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ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA NO BRASIL

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Sistema de Ensino a distância
HISTÓRIA – LICENCIATURA.
MIKELY KOBS
O processo de abolição da
escravatura no Brasil
Maravilha
2020
MIKELY KOBS 
O processo de abolição da
escravatura no Brasil
Trabalho apresentado ao Curso de História – Licenciatura, para as disciplinas de História do Brasil Imperial, História Contemporânea: Do Século XVIII ao XIX, História da África, Fundamentos Antropológicos e Sociológicos, Teorias da História.
Orientadores: Prof. Julho Zamariam, Prof. Erica Ramos Moimaz, Prof. Igor Guedes Ramos, Prof. Fabiane Tais Muzardo e Prof. Stefany Feniman.
Maravilha
2020
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	3
2 DESENVOLVIMENTO	4
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS	9
4 REFERÊNCIAS	10
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo compreender o processo de abolição da escravatura no Brasil. Refletindo, articulando e sistematizando conhecimentos teórico-metodológicos e empíricos necessários a prática do profissional em história.
Dessa forma, compreender o processo de construção de conceitos históricos, analisar as relações e tensões das ações dos sujeitos e as dinâmicas dos processos históricos, percebendo a historicidade das manifestações sociais e culturais. Entendendo também a temporalidade do objeto histórico para além da simples sucessão cronológica: suas continuidades, rupturas e ritmos diferentes.
9
2 DESENVOLVIMENTO 
O abolicionismo foi um movimento contra as estruturas de escravidão. Surgido na Europa, no final do Século XVIII, ganhou força durante a Revolução Francesa. No Brasil, o ideal surge com força na segunda metade do século XIX e colaborou com o fim da escravidão no país.
2.1 A ESCRAVIDÃO NO BRASIL
A escravidão no Brasil teve início no Século XVI, durante o Período Colonial, e consistiu no uso da mão-de-obra forçada de mulheres e homens africanos. Essas pessoas foram retiradas à força dos muitos grupos étnicos dos quais faziam parte no continente africano e trazidas ao Brasil nos chamados navios negreiros.
A escravidão foi uma prática que perdurou por longos anos, tornando-se uma estrutura que influenciou muito a formação do Brasil, em sua política, economia e sociedade.
O tráfico atlântico tornou-se uma atividade muito rentável para a Coroa Portuguesa, por conta dos impostos cobrados aos traficantes de escravizados. Sendo assim, o translado de pessoas negras africanas se tornou um dos mais lucrativos comércios naqueles tempos.
A escravidão foi um processo imensamente violento. A mão-de-obra negra africana era submetida a longas jornadas de trabalho, sem alimentação e condições de vida adequadas. Tudo o que produziam era tomado pelos senhores. Os escravos não eram remunerados por seu trabalho.
Além disso, eram aplicadas várias formas de castigo físico como punição ao mau comportamento ou à baixa produtividade, como os chibatadas no tronco, os açoites, o uso de correntes e de muitos outros atos que visavam humilhar e violentar essa população. As mulheres negras escravizadas foram vítimas de inúmeros atos de violência sexual.
2.2 O abolicionismo no Brasil
O movimento abolicionista no Brasil teve início em 1880 e agrupou pessoas de diferentes classes sociais que agiam de diversas maneiras na luta pela abolição da escravatura. Como, por exemplo, médicos, jornalistas, advogados, artistas, estudantes, etc. Assim como nas lutas contra a escravidão em todo mundo, as mulheres também tiveram um papel muito importante. Influenciado pelas lutas abolicionistas de outros países e pela ideia de liberdade moderna iluminista, esse grupo passou a lutar pelo fim total da escravidão no país.
O movimento abolicionista cresceu de maneira notável a partir da década de 1870, e nesse período uma série de associações abolicionistas surgiu em diferentes partes do país. A ação desses grupos era diversa, e o crescimento do debate abolicionista alcançou a política, apesar da grande resistência existente contra a abolição.
As associações abolicionistas debatiam estratégias para promover a sua causa e atuavam publicamente para atrair pessoas em apoio a ela. Entre as personalidades de destaque que atuaram pelo fim da escravidão no Brasil estão: André Rebouças, Luís Gama, José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Castro Alves, entre outras.
O crescimento da causa abolicionista, fez a criação de associações desse cunho disparar entre 1878 e 1885, e assim surgiram 227 sociedades abolicionistas. Esses grupos pró-abolição organizavam conferências, comícios na rua, distribuíam panfletos, publicavam artigos em jornais, e também ajudavam na resistência organizando rotas de fugas para escravos, abrigando-os, incentivando-os a fugirem etc.
Existiu uma consistente ação dos abolicionistas no meio jurídico, e foi comum nesse período a atuação de advogados na defesa de escravos que buscavam melhores condições de trabalho, defendiam os que não estavam devidamente matriculados no registro de escravos etc.
No jornalismo, a atuação contra a escravidão e a distribuição de folhetos eram constantes, além de vários jornais abrirem espaço para a publicação de artigos em defesa da abolição. Dentre as publicações que atuavam nessa defesa, podem ser destacados A Abolição, Oitenta e Nove, A Liberdade, O Amigo do Escravo, A Gazeta da Tarde etc.
Na década de 1880, a atuação do movimento abolicionista dava-se por duas vias: a legal e a ilegal. No caso da atuação legal, voltamos a mencionar aqueles exemplos: defesa de escravos nos tribunais, publicação de artigos, realização de conferências, distribuição de panfletos etc. Já as ações ilegais são aquelas enxergadas como criminosas do ponto de vista da lei da época e incluíam ações de desobediência civil. Os abolicionistas incentivavam a fuga de escravos e davam abrigo para os que haviam fugido. 
Existia também o “sequestro” de escravos que estavam em transporte ou que seriam embarcados para algum lugar do Brasil. Nessa ação, os envolvidos “sequestravam” os escravos para, em seguida, libertá-los. Existiram grupos abolicionistas que também defenderam o levante armado para forçar o fim dessa atividade desumana.
A associação abolicionista de maior destaque da história brasileira foi a Confederação Abolicionista. Esse grupo foi criado por José do Patrocínio e André Rebouças, em 1883, e defendia uma abolição irrestrita e imediata, sem indenização para os senhores de escravos. A Confederação Abolicionista atuou na coordenação da campanha abolicionista a nível nacional.
2.3 Resistência dos escravos
O movimento abolicionista não se fez apenas pela ação das pessoas livres, mas contou com a atuação fundamental dos escravos que resistiam à escravidão de diversas maneiras. Esses, muitas vezes, eram incentivados a fugir, mas, na maioria dos casos, as fugas aconteciam porque os escravos percebiam o crescimento do movimento e sentiam-se encorajados para tanto.
As fugas coletivas e constantes tinham como objetivo pressionar os donos de escravos, e, em outros casos, os escravos rebelavam-se contra seu senhor, o que resultava na morte desse e de sua família. Essa resistência procurava enfraquecer a escravidão para que seu fim fosse conquistado.
Os escravos que fugiam, muitas vezes, poderiam mudar-se para as cidades e misturar-se na multidão de negros libertos e escravizados que habitavam esses locais. Outros, por sua vez, preferiam mudar-se para os quilombos — redutos que abrigavam escravos fugidos. No final do século XIX, surgiram quilombos em diferentes partes do Brasil, sobretudo ao redor de cidades como Rio de Janeiro.
Um dos quilombos mais conhecidos desse período era o Quilombo do Leblon, responsável por ter “criado” o símbolo da causa: a camélia branca. Essa flor foi transformada em símbolo de todo esse movimento, e aqueles que a portavam em sua roupa ou mesmo a cultivavam em casa, estavam dizendo publicamente que apoiavam a abolição.
2.4 O fim da escravidão no Brasil
O movimento abolicionista, associado à pressão internacional e às resistências da população escravizada, conseguiram conquistar seu objetivo principal
com as leis que foram gradualmente pondo fim à escravidão:
•	1850 - Lei Eusébio de Queiroz: que pôs fim ao tráfico de escravos transportados nos “navios negreiros”.
•	1871 - Lei do Ventre Livre: determinou que os filhos nascidos de mulheres escravizadas, nasciam livres. Porém, o senhor permanecia responsável por essa criança até que ela atingisse 21 anos; fazendo com que os filhos permanecessem trabalhando em regime de escravidão, apesar da lei;
•	1885 - Lei dos Sexagenários: Determinou a libertação dos escravizados que tivessem 60 anos ou mais. Essa lei, entretanto, era mais vantajosa para os senhores do que para os escravizados, uma vez que eram poucos os negros escravizados que chegavam a essa idade e os que chegavam já não eram produtivos nas fazendas;
•	1888 - Lei Áurea: Lei assinada em 13 de maio, pela Princesa Isabel, que extinguiu o trabalho escravo no Brasil, libertando cerca de 700 mil escravos que ainda havia no país. A lei não garantiu a integração social, política e econômica da população negra no Brasil.
2.5 Consequências da abolição da escravatura no Brasil
A abolição transformou-se num caminho sem retorno, quando o exército, em outubro de 1887, manifestou-se em petição à princesa Isabel, solicitando dispensa de perseguir os escravos fugidos. No final de 1887, a maioria dos fazendeiros acabou por se converter ao abolicionismo, ou melhor, por se resignar a ele. Em 13 de maio de 1888, depois de tramitar na Câmara e no Senado, a lei que abolia a escravidão foi levada à sanção da Princesa Isabel, que então exercia a Regência no lugar do pai. Não se deve ignorar a importância da Lei Áurea, que libertou cerca de 700 mil escravos que ainda havia no país. Além disso, criou mais ressentimentos contra a monarquia, abrindo caminho para a República. 
A monarquia brasileira foi sabiamente aconselhada a pagar uma indenização aos proprietários de escravos, mas não levou em conta o bom conselho. E como resultado perdeu sua base de apoio. 
Os fazendeiros argumentavam que, com o fim da escravidão, a economia entraria em colapso. Mas isso não aconteceu em outros lugares do mundo. Onde não existia mais escravidão, havia desenvolvimento. Sem receber indenização, os senhores de escravos retiraram o apoio político a um já cambaleante Império, o que levaria à Proclamação da República, em 1889.
Apesar de a Lei Áurea ter sido uma vitória para as pessoas escravizadas, elas e seus descendentes nunca foram ressarcidos pelos horrores que sofreram, perpetuando a desigualdade no Brasil. Permaneceram à margem e foram estigmatizados pelas gerações seguintes, algo visível até hoje. Para alguns especialistas, a Lei Áurea serviu para responder às pressões sociais e econômicas de um mundo novo sem, de fato, dar poder aos negros e, assim evitar que uma revolução surgisse entre as camadas mais baixas da população contra a elite do país. “O abolicionismo foi o primeiro grande movimento político de massa no Brasil”, afirma Martha Abreu, professora de história da Universidade Federal Fluminense.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do trabalho apresentado tornou-se possível estimular a corresponsabilidade através de um aprendizado eficiente e eficaz. Tal como o desenvolvimento de estudos independentes, sistemáticos e o auto aprendizado.
Promoveu-se também a aplicação da teoria e conceitos para a solução de problemas práticos relativos à profissão, direcionando para a busca do raciocínio crítico e a emancipação intelectual.
4 REFERÊNCIAS
GUIZELIN, Gilberto da Silva. A abolição do tráfico de escravos no Atlântico Sul: Portugal, o Brasil e a questão do contrabando de africanos. Almanack, Guarulhos , n. 5, p. 123-144, jun. 2013 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S223646332013000100123&lng=pt&nrm=iso>. Acesso: em 07 out. 2020. 
YOUSSEF, Alain El. Nem só de flores, votos e balas: abolicionismo, economia global e tempo histórico no Império do Brasil. Almanack, Guarulhos , n. 13, p. 205-209, ago. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S223646332016000200205&lng=pt&nrm =iso>. Acesso em: 10 out. 2020.
NEEDELL, Jeffrey D.. O chamado às armas: o abolicionismo radical de Nabuco em 1885-1886. Rev. Bras. Hist., São Paulo, v.33, n.65, p.291-312, 2013. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010201882013000100012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 10 out. 2020.
CANOSSA, Carolina. Qual o real interesse por trás da libertação dos escravos no Brasil? Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-o-real-interesse-por-tras-da-libertacao-dos-escravos-no-brasil/. Acesso em: 15 out. 2020.
SILVA, Daniel Neves. Abolição da escravatura. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/abolicao-escravatura.htm. Acesso em: 25 out. 2020.
MARINGONI, Gilberto. História - O destino dos negros após a Abolição. 2011. Ano 8. Edição 70. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2673%3Acatid%25. Acesso em: 26 out. 2020.

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