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LIVRO SOCIOLOGIA GERAL

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SOCIOLOGIA GERAL
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
Sociologia Geral – Profª. Ms. Claudete Camargo Pereira Basaglia
 
Meu nome é Claudete Camargo Pereira Basaglia. Aprendi 
em minha casa que foi meu pai quem escolheu meu nome. 
Ele não vive mais, e eu sempre fico pensando que deveria 
ter pedido a ele que contasse sua versão dessa história. Com 
esse nome, tornei-me filha, irmã, neta, sobrinha, prima, 
amiga, mãe, tia, madrinha e professora. É essa brasileira, 
nascida em Piracaia-SP, que se apresenta para partilhar as 
aventuras do saber acadêmico.
e-mail: claudete.sociologia@gmail.com
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
SOCIOLOGIA GERAL
Claudete Camargo Pereira Basaglia
Batatais
Claretiano
2013
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
 
301 B313s
 Basaglia, Claudete Camargo Pereira
 Sociologia geral / Claudete Camargo Pereira Basaglia – Batatais, SP :
 Claretiano, 2013.
 138 p.
 ISBN: 978-85-8377-098-5
 1. Rupturas na história: inquietações, desafios, novos rumos no contexto do 
 surgimento da Sociologia. 2. Estudo científico da sociedade. I. Sociologia geral. 
 
 CDD 301
 
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza
Patrícia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu 
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Bibliotecária 
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
Revisão
Cecília Beatriz Alves Teixeira
Felipe Aleixo
Filipi Andrade de Deus Silveira
Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Claretiano - Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 13
UNIDADE 1 – RUPTURAS NA HISTÓRIA: INQUIETAÇÕES, DESAFIOS, 
NOVOS RUMOS NO CONTEXTO DO SURGIMENTO 
DA SOCIOLOGIA
1 OBJETIVO .......................................................................................................... 31
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 31
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 31
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 32
5 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E REVOLUÇÃO FRANCESA: INOVAÇÕES NA 
VIDA SOCIAL ..................................................................................................... 34
6 A CONSOLIDAÇÃO DO CAPITALISMO ............................................................. 38
7 O ADVENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E DA SOCIOLOGIA ................................ 40
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 43
9 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTEÚDO DA UNIDADE ................................. 44
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 44
UNIDADE 2 – ESTUDO CIENTÍFICO DA SOCIEDADE
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 47
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 47
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 47
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 48
5 ORIGEM DA SOCIOLOGIA ................................................................................ 50
6 A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA “FILHA DA REVOLUÇÃO” ............................ 51
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 56
8 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTEÚDO DO TEXTO ...................................... 56
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 57
UNIDADE 3 – SOCIOLOGIA: CONCEPÇÕES, CONCEITOS, PERSPECTIVAS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 59
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 59
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 60
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 62
5 ÉMILE DURKHEIM: AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO ....................... 64
6 KARL MARX: CONFLITOS NA SOCIEDADE INDUSTRIAL ................................. 69
7 MAX WEBER: HISTÓRIA, ECONOMIA E DOUTRINA RELIGIOSA .................... 75
8 DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO NO BRASIL ............ 82
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 84
10 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTEÚDO DO TEXTO ....................................... 85
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 87
UNIDADE 4 – UM ESTUDO DE SOCIOLOGIA: O QUE TORNA POSSÍVEL A 
CONVIVÊNCIA HUMANA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 89
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 89
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 90
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 91
5 APRENDER A SER UM MEMBRO DA SOCIEDADE ........................................... 92
6 CULTURAS HUMANAS: RESPOSTAS AOS PROBLEMAS DE 
COMPREENSÃO DO MUNDO ........................................................................... 99
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 105
8 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTEÚDO DO TEXTO ....................................... 106
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 106
10 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 107
UNIDADE 5 – SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA: VELHAS E NOVAS 
QUESTÕES SOCIAIS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................109
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 109
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 109
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 111
5 DESIGUALDADE SOCIAL ................................................................................... 113
6 A QUESTÃO DA POBREZA ................................................................................ 114
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 120
8 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTEÚDO DO TEXTO ....................................... 121
9 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 122
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 122
UNIDADE 6 – DESIGUALDADE SOCIAL: GRUPOS MINORITÁRIOS, 
PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 123
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 123
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 123
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 124
5 A DESIGUALDADE SOCIAL E A QUESTÃO DAS MINORIAS ............................. 125
6 O PRECONCEITO E A DISCRIMINAÇÃO ........................................................... 130
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 135
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 135
9 E-REFERÊNCIA .................................................................................................. 137
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 137
EA
D
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Uma introdução ao estudo da Sociologia. Rupturas na história: inquietações, 
desafios, novos rumos no contexto do surgimento da Sociologia. Estudo cientí-
fico da sociedade. Sociologia: concepções, conceitos, perspectivas. Sociologia 
contemporânea: velhas e novas questões sociais. Desigualdade social: grupos 
minoritários, preconceito e discriminação. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste texto é apresentar uma perspectiva da So-
ciologia para estudantes universitários de cursos de Graduação. 
Assim, pretendemos apresentar a Sociologia não como um conjun-
to de verdades científicas imutáveis, mas como uma possibilidade 
de compreensão sobre quem somos no contexto social e histórico.
Trata-se de uma perspectiva segundo a qual a Sociologia é 
entendida como um campo de conhecimento que pode ir além do 
exercício intelectual abstrato, contribuindo para a compreensão 
© Sociologia Geral10
da vida mediante uma dinâmica de atividade prática libertadora, o 
que é alcançado quando conseguimos desvelar tanto as oportuni-
dades quanto as restrições às quais estamos sujeitos.
Para alguns, serão ideias novas; para outros, nem tanto; e 
ainda haverá aqueles que apenas reverão o que já sabem. A apre-
sentação dos assuntos é organizada de modo que a compreensão, 
as discussões e as reflexões decorrentes da leitura e do estudo se 
apresentem como conhecimentos geradores de autonomia inte-
lectual suscetível de interferências em busca de justiça social.
Mas, afinal, por que estudar Sociologia?
O argumento inicial está vinculado ao objetivo aqui propos-
to: de contribuir, de maneira efetiva, na formação de um profissio-
nal comprometido socialmente.
Apresentar a Sociologia como uma matéria que pode interes-
sar a todas as áreas do conhecimento humano é outro argumento, 
mas isto não significa que ela pode explicar tudo o que ocorre na 
sociedade, uma vez que muitos dos acontecimentos relacionados 
à existência humana escapam aos seus critérios.
Ainda assim, a Sociologia toca em todos os domínios humanos 
da vida em sociedade: relações familiares, educacionais, empresariais, 
políticas, religiosas, ambientais, esportivas, recreativas, entre outras. 
Desse modo, ela pode interessar, de modo acentuado, a planejadores, 
educadores, profissionais da área médica, publicitários, jornalistas, polí-
ticos, administradores, empresários; enfim, às pessoas em geral.
A abordagem sociológica, mediante seus conceitos, suas 
teorias e seus métodos, pode constituir-se um instrumento de 
compreensão das situações cotidianas e das múltiplas relações so-
ciais que delas decorrem.
Quando adequadamente compreendida em seus propósitos 
e limites, a Sociologia também apresenta uma contribuição inte-
lectual e ética. Diferentemente da percepção do senso comum, 
ela oferece condições para interferência na construção de uma so-
Claretiano - Centro Universitário
11© Caderno de Referência de Conteúdo
ciedade mais justa, sendo esta uma das razões que justificam sua 
inclusão nos currículos universitários.
Um dos desafios da Sociologia está em conduzir descrições 
e análises para além de impressões e de opiniões. Essa tarefa não 
é fácil, porque as questões às quais a Sociologia se refere estão 
presentes no cotidiano, ou seja, estão muito próximas de todos, e 
a familiaridade com os temas pode afastá-la da exigência da visão 
rigorosamente sociológica da sociedade.
A visão sociológica da sociedade caracteriza-se pelo crivo 
teórico, pois é a teoria que nos permite identificar as relações en-
tre os fenômenos. A posse e o domínio do recurso teórico tornam 
possíveis a explicação e o entendimento das causas e dos efeitos 
dos fenômenos sociais, o que também torna possíveis as proje-
ções sobre o seu desenvolvimento.
Como objetivos da abordagem sociológica, devem manter-se:
• afastar-se, sempre que possível, de distorções promovi-
das pela subjetividade e expressas mediante opiniões e 
impressões;
• interessar-se por aproximações com a percepção objetiva 
dos fatos, percepção essa que deve ser, invariavelmente, 
orientada pela teoria.
A teoria sociológica é científica e, como todas as teorias cien-
tíficas, deve ser um meio para a compreensão da realidade passí-
vel de observação. Trata-se de um meio que não se basta por si 
mesmo, pois, como toda ciência, a Sociologia é um produto social. 
É a Sociologia que existe por causa da sociedade, e não o contrário.
No entanto, a Sociologia não deve ser reconhecida apenas 
por suas teorias e seus formuladores, e, sim, como um instrumen-
to adequado ao estudo, ao conhecimento e ao reconhecimento da 
sociedade e da realidade observável, porque, quando uma teoria 
científica passa a ser considerada um fim em si mesma, quando se 
torna mais importante do que os fatos aos quais ela se refere antes 
© Sociologia Geral12
de se transformar em um “instrumento adequado ao estudo”, se 
transforma em um obstáculo para o reconhecimento da realidade.
Levando em consideração essas questões, entendemos que 
um curso de Sociologia tem a função acadêmica de oferecer ao estu-
dante o acesso à teoria sociológica e tem, também, o compromisso 
de viabilizar a compreensão de sua experiência social cotidiana.
É preciso evitar que Sociologia se apresente ao estudante 
como ficção desvinculada das questões desafiadoras presentes em 
seu dia a dia. Não se trata de uma matéria cujo conhecimento é 
apenas reservado para cumprir uma exigência curricular. Trata-se, 
sim, de um instrumento que pode ser eficiente para que o estu-
dante tanto compreenda sua situação pessoal diante da sociedade 
em que vive quanto possa organizar concepções da sociedade em 
seu contexto mais amplo.
O interesse geral e o crescimento do número de leitores, dado o 
aumento de cursos de Graduação e dePós-graduação, têm provocado 
a expansão de publicações de livros introdutórios que devem constituir 
uma base sobre a qual o leitor pode construir e ampliar o conhecimen-
to do campo da Sociologia. Esses escritos não constituem um livro-texto 
de Sociologia; trata-se de um material que deve ser utilizado em conju-
gação com livros introdutórios para, assim, oferecer uma base crítica 
que estimule a investigação e a pesquisa por conta própria.
Embora existam alguns elementos em comum na maioria dos 
cursos de Graduação pelo mundo afora, as pessoas que começam 
a aprender Sociologia, em qualquer lugar do mundo ou mesmo 
no interior de um país, provavelmente não estarão aprendendo 
as mesmas coisas. Há uma diversidade de abordagens, de tipos de 
conteúdos, e, por essa razão, devemos encarar com desconfiança 
quem afirma que existe, apenas, uma abordagem sociológica, que 
há concordância sobre grande parte das coisas.
Nessas circunstâncias, corre-se o risco de tratar a Sociolo-
gia como mera soma de conhecimentos que definem a sociedade 
contemporânea una e indivisível. Dessa forma, não haverá contri-
Claretiano - Centro Universitário
13© Caderno de Referência de Conteúdo
buições para a constituição de uma visão social que interfira na 
reelaboração de nossas práticas.
O conteúdo sociológico deve dar importância para a constru-
ção da cidadania e, para que isto ocorra, ele deve definir-se por ser 
crítico, ou seja, deve definir-se por:
1) Entender a totalidade social não como um fenômeno 
uno, mas, sim, como um fenômeno contraditório.
2) Pautar-se pelo princípio da contradição, segundo a qual 
a sociedade é compreendida como resultado de intera-
ções sociais que, ao mesmo tempo, são complementa-
res e antagônicas.
3) Contribuir para que o aluno como sujeito compreenda 
a dinâmica das interações sociais de modo que ele se 
perceba nelas como um elemento ativo.
4) Mobilizar o aluno para uma reflexão comprometida e 
uma ação transformadora das realidades.
HISTÓRIA NATURAL
Cobras cegas são notívagas.
O orangotango é profundamente solitário.
Macacos também preferem o isolamento.
Certas árvores só frutificam de 25 em 25 anos.
Andorinhas copulam no vôo.
O mundo não é o que pensamos (ANDRADE, C. D. História Na-
tural. In: CENTRO VEGETARIANO. Literatura. Disponível em: 
<http://www.centrovegetariano.org/literatura/article-157-
-hist%25f3ria%2bnatural.html>. Acesso em: 4 ago. 2010).
2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO
Abordagem Geral
Claudete Camargo Pereira Basaglia
Mestre em Sociologia
Neste item, apresenta-se uma visão geral do que será estu-
dado neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará 
em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma 
breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões 
no estudo de cada unidade. Esta abordagem geral visa fornecer-
© Sociologia Geral14
-lhe o conhecimento básico necessário para que você possa cons-
truir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural 
–, para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com 
competência cognitiva, com ética e com responsabilidade social.
Para iniciar nossa abordagem geral, é importante declarar 
que toda construção de um saber não ocorre como uma mágica; 
não há uma "varinha do condão". É preciso esforço, empenho e 
vontade. Mas precisamos acreditar que o resultado traz muitos 
benefícios, tanto pessoal quanto coletivo.
Então, vamos nos motivar para estudar Sociologia Geral. E 
essa motivação pode começar com a poesia Verdade, do poeta 
maior, Carlos Drummond de Andrade.
Verdade –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A porta da verdade estava aberta, 
mas só deixava passar 
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade.
Porque a meia pessoa que entrava só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade 
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso 
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades, 
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
Carecia optar. Cada um optou conforme 
seu capricho, sua ilusão, sua miopia 
(ANDRADE, C. D. Verdade. In: CENTRO VEGETARIANO. Literatura. 
Disponível em: <http://www.centrovegetariano.org/literatura/article-157-
-hist%25f3ria%2bnatural.html>. Acesso em: 4 ago. 2010). 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Claretiano - Centro Universitário
15© Caderno de Referência de Conteúdo
Vejamos a formação da palavra (Figura 1):
SOCIOLOGIASOCIOLOGIA
SOCIUS LOGOSSOCIUS LOGOS
ASSOCIADO ESTUDOASSOCIADO ESTUDO
ALIADO TRATADOALIADO TRATADO
COMPANHEIRO COMPANHEIRO 
Figura 1 Formação da palavra.
Por meio da Figura 1, verificamos que o sentido da palavra 
“sociologia” é um pouco diferente daquela definição que habitual-
mente costumamos ouvir: a Sociologia é a ciência da sociedade.
Refletir sobre esse sentido da palavra nos leva à compreen-
são de que ele diz respeito à nossa necessidade de convivência 
social, à nossa necessidade do sócio, do aliado, do companheiro, 
enfim, diz respeito à nossa necessidade do outro.
Decididamente, para humanizarmo-nos, precisamos convi-
ver socialmente.
Com exceção do Tarzan hollywoodiano, que cresceu em 
companhia dos macacos e, mesmo assim, aprendeu a falar inglês, 
todas as demais pessoas do mundo, para se tornarem humanas, 
precisam aprender com seus semelhantes uma série de atitudes 
que jamais poderiam desenvolver no isolamento.
Outro ponto que merece nossa consideração neste momento 
se refere à origem da Sociologia, que tem como base a Figura 2.
• Revoluções Francesa e Industrial.
• Preocupação com a sociedade capitalista.
• Busca de respostas para questões sociais.
© Sociologia Geral16
ORIGENS DA SOCIOLOGIAORIGENS DA SOCIOLOGIA
 A RevoluA Revoluçção Francesa e a Revoluão Francesa e a Revoluçção ão 
Industrial são a base da consolidaIndustrial são a base da consolidaçção ão 
da sociedade capitalistada sociedade capitalista
 A sociologia nasce como um conjunto A sociologia nasce como um conjunto 
de idde idééias que se preocupou com o ias que se preocupou com o 
desenvolvimento da sociedade desenvolvimento da sociedade 
capitalistacapitalista
 A sociologia busca respostas para as A sociologia busca respostas para as 
questões sociais advindas das questões sociais advindas das 
transformatransformaçções provocadas pelas ões provocadas pelas 
revolurevoluççõesões
Figura 2 Origens da Sociologia.
A partir do século 18, a economia do mundo foi constituída 
sob a influência da Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, 
enquanto a política e a ideologia foram constituídas pela Revolu-
ção Francesa.
O modelo econômico que rompeu com as estruturas tradi-
cionais do mundo foi fornecido pela Inglaterra. A França forneceu 
as ideias, o vocabulário do nacionalismo e os temas da política 
liberal para a maior parte do mundo.
Na França revolucionária, começaram a circular termos e 
expressões como: constituição, nação, eleição, Estado Moderno, 
poder executivo, poder legislativo, poder judiciário, direitos hu-
manos universais.
É importante ressaltar que a Revolução Industrial não se 
restringiu, apenas, à introdução da máquina a vapor e ao aperfei-
çoamento dos modos de produção. Ela representou muito mais. 
Representou o triunfo da indústria, comandada pelo empresário 
capitalista, que, pouco a pouco, concentrou a propriedade das má-
quinas, das ferramentas e das terras, transformando populações 
inteiras em trabalhadores despossuídos.
Claretiano - Centro Universitário
17© Caderno de Referência de Conteúdo
É na sociedade com essas características que:
• A Sociologia nasce como um conjunto de ideias que se 
preocupou com o desenvolvimento da sociedade capita-
lista.
• A Sociologia procura respostas para as questões sociais 
advindas das transformaçõesprovocadas pelas Revolu-
ções Industrial e Francesa.
Essas transformações ocorridas no século 19 favoreceram o 
surgimento da Sociologia como ciência. Mas e hoje? A Sociologia 
continua tendo alguma importância? Por que estudar Sociologia?
Observemos algumas razões pelas quais acreditamos que 
vale a pena estudar a Sociologia:
a) interessa a todas as áreas;
b) aborda domínios humanos da vida social;
c) é um instrumento de compreensão do cotidiano;
d) tem uma contribuição intelectual e ética;
e) possibilita interferência para a busca de uma sociedade 
mais justa.
Apresentamos algumas ideias com a finalidade de motivar 
aqueles que se sentem envolvidos pela aventura de aprender. En-
tretanto, não podemos deixar de dizer que a Sociologia contempo-
rânea tem desafios a vencer:
• A complexidade do mundo exige uma compreensão mais 
profunda de nossa posição e de nossos objetivos.
• Repensar os padrões sociais, isto é, as regularidades que 
ordenam a vida social, e hierarquizá-los.
Isto significa que muito há para ser feito.
Ainda, gostaríamos de registrar que há várias denominações 
para a Sociologia:
• Geral;
• da Educação;
© Sociologia Geral18
• da Alimentação;
• Urbana;
• Rural.
No entanto, isto não significa que houve um desmembramento 
da Sociologia. O que ocorreu foi uma diversificação de olhares para 
várias perspectivas das sociedades. Daí as várias denominações.
Embora a Sociologia seja considerada uma ciência moderna 
porque surgiu no final do século 19, os seres humanos, ao longo 
de sua história, não deixaram de observar e de refletir sobre suas 
sociedades e os grupos nos quais viviam.
Há sinais, em todas as civilizações e em todas as épocas, que 
mostram preocupações com a vida social, desde os registros ru-
pestres, os adereços e os utensílios até os escritos dos filósofos, 
dos pregadores religiosos e dos legisladores.
Qual seria, então, a diferença que distingue o pensamento 
social anterior à Sociologia das preocupações da Sociologia con-
temporânea?
Há características que distinguem a Sociologia como ciência 
do pensamento social anterior.
Existe um sentido real com o qual uma nova ciência da socie-
dade foi criada no século 19:
• Modificações radicais nas concepções da vida social, que 
deixa de ser rural e passa a ser urbana.
• Modificações nas atitudes humanas em virtude do surgi-
mento do capitalismo industrial, que dá origem ao traba-
lho assalariado e ao operário.
A novidade da dinâmica da sociedade capitalista – industrial, as-
salariada e urbana – provoca reações diferenciadas em diferentes pen-
sadores e dá origem à ciência que conhecemos como Sociologia, a qual:
• não surgiu de repente;
• não tem um único autor;
Claretiano - Centro Universitário
19© Caderno de Referência de Conteúdo
• há divergências e consenso entre os autores;
• oferece diferentes perspectivas.
Há uma pergunta fundamental que interessa à Sociologia: o 
que torna possível a organização social das relações entre os seres 
humanos? Para responder a essa pergunta, há três respostas con-
sideradas clássicas (Figura 3):
• Émile Durkhein.
• Karl Marx.
• Max Weber.
TRÊS RESPOSTAS TRÊS RESPOSTAS 
CLCLÁÁSSICASSSICAS
Figura 3 Émile Durkheim, Karl Mark e Max Weber.
A Sociologia de Émile Durkheim parte do pensamento de que 
só é possível compreender as relações sociais se compreendermos, 
também, a sociedade, que obriga os indivíduos a agirem de acor-
do com forças estranhas às suas vontades. Durkheim tomou como 
ponto de partida o peso das sociedades sobre os indivíduos.
Já a Sociologia de Karl Marx parte do pensamento de que 
só é possível compreender as relações sociais se também enten-
dermos que uma determinada parte da sociedade obriga os de-
mais indivíduos a agirem de acordo com forças estranhas às suas 
vontades. Marx indicou que o caráter coercitivo da sociedade se 
manifesta de uma parte da sociedade sobre a outra.
© Sociologia Geral20
Finalmente, a Sociologia de Max Weber parte da ideia de que 
a sociedade é o resultado de uma inesgotável rede de interações 
interindividuais. Esse pensador tratou a ação social como ponto de 
partida para a compreensão das realidades sociais.
Essa abordagem dos clássicos da Sociologia é, apenas, um rápido 
exercício, que tem como objetivo despertar em você a curiosidade e a 
vontade de saber mais. Vale a pena pesquisar sobre esses pensadores.
Mas, afinal, por que tais pensadores são considerados “clás-
sicos” na Sociologia? Porque, em suas obras, encontramos elemen-
tos básicos para a compreensão científica dos fenômenos sociais.
Antes de encerrarmos nossa abordagem geral, apresentaremos 
um exemplo que ilustra bem o significado e a importância do pensa-
mento clássico, ou seja, o porque de ele nunca perder sua atualidade.
A explicaA explicaçção sociolão sociolóógica na gica na 
medicina socialmedicina social
O autor JosO autor Joséé Carlos Carlos 
de Medeiros Pereira de Medeiros Pereira 
percorre os três percorre os três 
mméétodos cltodos cláássicos ssicos 
da Sociologia para da Sociologia para 
avaliar como podem avaliar como podem 
ser utilizados na ser utilizados na 
explicaexplicaçção dos ão dos 
fenômenos mfenômenos méédicodico--
sociais em geral.sociais em geral.
 
Figura 4 A explicação sociológica na medicina social.
Despedimo-nos dizendo a você que estudar Sociologia é fun-
damental para ir além das aparências no que diz respeito às ques-
tões sociais.
Claretiano - Centro Universitário
21© Caderno de Referência de Conteúdo
Glossário de Conceitos
Este glossário permite a você uma consulta rápida e precisa 
das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos 
termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos 
temas tratados no Caderno de Referência de Conteúdo Sociologia 
Geral. Portanto, veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Ação social: é uma ação cujo significado, subjetivamen-
te atribuído pelo sujeito ou pelos sujeitos, tem como re-
ferência a conduta dos outros, por esta se orientando 
em seu desenvolvimento. A ação social (incluindo tole-
rância ou omissão) orienta-se pelas ações de outros, que 
podem ser passadas, presentes ou esperadas como fu-
turas, tais como vinganças por ataques anteriores, répli-
cas a ataques presentes e medidas de defesa diante de 
ataques futuros. Os “outros” podem ser individualizados 
e conhecidos ou, então, uma pluralidade de indivíduos 
determinados e completamente desconhecidos. O di-
nheiro, por exemplo, significa um bem de troca admitido 
no comércio, porque sua ação está orientada pela ex-
pectativa de que muitos outros, embora indeterminados 
e desconhecidos, estarão dispostos a aceitá-lo em uma 
troca futura (WEBER, 1991).
2) Cultura: é a dimensão do processo social, da vida de 
uma sociedade que inclui todo o conhecimento em um 
sentido ampliado e todas as maneiras mediante as quais 
esse conhecimento é expresso. É uma dimensão dinâ-
mica, criadora, ela mesma em processo, uma dimensão 
fundamental das sociedades contemporâneas. (SANTOS, 
1997). É preciso considerar que a cultura carrega em si 
elementos subjetivos e objetivos relacionados entre si. 
Assim, tanto os elementos materiais quanto os não ma-
teriais não atuam de forma isolada, mas de maneira in-
terligada e complementar.
3) Cultura material: refere-se aos artefatos criados pelos 
seres humanos por meio de uma combinação entre ma-
térias-primas e tecnologia, que, por seus usos práticos, 
distinguem-se por sua mobilidade. Conforme Fernand 
Braudel (1995), a cultura material diz respeito às coisas, 
© Sociologia Geral22
aos alimentos, às habitações, ao vestuário, ao luxo, aos 
utensílios, aos instrumentos monetários, à definição de al-
deia ou cidade; em suma, a tudo aquilo de que o homem 
se serve.
4) Cultura não material: segmento da cultura transmitido 
pela intenção, segundo a qual as ações humanas são 
providas de conteúdos e de significados, mesmo antes 
de serem construídas ou manipuladas. Trata-se de con-
teúdos e significados demonstrados por meiode hábi-
tos, aptidões, ideias, crenças e conhecimentos (MELLO, 
2002).
5) Economia: é uma ciência social que tem como objeto de 
estudo o modo de produção social com seus três ele-
mentos: o trabalho, os meios de trabalho e os objetos de 
trabalho, estes nas diferentes etapas de seu desenvolvi-
mento (SOARES, 1994).
6) Iluminismo: otimismo no poder da razão de reorgani-
zar o mundo humano. O Iluminismo deve a Descartes 
o gosto pelo raciocínio, a busca da evidência intelectual 
e, sobretudo, a possibilidade de se exercer, livremente, 
o juízo e o espírito da dúvida metódica. Outra influência 
importante para essa corrente de pensamento foi o da 
produção científica de Galileu Galilei, com o uso do mé-
todo experimental. A ideia da natureza dessacralizada, 
isto é, desvinculada da religião, também está presente 
nesse campo de pensamento.
7) Interação social: é um dos conceitos básicos para a com-
preensão da vida social. É uma maneira de se comunicar 
face a face, de agir e interagir com outras pessoas. Seu 
aspecto mais relevante é que ela estabelece um conta-
to, e, a partir desse contato, ocorre a comunicação, que 
resulta em uma mudança de comportamento dos indiví-
duos envolvidos.
8) Interação social ou relação social: é designada pelo 
comportamento de vários indivíduos na medida em que, 
por seu conteúdo significativo, o de uns se regula pelo 
de outros e, em consequência, se orienta. Portanto, a in-
teração ou relação social consiste, essencial e exclusiva-
Claretiano - Centro Universitário
23© Caderno de Referência de Conteúdo
mente, na probabilidade de que se agirá socialmente de 
maneira expressável significativamente (WEBER, 1991). 
9) Interação social não recíproca: há uma corrente de pen-
samento sociológica que trata desse tipo de interação 
quando apenas um dos indivíduos influencia o outro. 
Nesse caso, um dos polos da interação social está repre-
sentado por um meio de comunicação físico, como a te-
levisão, a internet, um livro ou uma gravação.
10) Minorias: podem ser definidas como grupos de pessoas 
que, por suas características, se diferenciam na socieda-
de em que vivem e, por essa razão, recebem tratamento 
diferenciado e desigual.
11) Padrões de comportamento instintivo: são formas de 
comportamento com alto grau de uniformização e cons-
tância no tempo e no espaço que caracterizam a vida 
dos animais não humanos. São padrões básicos de com-
portamento transmitidos mediante herança biológica.
12) Padrões de comportamento social: são normas, regras 
de comportamento estabelecidas pela sociedade, se-
gundo as quais se espera que as pessoas ajam. Esses 
padrões são transmitidos e aprendidos por meio da co-
municação simbólica. Quando os membros de uma so-
ciedade agem de uma mesma forma, estão expressando 
os padrões de comportamento da sociedade em que vi-
vem. No Brasil, por exemplo, espera-se que todo homem 
goste de futebol e torça por algum time.
13) Positivismo: propõe a infalibilidade, a objetividade e a 
exatidão da ciência. O positivismo estabeleceu critérios 
rígidos para a ciência e ele propõe que toda afirmação e 
toda lei científica deve apoiar-se na observação dos fatos, 
nas provas recolhidas pelos pesquisadores. Quando o pen-
samento sociológico se organizou, adotou o positivismo 
para definir o objeto e para estabelecer conceitos e uma 
metodologia de investigação para a Sociologia. Comte foi 
seu principal representante e é considerado o fundador 
da Sociologia como ciência. Os positivistas apresentaram 
um esforço concreto de análise científica da sociedade.
© Sociologia Geral24
14) Socialização primária: é o processo mediante o qual a 
criança se transforma em um membro participante da 
sociedade. Refere-se à fase de formação da identidade 
(BERGER; BERGER, 2000). 
15) Socialização secundária: envolve a vida posterior, quan-
do as pessoas são introduzidas em espaços sociais es-
pecíficos, como cursar uma faculdade para a formação 
profissional (BERGER; BERGER, 2000).
Esquema dos conceitos-chave
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos o Esquema dos Conceitos-
-chave deste Caderno de Referência de Conteúdo (Figura 1). O mais 
aconselhável é que você mesmo faça seu esquema ou seu mapa 
mental. Esse exercício também é uma forma de construir seu co-
nhecimento, ressignificando as informações obtidas com base em 
suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações 
existentes entre os conceitos por meio de palavras-chave, partin-
do dos termos mais complexos para os mais simples. Esse recurso 
pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada 
dos conteúdos de ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se 
que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e em mapas mentais, o indivíduo pode construir seu conheci-
mento de maneira mais produtiva e, assim, obter ganhos pedagógi-
cos significativos em seu processo de ensino e aprendizagem.
Aplicado em diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar – tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas 
em Educação –, o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, 
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos 
Claretiano - Centro Universitário
25© Caderno de Referência de Conteúdo
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, 
uma vez que há pontos de ancoragem, novas ideias e informações 
são aprendidas.
Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa reali-
zar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno apenas; sobretudo, 
é preciso estabelecer modificações para que ela se configure como 
uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante conside-
rar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de 
aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos conceitos 
devem ser potencialmente significativos para o aluno, dado que, 
ao fixar esses conceitos em suas já existentes estruturas cogniti-
vas, outros serão relembrados também.
Nessa perspectiva, partindo do pressuposto de que é você o 
principal agente da construção de seu próprio conhecimento por 
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e 
externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar 
significativa sua aprendizagem, transformando seu conhecimento 
sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma 
relação entre aquilo que acabou de conhecer e o que já fazia parte 
de seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: 
<http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapasconceituais/utilizama-
pasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).
© Sociologia Geral26
Figura 5 Esquema dos Conceitos-chave d0 Caderno de Referência de Conteúdo Sociologia Geral. 
Claretiano - Centro Universitário
27© Caderno de Referência de Conteúdo
Como você pode observar, esse esquema lhe dá, conforme 
dito anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais importan-
tes deste estudo. Ao segui-lo, poderá transitar entre um e outro 
conceito deste Caderno de Referência de Conteúdo e descobrir o 
caminho para construir seu processo de ensino-aprendizagem. 
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de 
aprendizagem que se somam àqueles disponíveis no ambiente 
virtual, por meio de suas ferramentas interativas, e àqueles rela-
cionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presencial-
mente, ou seja, no polo. Lembre-se de que você, aluno da EAD, 
deve valer-se de sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento.
Questões Autoavaliativas 
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem 
ser de múltipla escolha ou abertas, de respostas objetivas ou dis-
sertativas. Vale ressaltar que são entendidas as respostas objeti-
vas como aquelas que se referem aosconteúdos matemáticos ou 
aquelas que exigem uma resposta determinada, isto é, inalterada.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como 
relacioná-las à prática profissional pode ser uma forma de ava-
liar seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões 
pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a 
avaliação final, que será dissertativa. Além disso, esta é uma ma-
neira privilegiada de testar seus conhecimentos e de adquirir uma 
formação sólida para sua prática profissional.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
© Sociologia Geral28
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são, meramente, ilustrati-
vas, uma vez que esquematizam e resumem conteúdos explicitados 
no texto. Portanto, não deixe de observar a relação dessas figuras 
com os conteúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual 
com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida 
você a olhar, de forma mais apurada, a educação como processo 
de emancipação do ser humano. É importante atentar-se para as 
explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos 
meios de comunicação, bem como partilhar suas descobertas com 
seus colegas de curso, pois, compartilhando com outras pessoas 
aquilo que já fora observado, permite-se descobrir algo que ainda 
não se conhece, aprendendo, assim, a ver e a notar o que não 
havia sido percebido antes. Portanto, observar é uma capacidade 
que nos impele à maturidade.
Você, como aluno dos cursos de Graduação na modalidade 
EAD e como futuro profissional da educação, necessita de uma for-
mação conceitual sólida e consistente. Para isso, contará com a 
ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da in-
teração com seus colegas de curso. Sugerimos, pois, que organize 
bem o seu tempo e que realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote suas reflexões em seu 
caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão 
ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções 
científicas.
Leia os livros indicados na bibliografia para que você amplie 
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o Material Didático Me-
diacional, discuta a unidade com seus colegas de curso e com o 
tutor e assista às videoaulas.
Claretiano - Centro Universitário
29© Caderno de Referência de Conteúdo
Ao final das unidades, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos 
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, 
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo para o sucesso em um curso 
a distância é participar, ou seja, interagir, procurando cooperar e 
colaborar com seus colegas de curso e tutores sempre.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com 
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.
Claretiano - Centro Universitário
1
EA
D
Rupturas na História: 
Inquietações, Desafios, Novos 
Rumos no Contexto 
do Surgimento 
da Sociologia
1. OBJETIVO
• Compreender significados da Revolução Industrial e da 
Revolução Francesa no contexto das transformações nas 
interações sociais e do advento da Sociologia.
2. CONTEÚDOS
• Revolução Industrial e Revolução Francesa: inovações na 
vida social.
• A consolidação do capitalismo.
• O advento das Ciências Sociais e da Sociologia.
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que 
você leia as orientações a seguir:
© Sociologia Geral32
1) Consulte os significados dos conceitos explicitados no 
Glossário; isso facilitará sua compreensão sobre os te-
mas propostos no texto.
2) Uma das questões apresentadas nesta unidade refere-
-se aos Direitos do Homem e do Cidadão. Caso queira 
ampliar seus conhecimentos sobre o tema, um jeito fácil 
e simples de melhor compreender as várias faces da tra-
jetória da construção da ideia de cidadania, sobretudo, a 
partir da Declaração Universal dos Direitos do Homem e 
do Cidadão, encontra-se em duas publicações recentes: 
História da Cidadania e Práticas de Cidadania, ambas 
organizadas por Jaime Pinsky e editadas pela Contexto.
3) Outro assunto que vem à tona com esta unidade é a Re-
volução Francesa. Assistir ao filme francês A inglesa e 
o duque, baseado em fatos verídicos e dirigido por Eric 
Rohmer, leva ao contato com a linguagem cinematográ-
fica contextualizada no período dessa Revolução. Pense 
nessa possibilidade após o estudo do texto.
4) Um texto gostoso de ler, elucidativo e de fácil compreen-
são é: As ciências sociais e o processo histórico, escrito 
por Arnaldo Lemos Filho. Ele compõe a coletânea do li-
vro Introdução às Ciências Sociais, organizada por Nel-
son Carvalho Marcellino e merece ser lido.
5) Nesse livro organizado por Nelson Carvalho Marcellino, 
há outros textos que também merecem ser lidos; dentre 
eles, destacamos: Economia Política, de Alcides Ribeiro 
Soares, que pode ser recomendado para todos aqueles 
que tiverem a curiosidade de principiantes despertada.
6) Com relação às formas de organização das correntes 
de pensamento que envolveram as sociedades, há vá-
rias obras. Neste momento, destacamos: WEFFORT, F. C. 
(Org.). Os clássicos da Política. 3. ed. São Paulo: Ática, 
1991. v. 1 e 2.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Para nos aproximarmos da compreensão das sociedades 
contemporâneas como totalidades históricas, contraditórias, que 
Claretiano - Centro Universitário
33
© U1 - Rupturas na História: Inquietações, Desafios, Novos Rumos no Contexto 
do Surgimento da Sociologia
emergem de um dado contexto cultural, procuraremos, nesta uni-
dade, abordar acontecimentos históricos a partir de noções, de 
interpretações das sociedades mediante as culturas humanas. Es-
tudaremos os significados que um período de rupturas históricas 
traduzido pela Revolução Industrial e pela Revolução Francesa 
apresentou no campo das relações sociais.
Por que se referir à Revolução Industrial (a partir de 1760) e 
à Revolução Francesa (1789) para compreender o surgimento da 
Sociologia como Ciência Social?
É porque cada geração carrega consigo a necessidade de ter 
sua própria imagem da Sociologia. É isto que explica o fato de sem-
pre retomarmos o tema das Revoluções do século 18 ao iniciarmos 
um estudo de Sociologia: agimos como se toda análise tivesse, ne-
cessariamente, de ser precedida de uma revisão geral.
De onde vem essa necessidade permanente de uma revisão 
geral?
Esse procedimento pode ser interpretado de dois modos. 
Em primeiro lugar, como um caminhar que prova uma incerteza 
quanto às possibilidades de uma Ciência Social, daí a necessidade 
de voltar às suas raízes procurando justificativas. Em segundo lu-
gar, ao contrário, pode representar a prova de vitalidade, de uma 
ciência que, dadas as sucessivas rupturas, renova constantemente 
a si própria.
Se retrocedermos de geração em geração, constataremos 
que parte dos esforços conscientes para definir uma ciência ori-
ginária das sociedades começou com a Revolução Francesa, um 
acontecimento político de ruptura na história, que impõe uma 
fronteira entre o antes e o depois, provocando uma inquietação, 
uma perspectiva nova, um desafio.
No entanto, a Revolução Francesa não pode ser compreen-
dida isoladamente, uma vez que está ligada, assim como a Revolu-
ção Industrial, às transformações ocorridas a partir de meados do 
© Sociologia Geral34
século 14, tais como: as grandes navegações, o comércio ultrama-
rino, a Reforma Protestante, a formação dos Estados Nacionais, oadvento do pensamento científico e o desenvolvimento tecnoló-
gico.
Todos esses avanços favoreceram a organização de uma bur-
guesia comercial formada por comerciantes e banqueiros que, 
no final do século 17, se tornara uma classe com muito poder na 
maioria dos países europeus. Dessas circunstâncias, decorre um 
estado de desequilíbrio nas sociedades monárquicas europeias 
para o qual as sociedades inglesa e francesa apresentam soluções 
diferentes: a primeira responde com a industrialização e a criação 
de uma sociedade liberal respaldada pela monarquia parlamentar; 
a segunda, com uma revolução política.
5. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E REVOLUÇÃO FRANCE-
SA: INOVAÇÕES NA VIDA SOCIAL
O objetivo, nesta unidade de estudo, não é realizar uma aná-
lise da Revolução Industrial e da Revolução Francesa; é estabele-
cer alguns pontos considerados importantes para o esclarecimen-
to em torno das relações que elas possuem com o surgimento da 
Sociologia.
Iniciemos nossa reflexão levando em conta que o século 18 
se tornou um marco importante para a história do pensamento 
ocidental em decorrência das transformações econômicas, políti-
cas e culturais que se aceleraram nesse período e que apresentam 
problemas inéditos para as sociedades. A dupla revolução que esse 
século testemunha constituiu dois lados de um mesmo processo: a 
instalação definitiva da sociedade capitalista.
A partir do século 18, a economia do mundo foi constituída 
sob a influência da Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, en-
quanto a política e a ideologia foram constituídas pela Revolução 
Francesa. O modelo econômico que rompeu com as estruturas 
Claretiano - Centro Universitário
35
© U1 - Rupturas na História: Inquietações, Desafios, Novos Rumos no Contexto 
do Surgimento da Sociologia
tradicionais do mundo foi fornecido pela Inglaterra, mas a França 
forneceu as ideias, o vocabulário do nacionalismo e os temas da 
política liberal para a maior parte do mundo. Na França revolu-
cionária, começaram a circular expressões como: “constituição”, 
“nação”, “eleição”, “Estado Moderno”, “poder executivo”, “poder 
legislativo”, “poder judiciário”, “direitos humanos universais”.
A Revolução Industrial não se restringiu à introdução da 
máquina a vapor e ao aperfeiçoamento dos modos de produção. 
Ela representou muito mais. Representou o triunfo da indústria, 
comandada pelo empresário capitalista, que, pouco a pouco, con-
centrou a propriedade das máquinas, das ferramentas e das ter-
ras, transformando populações inteiras em trabalhadores assala-
riados.
Um dos fatores de maior significado relacionado com a Re-
volução Industrial foi, sem dúvida, o aparecimento do proletariado 
e o papel que ele desempenharia na sociedade capitalista.
Em um período de cem anos (1780 a 1880), ocorreu a forma-
ção de uma sociedade industrializada e urbanizada. Em decorrên-
cia dessas transformações, houve uma reordenação na sociedade 
rural, em ritmo crescente. Desapareceram os pequenos proprie-
tários rurais, os artesãos independentes e houve a imposição de 
prolongadas horas de trabalho, o que modificou radicalmente as 
formas habituais de vida de milhões de seres humanos.
As atividades artesanal e doméstica transformaram-se, ini-
cialmente, em atividade manufatureira e, depois, em atividade 
fabril, o que desencadeou a emigração maciça do campo para a 
cidade e engajou mulheres e crianças em longas jornadas de tra-
balho, sem férias e com um salário de subsistência.
Mudanças decorrentes da Revolução Industrial –––––––––––
1) Substituição progressiva do trabalho humano por máquinas. Gradativamente, 
as máquinas assumem as tarefas desempenhadas pelos seres humanos, 
o que leva um número cada vez menor de trabalhadores a produzir maior 
quantidade de produtos.
© Sociologia Geral36
2) Alterações na divisão social do trabalho. O trabalhador da indústria espe-
cializa-se em áreas de trabalho cada vez mais específicas. A introdução das 
máquinas na produção industrial deu origem à organização racional das ta-
refas e ordenou a divisão do trabalho. Como consequência, há aumento de 
produtividade sem necessidade de aumento da habilidade do trabalhador.
3) Imposição de uma “disciplina”. As questões relacionadas à divisão do traba-
lho e às especializações estavam ligadas à gestão do fator humano. Como 
os novos trabalhadores das indústrias mantinham hábitos de autocontrole 
adquiridos no trabalho agrícola e no trabalho em ambientes domésticos, os 
industriais impuseram uma disciplina. Em lugar do autocontrole, a supervisão 
e o controle externo eram exercidos por pessoas especialmente contratadas 
para esse fim.
4) Produção de bens em grande quantidade. A mecanização da produção gera 
maior velocidade e quantidade de produtos, acarretando a produção massiva 
e mais barata.
5) Surgem novos papéis sociais. Na cena social, surgem, principalmente, o em-
presário e o operário. Para o pensador Karl Marx, esses dois grupos sociais 
caracterizam as classes sociais da sociedade capitalista.
6) As cidades cresceram enormemente. Devido às profundas transformações 
que ocorreram no campo para atender às exigências das indústrias, os cam-
poneses foram forçados a abandonar suas terras e, atraídos pelo trabalho 
nas fábricas, formaram grandes contingentes de proletariado industrial. O 
rápido processo de urbanização provocou a degradação do espaço urbano 
anterior, o agravamento das condições habitacionais, a contaminação do ar 
e da água, bem como o acúmulo de detritos humanos e industriais, daí emer-
gindo com muita intensidade a questão social.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Ao lado das novas situações apresentadas pela Revolução In-
dustrial, outro acontecimento ocorria e provocava mudanças nas 
formas de pensamento: a Revolução Francesa.
É importante a compreensão de que, se a economia do mun-
do a partir do século 18 foi constituída sob a influência da Revo-
lução Industrial, a política e a ideologia foram constituídas pela 
Revolução Francesa. Foi na França que floresceram as ideias, o 
vocabulário do nacionalismo e os temas da política liberal que se 
estenderam para a maior parte do mundo; daí ela ser considerada 
uma revolução social de massa.
Para se ter uma ideia de sua dimensão, a Revolução Fran-
cesa aconteceu no mais populoso e poderoso país da Europa. Ao 
final do século 18, a França contava com uma população aproxi-
mada de 23 milhões de habitantes, dos quais cerca de 400 mil pes-
Claretiano - Centro Universitário
37
© U1 - Rupturas na História: Inquietações, Desafios, Novos Rumos no Contexto 
do Surgimento da Sociologia
soas pertenciam à monarquia absolutista e usufruíam de muitos 
privilégios. Em 1789, um dentre cada cinco habitantes europeus 
era francês.
A Revolução Francesa não se realizou liderada por homens 
que desejassem levar adiante um programa, nem por um partido 
ou por um movimento organizado, no sentido moderno; entretan-
to, apresentou um consenso de ideias gerais de um grupo que lhe 
deu unidade: a burguesia.
Os ideiais da burguesia e os Direitos do Homem 
e do Cidadão ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
As exigências da burguesia foram delineadas na Declaração dos Direitos do Ho-
mem e do Cidadão de 1789. Tratava-se de um manifesto contra a sociedade hie-
rárquica de privilégios da nobreza, e não um manifesto a favor da sociedade de-
mocrática e igualitária. Embora seu primeiro artigo estabeleça que “Os homens 
nascem e vivem livres e iguais perante as leis”, ele também previa a existência 
de distinções sociais quando defendia a propriedade privada e uma assembleia 
representativa que não era democraticamente eleita.
Foram os princípios dessa Declaração que inspiraram a organização da Decla-
ração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela resolução número 217 da 
Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Uma questão importante está atrelada à circunstância de 
que, ao final da Revolução Francesa, osanseios de igualdade so-
cial se viram frustrados porque a burguesia assumiu a hegemonia 
política e passou a impor os interesses de sua classe social. A igual-
dade política ficou comprometida, pois os direitos de votar e ser 
votado ficaram, de fato, restritos à elite econômica.
A restrição do direito ao voto ocorreu mediante um modelo 
que tinha variantes de classificação censitária. Esse modelo de voto 
censitário disseminou-se pelo mundo, inclusive no Brasil, onde o 
direito de voto não era universal simplesmente porque uma parte 
enorme dessa "universalidade" continuaria por muito tempo rela-
cionada à escravidão, ao analfabetismo e ao gênero feminino.
O objetivo da Revolução de 1789 foi abolir a antiga forma 
de sociedade e promover profundas modificações na economia, 
© Sociologia Geral38
na política e na vida cultural; para isso, confiscou propriedades da 
Igreja e transferiu para o Estado as funções da educação, que até 
então eram atribuições da Igreja e da família. Destruiu os privilé-
gios da nobreza e promoveu o incentivo aos empresários.
A Revolução Francesa inaugura uma nova realidade que pro-
voca impacto e espanto compartilhados entre pensadores france-
ses. Émile Durkheim foi um desses pensadores. Como um dos in-
telectuais fundadores e organizador da Sociologia como ciência, 
identificou na "tempestade revolucionária" a noção de Ciência 
Social.
6. A CONSOLIDAÇÃO DO CAPITALISMO
Para tratar de algumas questões que envolvem a consolida-
ção do sistema capitalista, é interessante relembrar que, a partir 
de meados do século 14, ocorreram várias transformações sociais, 
políticas e econômicas que marcaram a transição da sociedade 
feudal para a sociedade capitalista. Houve um deslocamento do 
foco da visão de mundo, que deixa de ser teocêntrica – Deus como 
centro do universo – e passa a ser antropocêntrica – o ser humano 
como centro do universo. A partir dessa visão, a razão e a experi-
mentação passam a determinar a forma de conhecimento.
Essas transformações promovem uma progressiva substitui-
ção das crenças pela indagação racional como explicação para os 
fenômenos sociais. Tratava-se de concepções revolucionárias por-
que germinaram em uma época na qual todas as explicações eram 
dadas como se tudo dependesse da vontade de Deus.
Uma das consequências das transformações que ocorre-
ram na Europa Ocidental a partir de meados do século 14 foi o 
surgimento do Iluminismo, corrente de pensamento que pregava 
a ideia de que a razão iluminaria o mundo. Tal corrente se for-
taleceu, fazendo ser reconhecido o século 18 como o Século das 
Luzes., ou o Século da Ilustração, momento em que vigora o oti-
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© U1 - Rupturas na História: Inquietações, Desafios, Novos Rumos no Contexto 
do Surgimento da Sociologia
mismo no poder da razão e a sociedade começa organizar o co-
nhecimento fundamentado na observação e na experimentação 
racional. Nesse contexto, o ser humano passa a ser o centro da sua 
própria história e da sua humanidade, e o conhecimento científico 
aproxima-se cada vez mais do cotidiano da sociedade porque os 
seres humanos apropriam-se da linguagem científica, das teorias e 
das descobertas delas decorrentes.
Os pensadores iluministas acreditavam que o uso sistemáti-
co da razão levaria o ser humano à compreensão de todas as áreas 
do conhecimento e, por esse motivo, pregavam o uso da razão 
pura, o que será contestado com o Positivismo, outra corrente de 
pensamento que reforça a crença na materialidade da vida e no 
poder da ciência. Apresentando o conhecimento científico – razão, 
observação e mensuração – como forma de conhecimento válido, 
o Positivismo orientou a formação da primeira escola científica do 
pensamento sociológico.
A burguesia, que encontra nas Revoluções Industrial e Fran-
cesa meios para assumir o poder econômico e o poder político e, 
assim, expandir seus interesses comerciais, adota o pensamento 
iluminista e organiza o Estado Moderno, uma instituição abstrata 
que deveria garantir a liberdade e a ordem social. Com o surgi-
mento do Estado Moderno, estava dada a base para a expansão 
do Capitalismo.
No século 19, a sociedade europeia pós-revolucionária em 
franca evolução procurava resolver os conflitos sociais por meio da 
exaltação à coesão e ao bem-estar social. Nesse contexto, o pen-
samento positivista glorificava a sociedade europeia em expansão 
e, por esse motivo, estendeu-se a quase todos os países econo-
micamente desenvolvidos da Europa. Mas foi na França que mais 
floresceu essa corrente de pensamento que buscava na razão e na 
experimentação seus horizontes teóricos.
Dentre os pensadores franceses que adotaram as concep-
ções positivistas, destaca-se o pensador francês Augusto Comte, 
© Sociologia Geral40
seu primeiro representante e principal sistematizador. Fortalecen-
do a reação intelectual às transformações desencadeadas pelas 
Revoluções Industrial e Francesa, Augusto Comte estabelece as 
bases do que constituiria uma ciência social e contribui para a or-
ganização de um novo campo de pesquisa científica que se ocupa-
rá dos fenômenos sociais. 
7. O ADVENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E DA SOCIOLOGIA
Foi no século 19 que os seres humanos se constituíram como 
objeto de estudos científicos por meio de campos de estudo como 
a Economia, a Sociologia, a Antropologia e a Psicologia. As razões 
que favoreceram a expansão dessas explicações científicas resi-
dem nos problemas decorrentes da urbanização, da industrializa-
ção e, também, na necessidade de um planejamento social como 
garantia do sucesso da economia industrial e da sua expansão 
pelo mundo. Diante dessas circunstâncias, o pensamento científi-
co representava a manifestação de uma transformação específica 
na maneira de abordar os problemas da sociedade, representava 
uma transição de uma abordagem pré-científica para uma abor-
dagem mais científica de examinar as questões sociais. Tratava-se, 
também, de demonstrar, por experiências empíricas, que a socie-
dade, assim como a natureza, tinha leis específicas.
Mas que caminhos percorreram as abordagens pré-científicas 
da sociedade para alcançarem o status de Ciências Sociais? 
Para percorrermos esse caminho e identificarmos em reação 
a que transformações sociais o sentido de uma palavra se alterou, 
tomamos o caso da Economia, uma das Ciências Sociais.
Conforme propõe o sociólogo Norbert Elias (2006) no texto 
Sobre a sociogênese da economia e da sociologia, a trajetória da 
expressão “economia” é um bom exemplo do percurso dos concei-
tos. Acompanhando-a, temos a oportunidade de verificar que as 
transformações sofridas pelo termo estão estreitamente associa-
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© U1 - Rupturas na História: Inquietações, Desafios, Novos Rumos no Contexto 
do Surgimento da Sociologia
das às transformações nas relações sociais, tema que será objeto 
de nosso estudo na unidade em que abordaremos a socialização 
como um dos conceitos fundamentais de Sociologia.
Até o século 18, o termo “economia”, que se originou no 
idioma grego, referia-se apenas a certas atividades sociais espe-
cíficas dos indivíduos. Dizia respeito ao ordenamento, ao geren-
ciamento dos assuntos domésticos e era ligado aos recursos fami-
liares. A atividade econômica relacionava-se à maneira como as 
pessoas deveriam agir no tocante a viver dos próprios recursos, 
a subordinar as despesas aos ganhos e a consumir muito pouco, 
caso pretendessem enriquecer, mas com uma ressalva: as impli-
cações dessa economia estendiam-se apenas aos indivíduos que 
trabalhavam para se sustentar, ou seja, mercadores, comerciantes, 
camponeses e artesãos.
A primeira mudança no uso do termo “economia”, que de 
expressão relativa a uma atividade passa a designar uma função, 
está estreitamente relacionada à ascensão de grupos que valoriza-
vam as atitudes "racionais", tais como: equilibrar gastos e rendas, 
vender com lucro e poupar para investir.
Essa mudança ocorreu quando a expressão passoudo uso 
no campo privado para o uso no campo da administração públi-
ca e deixou de se referir apenas aos recursos domésticos. Foi um 
médico da corte francesa, Francois Quesnay, e seus discípulos que 
atribuíram o uso mais amplo, menos pessoal e mais científico ao 
vocábulo “economia”. Eles foram os primeiros a associar os ter-
mos “economia” e “ciência” e passaram a ser chamados por seus 
contemporâneos de economistas. Depois que a designação econo-
mista se estendeu por outras escolas de pensamento, os membros 
do grupo de Quesney passaram a ser conhecidos como fisiocratas.
Outra mudança de sentido para a expressão “economia” 
ocorreu na primeira metade do século 19 quando os economis-
tas clássicos questionaram o fato de que as questões econômicas 
podiam e deviam ser reguladas pelo Estado. E eles foram além, 
© Sociologia Geral42
colocando no plano central de suas doutrinas as leis econômicas, 
como, por exemplo: capacidade autorreguladora de certas fun-
ções sociais e insistindo em que o bem-estar social seria maior se 
as leis econômicas operassem livres de toda e qualquer influên-
cia governamental. Nesse momento, a alteração no uso do termo 
“economia” está relacionada às mudanças na distribuição de po-
der político na sociedade.
A partir de então, o neologismo "economista", criado no in-
terior de um grupo como uma marca específica do corpo de suas 
doutrinas, tornou-se um conceito popular, uma expressão corren-
te, inicialmente na França e na Inglaterra e, posteriormente, espa-
lhou-se pelo mundo.
Inicialmente com as inovações intelectuais dos fisiocratas 
que advogaram uma política iluminista e proclamaram a neces-
sidade de se criarem hipóteses para determinar quais variações 
na distribuição da renda eram maléficas e quais eram benéficas, 
depois, os economistas clássicos como Adam Smith, David Ricardo 
e outros conectaram, com elementos empíricos, o que anterior-
mente se situava no campo da Filosofia. Assim, a Economia passa 
a ter uma abordagem científica.
Para Norbert Elias (2006), o movimento em direção a uma 
abordagem mais científica do campo da Economia, associado aos 
sentidos do uso da expressão, ilustra uma ampla transformação, 
qual seja: no final do século 18, início do século 19, as formas tradi-
cionais de sociedade, caracterizadas por uma alta concentração de 
poder nas mãos de grupos relativamente pequenos, deram lugar, 
gradativa ou repentinamente, conforme determinavam as circuns-
tâncias, a outros modos de organização social.
Uma transformação na mesma direção, embora em uma 
frente diferente e mais ampla, ocorreu no campo que hoje cha-
mamos de Sociologia, no qual a grande novidade era o conceito 
de sociedade. Os sociólogos tentavam descobrir as "leis" da socie-
dade, não as leis fixadas pelos legisladores, mas as leis que eram 
inerentes à sociedade.
Claretiano - Centro Universitário
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© U1 - Rupturas na História: Inquietações, Desafios, Novos Rumos no Contexto 
do Surgimento da Sociologia
Em suas explicações sobre a emergência do pensamento so-
cial em bases científicas, Cristina Costa (2005, p. 64) escreve que 
“o aparecimento de condições históricas exigindo a análise da vida 
social em sua especificidade e concretude", o interesse pela vida 
material dos seres humanos e o "aprofundamento das análises fi-
losóficas propostas pelo Iluminismo e estimuladas pela Revolução 
Francesa" geraram "tendências e escolas de pensamento", que, 
partindo de "atitudes laicas e pragmáticas em relação ao compor-
tamento humano", desembocaram nas primeiras formulações so-
ciológicas.
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure refletir, responder, discutir e co-
mentar as questões propostas a seguir, as quais tratam da temáti-
ca desenvolvida nesta unidade. 
É importante observar que a autoavaliação pode ser uma 
ferramenta importante para testar seu desempenho. Desse modo, 
se encontrar dificuldade em responder a essas questões, procure 
revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas.
Lembre-se de que, na Educação a Distância, a construção do 
conhecimento ocorre de forma cooperativa e colaborativa; com-
partilhe, portanto, as suas descobertas com seus colegas de curso.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu 
desempenho no estudo desta unidade:
1) Quais foram as mudanças provocadas pela Revolução Industrial?
2) Quais foram as mudanças provocadas pela Revolução Francesa?
3) Quais são as bases que favorecem a consolidação do capitalismo?
4) Apresente duas circunstâncias que, no século 19, favoreceram a organização 
das explicações científicas para os fenômenos sociais.
© Sociologia Geral44
9. CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTEÚDO DA UNIDADE 
A tarefa básica destes escritos sobre as rupturas históricas, 
sobretudo aquelas provocadas pela Revolução Industrial e pela 
Revolução Francesa, é chamar a atenção para duas questões. A 
primeira é que, por uma circunstância histórica especial, que ocor-
re a partir de meados do século 14, a Europa e os europeus se 
veem abalados por crises que colocaram em xeque, sobretudo, as 
monarquias. A segunda é que, dessas crises, resultaram soluções 
diferenciadas: para a Inglaterra, a dimensão econômica da revo-
lução que dá origem ao sistema capitalista; para a França, a di-
mensão política geradora das formas de governo eleito pelo voto 
e regidas por uma Constituição.
Contudo, o sentido principal que pode ser atribuído a esta 
unidade é aquele que está relacionado ao reconhecimento de que, 
a partir das Revoluções Industrial e Francesa, a burguesia assume 
o poder econômico e político e organiza o Estado Moderno, uma 
instituição abstrata que deveria garantir a liberdade e a ordem so-
cial. Com o surgimento do Estado Moderno, estava organizada a 
base para a expansão do Capitalismo.
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Há escritos muito interessantes sobre o tema das Revoluções 
do século 18 e suas consequências para as relações sociais. Aqui, 
procedemos à referência às fontes utilizadas nesta unidade e, tam-
bém, a uma indicação mínima, mas muito interessante, sobretudo, 
da obra de Huberman (1986), que se apresenta como sugestão de 
um ponto de partida.
COSTA, C. A sociologia pré-científica. In: ______. Sociologia: uma introdução à ciência da 
sociedade. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Moderna, 2005.
ELIAS, N. Sobre a sociogênese da economia e da sociologia. In: ______. Escritos & 
Ensaios. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006.
HOBSBAWM, E. J. A era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
Claretiano - Centro Universitário
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© U1 - Rupturas na História: Inquietações, Desafios, Novos Rumos no Contexto 
do Surgimento da Sociologia
HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. 21. ed. rev. Rio de Janeiro: LTC – Livros 
Técnicos e Científicos, 1986.
MARCELLINO, N. C. (Org.). Introdução às ciências sociais. 5. ed. Campinas: Papirus, 1994.
RIOUX, J. P. A revolução industrial (1780-1880). São Paulo: Pioneira, 1975.
SINGER, P. O capitalismo: sua evolução, sua lógica e sua dinâmica. 2. ed. São Paulo: 
Moderna, 1987.
TULARD, J. História da Revolução Francesa. São Paulo: Paz e Terra, 1990.
Claretiano - Centro Universitário
EA
D
2
Estudo Científico 
da Sociedade
1. OBJETIVOS
• Constatar que existiam, anteriormente ao aparecimento 
da Sociologia, indagações sobre os fenômenos sociais.
• Compreender que o advento da Sociologia como ciência 
aplica um ponto de vista científico à observação e à expli-
cação dos fenômenos sociais.
• Cultivar a atitude de pesquisador.
2. CONTEÚDOS
• Origem da Sociologia.
• Sociologia como ciência "filha da revolução".
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que 
você leia as orientações a seguir:
© Sociologia Geral48
1) Um dos pontos que será levantado nesta unidade se re-
fere ao porque da transformação do tema da pobreza 
em questão social. Com relação às questões sociais, a 
literatura oferece-nos uma magnífica visão do quadro 
social europeu pós-revolucionário, queé o nosso foco 
de interesse na unidade. Sob a justificativa de que a lite-
ratura é importante para toda pessoa de cultura univer-
sitária, qualquer que seja sua formação, indicamos duas 
obras clássicas: Os miseráveis, de Victor Hugo, e Germi-
nal, de Émile Zola.
2) Para reforçar a visão sobre a dimensão social dos acon-
tecimentos que compunham as realidades do cotidiano 
europeu pós-revolucionário e mantendo a mesma jus-
tificativa da orientação anterior, indicamos o livro de 
Charles Dickens, Oliver Twist, de 1839. É um romance 
que, a partir de 1948, foi adaptado para filmes em várias 
versões, dentre as quais destacamos, para serem sub-
metidas à sua apreciação, a adaptação de David Lean, de 
1948, e a de Roman Polansky, de 2005.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Para referirmo-nos ao surgimento da Sociologia, uma ciên-
cia moderna, é preciso que tenhamos em mente que isto ocorre 
em um dado contexto histórico que reflete as consequências do 
desaparecimento do sistema feudal e da consolidação do sistema 
capitalista, temas que foram tratados na Unidade 1.
Nesta unidade, que tem como tema o estudo científico da 
sociedade, será possível constatarmos que a reflexão sobre os fe-
nômenos sociais tem uma longa tradição, muito anterior ao sur-
gimento da Sociologia como ciência. No entanto, muito diferente 
das explicações sobre os fenômenos sociais apresentadas ante-
riormente, sobretudo pela Filosofia, as explicações da Sociologia 
como ciência obedecem aos mesmos princípios gerais válidos para 
todos os ramos de conhecimento científico, mesmo considerando 
as peculiaridades dos fenômenos sociais e da abordagem científi-
ca da sociedade.
Claretiano - Centro Universitário
49© U2 - Estudo Científico da Sociedade
Toda ciência tem como principal objetivo explicar a realidade 
com base na observação sistemática dos fatos. Sendo o conheci-
mento científico garantido pela observação sistemática dos fatos 
e pelas explicações fidedignas, ele pode se transformar em instru-
mento de intervenção social mediante previsão, transformação ou 
mesmo controle da realidade.
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
É importante destacar que a Sociologia como ciência também pretende explicar 
o que acontece na sociedade. Tendo o conhecimento garantido pela observação 
sistemática dos fenômenos sociais, a Sociologia pode transformar-se em ins-
trumento de intervenção social, como, por exemplo, por meio do planejamento 
social.
O planejamento social não é apenas aplicação da Sociologia. No Brasil, há uma 
tendência da economia em conduzir essa atividade (VILA NOVA, 2000).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A Sociologia nasce e desenvolve-se como uma forma de 
conhecimento a partir das situações de existência nas modernas 
sociedades industriais e de classes. Em sua evolução, lenta e con-
tínua, os fundadores e os pioneiros dessa disciplina mantiveram 
as ambições intelectuais de fazer do conhecimento sociológico 
um instrumento da ação. Eles entendiam que à Sociologia, como 
conhecimento científico, cabia oferecer métodos e técnicas de 
pesquisa apropriados ao seu objeto de estudo. Já aos seus pes-
quisadores, cabia desvelar as relações sociais existentes entre os 
diferentes conjuntos de indivíduos ligados por alguma caracterís-
tica compartilhada. O estudo científico da sociedade demandaria 
apreensão dos fenômenos sociais, mediante a observação siste-
mática, e sua compreensão, por meio da participação. Assim, eles 
pretendiam modificar a própria sociedade em que viviam.
Esses princípios deram – e continuam dando – fundamento 
à ideia segundo a qual a Sociologia constitui uma forma de co-
nhecimento fruto das preocupações intelectuais provocadas pe-
las revoluções industriais e político-sociais que abalaram o mundo 
ocidental moderno.
© Sociologia Geral50
5. ORIGEM DA SOCIOLOGIA
Embora a Sociologia seja uma ciência moderna que surgiu no 
final do século 19, os seres humanos, ao longo de sua história, não 
deixaram de observar e de refletir sobre as sociedades e os grupos 
nos quais vivem. Podemos encontrar, nos escritos dos filósofos, 
dos pregadores religiosos e dos legisladores de todas as civiliza-
ções e épocas, observações e ideias relevantes para a Sociologia.
Qual seria, então, a diferença que distingue as preocupações 
com a sociedade, abordadas pela Sociologia, e o pensamento so-
cial anterior a ela?
A modificação radical nas concepções da vida social e nas 
atitudes humanas, em virtude do surgimento do capitalismo in-
dustrial, é uma característica que marca a diferença no teor das 
preocupações com a sociedade.
Outra característica que destacamos é com relação à cres-
cente convicção de que os métodos das Ciências Naturais deve-
riam e poderiam ser estendidos ao estudo das questões humanas, 
ou seja, de que os fenômenos humanos poderiam ser classificados 
e medidos. 
Destacamos, também, a nova visão sobre a pobreza. Esta 
passa a ser entendida como o resultado da ignorância e da explo-
ração humana nas sociedades industriais, e não mais como um fe-
nômeno natural, um castigo da natureza ou da providência divina.
Diante desse quadro, sob duas influências – o prestígio da 
ciência natural e os movimentos de reforma social – os levanta-
mentos sociais passaram a ocupar lugar importante na nova ciên-
cia da sociedade: a Sociologia.
O levantamento social não surgiu, apenas, da ambição de 
aplicar os métodos das Ciências Naturais ao mundo humano; ele 
surgiu de uma nova concepção dos problemas sociais e, também, 
foi influenciado pelas possibilidades materiais da sociedade indus-
Claretiano - Centro Universitário
51© U2 - Estudo Científico da Sociedade
trial. Um levantamento social da pobreza – ou de qualquer outro 
problema social – só tem sentido se for pautado na possibilidade 
de que algo poderá ser feito para remover ou diminuir tais males.
Em 1817, Augusto Comte, organizador da Sociologia como 
ciência, apresenta um relato que nos dá uma dimensão da sua to-
mada de posição como cientista diante da realidade social. Vamos 
acompanhá-lo?
A Chave das Coisas ––––––––––––––––––––––––––––––––––
A miséria pública é enorme em Paris; o pão é muito caro, e receia-se mesmo que 
venha a faltar. Não se pode dar um passo na rua sem ter o coração partido pelo 
aflitivo quadro da mendicidade; a cada instante encontram-se operários sem pão 
e sem trabalho, e com tudo isso, quanto luxo! Quanto luxo! Ah, como é revoltante, 
quando a tantos indivíduos falta o necessário absoluto! A despeito da aflição ge-
ral, o carnaval é ainda bastante alegre, pelo menos, há muitos bailes, públicos e 
particulares. Ouvi mesmo dizer por pessoas bem sensatas que se dançou neste 
inverno como nunca. Quanto a mim, não posso imaginar como uma gavota ou 
um minueto façam esquecer que mais de trinta mil seres humanos não tenham o 
que comer. Não posso imaginar que se seja tão indiferente, a ponto de se divertir 
loucamente em meio a todos esses desastres. Os governos não se incomodam 
de maneira alguma com esta frivolidade, porque, segundo a observação judicio-
sa que ontem ouvi de uma senhora muito bonita, muito amável e que, no entanto, 
pensa, “quem dança não conspira”. Esta expressão, que é mais profunda do que 
parece, dá bem a chave das coisas (apud MORAIS FILHO, 1983, p. 8). 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Conforme observamos, a existência da pobreza generalizada 
em meio às grandes e crescentes forças produtivas foi responsável 
por ela tornar-se uma questão social sujeita a estudos, análises 
e aperfeiçoamento. Essa modificação de visão constituiu um ele-
mento importante na convicção de que o conhecimento exato po-
deria ser aplicado à reforma social e, mais tarde, uma vez que o ser 
humano estabeleceu um controle cada vez mais completo sobre o 
meio físico, poderia, também, controlar o meio social.
6. A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA “FILHA DA REVOLUÇÃO”
A Sociologia é resultado da organização da sociedade indus-
trial, de uma circunstância histórica evolutiva,

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