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O Conhecimento Histórico MARROU, Henri-Irénee. “A História como Conhecimento. In. Sobre o Conhecimento Histórico”. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978. pp. 25-41. Marseilles, 1904-1977; Trabalhos sobre Antiguidade Tardia; História da Educação; Cultura Antiga Romana; Epigrafista/ Arqueólogo; Musicólogo; Filósofo; Introdução → O que é História? Resposta pelo fazer/ pela prática; O fazer → consolidado no século XIX; Modo de fazer: sempre discutível: História singular/plural; Tanto por uma lado como por outro: a história existe; “...Aceitemos provisoriamente essa diversidade de pontos de vista, recusando a cada um deles o caráter de exclusividade, e procuremos apreender, em sua realidade complexa e em toda a sua variedade, a história tal como existe, realizada pela obra dos historiadores...” p. 27. Uma definição: O que é História? História: conhecimento do passado humano; Conhecimento. Para o autor, não é narração do passado humano; Para o autor, não é obra literária que revive o passado; Para o autor, não é pesquisa ou estudo ( confundir os fins com os meios) Conhecimento Ponto principal → resultado da pesquisa; Uma verdade que se mostra capaz de elaborar; Um conhecimento, uma verdade elaborada A verdade → conhecimento válido; em oposição a uma representação irreal; a uma ao romance popular histórico/conhecimento oficial; “...Não há dúvida de que essa verdade do conhecimento histórico é um ideal, a cujo respeito se pode dizer que, quando mais progredir a nossa análise, mais parecerá difícil de atingir: a história deve ser, pelo menos, o resultado do mais rigoroso, do mais sistemático dos esforços, para se aproximar dessa verdade...”p. 29 Conhecimento Científico Não é epstémê→ a verdade absoluta e acima de todas as coisas e dos próprios humanos; É technê → em oposição ao conhecimento vulgar da experiência cotidiana; conhecimento elaborado em função de método sistemático que se mostrou capaz de representar o fator de optimum de verdade (ponto ideal) Conhecimento do Passado Passado: registro do que aconteceu; Passado: sem preconceito ou pré-ideia do acontecido (contra o filósofo da História – Introdução do Livro) “... [em oposição ao filósofo da história] porque: ele sabe – ou pretende saber – o que constitui a essência desse passado; neste ponto, recusamo-nos a sabê-lo e aceitamos em sua complexidade tudo aquilo que pertenceu ao passado do homem, tudo aquilo que conseguimos apreender desse passado... Conhecimento Científico do Passado Humano humano: Todas as manifestações voluntárias, inteligíveis humanas; “...(humano) entenderemos por essa expressão o comportamento suscetível de compreensão direta, de apreensão pelo interior, ações, pensamentos, sentimentos, e também todas as obras do homem, as criações materiais ou espirituais de suas sociedades e de suas civilizações, obras através das quais alcançamos o seu criador, em síntese, o passado do homem enquanto homem, do homem já tornado homem, por oposição ao passado biológico, o do devir da espécie humana, que estuda não mais a história, mas a paleontologia humana, ramo da biologia...” Conhecimento Científico do Passado Humano - Elementos História: relação entre os homens e mulheres do presente e os homens e mulheres do passado; “...Conhecimento do passado humano, conhecimento do homem ou dos homens, de ontem, de outrora, de antanho, pelo homem de hoje, o homem de depois, que é o historiador, essa definição faz com que a realidade da história resista na relação assim estabelecida pelo esforço de pensamento do historiador...” p. 32 História e história História com H → o devir; a trajetória humana/ o vir –a – ser; (o vivido); História com h → o conhecimento elaborado sobre a trajetória humana; (o estudo sobre) Especificidade do nosso conhecimento: o humano estuda o humano numa relação presente e passado; A Tomada de Consciência do Passado A) Historiador tem a ciência de que o tempo de antes não é o do presente; “...Ao invés de fazer-se como se tem muitas vezes repetido “contemporâneo” do seu objeto, o historiador apreende-o, situa-o em perspectiva na profundidade do passado; conhece-o enquanto passado, o que equivale a dizer que o próprio ato desse conhecimento estabelece ao mesmo tempo o fato evocado como tendo sido um presente e a distância mais ou menos grande que dele nos separa...” p. 37. A Tomada de Consciência do Passado B) Historiador tem a ciência de que o passado foi apropriado, preservado, requalificado ao longo do tempo. “...Contudo esse intervalo do passado que nos separa do objeto passado é um espaço vazio: através do tempo transcorrido nesse intermédio, os acontecimentos estudados produziram os seus frutos, tiveram consequências, desenvolveram as suas virtualidades e não nos é possível separar desse sequelas o conhecimento que deles possuímos...” p. 39 A Tomada de Consciência do Passado C) O papel do Historiador e do professor de História→ propor uma compreensão inteligível para o passado. “...Quando era presente, esse passado era como o presente que vivemos neste momento, algo de poeirento, confuso, multiforme, ininteligível: uma densa rede de causas e efeitos, um campo de forças infinitamente complexos que a consciência do homem acha-se incapaz de apreender a sua realidade autêntica...”p. 39 A Tomada de Consciência do Passado “...Logo, o conhecimento que ele quer elaborar desse passado visa a uma inteligibilidade; esse conhecimento deve elevar-se por cima da poeira dos fatos, por cima do furacão do presente, para dar uma visão ordenada que extrai linhas gerais, orientações suscetíveis de serem compreendidas, cadeias de relações causais ou finalistas, significados e valores...” p. 40;