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Direito das Coisas_Apostila

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1 
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ 
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA 
Vice-Reitoria de Ensino de Graduação – VREGRAD 
 Centro de Ciências Jurídicas – CCJ 
 Curso de Direito 
DIREITO CIVIL IV – REAIS – COISAS 
Professora Nathalie Cândido 
 
UNIDADE I 
AULA 1 - INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS COISAS 
Conceito 
É um conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos bens materiais e imateriais 
suscetíveis de apropriação pelo homem. 
Classificação 
 - Direito das coisas clássico; 
 - Direito das coisas científico; 
 - Direito das coisas legal. 
Conteúdo: 
❖ Posse; 
❖ Propriedade; 
❖ Direitos reais sobre coisas alheias: 
 - de gozo; 
 - de garantia; 
 - de aquisição. 
UNIDADE II 
AULA 2 DIFERENCIAÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS E PESSOAIS 
Teorias: 
❖ Teses Unitárias 
 - Personalista; 
 - Monista-objetivista ou impersonalista (para alguns ainda: realista) 
❖ Teoria clássica ou realista (para alguns ainda: dualista) 
 
2 
Diferenciação entre direitos reais e pessoais: 
- Quanto ao sujeito de direito; 
- Quanto à ação; 
- Quanto ao modo de gozar o direito; 
- Quanto ao objeto; 
- Quanto ao limite; 
- Quanto ao abandono; 
- Quanto à extinção. 
 
Direitos Reais 
Conceito 
“Relação jurídica em virtude da qual o titular pode retirar da coisa, de modo exclusivo e contra todos, as 
utilidades que ela é capaz de produzir” (Monteiro) 
Caracteres jurídicos 
- Oponibilidade erga omnes; 
- Direito de seqüela e de preferência; 
- Numerus clausus; 
- Passível de abandono, posse e usucapião. 
Objeto 
Pressupostos 
- Objeto econômico capaz de satisfazer interesses econômicos; 
- Suscetíveis de gestão econômica autônoma; 
- Passíveis de subordinação jurídica. 
Bens 
- Presentes e futuros; 
- Corpóreos e incorpóreos. 
Direitos Híbridos 
Obrigações Propter Rem (Ob Rem ou Reipersecutória) 
São obrigações criadas por lei que derivam da relação do sujeito passivo com a coisa, tais como a 
3 
obrigação condominial, as multas de trânsito etc. 
Ônus Reais 
São obrigações que restringem o direito de um titular de direito real, como as rendas constituídas sobre 
bens imóveis. 
Obrigações com Eficácia Real 
São as que se transmitem e são oponíveis a terceiro que adquira direito sobre determinado bem, 
alcançando, por força de lei, a dimensão de direito real, tal como a oponibilidade do direito de locação 
de imóvel. 
Para o STF: 
 
EXERCÍCIOS 
1) Segundo o Código Civil, são direitos reais: 
a. Propriedade, usufruto, penhor, hipoteca e rendas constituídas sobre imóveis. 
b. Propriedade, usufruto, uso, habitação e comodato. 
c. Propriedade, usufruto, habitação, penhor e anticrese. 
d. Superfície, usufruto, direito do promitente comprador, penhor e locação. 
 
2) Assinale a alternativa que contemple exclusivamente obrigação propter rem: 
A) a obrigação de indenizar decorrente da aluvião e aquela decorrente da avulsão. 
B) a hipoteca e o dever de pagar as cotas condominiais. 
C) o dever que tem o servidor da posse de exercer o desforço possessório e o dever de pagar as cotas 
condominiais. 
D) a obrigação que tem o proprietário de um terreno de indenizar o terceiro que, de boa-fé, erigiu 
benfeitorias sobre o mesmo. 
 
4 
 
UNIDADE III 
AULA 3 ORIGEM DA POSSE 
Teoria de Niebuhr: 
A posse teria como origem os loteamentos dos terrenos conquistados nas guerras. Esses lotes, 
possessiones, eram concedidas a cidadãos a título precário, cuja regulamentação para defesa originou o 
interdito possessório. 
Teoria de Ihering: 
A posse foi consequência do processo reivindicatório. 
 
Natureza da Posse 
Para Savigny, a posse é um fato que produz consequências jurídicas, sendo simultaneamente, fato e 
direito. Insere-se dentro dos direitos pessoais. 
Para Ihering posse é um direito, uma relação jurídica que tem como causa um fato. Insere-se nos 
direitos reais. 
Para Clóvis, posse é um estado de fato, que sendo protegida pela lei, adquire a posição de direito. 
Seria uma anomalia pela necessidade de manter a paz na vida jurídico-econômica. 
 
Teorias sobre a Posse 
Teoria Subjetiva 
Para Savigny, a posse é o “poder imediato que tem a pessoa de dispor fisicamente de um bem com a 
intenção de tê-lo para si e de defendê-lo contra agressão de quem quer que seja”. 
Elementos: corpus e animus domini. 
 
Corpus + Animus = Posse Jurídica; 
Corpus = Posse natural (detenção); 
Animus = Não tem repercussão no Direito. 
 
Evolução da Teoria Subjetiva 
1ª fase: animus compreenderia apenas o domínio 
Animus domini: intenção de ter a coisa como proprietário; 
5 
2ª fase: animus compreende os direitos reais e coisas incorpóreas. 
Animus possidendi: intenção de submeter a coisa ao exercício do direito real a que correspondam os 
atos constitutivos do corpus. 
 
Teoria Objetiva 
Para Ihering posse é a “exteriorização do domínio existente, normalmente, entre o proprietário e sua 
coisa.” 
Elemento: corpus. 
O animus (elemento intencional) está implícito no corpus, sendo o único elemento visível e suscetível 
de comprovação. 
Omnia ut dominum gessisse (ter tudo feito como real proprietário). 
 
Teoria Sociológica da Posse 
A teoria sociológica defende que a posse existe quando a sociedade atribui ao sujeito o exercício da 
posse. Aquele que der a destinação social ao bem da vida será o possuidor. Sua teoria preconiza que a 
posse tem autonomia em face da propriedade. 
• Silvio Perozzi entende que a desistência de terceiros diante de uma situação é o que legitima a 
posse. 
• Raymond Saleilles caracteriza o possuidor como aquele que manifesta a independência 
econômica para, por exemplo, arcar com a manutenção e sustentabilidade da coisa. 
• Hernandez Gil afirma que a propriedade deve servir a propósitos coletivos. 
 
Para a maioria doutrinária o Código Civil Brasileiro (desde o de 1916) adota a teoria objetiva. 
Art. 1.196: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos 
poderes inerentes à propriedade 
Para alguns autores, no entanto, o Código Civil ainda tem resquícios da Teoria Subjetiva. Exemplos: 
E no caso de usucapião? 
CC/02: Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por 
cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, 
tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a 
propriedade. 
E a CF/88? 
6 
Art. 5º, inciso XXIII: “a propriedade atenderá a sua função social” 
“A posse constitui direito autônomo em relação à propriedade e deve expressar o aproveitamento dos 
bens para o alcance de interesses existenciais, econômicos e sociais merecedores de tutela” (Enunciado 
n. 492) (V JORNADA DE DIREITO CIVIL, 2012) 
 
Comparações entre as teorias
 
Teoria subjetiva 
 É impossível a posse de outrem; 
 Locatário, comodatário, depositário são 
meros detentores (neste caso não são 
titulares de proteção possessória) 
 
 
 
Teoria objetiva 
 É possível a posse de outrem; 
 Locatário, comodatários, depositários etc 
são possuidores (podem invocar proteção 
possessória); 
 A posse pode ser desmembrada: posse 
direta e indireta. 
 É possível a posse sobre coisas alheias 
(Direitos reais sobre coisa alheia). 
No entendimento de Ihering, o corpus não se limita ao poder físico sobre o bem, podendo ser entendido 
como a relação entre a pessoa e a coisa, em vista do seu interesse socioeconômico. Neste aspecto, a Teoria 
parece adequada à sistemática do nosso ordenamento civil, que não limita a posse a coisas corpóreas. 
 
Fâmulo da Posse 
Art. 1.198 “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com 
outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas” 
Ex.: prestadores de serviços em geral. 
 
Objetos da Posse 
 Coisas corpóreas, salvo as fora do comércio, ainda que gravadas com cláusulade inalienabilidade; 
 Coisas incorpóreas; 
 Coisas acessórias se puderem ser destacadas da principal sem alteração de sua substância; 
 Coisas coletivas de fato e de direito; 
 Direitos reais de fruição: uso, usufruto, habitação, servidão e enfiteuse (?); 
 Direitos reais de garantia: penhor e anticrese (exclui-se a hipoteca); 
7 
 Direitos pessoais (?) patrimoniais ou de crédito. 
 
Bens incorpóreos são os direitos. Mas qualquer direito pode ser objeto de posse? 
O Direito Romano, que inicialmente só considerava suscetível de posse coisas corpóreas, passou 
permitir também a posse de direitos, desde que reais (em verdade não havia a divisão direitos reais/pessoais, 
porém era diferente a forma de defendê-los). 
O Direito Canônico estendeu a posse aos direitos pessoais. Os juristas brasileiros possuíam inicialmente 
entendimento semelhante, porém, com a criação do Mandado de Segurança, a maioria atual não aceita a 
posse de direitos pessoais, apenas a de direitos reais (e ainda assim alguns com ressalvas) 
A expressão quase posse era usada pelos romanos para designar a posse sobre direitos (coisas 
incorpóreas), mas atualmente não existe essa diferenciação. 
E a proteção possessória dos direitos pessoais não passíveis de mandado de segurança? 
Como explicado, após o advento do M.S., a maioria da doutrina não aceita a posse de direitos pessoais, 
argumentando que este tem no M.S., entre outros institutos processuais, seu meio de defesa. Apesar do 
grande leque de ações, alguns direitos ainda carecem de defesa própria. Alguns não são cabíveis de defesa 
por M.S. por não serem “líquidos e certos”. Assim, alguns direitos (como de família: posse do estado de 
filho, posse do estado de casado...) ficam sem uma proteção específica. 
Correntes: 
Para alguns, nenhum direito pessoal é passível de proteção possessória; 
Para alguns, apenas os direitos pessoais carentes de instituto de proteção. 
Para alguns, apenas os direitos pessoais que guardam relação com uma coisa (ex.: direitos pessoais 
patrimoniais ou de crédito). 
 
AULA 4 MODALIDADES DA POSSE 
 
• Quanto à extensão da garantia possessória 
Posse direta 
É daquele que tem a coisa em seu poder; 
Existe em razão de direito pessoal ou real; 
É temporária e derivada, baseando-se numa relação transitória de direito 
Posse indireta 
É daquele de quem a coisa foi havida; 
8 
Os possuidores direito e indireto podem utilizar-se de interditos possessórios. O primeiro erga omnis, 
inclusive contra o possuidor indireto. O segundo apenas contra terceiro. Há divergência doutrinária neste 
aspecto. 
• Quanto à simultaneidade de seu exercício 
Composse pro diviso 
Duas ou mais pessoas dividem um bem, que embora não dividido de direito, já está dividido de fato 
Composse pro indiviso 
Duas ou mais pessoas possuem cada uma, uma parte ideal de um bem. 
A composse existe não apenas quando a coisa é indivisível, mas também quando um bem divisível estiver 
em estado de indivisão, por isso tende a ser temporária. No entanto, sendo o bem indivisível, cada possuidor 
exerce sobre a coisa atos possessórios que não excluam atos dos compossuidores. Na defesa da posse atuam 
contra terceiro em nome de todos, e podem utilizar-se dos interditos um contra o outro. 
• Quanto aos vícios objetivos 
Posse Justa 
Não é violenta; 
Não é clandestina; 
Não é precária. 
O vício da precariedade não cessa nunca. 
A posse injusta pode ser defendida contra terceiros, nunca contra aquele do qual se tirou a coisa. 
Considera-se cessada a violência ou clandestinidade quando se adquire a posse velha. 
Posse Injusta 
É violenta ou clandestina ou precária; 
Não autoriza sua aquisição enquanto não cessar o vício da violência ou clandestinidade. 
• Quanto aos seus efeitos 
Ad interdicta 
É a que pode amparar-se nos interditos ou ações possessórias, devendo ser justa. 
Ad usucapionem 
É a que autoriza a usucapião da coisa 
• Quanto à sua idade 
Posse nova 
9 
Menos de um ano e dia 
É injusta se violenta, clandestina ou precária 
Posse velha 
Mais de um ano e dia 
É justa se cessada a precariedade. 
• Quanto à subjetividade 
Posse de boa fé 
A posse é de boa fé se o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. 
É presumida quando o possuidor tem justo título, salvo prova em contrário ou quando a lei não permitir essa 
presunção. 
Posse de má fé 
É a posse daquele que conhece a ilegitimidade do seu direito de posse. 
Justo título deve ser entendido como causa justa. 
A qualidade da posse, no momento que se altera, modifica os efeitos da posse. 
 
Caráter da posse 
Art.1.203 “Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi 
adquirida”. 
Art.1.208 “ Não induzem a posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a 
sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a 
clandestinidade”. 
 
AULA 5 AQUISIÇÃO DA POSSE E PERDA DA POSSE 
 
Quando ocorre? 
“Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome 
próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.” 
Quem pode possuir? 
A própria pessoa que a pretende ou seu representante e o terceiro sem mandato, dependendo de 
ratificação. 
Como se adquire a posse ? 
10 
• Aquisição originária 
É aquela que ocorre por ato unilateral, na qual o possuidor se apropria do bem, podendo dispor dele 
livremente. 
Pode ocorrer com a apreensão de coisa sem dono ou sobre coisa alheia (neste caso quando cessar a 
violência ou clandestinidade). 
Também ocorre a partir do exercício do direito que possa ser objeto da relação possessória. 
• Aquisição derivada 
É aquela que requer a existência de um possuidor anterior, que irá transmitir ao novo possuidor. 
Essa transmissão pode ocorrer por causas intervivos (compra e venda, doação etc), mortis causa 
(herança, legado) e judiciais (arrematação, adjudicação etc). 
É bilateral. 
As formas de aquisição derivada são: tradição, constituto possessório e acessão. 
 
Tradição 
É a entrega ou transferência da coisa. 
A entrega da coisa (um livro, por exemplo) é dita efetiva, enquanto a transferência (entrega das chaves 
de uma casa, ou carro) é dita simbólica. 
Quando o possuidor adquire a posse diretamente, denominamos traditio brevi manu, se adquirir de 
forma indireta denominamos traditio longa manu. 
 
Constituto possessório 
Nesta modalidade de aquisição há um desdobramento da posse. O possuidor primitivo, que detinha a 
posse uma, passa a ser possuidor em nome alheio, ou seja possuidor direto, enquanto o novo proprietário 
detém a posse indireta. 
Exemplo: dono de um imóvel o aliena e se torna locatário do novo dono. 
 
Acessão 
Nesta modalidade de aquisição derivada pode se dar a accessio possessionis, na qual o tempo das posses 
pode ser unificada. 
A acessão pode ocorrer causa mortis, no caso de sucessão ou legado. Neste caso a accessio possessiones 
se opera automaticamente. 
A acessão pode também ocorrer intervivos quando a aquisição ocorreu a título singular (compra e 
11 
venda, por exemplo). Neste caso a accessio possessiones é facultativa. 
Efeitos da accessio possessiones 
Accessio Possessiones por sucessão: automática. 
Se herdo a posse de um terreno cuja aquisição foi violenta, herdo uma posse injusta. Porém, como 
ocorre a união de posses, o decurso de tempo necessário para que a posse torne-se justa será menor, pois 
basta que os períodos (unidos) ultrapassem ano e dia. 
Accessio Possessiones por união: facultativa. 
Se adquiro a posse de um bem por título singular, essa posse não nasce com vícios. Porém, se eu unir a 
minha posse à anterior (para tentar um usucapião por exemplo) o conhecimento de vício posterior 
macula minha posse. 
 
Perda da posse 
Perda da posse da coisa: 
- Pelo abandono; 
- Pela tradição; 
- Pela perda da própria coisa; 
- Pela destruição da coisa; 
-Pela sua inalienabilidade; 
- Pela posse de outrem; 
- Pelo constituto possessório. 
Perda da posse dos direitos: 
- Pela impossibilidade de seu exercício; 
- Pelo desuso. 
 
Abandono e perda 
Não há período que caracterize o abandono. Essa caracterização decorre da intenção da pessoa de se 
desfazer do bem (neste caso a perda da posse acarreta a perda da propriedade). Bens imóveis também 
podem ser perdidos por abandono quando o possuidor se ausenta por tempo indefinido, sem deixar 
representante. 
A doutrina majoritária tem entendido que a perda da coisa em âmbito residencial não configura perda da 
posse. A perda da posse em âmbito não residencial se dá quando a coisa deixa de ser procurada. Aquele 
que encontrou de boa-fé adquirindo a posse da coisa perdida é obrigado a devolvê-la se houver indícios 
12 
suficientes de sua propriedade. 
 
AULA 6 EFEITOS DA POSSE 
Do direito à percepção dos frutos 
Frutos são utilidades que a coisa periodicamente produz, cuja percepção se dá sem detrimento de sua 
substância; 
Os frutos dividem-se em: pendentes; percebidos; estantes; percepiendos e consumidos. 
O possuidor de boa fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos tempestivamente; o 
possuidor de má fé responde por todos os prejuízos que causou pelos frutos colhidos e percebidos, 
bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber; tem, porém, direito às despesas de produção 
e custeio, a fim de se evitar enriquecimento ilícito. 
Do direito à indenização de benfeitorias 
Benfeitorias, que são obras ou despesas efetuadas num coisa para conservá-la, melhorá-la ou 
embelezá-la. 
O possuidor tem direito à indenização das benfeitorias realizadas: o possuidor de boa fé, das 
benfeitorias necessárias e úteis, e de levantar, desde que não danifique a coisa, as voluptuárias; o 
possuidor de má fé do valor das benfeitorias necessárias. 
Do direito de retenção 
Cabe ao possuidor o direito de retenção, que é o direito que tem o devedor de uma obrigação reter o 
bem alheio em seu poder, para haver do credor da obrigação as despesas feitas em benefício da coisa. 
Da responsabilidade pela deterioração e perda da coisa 
O possuidor de boa fé só responde pela perda ou deterioração da coisa se que concorrer 
propositadamente na ocorrência da deterioração ou a perda do bem. 
O de má fé responde pela perda e deterioração, mas se comprovar que esses fatos se verificariam de 
qualquer modo, libera-se da responsabilidade. 
Interditos possessórios 
Típicos: 
Ação de manutenção de posse; 
Ação de reintegração de posse; 
Interdito proibitório; 
Atípicos: 
Nunciação de obra nova; 
13 
Ação de dano infecto; 
Embargos de terceiro; 
Imissão de posse. 
 
Ação de manutenção de posse 
É o meio de que se pode servir o possuidor que sofrer turbação a fim de se manter na sua posse, receber 
indenização dos danos sofridos e obter a cominação da pena para o caso de reincidência ou, ainda, se de 
má fé o turbador, remover ou demolir construção ou plantação feita em detrimento de sua posse. 
 Previsão legal: Art. 560, CPC 
 
Turbação é todo ato que embaraça o livre exercício da posse. Tipos de turbação: 
De fato ou de direito; 
Direta ou indireta; 
Positiva ou negativa. 
 
Requisitos: 
Existência da posse 
Existência da turbação 
Não é discutida a natureza da posse, o direito do turbador, nem a extensão ou tipo do dano. 
Objetivo: obtenção do mandado de manutenção. 
 
Legitimado: possuidor 
Se houver disputa da posse, a posse será mantida provisoriamente com aquele que deter a coisa 
(depositário) salvo se manifesto que sua posse é viciada. 
Rito: se a turbação contar mais de ano e dia, o rito é o comum e se tiver menos, o rito é o especial. 
Há divergência quanto à contagem quando forem múltiplos atos. 
14 
 
 
Ação de reintegração de posse 
Ação de reintegração de posse é movida pelo esbulhado, a fim de recuperar a posse perdida em razão de 
violência, clandestinidade ou precariedade e pleitear indenização pelas perdas e danos. 
 Previsão legal: Art. 560 CPC. 
 
Esbulho é o ato pelo qual o possuidor se vê despojado da posse, injustamente, por violência, por 
clandestinidade e por abuso de confiança. 
 
Nesta ação, a decisão se funda apenas na posse. Caso exista discussão de domínio, o correto é intentar 
ação reivindicatória. 
 
Legitimidade ativa: possuidor esbulhado 
Legitimidade passiva: o esbulhador ou terceiro (que recebeu a coisa esbulhada, sabendo que o era). 
 
Interdito proibitório 
15 
É a proteção preventiva da posse ante a ameaça de turbação ou esbulho. 
Previsão legal: art. 1.210, 2ª parte, CC cc Art. 567 CPC 
 
Requisitos: existência da posse e de justo e fundado receio de violência iminente. 
Legitimidade: possuidor direto ou indireto. 
Objetivo: mandado judicial 
Efeitos: se procedente, o requerido contrai uma obrigação de não fazer, sob pena de multa e perdas e 
danos. 
 
Nunciação de obra nova 
É a ação que visa impedir que o domínio ou a posse de um bem imóvel seja prejudicado em sua 
natureza, substância, servidão ou fins, por obra nova no prédio vizinho. 
 Previsão legal: Há menção a ação no §1º do art. 47, mas não há rito especial previsto atualmente 
(anteriormente: arts. 934 a 940 CPC/73). 
Requisitos: existência de obra em vias de construção, sobre a qual há fundado receio que venha a causar 
turbação. 
Objetivo: seu principal objetivo é o embargo à obra, ou seja, impedir sua construção. 
Efeitos: se julgado procedente, há também uma obrigação de não fazer, sob pena de multa e perdas e 
danos. 
 
Ação de Imissão de Posse 
Esta ação via a obtenção de posse via judicial (exemplo: quem adquiriu um bem e não o recebeu, o 
mandatário/ representante/ administrador atual para receberem os bens do mandante/ representado/ 
16 
pessoa jurídica dos antecessores). Não foi prevista no CPC/73 nem no novo CPC. 
 
Ação de dano infecto 
É uma medida de caráter cautelar que pode ser utilizada pelo possuidor,e te caso de fundado receio de 
que a ruína ou demolição ou vício de construção do prédio vizinho ao seu venha causar-lhe prejuízos, 
para obter, por sentença, do dono do imóvel contíguo caução que garanta a indenização de danos 
futuros. Previsão legal: Como a ação de caução era cautelar e o novo CPC não tem este tipo processual, 
seguirá o rito comum. 
 
Embargos de terceiro 
É o processo acessório de defesa da posse daqueles que, não sendo parte numa demanda, sofrem 
turbação ou esbulho em sua posse ou direito, por efeito de penhora, depósito, arresto, sequestro, venda 
judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha ou outro ato de apreensão judicial. 
 Previsão legal: Art. 674 CPC.. 
 
Legítima defesa da posse 
Fundamentos legais 
“O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se, ou restituir-se por sua força, contanto que o faça 
logo” (art. 1210, CC). 
“Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o 
permite. Pena: detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência” 
(art.345, CP). 
Legítima defesa x desforço imediato 
A legítima defesa da posse ocorre quando há o emprego de força para defesa contra turbação injusta, 
real e atual. 
O desforço imediato é exercido em caso do emprego de força contra o esbulho. 
Em ambas situações a ação deve ser imediata e sem excessos. Em caso de não serem respeitados estes 
requisitos, a ação será caracterizada como exercício arbitrário das próprias razões, delito tipificado que 
consiste em fazer justiça pelas próprias mãos quando a lei não permite. 
PARA SABER MAIS: MODELOS DE AÇÕES 
 
MODELO DE AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE (RITO ESPECIAL) 
 
17 
AO JUIZO DA ___ ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF (FORO DO LOCAL DO IMÓVEL) 
PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-
XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, por seu advogado (...), 
OAB/UF(...), procuração anexa, com escritório estabelecido na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP 
(local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente, a presença deste Juízo., propor a presente 
AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE COM PEDIDO DE PEDIDO DE LIMINAR 
Com fulcro nos arts 560 e seguintEs do CPC/15 em face de PRENOME SOBRENOME, 
NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-XX, E-MAIL, residente e 
domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: 
I – Dos fatos 
NARRAR OS FATOS DEMONSTRANDO A POSSE DO AUTOR E A OCORRENCIA DO ESBULHO 
(DETALHES INCLUINDO DATA). 
II – Dos fundamentos jurídicos 
O Código Civil garante ao possuidor o direito de restituição de bem que lhe seja esbulhado: “(...) Art. 1.210. 
O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho (...)”. 
A legislação processual civil, regulando o exercício do direito acima, também disciplinou o direito do 
possuidor a ser reintegrado de sua posse em caso de esbulho (CPC, art. 560), incumbindo ao autor da ação 
de reintegração de posse, qual seja, aquele que sofreu o esbulho, provar: 
“Art. 561 (...) I – a sua posse; II – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III – a data da turbação ou do 
esbulho; IV – a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação 
de reintegração (...)”. 
A posse do imóvel acerca do qual se funda a demanda está devidamente comprovada pela INDICAR EM 
QUE SE BASEIA A COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE POSSE 
O esbulho praticado pelo réu restou consubstanciado INDICAR PROVAS MATERIAIS DO ESBULHO por 
sua vez, também fortalece a convicção da data em que foi praticado o aludido esbulho. 
Nesse sentido: 
INDICAR (QUANDO POSSÍVEL) JURISPRUDÊNCIAS QUE CARACTERIZEM O ATO DO RÉU 
COMO ESBULHO. 
III – Do cabimento de pedido liminar 
Disciplina o art. 562, caput, do CPC, no que atina aos temas “manutenção e reintegração de posse”, que, 
“(...) Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição 
do mandado liminar de manutenção ou de reintegração (...)”. 
Ainda, havendo comprovação da posse, do esbulho, da data de sua ocorrência, bem como da perda da posse, 
o que restou comprovado na vestibular, é cediço que seja cabível a concessão de pedido liminar de 
reintegração de posse. 
A doutrina assevera que, cuidando-se de ação de força nova (posse nova), cabível é a expedição de ordem 
18 
para o fim de reintegração imediata da posse esbulhada ou turbada, antes mesmo da citação do réu, bastando 
aparentar que os fatos tenham se dado como narrados na petição inicial, não se exigindo, numa primeira 
ocasião, prova inconteste e definitiva da adequação aos requisitos do provimento definitivo da reintegração 
de posse, porquanto, na primeira oportunidade, não haveria elementos para tanto. 
IV – Dos pedidos 
Ante o exposto, requer: 
1. Seja expedido, sem oitiva do réu, mandado de liminar de reintegração de posse em favor do autor; 
2. Seja condenado o réu, em definitivo, à reintegração e ainda a arcar com as custas processuais e honorários 
advocatícios sucumbenciais, a serem arbitrados por V. Exa. 
OBS.: AINDA SE PODE SOLICITAR DANOS MATERIAIS E DEMOLIÇÕES QUANDO COUBER. 
Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, especialmente prova 
testemunhal, depoimento pessoal da parte e inspeção judicial. 
Pretende o autor participar da audiência de conciliação/mediação a ser designada por V. Exa. 
Dar-se à causa o valor de R$_ _ _ (VALOR POR EXTENSO) CORRESPONDE AO VALOR DO 
IMÓVEL. 
Nestes termos, pede deferimento. 
LOCAL, DATA 
ADVOGADO 
OAB/UF (...) 
 
MODELO DE AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE (RITO ESPECIAL) 
 
AO JUIZO DA ___ ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF (FORO DO LOCAL DO IMÓVEL) 
PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-
XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, por seu advogado (...), 
OAB/UF (...), procuração anexa, com escritório estabelecido na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP 
(local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente, a presença deste Juízo., propor a presente 
AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE COM PEDIDO DE PEDIDO DE LIMINAR 
Com fulcro nos arts 560 e seguintEs do CPC/15 em face de PRENOME SOBRENOME, 
NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-XX, E-MAIL, residente e 
domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: 
I – Dos fatos 
NARRAR OS FATOS DEMONSTRANDO A POSSE DO AUTOR E A OCORRENCIA DA TURBAÇÃO 
19 
(DETALHES INCLUINDO DATAS). 
II – Dos fundamentos jurídicos 
O Código Civil garante ao possuidor o direito de manutenção de bem que lhe seja turbado: “(...) Art. 1.210. 
O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho (...)”. 
A legislação processual civil, regulando o exercício do direito acima, também disciplinou o direito do 
possuidor a ser mantido de sua posse em caso de turbação (CPC, art. 560), incumbindo ao autor da ação de 
manuteção de posse, qual seja, aquele que sofreu aturbação, provar: 
“Art. 561 (...) I – a sua posse; II – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III – a data da turbação ou do 
esbulho; IV – a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação 
de reintegração (...)”. 
A posse do imóvel acerca do qual se funda a demanda está devidamente comprovada pela INDICAR EM 
QUE SE BASEIA A COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE POSSE 
A turbação praticada pelo réu restou consubstanciada INDICAR PROVAS MATERIAIS DA TURBAÇÃO 
por sua vez, também fortalece a convicção da data em que foi praticado a aludida turbação. 
Nesse sentido: 
INDICAR (QUANDO POSSÍVEL) JURISPRUDÊNCIAS QUE CARACTERIZEM O ATO DO RÉU 
COMO TURBAÇÃO. 
III – Do cabimento de pedido liminar 
Disciplina o art. 562, caput, do CPC, no que atina aos temas “manutenção e reintegração de posse”, que, 
“(...) Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição 
do mandado liminar de manutenção ou de reintegração (...)”. 
Ainda, havendo comprovação da posse, da turbação e da data de sua ocorrência, o que restou comprovado 
na vestibular, é cediço que seja cabível a concessão de pedido liminar de manutenção de posse. 
A doutrina assevera que, cuidando-se de ação de força nova (posse nova), cabível é a expedição de ordem 
para o fim de manutenção imediata da posse turbada, antes mesmo da citação do réu, bastando aparentar que 
os fatos tenham se dado como narrados na petição inicial, não se exigindo, numa primeira ocasião, prova 
inconteste e definitiva da adequação aos requisitos do provimento definitivo da manuteção de posse, 
porquanto, na primeira oportunidade, não haveria elementos para tanto. 
III - Frente aos fatos e fundamentos, requer-se: 
 
1 A expedição do mandado liminar de manutenção de posse independente de oitiva da parte contrária, nos 
termos do artigo 562 do CPC; 
2 Condenação da ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios; 
3 O estabelecimento de multa no valor de R$ XXXX,XX em caso de nova turbação, nos termos do inciso I 
do parágrafo único do artigo 555 do CPC; 
20 
OBS.: AINDA SE PODE SOLICITAR DANOS MATERIAIS QUANDO COUBER. 
Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, especialmente prova 
testemunhal, depoimento pessoal da parte e inspeção judicial. 
Pretende o autor participar da audiência de conciliação/mediação a ser designada por V. Exa. 
Dar-se à causa o valor de R$_ _ _ (VALOR POR EXTENSO) CORRESPONDE AO VALOR DO 
IMÓVEL. 
Nestes termos, pede deferimento. 
LOCAL, DATA 
ADVOGADO 
OAB/UF (...) 
 
MODELO DE AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO (RITO ESPECIAL) 
 
AO JUIZO DA ___ ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF (FORO DO LOCAL DO IMÓVEL) 
PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE,ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-
XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, por seu advogado (...), 
OAB/UF (...), procuração anexa, com escritório estabelecido na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP 
(local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente, a presença deste Juízo., propor a presente 
AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO 
Com fulcro nos arts 567 e 568 do CPC/15 em desfavor de PRENOME SOBRENOME, 
NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-XX, E-MAIL (PODE SER 
CONTRA GRUPO INDETERMINADO DE PESSOAS FIXADAS EM LOCAL CERTO), residente e 
domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: 
I – Dos fatos 
NARRAR OS FATOS DEMONSTRANDO A POSSE DO AUTOR E O FUNDADO RECEIO DA 
TURBAÇÃO OU ESBULHO. 
II – Dos fundamentos jurídicos 
O Código Civil garante ao possuidor o direito de manutenção de bem em caso de violência iminente: 
“(...)Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de 
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.” 
A legislação processual civil, regulando o exercício do direito acima, também disciplinou o direito do 
possuidor de ser segurado em sua posse: “Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de 
ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante 
mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.” 
21 
(CPC/15) 
A posse do imóvel acerca do qual se funda a demanda está devidamente comprovada pela INDICAR EM 
QUE SE BASEIA A COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE POSSE 
O fundado receio de ver praticada pelo réu a turbação ou esbulho restou consubstanciado INDICAR 
PROVAS MATERIAIS DO FUNDADO RECEIO. 
Nesse sentido: 
INDICAR (QUANDO POSSÍVEL) JURISPRUDÊNCIAS QUE CARACTERIZEM O ATO DO RÉU 
COMO INDÍCIOS DE TURBAÇÃO OU ESBULHO. 
III – Do cabimento de pedido liminar 
Disciplina o Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo. 
Já no art. 562, caput, do CPC, no que atina aos temas “manutenção e reintegração de posse”, indica-se que, 
“(...) Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição 
do mandado liminar de manutenção ou de reintegração (...)”. 
Diante da comprovação da plausibilidade do direito do requerente, devidamente, atestada pela juntada de 
prova pré-constituída, requer à Vossa Excelência, medida liminar com o objetivo de coibir qualquer ameaça 
que, por ventura, venha a ser praticada pelo requerido. 
Cumpre, ainda, ressaltar, conforme o art. 567 do CPC, que a não observância da decisão judicial cominará 
na faculdade, deste respeitável juízo, aplicar multa pecuniária diária, de natureza coercitiva, tendo como 
finalidade inibir a injusta ação do requerido. Nessa linha, a título de sugestão, o requerente opina pela 
aplicação de multa diária no valor de R$ _ _ _ _ (valor por extenso). 
III - Frente aos fatos e fundamentos, requer-se: 
1 A expedição de mandado proibitório ao requeridos, a fim de que estes se abstenham de qualquer ato que 
implique em turbação ou esbulho da posse dos autores, sob pena de pagar a multa diária de R$ _ _ _ _ (valor 
por extenso) em que o preceito seja transgredido, independente a eventual indenização por perdas e danos. 
2 Condenação da ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios; 
Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, especialmente prova 
testemunhal, depoimento pessoal da parte e inspeção judicial. 
Pretende o autor participar da audiência de conciliação/mediação a ser designada por V. Exa. 
Dar-se à causa o valor de R$_ _ _ (VALOR POR EXTENSO) CORRESPONDE A VALOR PARA 
MEROS EFEITOS FISCAIS. 
Nestes termos, pede deferimento. 
LOCAL, DATA 
ADVOGADO 
OAB/UF (...) 
22 
 
MODELO DE AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA (RITO COMUM) 
 
AO JUIZO DA ___ ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF (FORO DO LOCAL DO IMÓVEL) 
PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-
XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, por seu advogado (...), 
OAB/UF (...), procuração anexa, com escritório estabelecido na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP 
(local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente, a presença deste Juízo., propor a presente 
AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA 
Com fulcro nos arts 1299 do CC/02 em desfavor de PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, 
ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-XX, E-MAIL, residente e domiciliado na 
ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: 
I – Dos fatos 
NARRAR OS FATOS DEMONSTRANDO A POSSE OU PROPRIEDADE DO AUTOR E QUE A OBRA 
QUE ESTÁ SENDO INICIADA PELO RÉU É PASSÍVEL DE TRAZER PREJUÍZOS AO SEU DIREITO. 
II – Dos fundamentos jurídicos 
O Direito ampara o vizinho contra os prejuízos no prédio de sua propriedade, suas servidões, ou fins a que é 
destinado, proveniente da obra nova em outro prédio, que prejudique oprédio. 
O proprietário pode embargar a construção de imóvel que lhe cause prejuízo (CC, art. 1.299): 
“Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos 
vizinhos e os regulamentos administrativos.” 
QUANDO POSSÍVEL, SE A EDIFICAÇÃO ESTIVER CONTRARIANDO AS NORMAS DO DIREITO 
DE VIZINHAÇA OU REGULAMENTO ADMINISTRATIVO, INDICAR A NORMA CONTRARIADA 
E EVENTUAL JURISPRUDÊNCIA. 
III – Dos pedidos 
1 Embargar a construção, ordenando a sua suspensão liminar e, ao final, seu desfazimento, sob pena de 
multa de R$ (...) pela desobediência, determinando ainda a intimação do construtor (...) e dos operários que 
se encontrarem em serviço na obra, por mandado, do embargo, para que não continuem os trabalhos, sob 
pena de desobediência. 
2 Condenação da ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios; 
Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, especialmente prova 
testemunhal, depoimento pessoal da parte e inspeção judicial. 
Pretende o autor participar da audiência de conciliação/mediação a ser designada por V. Exa. 
Dar-se à causa o valor de R$_ _ _ (VALOR POR EXTENSO) CORRESPONDE A VALOR PARA 
23 
MEROS EFEITOS FISCAIS. 
Nestes termos, pede deferimento. 
LOCAL, DATA 
ADVOGADO 
OAB/UF (...) 
 
MODELO DE AÇÃO DE DANO INFECTO 
 
AO JUIZO DA ___ ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF (FORO DO LOCAL DO IMÓVEL) 
PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-
XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, por seu advogado (...), 
OAB/UF (...), procuração anexa, com escritório estabelecido na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP 
(local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente, a presença deste Juízo., propor a presente 
AÇÃO DE DANO INFECTO 
com fulcro no arts. 937 e 1.280 do Código Civil em desfavor de PRENOME SOBRENOME, 
NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-XX, E-MAIL, residente e 
domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: 
I- Dos fatos 
NARRAR OS FATOS DEMONSTRANDO A POSSE OU PROPRIEDADE DO AUTOR E OS RISCOS 
DA RUÍNA DO PRÉDIO VIZINHO. 
II – Dos fundamentos jurídicos 
O Requerente tem seu direito consubstanciado nos artigos do Código Civil, os quais transcreve-se: 
“Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta 
provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta” 
“Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a 
reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente.” 
Analisando os dispositivos legais acima transcritos, verifica-se que o Requerido responde pelos danos 
causados na construção por falta de reparos e manutenção.Da mesma forma tem o Requerente direito de exigir demolição ou reparação, ou ainda que o Requerido 
preste caução quando o dano for iminente. 
III – Dos pedidos 
1 Requer ao final que a presente seja julgada PROCEDENTE, condenando-se o Requerido a proceder na 
imediata reparação necessária do imóvel de sua propriedade ou então apresente caução assecuratória dos 
24 
riscos e prejuízos iminentes. 
2 Condenação da ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios; 
Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, especialmente prova 
testemunhal, depoimento pessoal da parte e inspeção judicial. 
Pretende o autor participar da audiência de conciliação/mediação a ser designada por V. Exa. 
Dar-se à causa o valor de R$_ _ _ (VALOR POR EXTENSO) CORRESPONDE A VALOR PARA 
MEROS EFEITOS FISCAIS. 
Nestes termos, pede deferimento. 
LOCAL, DATA 
ADVOGADO 
OAB/UF (...) 
 
MODELO DE AÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO 
 
AO JUIZO DA X ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF (DISTRIBUIÇÃO POR 
DEPENDÊNCIA AO PROCESSO NO QUAL FOI REALIZADA A CONSTRIÇÃO DO BEM) 
DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA AO PROCESSO Nº _ _ _ _ _ _ 
PRENOME SOBRENOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, CPF XXX.XXX.XXX-
XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, por seu advogado (...), 
OAB/UF (...), procuração anexa, com escritório estabelecido na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP 
(local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente, a presença deste Juízo., propor a presente 
AÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO 
com fulcro no arts 674 e seguintes do CPC/15 em desfavor de PRENOME SOBRENOME 
(LEGITIMIDADE PASSIVA DO AUTOR DA AÇÃO PRINCIPAL OU DO RÉU, SE TIVER SIDO SUA 
A INDICAÇÃO DO BEM PARA CONSTRIÇÃO), NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, 
CPF XXX.XXX.XXX-XX, E-MAIL, residente e domiciliado na ENDEREÇO COMPLETO COM CEP, 
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: 
I – Dos fatos 
NARRAR OS FATOS DEMONSTRANDO A POSSE OU PROPRIEDADE DO BEM, A QUALIDADE 
DE TERCEIRO (NÃO SER PARTE AUTORA OU RÉ NO PROCESSO PRINCIPAL) E DEMONSTRAR 
A TURBAÇÃO OU ESBULHO CAUSADA PELA CONSTRIÇÃO INDEVIDA DO BEM. 
II – Dos fundamentos jurídicos 
Assim sendo, o embargante está sofrendo lesão grave em seu patrimônio e direito de propriedade, estando 
25 
amparado pela legislação mencionada, em especial o disposto no artigo 674 do CPC, que diz, in verbis: 
“Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou 
sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua 
inibição por meio de embargos de terceiro.” 
Portanto, provada a propriedade e posse do bem constrito, justa a pretensão do embargante em ver o mesmo 
exonerado da constrição judicial. 
III – Dos pedidos 
1 Sejam recebidos, autuados e processados os presentes embargos de terceiro, com o apensamento ao 
mencionado processo 
2 Seja deferida liminarmente a manutenção da posse do bem ao embargante, eis que provada a propriedade e 
posse do bem; 
3 A indicação oportuna de testemunhas para justificação prévia, se necessário; 
4 Seja determinada a suspensão imediata do processo mencionado, até decisão final de mérito dos presentes 
embargos; 
5 Seja, a final, julgado procedente o presente pedido, com o levantamento da constrição realizada sobre o 
bem de propriedade do embargante, condenando-se a embargada nas custas processuais, honorários 
advocatícios e demais cominações legais. 
Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, especialmente prova 
testemunhal, depoimento pessoal da parte e documental. 
Pretende o autor participar da audiência de conciliação/mediação a ser designada por V. Exa. 
Dar-se à causa o valor de R$_ _ _ (VALOR POR EXTENSO) CORRESPONDE AO VALOR DO BEM 
CONSTRITO. 
Nestes termos, pede deferimento. 
LOCAL, DATA 
ADVOGADO 
OAB/UF (...) 
 
EXERCÍCIOS 
 
1) Sobre o direito possessório, assinale a proposição correta: 
a) A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, 
ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, não podendo o possuidor direto defender a sua 
posse contra o indireto. 
26 
b) Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, 
contanto que não excluam os dos outros compossuidores. 
c) Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, nenhuma poderá exercer a posse sobre ela, porque 
exclui a dos outros compossuidores. 
d) Considera-se detentor da coisa aquele que exerce a posse em seu próprio nome, mas em cumprimento a 
ordem de terceiros. 
 
2) Com base no que dispõe o Código Civil sobre posse, assinale a opção correta. 
a) Caracteriza-se como clandestina a posse adquirida via processo de ocultamento em relação àquele contra 
quem é praticado o apossamento, embora possa ser ele público para os demais. Por tal razão, a 
clandestinidade da posse é considerada defeito relativo. 
b) Na posse precária, o vício se inicia no momento em que o possuidor recebe a coisa com a obrigação de 
restituí-la ao proprietário ou ao possuidor legítimo. 
c) A ocupação de área pública, mesmo quando irregular, pode ser reconhecida como posse, podendo-se 
admitir desta o surgimento dos direitos de retenção e de indenização pelas acessões realizadas. 
d) É possível reconhecer a posse a quem não possa ser proprietário ou não possa gozar dos poderes inerentes 
à propriedade. 
e) É injusta a posse violenta, por meio da qual o usurpado seja obrigado a entregar a coisa para não ver 
concretizado o mal prometido, incluindo-se entre os atos de violência que tornam a posse injusta o temor 
reverencial e o exercício regular de um direito. 
 
3) Assinale a alternativa correta: 
a) Considera-se possuidor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a 
posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. 
b) O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias voluptuárias e poderá exercer o direito 
de retenção pelo valor das mesmas. 
c) Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, 
sobre imóvel urbano de até 250m2 (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com 
ex- cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, 
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
d) Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, adquirir-lhe-á 
a propriedade. 
e) O possuidor de má-fé responde por todos os frutos, desde o momento em que se constituiu de má-fé, 
tendo, no entanto, direito às despesas da produção e custeio. 
 
27 
4) Em relação à posse, é correto afirmar que 
a) o locatário não tem a posse direta do imóvel que ele aluga, mas sim a indireta. 
b) o motorista de um caminhão da empresa para a qual trabalha tem a posse ad usucapionem desse bem. 
c) o possuidor direto tem direito de lançar mão dos interditos contra turbação, esbulho e violência iminente, 
se tiver justo receio de ser molestado, inclusive contra o possuidor indireto. 
d) o possuidor responde pela perda da coisa, ainda que de boa-fé e sem ter dado causa à perda. 
 
5) Considera-se possuidor de boa-fé 
a) aquele que ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. 
b) o que se mantiver na posse durante o período necessário à usucapião ordinária. 
c) apenas aquele que ostenta título de domínio. 
d) somente aquele que ostentar justo título. 
e) todo aquele que a obteve sem violência ou que não a exerce de modo clandestino. 
 
6) Assinale a alternativa incorreta: 
a) O locador é possuidor indireto, e o locatário é considerado possuidor direto; 
b) Aquele que está na posse de um bem por mera permissão ou tolerância de outrem éconsiderado detentor; 
c) Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas as benfeitorias necessárias, sem direito de retenção por elas; 
d) O possuidor de boa-fé tem direito a indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias, e direito de 
retenção por elas e pelas benfeitorias voluptuárias; 
e) O possuidor com justo título presume-se possuidor de boa-fé; esta presunção é relativa. 
 
7) Acerca do instituto da posse é correto afirmar que: 
A) o Código Civil estabeleceu um rol taxativo de posses paralelas. 
B) é admissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral. 
C) fâmulos da posse são aqueles que exercitam atos de posse em nome próprio. 
D) a composse é uma situação que se verifica na comunhão pro indiviso, do qual cada possuidor conta com 
uma fração ideal sobre a posse. 
 
8) Sobre o constituto possessório, assinale a alternativa correta. 
A) Trata-se de modo originário de aquisição da propriedade. 
28 
B) Trata-se de modo originário de aquisição da posse. 
C) Representa uma tradição ficta. 
D) É imprescindível para que se opere a transferência da posse aos herdeiros na sucessão universal. 
 
9) Sobre a posse, está incorreta a seguinte proposição: 
a) Para a teoria clássica de Savigny, é a vontade de possuir para si que origina a posse jurídica, e quem 
possui por outrem é mero detentor. 
b) Considera-se possuidor todo aquele que tem de direito o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes 
inerentes à propriedade. 
c) Para Ihering, a posse é a simples exteriorização da propriedade e dos poderes a ela inerentes, sendo 
possível, pois, existir sem que o possuidor tenha intenção de dono. 
d) Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. 
e) O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir 
sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. 
10) Sobre aquisição e perda da posse: 
a) A aquisição da posse pode ocorrer pela apreensão, a qual, segundo a doutrina, pode ser concretizada não 
apenas pela apropriação unilateral da coisa sem dono, como também pela retirada da coisa de outrem sem 
sua permissão. 
b) A tradição constitui uma das hipóteses de perda da posse que pode ser vislumbrada, por exemplo, na 
entrega da coisa a um representante para que este a administre. 
c) Induzem posse os atos de permissão ou tolerância, mas não autorizam sua aquisição os atos violentos ou 
clandestinos. 
d) A posse do imóvel não tem qualquer vinculação com a posse das coisas móveis que nele estiverem, a qual 
depende de prova autônoma de aquisição. 
e) A posse das coisas móveis não pode ser transmitida pelo constituto possessório. 
11) A doutrina clássica diverge na determinação dos efeitos jurídicos da posse, dividindo as teorias que 
aceitam sua eficácia em dois grandes grupos: o grupo que admite a pluralidade dos efeitos da posse e outro 
grupo que admite que a posse produz um único efeito, “qual seja, o de induzir à presunção de propriedade". 
(GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. vol. V. In: Dos efeitos da posse, cap. IV. São 
Paulo: Saraiva, 2006. p.109). Analise as proposições a seguir sobre a posse e assinale a alterativa correta: 
I. No Código Civil, os efeitos da posse estão assim sistematizados: proteção possessória (autodefesa e 
invocação dos interditos); percepção dos frutos; responsabilidade pela deterioração e pela perda da coisa; 
indenização por benfeitorias e o direito de retenção; a usucapião. 
II. Um dos efeitos da posse é a proteção conferida ao possuidor, que se dá pela defesa direta ou autodefesa e 
pelas ações possessórias, denominadas de interditos possessórios, tais como a manutenção da posse, 
29 
reintegração da posse e interdito proibitório. 
III. Quando o possuidor demandar a proteção possessória, lhe é vedado pleitear a condenação do réu nas 
perdas e danos, não sendo possível sua cumulatividade, ainda que na ocorrência de fato novo, como a 
deterioração ou destruição da coisa. 
a) Está correta somente a proposição I. 
b) Está correta somente a proposição II. 
c) Está correta somente a proposição III. 
d) Estão corretas as proposições I e III. 
e) Estão corretas as proposições I e II. 
 
30 
UNIDADE IV 
AULA 7 – NOÇÕES GERAIS DE PROPRIEDADE 
Histórico 
Formas originárias de propriedade: comunitária das coisas úteis, individual das coisas de uso próprio. 
Idade antiga: a propriedade coletiva (da cidade e da família), foi paulatinamente substituída pela privada 
(pater familias). 
Idade Média: os possuidores de feudos, originalmente dados em usufruto, passaram a ter sua 
propriedade. 
 
Legitimidade da propriedade 
Teoria da ocupação; 
 Teoria do fundamento legal do domínio; 
 Teoria da especificação pelo trabalho; 
 Teoria da natureza humana. 
 
Conceito do direito de propriedade 
Direito de propriedade é o direito que a pessoa natural ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de 
usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem 
injustamente o detenha. 
 
Função social da propriedade 
Art. 1.228 CC/2002 (omissis) 
§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e 
sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a 
fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada 
a poluição do ar e das águas. 
§ 2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam 
animados pela intenção de prejudicar outrem. 
 
Elementos constitutivos 
Jus utendi: direito de usar, de retirar da coisa todos os benefícios que ela possa oferecer sem alterar 
sua substância em benefício próprio ou de terceiro. 
31 
Jus fruendi: direito aos frutos e produtos da coisa. 
Jus abutendi ou disponendi: direito de dispor da coisa a título oneroso ou gratuito, ou ainda a 
consumir, gravá-la ou submetê-la a serviço de alguém. 
Reinvindicato: direito de mover ação para reaver o bem da posse de quem injustamente o detenha. 
 
Caracteres da propriedade 
Caráter absoluto 
Caráter exclusivo 
Caráter perpétuo 
Caráter elástico 
 
Objetos da propriedade 
Bens corpóreos móveis e imóveis 
Bens incorpóreos 
 
Espécies de propriedade 
Quanto à extensão do direito do titular: 
Plena 
Restrita 
Quanto à perpetuidade do domínio: 
Perpétua 
Resolúvel 
 
Responsabilidade civil do proprietário 
Teoria Subjetiva / Teoria Clássica: 
Fundada na culpa (art.927, CC). 
Teoria Objetiva / Teoria Moderna do Risco: 
Fundada na existência do dano (art.927, PU, CC). 
 
32 
Tutela específica do domínio 
Ação de reivindicação (art. 292 CPC): É ação imprescritível que visa reaver a coisa de quem 
injustamente a detenha. Para isto é necessário a prova do registro e da cadeia sucessória; a 
individualização do bem e que a coisa encontra-se na posse do réu. 
Ação negatória: é ação para proteção do domínio contra turbação (art. 1.231 CC). 
Outras ações 
Ação declaratória: é ação que busca esclarecer dúvidas sobre o domínio; 
Ação confessória: é ação que visa reconhecimento de servidão ou de direito sobre propriedade 
vizinha; 
Ação de indenização: á ação para obtenção de compensação de prejuízo causado por ato ilícito ou 
por diminuição da propriedade em razão de avulsão; 
Ação de retificação de registro imobiliário: é ação com fito de corrigir inexatidão no registro. 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
Boom imobiliário: bom pra quem? 
A Revista do Idec entrevista a urbanista e professora aposentada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 
da USP, Ermínia Maricato, falando sobre o setor imobiliário. 
 
Nos últimos anos, o setor imobiliário brasileiro ganhou os holofotes: o número de novos empreendimentos 
explodiu, as vendas bateram recorde e, em 2013, pela primeira vez, o crédito para a compra de imóveis 
superou o créditopessoal no país, segundo dados do Banco Central (BC). Contudo, o boom de novas 
construções veio acompanhado de aumento vertiginoso dos preços: nos últimos cinco anos, o valor médio 
dos imóveis residenciais subiu 121%, de acordo com levantamento do BC, que considera 11 regiões 
metropolitanas do país. Na esteira dessa valorização, o preço dos aluguéis também disparou. 
Assim, embora muita gente esteja comprando, outras estão sofrendo os efeitos negativos dessa aceleração: 
parte da classe média está sendo expulsa dos bairros bem localizados, e a população de baixa renda levada 
para regiões cada vez mais periféricas. Essa é a análise da urbanista Ermínia Maricato, professora 
aposentada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Ermínia 
também foi secretária-executiva do Ministério das Cidades entre 2002 e 2005 e secretária de Habitação e 
Desenvolvimento Urbano do município de São Paulo entre 1989 e 1992, no governo Luiza Erundina. 
Confira a seguir a entrevista. 
 
Idec: O preço dos imóveis no Brasil não para de subir. Os governos podem ou devem intervir de alguma 
forma para frear esse aumento? 
ERMÍNIA MARICATO: À luz da legislação brasileira, seria possível, sim, combater a especulação e o 
encarecimento dos imóveis. Segundo a Constituição, o direito de propriedade está subordinado à sua função 
33 
social. No entanto, na realidade, a aplicação da lei e as relações sociais se dão como se o direito de 
propriedade fosse absoluto e o direito à moradia, relativo. 
Hoje, há uma quantidade enorme de imóveis ociosos e, ao mesmo tempo, uma parte da população está em 
moradias irregulares. No município de São Paulo, praticamente um quinto da população vive nessa 
condição; nas capitais do Norte e do Nordeste esse número é muito maior. Não é simples [resolver o 
problema], porém, em outros países, principalmente na Europa, não há essa desigualdade como aqui, pois há 
leis que restringem a especulação. Em Paris [França], por exemplo, um apartamento não pode ficar vazio 
por mais de um ano, se não o proprietário é taxado. Aqui no Brasil, o patrimonialismo é tão forte que não se 
consegue aplicar nem mesmo o IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano] progressivo, previsto em lei. 
 
Idec: Por que os preços estão subindo tanto? 
EM: Porque o imóvel se valoriza muito não só a partir do que é feito dentro dele, mas do que acontece no 
entorno. A localização é a mercadoria, mais importante do que a habitação em si. A mesma casa em um 
bairro nobre de São Paulo e no Jardim Ângela [bairro da periferia da capital paulista] teria preços muito 
diferentes. 
 
O proprietário ganha sem fazer nada: se a prefeitura investe, se tira uma favela ao lado do imóvel, ele ganha. 
Ou seja, tem gente que se apropria de uma renda extraordinária pela valorização imobiliária, enquanto isso 
aumenta o custo de vida na cidade e encarece os custos para o Poder Público também. O aumento do preço 
dos imóveis dificulta para as prefeituras construírem creches, escolas e fazerem obras viárias, porque a 
desapropriação fica muito mais cara. Esse boom imobiliário é profundamente pernicioso para a política 
pública urbana. 
 
Idec: Em sua opinião, estamos vivendo uma bolha imobiliária? 
EM: Não é uma bolha. A situação aqui é muito diferente da dos Estados Unidos, onde o capital financeiro 
pegou como refém o circuito imobiliário. Lá, os imóveis passaram a fazer parte de "papéis fictícios", 
descolando os preços do quanto eles realmente valiam. Então, quando iam ser cobrados, as pessoas não 
conseguiam pagar. No Brasil, o que está acontecendo é um boom, com a incorporação da classe média no 
mercado, principalmente dapopulação entre seis e dez salários mínimos. 
 
Idec: Essa elevação do valor dos imóveis contribui para a elitização de alguns bairros? Quais são as suas 
consequências? 
EM: Totalmente. As pessoas de classe média que estão procurando imóveis para alugar estão sendo expulsas 
dos bairros melhores; as favelas das regiões centrais estão sendo expulsas. 
 
Idec: O programa "Minha Casa, Minha Vida", lançado em 2009 pelo governo federal, tem conseguido 
cumprir o papel de ampliar o acesso à casa própria à população de baixa renda? 
34 
EM: Ele ampliou para a classe média. Para a baixa renda – a população abaixo de cinco salários mínimos, e 
principalmente a de zero a três [salários], em que se concentra o déficit habitacional – continua como 
sempre: ocupações irregulares, compra de lotes ilegais e autoconstrução da moradia. O governo tem 
colocado muito dinheiro de subsídio, mas não está resolvendo o problema de quem mais precisa porque o 
preço aumentou muito. 
 
Além disso, diante do crescimento do número de imóveis para a classe média, os mais pobres estão sendo 
jogados para áreas ainda mais periféricas das cidades. Há pesquisas recentes que mostram que o boom 
imobiliário está promovendo uma nova fronteira de ocupação irregular das áreas de proteção de mananciais. 
E quem está irregular não tem direitos; essa é a condição que a sociedade brasileira coloca aos mais pobres. 
 
Idec: O Estatuto da Cidade, lei federal de 2001, incorporou a criação de Zonas Especiais de Interesse Social 
(zeis), áreas demarcadas para habitação popular. Esse recurso tem sido bem utilizado pelos municípios? 
EM: As zeis são uma boa medida quando aplicadas. A sua ideia é assegurar moradia social em áreas bem 
localizadas. Elas não resolvem o problema, mas ajudam. Porém, dá para contar nos dedos quantas foram 
aplicadas com o espírito de combater a desigualdade urbana e a periferização. Para pegar um exemplo 
concreto, o plano diretor de São Paulo de 2002 previa diversas áreas para zeis, em lugares bons da cidade. 
Contudo, essa previsão foi burlada com um decreto do ex-prefeito Gilberto Kassab, que considerou o teto de 
16 salários mínimos para algumas dessas áreas. Esse valor, para um país como Brasil, mesmo em uma 
cidade como São Paulo, pega a minoria da minoria, não tem nada de baixa renda. 
 
Idec: Uma das propostas do Plano Diretor da capital paulista é a criação da chamada "cota de solidariedade", 
que prevê que empreendimentos de grande porte doem terrenos para a implantação de habitação de interesse 
social. Qual é a sua opinião sobre a medida? 
EM: A cota de solidariedade é importante. Também não resolveria o problema, mas o minimizaria. O difícil 
é que ela seja aplicada, pois a especulação imobiliária no Brasil é muito violenta e domina totalmente as 
câmaras municipais. Os donos dos empreendimentos não querem habitação social no mesmo terreno porque 
o desvaloriza: o preço do imóvel fica mais baixo porque todo mundo vai falar que terá um "conjuntinho" de 
baixa renda ao lado. 
 
Idec: Outra proposta do Plano Diretor de São Paulo é limitar o número de vagas de garagem em prédios 
residenciais e comerciais. É uma boa ideia para desestimular o uso do carro? 
EM: Na verdade, o principal objetivo é barrar a ocupação de moradias feitas para uma faixa de renda por 
outra faixa. A aposta é que ter apenas uma vaga de garagem ou só um banheiro no imóvel afasta o interesse 
das classes mais altas e de quem quer especular. Acho que [a medida] pode ter alguma eficácia. A ideia é 
desestimular o uso de carro também, colocando essas moradias próximas aos corredores de ônibus. 
 
Idec: Todos os dias, os paulistanos gastam, em média, duas horas e 42 minutos para se locomover na cidade. 
35 
Essa média é elevada pelos usuários de transporte público que moram em áreas afastadas da cidade. É 
possível resolver o problema da mobilidade urbana sem aproximar as moradias das ofertas de emprego? 
EM: É possível, mas é caro. Para ter uma rede que alcance toda a extensão da região metropolitana com 
qualidade, o custo é estratosférico. Nos Estados Unidos, isso foi feito: o modelo vigente nos últimos 60 anos 
foi o de extensão por meio dos subúrbios. As cidades são estendidas horizontalmente, com gigantescas vias, 
etodo mundo tem automóvel. Contudo, hoje é unanimidade entre os urbanistas do mundo todo que esse 
modelo é insustentável do ponto de vista ambiental. Nos EUA, para comprar um pão é preciso pegar o carro. 
 
O modelo abstrato que os urbanistas apoiam atualmente é o da "cidade compacta", que é aquela em que tudo 
está próximo: as pessoas moram relativamente próximo ao trabalho, ao estudo, à unidade de saúde, à padaria 
etc., enquanto as bordas da cidade são liberadas para áreas verdes, de lazer e de agricultura. Aqui [no 
Brasil], nós temos o que é pior da cidade compacta – ilhas de calor, congestionamento etc. – e o pior da 
cidade estendida, que é uma periferia sem infraestrutura. 
 
Idec: Nos últimos anos, temos visto seguidas tragédias causadas por enchentes e desabamentos em várias 
cidades do país. Em geral, culpa-se a "falta de planejamento urbano" e as moradias irregulares pelo 
problema. São eles os culpados? 
EM: A mídia brasileira, de um modo geral, é cínica. Sempre se diz que é "falta de planejamento". Mas não é 
por falta de planos. Todas as cidades brasileiras com mais de 20 mil habitantes têm Plano Diretor, e todos os 
planos falam em combater a desigualdade urbana. Não é por falta de lei ou de planejamento que as nossas 
cidades são como são. É pela desigualdade social, é pelo patrimonialismo, é pela especulação imobiliária 
ligada a financiamento de campanha [eleitoral]. Não é preciso fazer mais planos, mas sim aplicar os que já 
existem. 
 
Sentença de MG reconhece usucapião de bem público 
 
Judiciário decide por usucapião sobre bem público em Antônio Dias 
 
Em uma decisão inédita na região e pouco comum no país (processo nº 194.10.011238-3), o juiz titular da 
Vara da Fazenda Pública de Coronel Fabriciano, Marcelo Pereira da Silva, indeferiu o pedido do 
Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), que solicitava a desocupação de uma 
área pública estadual de 36 mil metros quadrados, no Km 280 da BR-381, próximo ao trevo de Antônio 
Dias, onde residem cerca de dez famílias, formadas, em sua maioria, por servidores e ex-servidores do 
próprio DER-MG, instalados no local desde a construção da rodovia, há cerca de 30 anos. 
De acordo com o parágrafo 3º do artigo 183 e o parágrafo único do artigo 191, ambos da Constituição 
Federal, além do artigo 102 do Código Civil, imóveis públicos não podem ser adquiridos por usucapião 
(quando uma propriedade é adquirida pela posse ininterrupta e prolongada, verificando-se continuidade e 
tranquilidade). Além de conceder ganho de causa em 1ª Instância aos moradores, o magistrado declarou o 
36 
domínio das famílias sobre a área ocupada. “Nossa defesa foi fundamentada no sentido de que a absoluta 
impossibilidade de usucapião sobre bens públicos é equivocada, justamente por ofender o princípio 
constitucional da função social da posse”, justificou o advogado dos moradores da propriedade, Leonardo 
Bezigiter Sena. 
Ao todo, cerca de 120 pessoas residem na área pública do Estado, localizada no município de Antônio Dias. 
O Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais tem até o dia 15 de outubro para recorrer ao 
Tribunal de Justiça do Estado, em Belo Horizonte. 
Pedido alternativo 
Antes da sentença, Leonardo Bezigiter Sena revelou ter solicitado a realização de uma perícia no local, para 
que houvesse a avaliação dos bens das famílias que residem na área próxima ao trevo de Antônio Dias. 
“Tratou-se de um pedido alternativo que fizemos. 
Caso a Justiça não autorizasse a aquisição da propriedade pelo instituto da usucapião, nossa solicitação seria 
de que o DER-MG indenizasse os moradores, em razão de suas benfeitorias na propriedade em questão, 
executadas durante cerca de três décadas de posse mansa e pacífica”, explicou o advogado, ao informar que 
os bens das famílias que residem na área estadual foram avaliados em aproximadamente R$ 430 mil. 
Parecer do MP 
Por meio de parecer do promotor de Justiça, Aníbal Tamaoki, curador do Patrimônio Público da Comarca de 
Coronel Fabriciano (onde está inserido o município de Antônio Dias), o Ministério Público também opinou 
pela improcedência do pedido do DER-MG, sendo favorável à declaração do domínio da área ocupada por 
parte de seus moradores. 
“Não se pode permitir num país como o Brasil, em que, infelizmente, milhões de pessoas ainda vivem à 
margem da sociedade, que o Estado, por desídia ou omissão, possa manter-se proprietário de bens 
desafetados e sem qualquer perspectiva de utilização para o interesse público, se desobrigando ao 
cumprimento da função social da propriedade”, afirma o parecer emitido pelo MP. 
 
AULA 8 AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL 
 
Descoberta não é modalidade de aquisição de propriedade! 
 
Formas de aquisição da propriedade móvel 
Formas originárias: 
 Usucapião; 
 Ocupação. 
 Tesouro 
 
 
 
 
Formas derivadas: 
 Tradição; 
 Especificação; 
37 
 Confusão; 
 Comissão; 
 Adjunção; 
 Sucessão hereditária. 
 
Usucapião 
 
Ordinária Extraordinária 
Art. 1.260 CC Art. 1.261 CC 
• Animus domini; • Animus domini; 
• Posse contínua; • Posse contínua; 
• Posse incontestada; • Posse incontestada; 
• Justo título e boa-fé; • Prazo de 5 anos. 
• Prazo de 3 anos. 
 
Ocupação 
É a apropriação de coisa sem dono (res nullius). 
Não é negócio jurídico, mas ato jurídico. 
A coisa perdida não pode ser ocupada até que antigo dono deixe de procurá-la. 
 
Tesouro 
“Depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória” 
O tesouro deve ser dividido entre aquele que o achou e o dono do prédio (ou enfiteuta) em que foi achado. 
Se o tesouro foi achado em busca ordenada pelo dono do prédio ou por terceiro não autorizado, pertencerá 
integralmente ao dono do prédio. 
Tesouro x Achado x Ocupação 
Tradição 
Tradição: mera transferência, sem registro. 
Tradição solene: transferência com registro. 
Quase tradição: transferência de direitos reais diferentes da propriedade. 
Tipos de tradição: 
Real → entrega material da coisa 
Simbólica → entrega de algo representativo da coisa 
Ficta → constituto possessório; brevi manu. 
 
38 
Especificação 
Especificação é a criação de algo novo a partir de uma matéria prima. 
Para haver especificação não pode haver possibilidade de restituição da matéria prima à forma originária. 
O CC prevê soluções nos casos de especificação realizada com matéria prima alheia, no todo ou em parte. 
A coisa originada é do especificador quando: 
✓ Se a matéria prima for em parte alheia; 
✓ Se a matéria prima for totalmente alheia e o especificador estiver de boa fé; 
✓ Em qualquer caso se o valor da espécie nova exceder consideravelmente o da matéria prima. 
A coisa originada é do proprietário da matéria prima: 
✓ Em caso de má fé do especificador. 
Os prejudicados serão indenizados! 
 
Confusão, Comissão e Adjunção 
 Confusão é a união de coisas líquidas diversas ou de coisa líquida à sólida que se desfaz na reação. 
 Comissão é a mistura de coisas sólidas. 
 Adjunção é a união de coisas sólidas. 
O tratamento do CC é igual, mesmo sendo fenômenos distintos. 
 Se for possível a separação: cada coisa continua de seu dono. 
 Sendo impossível ou inviável: o todo se torna indiviso, cabendo a cada um, quinhão proporcional ao 
valor da coisa que se misturou. 
 Se na mistura uma das coisas se considera principal: ao seu dono será dada a propriedade das demais, 
que deverão ser indenizados. 
 Se a mistura operou-se de má fé: ao prejudicado cada escolher entre a propriedade do todo (mediante 
pagamento do que não for seu) e a renúncia de sua parte mediante indenização. 
 
AULA 9AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL 
 
Conceito: a aquisição da propriedade consiste na personalização do direito num titular. 
Titulus adquirendi: fato jurídico originado pela natureza ou manifestação da vontade que constitui o 
elemento material da aquisição. 
Modus adquirendi: a aquisição imobiliária se dá pelatranscrição do título em cartório do registro público. É 
o elemento formal da aquisição (não exigido nos casos de acessão). 
39 
Titulus adquirendi Causa natural Vontade humana 
Causa mortis - Herdeiro x 
 
Causa mortis - Legatário x x 
Acessão natural x 
 
Acessão artificial 
 
x 
Usucapião x x 
Negócios 
 
x 
 
Modalidades de Aquisição 
Originária: o histórico da propriedade inicia-se com o adquirente. Não há vício nem há incidência de 
imposto de transmissão. 
Ex.: acessão natural. 
Divergência doutrinária: usucapião e desapropriação judicial. 
Derivada: o adquirente assume o domínio no lugar do transmitente. Limitações e vícios subsistem. 
Ex.: compra e venda, sucessão, doação etc. 
 
Outras Classificações 
✓ Inter vivos e causa mortis; 
(Obs.: a aquisição causa mortis é estudada no direito das sucessões.) 
✓ A título singular e a título universal; 
(Na primeira adquire-se um bem ou conjunto individualizado, na segunda adquire-se a integralidade de 
um patrimônio.) 
✓ A título gratuito e a título oneroso. 
(Na primeira inexiste contraprestação e a parte onerada só responde pelo inadimplemento por dolo. Na 
segunda, em caso de inadimplemento cada parte responde por culpa, salvo lei em contrário.) 
 
Aquisição pelo Registro do Título 
Matrícula: é um número de identificação de cada unidade imobiliária. É anterior ao registro e se mantém 
40 
inalterada, podendo, no entanto, haver fusão ou extinção. Também chamamos de matrícula o próprio 
documento que contém o número de matrícula, registro e averbações. 
Registro: é a descrição de todas as situações referentes ao imóvel que vem depois da matrícula. Traduz 
as situações jurídicas relacionadas ao imóvel. Só se pode registrar o que for previsto em lei. 
Averbação: menciona uma informação referente a apresentação de outro documento. É feita à margem 
do registro. Pode-se realizar averbação de qualquer ato/fato não vedado por lei. 
Livros no registro de imóveis: 
✓ Livro 1 – Protocolo: servirá para apontamento dos títulos levados a registro. 
✓ Livro 2 – Registro Geral: destinado à matrícula dos imóveis e ao registro ou averbação dos atos 
relacionados no art. 167 e não atribuído ao Livro Auxiliar. 
✓ Livro 3 – Registro Auxiliar: servirá para registro de atos específicos, como de emissão de 
debêntures, cédulas de crédito rural e industrial, de convenções de condomínio, de penhor de 
máquinas e aparelhos industriais, convenções antenupciais, sem prejuízo do ato praticado no livro 2. 
✓ Livro 4 – Indicador Real: é o repositório de todos os imóveis que constarem também dos livros, de 
maneira a facilitar as consultas. 
✓ Livro 5 – Indicador Pessoal: é o repositório de todos os nomes de pessoas que figurarem nos demais 
livros. 
 
Aquisição pela Acessão 
Conceito: 
É o modo originário de se adquirir em virtude do qual fica pertencendo ao proprietário tudo quanto se 
une ou se incorpora ao seu bem. 
Tipos: acessões naturais (decorrente da ação da natureza, como abandono de álveo, aluvião, avulsão ou 
formação de ilhas) e artificiais (decorrente da ação humana, como construções ou plantações). 
 
Álveo abandonado 
O álveo é o leito de rio. O abandono de álveo ocorre quando o rio muda de curso, passando à 
propriedade dos ribeirinhos, sem que estes devam indenização aos proprietários anteriores. 
Se a mudança no curso das águas se dá devido a obras públicas, os prejudicados serão indenizados e o 
álveo passará a ser de propriedade do Poder Público 
 
Aluvião e avulsão 
O aluvião se configura pela formação de depósitos e aterros que, lentamente trazidos pelas águas dos 
41 
rios, acrescem o volume das propriedades ribeirinhas. Não há indenização. 
A avulsão se verifica pelo processo inverso do aluvião, ou seja, é o deslocamento de porção de terra de 
uma propriedade a outra. A avulsão somente se processa se a coisa deslocada possuir capacidade de 
aderência. Pode haver indenização para o prejudicado no prazo prescricional de um ano. 
Formação de ilhas 
Só é forma de aquisição em rios particulares (não navegáveis, normalmente). 
 
 
Acessões Artificiais 
Construção em terreno próprio com material alheio 
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais 
alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e 
danos, se agiu de má-fé. 
Dono do Material – João Dono do terreno - Pedro 
 
 
 
Se Pedro estiver de boa fé Fica com o material de João e indeniza só 
o material 
42 
Se Pedro estiver de má fé Fica com o material de João e indeniza o 
material + perdas e danos 
 
ATENÇÃO: não importa, neste caso, o valor das contruções e do terreno. 
Construção com material próprio em terreno alheio 
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as 
sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. 
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, 
de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada 
judicialmente, se não houver acordo. 
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, 
devendo ressarcir o valor das acessões. 
1ª situação: o valor do material é menor que o do terreno 
Dono do Material – João Dono do terreno - Pedro 
 
 
Se João estiver de boa fé Perde o material para Pedro que o indeniza 
Se João estiver de má fé Perde o material para Pedro que não o 
indeniza (fica subentendido) 
Se João e Pedro estiverem de má fé Perde o material para Pedro que o indeniza 
 
Se João estiver de boa fé e Pedro de má fé? Não há previsão expressa no CC, mas o lógico é que João 
continuaria perdendo o material para Pedro que o indenizaria. Esta resposta é subentendida no caput do art. 
1255, pois não há indicação nele que o proprietário do terreno precisa estar de boa fé 
2ª Situação: o valor do material é maior que o terreno 
Dono do Material – João Dono do terreno - Pedro 
43 
 
 
 
Nessa situação, João (de boa fé) adiquirirá a propriedade do terreno e indenizará Pedro (de boa ou de má 
fé) 
Se ambos estiverem de má fé, Pedro deve ficar com as construções, mesmo de valor superior ao seu terreno, 
e indenizar João. 
Quando o dono do material de valor mais elevado que o terreno está de má fé? Não há previsão expressa no 
CC, no entanto fica subentendido que o João também perderia as contruções para Pedro, sem ter direito à 
indenização. 
Construção com material alheio em terreno alheio 
 
Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou 
materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio. 
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a 
indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor. 
 
Neste caso, a solução é a mesma do art.1256, mas a indenização será paga pelo construtor ou pelo 
proprietário do solo na sua impossibilidade. 
 
Construção em terreno próprio que invade 5% ou menos do terreno alheio 
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não 
superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o 
valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da 
área perdida e a desvalorização da área remanescente. 
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé 
adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da 
construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave 
prejuízo para a construção.

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