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Disciplina: Instrumentação em Higiene Ocupacional Aula 4 – Instrumentação Em Radiação e Agentes biológicos Autor: Miguel Cabral Professor: Marcílio Lima Você verá por aqui .... ... Um tipo de agente físico, mais precisamente a radiação. Os tipos de radiações, suas unidades, os efeitos biológicos de tais agentes. Verá também métodos de avaliação e as diferentes classes de risco. Objetivos Estudar a radiação, classificado como agente físico; Compreender os conceitos básicos. Para começo de conversa... Existem tipos de radiações, inicialmente iremos abordar as ionizantes e não ionizantes, Gama e Raios X e Radiação de Nêutrons. 1. Tipos de Radiações Ionizantes Existem basicamente dois tipos de radiações: corpusculares (raios alfa, raios beta) e eletromagnéticas (raios x e raios gama). 1.1 Partículas Alfa: esse tipo de radiação está associada à emissão de átomos de hélio em função de sua massa atômica, pequeno poder de penetração e grande poder de ionização, ou seja, perda de sua energia. Na exposição humana seus efeitos seriam observados ao nível do tecido cutâneo (no caso de exposição externa), em casos de exposição acidental, de maneira a ser introduzido no organismo humano, seja por via cutânea, ingestão ou inalação. Esse tipo de radiação é mais nociva que as demais abordadas (METHÉ, 1993). · Características físicas: a partícula alfa é semelhante ao núcleo de hélio, emitidas em alta velocidade. É constituída de dois prótons e dois nêutrons, tendo carga positiva (+2). · Alcance: apresentam uma grande quantidade de energia em curtas distâncias e limitado poder de penetração. Para partículas alfa originadas em decaimento radioativo, o alcance no ar é cerca de 2cm a 5cm. · Blindagem: a maior parte dessas partículas não consegue atravessar mais do que alguns poucos centímetros de ar, uma folha de papel ou a camada externa da pele. · Danos biológicos: não é considerada capaz de causar dano por irradiação externa, porque é facilmente atenuada pela camada superficial da pele. Caso um emissor alfa seja inalado ou ingerido, torna-se uma fonte importante de exposição interna nos órgãos e tecidos expostos em função de sua alta toxicidade. 1.2. Partículas Beta: radiação beta é o termo para descrever elétrons de origem nuclear, carregados negativamente (e-), ou positivamente (e+). Partículas beta são uma espécie de elétrons emitidos pelos núcleos radioativos, considerando, ainda, que a emissão radioativa venha acompanhada de uma partícula ainda menor, o neutrino. · Características físicas: possui pequena massa e tem carga negativa. A partícula beta de carga negativa (carga –1) é fisicamente igual a um elétron; a partícula beta de carga positiva (carga +1) é chamada pósitron. · Alcance: depende da energia das partículas beta geradas em decaimentos radioativos; seu alcance no ar é de até 3m, por apresentar massa da ordem de 1.840 vezes menor que a do próton. O elétron penetra mais facilmente na matéria em comparação à radiação alfa. · Blindagem: a maior parte das partículas beta são blindadas por camadas finas de plástico, vidro ou alumínio. · Danos biológicos: externamente, as partículas beta podem causar danos ao olho (células do globo ocular) e à pele (células epiteliais) em função de sua maior penetração no tecido exposto; caso o emissor beta seja inalado ou ingerido, torna-se uma importante fonte de exposição interna (SZTANYIK, 1993). 1.3. Radiação Gama e Raios X: são fótons de altíssima energia, e, portanto, de freqüência elevada. As emissões gama são oriundas do núcleo instável, apresentando energias maiores que as dos raios X. · Características físicas: são ondas eletromagnéticas, ou fótons, e não possuem massa nem carga. A diferença entre os raios X e os raios gama está na sua origem: enquanto os raios X são originados por movimento de elétrons entre orbitais, os raios gama têm origem no núcleo do átomo. · Raios X e raios gama podem ionizar diretamente, por interação com elétrons orbitais, ou indiretamente, por interação com o núcleo, que irá então emitir radiação capaz de provocar ionização. A radiação por raios X representa a emissão de fótons de energia, conhecidos como raios X liberados no processo de desexcitação da eletrosfera. Possuem características semelhantes às dos raios gama, porém com energias expressas na ordem de keV, enquanto as radiações do tipo gama são da ordem de MeV. · Alcance: como não têm carga ou massa, o poder de penetração é alto e a atenuação depende da energia. Raios X ou gama, iniciados por decaimento radioativo, podem avançar por dezenas de metros no ar. · Blindagem: os raios X ou gama são, principalmente, fontes da exposição externa; pode-se observar que causam danos mais profundos no organismo humano em função do seu poder de penetração. Em relação à quantidade de radiação emitida, observa-se que a origem da radiação gama é cerca de mil vezes maior que a radiação X, em função do nível de energia envolvido (PITT; PITT, 1987). 1.4. Radiação de Nêutrons (N): essas partículas são um subproduto de muitas reações nucleares, como, por exemplo, a fissão do urânio 235 (quebra do núcleo do átomo de urânio). Se forem lentos, com energias cinéticas da ordem de eV, são denominados térmicos e podem ser capturados pelos núcleos, pois os nêutrons não são repelidos por esses. Iniciam-se dessa maneira reações nucleares em cadeia. Também são gerados quando núcleos são bombardeados com partículas energéticas. · Os nêutrons rápidos possuem energias cinéticas da ordem de 1 MeV. São capazes de colidir com vários núcleos e produzir bastante ionização antes de perder sua energia cinética. · Características físicas: são ejetados do núcleo dos átomos; têm massa semelhante à do próton; e são cerca de 1.800 vezes mais pesados que uma partícula beta. Por causa de sua massa e por terem carga neutra, os nêutrons geralmente não são capazes de ionizar diretamente ou de interagir com elétrons orbitais. O que ocorre, usualmente, é a colisão do nêutron com um núcleo. Uma partícula carregada ou outra radiação pode ser emitida após a colisão, ionizando átomos vizinhos (SEPR, 1996). · Alcance (comprimento de atenuação): por sua massa e ausência de carga, os nêutrons têm uma habilidade de penetração relativamente alta (podem atravessar dezenas de metros no ar) e por isso são difíceis de serem blindados ou detectados. Assim, como a radiação gama, a atenuação de nêutrons depende da energia que ela possui. · Blindagem: os melhores materiais para a blindagem de nêutrons são os que têm grande quantidade de hidrogênio ou número atômico baixo, como concreto, terra, água, plástico ou parafina. · Danos biológicos: são, principalmente, fontes de exposição externa, devido à sua capacidade de penetração; nesse caso, apresentam maior dose de radiação na exposição se comparados com as outras radiações descritas. Das radiações apresentadas são as que causam maior dano biológico aos órgãos e tecidos dos seres humanos, podendo ocasionar a morte de células em face de seu poder de penetração e grande liberação de energia na matéria. 2. UNIDADES DA RADIAÇÃO IONIZANTE As unidades para a medição da radiação são relativamente complexas. A maioria dos países agora utiliza o Sistema Internacional de Unidades (abreviado SI do francês – le Système International d'Unités) que é a forma moderna do sistema métrico. No entanto, os EUA continuam a utilizar um sistema mais antigo para alguns fins regulamentares. Ambos os métodos estão resumidos abaixo para referência: 2.1. Atividade (Becquerel) A unidade do SI para a atividade de um material radioativo é o becquerel (Bq), onde um Becquerel = 1 desintegração por segundo. A unidade tradicional de atividade tem sido o Curie (Ci), onde um Curie =3.7 x 1010 desintegrações por segundo. 2.1.1. DoseAbsorvida (Gray) Esta é uma medição da energia transmitida para a matéria através da radiação ionizante por massa de unidade do material. A unidade do SI da dose absorvida é o gray (Gy) que é igual a uma absorção de energia de 1 joule/Kg. A unidade tradicional da dose absorvida é o rad, onde 1 Gray = 100 rads 2.1.1.1. Dose Equivalente (Sievert) Doses absorvidas iguais nem sempre darão origem a riscos iguais de qualquer efeito biológico. A eficácia biológica relativa de uma dose absorvida em particular pode ser afetada pelo tipo de radiação ou pelas condições de radiação. Dessa forma, a dose equivalente pode ser expressa como: Dose equivalente (Sievert) = Dose absorvida (Gray) x Fator modificador. O fator modificador depende tanto da „qualidade‟ da radiação (que é 1,0 para radiações de energia mais baixas, mas sobe para 20 para fragmentos de fissão de energia altos) e a parte do corpo afetado. A unidade tradicional é o rem onde 1 sievert = 100 rem. 3. RADIAÇÃO EXTERNA E INTERNA Ao discutir os aspectos de exposição à radiação ionizante e o controle de qualquer risco para a saúde, é importante distinguir entre radiação externa e radiação interna. 3.1. Um risco de radiação externa é aquele de fontes de radiação fora do corpo de energia suficiente para penetrar as camadas externas da pele. Um resumo dos efeitos da exposição, princípios de controle e tipos de monitoramento está estabelecido abaixo: Os efeitos da exposição externa podem ser resumidos como: α - Perigo mínimo β - Pele e olhos em risco ϒχ - Corpo inteiro em risco (radiação penetrante) 3.2. Um risco de radiação interna surge quando o corpo é contaminado com um isótopo radioativo. A presença de material radioativo no corpo é frequentemente um problema mais sério do que a exposição à radiação externa, uma vez que o material radioativo: • está em contato íntimo com os tecidos e órgãos do corpo (lembre-se da lei da inversão do quadrado) • não pode ser removido ou protegido (irradia-se pelo corpo 168 horas/semana). A entrada no corpo pode ocorrer através de inalação, ingestão, ou absorção pela pele. Nessa situação, os efeitos de exposição são: α - Perigo muito sério β - Perigo sério ϒχ - Normalmente não aplicável 4. NÍVEIS DE RADIAÇÃO Todos estamos expostos à radiação de fontes naturais, bem como àquela encontrada durante o trabalho. O Los Alamos National Laboratory nos EUA fornece uma ferramenta on-line que permite a você calcular sua dose de radiação anual, vide: http://newnet.lanl.gov/info/dosecalc.asp. Ela leva em conta: • A radiação cósmica que aumenta com a altura acima do nível do mar. • O material do qual sua casa é feita. • O tempo gasto em aeronaves. • Fumo • Raios x de uso médico • Outros fatores de estilo de vida. 5. EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÃO IONIZANTE A exposição do tecido vivo à radiação ionizante resulta em dano às células componentes. Tal dano por radiação pode ser útil para a humanidade (assim como no tratamento de câncer sob condições controladas cuidadosamente), mas sob a maioria das condições deve ser evitado o máximo possível. Os possíveis efeitos estão resumidos na tabela abaixo. Tabela 1: efeitos agudos x efeitos crônicos Todas as formas de radiação ionizante produzem o mesmo tipo de ferimento nos tecidos radiados. No entanto, a eficiência com que as reações do tecido são produzidas varia com a densidade da ionização no caminho da radiação. Radiações particuladas tais como partículas alfa ou nêutrons que produzem faixas muito próximas de íons são mais danificadoras por unidade de energia absorvida do que é a radiação eletromagnética tais como raios gama ou raios X, que causam uma ionização mais difusa. Uma vez que raios cósmicos bombardeiam toda a superfície da terra e elementos radioativos que ocorrem normalmente existem em todas as partes, uma certa exposição mínima à chamada radiação “de fundo” é inevitável. Em algumas regiões, o gás radão radioativo ocorre naturalmente em leitos de rocha assim como granito. Ele pode expor mineradores que trabalharem no subsolo e pode se acumular nos porões de edifícios, os quais podem necessitar de ventilação especial. Devido ao uso de materiais radioativos na indústria e ao uso de radiações ionizantes na medicina e na indústria, alguns grupos de pessoas estão expostos a níveis elevados de radiação. 6. MEDIÇÃO DA RADIAÇÃO As medições da radiação podem ser empreendidas em uma série de formas distintas para medir diferentes coisas. 6.1. Radiação emitida: Os contadores Geiger e contadores de cintilação podem ser utilizados para medir os níveis de radiação de fontes particulares. Frequentemente os dispositivos são específicos para o tipo de radiação que está sendo medida. 6.2. Dose de radiação: Diversos dispositivos podem ser utilizados para medir a dose pessoal. É importante diferenciar entre a dose interna (aquela que uma pessoa assimila em seu corpo por meio de rotas tais como a respiração) e a dose externa (recebida simplesmente em virtude de estar em um ambiente onde a radiação esteja presente). A dose externa pode ser medida utilizando-se uma gama de dosímetros. Os dosímetros de câmara de íons lembram canetas, e podem ser presos às roupas de uma pessoa. Os dosímetros em crachás de película envolvem uma parte de filme fotográfico que ficará exposto à medida que a radiação passar por ele. A medição da dose interna envolve o uso de bombas de amostragem que coletam o material radioativo a ser medido para radiação. 7. AVALIAÇÃO AMBIENTAL A avaliação é QUANTITATIVA. Instrumento utilizado: DETECTOR DE RADIAÇÃO. O organismo humano não possui mecanismo sensorial que permita detectar as radiações ionizantes. Não havendo percepção, o trabalhador não poderá evitar a exposição às radiações. Figura 1: detector de radiação ionizante Fonte: http://grx.meubox.com.br/detalhes.php?id_produto=9605#.UMqTCOSZlBk 7.1. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO Existem três metodologias básicas para se fazer a avaliação da radiação. DOSIMETRIA: utilizam-se filmes dosimétricos ou dosímetros termoluminescentes monitorando-se o trabalhador exposto durante um determinado tempo, considerado representativo para a avaliação. A revelação deste dosímetro deve ser feito em laboratórios credenciados pelo CNEN. Figura 2: dosímetro termoluminescentes Fonte: http://www.tecnologiaradiologica.com/materia_deteccao.htm PONTUAL: durante inspeção no local de trabalho determina-se o tempo médio utilizado em cada raiografia (equipamento ou fonte de funcionamento). CÁLCULO TEÓRICO: cálculo feito a partir de determinação de arranjo físico, dados dos equipamentos ou tipos de fontes utilizados e dos tempos de exposição dos trabalhadores. 8. .RADIAÇÃO NÃO-IONIZANTE São de natureza eletromecânica, tendo exemplo nas radiações derivadas das microondas, radiações infravermelhas, radiações ultravioletas, raio laser e iluminação. Radiações não-ionizantes não produzem a ionização em sistemas biológicos e por isso são bem menos agressivas. Possuem relativamente baixa energia e estão sempre a nossa volta. Ondas eletromagnéticas como a luz, calor e ondas de rádio são formas comuns de radiações não-ionizantes. Sem elas, nós não poderíamos apreciar um programa de TV em nossos lares ou cozinhar em nosso forno de microondas. As radiações de grandes comprimentos de onda, ou de baixas freqüências, do tipo ULF (freqüência ultrabaixa), LF (freqüência baixa), etc., VHF (freqüência muito alta), não apresentam problemas operacionais, no entanto é recomendável não se expor desnecessariamente, em locais onde existem geradores do tipo de radiofreqüência, especialmente se a potência for alta. As radiações de baixa freqüência são utilizadas em radionavegação, radiofaróis, radiofusãoAM, rádio-amadorismo, diatermia médica, rádio- astronomia, solda de radiofreqüência, secagem de tabaco e usos semelhantes. 8.1. TIPOS DE RADIAÇÕES NÃO-IONIZANTES 8.1.1 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA (UV) A ultravioleta é radiação invisível produzida naturalmente pelo sol (radiação solar) e artificialmente na indústria através de arcos (por exemplo, soldagem) que opera em altas temperaturas. A luminária fluorescente comum gera uma boa quantidade de radiação UV dentro da lâmpada, mas é absorvida pelo revestimento de fósforo fluorescente, que fluorece emitindo uma radiação visível de comprimento de onda mais longo. A radiação ultravioleta é prontamente absorvida pelo tecido humano, e, portanto, os olhos e a pele são particularmente vulneráveis. A exposição mais comum é ao sol, a qual pode causar queimaduras solares, e em circunstâncias severas, a formação de bolhas na pele. A exposição prolongada da pele pode resultar em envelhecimento prematuro e espessamento da pele (queratose) da pele. O mais sério é o câncer de pele, que é agora o tipo de câncer mais comumente diagnosticado. O melanoma, causado pelo dano às células de melanina na pele, é a forma mais séria. De acordo com as estimativas da Organização Mundial de Saúde, 132.000 casos de melanoma maligno (66.000 mortes) e mais de 2 milhões de casos de outros câncer de pele ocorrem anualmente. É o câncer mais comum na população jovem (grupo etário de 20 – 39 anos) e estima-se que aproximadamente 85% dos casos sejam causados por exposição excessiva à luz solar. Isso tem implicações para a exposição ocupacional dos trabalhadores ao ar livre, incluindo jardineiros e trabalhadores da construção. Além do mais, a exposição a algumas substâncias utilizadas no trabalho, tais como alcatrão mineral ou cresóis encontrados no alcatrão para pavimentação, podem tornar a pele excepcionalmente sensível ao sol. A radiação ultravioleta é subdividida em três faixas de comprimento de onda decrescente; UVA sendo o comprimento de onda mais longo, UVC sendo o comprimento de onda mais curto e UVB sendo o intermediário. Quanto maior o comprimento da onda menor a energia associada à radiação e menor o dano que causa ao corpo. Por exemplo, a UVA é o tipo de luz utilizado nas “luzes negras” e não é responsável pelo câncer de pele. 8.1.2 RADIAÇÃO INFRAVERMELHA (IV) A radiação IV é emitida por corpos quentes, por exemplo, altos fornos e maçaricos a gás. Seu efeito primário é o aquecimento dos tecidos superficiais. A exposição excessiva ao calor radiante produzirá desconforto imediato e, portanto, um alerta adequado de dano iminente é fornecido, normalmente antes que a queimadura possa ocorrer. No entanto, os olhos não possuem esse mecanismo de aviso antecipado e a exposição excessiva pode resultar em danos à lente intraocular e formação de catarata; dano à retina também pode ocorrer. 8.1.3 RADIAÇÃO LASER O nome laser é uma sigla para “Light Amplification by Stimulated Emission of radiation” (amplificação da Luz por emissão estimulada de radiação). As máquinas de laser emitem um feixe concentrado de radiação não-ionizante – de um comprimento de onda único ou de uma faixa de comprimento de onda estreita – na região visível e na região infravermelha do espectro eletromagnético e são potencialmente prejudiciais, particularmente aos olhos, por serem de alta intensidade e os raios paralelos podem estar focados em um ponto da imagem pelo olho. A faixa de dano varia de queimaduras reparáveis a cegueira permanente. A formação de catarata também pode ocorrer. Os lasers possuem um uso bastante difundido, por exemplo, nas comunicações, construção, aplicações médicas, pesquisa, inspeção. Os lasers foram classificados por comprimento de onda e poder de resultado máximo em quatro classes e em umas poucas subclasses de acordo com a norma IEC60825-1. As classificações estão resumidas brevemente na tabela abaixo. Tabela 2: classes de laser 8.1.4. RADIAÇÃO DE MICRO-ONDAS As micro-ondas são produzidas por vibração molecular em corpos sólidos e normalmente são descritas pela frequência de ondas geradas. Os exemplos das fontes de energia de micro-ondas são antenas transmissoras e aplicações médicas. O efeito principal sobre o corpo é térmico, e dessa forma, as microondas de determinadas frequências encontraram emprego como um meio rápido para o cozimento de alimentos. Portanto, o risco principal é de queimadura térmica da pele e dos olhos. A exposição prolongada a um baixo nível de radiação de micro-ondas tem estado relacionada a dores de cabeça, sonolência, irritabilidade, fadiga e perda de memória. As micro-ondas são amplamente usadas em aplicações como computação sem fio e redes de telefonia celular. Foi levantada uma grande preocupação a respeito da possibilidade de efeitos sérios à saúde a longo prazo, assim como câncer. No entanto, a pesquisa não conseguiu demonstrar tal relação de forma conclusiva. 8.2. FONTES DE RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES FONTE NATURAL – SOL: corpo negro (eficiente absorvedor e emissor) com temperatura efetiva na superfície de cerca de 6.000ºk (temperatura interna tão alta quanto 2 x 107º), e o qual emite luz branca com espectro centrado em 515 nm. FONTES ARTIFICIAIS: corpos aquecidos a temperaturas superiores a 2.500ºk – fontes incandescentes, processos de soldagem (plasma e oxi). 8.2.1. AVALIAÇÃO DA RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE Medidores manuais portáteis estão disponíveis para medição de NIR. Eles incorporam um material foto emissor adequado (por exemplo, UV, visível ou IR) de forma que a radiação incidente libera elétrons da superfície. Esses elétrons são coletados por ânodo e colocados em um fluxo como uma corrente elétrica que é medida por um amperímetro adequadamente calibrado (vide abaixo). Os dados de radiação obtidos são avaliados contra os limites de exposição ocupacional apropriados. Na realidade, a ACGIH (Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais) adotou ou propôs TLVs (Limites de Exposição Ocupacional) para cada um dos seguintes: • Radiação ultravioleta • Radiação infravermelha visível e próxima • Radiação do Laser • Radiação de micro-ondas e de radiofrequência Os limites de intensidade de radiação são expressos em mW/cm 2 8.2.2. AVALIAÇÃO AMBIENTAL É uma avaliação QUALITATIVA e necessita de Laudo de Inspeção realizada no local de trabalho 9. AGENTES BIOLÓGICOS Os agentes biológicos são microorganismos (fungos, bactérias, vírus, bacilos, protozoários, etc), que em contato com o homem, podem provocar inúmeras doenças. Muitas atividades profissionais favorecem o contato com tais agentes. É o caso das indústrias de alimentação, hospitais, limpeza pública (coleta de lixo), laboratórios, etc. 9.1. TIPOS DE AGENTES BIOLÓGICOS 9.1.1. VIRUS São as formas mais simples de vida, de tamanho muito pequeno, sendo constituídos por material genético, ADN e RDN e uma cobertura protéica. Seu ciclo vital passa necessariamente por um hospedeiro, isto é, para se reproduzir precisa penetrar em algum ser vivo. O vírus infecta o ser vivo injetando seu material genético nas células do hospedeiro. Uma vez dentro da célula, o material genético interfere no desenvolvimento das células do hospedeiro e se serve da estrutura biológica da célula para fazer cópias de si mesmo em número suficiente para romper as paredes celulares ficando deste modo em liberdade para infectar novas células. Nossa principal defesa natural contra os vírus é a formação de anticorpos das células B, produzidos pela medula óssea. Uma outra substância natural eficaz é o Interferon, que interfere na susceptibilidade das células ao vírus e que apenas recentemente foi produzido comercialmente. Poucas drogas mostram-se úteis no tratamento de um número limitado de vírus. Atualmente a principal terapia é a prevenção atravésda imunização, que induz a formação de anticorpos no organismo antes que o vírus ataque. Os vírus causadores do câncer, ou relacionados a ele, tem sido objeto de extensa pesquisa. Tabela 3: Dentre as doenças provocadas por vírus (viroses) encontramos: VIROSES Resfriado comum Gripe Pneumonia Psitasicose Rubéola Sarampo Herpes (herpes zorster) Varicela Varíola Febre Aftosa Enterovirose Raiva Hepatite Febre Amarela Febre Hemorrágica Caxumba Tracoma Arboviroses Citomegalia 9.1.2. BACTÉRIAS São organismos pequenos, porém maiores que os vírus, sendo capazes de viver em um meio adequado sem passar por um hospedeiro intermediário, sendo em grande parte patogênicos. São capazes de liberar esporos, que são formas de vida resistentes às condições adversas, podendo resistir durante anos às condições de alta temperatura, seca, falta de nutrientes, e recuperando seu estado normal e sua capacidade infectante ao entrar em contato com um meio adequado para seu desenvolvimento. As bactérias são estruturas bem maiores que os vírus e podem apresentar quatro formatos: - arredondadas (cocos) - bastonetes retos (bacilos) - bastonetes curvos (vibrião) - bastonetes helicoidais (espirilos) Dois grupos de drogas são utilizados para tratar infecções bacterianas: • bacteriostáticos (evita a multiplicação das bactérias) •antibióticos (que rompe a membrana celular ou altera o metabolismo das bactérias, resultando na sua morte. Os antibióticos desenvolvidos em meados do século 20, tem se provado eficazes contra uma série de infecções bacterianas, anteriormente incuráveis. Alguns tipos de imunização também são eficazes. Tabela 4: Alguns Tipos de Imunização B A C T É R I A S Estreptococias Difteria Peste Doença Reumática Coqueluche Cólera Endocardite Infecciosa Shigeloses Tétano Estafilocócias Salmoneloses Meningite meningococ. Septicemia Febre Tifóide Carbúnculo Pneumonias Bacteriana Enterite Botulismo Tuberculose Pulmonar Brucelose Infecções Hospitalares Lepra Listeriose 9.1.3. PROTOZOÁRIOS São organismos unicelulares, sendo alguns deles parasitas dos vertebrados. Seu ciclo vital é complexo, necessitando em alguns casos de vários hospedeiros para completar seu desenvolvimento. A transmissão de um hospedeiro a outro geralmente é feita através de insetos. Os protozoários embora microscópicos são maiores que as bactérias e possuem uma estrutura celular mais evoluída.. As Amebas, causadoras da disenteria amebiana pertencem a esse grupo. Os protozoários não são afetados por antibióticos na concentração usualmente letal para as bactérias.. Alguns como o agente causador da malária, apresentam um ciclo de vida bastante complexo. Tabela 5: Algumas doenças provocadas por protozoários: PROTOZOÁRIOS Doença de Chagas Doença do Sono Amebíase Malária Toxoplasmose Leishmaniose Giardiose 9.1.4. FUNGOS São formas complexas de vida que apresentam estrutura vegetativa denominada micélio. Esta estrutura vegetativa surge da germinação de suas células reprodutoras ou esporos. Felizmente pouquíssimos fungos infestam os seres humanos e aqueles que o fazem geralmente colonizam a superfície (pele, unhas e cabelos), causando doenças como pé de atleta, tinha e sapinhos. Entretanto existem diferenças geográficas: nas Américas, por exemplo, existem muitos fungos invasivos causadores de doenças como a pneumonia. 10. LEGISLAÇÃO PERTINENTE A NR-15, Anexo 14, que trata de agentes biológicos, relaciona apenas as atividades, e não, especificamente, os agentes, e utiliza o seguinte termo nos dois grupos: “Trabalho ou operações, em contato permanente com ...”, então relaciona as atividades de cada grupo: INSALUBRIDADE DE GRAU MÁXIMO Trabalho ou operações, em contato permanente com: - pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como, objetos de seu uso, não previamente esterilizados; - carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pêlos e dejeções de animais portadores de doenças infectocontagiosas (carbunculose, brucelose, tuberculose); - esgotos (galerias e tanques); - lixo urbano (coleta e industrialização). INSALUBRIDADE DE GRAU MÉDIO Trabalhos e operações em contato permanente com pacientes, animais ou com material infectocontagiante, em: - hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana (aplica-se unicamente ao pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes, não previamente esterilizados); - hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados ao atendimento e tratamento de animais (aplica-se apenas ao pessoal que tenha contato com tais animais); - contato em laboratórios, com animais destinados ao preparo de soro, vacinas e outros produtos; - laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão-só ao pessoal técnico); - gabinetes de autópsias, de anatomia e histoanatomopatologia (aplica-se somente ao pessoal técnico); - cemitérios (exumação de corpos); - estábulos e cavalariças; - resíduos de animais deteriorados. 10.1. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO A avaliação é qualitativa com Laudo de Inspeção realizada no local de trabalho. O adicional de insalubridade, neste caso, assemelha-se, muito mais, aos critérios que norteiam a caracterização da periculosidade: a atividade em si determina o risco, sendo imponderáveis os agentes. Seguindo a metodologia de pesquisa higiênica, em primeiro lugar teríamos que identificar o contaminante, em segundo lugar coletar a amostra, de forma mais r3epresentativa possível e em terceiro lugar avaliar o problema de higiene exposto. Os contaminantes biológicos em sua maioria são microorganismos vivos, habitualmente de tamanho microscópicos, sem cheiro, cor ou outra propriedade que nos permite detectá-los através de nossos sentidos. Encontraremos também contaminantes biológicos transportados por partículas de pó ou e, suspensão no ambiente de trabalho, além disso os encontraremos na água, nas matérias primas e equipamentos utilizados nas indústrias, na superfície da pele dos trabalhadores, nas superfícies de trabalho, etc. Devido às suas características e necessidade vitais, os tipo de contaminantes biológicos aerotransportados poderão ser provavelmente formas resistentes à ao ar seco (grãos de pólen, esporos, etc.). Porém ao mesmo tempo neste ambientes poderemos encontrar aerosóis formados por gotículas que contenham microorganismos em condições de umidade adequadas para sua sobrevivência. Levando em consideração essas características, a amostragem deve ser feita com um equipamento de amostragem que permita uma ampla faixa de coleta e que assegure a sobrevivência do dos organismos coletados. Como vimos a avaliação dos agentes biológicos consiste em comparar os resultados das medições com critérios tendo-se em conta uma série de fatores: •Tipo de contaminantes e efeitos individuais e combinados •Causas da contaminação •Vias de entrada •Tempo real de exposição •Tipo de proteção utilizada e sua eficiência. •Vias de eliminação •Melhoras técnicas que se podem adotar •Tipo de atividade 11. .CLASSES DE RISCOS 11.1 .CLASSE DE RISCO 1 (BAIXO RISCO INDIVIDUAL E PARA A COLETIVIDADE) Inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais adultos sadios. 11.2 CLASSE DE RISCO 2 (MODERADO RISCO INDIVIDUAL E LIMITADO RISCO PARA A COMUNIDADE); Inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas eprofiláticas eficazes. 11.3 CLASSE DE RISCO 3 (ALTO RISCO INDIVIDUAL E MODERADO RISCO PARA A COMUNIDADE); Inclui os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para os quais existem usualmente medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam risco de disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. 11.4. CLASSE DE RISCO 4 (ALTO RISCO INDIVIDUAL E PARA A COMUNIDADE) Inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por estes. Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus. Resumo Esta aula caracterizou os tipos de Radiações, classificadas como agentes físicos. Os principais efeitos biológicos da radiação ionizante e como ocorre o processo da radiação. A metodologia de uma avaliação ambiental. É destacado também nesta aula os agentes biológicos, seus tipos e sua legislação pertinente, como também a metodologia de avaliação ambiental. Atividade Avaliativa 1- Quais os tipos de radiações apresentados no texto? 2- Quais os principais efeitos biológicos da Radiação ionizante? 3- Comente a respeito da metodologia da avaliação ambiental da Radiação. 4- Como é feita a avaliação ambiental dos agentes biológicos? 5- Comente a respeito da legislação do Ministério do Trabalho que fala sobre os agentes biológicos . Referências ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho, 19a. edição. São Paulo, 1990. Série: Manuais de Legislação, ATLAS, 16, p. 64-8. ARAÚJO, Giovanni Moaraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas – Rio de Janeiro, Ed.Autor – Giovanni Moraes, 2005, 1689 p. 5ª edição. FUNDACENTRO, 1995. 220p. ISO 2631-3. Mechanical vibration – Evaluation of human exposure to whole- body vibration - Part 3: Evaluation of exposure to whole-body z-axis vertical vibration in the frequency range 0,1 to 0,63 Hz. Segurança e Saúde no Trabalho Portuário, Fundacentro, 1998 FUNDACENTRO. Riscos Físicos. SP, Fundacentro, 1991. SITES com acesso em 10/01/2013: http://grx.meubox.com.br/detalhes.php?id_produto=9605#.UMqTCOSZlBk http://www.tecnologiaradiologica.com/materia_deteccao.htm
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