Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Estadual do Piauí – UESPI Campus Dep. Jesualdo Cavalcanti Disciplina: Direito Constitucional I Professor: Danilo Leoni Guedes Nogueira Aluna(o): Josenês Rocha Eremita DIREITOS DE NACIONALIDADE Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que estabelece uma ligação entre um determinado indivíduo e um determinado Estado. Tal situação faz com que este indivíduo passe a fazer parte do povo desse Estado e, como consequência, usufrua dos direitos e se submeta aos deveres provenientes dele, bem como lhe reconheça proteção além de suas fronteiras (é a razão de ser dos consulados, que cuidam de nacionais no estrangeiro). Os direitos de nacionalidade fazem parte dos direitos fundamentais e estão dispostos no Art. 12 e Art. 13 da Constituição Federal. Devido justamente ao seu sentido universal, a Declaração Universal dos Direitos dos Homens proclama em seu artigo XV que “todo homem tem direito a uma nacionalidade”, e complementa o princípio com o parágrafo seguinte: “Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”. A nacionalidade é dividida em duas espécies: a nacionalidade primária/originária e a nacionalidade secundária/derivada/adquirida. A nacionalidade primária é involuntária, sendo imposta de maneira unilateral pelo Estado ou pelo nascimento. A involuntariedade está ligada ao fato de cada Estado estabelecer normas diferentes para conceder a nacionalidade àqueles que nascem sob seu governo. Aquele que desde a sua origem possui nacionalidade brasileira é o brasileiro nato. Nesse sentido, existem dois critérios adotados para a definição de brasileiro nato: I. O ius solis Também chamado de critério da territorialidade, nesse caso é o local do nascimento do indivíduo que determina a sua nacionalidade sem levar em consideração sua descendência. Ponderando o fato do Brasil ser um país de grande imigração, adotou-se esse critério como regra geral para a aquisição da nacionalidade brasileira. Sendo assim, baseando-se nesse parâmetro, quem nasce em território brasileiro é considerado brasileiro nato, mesmo que aqui esteja de maneira transitória e ilegal, salvo os que tem ambos os pais estrangeiros e pelo menos um deles esteja a serviço do seu país. II. O ius sanguinis Nesse caso, a nacionalidade é determinada pelo laço de consanguinidade, ou seja, pela ascendência, não considerando para a aquisição o local do nascimento. Tal critério é muito utilizado em países de emigração, para que não se perca o vínculo com os descendentes. No Brasil, é a relativização do ius solis e abrange filhos de pai brasileiro ou mãe brasileira nascidos no estrangeiro, nas seguintes ocasiões: a) desde que qualquer um dos pais esteja a serviço da República Federativa do Brasil. Assim, a criança será considerada brasileira nata independente de qualquer providência. b) desde que seja registrado em repartição brasileira competente. c) desde que venha a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. Trata-se da chamada nacionalidade potestativa, uma vez que a aquisição depende da exclusiva vontade do filho. A nacionalidade secundária, ao contrário da primária, é voluntária, posto que é adquirida pela naturalização (ato de vontade da pessoa). Os requisitos para aquisição da nacionalidade variam de acordo com as regras de cada Estado e, por isso, é possível a existência de polipátridas (pessoas com mais de uma nacionalidade) e apátridas (pessoas sem nacionalidade). Portanto, não poderá existir naturalização tácita, existindo apenas a naturalização expressa, estabelecida na Constituição Federal (CF). I. NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA CONSTITUCIONAL EM RELAÇÃO AOS ORIGINÁRIOS DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA São brasileiros naturalizados os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidos dos originários de países de língua portuguesa apenas dois requisitos: residência por 1 ano ininterrupto e idoneidade moral. Aos portugueses, além dessa possibilidade de naturalização, foi expressamente estabelecida na Constituição a garantia da reciprocidade, caso não optem pelo processo de naturalização. II. NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA LEGAL Conforme visto, são brasileiros naturalizados os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira. A regulamentação desse dispositivo se deu nos termos do art. 65 da Lei de Migração, que prevê as seguintes condições: ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 anos; comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; não possuir condenação penal ou estar reabilitado, nos termos da lei. III. NATURALIZAÇÃO ESPECIAL A naturalização especial poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre em uma das seguintes situações: ser cônjuge ou companheiro, há mais de 5 anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou ser ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 anos ininterruptos. Enquadrando-se em uma das situações acima, o naturalizando deverá preencher os seguintes requisitos para que possa ser concedida a naturalização especial: ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e não possuir condenação penal ou estar reabilitado, nos termos da lei. IV. NATURALIZAÇÃO PROVISÓRIA A naturalização provisória poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente que tenha fixado residência em território nacional antes de completar 10 anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal, sendo convertida em definitiva se o naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 anos após atingir a maioridade. V. NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA OU QUINZENÁRIA A naturalização extraordinária ou quinzenária dar-se-á quando os estrangeiros, de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal, requisitarem a nacionalidade brasileira. • DISTINÇÕES ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS De forma geral, e de acordo com o princípio da igualdade, estabelece a Constituição que não deverá ser feita qualquer distinção entre brasileiros natos e naturalizados. Entretanto, a própria Carta Magna comporta algumas exceções. São hipóteses de exceção à regra geral: a) Extradição - o brasileiro nato nunca poderá sofrer extradição, ao contrário do brasileiro naturalizado, que pode ser extraditado em duas hipóteses: quando cometer crime comum antes da sua naturalização ou quando se envolver em tráfico de entorpecentes e drogas afins, independentemente do momento da prática do fato típico (antes ou depois da naturalização); b) Há certos cargos que somente poderão ser exercidos por brasileiros natos que são: Presidente e Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ministro de Estado de Defesa, carreira diplomática e oficial das Forças Armadas; c) Em caso de atividade nociva ao interesse nacional, somente os brasileiros naturalizados poderão perder sua nacionalidade. d) Somente os brasileiros natos poderão fazer parte do Conselho da República e) “A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos” • HIPÓTESES DE PERDA DA NACIONALIDADE Todas as hipóteses de perda da nacionalidade estão previstas na CF. Os requisitos para que seja declarada a perda da nacionalidade são: cancelamento da naturalização por sentença judicial e a aquisição de outra nacionalidade. O cancelamento da naturalização serádecretado em caso de atividade nociva ao interesse nacional após decisão transitada em julgado. Tal processo só atingirá o brasileiro naturalizado e deverá ser proposto pelo Ministério Público Federal (perda necessária da nacionalidade). Quando ocorre a aquisição voluntária de outra nacionalidade, o brasileiro, nato ou naturalizado, perderá sua nacionalidade por procedimento administrativo, assegurada a ampla defesa, através de decreto do Presidente da República - perda voluntária da nacionalidade. Porém, existem formas de se adquirir uma outra nacionalidade, sem a perda da brasileira, que são: o reconhecimento da nacionalidade originária por lei estrangeira, que ocorrerá quando houver o reconhecimento da nacionalidade adquirida com o nascimento e a imposição de naturalização pela norma estrangeira, a qual ocorrerá quando o brasileiro tiver que adquirir a nacionalidade de outro país para sua permanência ou para o exercício de seus direitos civis. • REAQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE BRASILEIRA Existem duas possibilidades de se readquirir a nacionalidade perdida pelas formas admitidas e mencionadas acima. Tais possibilidades são: a) No caso de cancelamento da naturalização: a nacionalidade só será readquirida através de ação rescisória que desconstituirá os efeitos da decisão judicial anterior, sendo impossível reavê-la através de um novo processo de naturalização. Caso a pessoa tente um novo processo sofrerá pena de contrariedade ao texto processual; b) Em caso de aquisição de outra nacionalidade: a nacionalidade poderá ser readquirida através de decreto presidencial caso o ex-brasileiro esteja domiciliado no Brasil. Entretanto, tal situação só poderá ocorrer se a reaquisição não contrariar os dispositivos constitucionais e se existir todos os elementos que concedam a nacionalidade ao interessado.
Compartilhar