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1 FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Vice-Reitoria de Ensino de Graduação – VREGRAD Centro de Ciências Jurídicas – CCJ Curso de Direito DIREITO CIVIL IV – REAIS – COISAS Professora Nathalie Cândido UNIDADE I AULA 1 - INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS COISAS Conceito É um conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos bens materiais e imateriais suscetíveis de apropriação pelo homem. Classificação - Direito das coisas clássico; - Direito das coisas científico; - Direito das coisas legal. Conteúdo: ❖ Posse; ❖ Propriedade; ❖ Direitos reais sobre coisas alheias: - de gozo; - de garantia; - de aquisição. UNIDADE II AULA 2 DIFERENCIAÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS E PESSOAIS Teorias: ❖ Teses Unitárias - Personalista; - Monista-objetivista ou impersonalista (para alguns ainda: realista) ❖ Teoria clássica ou realista (para alguns ainda: dualista) 2 Diferenciação entre direitos reais e pessoais: - Quanto ao sujeito de direito; - Quanto à ação; - Quanto ao modo de gozar o direito; - Quanto ao objeto; - Quanto ao limite; - Quanto ao abandono; - Quanto à extinção. Direitos Reais Conceito “Relação jurídica em virtude da qual o titular pode retirar da coisa, de modo exclusivo e contra todos, as utilidades que ela é capaz de produzir” (Monteiro) Caracteres jurídicos - Oponibilidade erga omnes; - Direito de seqüela e de preferência; - Numerus clausus; - Passível de abandono, posse e usucapião. Objeto Pressupostos - Objeto econômico capaz de satisfazer interesses econômicos; - Suscetíveis de gestão econômica autônoma; - Passíveis de subordinação jurídica. Bens - Presentes e futuros; - Corpóreos e incorpóreos. Direitos Híbridos Obrigações Propter Rem (Ob Rem ou Reipersecutória) São obrigações criadas por lei que derivam da relação do sujeito passivo com a coisa, tais como a 3 obrigação condominial, as multas de trânsito etc. Ônus Reais São obrigações que restringem o direito de um titular de direito real, como as rendas constituídas sobre bens imóveis. Obrigações com Eficácia Real São as que se transmitem e são oponíveis a terceiro que adquira direito sobre determinado bem, alcançando, por força de lei, a dimensão de direito real, tal como a oponibilidade do direito de locação de imóvel. Para o STF: EXERCÍCIOS 1) Segundo o Código Civil, são direitos reais: a. Propriedade, usufruto, penhor, hipoteca e rendas constituídas sobre imóveis. b. Propriedade, usufruto, uso, habitação e comodato. c. Propriedade, usufruto, habitação, penhor e anticrese. d. Superfície, usufruto, direito do promitente comprador, penhor e locação. 2) Assinale a alternativa que contemple exclusivamente obrigação propter rem: A) a obrigação de indenizar decorrente da aluvião e aquela decorrente da avulsão. B) a hipoteca e o dever de pagar as cotas condominiais. C) o dever que tem o servidor da posse de exercer o desforço possessório e o dever de pagar as cotas condominiais. D) a obrigação que tem o proprietário de um terreno de indenizar o terceiro que, de boa-fé, erigiu benfeitorias sobre o mesmo. 4 UNIDADE III AULA 3 ORIGEM DA POSSE Teoria de Niebuhr: A posse teria como origem os loteamentos dos terrenos conquistados nas guerras. Esses lotes, possessiones, eram concedidas a cidadãos a título precário, cuja regulamentação para defesa originou o interdito possessório. Teoria de Ihering: A posse foi consequência do processo reivindicatório. Natureza da Posse Para Savigny, a posse é um fato que produz consequências jurídicas, sendo simultaneamente, fato e direito. Insere-se dentro dos direitos pessoais. Para Ihering posse é um direito, uma relação jurídica que tem como causa um fato. Insere-se nos direitos reais. Para Clóvis, posse é um estado de fato, que sendo protegida pela lei, adquire a posição de direito. Seria uma anomalia pela necessidade de manter a paz na vida jurídico-econômica. Teorias sobre a Posse Teoria Subjetiva Para Savigny, a posse é o “poder imediato que tem a pessoa de dispor fisicamente de um bem com a intenção de tê-lo para si e de defendê-lo contra agressão de quem quer que seja”. Elementos: corpus e animus domini. Corpus + Animus = Posse Jurídica; Corpus = Posse natural (detenção); Animus = Não tem repercussão no Direito. Evolução da Teoria Subjetiva 1ª fase: animus compreenderia apenas o domínio Animus domini: intenção de ter a coisa como proprietário; 5 2ª fase: animus compreende os direitos reais e coisas incorpóreas. Animus possidendi: intenção de submeter a coisa ao exercício do direito real a que correspondam os atos constitutivos do corpus. Teoria Objetiva Para Ihering posse é a “exteriorização do domínio existente, normalmente, entre o proprietário e sua coisa.” Elemento: corpus. O animus (elemento intencional) está implícito no corpus, sendo o único elemento visível e suscetível de comprovação. Omnia ut dominum gessisse (ter tudo feito como real proprietário). Teoria Sociológica da Posse A teoria sociológica defende que a posse existe quando a sociedade atribui ao sujeito o exercício da posse. Aquele que der a destinação social ao bem da vida será o possuidor. Sua teoria preconiza que a posse tem autonomia em face da propriedade. • Silvio Perozzi entende que a desistência de terceiros diante de uma situação é o que legitima a posse. • Raymond Saleilles caracteriza o possuidor como aquele que manifesta a independência econômica para, por exemplo, arcar com a manutenção e sustentabilidade da coisa. • Hernandez Gil afirma que a propriedade deve servir a propósitos coletivos. Para a maioria doutrinária o Código Civil Brasileiro (desde o de 1916) adota a teoria objetiva. Art. 1.196: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade Para alguns autores, no entanto, o Código Civil ainda tem resquícios da Teoria Subjetiva. Exemplos: E no caso de usucapião? CC/02: Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. E a CF/88? 6 Art. 5º, inciso XXIII: “a propriedade atenderá a sua função social” “A posse constitui direito autônomo em relação à propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para o alcance de interesses existenciais, econômicos e sociais merecedores de tutela” (Enunciado n. 492) (V JORNADA DE DIREITO CIVIL, 2012) Comparações entre as teorias Teoria subjetiva É impossível a posse de outrem; Locatário, comodatário, depositário são meros detentores (neste caso não são titulares de proteção possessória) Teoria objetiva É possível a posse de outrem; Locatário, comodatários, depositários etc são possuidores (podem invocar proteção possessória); A posse pode ser desmembrada: posse direta e indireta. É possível a posse sobre coisas alheias (Direitos reais sobre coisa alheia). No entendimento de Ihering, o corpus não se limita ao poder físico sobre o bem, podendo ser entendido como a relação entre a pessoa e a coisa, em vista do seu interesse socioeconômico. Neste aspecto, a Teoria parece adequada à sistemática do nosso ordenamento civil, que não limita a posse a coisas corpóreas. Fâmulo da Posse Art. 1.198 “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas” Ex.: prestadores de serviços em geral. Objetos da Posse Coisas corpóreas, salvo as fora do comércio, ainda que gravadas com cláusulade inalienabilidade; Coisas incorpóreas; Coisas acessórias se puderem ser destacadas da principal sem alteração de sua substância; Coisas coletivas de fato e de direito; Direitos reais de fruição: uso, usufruto, habitação, servidão e enfiteuse (?); Direitos reais de garantia: penhor e anticrese (exclui-se a hipoteca); 7 Direitos pessoais (?) patrimoniais ou de crédito. Bens incorpóreos são os direitos. Mas qualquer direito pode ser objeto de posse? O Direito Romano, que inicialmente só considerava suscetível de posse coisas corpóreas, passou permitir também a posse de direitos, desde que reais (em verdade não havia a divisão direitos reais/pessoais, porém era diferente a forma de defendê-los). O Direito Canônico estendeu a posse aos direitos pessoais. Os juristas brasileiros possuíam inicialmente entendimento semelhante, porém, com a criação do Mandado de Segurança, a maioria atual não aceita a posse de direitos pessoais, apenas a de direitos reais (e ainda assim alguns com ressalvas) A expressão quase posse era usada pelos romanos para designar a posse sobre direitos (coisas incorpóreas), mas atualmente não existe essa diferenciação. E a proteção possessória dos direitos pessoais não passíveis de mandado de segurança? Como explicado, após o advento do M.S., a maioria da doutrina não aceita a posse de direitos pessoais, argumentando que este tem no M.S., entre outros institutos processuais, seu meio de defesa. Apesar do grande leque de ações, alguns direitos ainda carecem de defesa própria. Alguns não são cabíveis de defesa por M.S. por não serem “líquidos e certos”. Assim, alguns direitos (como de família: posse do estado de filho, posse do estado de casado...) ficam sem uma proteção específica. Correntes: Para alguns, nenhum direito pessoal é passível de proteção possessória; Para alguns, apenas os direitos pessoais carentes de instituto de proteção. Para alguns, apenas os direitos pessoais que guardam relação com uma coisa (ex.: direitos pessoais patrimoniais ou de crédito). AULA 4 MODALIDADES DA POSSE • Quanto à extensão da garantia possessória Posse direta É daquele que tem a coisa em seu poder; Existe em razão de direito pessoal ou real; É temporária e derivada, baseando-se numa relação transitória de direito Posse indireta É daquele de quem a coisa foi havida; 8 Os possuidores direito e indireto podem utilizar-se de interditos possessórios. O primeiro erga omnis, inclusive contra o possuidor indireto. O segundo apenas contra terceiro. Há divergência doutrinária neste aspecto. • Quanto à simultaneidade de seu exercício Composse pro diviso Duas ou mais pessoas dividem um bem, que embora não dividido de direito, já está dividido de fato Composse pro indiviso Duas ou mais pessoas possuem cada uma, uma parte ideal de um bem. A composse existe não apenas quando a coisa é indivisível, mas também quando um bem divisível estiver em estado de indivisão, por isso tende a ser temporária. No entanto, sendo o bem indivisível, cada possuidor exerce sobre a coisa atos possessórios que não excluam atos dos compossuidores. Na defesa da posse atuam contra terceiro em nome de todos, e podem utilizar-se dos interditos um contra o outro. • Quanto aos vícios objetivos Posse Justa Não é violenta; Não é clandestina; Não é precária. O vício da precariedade não cessa nunca. A posse injusta pode ser defendida contra terceiros, nunca contra aquele do qual se tirou a coisa. Considera-se cessada a violência ou clandestinidade quando se adquire a posse velha. Posse Injusta É violenta ou clandestina ou precária; Não autoriza sua aquisição enquanto não cessar o vício da violência ou clandestinidade. • Quanto aos seus efeitos Ad interdicta É a que pode amparar-se nos interditos ou ações possessórias, devendo ser justa. Ad usucapionem É a que autoriza a usucapião da coisa • Quanto à sua idade Posse nova 9 Menos de um ano e dia É injusta se violenta, clandestina ou precária Posse velha Mais de um ano e dia É justa se cessada a precariedade. • Quanto à subjetividade Posse de boa fé A posse é de boa fé se o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. É presumida quando o possuidor tem justo título, salvo prova em contrário ou quando a lei não permitir essa presunção. Posse de má fé É a posse daquele que conhece a ilegitimidade do seu direito de posse. Justo título deve ser entendido como causa justa. A qualidade da posse, no momento que se altera, modifica os efeitos da posse. Caráter da posse Art.1.203 “Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida”. Art.1.208 “ Não induzem a posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”. AULA 5 AQUISIÇÃO DA POSSE E PERDA DA POSSE Quando ocorre? “Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.” Quem pode possuir? A própria pessoa que a pretende ou seu representante e o terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. Como se adquire a posse ? 10 • Aquisição originária É aquela que ocorre por ato unilateral, na qual o possuidor se apropria do bem, podendo dispor dele livremente. Pode ocorrer com a apreensão de coisa sem dono ou sobre coisa alheia (neste caso quando cessar a violência ou clandestinidade). Também ocorre a partir do exercício do direito que possa ser objeto da relação possessória. • Aquisição derivada É aquela que requer a existência de um possuidor anterior, que irá transmitir ao novo possuidor. Essa transmissão pode ocorrer por causas intervivos (compra e venda, doação etc), mortis causa (herança, legado) e judiciais (arrematação, adjudicação etc). É bilateral. As formas de aquisição derivada são: tradição, constituto possessório e acessão. Tradição É a entrega ou transferência da coisa. A entrega da coisa (um livro, por exemplo) é dita efetiva, enquanto a transferência (entrega das chaves de uma casa, ou carro) é dita simbólica. Quando o possuidor adquire a posse diretamente, denominamos traditio brevi manu, se adquirir de forma indireta denominamos traditio longa manu. Constituto possessório Nesta modalidade de aquisição há um desdobramento da posse. O possuidor primitivo, que detinha a posse uma, passa a ser possuidor em nome alheio, ou seja possuidor direto, enquanto o novo proprietário detém a posse indireta. Exemplo: dono de um imóvel o aliena e se torna locatário do novo dono. Acessão Nesta modalidade de aquisição derivada pode se dar a accessio possessionis, na qual o tempo das posses pode ser unificada. A acessão pode ocorrer causa mortis, no caso de sucessão ou legado. Neste caso a accessio possessiones se opera automaticamente. A acessão pode também ocorrer intervivos quando a aquisição ocorreu a título singular (compra e 11 venda, por exemplo). Neste caso a accessio possessiones é facultativa. Efeitos da accessio possessiones Accessio Possessiones por sucessão: automática. Se herdo a posse de um terreno cuja aquisição foi violenta, herdo uma posse injusta. Porém, como ocorre a união de posses, o decurso de tempo necessário para que a posse torne-se justa será menor, pois basta que os períodos (unidos) ultrapassem ano e dia. Accessio Possessiones por união: facultativa. Se adquiro a posse de um bem por título singular, essa posse não nasce com vícios. Porém, se eu unir a minha posse à anterior (para tentar um usucapião por exemplo) o conhecimento de vício posterior macula minha posse. Perda da posse Perda da posse da coisa: - Pelo abandono; - Pela tradição; - Pela perda da própria coisa; - Pela destruição da coisa; -Pela sua inalienabilidade; - Pela posse de outrem; - Pelo constituto possessório. Perda da posse dos direitos: - Pela impossibilidade de seu exercício; - Pelo desuso. Abandono e perda Não há período que caracterize o abandono. Essa caracterização decorre da intenção da pessoa de se desfazer do bem (neste caso a perda da posse acarreta a perda da propriedade). Bens imóveis também podem ser perdidos por abandono quando o possuidor se ausenta por tempo indefinido, sem deixar representante. A doutrina majoritária tem entendido que a perda da coisa em âmbito residencial não configura perda da posse. A perda da posse em âmbito não residencial se dá quando a coisa deixa de ser procurada. Aquele que encontrou de boa-fé adquirindo a posse da coisa perdida é obrigado a devolvê-la se houver indícios 12 suficientes de sua propriedade. AULA 6 EFEITOS DA POSSE Do direito à percepção dos frutos Frutos são utilidades que a coisa periodicamente produz, cuja percepção se dá sem detrimento de sua substância; Os frutos dividem-se em: pendentes; percebidos; estantes; percepiendos e consumidos. O possuidor de boa fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos tempestivamente; o possuidor de má fé responde por todos os prejuízos que causou pelos frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber; tem, porém, direito às despesas de produção e custeio, a fim de se evitar enriquecimento ilícito. Do direito à indenização de benfeitorias Benfeitorias, que são obras ou despesas efetuadas num coisa para conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. O possuidor tem direito à indenização das benfeitorias realizadas: o possuidor de boa fé, das benfeitorias necessárias e úteis, e de levantar, desde que não danifique a coisa, as voluptuárias; o possuidor de má fé do valor das benfeitorias necessárias. Do direito de retenção Cabe ao possuidor o direito de retenção, que é o direito que tem o devedor de uma obrigação reter o bem alheio em seu poder, para haver do credor da obrigação as despesas feitas em benefício da coisa. Da responsabilidade pela deterioração e perda da coisa O possuidor de boa fé só responde pela perda ou deterioração da coisa se que concorrer propositadamente na ocorrência da deterioração ou a perda do bem. O de má fé responde pela perda e deterioração, mas se comprovar que esses fatos se verificariam de qualquer modo, libera-se da responsabilidade. Interditos possessórios Típicos: Ação de manutenção de posse; Ação de reintegração de posse; Interdito proibitório; Atípicos: Nunciação de obra nova; 13 Ação de dano infecto; Embargos de terceiro; Imissão de posse. Ação de manutenção de posse É o meio de que se pode servir o possuidor que sofrer turbação a fim de se manter na sua posse, receber indenização dos danos sofridos e obter a cominação da pena para o caso de reincidência ou, ainda, se de má fé o turbador, remover ou demolir construção ou plantação feita em detrimento de sua posse. Previsão legal: Art. 560, CPC Turbação é todo ato que embaraça o livre exercício da posse. Tipos de turbação: De fato ou de direito; Direta ou indireta; Positiva ou negativa. Requisitos: Existência da posse Existência da turbação Não é discutida a natureza da posse, o direito do turbador, nem a extensão ou tipo do dano. Objetivo: obtenção do mandado de manutenção. Legitimado: possuidor Se houver disputa da posse, a posse será mantida provisoriamente com aquele que deter a coisa (depositário) salvo se manifesto que sua posse é viciada. Rito: se a turbação contar mais de ano e dia, o rito é o comum e se tiver menos, o rito é o especial. Há divergência quanto à contagem quando forem múltiplos atos. 14 Ação de reintegração de posse Ação de reintegração de posse é movida pelo esbulhado, a fim de recuperar a posse perdida em razão de violência, clandestinidade ou precariedade e pleitear indenização pelas perdas e danos. Previsão legal: Art. 560 CPC. Esbulho é o ato pelo qual o possuidor se vê despojado da posse, injustamente, por violência, por clandestinidade e por abuso de confiança. Nesta ação, a decisão se funda apenas na posse. Caso exista discussão de domínio, o correto é intentar ação reivindicatória. Legitimidade ativa: possuidor esbulhado Legitimidade passiva: o esbulhador ou terceiro (que recebeu a coisa esbulhada, sabendo que o era). Interdito proibitório 15 É a proteção preventiva da posse ante a ameaça de turbação ou esbulho. Previsão legal: art. 1.210, 2ª parte, CC cc Art. 567 CPC Requisitos: existência da posse e de justo e fundado receio de violência iminente. Legitimidade: possuidor direto ou indireto. Objetivo: mandado judicial Efeitos: se procedente, o requerido contrai uma obrigação de não fazer, sob pena de multa e perdas e danos. Nunciação de obra nova É a ação que visa impedir que o domínio ou a posse de um bem imóvel seja prejudicado em sua natureza, substância, servidão ou fins, por obra nova no prédio vizinho. Previsão legal: Há menção a ação no §1º do art. 47, mas não há rito especial previsto atualmente (anteriormente: arts. 934 a 940 CPC/73). Requisitos: existência de obra em vias de construção, sobre a qual há fundado receio que venha a causar turbação. Objetivo: seu principal objetivo é o embargo à obra, ou seja, impedir sua construção. Efeitos: se julgado procedente, há também uma obrigação de não fazer, sob pena de multa e perdas e danos. Ação de Imissão de Posse Esta ação via a obtenção de posse via judicial (exemplo: quem adquiriu um bem e não o recebeu, o mandatário/ representante/ administrador atual para receberem os bens do mandante/ representado/ 16 pessoa jurídica dos antecessores). Não foi prevista no CPC/73 nem no novo CPC. Ação de dano infecto É uma medida de caráter cautelar que pode ser utilizada pelo possuidor,e te caso de fundado receio de que a ruína ou demolição ou vício de construção do prédio vizinho ao seu venha causar-lhe prejuízos, para obter, por sentença, do dono do imóvel contíguo caução que garanta a indenização de danos futuros. Previsão legal: Como a ação de caução era cautelar e o novo CPC não tem este tipo processual, seguirá o rito comum. Embargos de terceiro É o processo acessório de defesa da posse daqueles que, não sendo parte numa demanda, sofrem turbação ou esbulho em sua posse ou direito, por efeito de penhora, depósito, arresto, sequestro, venda judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha ou outro ato de apreensão judicial. Previsão legal: Art. 674 CPC.. Legítima defesa da posse Fundamentos legais “O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se, ou restituir-se por sua força, contanto que o faça logo” (art. 1210, CC). “Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite. Pena: detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência” (art.345, CP). Legítima defesa x desforço imediato A legítima defesa da posse ocorre quando há o emprego de força para defesa contra turbação injusta, real e atual. O desforço imediato é exercido em caso do emprego de força contra o esbulho. Em ambas situações a ação deve ser imediata e sem excessos. Em caso de não serem respeitados estes requisitos, a ação será caracterizada como exercício arbitrário das próprias razões, delito tipificado que consiste em fazer justiça pelas próprias mãos quando a lei não permite. PARA SABER MAIS: MODELOS DE AÇÕES MODELO DE AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE (RITO ESPECIAL) 17 AO JUIZO DA ___ ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF (FORO DO LOCAL DO IMÓVEL) PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX- XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, por seu advogado (...), OAB/UF(...), procuração anexa, com escritório estabelecido na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP (local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente, a presença deste Juízo., propor a presente AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE COM PEDIDO DE PEDIDO DE LIMINAR Com fulcro nos arts 560 e seguintEs do CPC/15 em face de PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I – Dos fatos NARRAR OS FATOS DEMONSTRANDO A POSSE DO AUTOR E A OCORRENCIA DO ESBULHO (DETALHES INCLUINDO DATA). II – Dos fundamentos jurídicos O Código Civil garante ao possuidor o direito de restituição de bem que lhe seja esbulhado: “(...) Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho (...)”. A legislação processual civil, regulando o exercício do direito acima, também disciplinou o direito do possuidor a ser reintegrado de sua posse em caso de esbulho (CPC, art. 560), incumbindo ao autor da ação de reintegração de posse, qual seja, aquele que sofreu o esbulho, provar: “Art. 561 (...) I – a sua posse; II – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III – a data da turbação ou do esbulho; IV – a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração (...)”. A posse do imóvel acerca do qual se funda a demanda está devidamente comprovada pela INDICAR EM QUE SE BASEIA A COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE POSSE O esbulho praticado pelo réu restou consubstanciado INDICAR PROVAS MATERIAIS DO ESBULHO por sua vez, também fortalece a convicção da data em que foi praticado o aludido esbulho. Nesse sentido: INDICAR (QUANDO POSSÍVEL) JURISPRUDÊNCIAS QUE CARACTERIZEM O ATO DO RÉU COMO ESBULHO. III – Do cabimento de pedido liminar Disciplina o art. 562, caput, do CPC, no que atina aos temas “manutenção e reintegração de posse”, que, “(...) Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração (...)”. Ainda, havendo comprovação da posse, do esbulho, da data de sua ocorrência, bem como da perda da posse, o que restou comprovado na vestibular, é cediço que seja cabível a concessão de pedido liminar de reintegração de posse. A doutrina assevera que, cuidando-se de ação de força nova (posse nova), cabível é a expedição de ordem 18 para o fim de reintegração imediata da posse esbulhada ou turbada, antes mesmo da citação do réu, bastando aparentar que os fatos tenham se dado como narrados na petição inicial, não se exigindo, numa primeira ocasião, prova inconteste e definitiva da adequação aos requisitos do provimento definitivo da reintegração de posse, porquanto, na primeira oportunidade, não haveria elementos para tanto. IV – Dos pedidos Ante o exposto, requer: 1. Seja expedido, sem oitiva do réu, mandado de liminar de reintegração de posse em favor do autor; 2. Seja condenado o réu, em definitivo, à reintegração e ainda a arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sucumbenciais, a serem arbitrados por V. Exa. OBS.: AINDA SE PODE SOLICITAR DANOS MATERIAIS E DEMOLIÇÕES QUANDO COUBER. Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, especialmente prova testemunhal, depoimento pessoal da parte e inspeção judicial. Pretende o autor participar da audiência de conciliação/mediação a ser designada por V. Exa. Dar-se à causa o valor de R$_ _ _ (VALOR POR EXTENSO) CORRESPONDE AO VALOR DO IMÓVEL. Nestes termos, pede deferimento. LOCAL, DATA ADVOGADO OAB/UF (...) MODELO DE AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE (RITO ESPECIAL) AO JUIZO DA ___ ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF (FORO DO LOCAL DO IMÓVEL) PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX- XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, por seu advogado (...), OAB/UF (...), procuração anexa, com escritório estabelecido na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP (local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente, a presença deste Juízo., propor a presente AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE COM PEDIDO DE PEDIDO DE LIMINAR Com fulcro nos arts 560 e seguintEs do CPC/15 em face de PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I – Dos fatos NARRAR OS FATOS DEMONSTRANDO A POSSE DO AUTOR E A OCORRENCIA DA TURBAÇÃO 19 (DETALHES INCLUINDO DATAS). II – Dos fundamentos jurídicos O Código Civil garante ao possuidor o direito de manutenção de bem que lhe seja turbado: “(...) Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho (...)”. A legislação processual civil, regulando o exercício do direito acima, também disciplinou o direito do possuidor a ser mantido de sua posse em caso de turbação (CPC, art. 560), incumbindo ao autor da ação de manuteção de posse, qual seja, aquele que sofreu aturbação, provar: “Art. 561 (...) I – a sua posse; II – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III – a data da turbação ou do esbulho; IV – a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração (...)”. A posse do imóvel acerca do qual se funda a demanda está devidamente comprovada pela INDICAR EM QUE SE BASEIA A COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE POSSE A turbação praticada pelo réu restou consubstanciada INDICAR PROVAS MATERIAIS DA TURBAÇÃO por sua vez, também fortalece a convicção da data em que foi praticado a aludida turbação. Nesse sentido: INDICAR (QUANDO POSSÍVEL) JURISPRUDÊNCIAS QUE CARACTERIZEM O ATO DO RÉU COMO TURBAÇÃO. III – Do cabimento de pedido liminar Disciplina o art. 562, caput, do CPC, no que atina aos temas “manutenção e reintegração de posse”, que, “(...) Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração (...)”. Ainda, havendo comprovação da posse, da turbação e da data de sua ocorrência, o que restou comprovado na vestibular, é cediço que seja cabível a concessão de pedido liminar de manutenção de posse. A doutrina assevera que, cuidando-se de ação de força nova (posse nova), cabível é a expedição de ordem para o fim de manutenção imediata da posse turbada, antes mesmo da citação do réu, bastando aparentar que os fatos tenham se dado como narrados na petição inicial, não se exigindo, numa primeira ocasião, prova inconteste e definitiva da adequação aos requisitos do provimento definitivo da manuteção de posse, porquanto, na primeira oportunidade, não haveria elementos para tanto. III - Frente aos fatos e fundamentos, requer-se: 1 A expedição do mandado liminar de manutenção de posse independente de oitiva da parte contrária, nos termos do artigo 562 do CPC; 2 Condenação da ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios; 3 O estabelecimento de multa no valor de R$ XXXX,XX em caso de nova turbação, nos termos do inciso I do parágrafo único do artigo 555 do CPC; 20 OBS.: AINDA SE PODE SOLICITAR DANOS MATERIAIS QUANDO COUBER. Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, especialmente prova testemunhal, depoimento pessoal da parte e inspeção judicial. Pretende o autor participar da audiência de conciliação/mediação a ser designada por V. Exa. Dar-se à causa o valor de R$_ _ _ (VALOR POR EXTENSO) CORRESPONDE AO VALOR DO IMÓVEL. Nestes termos, pede deferimento. LOCAL, DATA ADVOGADO OAB/UF (...) MODELO DE AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO (RITO ESPECIAL) AO JUIZO DA ___ ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF (FORO DO LOCAL DO IMÓVEL) PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE,ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX- XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, por seu advogado (...), OAB/UF (...), procuração anexa, com escritório estabelecido na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP (local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente, a presença deste Juízo., propor a presente AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO Com fulcro nos arts 567 e 568 do CPC/15 em desfavor de PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-XX, E-MAIL (PODE SER CONTRA GRUPO INDETERMINADO DE PESSOAS FIXADAS EM LOCAL CERTO), residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I – Dos fatos NARRAR OS FATOS DEMONSTRANDO A POSSE DO AUTOR E O FUNDADO RECEIO DA TURBAÇÃO OU ESBULHO. II – Dos fundamentos jurídicos O Código Civil garante ao possuidor o direito de manutenção de bem em caso de violência iminente: “(...)Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.” A legislação processual civil, regulando o exercício do direito acima, também disciplinou o direito do possuidor de ser segurado em sua posse: “Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.” 21 (CPC/15) A posse do imóvel acerca do qual se funda a demanda está devidamente comprovada pela INDICAR EM QUE SE BASEIA A COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE POSSE O fundado receio de ver praticada pelo réu a turbação ou esbulho restou consubstanciado INDICAR PROVAS MATERIAIS DO FUNDADO RECEIO. Nesse sentido: INDICAR (QUANDO POSSÍVEL) JURISPRUDÊNCIAS QUE CARACTERIZEM O ATO DO RÉU COMO INDÍCIOS DE TURBAÇÃO OU ESBULHO. III – Do cabimento de pedido liminar Disciplina o Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo. Já no art. 562, caput, do CPC, no que atina aos temas “manutenção e reintegração de posse”, indica-se que, “(...) Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração (...)”. Diante da comprovação da plausibilidade do direito do requerente, devidamente, atestada pela juntada de prova pré-constituída, requer à Vossa Excelência, medida liminar com o objetivo de coibir qualquer ameaça que, por ventura, venha a ser praticada pelo requerido. Cumpre, ainda, ressaltar, conforme o art. 567 do CPC, que a não observância da decisão judicial cominará na faculdade, deste respeitável juízo, aplicar multa pecuniária diária, de natureza coercitiva, tendo como finalidade inibir a injusta ação do requerido. Nessa linha, a título de sugestão, o requerente opina pela aplicação de multa diária no valor de R$ _ _ _ _ (valor por extenso). III - Frente aos fatos e fundamentos, requer-se: 1 A expedição de mandado proibitório ao requeridos, a fim de que estes se abstenham de qualquer ato que implique em turbação ou esbulho da posse dos autores, sob pena de pagar a multa diária de R$ _ _ _ _ (valor por extenso) em que o preceito seja transgredido, independente a eventual indenização por perdas e danos. 2 Condenação da ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios; Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, especialmente prova testemunhal, depoimento pessoal da parte e inspeção judicial. Pretende o autor participar da audiência de conciliação/mediação a ser designada por V. Exa. Dar-se à causa o valor de R$_ _ _ (VALOR POR EXTENSO) CORRESPONDE A VALOR PARA MEROS EFEITOS FISCAIS. Nestes termos, pede deferimento. LOCAL, DATA ADVOGADO OAB/UF (...) 22 MODELO DE AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA (RITO COMUM) AO JUIZO DA ___ ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF (FORO DO LOCAL DO IMÓVEL) PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX- XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, por seu advogado (...), OAB/UF (...), procuração anexa, com escritório estabelecido na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP (local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente, a presença deste Juízo., propor a presente AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA Com fulcro nos arts 1299 do CC/02 em desfavor de PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I – Dos fatos NARRAR OS FATOS DEMONSTRANDO A POSSE OU PROPRIEDADE DO AUTOR E QUE A OBRA QUE ESTÁ SENDO INICIADA PELO RÉU É PASSÍVEL DE TRAZER PREJUÍZOS AO SEU DIREITO. II – Dos fundamentos jurídicos O Direito ampara o vizinho contra os prejuízos no prédio de sua propriedade, suas servidões, ou fins a que é destinado, proveniente da obra nova em outro prédio, que prejudique oprédio. O proprietário pode embargar a construção de imóvel que lhe cause prejuízo (CC, art. 1.299): “Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.” QUANDO POSSÍVEL, SE A EDIFICAÇÃO ESTIVER CONTRARIANDO AS NORMAS DO DIREITO DE VIZINHAÇA OU REGULAMENTO ADMINISTRATIVO, INDICAR A NORMA CONTRARIADA E EVENTUAL JURISPRUDÊNCIA. III – Dos pedidos 1 Embargar a construção, ordenando a sua suspensão liminar e, ao final, seu desfazimento, sob pena de multa de R$ (...) pela desobediência, determinando ainda a intimação do construtor (...) e dos operários que se encontrarem em serviço na obra, por mandado, do embargo, para que não continuem os trabalhos, sob pena de desobediência. 2 Condenação da ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios; Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, especialmente prova testemunhal, depoimento pessoal da parte e inspeção judicial. Pretende o autor participar da audiência de conciliação/mediação a ser designada por V. Exa. Dar-se à causa o valor de R$_ _ _ (VALOR POR EXTENSO) CORRESPONDE A VALOR PARA 23 MEROS EFEITOS FISCAIS. Nestes termos, pede deferimento. LOCAL, DATA ADVOGADO OAB/UF (...) MODELO DE AÇÃO DE DANO INFECTO AO JUIZO DA ___ ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF (FORO DO LOCAL DO IMÓVEL) PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX- XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, por seu advogado (...), OAB/UF (...), procuração anexa, com escritório estabelecido na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP (local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente, a presença deste Juízo., propor a presente AÇÃO DE DANO INFECTO com fulcro no arts. 937 e 1.280 do Código Civil em desfavor de PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I- Dos fatos NARRAR OS FATOS DEMONSTRANDO A POSSE OU PROPRIEDADE DO AUTOR E OS RISCOS DA RUÍNA DO PRÉDIO VIZINHO. II – Dos fundamentos jurídicos O Requerente tem seu direito consubstanciado nos artigos do Código Civil, os quais transcreve-se: “Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta” “Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente.” Analisando os dispositivos legais acima transcritos, verifica-se que o Requerido responde pelos danos causados na construção por falta de reparos e manutenção.Da mesma forma tem o Requerente direito de exigir demolição ou reparação, ou ainda que o Requerido preste caução quando o dano for iminente. III – Dos pedidos 1 Requer ao final que a presente seja julgada PROCEDENTE, condenando-se o Requerido a proceder na imediata reparação necessária do imóvel de sua propriedade ou então apresente caução assecuratória dos 24 riscos e prejuízos iminentes. 2 Condenação da ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios; Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, especialmente prova testemunhal, depoimento pessoal da parte e inspeção judicial. Pretende o autor participar da audiência de conciliação/mediação a ser designada por V. Exa. Dar-se à causa o valor de R$_ _ _ (VALOR POR EXTENSO) CORRESPONDE A VALOR PARA MEROS EFEITOS FISCAIS. Nestes termos, pede deferimento. LOCAL, DATA ADVOGADO OAB/UF (...) MODELO DE AÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO AO JUIZO DA X ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF (DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA AO PROCESSO NO QUAL FOI REALIZADA A CONSTRIÇÃO DO BEM) DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA AO PROCESSO Nº _ _ _ _ _ _ PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX- XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, por seu advogado (...), OAB/UF (...), procuração anexa, com escritório estabelecido na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP (local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente, a presença deste Juízo., propor a presente AÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO com fulcro no arts 674 e seguintes do CPC/15 em desfavor de PRENOME SOBRENOME (LEGITIMIDADE PASSIVA DO AUTOR DA AÇÃO PRINCIPAL OU DO RÉU, SE TIVER SIDO SUA A INDICAÇÃO DO BEM PARA CONSTRIÇÃO), NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I – Dos fatos NARRAR OS FATOS DEMONSTRANDO A POSSE OU PROPRIEDADE DO BEM, A QUALIDADE DE TERCEIRO (NÃO SER PARTE AUTORA OU RÉ NO PROCESSO PRINCIPAL) E DEMONSTRAR A TURBAÇÃO OU ESBULHO CAUSADA PELA CONSTRIÇÃO INDEVIDA DO BEM. II – Dos fundamentos jurídicos Assim sendo, o embargante está sofrendo lesão grave em seu patrimônio e direito de propriedade, estando 25 amparado pela legislação mencionada, em especial o disposto no artigo 674 do CPC, que diz, in verbis: “Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.” Portanto, provada a propriedade e posse do bem constrito, justa a pretensão do embargante em ver o mesmo exonerado da constrição judicial. III – Dos pedidos 1 Sejam recebidos, autuados e processados os presentes embargos de terceiro, com o apensamento ao mencionado processo 2 Seja deferida liminarmente a manutenção da posse do bem ao embargante, eis que provada a propriedade e posse do bem; 3 A indicação oportuna de testemunhas para justificação prévia, se necessário; 4 Seja determinada a suspensão imediata do processo mencionado, até decisão final de mérito dos presentes embargos; 5 Seja, a final, julgado procedente o presente pedido, com o levantamento da constrição realizada sobre o bem de propriedade do embargante, condenando-se a embargada nas custas processuais, honorários advocatícios e demais cominações legais. Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, especialmente prova testemunhal, depoimento pessoal da parte e documental. Pretende o autor participar da audiência de conciliação/mediação a ser designada por V. Exa. Dar-se à causa o valor de R$_ _ _ (VALOR POR EXTENSO) CORRESPONDE AO VALOR DO BEM CONSTRITO. Nestes termos, pede deferimento. LOCAL, DATA ADVOGADO OAB/UF (...) EXERCÍCIOS 1) Sobre o direito possessório, assinale a proposição correta: a) A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, não podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. 26 b) Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores. c) Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, nenhuma poderá exercer a posse sobre ela, porque exclui a dos outros compossuidores. d) Considera-se detentor da coisa aquele que exerce a posse em seu próprio nome, mas em cumprimento a ordem de terceiros. 2) Com base no que dispõe o Código Civil sobre posse, assinale a opção correta. a) Caracteriza-se como clandestina a posse adquirida via processo de ocultamento em relação àquele contra quem é praticado o apossamento, embora possa ser ele público para os demais. Por tal razão, a clandestinidade da posse é considerada defeito relativo. b) Na posse precária, o vício se inicia no momento em que o possuidor recebe a coisa com a obrigação de restituí-la ao proprietário ou ao possuidor legítimo. c) A ocupação de área pública, mesmo quando irregular, pode ser reconhecida como posse, podendo-se admitir desta o surgimento dos direitos de retenção e de indenização pelas acessões realizadas. d) É possível reconhecer a posse a quem não possa ser proprietário ou não possa gozar dos poderes inerentes à propriedade. e) É injusta a posse violenta, por meio da qual o usurpado seja obrigado a entregar a coisa para não ver concretizado o mal prometido, incluindo-se entre os atos de violência que tornam a posse injusta o temor reverencial e o exercício regular de um direito. 3) Assinale a alternativa correta: a) Considera-se possuidor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. b) O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias voluptuárias e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das mesmas. c) Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m2 (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex- cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. d) Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, adquirir-lhe-á a propriedade. e) O possuidor de má-fé responde por todos os frutos, desde o momento em que se constituiu de má-fé, tendo, no entanto, direito às despesas da produção e custeio. 27 4) Em relação à posse, é correto afirmar que a) o locatário não tem a posse direta do imóvel que ele aluga, mas sim a indireta. b) o motorista de um caminhão da empresa para a qual trabalha tem a posse ad usucapionem desse bem. c) o possuidor direto tem direito de lançar mão dos interditos contra turbação, esbulho e violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado, inclusive contra o possuidor indireto. d) o possuidor responde pela perda da coisa, ainda que de boa-fé e sem ter dado causa à perda. 5) Considera-se possuidor de boa-fé a) aquele que ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. b) o que se mantiver na posse durante o período necessário à usucapião ordinária. c) apenas aquele que ostenta título de domínio. d) somente aquele que ostentar justo título. e) todo aquele que a obteve sem violência ou que não a exerce de modo clandestino. 6) Assinale a alternativa incorreta: a) O locador é possuidor indireto, e o locatário é considerado possuidor direto; b) Aquele que está na posse de um bem por mera permissão ou tolerância de outrem éconsiderado detentor; c) Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas as benfeitorias necessárias, sem direito de retenção por elas; d) O possuidor de boa-fé tem direito a indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias, e direito de retenção por elas e pelas benfeitorias voluptuárias; e) O possuidor com justo título presume-se possuidor de boa-fé; esta presunção é relativa. 7) Acerca do instituto da posse é correto afirmar que: A) o Código Civil estabeleceu um rol taxativo de posses paralelas. B) é admissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral. C) fâmulos da posse são aqueles que exercitam atos de posse em nome próprio. D) a composse é uma situação que se verifica na comunhão pro indiviso, do qual cada possuidor conta com uma fração ideal sobre a posse. 8) Sobre o constituto possessório, assinale a alternativa correta. A) Trata-se de modo originário de aquisição da propriedade. 28 B) Trata-se de modo originário de aquisição da posse. C) Representa uma tradição ficta. D) É imprescindível para que se opere a transferência da posse aos herdeiros na sucessão universal. 9) Sobre a posse, está incorreta a seguinte proposição: a) Para a teoria clássica de Savigny, é a vontade de possuir para si que origina a posse jurídica, e quem possui por outrem é mero detentor. b) Considera-se possuidor todo aquele que tem de direito o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. c) Para Ihering, a posse é a simples exteriorização da propriedade e dos poderes a ela inerentes, sendo possível, pois, existir sem que o possuidor tenha intenção de dono. d) Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. e) O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. 10) Sobre aquisição e perda da posse: a) A aquisição da posse pode ocorrer pela apreensão, a qual, segundo a doutrina, pode ser concretizada não apenas pela apropriação unilateral da coisa sem dono, como também pela retirada da coisa de outrem sem sua permissão. b) A tradição constitui uma das hipóteses de perda da posse que pode ser vislumbrada, por exemplo, na entrega da coisa a um representante para que este a administre. c) Induzem posse os atos de permissão ou tolerância, mas não autorizam sua aquisição os atos violentos ou clandestinos. d) A posse do imóvel não tem qualquer vinculação com a posse das coisas móveis que nele estiverem, a qual depende de prova autônoma de aquisição. e) A posse das coisas móveis não pode ser transmitida pelo constituto possessório. 11) A doutrina clássica diverge na determinação dos efeitos jurídicos da posse, dividindo as teorias que aceitam sua eficácia em dois grandes grupos: o grupo que admite a pluralidade dos efeitos da posse e outro grupo que admite que a posse produz um único efeito, “qual seja, o de induzir à presunção de propriedade". (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. vol. V. In: Dos efeitos da posse, cap. IV. São Paulo: Saraiva, 2006. p.109). Analise as proposições a seguir sobre a posse e assinale a alterativa correta: I. No Código Civil, os efeitos da posse estão assim sistematizados: proteção possessória (autodefesa e invocação dos interditos); percepção dos frutos; responsabilidade pela deterioração e pela perda da coisa; indenização por benfeitorias e o direito de retenção; a usucapião. II. Um dos efeitos da posse é a proteção conferida ao possuidor, que se dá pela defesa direta ou autodefesa e pelas ações possessórias, denominadas de interditos possessórios, tais como a manutenção da posse, 29 reintegração da posse e interdito proibitório. III. Quando o possuidor demandar a proteção possessória, lhe é vedado pleitear a condenação do réu nas perdas e danos, não sendo possível sua cumulatividade, ainda que na ocorrência de fato novo, como a deterioração ou destruição da coisa. a) Está correta somente a proposição I. b) Está correta somente a proposição II. c) Está correta somente a proposição III. d) Estão corretas as proposições I e III. e) Estão corretas as proposições I e II. 30 UNIDADE IV AULA 7 – NOÇÕES GERAIS DE PROPRIEDADE Histórico Formas originárias de propriedade: comunitária das coisas úteis, individual das coisas de uso próprio. Idade antiga: a propriedade coletiva (da cidade e da família), foi paulatinamente substituída pela privada (pater familias). Idade Média: os possuidores de feudos, originalmente dados em usufruto, passaram a ter sua propriedade. Legitimidade da propriedade Teoria da ocupação; Teoria do fundamento legal do domínio; Teoria da especificação pelo trabalho; Teoria da natureza humana. Conceito do direito de propriedade Direito de propriedade é o direito que a pessoa natural ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha. Função social da propriedade Art. 1.228 CC/2002 (omissis) § 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. § 2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. Elementos constitutivos Jus utendi: direito de usar, de retirar da coisa todos os benefícios que ela possa oferecer sem alterar sua substância em benefício próprio ou de terceiro. 31 Jus fruendi: direito aos frutos e produtos da coisa. Jus abutendi ou disponendi: direito de dispor da coisa a título oneroso ou gratuito, ou ainda a consumir, gravá-la ou submetê-la a serviço de alguém. Reinvindicato: direito de mover ação para reaver o bem da posse de quem injustamente o detenha. Caracteres da propriedade Caráter absoluto Caráter exclusivo Caráter perpétuo Caráter elástico Objetos da propriedade Bens corpóreos móveis e imóveis Bens incorpóreos Espécies de propriedade Quanto à extensão do direito do titular: Plena Restrita Quanto à perpetuidade do domínio: Perpétua Resolúvel Responsabilidade civil do proprietário Teoria Subjetiva / Teoria Clássica: Fundada na culpa (art.927, CC). Teoria Objetiva / Teoria Moderna do Risco: Fundada na existência do dano (art.927, PU, CC). 32 Tutela específica do domínio Ação de reivindicação (art. 292 CPC): É ação imprescritível que visa reaver a coisa de quem injustamente a detenha. Para isto é necessário a prova do registro e da cadeia sucessória; a individualização do bem e que a coisa encontra-se na posse do réu. Ação negatória: é ação para proteção do domínio contra turbação (art. 1.231 CC). Outras ações Ação declaratória: é ação que busca esclarecer dúvidas sobre o domínio; Ação confessória: é ação que visa reconhecimento de servidão ou de direito sobre propriedade vizinha; Ação de indenização: á ação para obtenção de compensação de prejuízo causado por ato ilícito ou por diminuição da propriedade em razão de avulsão; Ação de retificação de registro imobiliário: é ação com fito de corrigir inexatidão no registro. LEITURA COMPLEMENTAR Boom imobiliário: bom pra quem? A Revista do Idec entrevista a urbanista e professora aposentada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Ermínia Maricato, falando sobre o setor imobiliário. Nos últimos anos, o setor imobiliário brasileiro ganhou os holofotes: o número de novos empreendimentos explodiu, as vendas bateram recorde e, em 2013, pela primeira vez, o crédito para a compra de imóveis superou o créditopessoal no país, segundo dados do Banco Central (BC). Contudo, o boom de novas construções veio acompanhado de aumento vertiginoso dos preços: nos últimos cinco anos, o valor médio dos imóveis residenciais subiu 121%, de acordo com levantamento do BC, que considera 11 regiões metropolitanas do país. Na esteira dessa valorização, o preço dos aluguéis também disparou. Assim, embora muita gente esteja comprando, outras estão sofrendo os efeitos negativos dessa aceleração: parte da classe média está sendo expulsa dos bairros bem localizados, e a população de baixa renda levada para regiões cada vez mais periféricas. Essa é a análise da urbanista Ermínia Maricato, professora aposentada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Ermínia também foi secretária-executiva do Ministério das Cidades entre 2002 e 2005 e secretária de Habitação e Desenvolvimento Urbano do município de São Paulo entre 1989 e 1992, no governo Luiza Erundina. Confira a seguir a entrevista. Idec: O preço dos imóveis no Brasil não para de subir. Os governos podem ou devem intervir de alguma forma para frear esse aumento? ERMÍNIA MARICATO: À luz da legislação brasileira, seria possível, sim, combater a especulação e o encarecimento dos imóveis. Segundo a Constituição, o direito de propriedade está subordinado à sua função 33 social. No entanto, na realidade, a aplicação da lei e as relações sociais se dão como se o direito de propriedade fosse absoluto e o direito à moradia, relativo. Hoje, há uma quantidade enorme de imóveis ociosos e, ao mesmo tempo, uma parte da população está em moradias irregulares. No município de São Paulo, praticamente um quinto da população vive nessa condição; nas capitais do Norte e do Nordeste esse número é muito maior. Não é simples [resolver o problema], porém, em outros países, principalmente na Europa, não há essa desigualdade como aqui, pois há leis que restringem a especulação. Em Paris [França], por exemplo, um apartamento não pode ficar vazio por mais de um ano, se não o proprietário é taxado. Aqui no Brasil, o patrimonialismo é tão forte que não se consegue aplicar nem mesmo o IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano] progressivo, previsto em lei. Idec: Por que os preços estão subindo tanto? EM: Porque o imóvel se valoriza muito não só a partir do que é feito dentro dele, mas do que acontece no entorno. A localização é a mercadoria, mais importante do que a habitação em si. A mesma casa em um bairro nobre de São Paulo e no Jardim Ângela [bairro da periferia da capital paulista] teria preços muito diferentes. O proprietário ganha sem fazer nada: se a prefeitura investe, se tira uma favela ao lado do imóvel, ele ganha. Ou seja, tem gente que se apropria de uma renda extraordinária pela valorização imobiliária, enquanto isso aumenta o custo de vida na cidade e encarece os custos para o Poder Público também. O aumento do preço dos imóveis dificulta para as prefeituras construírem creches, escolas e fazerem obras viárias, porque a desapropriação fica muito mais cara. Esse boom imobiliário é profundamente pernicioso para a política pública urbana. Idec: Em sua opinião, estamos vivendo uma bolha imobiliária? EM: Não é uma bolha. A situação aqui é muito diferente da dos Estados Unidos, onde o capital financeiro pegou como refém o circuito imobiliário. Lá, os imóveis passaram a fazer parte de "papéis fictícios", descolando os preços do quanto eles realmente valiam. Então, quando iam ser cobrados, as pessoas não conseguiam pagar. No Brasil, o que está acontecendo é um boom, com a incorporação da classe média no mercado, principalmente dapopulação entre seis e dez salários mínimos. Idec: Essa elevação do valor dos imóveis contribui para a elitização de alguns bairros? Quais são as suas consequências? EM: Totalmente. As pessoas de classe média que estão procurando imóveis para alugar estão sendo expulsas dos bairros melhores; as favelas das regiões centrais estão sendo expulsas. Idec: O programa "Minha Casa, Minha Vida", lançado em 2009 pelo governo federal, tem conseguido cumprir o papel de ampliar o acesso à casa própria à população de baixa renda? 34 EM: Ele ampliou para a classe média. Para a baixa renda – a população abaixo de cinco salários mínimos, e principalmente a de zero a três [salários], em que se concentra o déficit habitacional – continua como sempre: ocupações irregulares, compra de lotes ilegais e autoconstrução da moradia. O governo tem colocado muito dinheiro de subsídio, mas não está resolvendo o problema de quem mais precisa porque o preço aumentou muito. Além disso, diante do crescimento do número de imóveis para a classe média, os mais pobres estão sendo jogados para áreas ainda mais periféricas das cidades. Há pesquisas recentes que mostram que o boom imobiliário está promovendo uma nova fronteira de ocupação irregular das áreas de proteção de mananciais. E quem está irregular não tem direitos; essa é a condição que a sociedade brasileira coloca aos mais pobres. Idec: O Estatuto da Cidade, lei federal de 2001, incorporou a criação de Zonas Especiais de Interesse Social (zeis), áreas demarcadas para habitação popular. Esse recurso tem sido bem utilizado pelos municípios? EM: As zeis são uma boa medida quando aplicadas. A sua ideia é assegurar moradia social em áreas bem localizadas. Elas não resolvem o problema, mas ajudam. Porém, dá para contar nos dedos quantas foram aplicadas com o espírito de combater a desigualdade urbana e a periferização. Para pegar um exemplo concreto, o plano diretor de São Paulo de 2002 previa diversas áreas para zeis, em lugares bons da cidade. Contudo, essa previsão foi burlada com um decreto do ex-prefeito Gilberto Kassab, que considerou o teto de 16 salários mínimos para algumas dessas áreas. Esse valor, para um país como Brasil, mesmo em uma cidade como São Paulo, pega a minoria da minoria, não tem nada de baixa renda. Idec: Uma das propostas do Plano Diretor da capital paulista é a criação da chamada "cota de solidariedade", que prevê que empreendimentos de grande porte doem terrenos para a implantação de habitação de interesse social. Qual é a sua opinião sobre a medida? EM: A cota de solidariedade é importante. Também não resolveria o problema, mas o minimizaria. O difícil é que ela seja aplicada, pois a especulação imobiliária no Brasil é muito violenta e domina totalmente as câmaras municipais. Os donos dos empreendimentos não querem habitação social no mesmo terreno porque o desvaloriza: o preço do imóvel fica mais baixo porque todo mundo vai falar que terá um "conjuntinho" de baixa renda ao lado. Idec: Outra proposta do Plano Diretor de São Paulo é limitar o número de vagas de garagem em prédios residenciais e comerciais. É uma boa ideia para desestimular o uso do carro? EM: Na verdade, o principal objetivo é barrar a ocupação de moradias feitas para uma faixa de renda por outra faixa. A aposta é que ter apenas uma vaga de garagem ou só um banheiro no imóvel afasta o interesse das classes mais altas e de quem quer especular. Acho que [a medida] pode ter alguma eficácia. A ideia é desestimular o uso de carro também, colocando essas moradias próximas aos corredores de ônibus. Idec: Todos os dias, os paulistanos gastam, em média, duas horas e 42 minutos para se locomover na cidade. 35 Essa média é elevada pelos usuários de transporte público que moram em áreas afastadas da cidade. É possível resolver o problema da mobilidade urbana sem aproximar as moradias das ofertas de emprego? EM: É possível, mas é caro. Para ter uma rede que alcance toda a extensão da região metropolitana com qualidade, o custo é estratosférico. Nos Estados Unidos, isso foi feito: o modelo vigente nos últimos 60 anos foi o de extensão por meio dos subúrbios. As cidades são estendidas horizontalmente, com gigantescas vias, etodo mundo tem automóvel. Contudo, hoje é unanimidade entre os urbanistas do mundo todo que esse modelo é insustentável do ponto de vista ambiental. Nos EUA, para comprar um pão é preciso pegar o carro. O modelo abstrato que os urbanistas apoiam atualmente é o da "cidade compacta", que é aquela em que tudo está próximo: as pessoas moram relativamente próximo ao trabalho, ao estudo, à unidade de saúde, à padaria etc., enquanto as bordas da cidade são liberadas para áreas verdes, de lazer e de agricultura. Aqui [no Brasil], nós temos o que é pior da cidade compacta – ilhas de calor, congestionamento etc. – e o pior da cidade estendida, que é uma periferia sem infraestrutura. Idec: Nos últimos anos, temos visto seguidas tragédias causadas por enchentes e desabamentos em várias cidades do país. Em geral, culpa-se a "falta de planejamento urbano" e as moradias irregulares pelo problema. São eles os culpados? EM: A mídia brasileira, de um modo geral, é cínica. Sempre se diz que é "falta de planejamento". Mas não é por falta de planos. Todas as cidades brasileiras com mais de 20 mil habitantes têm Plano Diretor, e todos os planos falam em combater a desigualdade urbana. Não é por falta de lei ou de planejamento que as nossas cidades são como são. É pela desigualdade social, é pelo patrimonialismo, é pela especulação imobiliária ligada a financiamento de campanha [eleitoral]. Não é preciso fazer mais planos, mas sim aplicar os que já existem. Sentença de MG reconhece usucapião de bem público Judiciário decide por usucapião sobre bem público em Antônio Dias Em uma decisão inédita na região e pouco comum no país (processo nº 194.10.011238-3), o juiz titular da Vara da Fazenda Pública de Coronel Fabriciano, Marcelo Pereira da Silva, indeferiu o pedido do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), que solicitava a desocupação de uma área pública estadual de 36 mil metros quadrados, no Km 280 da BR-381, próximo ao trevo de Antônio Dias, onde residem cerca de dez famílias, formadas, em sua maioria, por servidores e ex-servidores do próprio DER-MG, instalados no local desde a construção da rodovia, há cerca de 30 anos. De acordo com o parágrafo 3º do artigo 183 e o parágrafo único do artigo 191, ambos da Constituição Federal, além do artigo 102 do Código Civil, imóveis públicos não podem ser adquiridos por usucapião (quando uma propriedade é adquirida pela posse ininterrupta e prolongada, verificando-se continuidade e tranquilidade). Além de conceder ganho de causa em 1ª Instância aos moradores, o magistrado declarou o 36 domínio das famílias sobre a área ocupada. “Nossa defesa foi fundamentada no sentido de que a absoluta impossibilidade de usucapião sobre bens públicos é equivocada, justamente por ofender o princípio constitucional da função social da posse”, justificou o advogado dos moradores da propriedade, Leonardo Bezigiter Sena. Ao todo, cerca de 120 pessoas residem na área pública do Estado, localizada no município de Antônio Dias. O Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais tem até o dia 15 de outubro para recorrer ao Tribunal de Justiça do Estado, em Belo Horizonte. Pedido alternativo Antes da sentença, Leonardo Bezigiter Sena revelou ter solicitado a realização de uma perícia no local, para que houvesse a avaliação dos bens das famílias que residem na área próxima ao trevo de Antônio Dias. “Tratou-se de um pedido alternativo que fizemos. Caso a Justiça não autorizasse a aquisição da propriedade pelo instituto da usucapião, nossa solicitação seria de que o DER-MG indenizasse os moradores, em razão de suas benfeitorias na propriedade em questão, executadas durante cerca de três décadas de posse mansa e pacífica”, explicou o advogado, ao informar que os bens das famílias que residem na área estadual foram avaliados em aproximadamente R$ 430 mil. Parecer do MP Por meio de parecer do promotor de Justiça, Aníbal Tamaoki, curador do Patrimônio Público da Comarca de Coronel Fabriciano (onde está inserido o município de Antônio Dias), o Ministério Público também opinou pela improcedência do pedido do DER-MG, sendo favorável à declaração do domínio da área ocupada por parte de seus moradores. “Não se pode permitir num país como o Brasil, em que, infelizmente, milhões de pessoas ainda vivem à margem da sociedade, que o Estado, por desídia ou omissão, possa manter-se proprietário de bens desafetados e sem qualquer perspectiva de utilização para o interesse público, se desobrigando ao cumprimento da função social da propriedade”, afirma o parecer emitido pelo MP. AULA 8 AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL Descoberta não é modalidade de aquisição de propriedade! Formas de aquisição da propriedade móvel Formas originárias: Usucapião; Ocupação. Tesouro Formas derivadas: Tradição; Especificação; 37 Confusão; Comissão; Adjunção; Sucessão hereditária. Usucapião Ordinária Extraordinária Art. 1.260 CC Art. 1.261 CC • Animus domini; • Animus domini; • Posse contínua; • Posse contínua; • Posse incontestada; • Posse incontestada; • Justo título e boa-fé; • Prazo de 5 anos. • Prazo de 3 anos. Ocupação É a apropriação de coisa sem dono (res nullius). Não é negócio jurídico, mas ato jurídico. A coisa perdida não pode ser ocupada até que antigo dono deixe de procurá-la. Tesouro “Depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória” O tesouro deve ser dividido entre aquele que o achou e o dono do prédio (ou enfiteuta) em que foi achado. Se o tesouro foi achado em busca ordenada pelo dono do prédio ou por terceiro não autorizado, pertencerá integralmente ao dono do prédio. Tesouro x Achado x Ocupação Tradição Tradição: mera transferência, sem registro. Tradição solene: transferência com registro. Quase tradição: transferência de direitos reais diferentes da propriedade. Tipos de tradição: Real → entrega material da coisa Simbólica → entrega de algo representativo da coisa Ficta → constituto possessório; brevi manu. 38 Especificação Especificação é a criação de algo novo a partir de uma matéria prima. Para haver especificação não pode haver possibilidade de restituição da matéria prima à forma originária. O CC prevê soluções nos casos de especificação realizada com matéria prima alheia, no todo ou em parte. A coisa originada é do especificador quando: ✓ Se a matéria prima for em parte alheia; ✓ Se a matéria prima for totalmente alheia e o especificador estiver de boa fé; ✓ Em qualquer caso se o valor da espécie nova exceder consideravelmente o da matéria prima. A coisa originada é do proprietário da matéria prima: ✓ Em caso de má fé do especificador. Os prejudicados serão indenizados! Confusão, Comissão e Adjunção Confusão é a união de coisas líquidas diversas ou de coisa líquida à sólida que se desfaz na reação. Comissão é a mistura de coisas sólidas. Adjunção é a união de coisas sólidas. O tratamento do CC é igual, mesmo sendo fenômenos distintos. Se for possível a separação: cada coisa continua de seu dono. Sendo impossível ou inviável: o todo se torna indiviso, cabendo a cada um, quinhão proporcional ao valor da coisa que se misturou. Se na mistura uma das coisas se considera principal: ao seu dono será dada a propriedade das demais, que deverão ser indenizados. Se a mistura operou-se de má fé: ao prejudicado cada escolher entre a propriedade do todo (mediante pagamento do que não for seu) e a renúncia de sua parte mediante indenização. AULA 9AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL Conceito: a aquisição da propriedade consiste na personalização do direito num titular. Titulus adquirendi: fato jurídico originado pela natureza ou manifestação da vontade que constitui o elemento material da aquisição. Modus adquirendi: a aquisição imobiliária se dá pelatranscrição do título em cartório do registro público. É o elemento formal da aquisição (não exigido nos casos de acessão). 39 Titulus adquirendi Causa natural Vontade humana Causa mortis - Herdeiro x Causa mortis - Legatário x x Acessão natural x Acessão artificial x Usucapião x x Negócios x Modalidades de Aquisição Originária: o histórico da propriedade inicia-se com o adquirente. Não há vício nem há incidência de imposto de transmissão. Ex.: acessão natural. Divergência doutrinária: usucapião e desapropriação judicial. Derivada: o adquirente assume o domínio no lugar do transmitente. Limitações e vícios subsistem. Ex.: compra e venda, sucessão, doação etc. Outras Classificações ✓ Inter vivos e causa mortis; (Obs.: a aquisição causa mortis é estudada no direito das sucessões.) ✓ A título singular e a título universal; (Na primeira adquire-se um bem ou conjunto individualizado, na segunda adquire-se a integralidade de um patrimônio.) ✓ A título gratuito e a título oneroso. (Na primeira inexiste contraprestação e a parte onerada só responde pelo inadimplemento por dolo. Na segunda, em caso de inadimplemento cada parte responde por culpa, salvo lei em contrário.) Aquisição pelo Registro do Título Matrícula: é um número de identificação de cada unidade imobiliária. É anterior ao registro e se mantém 40 inalterada, podendo, no entanto, haver fusão ou extinção. Também chamamos de matrícula o próprio documento que contém o número de matrícula, registro e averbações. Registro: é a descrição de todas as situações referentes ao imóvel que vem depois da matrícula. Traduz as situações jurídicas relacionadas ao imóvel. Só se pode registrar o que for previsto em lei. Averbação: menciona uma informação referente a apresentação de outro documento. É feita à margem do registro. Pode-se realizar averbação de qualquer ato/fato não vedado por lei. Livros no registro de imóveis: ✓ Livro 1 – Protocolo: servirá para apontamento dos títulos levados a registro. ✓ Livro 2 – Registro Geral: destinado à matrícula dos imóveis e ao registro ou averbação dos atos relacionados no art. 167 e não atribuído ao Livro Auxiliar. ✓ Livro 3 – Registro Auxiliar: servirá para registro de atos específicos, como de emissão de debêntures, cédulas de crédito rural e industrial, de convenções de condomínio, de penhor de máquinas e aparelhos industriais, convenções antenupciais, sem prejuízo do ato praticado no livro 2. ✓ Livro 4 – Indicador Real: é o repositório de todos os imóveis que constarem também dos livros, de maneira a facilitar as consultas. ✓ Livro 5 – Indicador Pessoal: é o repositório de todos os nomes de pessoas que figurarem nos demais livros. Aquisição pela Acessão Conceito: É o modo originário de se adquirir em virtude do qual fica pertencendo ao proprietário tudo quanto se une ou se incorpora ao seu bem. Tipos: acessões naturais (decorrente da ação da natureza, como abandono de álveo, aluvião, avulsão ou formação de ilhas) e artificiais (decorrente da ação humana, como construções ou plantações). Álveo abandonado O álveo é o leito de rio. O abandono de álveo ocorre quando o rio muda de curso, passando à propriedade dos ribeirinhos, sem que estes devam indenização aos proprietários anteriores. Se a mudança no curso das águas se dá devido a obras públicas, os prejudicados serão indenizados e o álveo passará a ser de propriedade do Poder Público Aluvião e avulsão O aluvião se configura pela formação de depósitos e aterros que, lentamente trazidos pelas águas dos 41 rios, acrescem o volume das propriedades ribeirinhas. Não há indenização. A avulsão se verifica pelo processo inverso do aluvião, ou seja, é o deslocamento de porção de terra de uma propriedade a outra. A avulsão somente se processa se a coisa deslocada possuir capacidade de aderência. Pode haver indenização para o prejudicado no prazo prescricional de um ano. Formação de ilhas Só é forma de aquisição em rios particulares (não navegáveis, normalmente). Acessões Artificiais Construção em terreno próprio com material alheio Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé. Dono do Material – João Dono do terreno - Pedro Se Pedro estiver de boa fé Fica com o material de João e indeniza só o material 42 Se Pedro estiver de má fé Fica com o material de João e indeniza o material + perdas e danos ATENÇÃO: não importa, neste caso, o valor das contruções e do terreno. Construção com material próprio em terreno alheio Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões. 1ª situação: o valor do material é menor que o do terreno Dono do Material – João Dono do terreno - Pedro Se João estiver de boa fé Perde o material para Pedro que o indeniza Se João estiver de má fé Perde o material para Pedro que não o indeniza (fica subentendido) Se João e Pedro estiverem de má fé Perde o material para Pedro que o indeniza Se João estiver de boa fé e Pedro de má fé? Não há previsão expressa no CC, mas o lógico é que João continuaria perdendo o material para Pedro que o indenizaria. Esta resposta é subentendida no caput do art. 1255, pois não há indicação nele que o proprietário do terreno precisa estar de boa fé 2ª Situação: o valor do material é maior que o terreno Dono do Material – João Dono do terreno - Pedro 43 Nessa situação, João (de boa fé) adiquirirá a propriedade do terreno e indenizará Pedro (de boa ou de má fé) Se ambos estiverem de má fé, Pedro deve ficar com as construções, mesmo de valor superior ao seu terreno, e indenizar João. Quando o dono do material de valor mais elevado que o terreno está de má fé? Não há previsão expressa no CC, no entanto fica subentendido que o João também perderia as contruções para Pedro, sem ter direito à indenização. Construção com material alheio em terreno alheio Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio. Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor. Neste caso, a solução é a mesma do art.1256, mas a indenização será paga pelo construtor ou pelo proprietário do solo na sua impossibilidade. Construção em terreno próprio que invade 5% ou menos do terreno alheio Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente. Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.
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