com redação determinada pela Lei 
nº 12.403/11: internação provisória. Da mesma forma que se afigura possível a decretação da 
prisão preventiva no curso do processo (CPP, art. 387, § 1º), também se apresenta viável que o 
juiz decrete a internação provisória do acusado. Evidentemente, essa internação provisória jamais 
poderá ser aplicada como efeito automático decorrente da constatação da inimputabilidade ou 
semi-imputabilidade do acusado. Na verdade, para além da presença do fumus comissi delicti – 
prova da existência do crime e indícios de autoria – e do periculum libertatis – necessidade para 
aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente 
previstos, para evitar a prática de infrações penais (CPP, art. 282, I) –, a internação provisória 
do acusado somente poderá ser decretada nas hipóteses de crimes praticados com violência 
ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do 
Código Penal) e houver risco de reiteração. Nesse caso, a apelação contra a sentença absolutória 
imprópria não terá o condão de impedir a imediata execução da medida cautelar, cabendo ao 
acusado impetrar habeas corpus de modo a impugnar sua internação provisória. Por fim, ape-
sar de o art. 596, parágrafo único, do CPP, estabelecer que a apelação da sentença absolutória 
imprópria não suspende a execução da medida de segurança provisoriamente aplicada (antes 
do trânsito em julgado da sentença), é importante registrar que, atualmente, não existe mais a 
medida de segurança provisória, a qual foi abolida pela reforma da Parte Geral do Código Penal 
(Lei nº 7.209/84) e pela Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84);
c) sentença condenatória: até bem pouco tempo atrás, caso o acusado não fosse primário 
ou não tivesse bons antecedentes, a apelação contra sentença condenatória não tinha efeito sus-
pensivo (revogado art. 594 do CPP). A despeito da crítica de grande parte da doutrina, os dois 
dispositivos eram considerados válidos pelos Tribunais Superiores. Basta ver, nesse sentido, 
o teor da súmula nº 9 do STJ: “A exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a 
garantia constitucional da presunção de inocência”. Esse panorama começou a mudar a partir 
de importante julgado do Supremo, no qual restou consolidado que o exercício do direito ao 
172. STJ, 5ª Turma, HC 226.014/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 19/04/2012, DJe 30/04/2012.
TÍTULO 14 • RECURSOS 1831
duplo grau de jurisdição independe do recolhimento à prisão.173 Diante da decisão proferida pelo 
Supremo, o próprio STJ alterou seu entendimento. Segundo a redação da súmula nº 347 do STJ, 
“o conhecimento do recurso de apelação do réu independe de sua prisão”. Como se percebe, a 
edição dessa nova súmula acaba por cancelar, tacitamente, o disposto na súmula nº 9 do STJ.
Superada tal questão, convém lembrar que, pelo menos de acordo com o teor do art. 
597 do CPP, a apelação contra sentença condenatória também não teria efeito suspensivo nas 
seguintes hipóteses: a) no caso de aplicação provisória de interdições de direito e de medidas 
de segurança (arts. 374 e 378 do CPP); b) no caso de suspensão condicional da pena. Ocorre 
que, no primeiro caso, a reforma de 1984 pela Lei nº 7.210 aboliu a aplicação provisória de 
interdições de direito e de medidas de segurança; no segundo caso, se a audiência admonitória, 
a partir de quando se efetiva a suspensão, por força do art. 160 da LEP, ocorre perante o juízo 
da execução, conclui-se que o art. 597 perdeu aplicabilidade, já que o recurso cabível contra 
decisões do juízo da execução é o agravo em execução.
Por fim, quanto ao recurso do assistente, convém lembrar que sua impugnação não é dotada 
de efeito suspensivo, mesmo naquelas hipóteses em que o Código lhe atribuir tal efeito. É o que 
diz o art. 598, caput, in fine, do CPP.3. PROTESTO POR NOVO JÚRI
3.1. Revogação pela Lei nº 11.689/08
Como se sabe, o protesto por novo júri foi extinto pela Lei nº 11.689/08 (art. 4º). Sem 
embargo da extinção do protesto por novo júri, como ainda não há uma decisão definitiva do 
Supremo acerca da subsistência (ou não) de tal recurso quanto aos crimes cometidos antes da 
entrada em vigor da Lei nº 11.689/08, fazemos a opção por abordar o referido recurso neste livro.
3.2. Pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade recursal do revogado protesto 
por novo júri
Trata-se de recurso privativo da defesa, objetivando a realização de novo julgamento, que 
podia ser utilizado uma única vez, a ser interposto quando o acusado fosse condenado, no âmbito 
do Tribunal do Júri, pela prática de um único delito, seja ele doloso contra a vida ou não, à pena 
de reclusão por tempo igual ou superior a 20 (vinte) anos. A propósito, confira-se a redação do 
revogado art. 607, caput, do CPP: “O protesto por novo júri é privativo da defesa, e somente 
se admitirá quando a sentença condenatória for de reclusão por tempo igual ou superior a 20 
(vinte) anos, não podendo em caso algum ser feito mais de uma vez”.
Como o próprio nome já sugere – protesto por novo júri –, referido recurso só podia ser 
interposto no âmbito do Tribunal do Júri. Não era possível, portanto, a interposição do recurso 
no julgamento de competência originária dos Tribunais, ainda que a imputação versasse sobre 
crime doloso contra a vida (v.g., Promotor de Justiça do Estado de São Paulo julgado perante 
o TJ/SP pela prática de homicídio doloso).
Para que o protesto por novo júri pudesse ser utilizado pela defesa, o acusado devia ter 
sido condenado pela prática de um único delito à pena igual ou superior a 20 (vinte) anos de 
reclusão. Apesar de o revogado art. 607 do CPP nada dizer nesse sentido, chegava-se a tal 
conclusão em virtude do teor do revogado art. 608 do CPP, que previa que o protesto por novo 
júri não impediria a interposição da apelação, quando, pela mesma sentença, o acusado tivesse 
sido condenado por outro crime, em que não coubesse aquele protesto.
173. STF, Pleno, HC 84.078/MG, Rel. Min. Eros Grau, j. 05/02/2009, DJe 35 25/02/2010.

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