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AD2-2 Contabilidade Pública

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Aluna: Juliana Cristina Ribeiro Matrícula: 17113110247 
AD2 – 2/2 – 2018/2 
Contabilidade Pública 
 
Nesta pesquisa serão discutidos os Balanços Públicos Patrimonial e Orçamentário, 
sendo observados suas interpretações e análises. Estes relatórios são indicadores contábeis 
aplicáveis na Administração Pública brasileira 
Segundo o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), a 
Contabilidade Aplicada ao setor público (CASP) foi estruturada, no Brasil, com foco no 
registro dos atos e fatos relativos ao controle da execução orçamentária e financeira. Outro 
fator que impactou a CASP foi a exigência de consolidação nacional das contas públicas 
trazida pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Essa competência é exercida pela 
Secretaria do Tesouro Nacional (STN), materializada por meio da publicação do Balanço do 
Setor Público Nacional (BSPN). 
A estrutura do BSPN é composta por três grandes partes: 1) parte geral; 2) 
informações patrimoniais; e 3) informações orçamentárias. A parte geral contempla os 
aspectos normativos e legais relacionados à publicação, seus objetivos, abrangência e 
competência para elaboração. As informações patrimoniais, compostas por demonstrativos 
contábeis elaborados em conformidade com o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor 
Público (MCASP), reflete os efeitos econômicos da gestão no patrimônio público, além de 
evidenciar, qualitativa e quantitativamente, a situação patrimonial da entidade. Por sua vez, as 
informações orçamentárias guardam relação com a previsão e execução do orçamento 
público, bem como a categorização das despesas conforme sua função. 
O Balanço do Setor Público Nacional (BSPN) corresponde a uma publicação anual 
que apresenta as contas consolidadas da Federação Brasileira. Congrega as contas de todos os 
poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, incluindo também o Ministério Público e a 
Defensoria Pública, e contempla as esferas Federal, Estadual, Distrital e Municipal. 
No setor público, os planejamentos são elaborados a partir dos balanços que atendem 
aos critérios estabelecidos pela contabilidade pública. 
Segundo Haddad e Mota (2009, p.109), a Lei n. 4.320/64 define, no artigo 101, que os 
resultados gerais do exercício serão apurados e demonstrados no Balanço Orçamentário, no 
Balanço Financeiro e na demonstração das variações patrimoniais. A situação patrimonial 
deverá ser demonstrada no Balanço Patrimonial. 
O balanço patrimonial é a única das demonstrações obrigatórias que se apresenta como 
estático, ou seja, representa a situação econômico-financeira do órgão em determinado 
momento, enquanto que os demais demonstram em resumo os fatos ligados à execução 
orçamentária, financeira e patrimonial durante o exercício. 
Apesar disso, todas as demonstrações são apresentadas em duas grandes colunas cujos 
totais são equivalentes, proporcionando o necessário equilíbrio, o que justifica o título de 
“balanço” dado pela lei. A primeira coluna representa os valores positivos e a segunda os 
valores negativos em cada balanço. Apenas uma demonstração não tem a denominação de 
balanço: a demonstração das variações patrimoniais. Entretanto, ressaltamos que também 
deveria ter, uma vez que os totais de suas colunas se igualam com o cálculo do resultado do 
exercício (patrimonial), dando a ideia de balanço. 
 
Quadro: Resultados das Demonstrações Contábeis 
Fonte: Mota (2009, p.504) 
 
 
É possível estabelecermos uma estrutura padrão a ser adotada para a apresentação das 
quatro demonstrações contábeis. Há outras demonstrações a serem elaboradas ao final de cada 
ano, ou seja, de cada exercício financeiro, que não são menos importantes em relação às 
citadas anteriormente, posto que há informações de grande relevância que somente podem ser 
encontradas detalhadamente nessas demonstrações, quais sejam: demonstração da dotação 
orçamentária, demonstração da movimentação orçamentária e demonstração da execução 
orçamentária. 
O Balanço Patrimonial (BP) é a demonstração contábil que evidencia, qualitativa e 
quantitativamente, a situação patrimonial da entidade pública por meio de contas 
representativas do patrimônio público, em determinada data. 
O Balanço Patrimonial é dividido em Ativos e Passivos, circulante e não circulante, 
incluindo o Patrimônio Líquido. São classificados como circulante os ativos: com expectativa 
de realização até doze meses após a data das demonstrações contábeis ou no decurso normal 
do ciclo operacional da entidade; os que sejam caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua 
troca ou uso esteja vedada legalmente durante pelo menos 12 meses após a data das 
demonstrações contábeis; e os que são mantidos essencialmente com o propósito de serem 
negociados. Os demais ativos que não se enquadram nessas situações são considerados ativos 
não circulantes. 
O passivo circulante compreende as obrigações conhecidas e estimadas que atendam a 
qualquer um dos seguintes critérios: tenham prazos estabelecidos ou esperados dentro do ciclo 
operacional da entidade; sejam mantidos primariamente para negociação; tenham prazos 
estabelecidos ou esperados até doze meses após a data das demonstrações contábeis. Os 
demais passivos são classificados como não circulante. 
O Patrimônio Líquido, também chamado de Saldo Patrimonial ou Situação Líquida 
Patrimonial, é o valor residual dos ativos dos entes públicos depois de deduzidos todos seus 
passivos. Os valores encontram-se discriminados no quadro principal do Balanço Patrimonial. 
Os valores a receber e a pagar são apresentados pelos seus valores nominais e, se em 
moeda estrangeira, pela taxa de câmbio na data do balanço. 
As participações em empresas, nas quais haja influência significativa sobre a 
administração, e consórcios públicos são mensuradas ou avaliadas por equivalência 
patrimonial ou métodos assemelhados, conforme disposto no MCASP. As demais 
participações são mensuradas ou avaliadas de acordo com o custo de aquisição. Os ajustes 
apurados são contabilizados em contas de resultado. 
Já as Variações Patrimoniais Aumentativas (VPA) e Variações Patrimoniais 
Diminutivas (VPD) aumentam e diminuem o resultado patrimonial, respectivamente. Ambas 
são apresentadas na Demonstração das Variações Patrimoniais. 
A avaliação dos elementos do ativo e passivo pode ser realizada mediante a utilização 
da análise por quocientes, dentre os quais se destacam os índices de liquidez e endividamento. 
É importante destacar que, na análise do endividamento, é necessário segregar as 
operações de crédito que podem ser refinanciadas daquelas que não podem ser refinanciadas. 
As operações de crédito que não podem ser refinanciadas estão integralmente sujeitas à 
análise dos índices que incluem o passivo circulante e não circulante. Já as operações de 
crédito refinanciáveis podem ser utilizadas como justificativa para um eventual índice de 
liquidez desfavorável. Seguem alguns índices: 
1) Liquidez Imediata (LI) – Disponibilidades /Passivo Circulante – Indica a capacidade 
financeira da entidade em honrar imediatamente seus compromissos de curto prazo contando 
apenas com suas disponibilidades, ou seja, os recursos disponíveis em caixa ou bancos. 
2) Liquidez Corrente (LC) - Ativo Circulante/Passivo Circulante – A liquidez corrente 
demonstra quanto a entidade poderá dispor em recursos a curto prazo (caixa, bancos, clientes, 
estoques, etc.) para pagar suas dívidas circulantes (fornecedores, empréstimos e 
financiamentos a curto prazo, contas a pagar, etc.). 
3) Liquidez Seca (LS) - (Disponibilidades + Créditos a Curto Prazo) /Passivo Circulante – 
Demonstra quanto a entidade poderá dispor de recursos circulantes, sem levar em 
consideração seus itens não monetários como os estoques, almoxarifados e as despesas 
antecipadas, para fazer face às suas obrigações de curto prazo. 
4) Liquidez Geral (LG) – (Ativo Circulante + Ativo Realizável a Longo Prazo) / (Passivo 
Circulante+ Passivo Não-Circulante) – A liquidez geral, ou índice de solvência geral, é uma 
medida de capacidade da entidade em honrar todas as suas exigibilidades, contando, para isso, 
com os seus recursos realizáveis a curto e longo prazos. 
5) Índice de Solvência (IS) – (Ativo Circulante + Ativo Não-Circulante) / (Passivo Circulante 
+ Passivo Não-Circulante) – Uma entidade é solvente quando está em condições de fazer 
frente a suas obrigações e ainda apresenta uma situação patrimonial que garanta sua 
sobrevivência no futuro. 
6) Endividamento Geral (EG) – (Passivo Circulante + Passivo Não-Circulante) / Ativo Total – 
Esse índice demonstra o grau de endividamento da entidade. Reflete também a sua estrutura 
de capital. 
7) Composição do Endividamento (CE) – Passivo Circulante / (Passivo Circulante + Passivo 
Não-Circulante) – Representa a parcela de curto prazo sobre a composição do endividamento 
total. Geralmente é melhor para a entidade que suas dívidas sejam de longo prazo. 
Já a estrutura do Balanço Orçamentário do MCASP destaca, tanto no lado das receitas 
quanto das despesas, os valores referentes ao refinanciamento da dívida pública dada a sua 
relevância para o setor público em geral. Contudo, ao contrário da estrutura apresentada no 
Balanço Orçamentário do MCASP, os valores referentes ao refinanciamento da dívida 
mobiliária e de outras dívidas constam nas receitas de operações de crédito internas e 
externas. Nesse mesmo nível de agregação, constam as despesas com amortização da dívida 
de refinanciamento. 
O nível de detalhamento apresentado nos quadros orçamentários, as receitas 
encontram-se informadas pelo valor líquido das respectivas deduções, tais como restituições, 
descontos, retificações, deduções para o FUNDEB e repartições de receita entre os entes da 
Federação, quando registradas como dedução. 
O Balanço Orçamentário, também definido pela Lei nº 4.320/1964, demonstra as 
receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas. 
Em sua estrutura, deve evidenciar as receitas e as despesas orçamentárias por categoria 
econômica, confrontar o orçamento inicial e as suas alterações com a execução, demonstrar o 
resultado orçamentário e discriminar: (a) as receitas por fonte (espécie); e (b) as despesas por 
grupo de natureza. 
O Balanço Orçamentário apresentará as receitas detalhadas por categoria econômica, 
origem e espécie, especificando a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a 
receita realizada e o saldo a realizar. Demonstrará também as despesas por categoria 
econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando a dotação inicial, a dotação 
atualizada para o exercício, as despesas empenhadas, as despesas liquidadas, as despesas 
pagas e o saldo da dotação. 
A análise e a verificação do Balanço Orçamentário têm como objetivo preparar os 
indicadores que servirão de suporte para a avaliação da gestão orçamentária. 
Uma das análises consiste em relacionar a coluna de “Previsão Inicial” com a coluna 
de “Dotação Inicial”; e as colunas da “Previsão Atualizada” e “Receita Realizada”, com as 
colunas da “Dotação Atualizada” e “Despesa Empenhada”. 
Outra análise que pode ser feita no Balanço Orçamentário consiste na comparação 
entre a coluna “Despesas Empenhadas” e as colunas “Despesas Liquidadas” e “Despesas 
Pagas”. 
O superávit orçamentário é representado pela diferença a maior entre a execução da 
receita e da despesa orçamentárias e deverá ser adicionado à coluna de Despesas Empenhadas 
para igualar a execução da despesa orçamentária com a execução da receita orçamentária. Já o 
déficit orçamentário é representado pela diferença a menor entre a execução da receita e da 
despesa orçamentárias e deverá ser adicionado à coluna das receitas realizadas para igualar a 
execução da receita orçamentária com execução da despesa orçamentária. 
Na análise do resultado orçamentário, é importante excluir os efeitos da gestão da 
dívida. 
Assim, as operações de crédito devem ser excluídas da execução da receita e a 
amortização da dívida deve ser excluída da execução da despesa para que se possam analisar 
os efeitos da execução orçamentária sobre os níveis de dívida pública líquida. 
Na receita orçamentária, pode-se verificar ainda uma diferença a maior ou a menor 
entre a coluna Previsão Atualizada e a coluna Receita Realizada, correspondente à 
insuficiência ou excesso de arrecadação ocorrido no exercício. Caso o valor da coluna 
“Saldo” seja positivo, o valor da receita realizada foi maior que a previsão atualizada, ou seja, 
a coluna “Saldo” representará excesso de arrecadação. Se a coluna traz valores negativos, 
houve insuficiência na arrecadação, pois foi arrecadado menos do que a previsão atualizada. 
Na despesa orçamentária, a diferença a maior entre a coluna Dotação Atualizada e 
Despesa Empenhada corresponde a uma economia na realização de despesa, pois parte da 
dotação inicial autorizada no orçamento, eventualmente atualizada por créditos adicionais, 
não foi utilizada para a execução de despesas. 
A receita, por ser prevista, pode ser arrecadada a maior ou a menor. Entretanto, a 
despesa, por ser fixada, só pode ser realizada até o valor autorizado, significando que somente 
pode ser emitido empenho até o valor do crédito orçamentário disponível, observando-se, 
ainda, a especificidade do orçamento. 
A comparação entre as colunas “Despesas Liquidadas” e “Despesas Pagas” e a 
comparação entre as colunas “Despesas Empenhadas” e “Despesas Liquidadas” fornecem as 
seguintes informações: 
a) Despesas Liquidadas – Despesas Pagas = Restos a Pagar Processados inscritos no 
exercício; 
b) Despesas Empenhadas – Despesas Liquidadas = Restos a Pagar não Processados 
inscritos no exercício. 
Outra análise importante consiste na verificação do montante de operações de crédito 
em comparação à amortização da dívida, o que indica a influência do orçamento na gestão da 
dívida pública. Além disso, é importante a comparação entre a alienação de bens e 
amortização de empréstimos concedidos em comparação aos investimentos e inversões 
financeiras, indicando a influência do orçamento no volume efetivo de investimentos 
públicos. 
Podemos concluir que a Contabilidade Pública oferece suporte à elaboração de 
planejamento no campo da educação, cultura, saúde, lazer, iluminação pública, infraestrutura 
e outros, constituindo-se em um dos principais recursos disponibilizados para atingir os 
objetivos sociais. 
Dessa forma, devemos conhecer três tipos de resultados: o patrimonial, apurado na 
demonstração das variações Patrimoniais; o orçamentário, apurado no Balanço Orçamentário; 
e o financeiro, apurado no Balanço Financeiro. No Balanço Orçamentário é a Demonstração 
sintética do confronto entre a Receita Prevista, a Despesa Fixada e o que foi realizado no 
exercício, tanto em receitas como em despesas. Esta está especificada de acordo com as 
espécies de créditos autorizados. Já no Balanço Patrimonial evidencia a situação líquida do 
Patrimônio da Entidade, comparando os bens e direitos com as obrigações, sejam estes 
dependentes ou não da execução orçamentária. Já o resultado orçamentário é apurado, no 
balanço orçamentário, comparando-se o total das receitas com o total das despesas, podendo 
ocorrer superávit quando a receita supera a despesa ou o déficit quando ocorrer o inverso. Já o 
resultado patrimonial poderá ser obtido, na demonstração das variações patrimoniais, por 
meio da comparação entre as variações ativas e passivas, devendo apresentar-se como 
superávit em caso de ser positivo ou como déficit, sendo negativo. 
Sendo assim, a contabilidade pública é o principal instrumento de controle e 
fiscalização a disposição do governo. Ela dedica-se ao estudo e registro dos fatos 
administrativos das pessoas de direito público e da representação gráfica de seus patrimônios, 
visando, para alcançar os seus objetivos, três sistemas distintos, o orçamentário,o financeiro e 
o patrimonial, ramificando-se conforme a sua área de abrangência em: federal, estadual, 
municipal e autarquias, nos quais atua como instrumento de acompanhamento e controle. 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA 
 
HADDAD, Rosaura Conceição; MOTA, Francisco Glauber L. Contabilidade Pública. 1v. 
Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC; Brasília: CAPES: UAB, 2010. 
 
SANTANA, Maira Apostila de Contabilidade Pública. Rio de Janeiro: Departamento de Ciências 
Contábeis/UFF; Volta Redonda, 2013. 
 
_______ TESOURO NACIONAL. Plano de Contas Aplicado ao Setor Público. 
Disponível em http://www.tesouro.fazenda.gov.br/mdf. Acesso em: 27/09/2018.

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