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Direitos Políticos e Partidos Políticos

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Universidade Estadual do Piauí – UESPI 
Campus Dep. Jesualdo Cavalcanti 
Disciplina: Direito Constitucional I 
Professor: Danilo Leoni Guedes Nogueira 
Aluna(o): Josenês Rocha Eremita 
1. DIREITOS POLÍTICOS 
Os Direitos políticos são aqueles que permitem a participação do cidadão na vida 
política do Estado. O exercício de direitos políticos está relacionado ao conceito de cidadania, 
onde os nacionais exercem seus direitos, participando de forma ativa ou passiva nas discussões 
políticas tomadas pelo Estado. 
Esses direitos estão relacionados com a ideia de Soberania Popular (poder ao povo 
através do voto), que por sua vez decorre do regime político democrático. No Brasil é adotado 
o regime de Democracia semidireta (participativa), pois tanto o povo exerce o poder 
diretamente em alguns casos (ex: plebiscito, referendo, iniciativa popular) como indiretamente 
através de seus representantes eleitos. Os seguintes conceitos são derivados da ideia de 
Soberania popular: 
• Sufrágio: é o direito de votar e ser votado, podendo ser restritivo (quando existem 
limitações ao exercício do sufrágio por motivos diversos, tais como fortuna, grau de 
instrução, sexo ou raça) ou universal (não há limitações ao exercício do voto). 
• Voto: é o ato por meio do qual se exercita o sufrágio, ou seja, o direito de votar e ser 
votado. É o exercício concreto do direito de sufrágio. No Brasil ele é direto, secreto, 
universal, periódico e obrigatório. As quatro primeiras características constituem 
clausula pétrea. 
• Escrutínio: é o modo, a maneira, a forma pela qual se exercita o voto. Modo de 
exercício do sufrágio. Pode ser público ou secreto. 
Logo, a soberania popular será exercida pelo sufrágio e voto mediante a plebiscito, 
referendo e iniciativa popular. Definindo-os: 
• Plebiscito: convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo 
ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido. 
• Referendo: convocado com posterioridade a ato legislativo ou 
administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição. 
• Iniciativa Popular: poder que o povo possui de levar uma proposta de lei para o poder 
legislativo. As regras para a iniciativa popular são: 
Federal: apresentação à Câmara dos Deputados de pelo menos 1% do eleitorado 
nacional, contendo pelo menos 5 estados e ao menos 0,3% dos eleitores de cada um 
deles. 
Estadual: a lei estadual disporá sobre a iniciativa 
Municipal: mínimo 5% do eleitorado 
Os direitos políticos costumam ser classificados da seguinte forma: 
I. DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS: normas relacionados a possibilidade de 
participação dos cidadãos na política. Verifica-se, portanto, a forma ativa e a passiva 
dos direitos políticos positivos. 
a) Capacidade eleitoral ativa: 
A capacidade eleitoral ativa significa se tornar eleitor (alistabilidade) e votar. Podemos 
separar em três grupos de pessoas quanto a obrigatoriedade de alistabilidade e voto. 
➢ Obrigatório: Maiores de 18 anos 
➢ Facultativos: os analfabetos; os maiores de 70 anos; os maiores de 16 e menores de 18 
anos. 
➢ Vedados: os estrangeiros, exceto em algumas ocasiões, os portugueses equiparados; os 
conscritos durante o período do serviço militar obrigatório. 
b) Capacidade eleitoral passiva: 
A capacidade eleitoral passiva nada mais é que o direito a ser votado e se eleger a um 
cargo público (elegibilidade). Assim, os requisitos cumulativos para se tornar elegível são: 
a nacionalidade brasileira; o pleno exercício dos direitos políticos; o alistamento eleitoral*; 
o domicílio eleitoral na circunscrição; a filiação partidária e a idade mínima de: 
➢ 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; 
➢ 30 anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; 
➢ 21 para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e 
juiz de paz; 
➢ 18 anos para Vereador. 
*Assim, podemos dizer que a capacidade eleitoral passiva (ex: ser votado) pressuponha a ativa 
(ex: poder votar), mas o oposto não é verdade. 
II. DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS: normas que limitam a participação do 
indivíduo na política. São divididas em inelegibilidades e nas perdas e suspensão dos 
direitos políticos. 
a) Inelegibilidade: 
A inelegibilidade é a negativa do direito de elegibilidade. São inelegíveis de forma 
absoluta, ou seja, não podem ser eleitos para nenhum cargo político, os inalistáveis e 
os analfabetos. 
Para a reeleição, os chefes do executivo (legislativo podem se reeleger sem 
limitação) poderão repetir uma única vez o mandato, em outras palavras, só poderão cumprir 
dois mandatos consecutivos. Essa regra não impede que os chefes do executivo cumpram mais 
de dois mandatos, desde que não sejam consecutivos. 
Para a candidatura em outros cargos, o chefe do executivo deve se desvincular do cargo 
6 meses antes para concorrer em outros cargos (a regra não vale para reeleição). A doutrina 
denomina essa regra de desincompatibilização. 
A Constituição prevê em rol exemplificativo a inelegibilidade reflexa, essa regra não 
atinge o chefe do executivo, mas sim seus parentes ou cônjuge. 
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e 
os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da 
República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem 
os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato 
eletivo e candidato à reeleição. 
Os militares alistáveis são elegíveis (os conscritos não entram nessa regra), se contar 
com menos de 10 anos de serviço será afastado definitivamente da corporação, se contar com 
mais de 10 anos só irá para inatividade caso eleito. 
Novos casos de inelegibilidade devem ser tratados por Lei Complementar. 
b) Perda e Suspensão dos direitos políticos 
O artigo 15 apresenta as hipóteses de perda (por prazo indeterminado) 
e suspensão (prazo determinado) dos direitos políticos, importante frisar que é vedada a 
cassação (de forma definitiva). 
A perda acontecerá nos casos de: 
I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; 
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 
5º, VIII*; 
A suspensão acontecerá nos casos de: 
II – incapacidade civil absoluta; 
III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; 
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. 
2. DOS PARTIDOS POLÍTICOS 
Os partidos políticos são pessoas jurídicas do direito privado, adquirindo sua 
personalidade por meio de registro dos atos constitutivos em cartório e sua capacidade política 
através de registro do estatuto no TSE. Têm o objetivo de reunir pessoas em torno de convicções 
políticas ou filosóficas para ocupação de cargos políticos, e é uma condição para a elegibilidade. 
Os partidos políticos são autônomos para definir sua estrutura interna, entretanto, 
as coligações para as eleições proporcionais foram vedadas. Além disso tem preceitos como: 
caráter nacional; proibição de recebimento de recursos de entidade ou governo estrangeiros; 
prestação de contas a justiça eleitoral; funcionamento parlamentar de acordo com a lei. 
Existem diversos partidos políticos no Brasil, alguns deles não tem sequer uma 
identidade própria, funcionando apenas “satélites” de partidos maiores. Nesse sentido a 
cláusula de barreira tem como objetivo fazer com que os recursos do fundo partidário e acesso 
gratuito ao rádio e à televisão não sejam destinados a esses partidos. 
Art. 17, § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e 
à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: 
I – obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% dos votos válidos, 
distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades da Federação, comum mínimo de 2% dos votos 
válidos em cada uma delas; ou 
II – tiverem elegido pelo menos 15 Deputados Federais distribuídos em pelo menos 1/3 das 
unidades da Federação. 
Por fim, a EC 97/2017 também estabeleceu que o parlamentar eleito por um partido que 
não cumpra a cláusula de barreira possa mudar para um partido que cumpra. 
Art. 17, § 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo 
é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os 
tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do 
fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. 
BIBLIOGRAFIA 
BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Disponível 
em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 17 fev. 2021. 
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2020. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.planalto.gov.br/

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