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VA 1 EMPRESARIAL III

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David Yago Rosa Gomide
EMPRESARIAL III 
VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM I
Belo Horizonte 
2021
David Yago Rosa Gomide
EMPRESARIAL III 
VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM I
Exercício de verificação de aprendizagem I,
apresentado no curso de graduação em
Bacharelado em Direito.
 Orientador(a): Prof(a). Carlos Mairink
Belo Horizonte 2021
PARECER
 
 SOLICITANTE: Carlos Alberto
 
Belo Horizonte/MG,  03 de março de 2021
 
EMENTA – DECLARAÇÕES CAMBIAIS – OUTORGA UXÓRIA – VALIDADE – ENDOSSO-AVAL EM LETRA DE CÂMBIO- PENHORA DE BENS
Prezado,
Em atendimento à solicitação de consulta a mim direcionada, tecemos às seguintes considerações:
 
RELATÓRIO
Trata a presente de consulta encaminhada pelo Sr. Carlos Alberto a respeito da compra de um automóvel realizada por este, automóvel de propriedade do Sr. João, em que Carlos oferece como garantia de pagamento uma nota promissória emitida pela sra. Zélia, em que na referida nota o solicitante avalizou-a. Não sendo quitado o valor da nota, João ajuizou ação de cobrança contra Carlos, tendo como conseqüência a penhora da sala comercial de Carlos.
DOS FUNDAMENTOS
I. I – Do regime de separação de bens e da Outorga Uxória:
Em um primeiro momento, insta salientar que é necessário conhecer que Regime de Bens é o grupamento de regras que determina como será a administração e a propriedade dos bens do casal e de cada cônjuge, além de estabelecer a partilha no caso de rompimento da relação.
Nessa esteira de pensamento, dispõe o CC artigo 1.642, inciso I, do Código Civil que "qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente: praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com as limitações estabelecidas no inciso I do art. 1.647"
Considerando-se que foi o regime da Separação total de bens o escolhido pelo casal, tal regime promove uma absoluta separação patrimonial e os bens do casal não se comunicam. 
Assim, tanto os bens adquiridos depois do casamento, quanto os bens adquiridos antes do casamento, permanecerão sendo particulares de cada cônjuge. Desta forma, cada um dos cônjuges será responsável por administrarr eu patrimônio e também será responsável pelas dívidas que contrair, sem que isso interfira na esfera patrimonial do outro.
Apesar da clara individualidade do regime, se algum bem for adquirido em nome de somente um dos cônjuges, mas com o resultado do esforço dos dois, aquele que não tiver o bem em seu nome poderá ser indenizado pelo outro por conta da contribuição na aquisição. 
De acordo com o art. 1688,CC: “ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção de seus rendimentos e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial”. Ainda, de acordo com o "Art. 1.687. Estipulada a separação de bens , estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges , que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real ." 
Dessa maneira, conforme dispõe a doutrina majoritária, manutenção da família, são aquelas despesas com “sustento e educação dos membros da família, alimentação, lazer, vestuário regular, conservação e ampliação do imóvel residencial e do respectivo mobiliário, empregados, transporte, água, luz, telefones. Tem-se, claramente, que a aquisição do Sr. Carlos foi em prol da melhoria das condições de transporte da família.
    
I. II – Da validade do aval:
Dispõe o artigo 1.647, III, CC, que "nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta, prestar fiança ou aval"
Nessa esteira de pensamento, a 3ª turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), seguindo entendimento recentemente trazido pela 4ª turma,  que é válido o aval dado como garantia em título de crédito, independe da outorga de cônjuge.
"acaso mantida a orientação de que a ausência de outorga marital ou uxória do cônjuge do avalista anula, integralmente, o aval, os títulos circulando e aqueles porventura a serem ainda emitidos terão indisfarçável decesso de segurança e de atratividade, pois poderá vir a ser reduzida a garantia expressa na cártula e consubstanciada nos avais concedidos aos devedores principais, com a sua eventual declaração de nulidade" conclui que "merece ser mantido o acórdão recorrido, que, na espécie, afastou o pedido de declaração de nulidade do aval, protegendo, apenas, a meação do cônjuge em relação aos bens comuns, já que casados sob regime da comunhão parcial".. Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino - .
Contudo, estando provada a adoção do regime de casamento com separação total de bens, na forma do que dispõe o art. 1.687 do CódigoCivil, e inexistindo nos autos prova de que o cônjuge contribuiu para a constituição do patrimônio do casal, os bens de propriedade de um deles não se comunica com o do outro.
Observa-se, de forma cristalina, que a sra. Betina foi responsável direta pela construção e aquisição dos bens da sala em que figurava como proprietário o Sr. Carlos Alberto, comunicando-se assim os bens do casal.
I.III- Da penhora dos bens
De acordo com o art.883,CC, alguns bens não podem ser penhorados, exceto em casos específicos. Nesse contexto, é preciso ainda pontuar, ainda que brevemente, acerca da aplicação da Súmula 377 do STF, a qual detém a seguinte redação:
“No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento”.
No mesmo prisma:
CASAMENTO. REGIME DA COMPLETA SEPARAÇÃO DE BENS. PACTO ANTENUPCIAL. COMUNICAÇÃO DOS AQÜESTOS. - Pretensão de interpretar-se o alcance de cláusula inserta no pacto antenupcial. Inadmissibilidade no apelo especial (súmula nº 05-STJ). - Estipulado expressamente, no contrato antenupcial, a separação absoluta, não se comunicam os bens adquiridos depois do casamento. A separação pura é incompatível com a superveniência de uma sociedade de fato entre marido e mulher dentro do lar. Precedentes (REsp's nºs 2.541-0/SP e 15.636-RJ) - Incidência, ademais, do verbete sumular nº 07-STJ. Recurso especial não conhecido. (REsp 83.750/RS, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 19/08/1999, DJ 29/11/1999, p. 165).
Dessa forma, observa-se que a penhora dos bens não deveria ter ocorrido.
CONCLUSÃO:
Diante do exposto, conclui se que, não é possível a penhora de bens do cônjuge da parte executada quando estes são casados sob o regime da separação convencional de bens, mesmo que a dívida tenha se dado em proveito da família, uma vez que não há comunhão de bens (nem mesmo dos que adquiridos na constância do casamento). Dessa forma, deve ser aplicado o que diz a Súmula nº 377 do Supremo Tribunal Federal, que estabelece que no regime de separação legal de bens comunicam-se os adquiridos na constância do casamento, restando cabal a ilegalidade da penhora dos bens do Sr. Carlos.
Por todo o exposto, o parecer é favorável no sentido de que a penhora foi ilegal e tal ato deve ser anulado.
Sendo este o parecer.
Atenciosamente, 
David Yago Rosa Gomide.
BIBLIOGRAFIAS
CARVALHO, Laura; CABRAL, Flávia; BARONI, Arethusa. Regime de separação total de bens. Disponível em:< https://direitofamiliar.com.br/regime-da-separacao-total-de-bens/> acesso em: 03 de março de 2021.
DIREITO NET. Regime de bens no casamento. Disponível em:<https://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/389/Regime-de-bens-no-casamento> acesso em: 03 de março de 2021.
DIAS, Giulia; SOUSA, Vinícius. Penhora de bens do cônjuge da parte executada: uma análise à luz dos regimes de bens. Disponível em:<https://jus.com.br/artigos/80927/penhora-de-bens-do-conjuge-da-parte-executada-uma-analise-a-luz-dos-regimes-de-bens> acesso em: 03 de março de 2021.
Oliveira, Renan. TRT4. PENHORA DE BENS. CASAMENTO COM SEPARAÇÃO TOTAL DE BENS. Disponível em:< https://consultortrabalhista.com/decisoes-trabalhistas/trt4-penhora-de-bens-casamento-com-separacao-total-de-bens/> acesso em: 03 de março de 2021.
REDE DE ENSINO LUIZ FLÁVIO GOMES. Outorga uxória nos diferentes regimes de bens. Disponível em: https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/120752/outorga-uxoria-nos-diferentes-regimes-de-bens
acesso em: 03 de março de 2021.

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