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1 Mdd 2 –Adaptação Celular e Base molecular do Câncer Eduarda Gonzalez Adaptação celular é uma resposta da célula a partir de um estimulo e essa resposta vai variar quanto a natureza, a intensidade e a duração desse estimulo. A resposta que o nosso corpo irá desenvolver a partir da agressão terá como objetivo a remoção do estimulo. A partir desse objetivo, nossos sistemas irão desenvolver respostas específicas, então se há uma estimulação de patógeno o organismo irá elimina-lo, já no caso de uma estimulação hormonal vai ocorrer a produção de outro hormônio que possa desenvolver um feedback negativo para esse sistema cessar. A célula vai sofrer um estimulo ➸ vai desenvolver um estresse (pode ser fisiológico ou patológico). ➸ Sofrera uma adaptação a partir do desenvolvimento de uma resposta, gerando uma hipertrofia, atrofia, hiperplasia ou metaplasia. Quando a célula não consegue se adaptar ou responder o estimulo de forma correta ocorre a lesão celular. Lesão celular reversível: Nos estágios iniciais ou nas formas leves de lesão, as alterações morfológicas e funcionais são reversíveis se o estímulo nocivo for removido. Nesse estágio, embora existam anomalias estruturais e funcionais significativas, a lesão ainda não progrediu para um dano severo à membrana e dissolução nuclear. Morte celular: Com a persistência do dano, a lesão torna-se irreversível e, com o tempo, a célula não pode se recuperar e morre. Existem dois tipos de morte celular — necrose e apoptose APOPTOSE X NECROSE A apoptose é uma morte celular programada, seletiva e fisiológica, onde o nosso sistema irá eliminar a célula sem liberar seus componentes para o meio extracelular e sem causar danos a nós. Necrose é uma morte celular acidental, onde pode acometer um grupo de células e desenvolver lesão celular, além disso é um processo que pode acarretar em uma inflamação, pois os seus componentes intracelulares podem extravasar e gerar processos inflamatórios. Adaptação Celular 2 Mdd 2 –Adaptação Celular e Base molecular do Câncer Eduarda Gonzalez HIPERTROFIA • É um aumento do tamanho das células que resultam em um aumento do tamanho do órgão, ou seja, não há células novas e sim células maiores contendo uma maior quantidade proteínas estruturais e organelas. • Pode ser fisiológica ou patológica e é causada pelo aumento da demanda funcional (carga de trabalho), sendo induzida por fatores de crescimento produzidos em resposta ao estresse. • Ocorre a partir da procura de um equilíbrio entre a demanda e a capacidade funcional da célula e a hipertrofia se desenvolve em tecidos incapazes de realizar divisão celular (tecidos permanentes). • Fisiológica: Como o útero durante a gravidez. • Patológica: Aumento do coração a partir de uma hipertensão. HIPERPLASIA • É o aumento do número de células a partir da proliferação de células diferenciadas, ou seja, vai acontecer se o tecido tiver capacidade de se dividir ou se tiver muitas células tronco (tecidos lábeis e tecidos quiescentes). • Pode ocorrer simultaneamente a uma hipertrofia e sempre a partir de um mesmo estimulo, como ocorre na hiperplasia prostática benigna. • Pode ser fisiológica ou patológica e em ambas as situações, vai acontecer a partir da estimulação de fatores de crescimento ou em resposta a hormônios. • Hiperplasia fisiológica: Desenvolvimento das mamas na puberdade e gravidez. • Hiperplasia Compensatória: Ocorre em tecidos que foram removidos ou lesados, onde a retirada parcial de um fígado por exemplo, pode fazer com que as células do órgão comecem a aumentar a atividade mitótica e então restaure o tamanho normal (não consegue deixar do mesmo tamanho anterior a cirurgia). • Hiperplasia Patológica: Pode ser causada por uma estimulação hormonal excessiva ou fatores de crescimento a partir de uma infecção viral como papilomaviroses, que vão causar verrugas na pele. 3 Mdd 2 –Adaptação Celular e Base molecular do Câncer Eduarda Gonzalez Pólipos possuem uma susceptibilidade para desenvolver câncer e a pessoa pode ter um ou vários, quando há apenas um devemos retira-lo e encaminha-los para anomalia patológica ou no caso de muitos pólipos, deve-se procurar os que possuírem deformações, muita irrigação, necrose e outras características. ATROFIA • É quando ocorre uma diminuição do tamanho da célula, pela perda de substância celular. • Quando um número de células significativo está envolvido nesse processo, todo o tecido ou órgão diminui de tamanho, tornando-se atrófico. • Pode ocorrer de forma fisiológica ou patológica, podendo ser devido a diminuição da carga de trabalho, diminuição do suprimento sanguíneo, nutrição inadequada, perda de estimulação endócrina (menopausa), envelhecimento e demais situações. • Patológica seria uma questão de desnervação (perda de axônio motor ou de todo motoneurônio), pode ser também um Alzheimer. • Pode ser acompanhada por uma autofagia, porque a célula privada de nutrientes digere seus próprios componentes para sobreviver. METAPLASIA • É uma alteração reversível em que ocorre a substituição de um tipo celular para outro. • Nesse tipo de adaptação celular, uma célula sensível a determinado estresse é substituída por outro tipo celular mais capaz de suportar o ambiente hostil. • Acredita-se que a metaplasia surja por uma reprogramação de células-tronco que se diferenciam ao longo de outra via, em vez de uma alteração fenotípica de células já diferenciadas. • Exemplo: Epitélio respiratório de um fumante que vai ser substituído para ter uma capacidade maior de aguentar a agressão. 4 Mdd 2 –Adaptação Celular e Base molecular do Câncer Eduarda Gonzalez Dependendo dos estímulos do meio Extracelular, a célula ativa mecanismos moleculares que acabam alterando os genes que comandam a diferenciação celular. Qual o efeito da adaptação celular? Pode ocorrer o restabelecer da homeostase ou o estimulo piora e ocorre a lesão celular. Os tecidos tem a mesma capacidade de adaptação celular? Não, temos capacidades diferentes de adaptação a partir das características do tecido. • Tecidos lábeis • Tecidos Estáveis • Tecidos permanentes Tecidos lábeis: É um tecido que dura pouco tempo e por isso possui uma grande capacidade de renovação, como a nossa pele. São tecidos que estão sendo expostos a estímulos lesivos constantes (físicos, químicos, infecciosos). Exemplos: Pele, mucosas, TGI, Boca e útero. São tecidos suscetíveis a neoplasias por poder ter erro nas replicações celulares. Tecidos Quiescentes: São tecidos que permanecem em repouso ou em baixo nível de replicação, mas se ocorrer um dano, podem rapidamente responder a essas lesões a partir de um processo de regeneração. Exemplos: Fígado, Rins, Musculo Liso e Pâncreas. Tecidos Permanentes: São tecidos que não realizam divisões após o período de desenvolvimento embrionário. Se ocorrer uma morte celular, vai ocorrer uma substituição por tecido conjuntivo, ou seja, não irá regenerar. Exemplos: Células nervosas, músculo esquelético e cardíaco. Displasia: É uma desorganização da distribuição do tecido, sendo uma condição adquirida caracterizada por alterações do crescimento e diferenciação celular. Será mais frequente em epitélios metaplasicos e se caracteriza por uma lesão pré-maligna, por possuir uma série de mudanças genéticas. A displasia e o câncer são situações próximas. 5 Mdd 2 –Adaptação Celular e Base molecular do Câncer Eduarda Gonzalez CASO CLINICO Queixa principal: Mal estar epigástrico (Epigastralgia). Hipóteses Diagnósticas: Síndrome dispéptica; DRGE; Gastrite; Úlceras; Epigastralgia -- Doença neoplásica? Solicitou endoscopia por suspeita dedoença neoplásica, devido aos fatores de risco do paciente (tabagismo, etilismo, stress, idade, trabalhador industrial). Qual os exames laboratoriais ou de imagens seriam necessários para exclusão ou confirmação de suspeita diagnostica? Endoscopia digestiva alta com biópsia (por ter fatores de riscos); Exames laboratoriais como hemograma (avaliar se possui sinais de doenças crônicas, anemia ferropriva ou anemia por perda de sangue). 6 Mdd 2 –Adaptação Celular e Base molecular do Câncer Eduarda Gonzalez Descreva a principal hipótese diagnostica após a realização da endoscopia: Na endoscopia é notado o epitélio do esôfago e do estomago. Além de regiões hiperplásicas, com essas projeções há um tecido mais vermelho do que deveria estar presenta no esôfago. Na histologia é perceptível alterações celulares, como mitose apical, outras entrando em apoptose. A displasia pode acometer partes do epitélio, em regiões especificas. É uma glândula metaplásica porque ela não está no local correto, mas é saudável e funcional É uma glândula com displasias (mutações celulares). É um tecido metaplásico porque é cheio de criptas do epitélio intestinal - metaplasia intestinal O epitélio do esôfago está com uma alteração e há uma região hiperplásica com projeções. 7 Mdd 2 –Adaptação Celular e Base molecular do Câncer Eduarda Gonzalez Após tratamento (inibidos com bomba de próton a cada 12 horas com um prazol) é solicitado novamente uma endoscopia e é visto que não há lesões polipoides na membrana e sem metaplasias, apenas a mucosa normal. 8 Mdd 2 –Adaptação Celular e Base molecular do Câncer Eduarda Gonzalez BASES MOLECULARES DO CÃNCER O nosso corpo sofre diversas mutações e a partir desse mecanismo, podem ocorrer erros genéticos e consequentemente danos ao DNA. Esses erros nas bases genéticas que podem ser hereditários e esses erros podem desenvolver neoplasias, mas para que aconteça deve ser recebido um estimulo. Além disso mesmo que a pessoa não tenha herança genética, pode receber essas mutações ao longo da vida. Esse componente hereditário pode contribuir de forma direta ou indireta. Exemplo: O BCRA-1: É um gene que regula reparo de DNA em células glandulares e sua mutação favorece o acumulo de mutações e podem gerar tumores agressivos de mama. Dessa forma, para ocorrer o acumulo de mutações, deve acontecer danos ao material genético e a ineficiência do sistema. E essa alteração podem causar alterações funcionais ou podem não ter impacto na viabilidade da célula. Em casos em que ocorram esses acúmulos funcionais a essa célula, pode decorrer no surgimento de células com capacidade de multiplicação ou células resistentes a morte e essas células vão sobreviver melhor e se expandir. Para essa célula se tornar um tumor, deve conseguir escapar do sistema imune, desenvolver novos vãos sanguíneos para suprir essa célula e ela vai continuar sofrendo mutações. O tumor vai se progredindo de acumulando mutações e pode se tornar uma neoplasia maligna. A partir de uma célula tumoral não é possível detectar essa anomalia, mas após muitas mutações e a formação de um conjunto dessas células pode ser possível ser identificados, ou seja, os diagnósticos em órgãos internos normalmente são feitos de maneira tardia. Em geral os canceres detectados inicialmente são os expostos, tipo os que estão na pele. A evolução da neoplasia se da a partir de célula, mas as células vão se multiplicando e mudando, então uma massa tumoral é heterogênea em relação a sua função e morfologia. Na imagem abaixo é exemplificado essa progressão das células, onde os transparentes mudaram tanto que não foram 9 Mdd 2 –Adaptação Celular e Base molecular do Câncer Eduarda Gonzalez compatíveis a vida e as demais células vão sofrendo algumas alterações. Dentre essas alterações, tem como exemplo uma célula vermelha que será metastática e a rosa requer poucos fatores de crescimento para se desenvolver, ou seja, precisa de pouco “alimento” para manter-se viva e assim se seguem as mutações de um mesmo tumor, com a mesma célula de origem. As variantes clonais disputam o mesmo espaço e as células mais resistentes vão sobreviver devido ao fato do tumor possuir características dinâmicas após essas mutações. O que precisa ficar claro é que esse tumor é extremamente maligno por ter conseguido desenvolver essas mudanças genicas que fizeram dele mais forte e com mais chance de sobrevida, mas inicialmente ele foi um tumor pouco resistente. Os tumores podem ser previsíveis ate certo ponto, o que eu quero dizer com isso é que um tumor de pâncreas por exemplo, tem características especificas de ser mais grave, de ter um maior índice de morte, mas esses dados são os coletados a partir de muitos anos de estudo, mas pode acontecer desse tumor sofrer alterações e sair desse parâmetro conhecido, seja ser mais brando ou ser muito mais grave do que se espera. Podendo ser uma variante típica ou atípica dos tumores já existentes. Displasia: quando ocorre algumas mutações, mas que não desenvolveram uma célula imortal com poder auto-replicativo. 10 Mdd 2 –Adaptação Celular e Base molecular do Câncer Eduarda Gonzalez
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