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Economia Internacional Casos de Mercado - Tarifas e Subsídios

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Universidade de Fortaleza – UNIFOR 
Centro de Ciências da Gestão
Economia/Comércio Exterior
Economia Internacional
Casos de Mercado Instrumentos de Defesa Comercial -
Tarifas
Professor José Sydrião de Alencar Júnior
Fortaleza – Março de 2021
Uma tarifa aduaneira em uma mercadoria impor tada aumenta o preço recebido pelos produtores
nacionais daquela mercadoria. Esse efeito muitas vezes é o principal objetivo da tarifa aduaneira:
proteger os pro dutores nacionais de preços baixos que resultariam em concorrência de importação. Ao
analisar a política de comércio é importante perguntar quanto a proteção uma tarifa aduaneira ou
outra política de comércio pode realmente fornecer. A resposta é expressa como uma porcentagem do
preço que prevaleceria sob livre comércio. Uma quota de importação sobre o trigo poderia, por
exemplo, aumentar o preço recebido pelos produtores de trigo brasileiros em 35%.
Medir a proteção pareceria simples no caso de uma tarifa aduaneira: se ela for um imposto ad
valorem proporcional ao valor das importações, a taxa da tarifa em si deveria medir a quantidade de
proteção. Se a tarifa for específica, dividi-la pelo seu preço líquido nos daria o ad valorem equivalente.
Entretanto, existem problemas em tentar calcular a taxa de proteção. Primeiro, se a suposição do
país pequeno não for uma boa aproximação, parte do efeito da tarifa aduaneira será de baixar os
preços da exportação estrangeira em vez de aumentar os preços nacionais. Esse efeito das políticas de
comércio em preços de exportação estrangeira é, às vezes, significativo.
Aferindo a proteção de um produto no Mercado Nacional
Um exemplo simples ilustra esse ponto. Suponha que um automóvel seja vendido no mercado
mundial por US$ 8.000 e as peças das quais ele é feito sejam vendidas por US$ 6.000. Vamos
comparar dois países: um que quer desenvolver uma indústria de montagem de automóveis e outro
que já tem uma indústria de montagem e quer desenvolver uma indústria de peças de automóvel.
Para encorajar uma indústria nacional de automóveis, o primeiro país coloca uma tarifa aduaneira
de 25% sobre carros importados, permitindo que as montadoras nacionais cobrem US$ 10.000 em
vez de US$ 8.000. Nesse caso, seria errado dizer que as montadoras recebem 25% de proteção. Antes
da tarifa, a montagem em solo nacional aconteceria somente se pudesse ser feita por US$ 2.000 (a
diferença entre o preço de um automóvel completo, US$ 8.000, e o custo das partes, US$ 6.000) ou
menos. Agora ela vai acontecer mesmo que custe até US$ 4.000 (a diferença entre o preço de US$
10.000 e o custo das partes). Isto é, a taxa de tarifa aduaneira de 25% fornece às montadoras uma
taxa eficaz de proteção de 100%.
Aferindo a proteção de um produto no Mercado Nacional
Agora, suponha que o segundo país, para encorajar a produção nacional de partes,
imponha uma tarifa adua neira de 10% sobre as peças importadas, aumentando o
custo das peças das montadoras nacionais de US$ 6.000 para US$ 6.600. Mesmo que
não exista mudança na tarifa de automóveis já montados, essa política fará com que
seja menos vantajoso montálos nacionalmente. Antes da tarifa aduaneira, teria
valido a pena montar o carro localmente se pudesse ser feito por US$ 2.000 (US$ −
US$ 6.000). Após a tarifa aduaneira, a montagem local só acontece se puder ser feita
por US$ 1.400 (US$ 8.000 − US$ 6.600). A tarifa aduaneira sobre as peças, então, ao
mesmo tempo em que fornece proteção positiva para produtores de peças, fornece
proteção eficaz negativa para as montadoras, a uma taxa de −30% (−600/2.000).
Aferindo a proteção de um produto no Mercado Nacional
Um subsídio à exportação é um pagamento a uma empresa ou indivíduo que envia
a mercadoria para o exterior. Como a tarifa aduaneira, um subsídio à expor tação
pode ser tanto específico (um montante fixo por unidade) ou ad valorem (uma
proporção do valor exportado). Quando o governo oferece um subsídio à
exportação, os fornecedores exportarão a mercadoria até o ponto em que o preço
nacional ultrapasse o preço estrangeiro pelo valor do subsídio.
Esses efeitos de um subsídio à exportação nos preços são exatamente o inverso
daqueles de uma tarifa aduaneira. O preço no país exportador aumenta, mas
porque o preço no país importador o aumento de preço é menor do que o subsídio.
No país exportador, os consumidores são prejudicados, os produtores ganham e o
governo perde, por que deve gastar dinheiro no subsídio.
Subsídio à Exportação
Uma cota de importação é uma restrição direta na quantidade que pode ser
importada de alguma mercado ria. A restrição é aplicada com a emissão de licenças
para alguns grupos de empresas individuais. Por exemplo, os Estados Unidos têm
uma cota de importações de calçados. As únicas empresas autorizadas a importar
calçados são certas “trades”, a cada uma delas é atribuído o direito de importar
um número máximo de sapatos por ano. O tamanho da cota de cada empresa é
baseado na quantidade de sapato que ela importou no passado. Em alguns casos
importantes, especialmente açúcar e vestuário, o direito de vender nos Estados
Unidos é dado diretamente aos governos dos países exportadores.
Cotas de Importação 
É importante evitar o equívoco de que as cotas de importação limitam as impor-
tações sem aumentar os preços nacionais. Uma cota de importação sempre aumenta
o preço nacional da mercadoria importada. Quando as importações são limitadas, o
resultado imediato é que, no preço inicial, a demanda por aquela mercadoria ultra-
passe a oferta nacional mais as importações. No fim, uma cota de importação
aumentará o preço nacional pelo mesmo valor que uma tarifa aduaneira que limita
as importações ao mesmo nível .
A diferença entre a cota e a tarifa aduaneira é que com a cota o governo não recebe
nenhuma receita. Quando a quota, em vez da tarifa aduaneira, é utilizada para
restringir as importações, a soma de dinheiro que teria aparecido com a tarifa como
receita do governo é recolhida por quem quer que receba as licenças de importação.
Cotas de Importação 
Os donos de licenças são, portanto, capazes de comprar importações e
revendêlas a um preço maior no mercado nacional. Os lucros recebidos
pelos donos das licenças de importação são conhecidos como rendas de
contingenciamento. Ao avaliar os custos e benefícios de uma quota de
importa ção, é crucial determinar quem recebe as rendas. Quando os
direitos de vender no mercado nacional são atribuídos aos governos de
países exportadores, como acontece fre quentemente, a transferência de
rendas para o exterior faz o custo de uma quota ser substancialmente
maior do que o da tarifa aduaneira equivalente.
Cotas de Importação 
O excedente do consumidor mede a quantidade que um consumidor ganha em uma compra ao computar a diferença
entre o preço que ele realmente paga e o preço que ele estaria disposto a pagar. Se, por exemplo, um consumidor
estivesse disposto a pagar US$ 8 (P2) por tonelada de trigo, mas o preço é somente US$ 3 (P1), o excedente do
consumidor ganho com a compra é US$ 5. O excedente do consumidor é igual à área abaixo da curva de demanda e
acima do preço.
Excedentes do Consumidor e do Produtor
O excedente do produtor é um conceito análogo ao excedente do consumidor. Um produtor disposto a vender
uma mercadoria por US$ 2, mas que recebe o preço de US$ 5, ganha um excedente do produtor de US$ 3. O
mesmo procedi mento utilizado para obter o excedente do consumidor da curva de demanda pode ser utilizado para
obter a curva de oferta do excedente do produtor. Se P é o preço e Q é a quantidade fornecida àquele preço, então
o excedente do produtor é P vezes Q menos a área sob a curva de oferta até Q. Se o preço é P1, a quantidade
fornecida será S1 e o excedente do produ tor é medido pela área c. Se o preço aumentar para P2, a quantidade
fornecida aumenta para S2 e o excedente do produtor aumenta para se igualar a c mais a área adicional d. O
excedente do produtor é igual à área acimada curva de oferta e abaixo do preço.
Excedentes do Consumidor e do Produtor
Os custos e benefícios para diferentes grupos podem ser representados como a soma das cinco áreas a,
b, c, d e e. o efeito líquido de uma tarifa aduaneira no bemestar. O custo líquido de uma tarifa adua neira é:
perda do consumidor − ganho do produtor – receita do governo, ou, substituindo esses conceitos pelas áreas na
Figura, (a + b + c + d) – a – (c + e) = b + d – e.
Excedentes do Consumidor e do Produtor
 
S
Preços
P’ Sw
ST
D
P”
Q Q’ C1 C
Quantidade
F1 F
E’ E”
H’ H
Efeitos de uma Tarifa de Importação
Excedente do produtor antes da tarifa - OE’P’, passando para OH’P’’
Excedente do Consumidor antes da tarifa - P’E”T, passando para P”HT
0
Os custos. Quando um país é pequeno, uma tarifa aduaneira que é imposta não pode baixar o
preço estrangeiro da mercadoria que é importada. Como resultado, o preço da importação
aumenta de PW para PW + t e a quantidade importações demandada cai de D1 − S1 para D2
− S2.
Uma tarifa aduaneira em um país pequeno
As curvas de demanda interna e oferta interna por trigo do Brasil são as seguintes:
Demanda Interna → Dinterna = 100 – 20P
Oferta Interna → Sinterna = 20 + 20 P , onde P são os preços.
Derive a curva de demanda por importações do Brasil e elabore o gráfico. Qual seria o preço
do trigo na ausência do Comércio.
Resolução:
Na ausência de comércio
Dinterna = Sinterna→ 100 – 20P = 20 + 20 P → P = 2 e Dinterna = Sinterna = 60
Calculo da Curva Demanda por Importação
Dimportação = Dinterna - Sinterna = 100 – 20P – (20 + 20 P) → Dimportação = 80 – 40P
Caso de Mercado 1: Cálculo da Curva de Demanda de Importações
Tomando como referência o Caso de Mercado 1 inclua o Resto do Mundo, que tem as
seguintes Curvas de Demanda e Oferta:
Demanda Resto do Mundo → D* = 80 – 20P, D* quantidade demandada
Oferta Resto do Mundo → S* = 40 + 20 P , onde P são os preços e S* quantidade ofertada
a) Derive a curva de oferta das exportações do Resto do Mundo e elabore o gráfico. Qual
seria o preço do trigo na ausência do Comércio prevaleceria no Resto do Mundo;
b) Agora permita que o Resto do Mundo e o Brasil faça comércio entre si, a um custo de
transpor zero. Encontre o equilíbrio do livre comércio e marque o no gráfico. Qual o
preço mundial? Qual o volume do comércio?
Caso de Mercado 2: Cálculo da Curva de Oferta de Exportações do Resto do 
Mundo
Resolução:
a) Na ausência de comércio
D* = S* → 80 – 20P = 40 + 20 P → P = 1 e D* = S* = 60
Calculo da Curva de Oferta de Exportação (Sx)
Sx = S* - D* = 40 + 20 P – (80 – 20P) → Sx = -40 + 40P
b) Comércio entre o Resto do Mundo e Brasil
Dimportação = S x → 80 – 40P = -40 + 40P → P = 1,50.
Cálculo do volume do comércio: Sx = -40 + 40x1,50 = 20, se calcularmos a
Dimportação = 80 – 40x1,5 = 20. Ou seja o volume de comércio é 20.
Caso de Mercado 2: Cálculo da Curva de Oferta de Exportações do 
Resto do Mundo
Tomando como referência os Casos de Mercado 1 e 2 . O Brasil aplica uma tarifa Específica
de 0,5 sobre as Importações de Trigo :
a) Determine os efeitos da tarifa sobre: (1) o preço do trigo em cada país; (2) a quantidade de
trigo ofertada e demandada em cada país; (3) o volume de comércio.
b) Determine o efeito da tarifa sobre o bem estar de cada um dos seguintes grupos: (1)
produtores brasileiros que concorrem com as importações; (2) consumidores brasileiros;
(3) receita do governo brasileiro.
c) Mostre graficamente e calcule o ganho dos termos de troca, a perda de eficiência e o efeito
total da tarifa sobre bem estar
Caso de Mercado 3: O Brasil aplica uma tarifa Específica sobre as Importações 
de Trigo
Resolução:
D’importação = 80 – 40(P+0,5) →D’importação = 60 – 40P
D’importação = Sx → 60 – 40P = -40 + 40P → 80 P = 100 → P = 1,25, este é o preço internacional com o impacto da
tarifa específica. A este preço a quantidade de Importação do Brasil = 60 – 40x1,25 = 10 (volume de comércio) = Exportado
pelo Resto do Mundo.
Em relação novo preço praticado no Brasil devido a tarifa específica, temos o seguinte:
Dimportação = 80 – 40P, como foi calculado no ítem anterior a quantidade importada pelo Brasil = 10 (volume de
comércio), ficará assim o cálculo: 10 = 80 – 40P → P = 1,75, este é o preço doméstico com a tarifa específica.
As novas quantidades demandas e ofertadas no mercado brasileiro:
Dinterna = 100 – 20P = 100 – 20 x1,75 = 65
Sinterna = 20 + 20 P = 20 + 20x1,75 = 55, a diferença entre a demanda e a oferta interna é coberta pela importação.
Caso de Mercado 3: O Brasil aplica uma tarifa Específica sobre as Importações 
de Trigo
A indústria aeronáutica na Europa recebe auxílio de diversos governos, este auxílio equivale a 20% do preço de compra de
cada aeronave. Por exemplo, um avião vendido por US$ 50 milhões pode ter custado US$ 60 milhões para ser fabricado,
tendo sido o subsídio bancado pela Comunidade Européia. Ao mesmo tempo, a metade do preço de compra de uma aeronave
“européia” representa o custo de componentes comprados de outros países. Qual é a taxa efetiva de proteção recebida pelos
produtores europeus de aeronaves.
Resolução:
Avião (Preço de Venda) (US$ 50 milhões) + Subsídio (US$ 10 milhões) = Custo de Produção do Avião (US$ 60 milhões)
Insumos Importados = US$ 30 milhões
Valor Agregado = Custo (US$ 60 milhões) – Insumos Importados (US$ 30 milhões) = US$ 30 milhões
O subsídio diminui o custo do valor adicionado aos compradores do avião para (US$ 30 milhões – US$ 10 milhões) = US$ 20
milhões.
A tarifa Efetiva de proteção para um setor é definida como (Vt – Vw)/Vw, onde Vw é o valor adicionado no setor a preços
internacionais e Vt é o valor adicionado na presença das políticas comerciais. Neste caso Vt = US$ 30 milhões e Vw = US$
20 milhões.
Tefetiva = (Vt – Vw)/Vw = (30 – 20)/20 = 0,5 ou 50%
Caso de Mercado 4: Cálculo de Tarifa Efetiva
Obrigado
sydrião@unifor.br
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