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Doutrina da Inteligência I - Aula 4 - Conceitos, princípios e noções fundamentais


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Doutrina da Inteligência I
Aula 4: Conceitos, princípios e noções fundamentais 
Conceitos Básicos 
Dado: É qualquer fato ou situação, comunicação, notícia, extrato de documentos, denúncia, no sentido leigo, não processado pelo Órgão de Inteligência. 
Conhecimento: É o resultado do processamento completo das informações obtidas pela Atividade de Inteligência. 
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Assunto sigiloso: É aquele cujo conhecimento irrestrito ou divulgação possa acarretar qualquer risco à segurança da sociedade e do Estado. 
Grau de sigilo: Gradação atribuída a dados, informações, área ou instalação considerados em decorrência de sua natureza e conteúdo.
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Classificação: Atribuição, pela autoridade competente, de grau de sigilo a um material, documento ou área que contenha ou utilize assunto sigiloso. 
Credencial de segurança: Certificado, concedido por autoridade competente, que habilita uma pessoa a ter acesso a assunto sigiloso. 
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Comprometimento: Perda de segurança resultante do acesso não autorizado.
Custódia: Responsabilidade pela segurança de assunto sigiloso, decorrente da posse de material ou documento sigiloso. 
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Material sigiloso: Toda matéria, substância ou artefato que, por sua natureza, deva ser do conhecimento restrito, por conter e/ou utilizar assunto sigiloso. 
Documento sigiloso: Documento impresso, datilografado, gravado, desenhado, manuscrito, fotografado ou reproduzido que contenha assunto sigiloso
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Coleta de dados: É a ação que permite a obtenção de dados e/ou conhecimentos por vias convencionais e ostensivas, ou seja, sem necessidade de utilização de técnicas operacionais e de pessoal especializado. São obtidas, geralmente, através das fontes abertas (internet, rádio, TV etc.). 
Busca de dados: É a ação de procura de dados de obtenção difícil, dados que são negados, necessitando para isso do emprego de técnicas operacionais e acionamento do elemento de operações. 
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Autenticidade: Asseveração de que o dado ou a informação são verdadeiros e fidedignos tanto na origem quanto no destino. 
Integridade: Incolumidade de dados ou informações na origem, no trânsito ou no destino. 
Legitimidade: Asseveração de que o emissor e o receptor de dados ou informações são legítimos e fidedignos tanto na origem quanto no destino. 
Doutrina: A Doutrina de Inteligência consiste em um conjunto de normas, valores, princípios e pressupostos éticos que regem as Atividades de Inteligência; principalmente no que se refere ao comportamento de seus integrantes.
Necessidade de conhecer: Condição pessoal, inerente ao efetivo exercício de cargo, função, emprego ou atividade, indispensável para que uma pessoa possuidora de credencial de segurança tenha acesso a dados ou informações sigilosas. 
Compartimentação: É a divisão das atividades do Órgão de Inteligência por assuntos, em que cada setor conhece apenas e tão somente aquilo que estiver afeto à sua necessidade de conhecer. Guarda relação direta com o princípio da segurança. 
Visita: Pessoa cuja entrada foi admitida, em caráter excepcional, em área sigilosa. 
Investigação para credenciamento: Averiguação sobre a existência dos requisitos indispensáveis para concessão de credencial de segurança. 
Pirâmide de Produção de Conhecimento
Dados: Recebimento de “dados” (informações) nas quais ainda estão “cruas”, sem certeza de tias “dados” são verídicos.
Informação: A partir do momento do raciocínio do de tal “dado” recebido, transforma-se esse “dado” em informação, pois a partir dos dados recebido parte-se a s buscas de informações para comprovar a veracidade dos informes (dados) recebidos.
Conhecimento: Após a confirmação da veracidade dos dados fornecidos, e também da juntada de mais conhecimentos que complementam tais informações recebidas, se obtém o “conhecimento”, no qual poderá ser utilizado na criação de uma alguma “operação”. Já que já foram obtidas as informações necessárias para agir. 
Sabedoria: Alguns ciclos de conhecimento podem apontar como “A inteligência estratégica”, que tem por finalidade a decisão de ação ou não ação, se tal momento é apropriado para realizar tal operação e etc. 
Coleta de dados X Busca de dados 
Coleta dados: É a ação que permite a obtenção de dados e/ou conhecimentos por vias convencionais e ostensivas, ou seja, sem necessidade de utilização de técnicas operacionais e de pessoal especializado. São obtidas, geralmente, através das fontes abertas (internet, rádio, TV etc.).
Busca de dados: É a ação de procura de dados de obtenção difícil, dados que são negados, necessitando para isso do emprego de técnicas operacionais e acionamento do elemento de operações. 
Princípios
Os que escrevem sobre o tema costumam elencar diferentes princípios orientadores da atividade de Inteligência. Separamos aqui, aqueles que, com variações insignificantes, costumam ser descritos por cada um dos autores sobre o tema.
Objetividade: Apregoa que a Inteligência deve sempre ter uma finalidade ou um objetivo específico e bem delineado. O conhecimento produzido deverá sempre ser expresso através da maior precisão possível, com fidelidade, clareza e simplicidade. Não se deve fugir dos objetivos a serem alcançados.
Segurança: Pressupõe que todo o planejamento, a produção e a divulgação do conhecimento sejam permeados pelo sigilo. Visa-se limitar o acesso à Inteligência apenas às pessoas que a ela devem conhecer. Isto não significa que todo o produto da atividade de Inteligência será sigiloso, uma vez que, por vezes, a difusão do conhecimento produzido mostra-se necessária.
Outro aspecto deste princípio está relacionado à proteção física, lógica e pessoal das instalações, sistemas, acessos etc. Por fim, a atividade de Inteligência deve ser desenvolvida em um quadro de segurança, ausência de perigo, que possibilite ao agente de Inteligência trabalhar de forma eficiente e eficaz.
O princípio da segurança é importantíssimo, neste aspecto, devendo nortear a criação de protocolos, processos e sistematização do constante treinamento e aprendizado, visando minimizar a possibilidade de falhas.
Oportunidade: Pressupõe que o conhecimento deva ser produzido em prazo que o permita ser útil e oportuno, atingindo o fim para o qual foi produzido. O valor de uma informação tem um prazo para ser aproveitado, após o qual, mesmo sendo de credibilidade máxima, não é mais útil. Assim, o desrespeito a este princípio poderá acarretar a inutilização do conhecimento produzido. Os dados e as informações devem ser entregues ao tomador de decisão, de modo que se permita a ele a adoção de medidas oportunas para atingir seus objetivos.
Controle: Prevê a utilização de rígidas normas com o fim de detectar e evitar, minimizar e/ou corrigir os desvios (erros por vazamentos de informações, documentos, conhecimentos, e desvios de conduta). Também impõe um rígido processo de recrutamento de pessoal. Direção honesta e capaz, estrutura organizacional adequada, fluxograma de documentos, recrutamento administrativo cuidadoso, são medidas aptas a implementar o citado princípio.
Imparcialidade: Significa a adoção de medidas aptas a evitar o surgimento de fatores que possam causar distorções nos resultados dos trabalhos. O princípio da imparcialidade determina que as ações, na Atividade de Inteligência, sejam desencadeadas de forma isenta de ideias preconcebidas, subjetivas, distorcidas ou tendenciosas. Os objetivos devem ser alcançados sem que haja interferências pessoais.
Simplicidade: Pressupõe a produção de conhecimentos claros e concisos apresentados através de documentos simples. A linguagem utilizada não deve ser rebuscada, prolixa ou erudita, porquanto o conhecimento produzido deva ser de fácil, imediata e completa compreensão
por parte do destinatário. Está associado ao princípio da clareza. Deve-se evitar a adjetivação em excesso. O tomador de decisão muitas vezes tem pouquíssimo tempo para decidir, de maneira que as informações devem ser de rápida e fácil compreensão.
Clareza: Muitas vezes, confunde-se com o princípio da simplicidade, no entanto, refere-se mais ao conteúdo textual do documento, do que a forma de apresentação. Implica assim na necessidade de se manter o texto conciso, claro, sem rebuscamento, com sentenças curtas e objetivas.
Amplitude: O conhecimento deverá ser produzido de forma mais completa, levando em consideração tudo relacionado ao fato ou à situação, devendo submeter-se, no entanto, à objetividade.
Legalidade: A Atividade de Inteligência deve ser exercida dentro dos ditames legais. No Estado democrático de direito, as instituições públicas e privadas devem obediência à Constituição e aos Tratados Internacionais dos quais o Brasil seja signatário.
Compartimentação: Este princípio determina a restrição do acesso ao conhecimento produzido somente àqueles que tenham a necessidade de conhecê-lo, ou seja, dentro da agência, por exemplo, em regra, não há necessidade que um analista de uma carteira tenha acesso ao conhecimento produzido pelos analistas de outra carteira.
Sigilo: Diz respeito à adoção de medidas que visem à proteção do conhecimento produzido, bem como dos meios empregados para a obtenção do conhecimento. Ex.: Artigo 325 do CP. Artigo 40, IX do DL 220/75.
Noções Fundamentais
O conhecimento é o resultado, a transformação do dado. Tem início com a representação de um fato ou de uma situação que não decorra da produção intelectual do profissional de Inteligência, mas que seja de interesse deste. É isso que se considera como dado na linguagem de inteligência.
O dado é a matéria-prima bruta, sem trabalho de análise. É toda e qualquer representação de fato, situação, comunicação, notícia, documento, extrato de documento, fotografia, gravação, relato, denúncia etc., ainda não submetido, pelo profissional de Inteligência, à metodologia de Produção de Conhecimento.
Atenção: A verdade é a perfeita concordância do conteúdo do pensamento com o objeto. Porém, a relação da mente com o objeto nem sempre se efetiva de forma perfeita, pois, algumas vezes, a mente encontra obstáculos que a impedem de formar uma imagem totalmente fiel ao objeto. Desta forma, todos os profissionais que a exercem devem acautelar-se contra a mera ilusão da verdade, ou seja, contra o erro.
A mente, então, pode se encontrar em vários estados mentais ao se deparar com a verdade. Estes estados mentais são:
· Ignorância: é o estado mental caracterizado pela ausência de qualquer imagem de determinado objeto;
· Dúvida: é o estado de equilíbrio do espírito entre duas asserções contraditórias. É o estado mental de equilíbrio, em que se encontram razões para aceitar e razões para negar que a imagem, por ela mesma formada, está em conformidade com determinado objeto;
· Opinião: é o estado de espírito que afirma, com algum temor de se enganar. É o estado em que a mente aceita, ressalvando enganar-se, a imagem que ela mesma formou. Não se deve confundir opinião com suspeita, tampouco com preconceito;
· Certeza: é a aceitação total, pela mente, da imagem que ela formou, como sendo aquela correspondente a determinado objeto. Resulta da razão e da experiência.
Erro é uma desconformidade do juízo com o que é de verdade. É a ilusão da verdade, a negação da verdade. É causado pela falta de perspicácia, falta de atenção e concentração, falta de memória, vaidade, preguiça, impaciência. Para que se evite o erro deve-se desenvolver a inteligência, evitar devaneios, caprichos, associações de imagens, estudar as regras de lógicas etc.
Faz-se ainda necessário observar que diante da verdade, percorremos processos ou operações intelectuais visando adquirir toda a percepção de um contexto. Os processos que percorremos são:
· Ideia: é a simples concepção da imagem do objeto;
· Juízo: é o processo intelectual através do qual a mente estabelece uma relação entre ideias;
· Raciocínio: é o processo intelectual percorrido pela mente, a partir mais de um juízo conhecido, em que se alcança outro juízo que deles decorre logicamente.
Por fim, temos os tipos de conhecimento de inteligência que serão produzidos com a utilização dos processos mentais a partir dos estados mentais. São eles:
1. Informe: É o conhecimento resultante de juízo(s) formulado(s) pelo profissional de Inteligência e que expressa a sua certeza ou opinião sobre fato ou situação passados e/ou presentes.
Então vejamos, na definição, o conhecimento carrega as seguintes características iniciais do informe:
• É uma representação oral ou escrita;
• Tem por objetivo fatos ou situações necessariamente de interesse da Atividade de Inteligência;
• É produzido pelo profissional de Inteligência.
Além disso, ser resultante de juízo significa que o informe é a narração de um fato ou uma situação, passados ou presentes, resultante exclusivamente do juízo formulado por um profissional de Inteligência, o qual, no ato da elaboração, não ultrapassa os limites deste juízo, por não ter configurada uma base mínima sobre a qual possa desenvolver um raciocínio.
Ser formulado por profissional de Inteligência destaca que é necessário ao Informe, o atributo capacidade de julgamento e de análise e síntese, em níveis compatíveis com a complexidade desse tipo de conhecimento. A produção do Informe exige, também, por parte do profissional, o domínio de metodologia específica, em especial da técnica de avaliação de dados.
Expressa a sua certeza ou opinião, traduz a necessidade de se haver gradação no que diz respeito ao estado em que se situa a mente com relação à verdade. Assim, o Informe pode expressar certeza ou opinião, estados que são representados através do uso de linguagem apropriada.
Sobre um fato ou uma situação passados e/ou presentes, limita o tempo acerca do qual o Informe tratará. Apenas os fatos e as situações pretéritos e/ou presentes serão abarcados. Esta característica do Informe deixa claro que este documento não pode traduzir qualquer tipo de evolução futura.
2. Informação: É o conhecimento resultante de raciocínio(s) elaborado(s) pelo profissional de Inteligência e que expressa a sua certeza sobre fato ou situação passados e/ou presentes.
É o conhecimento resultante de raciocínio(s) elaborado(s) pelo profissional de Inteligência e que expressa a sua certeza sobre fato ou situação passados e/ou presentes.
É o conhecimento, ou seja, aqui de igual forma carrega as seguintes características iniciais do informe:
• É uma representação oral ou escrita;
• Tem por objetivo fatos ou situações necessariamente de interesse da Atividade de Inteligência;
• É produzido pelo profissional de Inteligência.
Resultante do raciocínio significa que a informação é consequente da operação mais acurada da mente, o raciocínio. Assim, é um conhecimento que extravasa os limites da simples narração dos fatos e contém uma interpretação.
Elaborado pelo profissional de Inteligência traz a ideia de que, entre os atributos exigidos para ele, destaca-se, como necessário à produção do conhecimento Informação, o raciocínio lógico e flexível, em níveis compatíveis com a complexidade desse tipo de conhecimento.
Isto expressa a sua certeza e significa que admite gradação naquilo que se refere à relação da mente com a verdade dos fatos. A informação expressa unicamente um estado de certeza.
3. É o conhecimento resultante de raciocínio elaborado pelo profissional de Inteligência e que expressa a sua opinião sobre fato ou situação passados e/ou presentes.
As definições que já fizemos anteriormente aqui se aplicam igual. Já discorremos sobre o significado das expressões que formam o conceito.
A Apreciação tem muita semelhança com a Informação. No entanto, a grande diferença reside no estado em que se posiciona a mente do agente de Inteligência no ato de produção do conhecimento. Enquanto na Apreciação, o estado é
de opinião, na Informação, conforme visto, o estado é o de certeza. O fato de estar o conhecimento baseado na opinião permite que o agente faça projeções sobre os fatos analisados, sem, entretanto, avançar a ponto de fazer previsões sobre eventos futuros.
4. Estimativa: É o conhecimento resultante de raciocínio elaborado por agente de Inteligência e que manifesta a sua opinião sobre a evolução de um fato.
A estimativa trata essencialmente do futuro, na medida em que a expressão do agente se refere ao que acredita que ocorrerá após a evolução daquele fato.
Veja a segui um esquema destes conceitos, visando facilitar a compreensão e o aprendizado.

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