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Apostila Digital SEED-SE
Comum a todos os cargos de Professor
2012
http://www.glapostilas.tk
TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS DE GARDNER 
 
 
 
 A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS 
Em 1900 o psicólogo francês Alfred Binet foi solicitado para que 
desenvolvesse uma medida de predição do sucesso escolar de crianças das 
primeiras séries. Desta forma surgiu o primeiro teste de inteligência. Tal teste 
tinha por finalidade geral diferenciar crianças retardadas e crianças normais 
nos mais diferentes graus. Após a I Guerra Mundial, onde o teste de Q.I. 
(Quociente Intelectual) foi utilizado para medir a inteligência dos soldados, 
tornou-se muito popular sua aplicação. 
Com a popularização do teste, propagou-se a idéia de inteligência nele 
inserida. A inteligência seria única, estagnada, passível de ser medida 
quantitativamente. Segundo GARDNER (1995, p. 21), autor da teoria das 
Inteligências Múltiplas que veremos a seguir, segundo esta visão tradicional: 
"a inteligência é (...) a capacidade de responder a itens em testes de 
inteligência". Os testes psicométricos consideram que existe uma inteligência 
geral, nos quais os seres humanos diferem uns dos outros, que é 
denominada g. Este g pode ser medido através da análise estatística dos 
resultados dos testes. É importante acrescentar que tal maneira de encarar a 
inteligência ainda hoje está presente no senso comum e mesmo em muitas 
parcelas do meio científico. 
Porém podemos observar que durante todo o século XX, vários psicólogos e 
cientistas de outras áreas do conhecimento fizeram fortes críticas aos testes de 
Q.I. Vygotsky, por exemplo, apontou o erro no que diz respeito aos testes de 
inteligência abordarem as zonas de desenvolvimento proximal de modo 
errado. Piaget trabalhava com tais testes, mas a sua atenção era voltada para as 
linhas de raciocínio das crianças, não para as respostas dadas. Estudando as 
respostas erradas e os raciocínios que conduziam a elas, Piaget construiu parte 
de sua teoria. Ao criticarem o modo como era medido a inteligência, o próprio 
conceito de inteligência contido em tais testes era também criticado. 
Entretanto uma proposta mais revolucionária surgiu recentemente através de 
Howard Gardner, psicólogo e professor norte americano. GARDNER (1995, 
p.14) entende por inteligência "a capacidade para resolver problemas ou 
elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais 
ou comunitários". A novidade dentro da teoria de Gardner é considerar a 
inteligência como possuindo várias facetas. Tais facetas, que na verdade são 
talentos, capacidades e habilidades mentais; são chamadas de inteligências na 
teoria das Inteligências Múltiplas, como o próprio nome explicita. 
Antes de discorrer a respeito da teoria e das diversas inteligências vale 
lembrar de um curioso incidente que aconteceu em nosso país antes de Copa 
do Mundo de 1958. O Brasil possuía seu primeiro psicólogo esportivo, João 
Carvalhaes, que atendia a seleção brasileira de futebol. O psicólogo resolveu 
aplicar em todos os jogadores testes de QI. Garrincha, que estava no apogeu 
de sua carreira, após responder os testes ficou sabendo que seu quociente 
intelectual era irrisório, sendo classificado como débil mental. Por este motivo 
quase foi impedido de participar da Copa. (MODERNELL, 1992, p. 56) 
Ninguém duvida do talento que possuía este atleta quando se encontrava no 
meio de um gramado com a bola nos pés. Todavia, o teste psicométrico de 
inteligência indicava Garricha como uma pessoa sem grandes chances de ser 
bem sucedido em sua vida, o que não correspondeu à realidade. Fica claro que 
os testes de QI predizem apenas como vai ser o desempenho escolar e não o 
sucesso profissional depois de concluída a instrução formal. 
É dentro desta perspectiva que Gardner apresenta a teoria das Inteligências 
Múltiplas (IM). Os testes de QI medem apenas as capacidades lógica e 
lingüística, capacidades que normalmente são as únicas exigidas e avaliadas 
pelas escolas e, sem dúvida, as capacidades mais valorizadas em nossa 
sociedade. Gardner pretende considerar também as outras capacidades, as 
outras "inteligências" menos lembradas, para analisá-las em sua teoria. 
Para selecionar quais as inteligências que seriam trabalhadas em sua teoria 
foram utilizadas diversas fontes: as informações disponíveis sobre o 
desenvolvimento normal e o desenvolvimento do indivíduo talentoso; estudos 
sobre populações prodígios, idiotas sábios, crianças autistas, crianças com 
dificuldade de aprendizagem; dados sobre a evolução da cognição; 
considerações culturais comparadas sobre a cognição; estudos psicométricos; 
estudos de treinamento psicológico e principalmente análise da perda das 
capacidades cognitivas nas condições de lesão cerebral. Foram consideradas 
inteligências genuínas apenas as inteligências candidatas que satisfaziam 
todos ou, pelo menos, a maioria dos critérios acima. Além disso cada 
inteligência deveria ter uma operação nuclear ou um conjunto de operações 
identificáveis e deveria também ser capaz de ser codificada em um sistema de 
símbolos. (GARDNER, 1995, p. 21-22) 
Deste modo, foram selecionadas sete inteligências em particular: lógico-
matemática, lingüística, musical, corporal-cinestésica, espacial, interpessoal e 
intrapessoal. Cada uma delas será analisada separadamente. 
INTELIGÊNCIA LÓGICO-MATEMÁTICA 
Como o próprio nome indica, a inteligência lógico-matemática é a capacidade 
lógica e matemática, assim como a capacidade de raciocínio científico ou 
indutivo, embora processos de pensamento dedutivo também estejam 
envolvidos. Esta inteligência envolve a capacidade de reconhecer padrões, de 
trabalhar com símbolos abstratos (como números e formas geométricas) assim 
como discernir relacionamentos ou então ver conexões entre peças separadas 
ou distintas. Relaciona-se, também, à capacidade de manejar habilmente 
longas cadeias de raciocínio, elaborar perguntas que ninguém fez, conceber 
problemas e levá-los a diante. Juntamente com a linguagem, é a principal base 
para os testes de QI. O desenvolvimento de tal inteligência foi o grande objeto 
de estudo de Jean Piaget. 
Tal inteligência possui uma natureza não-verbal, de modo que a solução de 
um problema pode ser construída antes de ser articulada. Alguns idiotas sábios 
realizam grandes façanhas de cálculo sem sequer saberem comunicarem-se ou 
até mesmo realizar simples operações de adição ou subtração. Como dois 
gêmeos relatados por SACKS (1997, p.217) que apenas vêem a resposta do 
problema: "Uma data é mencionada e, quase instantaneamente, eles informam 
em que dia da semana ela cairá. (...) Eles também podem dizer a data da 
Páscoa durante o mesmo período de 80 mil anos." Enquanto tais gêmeos são 
tragicamente deficientes em diversas áreas, conseguiram realizar um 
algoritmo para a data da Páscoa que até mesmo o grande matemático Gauss 
teve uma enorme dificuldade para descobrir. Possuem uma inteligência 
lógico-matemática extremamente desenvolvida. 
A região do córtex responsável pelo cálculo matemático em si e, 
provavelmente, pela inteligência lógico-matemática situa-se na região 
têmporo-paríeto-ocipital do hemisfério esquerdo. (LURIA, 1981, p. 25) 
Está presente nos cientistas, programadores de computadores, contadores, 
advogados, banqueiros e matemáticos. 
INTELIGÊNCIA LINGÜÍSTICA 
A inteligência lingüística é manifestada no uso da linguagem (seja ela escrita, 
falada ou através de outro meio), no significado das palavras; pela capacidade 
de seguir regras gramaticais e usar a linguagem para convencer, estimular, 
transmitir informações ou simplesmente agradar. Ainda é responsável por 
todas as complexas possibilidades lingüísticas, entre elas, a poesia, as 
metáforas, o raciocínio abstrato e o pensamento simbólico. 
São duas as principais áreas corticais responsáveis pela linguagem. A área de 
Wernicke (lobo temporal do hemisférioesquerdo) é responsável pelo 
entendimento da linguagem e a organização das palavras. A área de Broca 
(giro pós-central do hemisfério esquerdo) cuida da articulação da fala, da 
produção da linguagem expressiva. Ainda contribuem para a linguagem a 
região têmporo-ocipto-parietal responsável pela organização gramatical e o 
hemisfério direito para criar o ritmo, entonação e fluxo da fala. (SPRINGER; 
DEUTSCH, 1993. p. 184-186). 
Nos poetas, teatrólogos, escritores, novelistas, oradores e comediantes 
podemos encontrar a inteligência linguística bem desenvolvida. 
INTELIGÊNCIA MUSICAL 
Esta inteligência baseia-se no reconhecimento de padrões tonais (incluindo 
sons do ambiente) e numa sensibilidade para ritmos e batidas. Inclui também 
capacidades para o manuseio avançado de instrumentos musicais. 
Não podemos separar para a inteligência musical determinadas áreas corticais 
como fizemos para a inteligência linguística. Mas sabemos que o hemisfério 
direito, principalmente o lobo temporal, é o encarregado da audição e da 
criação musical. Uma lesão maciça neste hemisfério pode levar a uma amusia: 
o lesionado não consegue perceber combinações rítmicas ou até mesmo 
entonações de voz. (LURIA, 1981, p. 112) 
É destaque dos músicos, cantores, compositores e maestros. 
INTELIGÊNCIA CORPORAL-CINESTÉSICA 
A inteligência corporal-cinestésica está relacionada com o movimento físico e 
com o conhecimento do corpo. É a habilidade de usar o corpo para expressar 
uma emoção (dança e linguagem corporal) ou praticar um esporte, por 
exemplo. Garrincha, reprovado no teste de QI, provavelmente apresentaria um 
ótimo desempenho nesta inteligência se esta fosse submetida a um teste 
psicométrico. 
"O controle do movimento corporal está, evidentemente, localizado no córtex 
motor, com cada hemisfério dominante ou controlador dos movimentos 
corporais no lado contra-lateral." (GARDNER, 1995, p. 23) Porém é possível 
acrescentar outras áreas corticais também importantes para a realização do 
movimento que Gardner deixa de lado. Uma delas é o giro pós-central, onde 
está localizado o Homúnculo de Penfield sensitivo. É uma representação 
somatotópica: cada ponto sensitivo do corpo tem uma representação nesta 
parte do córtex. Por exemplo, a mão, que possui muitos receptores sensitivos, 
possui uma representação grande no córtex enquanto que o pé, com menos 
receptores, possui uma área menor. (MACHADO, 1981, p. 219) Deste modo, 
esta área cortical tem como função sentir, perceber o corpo para que o 
movimento possa ser harmônico. Outra área importante é o córtex pré-motor, 
que integra os impulsos motores no tempo, permitindo a criação de 
movimentos habilidosos, suaves e finos. (LÚRIA, 1981, p. 154) 
A inteligência corporal-cinestésica pode ser melhor observada em atores, 
atletas, mímicos, artistas circenses e dançarinos profissionais. 
INTELIGÊNCIA ESPACIAL 
A inteligência espacial é a capacidade de formar modelos mentais (imagens) e 
operar com tais imagens. A imagem não é necessariamente visual, pode ser 
construída uma imagem tátil, por exemplo, que é o que geralmente faz uma 
pessoa cega ao tatear objetos. Esta inteligência lida com atividades como as 
artes visuais, a navegação, a criação de mapas e a arquitetura. 
Enquanto o hemisfério esquerdo do cérebro tornou-se mais lingüístico durante 
a evolução, o hemisfério direito especializou-se no processamento espacial. A 
principal área cortical que controle toda esta questão espacial é a região 
têmporo-paríeto-ocipital. Uma lesão em tal área impede que o lesionado 
consiga interpretar os ponteiros de um relógio, encontrar sua posição em um 
mapa ou então orientar-se dentro de espaços fechados. Fica claro o quanto 
esta a região têmporo-ocipto-parietal é importante para uma inteligência 
espacial. (LURIA, 1981, p.24) 
Engenheiros, escultores, cirurgiões plásticos, artistas gráficos e arquitetos 
dependem desta inteligência para atuarem com êxito. 
INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL 
Esta inteligência opera, primeiramente, baseada no relacionamento 
interpessoal e na comunicação. Envolve a habilidade de trabalhar 
cooperativamente com outros num grupo e a habilidade de comunicação 
verbal e não-verbal. Constrói a capacidade de perceber, por exemplo, 
alterações de humor, temperamento, motivações e intenções de outras pessoas. 
Em sua forma mais avançada a pessoa consegue ler, mesmo que os outros 
tentem esconder, os desejos e intenções, podendo ter empatia por suas 
sensações, medos e crenças. 
"Todos os indícios na pesquisa do cérebro sugerem que os lobos frontais 
desempenham uma papel importante no conhecimento interpessoal. Um dano 
nessa área pode provocar profundas mudanças de personalidade, ao mesmo 
tempo em que não altera outras formas de resolução de problemas - a pessoa 
geralmente ‘ não é a mesma' depois de um dano desses." (GARDNER, 1995, 
p.27) 
A inteligência interpessoal é desenvolvida nos professores, terapeutas, 
políticos e líderes religiosos. 
INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL 
Esta outra inteligência pessoal está relacionada aos estados interiores do ser, à 
auto-reflexão, à metacognição (reflexão sobre o refletir) e à sensibilidade 
perante as realidades espirituais. Podemos dizer que é a capacidade de formar 
um conceito verídico sobre si mesmo pois envolve o conhecimento dos 
aspectos internos de cada um, como o conhecimento dos sentimentos, a 
intensidade das respostas emocionais, a auto-reflexão e um senso de intuição 
avançado. 
"Assim como na inteligência interpessoal, os lobos frontais desempenham um 
papel central na mudança de personalidade. Um dano na área inferior dos 
lobos frontais provavelmente produzirá irritabilidade ou euforia, ao passo que 
um dano nas regiões mais altas provavelmente produzirá indiferença, 
desatenção, lentidão e apatia - um tipo de personalidade depressiva". 
(GARDNER, 1995, p. 28) 
Um bom desempenho da inteligência intrapessoal pode ser encontrada em 
filósofos, conselheiros espirituais, psicólogos e pesquisadores de padrões de 
cognição. 
Estas são as sete inteligências "clássicas" apresentadas no livro "Estruturas da 
Mente" de Gardner. O autor, posteriormente passou a considerar também 
outras inteligências conforme podemos observar em diversos artigos na 
internet. Uma delas é a inteligência naturalística, que é a capacidade do ser 
humano relacionar-se com a natureza. Outra inteligência "recente" é a 
pictórica ou pictográfica. Trata-se da habilidade para desenhar. Existe ainda a 
"inteligência" existencial que, na verdade, é considerada como uma meia 
inteligência por preencher apenas quatro dos oito requisitos avaliados para 
assegurar a existência da inteligência. Ela é responsável pela necessidade do 
homem fazer perguntas sobre si mesmo, sua origem e seu fim. 
Uma das características das IM é a independência em grau significativo entre 
essas múltiplas faculdades humanas. Para explicar esta independência Gardner 
apoia-se no fato de que, em caso de lesão cerebral, determinadas capacidades 
são perdidas enquanto outras permanecem intactas. Desta forma, segundo o 
autor, as inteligências não interferem umas nas outras. (GARDNER, 1995, p. 
29-30) 
Contudo as inteligências agem de forma integrada. Um alto nível de 
capacidade na inteligência corporal-cinestésica apenas, por exemplo, não 
asseguraria a ninguém um sucesso como jogador de futebol. Seria necessário 
também um bom desenvolvimento da inteligência espacial para realizar bons 
passes e chutes a gol e também inteligência interpessoal desenvolvida para um 
bom relacionamento com os companheiros, os adversário e a imprensa. Estas 
três inteligências agindo de forma integrada provavelmente possibilitariam 
uma maior chance de sucesso no esporte. Todavia não seria necessário, neste 
caso, um bom desempenho da inteligência lógico-matemática, por exemplo, 
com bem demonstrou Garrincha. 
Como era de se esperar, as inteligências possuem um desenvolvimentonatural. Este inicia no início da vida com a capacidade de padronizar. Isto 
equivaleria a diferenciar tons na inteligência musical ou apreciar arranjos 
tridimensionais na inteligência espacial. O passo seguinte é a manifestação 
das inteligências em sistemas simbólicos: a linguagem nas frases, a música 
nas canções, a corporal-cinestésica na dança e assim por diante. A medida em 
que o desenvolvimento avança e surge um ambiente formal de educação, as 
inteligências passam a ser representadas em sistemas notacionais. São 
exemplos a matemática, a notação musical, os mapas e plantas e assim por 
diante. Finalmente o desenvolvimento atinge seu auge na expressão 
inteligente nas atividades profissionais e de passatempo na adolescência e 
adultez. As inteligências pessoais parecem não seguir este curso, surgindo 
muito mais gradualmente. (GARDNER, 1995, p. 31-32) 
CRÍTICA À TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS 
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E NEUROPSICOLOGIA 
Uma das fontes para a escolha das inteligências propostas acima foi o estudo 
de como tais capacidades falham sob condições de lesão cerebral. Isto 
pressupõe que cada inteligência possui uma localização cerebral, mais 
especificamente cortical. Assim sendo, uma lesão que incapacitaria 
determinada inteligência, deixaria as demais intactas. A tabela abaixo 
apresenta um resumo da representação cortical de todas as inteligências 
consoante vimos ao analisar cada inteligência em particular. 
Tabela 1 - Localização cortical das inteligências múltiplas propostas por 
Gardner. 
Inteligência Área cortical responsável 
Lógico-
matemática 
região têmporo-paríeto-ocipital 
Lingüística área de Wernicke, área de Broca, 
região têmporo-paríeto-ocipital (hemisfério 
esquerdo) 
Musical Lobo temporal (hemisfério direito) 
Corporal-
cinestésica 
Giro pós-central, córtex pré-motor 
Espacial região têmporo-paríeto-ocipital 
Interpessoal lobos frontais 
Intrapessoal lobos frontais 
Podemos perceber através da tabela que diversas inteligências são regidas pela 
mesma área do córtex cerebral. A região têmporo-paríeto-ocipital é 
responsável ao mesmo tempo pelas inteligências lógico-matemática, 
lingüística e espacial. As inteligências pessoais também são comandadas por 
uma única área: os lobos frontais. 
Isto invalida a independência das inteligências que Gardner propõe. 
Imaginemos uma lesão na região têmporo-paríeto-ocipital. Ela acabaria por 
afetar três inteligências ao mesmo tempo e não apenas uma. 
Além disso, neste caso, os desenvolvimentos das inteligências lógico-
matemática, lingüística e espacial não aconteceriam separadamente, mas 
seriam dependentes entre si. LURIA (1981, p. 24-25) desenvolve uma 
explicação destas áreas como sendo integradoras e essencialmente espaciais. 
Assim, tanto a matemática quanto a gramática seriam trabalhadas pelo cérebro 
de uma forma espacial. Uma deficiência espacial tornaria incapazes tarefas de 
relacionar "espacialmente" os números entre si e construir uma frase 
trabalhando as relações "espaciais" entre as palavras. 
Não se trata das inteligências lógico-matemática e lingüística serem 
englobadas pela inteligência espacial, mas da aceitação de uma dependência e 
de uma relação íntima entre determinadas inteligências. 
O mesmo ocorre com as inteligências pessoais. É possível perceber que em 
várias características tais capacidades equivalem-se. Afinal, uma mesma área 
cerebral é responsável pelas duas. Todo psicoterapeuta conhece e chega 
mesmo a ser lugar-comum o fato de que só podemos conhecer bem o outro se 
conhecermos bem a nós mesmos primeiro. Sendo assim uma inteligência 
interpessoal desenvolvida necessita de uma inteligência intrapessoal também 
bem trabalhada, o que sugere não existir uma independência entre as 
inteligências. 
 
 
AS NOVAS INTELIGÊNCIAS 
"Uma lista de 700 inteligências seria proibitiva para o teórico e inútil para o 
praticante. Consequentemente, a teoria das IM tenta articular apenas um 
número manejável de inteligências que parecem constituir tipos naturais". 
(GARDNER, 1995, p.45) Esta foi a resposta dada pelo autor da teoria das 
inteligências múltiplas quando perguntado o que impediria a construção de 
novas inteligências: elas poderiam deixar de ser 7 e tornarem-se 700! 
Porém surge a impressão de que o próprio autor está caminhando contra o que 
afirmou ao apresentar as "novas" inteligências naturalística, pictórica e 
existencial. Tendo em vista as inúmeras capacidade humanas, por que a 
escolha arbitrária de algumas delas em detrimento de outras? Se o objetivo era 
tornar as inteligências manejáveis estando elas em número limitado de modo 
que o uso prático da teoria possuísse maior eficácia, a adoção de novas 
inteligências somente dificultaria este processo. 
Se Gardner apresenta novas inteligências, nada impede que outras 
inteligências sejam descobertas - ou criadas - por outros autores. Isto é 
preocupante pois não parece ser tarefa muito árdua a criação de uma nova 
inteligência. Para demonstrar esta afirmação, apresento neste trabalho um 
esboço de uma nova inteligência: a inteligência palato-olfativa. 
Podemos considerar tal inteligência como a capacidade de sentir o gosto e o 
cheiro das substâncias e identificá-las com precisão. Em nossa sociedade esta 
inteligência seria valorizada nos cozinheiros, enólogos e provadores nas 
empresas como cervejarias e torrefação e moagem de café. A fim de 
evidenciar a veracidade desta inteligência, seguirei os critérios para a escolha 
de um inteligência conforme foram descritos anteriormente. 
Um dos critérios é a existência de estudos sobre populações excepcionais, 
incluindo prodígios. Nada melhor para a provar a existência de tais estudos do 
que o relato realizado por Oliver Sacks a respeito de um estudante de 
medicina que, por usar determinadas drogas (cocaína, cloridrato de 
fenociclidina [PCP] e anfetaminas), passou algumas semanas de sua vida com 
o olfato e o paladar extremamente aguçados. "Ele descobriu que podia 
distinguir todos os seus amigos - e pacientes - pelo cheiro. (...) Ele era capaz 
de cheirar as emoções - medo, alegria, sexualidade - como um cachorro. Podia 
reconhecer cada rua, cada loja pelo cheiro - era capaz de se deslocar por Nova 
York , infalivelmente, guiado pelo cheiro." (SACKS, 1997, p.176) 
Outro critério é a informação sobre o colapso da inteligência em condição de 
lesão cerebral. A área responsável pelo olfato possui uma pequena 
representação cortical na parte anterior do uncus e do giro parahipocampal. 
Nos casos de epilepsia focal nesta área, o epilético queixa-se de cheiros, 
normalmente desagradáveis, que não existem. (MACHADO, 1981, p. 220) 
Uma lesão nesta área leva a uma anosmia, ou sejam incapacidade de sentir 
odores. 
Para aceitar tal inteligência é preciso considerar também os dados sobre sua 
evolução. Sobre tal assunto, "Freud escreveu em várias ocasiões que o sentido 
do olfato no homem era uma ‘ perda', reprimido no crescimento e na 
civilização quando o homem assumiu a postura ereta e reprimiu a sexualidade 
primitiva, pré-genital." (SACKS, 1997, p. 177) Nas obras de Freud tal idéia é 
encontrada principalmente nas cartas número 55 e 75. A adoção da postura 
ereta deixava o nariz mais longe do chão e fornecia um maior campo para a 
visão e para a audição. De fato, a representação do olfato e da gustação 
passaram a ocupar um lugar pronunciadamente menor no córtex por serem 
eclipsados pela representação central dos sistemas exteroceptivos superiores, 
principalmente a visão e a audição. (LURIA, 1981, p. 49) 
Ainda devemos considerar o aspecto cultural da inteligência palato-olfativa, 
que para ser considerada como tal, precisa ser universal. Deste modo temos a 
culinária, presente em todas as culturas e em todas às épocas. Cada povo 
possui uma culinária própria onde cheiros e sabores são apreciados ou 
depreciados e a capacidade da preparação de alimentos crus,fritos ou cozidos 
é valorizada. 
Da mesma maneira todos os outros critérios para a aceitação de uma 
inteligência - como o conhecimento do desenvolvimento desta inteligência, os 
estudos psicométricos e os estudos de treinamentos psicológicos - também 
podem ser encontrados e explicitados da forma como realizada acima. 
E, trabalhando de igual modo, poderiam ser criadas tantas inteligências quanto 
o número de capacidades humanas existentes. 
Conclusão 
A teoria das Inteligências Múltiplas tem enorme importância ao conseguir 
derrubar a idéia de uma inteligência única, fechada. A muito a ciência estava 
impregnada com tal idéia e já era tempo de fazermos uso de uma noção de 
inteligência mais dinâmica. 
Embora ninguém possa discordar das afirmações acima, também esta teoria 
tens seus erros. Talvez o grande erro seja, tendo em vista as inúmeras 
capacidades humanas valorizadas em nossa sociedade, escolher algumas 
ignorando, com efeito, as outras não mencionadas. Por outro lado considerar 
todas as inteligências seria impossível e inadequado. 
Por isso Gardner escolheu um número limitado de determinadas inteligências 
e acreditou em uma independência entre elas. Tal comportamento foi exemplo 
típico do pensamento pragmatista americano. Deste modo as inteligências 
escolhidas poderiam ser trabalhadas de modo mais eficaz. 
Porém poderíamos considerar também as inúmeras capacidades existentes em 
cada ser humano e, sem pretensão de desejar um desenvolvimento total, 
procurar desenvolver a inteligência em que cada pessoa em particular é mais 
apta, que não necessariamente precisa estar incluída nas dez inteligências 
descritas na teoria das IM. Desta forma, o educador - ou qualquer outro 
profissional que trabalharia com a inteligência- precisaria conhecer melhor 
cada indivíduo para perceber nele a capacidade que se sobressai. Os resultados 
provavelmente seriam melhores pois, conforme vimos, a independência pura 
entre as inteligências não existe e desenvolvendo melhor uma capacidade, 
outras também seriam afetadas. 
Mas este seria um passo mais adiantado. Levando-se em conta a atual situação 
dos profissionais que, de qualquer forma, trabalham com o aprendizado, a 
simples adoção da teoria das IM já é mais do que satisfatório.

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