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Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental Aula (8)

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Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental 115
8
Planejamento 
urbano sustentável
Introdução
As ideias acerca do desenvolvimento sustentável na atualidade têm sido utilizadas 
amplamente, mesmo que ainda sejam imprecisas e não tão claras para o público em 
geral. Com evidentes problemas socioambientais nas cidades, a apropriação do termo 
sustentabilidade na busca de melhorias para os espaços urbanos tem se tornado comum. 
Desta forma, é importante que os gestores ambientais se aprofundem nas dis-
cussões e reflexões sobre o planejamento urbano sustentável e, para tanto, nesta aula 
apresentaremos alguns conceitos gerais, princípios e práticas que se aplicam no desen-
volvimento urbano. 
Planejamento urbano sustentável
116 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
8
8.1 Conceitos gerais acerca do 
planejamento urbano sustentável
Um marco importante para os processos de urbanização em praticamente todas as par-
tes do mundo foi a retomada do crescimento econômico do pós Segunda Guerra Mundial, 
quando um intenso crescimento das zonas urbanas advindo do êxodo rural foi evidente.
Com as industrializações de processos produtivos, o setor industrial demandou mão 
de obra vinda do campo e rapidamente as cidades sem estruturas e planejamento apresen-
taram sérios problemas de ordem ambiental, saúde pública, mobilidade, habitação como, 
por exemplo, sistemas de saneamento básico precários, ocupações de áreas com fragilidade 
ambiental, poluição atmosférica, adensamento populacional, aumento da violência, trânsi-
to, epidemias etc. 
Assim, a necessidade da elaboração de planejamentos urbanos logo começou a fazer 
parte das principais grandes cidades mundiais e logo com os primeiros diagnósticos, co-
meçam a surgir as primeiras soluções, ainda que paliativas e imediatas. A ideia de cida-
des sustentáveis começa a ser debatida no começo da década de 1970 e após a Conferência 
Internacional da ONU para o Desenvolvimento e Meio Ambiente, realizada em 1992 no Rio 
de Janeiro, começa a se falar em planejamento sustentável para cidades sustentáveis.
A importância do planejamento sustentável está pautada na possibilidade da otimiza-
ção de recursos financeiros e energéticos, reduzindo ou eliminando problemas sociais e am-
bientais crônicos presentes no meio urbano, deixando as cidades mais agradáveis de viver e 
com maior e melhor qualidade de vida.
O meio urbano tem que ser pensado e planejado de maneira complexa e profunda e com 
embasamento técnico, pois nele são acolhidas culturas e situações e relações sociais diversas, 
em que a concentração de pessoas se dá por compartilharem espaço coletivos públicos e 
de interesses difusos com atividades individuais e privadas diversas como, por exemplo, a 
administração, o comércio, transporte, serviços em geral e produção industrial.
De acordo com Acselrad (1999), quando há concentração e densidade de pessoas em 
um mesmo espaço urbano ocorre uma grande demanda de energia para fazer funcionar os 
processos, e para um planejamento sustentável, há de se considerar as cidades como um 
ecossistema onde ocorrem fluxos de energias e que o manejo desta energia dentro do siste-
ma irá conduzir para a sustentabilidade ou não. Caso contrário, o meio urbano irá subtrair 
essa energia de outro ecossistema, aumentando consideravelmente a pressão pelos recursos 
naturais.
Neste sentido, segundo Odum (2007), vale observar que ocorrem quatro diferentes mo-
delos de ecossistemas, descritos no quadro 1.
Planejamento urbano sustentável
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
8
117
Quadro 1 – Modelos de ecossistemas.
1) Ecossistemas naturais que são aqueles que depen-
dem da energia solar para produção de sua energia e pos-
suem funções primordiais para a manutenção da vida;
2) Ecossistemas com subsídios naturais que são aqueles que também depen-
dem de energia solar, porém recebem também outras fontes de energias;
3) Ecossistemas com subsídios antropogênios que são aqueles que re-
cebem energia solar e entradas de energias de origem fóssil;
4) Ecossistemas urbano-industriais são aqueles ecossiste-
mas dependentes dos outros três ecossistemas anteriores e que 
são movidos principalmente por combustíveis fósseis.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Com esse conceito, as características e formas de desenvolvimento atuais do ecossiste-
ma urbano necessitam de outras fontes de entrada de energia para a sua manutenção, ge-
rando consumo energético advindo de recursos naturais presentes em outros ecossistemas 
como florestas, solos, rios e oceanos, pois este ambiente não está sendo capaz de produzir 
sua própria energia.
A forma como o meio urbano está organizado é totalmente insustentável, pois está ge-
rando um consumo acelerado dos recursos não renováveis como petróleo e carvão mineral 
e uso irracional de recursos renováveis, levando ao seu esgotamento. Isto tem ocorrido por-
que as formas de consumo não respeitam a capacidade de suporte e os processos biogeo-
químicos de ciclagem energética dos recursos naturais que são limitados dentro de seus 
ecossistemas.
O uso inadequado e sem planejamentos dos fluxos energéticos que abastecem as cida-
des geram quantidades enormes de resíduos, pois a quantidade captada nos ecossistemas é 
muito maior que a demanda, gerando perda e descarte energético. Eles são levados princi-
palmente pela água e ar, ocasionando processos de poluição de ambos como, por exemplo, 
os altos índices de enxofre na atmosfera e rios altamente poluídos por elementos químicos 
em alta concentração.
A forma como as cidades estão organizadas também afetam seriamente a qualidade de 
vida das pessoas, pois as utilizações dos espaços são de adensamentos e aglomerados com 
alta impermeabilização do solo e com poucas áreas verdes. Como resultado, os problemas 
sociais e ambientais ficam evidentes como, por exemplo, a ocorrência frequente de enchen-
tes e inundações, acúmulo de resíduos sólidos, conflitos sociais, desenraizamento cultural, 
ocupação irregular de áreas de proteção ambiental como os mananciais de água etc. 
Diante disso, para manter o estilo e modo de vida atual nos centros urbanos, sejam 
eles grandes ou pequenos, inevitavelmente haverá uma demanda energética de outros 
Planejamento urbano sustentável
118 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
8
ambientes especialmente dos naturais, pressionando cada vez mais os recursos naturais pre-
sentes nos ecossistemas. Também por falta de planejamentos inclusivos, que levam em conta 
os interesses difusos da coletividade, os problemas gerados pela urbanização desordenada 
terão como consequências altas densidades populacionais, escassez de habitação, redução 
da biodiversidade, poluição das águas e do ar, formação de ilhas de calor, etc.
O que percebemos é que o meio urbano é insustentável e há a necessidade urgente da 
busca por soluções de eliminação e/ou redução dos impactos nos ecossistemas e na própria 
estrutura urbana. Não há dúvidas que este processo tem início na tomada de consciência da 
importância de se fazer planejamentos urbanos que vão de encontro com a sustentabilida-
de. Assim, a partir do comprometimento com políticas públicas planejadas das instituições 
legisladoras e gestoras públicas, e também da sociedade civil, as soluções e resoluções co-
meçam a aparecer.
A ideia do planejamento urbano sustentável deve ter como base incorporar os princí-
pios da ecologia como, por exemplo, fluxo energético e ciclagem de nutrientes nos espaços 
urbanos. A vida nas cidades trouxe de certo modo um conforto para as pessoas com relação 
aos acessos aos serviços de saúde, alimentação entre tantos, no entanto o planejamento é 
algo fundamental para a manutenção desse conforto na busca da redução dos impactos 
ambientais negativos nos recursos naturais que a sustentam como água, solo, florestas etc.
Para o planejamento urbano que visa à sustentabilidade, de acordo com Hussain (2015), 
é importante levar em consideração quatro funções estruturais, apresentadas no quadro 2.
Quadro2 – Funções estruturais presente no planejamento para a sustentabilidade.
1) Proteger a biodiversidade: projetar o espaço ur-
bano integrado com a flora e fauna nativa;
2) Proteger os processos hidrológicos: projetar ações de saneamento 
visando à eliminação da poluição dos recursos hídricos, projetar ações 
de macrodrenagem e recuperação/naturalização dos corpos d’água;
3) Promover a estabilidade climática: projetar ações sustentáveis, como 
o aumento da mobilidade com ciclovias e transporte público, políti-
cas públicas de incentivo à redução de emissões de poluentes etc.;
4) Verificar a utilidade correta dos mecanismos e mate-
riais destinados para aquele fim: projetar ações mais efi-
cazes para os aparelhos de serviços públicos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
A mesma autora enfatiza que para o planejamento sustentável deve-se priorizar a pro-
jeção de espaços livres urbanos, os quais possuem funções essenciais para o equilíbrio am-
biental como o acolhimento à biodiversidade, permeabilidade adequada de água de chuva, 
regulação do microclima etc. Esses espaços livres urbanos devem ser ricos em bosques e 
praças, canteiros centrais e ruas arborizadas, possuir amplos espaços de lazer e prioridades 
na mobilidade sustentável como ciclofaixas e múltiplos transportes coletivos públicos.
Planejamento urbano sustentável
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
8
119
Para implantar os espaços livres urbanos é necessário um amplo processo de educação 
ambiental junto à comunidade impactada/beneficiada, pois as heranças culturais das formas 
como as cidades foram concebidas e vividas pelas pessoas são bem diferentes da proposta 
do planejamento urbano sustentável. Esta prerrogativa remete a processos de legitimação/
deslegitimação de práticas cotidianas das pessoas, portanto para se chegar a um consenso 
em como realizar a sensibilização ambiental por meio de processos educativos, torna-se 
fundamental o reconhecimento da relevância da sustentabilidade.
Para o cumprimento de tal desafio, os processos de educação ambiental devem ser 
intensos e contínuos, sendo monitorados a fim de verificar os avanços na tomada de 
consciência das pessoas envolvidas e na eficiência da aplicabilidade do planejamento 
urbano sustentável. 
A relação e inserção de práticas de sustentabilidade ao meio urbano tem origem em 
debates políticos e técnicos especialmente na Conferência da ONU para o Desenvolvimento 
e Meio Ambiente no Rio de Janeiro em 1992, que estabeleceu os princípios da Agenda 21. 
Evidencia-se a necessidade da compatibilidade do bem viver das pessoas com a durabi-
lidade do desenvolvimento ao longo do tempo, fechando um ciclo equilibrado de fluxos 
energéticos que se interagem com ecossistemas fora das áreas urbanas, fornecendo de forma 
sustentável as matérias-primas necessárias para a sobrevivência humana.
No entanto, como estamos em uma fase de transição de um modelo antigo de desen-
volvimento urbano que gera grande pressão aos recursos naturais para um novo, que tem a 
sustentabilidade como base, verifica-se constantemente grande resistência no debate sobre 
políticas urbanas, com contínuos movimentos de sentido oposto ao planejamento urbano 
sustentável. Tal fato é bem compreendido quando se verifica que os interesses individuais 
ou de grandes e fortes grupos econômicos e políticos são ameaçados pelas ideias de inte-
resse difuso e bem da coletividade com menos concentração de renda e maior equidade 
socioambiental.
Na sustentabilidade urbana, além das práticas inclusivas de todas as classes sociais para 
receberem bons serviços públicos, salientam-se as estratégias de implementação do conceito 
de cidades como fomentadoras de negócios, também denominadas de “cidades-empresa”. 
Como a sustentabilidade é uma discussão mundial e em muitos países tem sido um desa-
fio buscar tal forma de desenvolvimento, as cidades que estão promovendo planejamentos 
que focam a sustentabilidade têm atraído investimentos, tornando-se referências regionais 
e nacionais, como é o caso de Curitiba/PR e recentemente Belo Horizonte/MG, melhorando 
significativamente a vida de milhares de pessoas quanto à mobilidade, geração de trabalho 
e renda, saneamento etc.
Guiar as cidades para a sustentabilidade significa maior interação e melhor produtivi-
dade no uso dos recursos ambientais, fortalecendo as vantagens competitivas de maneira 
justa e com interação e elaboração conjunta dos planejamentos econômicos, emergindo as-
sim uma nova cultura de cidades sustentáveis.
Planejamento urbano sustentável
120 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
8
8.2 Etapas para o planejamento 
urbano sustentável
Para o planejamento urbano sustentável há a necessidade da definição de quais serão 
os temas específicos de cada localidade, que serão incorporados nas correlações do planeja-
mento para a implementação do processo.
São três etapas estruturantes que servirão como base para a implementação de projetos 
e ações de sustentabilidade no meio urbano (quadro 3). 
Quadro 3 – Etapas estruturantes para o planejamento urbano sustentável.
1) Descrição.
2) Proposição.
3) Prescrição.
Fonte: Elaborado pelo autor.
8.2.3 Descrição
A etapa da descrição é a primeira a ser desenvolvida, pois ela faz o delineamento de 
uma base descritiva composta por diagnósticos, levantamentos e inventários de dados pri-
mários e secundários que irão compor o banco de dados.
Uma vez sistematizado o banco de dados, tem início o momento analítico das informa-
ções visando à compreensão e a correlações interdisciplinares dos setores, como a mobilida-
de, lazer, arborização urbana, saneamento, saúde etc.
Com o auxílio de diversas metodologias e instrumentos analíticos é gerado o planeja-
mento urbano voltado para a sustentabilidade, devendo ficar claro, tanto para os gestores 
como para a população, as inter-relações das áreas, bem como as propostas de ações. 
Nesta etapa, o envolvimento e participação da comunidade é muito importante e pode 
ocorrer de várias maneiras como conferências municipais, audiências públicas ou workshops. 
A participação proporciona legitimidade e identidade com as propostas, facilitando bastan-
te o sucesso da implementação. Quando ocorre a participação em processos de tomadas de 
decisões de interesses da coletividade, ocorre o exercício da cidadania por parte dos indiví-
duos e o fortalecimento democrático das instituições.
Quando o processo de planejamento é feito com a participação da sociedade e se tor-
na transparente, também ocorre a qualificação das questões diagnosticadas e planejadas, 
levando ao maior esclarecimento da efetividade da resolução dos problemas levantados, 
apontando as principais condicionantes, deficiências, potencialidades e as ações necessárias 
de enfretamento das fragilidades.
Planejamento urbano sustentável
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
8
121
8.2.4 Proposição
Nesta segunda etapa, chamada de propositiva, organiza-se e propõem-se inúmeras e 
complexas propostas de resolução dos problemas diagnosticados. 
Neste momento, as propostas e busca de alternativas para o modelo de desenvolvimen-
to urbano em curso deve valorizar os casos de sucesso diagnosticados e toda sua potenciali-
dade e somar com novas ações, considerando os fatores como recursos humanos, materiais, 
financeiros, técnicos, tecnológicos, temporais, políticos etc., presentes na localidade.
O conceito de desenvolvimento sustentável, que considera a capacidade de uso e re-
siliência dos ambientes envolvidos e a manutenção do equilíbrio energético dos sistemas, 
deve estar presente em todas as propostas sugeridas, sendo materializado em metas claras e 
objetivas para o cumprimento de tal finalidade. 
8.2.5 Prescrição
Esta terceira etapa é o momento da consolidação do planejamento urbano sustentável. 
Tendo as informações estudadas e analisadas – que são a base para as proposições que acon-
tecem em momentos de ampla discussão pública e que são apontadas situações para cada 
setor envolvido das potencialidadese identificação das fragilidades, chega a hora definitiva 
da aprovação das propostas.
Nesta etapa são descritas todas as ações definitivas a serem implantadas com um crono-
grama físico e se possível financeiro bem claro. Uma vez definidas as ações, vinculam-se as 
condicionantes de aplicabilidade, que têm como os principais indicadores:
• os conflitos e aspectos políticos da localidade;
• aspectos financeiros e técnicos; 
• aspectos estruturais;
• outros (identificados nas etapas anteriores).
Desta forma, é possível definir as situações reais de implantação do planejamento urba-
no sustentável, definindo as metas alcançáveis e as desejáveis.
8.2.6 Implementação
A implementação é a realização do planejamento executado tendo as 3 etapas descritas 
acima como estruturantes. São ações e projetos que viabilizam as propostas consolidadas.
Para a implementação é necessário que se organize uma estrutura de comando e contro-
le, a fim de monitorar e avaliar a sua efetividade e real aplicabilidade.
Os indicadores que compõem a estrutura de implementação estão detalhados no quadro 4.
Planejamento urbano sustentável
122 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
8
Quadro 4 – Indicadores da estrutura de implementação.
Indicadores Descrição
Resolutiva Verifica a viabilidade executiva através das ações 
físico-territoriais, sociais, econômicas e/ou insti-
tucionais e também os conteúdos das propostas 
condicionadas ao grau de governabilidade dos 
grupos políticos vigentes, condições sociopo-
líticas e nível de participação comunitária;
Monitoramento Verifica a manutenção e/ou manejo das áreas de 
intervenção com coleta, tratamento, arquivamento, 
manutenção e operação de indicadores de quali-
dade, que podem servir para a revisão de ações;
Controle Desenvolve a fiscalização das ações propostas, 
promove ações educativas visando à conscienti-
zação para melhor viabilização do planejamen-
to e avaliação global do processo de gestão;
Revisão Com base nas informações geradas pelos in-
dicadores descritos acima, envolve a adoção 
das medidas necessárias à atualização constan-
te, total ou parcial, das diretrizes adotadas.
Fonte: Elaborado pelo autor.
A constante revisão do processo é fundamental para a manutenção do processo e sua 
legitimidade, fomentando o alcance real das metas estabelecidas. Uma vez que qualquer 
processo de gestão deve ser dinâmico, é importante a constante retroalimentação de in-
formações com tratamento e análise sistêmica, a fim de elaborar os ajustes que se fazem 
necessário.
A gestão deve ter como base o planejamento e atuar em vários setores do meio urbano 
como, por exemplo, o setor ambiental, territorial, social, econômico, institucional. Além dis-
so, a gestão também deverá atuar de forma dimensional, que pode ser:
• Unidimensional: busca especificar as dependências das diversas etapas do proces-
so entre si e com os objetivos e metas pretendidas, estabelecendo correlações com 
o processo global do planejamento.
• Multidimensional: o planejamento e gestão devem ter caráter multi, inter e trans-
disciplinar dos procedimentos, uma vez que todas as áreas do conhecimento exer-
cem influência e atuam nos territórios. 
Por fim, ressalta-se que a sustentabilidade urbana não está circunscrita no seu próprio 
espaço e como mencionado anteriormente ela está vinculada a uma noção de sistema e é 
dependente dos recursos naturais dos ecossistemas que estão presentes nos espaços rurais. 
Dessa forma, o desenvolvimento urbano sustentável deve estar diretamente relaciona-
do com o desenvolvimento rural sustentável, uma vez que as cidades são consumidoras de 
recursos naturais e de espaço para a deposição de rejeitos.
Planejamento urbano sustentável
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
8
123
Assim, qualquer planejamento que vise à sustentabilidade deve ter bem claro em suas 
propostas a integração do meio urbano e rural em uma visão sistêmica e de fluxo de energia. 
Havendo esta visão geral, as inúmeras práticas de ações de desenvolvimento sustentável 
vão ficar mais facilitadas para sua criação, desenvolvimento e consequente sucesso.
8.3 Práticas de planejamento urbano sustentável
O espaço a ser considerado, numa classificação em relação a seus recursos, é constituído 
por um capital ambiental, que inclui os elementos a seguir (quadro 5).
Quadro 5 – Elementos constituintes do capital ambiental. 
• Naturais: representados pelos recursos naturais;
• Humano: representado pelo conhecimento elaborado por pessoas; 
• Tecnológico: representado pela infraestrutura artificial;
• Moral: representado pela cultura e relações éticas.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Para alcançar a sustentabilidade, a manutenção e equilíbrio de todos os elementos do 
capital ambiental devem ser preconizados e mantidos ao longo do tempo. Deve-se também, 
proporcionar múltiplas trocas entre eles, sabendo que um planejamento urbano sustentável 
é inter, multi e pluridisciplinar.
A noção de desenvolvimento urbano sustentável traz consigo conflitos teóricos de 
questionamento da efetividade das ações, uma vez que o sistema capitalista hegemônico 
tem muitas dificuldades de dialogar com os princípios da sustentabilidade. No entanto, por 
todos os cantos do mundo existem inúmeras correntes compostas por grupos de profissio-
nais heterogêneos e interdisciplinares que estão mobilizando e fomentando grande esforço 
no sentido de implementar projetos de desenvolvimento urbano sustentável.
Para identificarmos se uma cidade está no caminho da sustentabilidade, é necessário 
observar se o espaço urbano está integrado de forma equilibrada com o meio rural, no senti-
do do consumo de recursos naturais, e se estão desenvolvendo, em suas múltiplas áreas de 
gestão, práticas voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população, desenvolvi-
mento econômico e preservação/conservação/recuperação do meio ambiente. 
Para quem visita uma cidade com este perfil de planejamento, é facilmente observável, 
quando se desloca por ela, sentir seus resultados pelas inúmeras opções de mobilidade, espaços 
públicos oferecendo serviços de qualidade e inclusivos, limpeza, boa arborização urbana etc. 
Ainda não é possível verificar uma cidade que seja totalmente sustentável, mas sim que pratica 
ações de sustentabilidade e que essas são transitórias e potencializadoras no desenvolvimento 
de novas tecnologias e grande sensibilizadora da população, que, uma vez habituada a viver 
com este tipo de cidade, torna-se crítica e corresponsável em suas ações individuais. 
As práticas mais comuns e que já estão bem estabelecidas em diversas cidades tanto no 
Brasil como no mundo estão organizadas no quadro 6.
Planejamento urbano sustentável
124 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
8
Quadro 6 – Principais ações de sustentabilidade urbana praticadas atualmente. 
Descrição Ações Resultados
Combate às 
mudanças 
climáticas
- incentivo ao consumo e 
desenvolvimento limpo.
- aumento e conservação 
de áreas verdes para es-
tocagem de carbono.
- incentivo a fontes de 
energia renováveis e 
limpas como, por exem-
plo, a energia solar.
- contribuição para a mitiga-
ção das mudanças climáticas.
- contribuição para o aumento 
de outras fontes de energia.
- redução da poluição ao nível local.
- contribuição para o equilí-
brio dos ecossistemas natu-
rais e sua biodiversidade.
Conservação dos 
recursos naturais
- incentivo à proteção e 
usos racionais dos recursos 
naturais como, por exemplo, 
compra de madeira de ori-
gem legal e manejo susten-
tável, consumo de produtos 
de origem agroecológica.
- conservação e equilíbrio dos 
ecossistemas naturais.
- conservação da biodiversidade.
- conservação e respei-
to de povos tradicionais.
- redução da poluição dos recursos 
hídricos, solo e ar por agroquímicos.
- manutenção da ofer-
ta de recursos naturais .
Planejamento 
do transpor-
te público
- melhoria e amplia-
ção da mobilidade.
- incentivo ao uso de trans-
portes alternativos, como bi-
cicleta, caronas solidáriasetc.
- redução de veículos nas ruas.
- melhoria para a saúde pública.
- melhoria nas relações humanas.
- redução da poluição atmosférica.
Promoção 
da justiça 
socioambiental
- respeito às comunidades 
tradicionais e grupos étnicos.
- conservação da biodiversidade.
- conservação de saberes tradicionais.
- redução da pobre-
za e injustiça social.
Destinação 
adequada para 
o resíduo sólido
- implantação de aterros 
sanitários com uso múltiplo 
energético como, por exem-
plo, o metano como fonte na 
produção de energia elétrica.
- cumprimento da legisla-
ção vigente sobre o tema.
- redução de doenças 
- redução da contaminação do 
solo e recursos hídricos.
- melhoria no sistema energético.
- redução da pressão nos 
recursos naturais.
Planejamento urbano sustentável
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
8
125
Descrição Ações Resultados
Destinação 
adequada para 
o esgotamen-
to sanitário
- implantação de sistema de 
coleta e tratamento do esgo-
to doméstico e industrial.
- redução de doenças. 
- redução da contaminação do 
solo e recursos hídricos.
- aumento do espaço de lazer.
- aumento de fontes de alimentação.
- aumento de fonte de gera-
ção de trabalho e renda.
Execução de 
ações de educa-
ção ambiental
- elaboração de programas 
para o ensino formal e não 
formal de educação ambien-
tal para cidades sustentáveis.
- aumento da sensibili-
zação ambiental.
- aumento da criticidade das pes-
soas acerca de assuntos coletivos.
- aumento da participação na 
resolução de problemas.
Fortalecimento 
do sistema 
educacional 
- destinação adequada de 
recursos financeiros e estí-
mulo a uma escola forma-
dora de alunos críticos.
- aumento da criticidade das pes-
soas acerca de assuntos coletivos.
- aumento da participação na 
resolução de problemas.
Incentivo à 
economia local
- organização de fei-
ras de trocas.
- organização de feiras de 
artesanatos, produtos agroe-
cológicos, arte e cultura.
- melhoria das condições de 
vida de pessoas economica-
mente menos favorecidas e 
com menos oportunidades.
- valorização de conhecimentos.
Incentivo 
ao consumo 
responsável
- sensibilização sobre o 
consumo de produtos 
socioambientais justos.
- redução da pressão e impactos 
negativos aos recursos naturais.
Conservação dos 
recursos hídricos
- recuperação de ma-
tas ciliares.
- elaboração de planos de 
recuperação e usos das 
microbacias hidrográficas.
- cumprimento da le-
gislação ambiental e 
de saúde vigente.
- incremento na biodiversidade.
- equilíbrio dos ecossistemas.
- segurança hídrica para o abasteci-
mento público, produção industrial.
- segurança energética.
Criação e va-
lorização dos 
espaços verdes
- implementação de no-
vos espaços como bos-
ques, praças e parques.
- manutenção adequada.
- inclusão social em 
espaços verdes.
- equilíbrio para o microclima.
- aumento de inter-relações sociais.
- incremento na biodiversidade.
- aumento dos espa-
ços de cultura e lazer. 
Planejamento urbano sustentável
126 Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
8
Descrição Ações Resultados
Implantação de 
programa de ar-
borização urbana
- elaboração de planejamen-
to através de inventários. 
- elaboração de legis-
lação para o tema.
- redução da poluição atmosférica.
- proteção dos recursos hídricos.
- melhoria do microclima.
- melhoria da qualida-
de de vida das pessoas.
- abrigo para a fauna.
Fonte: Elaborado pelo autor.
 Ampliando seus conhecimentos
Cinco princípios de planejamento urbano 
para tornar as cidades sustentáveis.
(GAETE, 2015) 
A urbanização na América Latina e China é um processo que tem se 
desenvolvido de forma muito similar, em decorrência do êxodo rural, mas 
que apresenta uma radical diferença: a velocidade.
Este fator se reflete, por exemplo, no fato de que nos últimos 35 anos 
as cidades chinesas receberam mais de 560 milhões de habitantes pro-
venientes das áreas rurais, quantidade equivalente a população total 
da América Latina, segundo o informativo “Urbanización Rápida y 
Desarrollo: Cumbre de América Latina y China”, elaborado pelo Banco 
Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Utilizando os dados deste documento como referência, a arquiteta Nora 
Libertun – PhD em Desenvolvimento Urbano no MIT e mestre em urba-
nismo na Universidade de Harvard – acaba de elaborar cinco princípios 
para que a urbanização e os desafios colocados por ela possam ser abor-
dados através de um enfoque sustentável, evitando, assim, a exagerada 
expansão urbana e o desequilíbrio do meio ambiente.
Veja, a seguir, os cinco princípios colocados por Nora Libertun:
1. Entender os serviços urbanos como partes de um circuito 
integrado.
Os serviços urbanos, como a água potável, luz elétrica e transporte público, 
entre outros, devem ser concebidos como um circuito único e não como a 
soma das suas partes através da infraestrutura de cada um.
Planejamento urbano sustentável
Sistema de Gestão e Planejamento Ambiental
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Desta forma, a arquiteta Libertun considera que o circuito composto pelos 
serviços urbanos que deve ser otimizado na sua totalidade. Também apre-
senta um exemplo a respeito do zoneamento urbano quando se amplia a 
rede de transporte, entendendo que “uma melhor comunicação aumenta 
a demanda de espaço comercial e residencial”.
2. Alinhar os incentivos econômicos com os benefícios 
ambientais. 
Nas cidades, é bastante comum encontrar locais urbanizados, mas em 
desuso. Por este motivo, a arquiteta considera que se são desenhados pro-
jetos que tornam possível reutilizar estes espaços, esta prática deve ser 
recompensada e não proibida. 
Para isso, propõe que os incentivos possam ser documentados em políti-
cas que promovam a ocupação em áreas urbanas, o que evitaria a constru-
ção de novos lugares nos subúrbios. 
3. Compreender que a sustentabilidade é inclusiva 
A chegada de novos habitantes nas cidades traz consigo uma maior demanda 
de serviços urbanos. Contudo, se os governos não os proporcionam, abrem-
-se caminhos para a criação de serviços que abastecem os bairros informais, 
que na América Latina acolhem um terço da sua população urbana, ou seja, 
160 milhões de pessoas segundo o informativo do BID. Na China, a porcenta-
gem é a mesma, representando 234 milhões de habitantes.
Diante disso, Libertun apresenta a ideia que é necessário ampliar a cober-
tura dos serviços urbanos, considerando o fato de que a sustentabilidade não 
pode ser alcançada se parte da população continua excluída destes serviços.
4. Incluir a sociedade civil na proteção do meio ambiente.
Casos como a recuperação e conservação do rio Erren (Taiwan) por parte dos 
seus habitantes e a revitalização de um espaço subutilizado na área de jogos 
sustentável para as crianças de Uraycamuy (Bolívia), são alguns dos exem-
plos do que pode acontecer quando diversas organizações trabalham junto 
com os habitantes, fazendo com eles valorizem e reconheçam seu entorno.
Por este motivo, a arquiteta acredita que é importante favorecer a partici-
pação das comunidades, já que é assim que “os residentes valorizam seu 
entorno, utilizando e cuidando”.
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5. Fomentar o intercâmbio de conhecimento entre as cidades.
A medida em que as cidades se desenvolvem, surgem novos desafios que 
podem ser ambientais, culturais, de desenho, gestão, etc. Por este motivo, 
Nora Libertun vê como uma oportunidade que as cidades compartilhem 
suas experiências e aprendizagens, para superar os desafios que podem 
ter pontos em comum.
Neste sentido, há alguns meses, Santiago integra uma rede que procura 
cumprir com o intercambio de conhecimento, focada em desenvolver 
estratégias para que as cidades saibam como se recuperar de uma crise 
que pode ser econômica, física e social.
Trata-se da organização 100 Cidades Resilentes, dependente da Fundação 
Rockefeller, que em 2014 avaliou as propostas das cidades interessadas 
em fazer parte desta rede e que finalmente lhe permitiueleger 35 cida-
des, sendo uma delas Santiago, que foi representada pela proposta da 
Organização Resiliência Sul.
 Atividades
1. Relacione possíveis ações de um planejamento ambiental relativos a:
• Proteção da biodiversidade.
• Proteção dos processos hidrológicos.
• Promoção da estabilidade climática.
2. Verifique, em uma cidade de sua escolha, se existem ações de planejamento ambien-
tal e se elas estão organizadas a partir da etapa da prescrição.
3. Liste ações de sustentabilidade em espaços urbanos promovidos pelo poder público 
e privado.
 Referências
ACSELRAD, Henri. Discursos da sustentabilidade urbana. Revista Brasileira de Estudos Urbanos 
e Regionais. Disponível em: <http://unuhospedagem.com.br/revista/rbeur/index.php/rbeur/article/
view/27>. Acesso em: 29 nov. 2016.
BRASIL. Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, 
estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso em: 13 nov. 2016.

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