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Concepções de Estado e Poder Político_ATUAL

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Concepções de Estado, Poder Político e organização política
1 - Conceitos básicos da linguagem política:
1.1-Política: Palavra de origem grega, pólis, cujo significado original é cidade. Num sentido amplo, política pode ser entendida como administração e negociação de conflitos de interesse decorrentes das próprias relações sociais. Num sentido estrito, podemos reconhecer duas dimensões: 1)- trata-se do processo mediante o qual se conquista, se conserva, se amplia ou se influencia o poder na esfera governamental (Estado); 2- Trata-se da administração dos interesses e recursos públicos. Na teoria, diz-se que a política visa o bem-comum, mas, na prática, costuma ser o reflexo de interesses egoístas daqueles (pessoas ou grupos) que detêm o poder ou que desejam conquistá-lo. Contudo, a política é indispensável à existência e funcionamento de uma sociedade não só porque ajuda a administrar os conflitos, mas também porque induz à cooperação através do convencimento ou da coerção.
1.2-Poder político: É a capacidade de tomar e por em prática decisões que afetam, de forma significativa, uma coletividade. Nas sociedades modernas, o poder político, em última análise, emana quase exclusivamente do Estado. No exercício do poder político, a tentativa de convencimento ou a intimidação antecedem o uso da violência física.
1.3-Estado: organização política suprema dotada de território, soberania e população. É basicamente composto por magistrados (governantes, juízes, ministros, legisladores) e funcionários públicos (civis e militares), cuja função é governar e administrar a sociedade por meio de leis, decretos, atos administrativos e políticas públicas. O objetivo máximo do estado é a manutenção da ordem social (status quo). O estado é ainda responsável por dar força de imposição ao Direito (conjunto das leis), pois é ele quem detém a prerrogativa de elaborar as leis e aplicar as penalidades previstas em lei.
1.4-Governo: equipe de pessoas que exercem os cargos mais altos da administração pública. Nas modernas democracias, os governos normalmente são substituídos a cada quatro ou cinco anos por meio de eleições livres, ao passo que nos regimes autoritários eles se mantêm por um prazo indefinido.
1.5- Burocracia: Conjunto dos procedimentos necessários para o processamento de uma demanda pelo Estado. Designa ainda o conjunto de todos os funcionários da administração pública, sendo que no Estado moderno a burocracia apresenta elevado grau de profissionalização e especialização.
1.6-Nação: Conjunto de pessoas ligadas entre si por laços permanentes de idioma, religião, história em comum, valores morais e costumes próprios e que possuem um sentimento de pertencer a um mesmo povo e território. É anterior à fundação do estado, podendo, inclusive, existir sem ele e sem território próprio, que, no entanto, serve de fundamento para a própria criação e permanência do Estado.
1.7-Cidadania: é o pleno usufruto dos direitos políticos (votar e ser votado, exercer cargo público, etc), civis (adquirir ou vender propriedade privada, liberdade de associação e firmação de contratos em geral, abrir um negócio, casar, obter assistência da justiça, etc) e sociais (acesso à moradia, saúde, educação, saneamento básico, trabalho e lazer) por parte de um indivíduo. Nos modernos estados democráticos esses direitos devem ser obrigatoriamente ofertados e garantidos a todos os cidadãos indistintamente. Cidadania é também a efetiva participação dos indivíduos nos rumos da política e das ações do governo, assim como no aprimoramento das instituições públicas, privadas e culturais. O primeiro passo para obtenção de cidadania é a aquisição da certidão de nascimento, pois através deste documento o indivíduo se torna oficialmente reconhecido como membro de uma sociedade nacional (nacionalidade).
1.8- Partido político: Organização que possui um programa de propostas de gestão do estado, da economia e da sociedade civil, normalmente tendo como base uma determinada ideologia ou doutrina política. Seu objetivo é ocupar espaços de poder político e administrativo, sobretudo, através de sua força eleitoral. Muitos autores consideram que, nas democracias de massa, os partidos são essenciais para pautar o debate político, orientando o eleitor em seu processo de escolha, além de recrutar e treinar pessoas para a atividade política.
1.9-Guerra: luta armada entre estados soberanos (internacional) ou entre grupos dentro de um mesmo país (civil), cada um buscando, por meio da força e da violência, impor seus interesses sobre os demais. As guerras resultam da incapacidade de os estados ou grupos resolverem seus conflitos de interesses por meio da negociação ou da diplomacia.
2-Características do Estado Moderno:
2.1- Território delimitado, isto é, com fronteiras definidas. Atualmente, pode ser marítimo (mar territorial), aéreo (espaço aéreo) ou terrestre;
2.2- Soberania: capacidade do estado de governar seu território e sua população sem sofrer interferências externas ou resistências internas. Na verdade, a soberania nunca é absoluta, pois não existe nenhum estado que não sofra, em alguma medida, interferências externas em seu processo decisório, seja de outros estados, ou de organismos multilaterais (ONU, FMI, etc). Assim, podemos falar em estados mais ou menos soberanos;
2.3- População/povo: população é o conjunto de todas as pessoas que, em dado momento, habitam ou circulam dentro do território onde o estado exerce a sua soberania, ainda que sejam estrangeiros. Povo diz respeito ao conjunto de todos os indivíduos que possuem a cidadania ou nacionalidade de um determinado país;
2.4- Língua oficial: idioma reconhecido pelo estado dentro de seu território, no qual todos os documentos do governo são confeccionados. Normalmente, é também a língua mais falada no país;
2.5- Moeda oficial: dinheiro reconhecido e confeccionado exclusivamente pelo estado. Atualmente, alguns países abriram mão de sua moeda própria para usar uma moeda comum a vários outros. Exemplo: os países que compõem a União Européia utilizam o euro.
2.6- Funcionalismo público: equipe de pessoas que exercem os mais diversos cargos da administração pública ou de prestação de serviços públicos. São admitidos por indicação política ou por concurso público. Podem ser civis (quando não recebem treinamento regular para a guerra) ou militares (quando recebem treinamento regular para a guerra, sendo responsáveis pela segurança e defesa do território, da população e da soberania);
2.7- Símbolos nacionais: são todos aqueles que nos conectam à idéia de nação e de pátria, isto é, que nos inspiram e nos lembram do sentimento de pertencer a um determinado povo ou pátria. Exemplos: hinos, bandeira, brasões, heróis, monumentos, etc).
3- Funções principais dos Estados modernos :
3.1- Manter a ordem social, isto é, evitar rebeliões, revoluções, badernas, crimes, violência generalizada, etc.
3.2- Elaborar e aplicar as leis;
3.3- Resolver os litígios (conflitos de interesses entre particulares ou entre estes e órgãos do Estado) por meio do sistema judiciário;
3.4- Promover a defesa de seu território e a proteção de sua população contra ameaças ou agressões externas ou internas;
3.5- Cuidar do bem-estar de sua população, bem como da preservação da fauna (conjunto das espécies animais), da flora (conjunto das espécies vegetais) e dos recursos hídricos (rios, lagos, etc) presentes em seu território;
3.6- Promover a infra-estrutura de vias públicas, portos e aeroportos e distribuição de energia elétrica, assim como o saneamento básico (redes de distribuição e tratamento de água, esgoto e resíduos);
3.7- Emitir e controlar a emissão de papel-moeda (dinheiro);
3.8- Fixar e cobrar impostos, já que todas as funções do estado são financiadas pelos impostos;
3.9- Estabelecer e manter relações diplomáticas com outros estados ou organismos multilaterais (Política Externa);
3.10- Declarar a guerra, a trégua ou a paz.
4- Poderes do Estado:
Definição: São as atribuições mais importantes e mais regulares dos governos, quais
sejam, governar, legislar e julgar os litígios. Assim, falamos em Poder Executivo (governar; administrar os assuntos públicos de acordo com as leis), Poder Legislativo (elaborar as leis) e Poder Judiciário (julgar os litígios conforme as leis).
Composição: Atualmente, cada um desses poderes é exercido dentro de uma determinada jurisdição territorial ou esfera de atuação delimitados, denominados esferas de governo, de modo a facilitar a administração pública, conforme exemplificado na figura abaixo:
Onde “A” representa a União (território nacional), “B” a Unidade da Federação (Estado da federação) e “C” o município.
 C
 B 
 A
É importante ressaltar que a União é o poder máximo dentro do território, sendo suas prerrogativas exclusivas: a decretação de guerra, trégua ou paz, além da emissão de papel-moeda e manter relações com outros países. Ela pode, inclusive, exercer seu poder e intervir em qualquer esfera, seja estadual ou municipal, caso entenda que isto seja necessário, como, por exemplo, em casos de calamidade pública ou atentado contra a segurança nacional. Além disso, dentro dos estados da federação ou dos municípios a união sempre possui áreas que somente ela pode controlar, tais com estradas federais, reservas ambientais ou zonas militares.
Vejamos a seguir a atuação e a composição de cada um desses poderes dentro de cada uma dessas esferas de governo:
Quadro 1
	Poder
	Nível Federal (União)
	Nível Estadual (Unidade da Federação)
	Nível Municipal
	Executivo
	Presidência da República, Ministérios, agências e órgãos executivos.
	Governo do Estado, Secretarias, agências e órgãos executivos.
	Prefeitura e secretarias.
	Legislativo
	Congresso Nacional (Câmara dos deputados federais + Senado).
	Assembléia Legislativa.
	Câmara dos vereadores.
	Judiciário 
	Tribunais superiores: Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ), entre outros.
	Tribunal de Justiça do Estado.
	Fórum local subordinado ao Tribunal de Justiça do Estado. 
No poder judiciário o município recebe o nome de comarca.
Vejamos agora como se chamam os cargos mais importantes de cada um dos poderes dentro de suas esferas de jurisdição:
Quadro 2
	Poder
	Nível Federal (União)
	Nível Estadual (Unidade da Federação)
	Nível Municipal
	Executivo
	Presidente da República, Ministros e Secretários executivos.
	Governador do Estado e Secretários
	Prefeito e Secretários
	Legislativo
	Deputados Federais e Senadores.
	Deputados Estaduais
	Vereadores
	Judiciário
	Ministros de tribunais superiores
	Desembargadores
	Juízes
5-Formas de Governo
Definição: são as diversas formas de distribuição e exercício do poder político. Quanto à distribuição pode ser concentrado ou desconcentrado. Quanto ao exercício pode ser autoritário ou democrático. Assim, as formas de governo nos dizem quem manda, quantos mandam e como se manda.
São três as formas puras ou clássicas de governo, de acordo com a tabela abaixo:
Quadro 3
	Forma de governo
	Quantos mandam?
	Quem manda?
	Como o poder político é exercido?
	Monarquia (do grego: governo de um só)
	Um
	Rei, imperador ou monarca
	De forma autoritária
	Aristocracia (do grego: governo dos melhores)
	Uma elite; a minoria.
	Nobreza ou aristocracia.
	De forma autoritária
	Democracia (do grego: governo do povo)
	Todos; a maioria.
	O povo 
	De forma consensual ou de acordo com a vontade da maioria.
No mundo atual, a aristocracia praticamente desapareceu enquanto forma de governo, mas foi muito utilizada na Antiguidade e na Idade Média. Já a democracia e a monarquia, surgidas na antiguidade, se aperfeiçoaram e se modernizaram, apresentando subdivisões, conforme as tabelas a seguir:
Quadro 4
	Monarquia
	Características
	Época
	Absoluta ou despótica
	Poder político totalmente concentrado nas mãos do rei ou monarca, de forma que todas as decisões importantes ou são tomadas por ele ou dependem do seu consentimento e delegação. 
	Antiguidade e início da idade moderna.
	Constitucional ou parlamentar
	O rei transforma-se numa figura decorativa, isto é, em símbolo nacional. O poder político de fato está concentrado no parlamento (poder legislativo) que governa respeitando a constituição (lei máxima do país). A monarquia constitucional, na prática, é idêntica a uma democracia.
	Idade Moderna e contemporânea.
Obs: O estado moderno caminhou da concentração para a desconcentração do poder político, de modo a se tornar menos autoritário e mais democrático, permitindo uma participação e um controle maior da sociedade civil na esfera governamental, bem como o arbítrio e o abuso das autoridades.
Quadro 5
	Democracia
	Características
	Época
	Direta
	Todos os cidadãos se reúnem em assembléia pública para tomar as decisões políticas.
	Antiguidade Clássica e início da Idade Moderna.
	Indireta ou representativa
	Os cidadãos elegem representantes para que estes tomem as decisões políticas.
	Idade Moderna e Contemporânea.
6-Sistemas de Governo
Definição: dizem respeito às fórmulas jurídicas de relacionamento entre os poderes executivo e legislativo de maneira a evitar conflitos que poderiam afetar a governabilidade. São eles o presidencialismo e o parlamentarismo. Embora as modernas constituições dos Estados afirmem que os poderes são separados e independentes uns dos outros, na prática, sempre existe uma predominância ou do executivo ou do legislativo sobre os demais, de tal maneira que se convertem no centro decisório do estado. São basicamente dois os sistemas de governo:
Presidencialismo- O poder está concentrado no Executivo, na figura do Presidente da República. Foi um sistema criado originalmente nos E.U.A., logo após a Independência, e copiado principalmente pelos países latino-americanos, entre eles o Brasil. 
Parlamentarismo- O poder está concentrado no Legislativo (Parlamento) que indica e controla o chefe do executivo (Primeiro-ministro). Surgiu na Inglaterra no final do século XVII. Estabelece uma diferenciação entre chefe de governo e chefe de estado. Enquanto este representa o país nas questões diplomáticas e exerce apenas um poder simbólico, o chefe de governo é quem de fato governa com a anuência do poder legislativo. Trata-se de um sistema adotado principalmente entre democracias europeias e asiáticas. 
 
7- Regimes de Governo
Existem basicamente dois regimes: a monarquia e a república. A principal diferença entre os dois tem a ver com o princípio da igualdade jurídica. Na monarquia existem certos privilégios e prerrogativas usufruídos pela nobreza e pela família real, de caráter hereditário e vitalício, tais como o direito ao governo e ao exercício de funções públicas e recebimento de rendas do Estado. São privilégios de nascimento e linhagem. Já na república não existem tais privilégios, pois todos são considerados iguais perante a lei e o exercício de cargos e funções públicas depende apenas do mérito (capacidade e competência) do candidato, normalmente aferido através de concurso público ou de sua experiência política, não importando sua origem social ou seu sobrenome. Quando o mérito do candidato é o principal requisito para ocupar funções e cargos públicos, nós falamos em sistema de mérito ou meritocracia. Vejamos os regimes de governo tal como se apresentam no mundo de hoje:
Quadro 6
	Regime de governo
	Características
	República presidencialista
	Na república o poder político não é hereditário, seja para os membros do legislativo, do executivo ou do judiciário. Hoje as repúblicas estão muito associadas à ideia de democracia, mas esta não é uma condição necessária, uma vez que podem existir repúblicas ditatoriais. A principal característica de uma república é a inexistência de uma classe com privilégios hereditários, ou seja, de uma aristocracia. Isto significa, em tese, que qualquer cidadão independente de sua classe ou origem social pode vir a ocupar qualquer posto na hierarquia do Estado. Portanto, a república está fundamentada no princípio da igualdade. Nas repúblicas
presidencialistas, o poder está mais concentrado nas mãos de um presidente, eleito pelo povo, que tem prerrogativas tais como indicação dos membros da corte máxima da justiça e veto aos projetos de lei aprovados pelo legislativo, além de decretação de medidas provisórias (projetos de lei encaminhados pela presidência para apreciação do Congresso Nacional, mas que se tornam leis de imediato enquanto o Congresso não se decide sobre o mesmo). Nesse modelo, o presidente é, ao mesmo tempo, o chefe de governo (aquele que governa de fato) e o chefe de estado (aquele que representa o país no exterior, em eventos diplomáticos, cerimoniais ou nos organismos multilaterais como a ONU). No presidencialismo, não é fácil depor o presidente, o que deve ser feito através de um processo chamado impeachment, conduzido pelo Congresso. Brasil e EUA são exemplos de repúblicas presidencialistas.
	República parlamentar 
	O poder está concentrado no legislativo, conhecido na Europa como parlamento. Os deputados eleitos pelo povo têm a prerrogativa de indicar o primeiro-ministro, isto é, o chefe de governo, representante máximo do poder executivo, sendo quem governa de fato. Este, por sua vez, indica os demais ministros auxiliares. O primeiro-ministro, porém, pode ser destituído a qualquer momento, caso os deputados entendam que ele não está desempenhando bem suas funções ou durante uma grave crise política. Já o chefe de estado é o presidente da república que pode ser eleito diretamente pelo povo ou por um colégio eleitoral (grupo de deputados eleitos pelo voto direto que se reúne exclusivamente para a escolha do Chefe de Estado). Na maioria das repúblicas parlamentaristas, o Presidente exerce apenas funções simbólicas e cerimoniais de acordo com a vontade do Parlamento. Alemanha e Itália são exemplos de repúblicas parlamentaristas. 
	Monarquia parlamentar
	Funciona da mesma forma que a república parlamentar com a única diferença de que o chefe de estado não é eleito, sendo, na verdade, um monarca cuja função é transmitida a um de seus descendentes, em geral, ao filho (homem) mais velho. A monarquia parlamentar pode ainda preservar a existência de uma aristocracia que, no entanto, acha-se desprovida de poder político efetivo, gozando apenas de prestígio social e algumas funções políticas restritas. Espanha e Inglaterra são exemplos de monarquias parlamentares.
Prof. Jean Bittencourt

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