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GINEAD AUDITORIA CONTÁBIL Unidade 1 - Origem, características e conceitos da auditoria SST Moreno, Fernanda Gualda; Pereira, Beatriz da Silva Unidade 1 - Origem, características e conceitos da auditoria / Fernanda Gualda Moreno; Beatriz da Silva Pereira Ano: 2020 nº de p.: 20 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Unidade 1 - Origem, características e conceitos da auditoria 3 Objetivos específicos • Abordar e compreender origem, características e conceitos da auditoria. • Diferenciar auditoria contábil dos demais tipos de auditoria, bem como dos diversos ramos da contabilidade. Apresentando a unidade Olá! Seja bem-vindo à disciplina de Auditoria Contábil. Nesta unidade, vamos aprender sobre a origem da auditoria, como ramo da contabilidade, e os diversos conceitos envolvidos na área. Esse conhecimento é fundamental, pois os avanços tecnológicos, principalmente em termos de sistemas, e o excesso de informação presente em nossas vidas podem ocasionar diversos transtornos, já que, muitas vezes, a mesma informação nos é transmitida por diferentes meios, o que pode criar distorções, como naquela brincadeira de “telefone sem fio”, não é mesmo? Devemos ainda considerar o risco de recebermos uma informação ambígua, criando um ruído no processo de comunicação entre o emissor e o receptor, impossibilitando a compreensão verdadeira de um fato. Origem da auditoria Você sabia que a auditoria surgiu da necessidade de se controlar ou verificar a condução de processos e procedimentos para a garantia da qualidade de produtos e serviços? Nesta unidade, veremos como a auditoria se originou e também os principais termos ou jargões usados na área. A auditoria surgiu a partir do desenvolvimento do sistema capitalista. Os fatos marcantes se deram na Inglaterra, em 1310, com a criação do Conselho de Londres, seguida da criação do cargo de auditor do Tesouro da Inglaterra em 1314. (ATTIE, 2011). Entretanto o reconhecimento dessa prática ocorreu em 1581, quando foi criado o primeiro Colégio de Contadores (Collegio dei Raxonati) em Veneza. 4 Inicialmente, os trabalhos de auditoria se limitavam à verificação dos registros contábeis, para checar a exatidão das informações (CREPALDI, 2009). A contabilidade surgiu da necessidade de se controlar o patrimônio (bens, direitos e exigibilidades) e suas variações. Trata-se de uma ciência social, pois é a ação do homem que cria e modifica o patrimônio. Entretanto ela se utiliza de outras ferramentas, como, por exemplo, métodos quantitativos – como a matemática e a estatística (ciências exatas) – e métodos qualitativos, como o empirismo, pautado na vivência e observação (ciências humanas). Dentre os ramos da Contabilidade, podemos destacar no Quadro 1.1: Quadro 1.1: Principais ramos da Contabilidade Ramificações Objetivos Contabilidade societária Aplicar os instrumentos legais e societários que envolvem as entidades, bem como a sua estrutura de capital, visando à realização de transações e negócios. Contabilidade de custos Avaliar o controle dos estoques e conhecimento dos instrumentos dos sistemas de custo, com o objetivo de servir de base para a tomada de decisão. Contabilidade aplicada ao setor público Gerar informações que orientem a tomada de decisão e a instrumentalização do controle social, permitindo a evidenciação que contribua para a transparência do setor público. Contabilidade aplicada às instituições financeiras Compreender o Sistema Financeiro Nacional, suas operações, bem como aplicar os procedimentos contábeis específicos às entidades bancárias. Contabilidade aplicada às entidades de interesse social Compreender o funcionamento das associações, fundações, organizações sociais, bem como da gestão contábil, prestação de contas, benefícios e obrigações. Contabilidade aplicada ao agronegócio Compreender o primeiro setor da economia, bem como aplicar os procedimentos contábeis compreendidos nas atividades agrícola, pecuária e agroindustrial. Perícia, avaliação e arbitragem Aplicar um conjunto de procedimentos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de fato. Auditoria Verificar a regularidade dos registros de elementos patrimoniais e de resultado, aplicando procedimentos em extensão, profundidade e oportunidade adequadas. Fonte: Elaborado pelos autores (2018). 5 Como podemos ver, a auditoria é uma das especialidades da Contabilidade. Ela surgiu da necessidade de controlar os registros contábeis e as movimentações financeiras. Assim, podemos dizer que a auditoria é um dos ramos ou técnicas de que a Ciência Contábil se utiliza. A auditoria evoluiu pela ocorrência de vários eventos, dentre os quais destacamos a Revolução Industrial, no fim do século XVIII, quando alguns profissionais se declaravam “contadores públicos”, executando, entretanto, trabalhos mais especializados do que aquele efetuado por outros contadores. Já no século XIX, surge uma nova denominação, a de “perito contador”, cuja função básica era a de descobrir erros e fraudes. Você sabia que, entre 1850 e 1938, fiscais de órgãos de controle não eram autorizados a consultar os livros contábeis dos contribuintes em suas auditorias? A proibição tinha como origem o art. 17 do Código Comercial de 1850. Esse artigo foi revogado em 1938, pelo Decreto-Lei nº 385. Em 1939, o § 1º do art. 14 do Decreto-lei nº 1.168 tornou possível a punição das empresas que se recusassem a exibir os livros de escrita comercial. Curiosidade A evolução da auditoria no Brasil está intimamente ligada à instalação de empresas internacionais de auditoria independente, como a Deloitte Touche Tohmatsu, que abriu seu primeiro escritório na cidade do Rio de Janeiro, em 1911. Nas décadas seguintes, diversas multinacionais americanas e europeias abriram filiais no Brasil, que demandavam serviços de auditoria para reportar suas posições para suas matrizes no estrangeiro. Houve, ainda, a criação da tributação do imposto de renda em 1922, baseado nos resultados apurados em balanço, o que acelerou a evolução da auditoria. A Rodhia do Brasil foi fundada em 1919, onde atualmente fica o município de Santo André, mesmo ano em que a Ford do Brasil foi fundada no município de São Bernardo do Campo. Já a General Motors do Brasil, fundada em 1925, começou a operar sua fábrica em 1930 no município de São Caetano do Sul, na região geograficamente conhecida como ABC, marcada pela forte industrialização no início do século XX. A Coca-Cola, por sua vez, iniciou suas atividades no Brasil em 1942. 6 Alguns anos depois, outros investimentos internacionais foram aqui implantados e, compulsoriamente, suas demonstrações contábeis deveriam ser auditadas, quando o mercado de capitais brasileiro ganhou importância no final dos anos 1960, com a aprovação da Lei nº 4.728 em 1965 (ATTIE, 2010, p. 8). Em 1972, o Banco Central do Brasil passou a emitir normas, tornando obrigatória a auditoria externa, ou independente, em quase todas as entidades integrantes do Sistema Financeiro Nacional e companhias abertas. Finalmente, em 1976, a prática de auditoria se consolidou com a criação da Comissão de Valores Mobiliários e da Lei das Sociedades por Ações (Lei n.º 6.404). Essas companhias de auditoria e consultoria foram crescendo a partir da abertura de novos escritórios ao redor do mundo. O Quadro 1.2 mostra quais são as seis maiores firmas de auditoria no mundo. Quadro 1.2: Maiores empresas globais de auditoria Firma Sigla Fundação Sede Deloitte Touche Tohmatsu Limited DTT 1845 Nova Iorque PricewaterhouseCoopers PwC 1849 Londres Klynveld Peat Marwick Goerdeler KPMG 1917 Amsterdã Ernst & Young EY 1849 Londres Grant Thornton GT 1924 Chicago Binder Dijker Otte & Co BDO 1910 Bruxelas Fonte: Elaborado pelos autores (2018). As quatro primeiras empresas listadas são, geralmente, denominadas Big Four ou “quatrograndes” empresas globais de serviços contábeis de auditoria e consultoria. Entretanto a lista contempla ainda mais duas empresas, que são conhecidas como Large Six ou “seis maiores”. 7 Conceitos e classificação da auditoria Nesta seção, veremos os principais conceitos envolvidos com a prática da auditoria, ou seja, o ato de confrontar a condição com o critério (situação encontrada versus situação que deve ser). A palavra auditoria tem origem no latim audire, que significa “ouvir”. Esse termo foi utilizado pelos ingleses para classificá-la como uma técnica contábil da revisão, ou auditing. Da mesma forma, a palavra auditor também se origina do latim, qui audit, que significa “aquele que ouve, o ouvinte”. O termo auditor também está relacionado à expressão inglesa to audit, que significa “examinar, ajustar, corrigir, certificar”. Agora que já conhecemos a origem dos termos, podemos começar a nos aproximar de determinados conceitos que são fundamentais para a compreensão da disciplina. Por exemplo, você sabe qual é a diferença entre fraude e erro? Será que são sinônimos? Observe os exemplos para que você fixe esses conceitos. Segundo a NBC TA 240 (R1) (CFC, 2016), a fraude aplica-se a atos intencionais, isto é, voluntários, seja por omissão e/ou manipulação de transações, adulterações de documentos, registros e demonstrações contábeis. Além disso, a fraude pode estar relacionada à corrupção. São exemplos de fraudes os seguintes atos dolosos: a. manipulação, falsificação ou alteração de registros ou documentos, de modo a modificar os registros de ativos, passivos e resultados; b. apropriação indébita de ativos; c. supressão ou omissão de transações nos registros contábeis; d. registro de transações sem comprovação; e e. aplicação de práticas contábeis indevidas. Já o erro refere-se a atos não intencionais, isto é, involuntários, seja por descuido, seja por desconhecimento ou interpretação equivocada na elaboração de registros e demonstrações contábeis, que resultem em incorreções. São exemplos de erros os seguintes atos culposos (CFC, 2016, s.p.): a. erros aritméticos (digitação ou cálculo) na escrituração contábil ou nas de- monstrações contábeis; b. aplicação incorreta das normas contábeis; c. interpretação errada das variações patrimoniais (qualitativas ou quantitati- vas) (NBC TA 240 (R1), CFC, 2016). 8 Conforme a NBC T 11 (CFC, 1997) “ao detectar erros relevantes e quaisquer fraudes no decorrer de seu trabalho, o auditor tem a obrigação de comunicá-los à administração da entidade e sugerir medidas corretivas, informando sobre os possíveis efeitos no seu parecer, caso elas não sejam adotadas”. Por que as auditorias independentes têm dificuldade em detectar a corrupção em uma empresa? Será que os auditores externos têm instrumentos suficientes para investigar fraudes a fundo? O auditor trabalha, essencialmente, com amostragem, utilizada para obter uma base razoável para a sua conclusão. Ainda que seja sua obrigação reportar à administração da entidade quando encontrar fraudes, esse não é o seu objetivo principal, já que a amostragem pode resultar na não detecção dessas fraudes. Reflita Agora, já sabemos como a fraude e o erro podem ser definidos, mas temos que conhecer outros conceitos importantes em auditoria: risco, distorção relevante e asseguração. Esses conceitos complementarão nosso entendimento sobre a relevância e a importância da auditoria como técnica contábil. O risco de auditoria ocorre quando um auditor expressa uma opinião imprópria quando as demonstrações financeiras apresentam distorção relevante, sem que o controle interno da empresa auditada ou os testes substantivos do auditor detectem ou previnam essa falha (CFC, NBC TA 200, 2016). Observamos, então, que o auditor deve decidir sobre a quantidade de informações que fará parte da sua amostragem, ou seja, o que será analisado. A quantidade de itens analisados deve ser suficientemente ampla para reduzir o risco de amostragem a um nível mínimo tolerável. Assim, a dimensão da amostra, além de depender do ramo de atividade e do porte da empresa auditada, poderá ser determinada com base em fórmulas, estatísticas ou no julgamento profissional do auditor (CFC, NBC TA 200, 2016). Já a distorção pode ocorrer por erro ou por fraude, com ou sem intenção. Ela é considerada como a diferença entre o valor, a classificação ou a divulgação de uma demonstração contábil relatada e o que é exigido para que o item objeto de auditoria esteja de acordo com a estrutura das demonstrações contábeis, ou seja, 9 com as leis e regulamentos que as disciplinam. As distorções identificadas pelo auditor devem ser comunicadas ao nível adequado de administração da entidade, para que sejam feitas as correções cabíveis (CFC, NBC TA 200, 2016). Outro conceito que é bastante utilizado em auditoria é o de asseguração. Nesse caso, o objetivo do auditor é obter evidências adequadas e suficientes, para que, a partir delas, possa expressar uma conclusão embasada, ampliando, assim, o nível de confiança dos outros usuários. Em outras palavras, a asseguração compreende o resultado da mensuração ou avaliação de determinado objeto, baseando-se em critérios aplicáveis (CFC, NBC TO 3000, 2015). Mas fique atento: nem todos os trabalhos executados por auditores independentes são trabalhos de asseguração. Por exemplo, o serviço de consultoria executado por um auditor independente não é considerado asseguração. Você já deve estar se perguntando: como funciona uma auditoria? Existem etapas a serem seguidas? A auditoria é feita em conformidade com o estabelecido pelas Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), classificadas como normas Profissionais e normas Técnicas. Essas normas são emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). A auditoria, portanto, deve seguir uma diretriz, um padrão preestabelecido. As etapas de uma auditoria devem obedecer a uma sequência. Veja, no Diagrama 1.1, como funciona esse processo. Diagrama 1.1: Processo de auditoria independente Planejamento dos trabalhos Avaliação do Controle Interno Revisão Analítica Execução de procedimentos Colete de informações Emissão do Relatório de Auditoria Avaliação das informações Fonte: Elaborado pelos autores (2018). Nas próximas unidades, veremos, em detalhes, cada uma dessas etapas. Segundo Crepaldi (2009), atualmente, a auditoria é contemplada com os seguintes objetos de estudo: 10 a. comprovação, pela escrituração, de que são exatos os fatos patrimoniais; b. demonstração dos erros e fraudes encontrados; c. sugestão das providências cabíveis, visando à prevenção de erros e fraudes; d. verificação de que a contabilidade é satisfatória sob o aspecto sistemático e de organização; e. verificação do funcionamento do controle interno; f. proposição de medidas de previsão de fatos patrimoniais, com o propósito de manter a empresa dentro dos limites de organização e legalidade. A partir deste ponto, conheceremos as diferentes classificações da auditoria, que podem ser: independente externa; interna ou operacional; gerencial; auditoria pública ou governamental. Segundo Almeida (2012), a auditoria independente externa é uma atividade que tem por objetivo, por meio da inspeção das demonstrações financeiras, expressar uma opinião sobre a sua propriedade, e assegurar que elas representem adequadamente a posição financeira (fluxos de caixa) e patrimonial, assim como sobre o resultado (lucro ou prejuízo) de suas operações relativas aos exercícios financeiros correspondentes. Já a auditoria interna, também denominada de auditoria operacional, é uma atividade subordinada, que tem por objetivo assessorar a administração da empresa com subsídios relativos ao cumprimento de todos os procedimentos e políticas internas da entidade, por meio da análise dos sistemas contábeis e de controles internos, avaliando se eles estão sendo cumpridos e se todas as transações realizadas estão expressas contabilmenteem conformidade com os critérios técnicos e normativos previamente definidos (ALMEIDA, 2012). Na auditoria gerencial, o objetivo é avaliar o grau de segurança dos controles internos existentes na entidade. Assim, ela é realizada para avaliar: a eficiência, a eficácia, a economicidade, a efetividade e a qualidade de um sistema e seus processos. Portanto, nesse tipo de auditoria, verifica-se se o que foi definido no processo está sendo realmente executado; não se trata de uma validação do processo (como o melhor ou o que gera mais resultado), mas de uma verificação em relação ao seu cumprimento. Enquanto a auditoria operacional verifica os procedimentos, a auditoria gerencial verifica os processos. Por fim, a auditoria pública, ou governamental, é uma atividade que tem por objetivo verificar o cumprimento dos preceitos de legalidade, legitimidade e economicidade quanto à utilização, arrecadação, guarda, gerenciamento ou administração de 11 dinheiros, bens e valores públicos dos Entes Federativos (União, estados, Distrito Federal e municípios). A Constituição Federal (BRASIL, 1988), no art. 71, inciso IV, elenca cinco tipos de auditorias: contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial. Atualmente, as auditorias podem ser bem distintas, dependendo de seus objetivos, das atividades ou dos processos para os quais são utilizadas e dos relatórios que se espera receber dos auditores, sejam eles externos ou internos. No Quadro 1.3, podemos conhecer as principais diferenças entre o auditor externo e o auditor interno: Quadro 1.3: Auditoria interna e externa: principais diferenças Elementos Auditoria Externa Auditoria Interna Vínculo com a empresa auditada Não há. É funcionário da firma de auditoria É funcionário da empresa auditada, portanto há vínculo Objeto Demonstrações contábeis Controles internos Objetivo Opinar sobre as demonstrações contábeis Promover a melhoria dos controles internos Produto final Parecer ou relatório de auditoria Recomendações para eficiência administrativa Independência Ampla Limitada Responsabilidade Profissional, civil e criminal Trabalhista Continuidade do trabalho Periódico Contínuo Fonte: Adaptado de Pinho (2009). Como você pode ver, a auditoria contábil pode ser feita por um profissional legalmente habilitado de fora (terceiros) e/ou por um profissional de dentro da empresa (funcionário), cuja função é desempenhar essa atividade técnica e científica a partir do emprego de um conjunto de procedimentos, organizados e executados em uma determinada entidade. 12 Objetivo geral da auditoria Uma auditoria contábil tem como objetivo geral a confirmação de registros e das demonstrações contábeis, ampliando o nível de confiança por parte dos usuários (CREPALDI, 2009). Seja na auditoria interna ou externa, o intuito é opinar e recomendar ajustes sobre o processo e os procedimentos de escrituração contábil das empresas. Assim, o resultado dessa revisão será uma opinião, com razoável segurança, formada a partir de evidências apropriadas e suficientes de auditoria, a fim de reduzir, a um nível aceitavelmente baixo, o seu risco. Tal opinião será expressa em um relatório, que pode ser livre de distorções relevantes, independentemente se causada por fraude ou erro, de acordo com a NBC TA 200 (CFC, 2016). Até 2009, ano em que houve profundas transformações na auditoria no Brasil, o parecer de auditoria apresentava apenas três parágrafos resumidos com uma opinião sobre as demonstrações contábeis. A partir da edição da Resolução CFC nº 1.231/2009, o parecer passou a ser denominado relatório de auditoria independente e sua opinião passou a contar com outros elementos, como introdução, relatório da administração, relatório do auditor, opinião, parágrafos de ênfase e parágrafos de outros assuntos. Esse relatório pode ser não modificado (limpo ou sem ressalvas) ou com modificações (com ressalvas, adverso e com negativa de opinião) com base nos testes de auditoria. Esses testes, por sua vez, podem ser de observância ou substantivos. Tal opinião é prerrogativa dos bacharéis, graduados em Ciências Contábeis, com inscrição ativa no Conselho Regional de Contabilidade do estado em que atuam, conforme a Resolução CFC nº 560/1983, art. 3º, itens 33 (auditoria interna e operacional) e 34 (auditoria externa independente). Os contadores que atuarem em auditoria externa devem ainda ser aprovados no Exame de Qualificação Técnica para registro no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI) do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), conforme a NBC PA 13 (CFC, 2015). Além disso, para poder atuar profissionalmente, ele deverá ser inscrito no âmbito do mercado de valores mobiliários, na Comissão de Valores Mobiliários, nos termos da Instrução CVM nº 308/1999. Observamos que a emissão do relatório independente, que tem por limite os objetivos da auditoria (demonstrações financeiras), não representa garantia de 13 viabilidade futura ou de eficácia da administração da entidade (ARAÚJO; ARRUDA, 2012). Esse relatório sobre a adequação das demonstrações contábeis deve contemplar, de forma específica, os seguintes atributos: existência, propriedade, ocorrência, abrangência, avaliação, realização, apresentação e divulgação. Assim, o fato de se fazer uma auditoria independente não retira as responsabilidades dos executivos e demais membros da empresa auditada. Nos Estados Unidos, no início dos anos 2000, vieram à tona, em empresas como Xerox, Enron, Tyco, WorldCom e outras, diversos escândalos financeiros, levando praticamente à extinção uma das maiores firmas de auditoria do mundo, a Arthur Andersen. Esses fatos colocaram a auditoria em evidência em todo o mundo. Na época, em 2002, em resposta a esses escândalos, o Congresso americano aprovou uma lei que endureceu as responsabilidades dos gestores de empresas. Essa lei ficou conhecida como Lei Sarbanes-Oxley, em homenagem aos deputados que a criaram, Paul Sarbanes e Michel Oxley. Sua finalidade é identificar, combater e prevenir fraudes que afetem o desempenho financeiro das organizações, garantindo o compliance, ou seja, estar em conformidade com os regulamentos internos e externos à empresa. Portanto, como você deve estar concluindo, o auditor não é responsável, nem pode ser responsabilizado pela prevenção de fraudes ou erros relevantes nas demonstrações contábeis; seu dever é apenas o de comunicar ao contratante se identificá-los a partir de sua análise (CFC, NBC TA 240, 2016). Porém isso não significa que ele não deva atuar com ceticismo profissional para formar seu julgamento, certo? Você deve estar se perguntando: ceticismo? Julgamento? O que esses termos significam em auditoria? Ceticismo é a atitude de questionamento contínuo para o conhecimento, fatos, opiniões ou crenças estabelecidas, ou seja, nunca acreditar em tudo ou sempre desconfiar. O profissional de auditoria não pode chegar à certeza alguma a respeito da verdade, pois trabalha com amostragens e com informações que lhe foram disponibilizadas, recaindo no risco de auditoria. Para que o auditor identifique e avalie esses riscos, ele deve compreender o funcionamento do controle interno da entidade. Ainda que a maioria dos controles sejam relacionados com as demonstrações contábeis, nem todos os controles que com elas se relacionam são relevantes para a auditoria, pois se trata de um julgamento profissional (CFC, NBC TA 200, 2016). 14 Conforme a NBC TA 200, o julgamento profissional é pautado nos fatos e nas circunstâncias que são conhecidos pelo auditor. Esse julgamento leva em consideração: • os resultados dos procedimentos de auditoria, executados no cumprimento das exigências das normas brasileiras de contabilidade; • a avaliação do auditor quanto à obtenção ou não de evidência de auditoria apropriada e suficiente; • se há algo mais que precisa ser feito nas circunstâncias específicas da au- ditoria. Figura 1.1: Auditoria das demonstraçõescontábeis Fonte: Plataforma Deduca (2018). Em suma, os procedimentos de auditoria trazem evidências para que o auditor fundamente sua opinião sobre as demonstrações contábeis auditadas, possibilitando-lhe emitir um parecer. Para tanto, ele reavalia os controles internos, livros contábeis, documentos e registros da entidade confrontando informações. O auditor não deve ser temido, pois ele irá propor sugestões de melhorias. É necessário que esse profissional tenha um comportamento ético que permita uma opinião isenta. A independência garante a habilidade de formar uma conclusão de asseguração sem se deixar afetar por influências internas ou externas, que possam comprometer sua opinião (CFC, NBC PA 290, 2017). Ela aperfeiçoa a capacidade de agir com integridade e isenção, de ser objetivo e de nunca acreditar plenamente nas informações prestadas pela empresa auditada, ou seja, de manter uma postura cética. 15 Segundo a NBC PA 290 (CFC, 2017, s.p.), os principais pontos que podem comprometer essa independência são: a) ameaça de interesse próprio é a ameaça de que interesse financeiro ou outro interesse influenciará de forma não apropriada o julgamento ou o comportamento do auditor; b) ameaça de autorrevisão é a ameaça de que o auditor não avaliará apropriadamente os resultados de julgamento dado ou serviço prestado anteriormente por ele, ou por outra pessoa da firma dele, nos quais o auditor confiará para formar um julgamento como parte da prestação do serviço atual; c) ameaça de defesa de interesse do cliente é a ameaça de que o auditor promoverá ou defenderá a posição de seu cliente a ponto em que a sua objetividade fique comprometida; d) ameaça de familiaridade é a ameaça de que, devido ao relacionamento longo ou próximo com o cliente, o auditor tornar-se-á solidário aos interesses dele ou aceitará seu trabalho sem muito questionamento; e) ameaça de intimidação é a ameaça de que o auditor será dissuadido de agir objetivamente em decorrência de pressões reais ou aparentes, incluindo tentativas de exercer influência indevida sobre o auditor. A NBC PG 100 (CFC, 2014), por sua vez, estabelece os seguintes princípios éticos que o auditor independente deve cumprir: integridade, objetividade, competência e zelo profissionais, sigilo profissional e comportamento profissional. De acordo com o artigo 9º da Resolução CFC nº 1.328/2011, a inobservância às Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) constitui infração disciplinar sujeita às penalidades previstas no artigo 27, “c” a “g” do Decreto-Lei nº 9.295/1946 e ao Código de Ética Profissional do Contador. 16 Quer saber mais sobre o posicionamento do profissional de auditoria quando ele se depara com dilemas morais envolvendo atos ilícitos da categoria? Então, leia o artigo “Ética do profissional de auditoria: dilemas morais envolvendo atos ilícitos na execução de sua atividade”, de Ariane Caruline Fernandes e Vidgal Fernandes Martins, publicado na Revista de Auditoria Governança e Contabilidade em 2016. Disponível em: http://fucamp.edu.br/ editora/index.php/ragc/article/view/687/486 Saiba mais Como você pode entender, a auditoria é um processo sistemático e ético, que se utiliza de procedimentos, como a avaliação de riscos e análise dos controles internos, cuja finalidade é a obtenção de evidência suficiente e adequada, de forma segura e razoável, de que as informações financeiras foram elaboradas em conformidade com uma estrutura e estão livres de distorção relevante e material causada por erro e fraude. Vimos que o objetivo do auditor é emitir uma opinião, que conclui seus trabalhos, sobre as demonstrações contábeis. Contudo, esta opinião, assim como a escrituração contábil, também está sujeita a erros de julgamento. Isto é conhecido como risco de auditoria, ou seja, ao se concluir e opinar sobre a posição financeira e patrimonial, não se detectaram distorções significativas, seja por erro ou fraude. O risco de auditoria pode ser classificado de duas formas: risco de distorção relevante e risco de detecção. Vamos conhecer esses conceitos. Segundo a NBC TA 200, o risco de distorção relevante decorre antes da auditoria e é subdividido em risco inerente e risco de controle. Assim, o risco inerente é a tendência de se afirmar sobre uma transação, saldo contábil ou divulgação antes da consideração de quaisquer controles relacionados. Por exemplo, a consideração de saldo de estoques de produtos tecnológicos, que em função de novas tecnologias, podem estar superavaliados. O risco de controle, por sua vez, é o risco de que uma distorção que possa ocorrer em se afirmar sobre uma classe de transação, saldo contábil ou divulgação não seja prevenida, detectada e corrigida em tempo hábil pelo controle interno da http://fucamp.edu.br/editora/index.php/ragc/article/view/687/486 http://fucamp.edu.br/editora/index.php/ragc/article/view/687/486 17 entidade. Por exemplo, limitações ao controle interno, subordinado, pela própria administração. Já o risco de detecção decorre da não identificação de uma distorção existente e que possa ser relevante, individualmente ou em conjunto com outras distorções. Esse risco pode ser reduzido, mas jamais eliminado, pelas próprias limitações de auditoria, como natureza das operações, custo e tempo para condução do trabalho. Conforme a NBC TA 200, a distorção para a auditoria significa: [...] a diferença entre o valor, a classificação, a apresentação ou a divulgação de uma demonstração contábil relatada e o valor, a classificação, a apresentação ou a divulgação que é exigida para que o item esteja de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável. As distorções podem originar-se de erro ou fraude. Quando o auditor expressa uma opinião sobre se as demonstrações contábeis foram apresentadas adequadamente, em todos os aspectos relevantes, as distorções também incluem os ajustes de valor, classificação, apresentação ou divulgação que, no julgamento do auditor, são necessários para que as demonstrações contábeis estejam apresentadas adequadamente, em todos os aspectos relevantes. No entanto, devemos observar que, se não for possível obter segurança razoável e se a opinião do auditor sobre as demonstrações contábeis apresentar ressalva no relatório de auditoria, mesmo assim insuficiente para atender aos usuários, esse profissional deve se abster de opinar, ou mesmo renunciar ao trabalho (CFC, NBC TA 200, 2016). Então, vamos refletir: os controles sobre a integridade e a exatidão das informações geradas pela empresa contratante podem ou não ser relevantes para a auditoria? Correto! O auditor tem conhecimento das informações e se utiliza de seu julgamento profissional para planejar e executar os procedimentos necessários para a realização do seu trabalho. Assim, os controles relacionados aos objetivos operacionais, ou de curto prazo, também podem ser relevantes caso eles se relacionem com os dados analisados ou utilizados na aplicação de procedimentos de auditoria. Entretanto, além de opinar sobre as demonstrações financeiras, a auditoria contábil também revisa as transações contábeis, financeiras e operacionais de uma entidade. Com tais procedimentos, podem-se identificar deficiências nos controles internos e apresentar recomendações para saná-las. 18 De acordo com tudo o que vimos até aqui, podemos resumir os principais benefícios da auditoria em três pontos: • aumenta a transparência e confiança dos stakeholders da empresa auditada; • permite identificar falhas ou deficiências, que devem ser trabalhadas para a melhoria de processos e procedimentos internos; • a tomada de decisão será sustentada ou subsidiada com informações con- sistentes e confiáveis, livres de distorções relevantes. A partir disso, para encerrar esta unidade, vamos refletir: será que a auditora é, realmente, necessária? Ou seria apenas um custo a mais para as empresas? Se você respondeu sim para a primeira pergunta, você compreendeu a importânciada auditoria para as entidades! 19 Referências ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ARAÚJO, I. da P. S.; ARRUDA, D. G. Fundamentos da auditoria: a auditoria das demonstrações financeiras em um contexto global. São Paulo: Saraiva, 2012. ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 2 jan. 2018. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Instrução CVM n.º 308 de 14 de maio de 1999. Dispõe sobre o registro e o exercício da atividade de auditoria independente no âmbito do mercado de valores mobiliários, define os deveres e as responsabilidades dos administradores das entidades auditadas no relacionamento com os auditores independentes. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 19 mai. 1999. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n.º 560 de 28 de outubro de 1983. Dispõe sobre as prerrogativas profissionais de que trata o artigo 25 do Decreto-lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28 dez. 1983. ______. Resolução CFC n.º 1.328, de 18 de março de 2011. Dispõe sobre a estrutura das normas brasileiras de contabilidade. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 22 mar. 2011. ______. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PG 100, de 24 de janeiro de 2014. Dispõe sobre a NBC PG 100 - aplicação geral aos profissionais da contabilidade. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 mar. 2014. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm 20 ______. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PA 13 (R2), de 21 de agosto de 2015. Dá nova redação à NBC PA 13 (R1) que dispõe sobre o Exame de Qualificação Técnica. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2 set. 2015. ______. Normas Brasileira de Contabilidade – NBC TO 3000, de 20 de novembro de 2015. Dá nova redação à NBC TO 3000 que dispõe sobre trabalhos de asseguração diferente de auditoria e revisão. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 nov. 2015. ______. Normas Brasileira de Contabilidade – NBC TA 200 (R1), de 19 de agosto de 2016. Objetivos gerais do auditor independente e a condução da auditoria em conformidade com normas de auditoria. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 set. 2016. ______. Normas Brasileira de Contabilidade – NBC TA 240 (R1), de 19 de agosto de 2016. Altera a NBC TA 240 que dispõe sobre a responsabilidade do auditor em relação a fraude, no contexto da auditoria de demonstrações contábeis. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 set. 2016. ______. Normas Brasileira de Contabilidade – NBC PA 290 (R2), de 19 de maio de 2017. Independência nos trabalhos de auditoria e revisão. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 mai. 2017. ______. Normas Brasileira de Contabilidade – NBC T 11, Resolução 820 de 17 de dezembro de 1997. Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis com alterações e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 21 jan. 1998. CREPALDI, S. A. Auditoria Contábil: teoria e prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PINHO, R. C. de S. Fundamentos de auditoria: auditoria contábil, outras aplicações de auditoria. São Paulo: Atlas, 2009. GINEAD AUDITORIA CONTÁBIL Unidade 2 - Normas Técnicas e Profissionais da Auditoria SST Moreno, Fernanda Gualda; Pereira, Beatriz da Silva Unidade 2 - Normas Técnicas e Profissionais da Audito- ria / Fernanda Gualda Moreno; Beatriz da Silva Pereira Ano: 2020 nº de p.: 20 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Unidade 2 - Normas Técnicas e Profissionais da Auditoria 3 Objetivo específico • Conhecer as normas técnicas de auditoria referentes à execução do trabalho e à pessoa do auditor. Apresentando a Unidade Esta unidade será o primeiro passo para que você conheça as normas técnicas e profissionais que regem a auditoria. Serão conceituadas as normas de auditoria interna e externa e de asseguração, sua importância e aplicação, tanto na elaboração e execução dos trabalhos de auditoria quanto no estabelecimento de parâmetros para o exercício da função do auditor. Além disso, também serão explanados os principais órgãos relacionados à fiscalização e os pontos considerados essenciais na elaboração de uma auditoria, como: planejamento, relevância, riscos, amostragem, transações com partes relacionadas, transações e eventos subsequentes, carta de responsabilidade da administração, contingências etc. Vamos começar? Importância e aplicação das normas de auditoria O primeiro passo para o estudo das normas técnicas e profissionais da auditoria é o conhecimento de alguns conceitos importantes. Então, vamos lá? De acordo com Crepaldi (2009, p. 23), a auditoria pode ser conceituada como “[...] o levantamento, estudo e avaliação sistemática das transações, procedimentos, operações, rotinas e das demonstrações financeiras de uma entidade”. A auditoria pode ser interna ou externa. A principal diferença entre os dois métodos é que a auditoria externa é realizada por membros que não são colaboradores da empresa (SANTOS; GOMES, 2006). 4 A atividade de auditoria no Brasil é regulamentada por diversas normas, tanto para os profissionais quanto para a técnica, as quais iremos elucidar detalhadamente no decorrer deste estudo. Existem diversos órgãos que estão relacionados com a fiscalização, regulamentação e controle da auditoria, seguem alguns deles: • CRC – Conselho Regional de Contabilidade: é a entidade de classe dos con- tadores e tem como principal finalidade o registro e fiscalização do exercício da profissão contábil. • CFC – Conselho Federal de Contabilidade: é o responsável pela elaboração das Normas Brasileiras de Contabilidade. • CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis: tem como objetivo a emissão de Pronunciamentos Técnicos, para permitir a emissão de normas pela en- tidade reguladora brasileira, considerando a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. • CVM – Comissão de Valores Mobiliários: é uma entidade autárquica, vincula- da ao Ministério da Fazenda, que funciona como órgão fiscalizador do mer- cado de capitais no Brasil. • IFAC – (International Federation of Accountants/Federação Internacional de Contadores): organização mundial que representa a profissão contábil. • IASB – (International Accounting Standards Board/Normas Internacionais de Contabilidade): responsável pela revisão e publicação das IFRS (International Financial Reporting Standard/Norma Internacional de Relatórios Financei- ros), que são pronunciamentos com normas internacionais de contabilidade; o Brasil é representado pelo CFC e IBRACON. • FASB – (Financial Accounting Standards Board): é uma entidade privada, cujo objetivo principal é desenvolver os princípios contábeis geralmente aceitos (GAAP) nos Estados Unidos da América. O FASB é responsável pela publica- ção dos FAS (Statements of Financial Accounting Standars/Normas de Con- tabilidade Financeira). • IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil: tem por objeti- vo, entre outros, elaborar normas e procedimentos relacionados com audito- ria e perícias contábeis. • AUDIBRA – Instituto dos Auditores Internos do Brasil: é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que tem por objetivo principal a pro- moção do desenvolvimento da auditoria interna, mediante a troca de ideias, reuniões, conferências, intercâmbio com outras instituições, congressos, pu-blicações de livros e revistas e divulgação da importância da auditoria inter- na junto a terceiros. 5 As Normas Brasileiras de Contabilidade classificam-se como: profissionais – que estabelecem a conduta para o exercício da profissão – e técnicas – que estabelecem os conceitos doutrinários, a estrutura técnica e os procedimentos a serem aplicados. Figura 2.1: As normas estabelecem conceitos, estrutura e procedimentos Fonte: Plataforma Deduca (2018). A auditoria é um dos instrumentos de controle mais importantes para os administradores das empresas, pois, por meio da análise e da certificação da auditoria nos controles internos e nas demonstrações contábeis, é possível identificar se os processos internos e políticas definidas pela empresa estão sendo seguidos, principalmente em consonância com as Normas Brasileiras de Contabilidade. As normas profissionais – NBC TA – conduzem o auditor na realização de suas tarefas de forma imparcial, zelosa, cética, responsável e criteriosa. As NBC TA conduzem o auditor, de forma técnica, no trabalho do material utilizado. As normas técnicas de auditoria são convergentes com as normas internacionais. Elas vão sendo aperfeiçoadas e, periodicamente, consolidadas no decorrer dos anos, com os pronunciamentos, afastando lacunas ou interpretações dúbias relativas ao trabalho do auditor. As Normas de Auditoria são imprescindíveis para a profissão, para adequar e padronizar a correta verificação dos saldos financeiros e contábeis, analisar os controles e verificar a fragilidade. Elas definem quais procedimentos devem ser adotados na auditoria, os critérios de materialidade e os riscos envolvidos. Seu 6 objetivo também é a regulação da profissão, garantindo a qualificação técnica dos auditores por meio da educação continuada. No Brasil, a legislação é presente em todas as áreas de atividade profissional e não seria diferente para a auditoria, cujo objeto é o conjunto de controle do patrimônio administrativo, os quais compreendem papéis, fichas, arquivos e as demonstrações financeiras e contábeis. Assim, as normas de auditoria são: • normas relativas à execução do trabalho; • normas relativas ao relatório; • normas relativas à pessoa do auditor. Vamos conhecer cada tipo de norma nos próximos tópicos. Normas relativas à execução do trabalho de auditoria A NBC TA 300 refere-se ao planejamento da realização dos trabalhos de auditoria, já que esse é o primeiro passo de uma auditoria. Ela norteia o auditor no desenvolvimento dos trabalhos e define o escopo e limitação da auditoria. Um planejamento eficaz é o caminho para o bom desenvolvimento e resultado da auditoria. Quando o auditor faz um bom planejamento, ele pode explorar mais as áreas importantes, fazer um trabalho organizado, otimizar o tempo, resultando na seleção dos membros da equipe com capacidade e competência adequadas para mensurar o nível de riscos e alocação apropriada nas tarefas. É importante salientar que o planejamento da auditoria não deve ser visto como uma etapa isolada, mas como um processo contínuo. De acordo com a NBC 300, o planejamento contribui para: • Auxiliar o auditor a dedicar atenção apropriada às áreas importantes da auditoria; • Auxiliar o auditor a identificar e resolver tempestivamente problemas potenciais; • Auxiliar o auditor a organizar adequadamente o trabalho de auditoria para que seja realizado de forma eficaz e eficiente; 7 • Auxiliar na seleção dos membros da equipe de trabalho com níveis apropriados de capacidade e competência para responderem aos riscos esperados e na alocação apropriada de tarefas; • Facilitar a direção e a supervisão dos membros da equipe de trabalho e a revisão do seu trabalho; • Auxiliar, se for o caso, na coordenação do trabalho realizado por outros auditores e especialistas (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE). Figura 2.2: O planejamento é o primeiro passo de uma auditoria Fonte: Plataforma Deduca (2018). O planejamento deve buscar atender a alguns requisitos, tais como: • Envolvimento de membros-chave da equipe de trabalho – na definição de como será realizado o trabalho de auditoria é importante que todos os mem- bros da equipe de trabalho discutam e participem da elaboração do planeja- mento que será posto em ação. • Atividades preliminares do trabalho de auditoria – no início do trabalho de auditoria o auditor deve realizar as seguintes atividades: a. Supervisão e controle de qualidade: os controles internos de qualidade re- lacionam-se à garantia da qualidade dos serviços. Para a sua estruturação, deve-se levar em consideração o porte, a cultura, a organização e a com- plexidade dos serviços que serão realizados. Todas as atividades do audi- tor deverão seguir o controle interno de qualidade (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, NBC TA 220). 8 b. Avaliação da conformidade com os requisitos éticos – no decorrer de todo o trabalho desenvolvido, a equipe de trabalho deve seguir as exigências éticas relevantes. De acordo com a NBC 200, o ceticismo envolve estar alerta a: • Evidências de auditoria que contradigam outras evidências obtidas; • Informações que coloquem em dúvida a confiabilidade dos documentos e respostas a indagações a serem usadas como evidências de auditoria; • Condições que possam indicar possível fraude; e • Circunstâncias que sugiram a necessidade de procedimentos de auditoria além dos exigidos pelas NBCs TA (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE). Se tais elementos forem cumpridos, os auditores conseguirão diminuir os riscos relacionados à desconsideração de situações que não sejam comuns, generalização excessiva e uso inadequado de princípios ao estabelecer a natureza, a época e a extensão dos procedimentos de auditoria e ao avaliar os seus resultados (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, NBC TA 200). c. Estabelecimento do entendimento dos termos do trabalho: O auditor deve estabelecer como adequado os termos do trabalho. Tais termos devem ser formalizados na carta de contratação da auditoria ou em um documento es- crito que seja adequado. Ele deve abranger (NBC 300): • O objetivo e o alcance da auditoria das demonstrações contábeis; • As responsabilidades do auditor; • As responsabilidades da administração; • A identificação da estrutura de relatório financeiro aplicável para a elaboração das demonstrações contábeis; • Referência à forma e ao conteúdo esperados de quaisquer relatórios a serem emitidos pelo auditor; e • Declaração de que existem circunstâncias em que o relatório pode ter forma e conteúdo diferente do esperado. • Aplicação dos procedimentos de auditoria – os procedimentos de auditoria devem ser aplicados por causa da complexidade e do volume de operações da empresa. É papel do auditor, com base na análise de riscos de auditoria e 9 outros elementos que ele tenha, estabelecer uma estratégia global, e a partir dela ele deve: a. Identificar as características do trabalho para definir o seu alcance; b. Definir os objetivos do relatório do trabalho de forma a planejar a época da auditoria e a natureza das comunicações requeridas; c. Considerar os fatores que no julgamento profissional do auditor são signifi- cativos para orientar os esforços da equipe do trabalho; d. Considerar os resultados das atividades preliminares do trabalho de audi- toria e, quando aplicável, se é relevante o conhecimento obtido em outros trabalhos realizados pelo sócio do trabalho para a entidade; e e. Determinar a natureza, a época e a extensão dos recursos necessários para realizar o trabalho (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE). • Documentação da auditoria – este item corresponde à documentação obri- gatória exigida na realização dos trabalhos de auditoria das demonstrações contábeis. Os papéis de trabalho fazem parte dele (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, NBC TA 300). • Risco de auditoria – o risco de auditoria corresponde à possibilidade de o auditor emitir uma opinião inadequada em relação às demonstrações con- tábeisque estejam erradas. A análise dos riscos também ocorre na fase de planejamento (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, NBC TA 300). É importante destacar que cabe ao auditor sempre observar todas as regras de auditoria vigentes, e no caso de outras auditorias já terem sido realizadas na empresa por outro auditor é de extrema importância que o auditor entre em contato com o profissional responsável. Na auditoria interna, também são considerados alguns pontos destacados na execução da auditoria externa, como planejamento e riscos. De acordo com a NBC T 12, devem fazer parte do processo de auditoria interna os exames e investigações, testes de observância e testes substantivos, que possibilitem ao auditor obter as informações necessárias para dar base às conclusões e recomendações emitidas à administração da empresa. No Quadro 2.1, podemos ver, de forma sintética, todas as normas e suas respectivas resoluções, referentes à execução dos trabalhos de auditoria: 10 Quadro 2.1: Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas referentes à execução dos trabalhos de auditoria Norma Resolução CFC Descrição NBC TA DOU 25/11/15 Estrutura Conceitual para Trabalhos de Asseguração NBC TA 210 DOU 05/09/16 Concordância com os Termos do Trabalho de Auditoria NBC TA 220 DOU 05/09/16 Controle de Qualidade da Auditoria de Demonstrações Contábeis NBC TA 230 DOU 05/09/16 Documentação de Auditoria NBC TA 240 DOU 05/09/16 Responsabilidade do Auditor em Relação à Fraude NBC TA 250 1.208/09 Consideração de Leis e Regulamentos na Auditoria de Demonstrações Contábeis NBC TA 260 DOU 04/07/16 Comunicação com os Responsáveis pela Governança NBC TA 265 1.210/09 Comunicação de Deficiências de Controle Interno NBC TA 300 DOU 05/09/16 Planejamento da Auditoria de Demonstrações Contábeis NBC TA 315 DOU 05/09/16 Identificação e Avaliação dos Riscos de Distorção Relevante por meio do Entendimento da Entidade e do seu Ambiente NBC TA 320 DOU 05/09/16 Materialidade no Planejamento e na Execução da Auditoria NBC TA 330 DOU 05/09/16 Resposta do Auditor aos Riscos Avaliados NBC TA 402 1.215/09 Considerações de Auditoria para a Entidade que utiliza a Organização Prestadora de Serviços NBC TA 450 DOU 05/09/16 Avaliação das Distorções Identificadas durante a Auditoria NBC TA 500 DOU 05/09/16 Evidência de Auditoria NBC TA 501 1.218/09 Evidência de Auditoria - Considerações Específicas para itens Selecionados NBC TA 505 1.219/09 Confirmações externas NBC TA 510 DOU 05/09/16 Trabalhos iniciais - saldos iniciais NBC TA 520 1.221/09 Procedimentos analíticos NBC TA 530 1.222/09 Amostragem em Auditoria NBC TA 540 DOU 05/09/16 Auditoria de Estimativas Contábeis, Inclusive do Valor Justo, e Divulgações Relacionadas NBC TA 550 1.224/09 Partes relacionadas 11 NBC TA 560 DOU 05/09/16 Eventos subsequentes NBC TA 570 DOU 04/07/16 Continuidade operacional NBC TA 580 DOU 05/09/16 Representações formais NBC TA 600 DOU 05/09/16 Considerações Especiais - Auditorias de Demonstrações Contábeis de Grupos, incluindo o Trabalho dos Auditores dos Componentes NBC TA 610 DOU 29/01/14 Utilização do Trabalho de Auditoria Interna NBC TA 620 1.230/09 Utilização do Trabalho de Especialistas NBC TA 710 DOU 05/09/16 Informações Comparativas - Valores Correspondentes e Demonstrações Contábeis NBC TA 800 DOU 22/02/17 Considerações Especiais - Auditorias de Demonstrações Contábeis Elaboradas de acordo com Estruturas de Contabilidade para Propósitos Especiais NBC TA 805 DOU 22/02/17 Considerações Especiais - Auditoria de Quadros Isolados das Demonstrações Contábeis e de Elementos, Contas ou Itens Específicos das Demonstrações Contábeis NBC TR 2400 DOU 30/10/13 Trabalhos de Revisão de Demonstrações Contábeis NBC TR 2410 1.274/10 Revisão de Informações Intermediárias Executada pelo Auditor da Entidade NBC TO 3000 DOU 25/11/15 Trabalho de Asseguração Diferente de Auditoria e Revisão NBC TI 01 NBC T 12 Da auditoria interna Fonte: Elaborado pelos autores (2018). No próximo tópico, falaremos sobre as normas relativas ao parecer de auditoria. Vamos lá? Normas relativas ao parecer/relatório de auditoria O parecer/relatório de auditoria é a peça mais importante, pois nele o auditor informa o resultado de seu trabalho. Nessa fase, o auditor deve revisar os papéis de trabalho, assegurando que todas as etapas da auditoria foram cumpridas, e concluir 12 se os objetivos da auditoria foram alcançados e se as evidências foram suficientes para fundamentar sua conclusão. No Quadro 2.2, apresentaremos as principais normas e as respectivas resoluções referentes ao parecer/relatório de auditoria: Quadro 2.2: Normas Brasileiras de Contabilidade referentes ao parecer/relatório NBC Resolução CFC Descrição NBC TA 700 - Formação da Opinião e Emissão do Relatório do Auditor Independente sobre as Demonstrações Contábeis DOU 04/07/16 Esta norma refere-se à obrigação do auditor de formar uma opinião sobre as demonstrações contábeis analisadas, além de determinar a forma e o conteúdo do relatório referente à auditoria realizada. De acordo com o item 6 da respectiva norma, os objetivos a serem atingidos pelo auditor ao elaborar o relatório/ parecer são: a) formar uma opinião sobre as demonstrações contábeis com base na avaliação das conclusões alcançadas pela evidência de auditoria obtida; b) expressar claramente essa opinião por meio de relatório por escrito. NBC TA 701 - Comunicação dos Principais Assuntos de Auditoria no Relatório do Auditor Independente. DOU 04/07/16 Esta norma refere-se à responsabilidade do auditor de informar os assuntos mais relevantes no relatório. Ela também trata do que é levado em consideração para determinar qual conteúdo precisa ser informado no relatório, além da forma como essa informação será apresentada. NBC TA 705 - Modificações na Opinião do Auditor Independente DOU 04/07/16 Esta norma refere-se à responsabilidade do auditor de emitir um relatório específico quando as informações se encontram incompletas e possuem imprecisões. De acordo com o item 2 da respectiva norma, existem três tipos de opiniões modificadas: opinião com ressalva, opinião adversa e abstenção de opinião. A decisão sobre que tipo de opinião modificada é apropriada depende: a) da natureza do assunto, caso as demonstrações contábeis apresentem distorção relevante ou, no caso de faltar evidências de auditoria apropriada e suficiente; b) da avaliação do auditor sobre a divulgação de forma geral sobre os efeitos ou possíveis efeitos das informações presentes nas demonstrações contábeis. 13 NBC TA 706 - Parágrafos de Ênfase e Parágrafos de Outros Assuntos no Relatório do Auditor Independente DOU 04/07/16 Esta norma é referente a informações adicionais que constem no relatório do auditor. A finalidade desses dados é: a) chamar a atenção para um assunto quando a informação à que ele se refere é importante para o entendimento das demonstrações contábeis, ou b) chamar a atenção sobre um assunto que, caso não seja apresentado nas demonstrações contábeis, fará com que os usuários não entendam a auditoria, as responsabilidades do auditor ou o seu relatório. NBC TA 810 Trabalhos para a Emissão de Relatório sobre Demonstrações Contábeis Condensadas DOU 22/02/17 Esta norma refere-se à responsabilidade do auditor de elaborar o relatório/parecer das demonstrações contábeis de acordo com informações que sejam compactas e que tenham sido auditadas em consonância com as normas de auditoria vigentes pelo mesmo auditor. Fonte: Elaborado pelos autores (2018). No próximo tópico, iremos conhecer as normas relativas ao auditor. Vamos adiante? Normas relativas ao auditor No decorrer desta unidade, vimos que as normas fornecem as diretrizes e regras para as atividades de auditoria. Mas sua aplicação não se limita aos documentos emitidos, o auditor contábil responsável pela emissão dos relatórios também tem a sua funçãoregida pelas normas. O auditor contábil é um profissional com registro ativo no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) e com conhecimentos sobre a área contábil, financeira e patrimonial. Ele pode ser um auditor interno ou externo. Sua principal função é identificar falhas nos sistemas de controle, contribuindo, assim, para a tomada de decisão com base em dados fidedignos (MELO; SANTOS, 2017). 14 Na auditoria externa: • não existe vínculo empregatício com a empresa auditada; • os exames das operações são feitos principalmente para atender a sócios, acionistas, investidores, e demais interessados. Na auditoria interna • existe vínculo empregatício com a empresa auditada; • os exames das operações são feitos, principalmente, visando aos aspectos de eficiência operacional/administrativa. Atenção Caso a auditoria seja feita em uma empresa de capital aberto, é preciso que o contador também tenha registro profissional na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). De acordo com a NBC PG 100, alguns princípios devem nortear a conduta do profissional de contabilidade. São eles: princípios éticos, integridade, objetividade, competência e zelo profissionais, sigilo profissional e comportamento profissional. Para saber mais a esse respeito, acesse o link: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/ SRE/docs/NBCPG100.pdf>. Saiba mais http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCPG100.pdf http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCPG100.pdf 15 A Resolução CFC 803/96, em seu art. 5º, posteriormente atualizada pela Resolução 3.107/10, estabelece alguns princípios éticos que o contador deve seguir como auditor: I – recusar sua indicação quando reconheça não se achar capacitado em face da especialização requerida; II – abster-se de interpretações tendenciosas sobre a matéria que constitui objeto de perícia, mantendo absoluta independência moral e técnica na elaboração do respectivo laudo; III – abster-se de expender argumentos ou dar a conhecer sua convicção pessoal sobre os direitos de quaisquer das partes interessadas, ou da justiça da causa em que estiver servindo, mantendo seu laudo no âmbito técnico e limitado aos quesitos propostos; IV – considerar com imparcialidade o pensamento exposto em laudo submetido a sua apreciação; V – mencionar obrigatoriamente fatos que conheça e repute em condições de exercer efeito sobre peças contábeis objeto de seu trabalho, respeitado o disposto no inciso II do Art. 2º; VI – abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado e munido de documentos; VII – assinalar equívocos ou divergências que encontrar no que concerne à aplicação dos Princípios de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo CFC; VIII – considerar-se impedido para emitir parecer ou elaborar laudos sobre peças contábeis observando as restrições contidas nas Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade; IX – atender à Fiscalização dos Conselhos Regionais de Contabilidade e Conselho Federal de Contabilidade no sentido de colocar à disposição desses, sempre que solicitado, papéis de trabalho, relatórios e outros documentos que deram origem e orientaram a execução do seu trabalho; e X - cumprir os Programas Obrigatórios de Educação Continuada estabelecidos pelo CFC. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE) 16 Além de prezar pelos princípios éticos, no caso do auditor independente (externo), é preciso seguir as Normas Brasileiras de Auditoria, emitidas em conjunto pelos seguintes órgãos: Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Instituto de Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Banco Central do Brasil (Bacen), Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Superintendência de Recursos Privados (Susep). De acordo com o art. 3º da instrução da CVM 308/99, o auditor independente precisa ter registro no CFC, na categoria contador. Ele deve ter exercido atividade de auditoria no país por, pelo menos, cinco anos (consecutivos ou não), período contado desde o seu registro no órgão. O art. 7º da instrução da CVM 308/99 estabelece como poderá ser comprovado o exercício da atividade de auditoria. Saiba mais detalhes sobre isso acessando o link: <http://www.cvm. gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/300/ inst308consolid.pdf>. Saiba mais O auditor externo deve ainda ter um escritório profissional legalizado, em seu nome, com instalações compatíveis com o exercício da atividade de auditoria independente, prezando pelo sigilo de documentos e informações dos clientes, além de, evidentemente, ter conhecimentos permanentemente atualizados sobre a área de atuação. Existem outras diretrizes e regras que o contador que exerce a função de auditor precisa seguir. No Quadro 2.3, podemos ver as principais normas e suas respectivas resoluções: http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/300/inst308consolid.pdf http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/300/inst308consolid.pdf http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/300/inst308consolid.pdf 17 Quadro 2.3: Normas Brasileiras de Contabilidade do Profissional de Auditoria – NBC PA NBC Resolução CFC Descrição NBC PI 01 821/97 Esta norma determina as competências técnico- profissional do auditor interno. Ela ainda trata de sua autonomia profissional, sobre a responsabilidade na execução dos trabalhos, além da manutenção do sigilo profissional e cooperação com o auditor independente. NBC PA 13 – Exame de Qualificação Técnica 1.109/07 Tem por objetivo examinar o nível de conhecimento e competência técnico-profissional dos auditores independentes. O exame de qualificação técnica é composto de prova escrita, contemplando questões para respostas objetivas e dissertativas. Os conhecimentos exigidos são: a) Ética Profissional; b) Legislação Profissional; c) princípios Fundamentais de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade, editados pelo Conselho Federal de Contabilidade; d) Auditoria Contábil; e) Legislação Societária; f) Legislação e Normas de Organismos Reguladores do Mercado; e, g) Língua Portuguesa Aplicada. O profissional obterá a aprovação mediante acerto de no mínimo 50% das questões objetivas e 50% das questões dissertativas elencadas nas provas, ocorrendo a aprovação no Exame de Qualificação Técnica para registro no Cadastro nacional de Auditores Independentes (CNAI). O resultado será publicado no Diário Oficial da União e a certidão de aprovação será divulgada no site do CFC. A avaliação será aplicada pelo menos uma vez em cada ano. NBC PA 01 – Controle de Qualidade para Firmas 1.201/09 Esta norma destaca o controle de qualidade para auditores (pessoas jurídicas e físicas) que executam o trabalho de auditoria. O principal objetivo, manter o controle de qualidade para obter segurança razoável, a fim de que todos os profissionais envolvidos cumpram as normas técnicas e as exigências éticas relevantes na emissão dos relatórios. Ainda de acordo com a norma, o profissional deve ter independência, ou seja, permite a apresentação da conclusão sem os efeitos da influência que possam comprometer o julgamento. Além disso, é um sistema de controle de qualidade que inclua políticas e procedimentos que tratam dos seguintes elementos: (a) responsabilidades da liderança pela qualidade; (b) exigências éticas significativas; (c) aceitação e continuidade do relacionamento com clientes e de trabalhos específicos; (d) recursos humanos; (e) execução do trabalho; e, (f) monitoramento. 18 NBC PA 11 – Revisão Externa de Qualidade pelos Pares 1.323/11 Esta norma aplica-se, exclusivamente, ao auditor com registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ela foi criada objetivando assegurar a qualidade dos trabalhos desenvolvidos pelos auditores. Essa norma consiste no exame realizado por um auditor independente nos trabalhos de auditoria executados por outro auditor independente, visandoverificar se os procedimentos e as técnicas de auditoria utilizados para execução dos trabalhos nas empresas clientes estão em conformidade com as Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas e Profissionais, e quando aplicável, com outras normas emitidas por órgão regulador. Ela também analisa se o sistema de controle de qualidade desenvolvido e adotado pelo Auditor está adequado ao que é previsto na NBC PA 01 – Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de Auditores Independentes. A Revisão pelos Pares deve ocorrer, no mínimo, uma vez a cada ciclo de quatro anos. NBC PA 12 – Educação Profissional Continuada 1.377/11 Esta norma tem o objetivo de regulamentar o Programa de Educação Continuada exercida pelos contadores na atividade de auditoria independente. Essa norma determina que o auditor deverá cumprir no mínimo 40 pontos por ano- calendário, sendo, no mínimo oito pontos com atividades de conhecimento, e comprovar, mediante relatório de atividade e documentos relativos à atividade de educação no órgão de classe - CRC de sua jurisdição -, até o dia 31 de janeiro do ano subsequente. Cabe lembrar que, o descumprimento das disposições da norma constitui infração do profissional, podendo acarretar a baixa do registro no CNAI – Cadastro Nacional de Auditores Independentes. NBC PA 290 – Independência Trabalho de Auditoria e Revisão DOU 28/05/14 Esta norma trata-se da independência dos auditores em relação aos clientes para os trabalhos de auditoria. Os conceitos sobre a independência devem ser aplicados por Auditores para identificar ameaças à independência e avaliar a importância dessas ameaças. Além de aplicar salvaguardas, quando necessário, para eliminar as ameaças ou reduzi-las a um nível aceitável. Quando as salvaguardas apropriadas não estão disponíveis ou não podem ser aplicadas para eliminar as ameaças ou reduzi-las a um nível aceitável, o auditor deve eliminar a circunstância ou relacionamento que cria as ameaças, declinar ou descontinuar o trabalho de auditoria. O auditor deve usar julgamento profissional ao aplicar estes conceitos sobre a independência. NBC PA 291 – Independência Outros Trabalhos de Asseguração DOU 28/05/14 Assim como a NBC PA 290 essa norma refere-se a independência dos auditores, só que diferente da norma referida que trata dos trabalhos de auditoria e revisão, essa norma refere-se a outros trabalhos de asseguração. Fonte: Elaborado pelos autores (2018). 19 Dessa forma, você já deve ter concluído que o contador que exerce a função de auditor deve atender a diversas regras, como atualização constante da profissão e, acima de tudo, a ética, o ceticismo e a independência. 20 Referências CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. A estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade. Disponível em: <http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de- contabilidade>. Acesso em: 29 dez. 2017. ______. Princípios fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade, auditoria e perícia. Disponível em: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/ uploads/2013/01/livro_auditoria-e-pericia.pdf>. Acesso em: 30 dez. 2017. CREPALDI, S. A. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2009. MELO, M. M. de; SANTOS, I. R. dos. Auditoria contábil: atualizada pelas Normas Internacionais de Auditoria emitida pela IFAC com adoção no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Maria Augusta Delgado, 2017. SANTOS, J. L. dos; GOMES, J. M. M. Fundamentos de auditoria contábil. São Paulo: Atlas, 2006. GINEAD AUDITORIA CONTÁBIL Unidade 3 - Controles internos SST Moreno, Fernanda Gualda; Pereira, Beatriz da Silva Unidade 3 - Controles internos / Fernanda Gualda Moreno; Beatriz da Silva Pereira Ano: 2020 nº de p.: 19 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Unidade 3 - Controles internos 3 Objetivo específico • Entender os procedimentos, métodos e rotinas do controle interno, além da sua contribuição na condução da auditoria contábil. Apresentando a Unidade Frequentemente, quando estudamos sobre estratégias, usamos a expressão “análise de ambiente”. Obviamente, estamos nos referindo ao ambiente organizacional, ou seja, em quais condições a empresa está e o que pode afetá-la. Essa análise é dividida em análise do ambiente interno (forças e fraquezas) e em análise do ambiente externo (oportunidades e ameaças). As variáveis que afetam o ambiente interno podem ser plenamente gerenciadas, porém não é de controle dos gestores o fato de haver (ou não) novos concorrentes, novas regulações governamentais que influenciem os resultados do negócio, como o aumento da carga tributária, por exemplo. É dever do auditor independente conhecer e compreender o ambiente de controle. Para as atividades de auditoria contábil, como vimos, são analisadas questões internas da empresa auditada que possam afetar os registros e, consequentemente, as demonstrações contábeis. No que diz respeito ao controle interno, o ambiente de controle será organizado conforme o estilo gerencial de cada empresa e a conscientização de seus colaboradores. O ambiente de controle deve incluir os seguintes juízos de valor: integridade, ética, competência, transparência e responsabilidade. Consequentemente, esses juízos materializam a cultura organizacional da entidade. Conceitos A palavra controle deriva de duas palavras do latim: contra e rotulus, que significa “rolo, escrito, registro”. Em outras palavras, significa o ato de verificação dos escritos ou as contas dos rolos ou pergaminhos’ O termo se referia, primeiro, à atividade da entidade controlada, que deveria ser sempre registrada, mas também 4 se referia a livros comerciais, como o livro diário, cujos registros poderiam ser comparados com os registros do livro original. Esse foi um método de contabilidade desenvolvido no século XIV pela família Médici, em Florença, e consistia na dupla entrada para o acompanhamento de débitos e créditos em seus negócios. Para Fayol (1990), controle consiste em verificar se a execução dos processos e dos procedimentos está em conformidade com as atividades planejadas, com as instruções emitidas e com os princípios preestabelecidos. As atividades de controle têm por objetivo apontar desvios (como as falhas, os erros e as distorções), para corrigi-los e evitar que voltem a ocorrer. O controle pode ocorrer de três formas: previamente, concomitantemente e subsequentemente à ocorrência de fatos e atos que podem alterar a situação patrimonial de uma empresa. No Quadro 3.1, veremos como cada uma delas ocorre: Quadro 3.1: Formas de controle Controle Descrição Prévio ou preventivo (a priori) Aquele que precede o início da realização de um ato, como validação das etapas de planejamento e organização. É de responsabilidade exclusiva de cada entidade. Concomitante ou sucessivo Aquele que acompanha a realização de um ato para verificar a regularidade de sua formação. É o controle no decorrer do ato, ou seja, quando há uma supervisão direta. Subsequente ou corretivo (a posteriori) Aquele que se efetiva após a conclusão de um ato controlado, visando corrigir eventuais falhas ou desvios, podendo-se validar ou não essa execução. Fonte: Elaborado pelos autores (2018). O Committee of Sponsoring Organization of the Treadway Commission (COSO), entidade fundada em 1985 nos Estados Unidos e referência mundial em normalização de boas práticas para prevenir e evitar fraudes nos procedimentos e processos internos, define o controle interno como sendo: [...] um processo conduzido pela estrutura de governança, administração e outros profissionais da entidade, e desenvolvido para proporcionar segurança razoável com respeito à realização dos objetivos relacionados a operações, divulgação e conformidade. (COSO, 2013, p. 6). 5 O controle interno, a partir dessa definição, deve ser planejado, implementado e mantido com a finalidade de encarar osriscos do negócio que ameacem a sua continuidade e para que sejam atingidos os seus objetivos institucionais. Conforme a NBC TA 315 (CFC, 2016), esses objetivos são classificados nas seguintes categorias: 1. confiabilidade das informações e demonstrações contábeis da entidade; 2. efetividade e eficiência de suas operações; e 3. sua conformidade com leis e regulamentos aplicáveis. Podemos interpretar, a partir dessa definição, que o controle interno é uma ação que promove a prática para que as políticas da companhia sejam atendidas com eficiência nas atividades operacionais, certificando-se de que as informações enviadas para a contabilidade sejam registradas de forma exata e completa, garantindo, assim, a existência dos bens e direitos (os ativos) da organização. Figura 3.1: O controle interno deve garantir o fornecimento de informações exatas e completas Fonte: Plataforma Deduca (2018). Portanto a finalidade do controle interno é fornecer segurança razoável quanto à realização dos objetivos (cumprimento da missão) da entidade, no que se refere à confiabilidade dos registros e demonstrações contábeis, e à efetividade e eficiência das operações, em conformidade com leis e regulamentos aplicáveis (compliance) (CFC, NBC TA 315, 2016). Uma das finalidades dessa atividade é descrever todas as medidas tomadas pela administração da empresa para dirigir e controlar seus recursos (humanos, financeiros e materiais) para o alcance dos objetivos estabelecidos. Segundo Attie (2010), o controle interno compreende o plano da organização e todos os métodos e medidas coordenadas, aplicados em uma empresa, a fim de assegurar os seguintes fatores: 6 • o plano de organização, que é o modo pelo qual se organiza um sistema, composto por elementos concretos e/ou abstratos; • o estabelecimento, por meio de métodos e medidas, dos caminhos e dos meios de comparação e julgamento para se chegar a determinado fim, ainda que não tenham sido preestabelecidos formalmente; • a proteção ou salvaguarda do patrimônio, que compreende a forma pela qual são protegidos e defendidos. Compreende tanto os bens quanto os direitos da empresa; • a exatidão e a fidedignidade dos dados contábeis, que devem corresponder tanto à precisão quanto à observância dos registros e livros contábeis e fis- cais; • a eficiência operacional, que compreende a ação ou energia a ser posta em prática nos acordos comerciais realizados pela empresa; e • as políticas administrativas, que compreendem o conjunto de regras referen- tes ao comando dos negócios e à prática dos valores, normas e funções para o cumprimento da missão. Talvez você esteja se perguntando: é possível aplicar o controle interno em qualquer tipo de empresa? Pensando em pequeno porte, como uma microempresa, em que só o proprietário trabalhe no estabelecimento, logicamente não há a necessidade de formalização de políticas e normas que garantam a ele que os ativos da microempresa (um refrigerador, por exemplo) existam, pois está em sua frente e ele pode vê-lo diariamente. Contudo, em entidades de grande porte e multinacionais, como Petrobras, General Motors, Coca-Cola, Nestlé, Microsoft, Vale, entre outras, a abordagem de controles é totalmente diferente. Os controles internos aplicados nessas empresas são fundamentais e indispensáveis em razão da sua expansão pelos países, do crescimento do volume de suas operações e, consequentemente, do aumento de seus níveis de risco. E o que é necessário para que o controle interno exista? O COSO (2013) definiu cinco componentes integrados ou inter-relacionados para os controles internos, cuja síntese podemos ver no Quadro 3.2: 7 Quadro 3.2: Componentes de controle interno Item Descrição Ambiente de controle Conjunto de normas, processos e estruturas que fornece a base para a condução do controle interno por toda a organização. Avaliação de risco Possibilidade de que um evento ocorra e afete, adversamente, a realização dos objetivos. Atividades de controle Ações estabelecidas por meio de políticas e procedimentos que ajudam a garantir o cumprimento das diretrizes determinadas pela administração para mitigar os riscos à realização dos objetivos. Informação e comunicação Informação é necessária para que a entidade cumpra responsabilidades de controle interno, a fim de apoiar a concretização de seus objetivos. Atividades de monitoramento Avaliações contínuas, independentes, ou uma combinação das duas, para a organização certificar-se da presença e do funcionamento de cada um dos cinco componentes de controle interno, inclusive a eficácia dos controles nos princípios relativos a cada componente. Fonte: COSO (2013). Portanto a função do controle interno é evitar e apontar falhas nas operações que possam ocorrer nos procedimentos e objetivos estabelecidos pela companhia. Para isso, é fundamental que a empresa crie uma cultura organizacional, na qual todos os seus funcionários conheçam e cumpram as políticas de conduta de negócios estabelecidas. A auditoria independente tem como principal objetivo, como já reforçado diversas vezes, a expressão de uma opinião sobre as demonstrações contábeis, materializada na emissão do relatório de auditoria. Entretanto essa é a última etapa do seu trabalho, ou seja, do processo de auditoria. Nesta unidade, estamos estudando, entre outros pontos, sobre a segunda etapa desse processo: a avaliação do controle interno. Ressaltamos que, na etapa de avaliação do controle interno, o auditor poderá se deparar com uma deficiência significativa. Trata-se de falhas e/ou desvios que, isoladamente ou em conjunto, dependendo da gravidade, possam comprometer as demonstrações contábeis. Com base em seu julgamento profissional, a deficiência de controle interno pode merecer atenção por parte dos responsáveis pela governança. Essa deficiência ocorre, principalmente, quando há falta de controle 8 preventivo, como, por exemplo, a falta de atividades de conciliação ou reconciliação de lançamentos contábeis ou a ineficiência na correta e adequada classificação de contas. Segundo a NBC TA 265 (CFC, 2010), o auditor tem o dever de fazer essa comunicação. Ele deve incluir, na comunicação por escrito, as deficiências consideradas significativas de controle interno, com a respectiva descrição do que julga deficiente e expor os seus possíveis reflexos nas demonstrações contábeis. Complementarmente, ele deve justificar que essa etapa do processo de auditoria tem como finalidade o planejamento de quais procedimentos de auditoria são adequados e apropriados nas circunstâncias, porém não cabe a ele expressar uma opinião sobre a eficácia (gestão) do controle interno. A fraude é uma questão ligada à ética e à moral, conceitos relacionados, porém diferentes. Fazer o certo ou o errado é uma questão de valores pessoais. Pode ocorrer por necessidade, vontade ou distúrbio. Obviamente, o indivíduo pode ser influenciado pelo ambiente em que cresceu, vive ou trabalha, mas a decisão de cometer ato ilícito é dele. Vimos que o erro, via de regra, ocorre involuntariamente, mas a fraude resulta de ato intencional. Como, então, é possível diminuir ou eliminar as fraudes? Reflita Vimos, anteriormente, que a Lei Sarbanes-Oxley (SOX) por regulamentação, obriga as companhias que operam no mercado de capitais norte-americano a seguir, entre outras regras, a implantação de adequado sistema de controle interno, sejam empresas norte-americanas ou estrangeiras, bem como as filiais de empresas norte-americanas baseadas em outros países. Essa lei objetiva, principalmente, proteger os investidores com a melhoria da precisão e confiabilidade das divulgações corporativas, em conformidade com a regulamentação da Securities and Exchange Commission (SEC), equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil. A SOX é baseada nos seguintes pilares: compliance – o cumprimento de regras e leis; accountability – deriva da prestação de contas de maneira
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