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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
Informativo comentado: 
 Informativo 964-STF 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Processos cujo julgamento ainda não foi concluído em virtude de pedidos de vista ou de adiamento. Serão comentados 
assim que chegarem ao fim: MI 4367 AgR/DF; ADI 4619/SP; ADI 3424/DF; Pet 4770 AgR/DF. 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
▪ É possível, em tese, o ajuizamento de ADI contra deliberação administrativa de tribunal, desde que ela tenha 
conteúdo normativo com generalidade e abstração, devendo, contudo, em regra, a ação ser julgada prejudicada 
caso essa decisão administrativa seja revogada. 
▪ Exige-se quórum de maioria absoluta dos membros do STF para modular os efeitos de decisão proferida em 
julgamento de recurso extraordinário no caso em que não tenha havido declaração de inconstitucionalidade. 
 
ENTIDADES DESPORTIVAS 
▪ É inconstitucional previsão do Estatuto do Torcedor que condicionava a participação dos times em campeonatos à 
comprovação da regularidade fiscal e trabalhista. 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
SERVIDORES PÚBLICOS 
▪ STF modulou os efeitos da decisão que afirmou que os servidores públicos federais não possuem direito aos quintos 
no período de 08/04/1998 a 04/09/2001; com isso, o Tribunal resguardou a situação daqueles que recebiam as 
verbas por força de decisão judicial ou administrativa. 
▪ É inconstitucional o pagamento de subsídio mensal e vitalício a ex-Vereadores, assim, como o pagamento de pensão 
por morte aos dependentes dos ex-ocupantes deste cargo 
 
FUNDEF 
▪ União deverá indenizar Estados prejudicados com o cálculo incorreto do VMNA 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
COMPETÊNCIA 
▪ Justiça comum deve julgar causa de servidor celetista que passou a ser regido pelo regime estatutário (pós CF/88). 
 
REPERCUSSÃO GERAL 
▪ O STF reconheceu a repercussão geral na discussão sobre a inclusão dos expurgos inflacionários na correção 
monetária dos depósitos judiciais (Tema 1.016) e determinou a suspensão nacional de todos os processos que 
envolvam o tema. 
 
DIREITO PENAL 
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA 
▪ O contribuinte que, de forma contumaz e com dolo de apropriação, deixa de recolher o ICMS cobrado do adquirente 
da mercadoria ou serviço, incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei 8.137/90. 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
INQUÉRITO POLICIAL 
▪ Não há nulidade na ação penal instaurada a partir de elementos informativos colhidos em inquérito policial que não 
deveria ter sido conduzido pela Polícia Federal considerando que a situação não se enquadrava no art. 1º da Lei 
10.446/2002. 
 
PROVAS 
▪ Não viola a SV 14 quando se nega que o investigado tenha acesso a peças que digam respeito a dados sigilosos de 
terceiros e que não estejam relacionados com o seu direito de defesa. 
▪ É constitucional lei estadual que transforma o cargo de datiloscopista da Polícia Civil em perito papiloscopista. 
 
NULIDADES 
▪ Não viola a SV 11 a decisão que mantém as algemas durante julgamento no júri de réu que integra milícia, possui 
extensa folha de antecedentes criminais e foi transferido para presídio federal de segurança máxima em virtude da 
sua alta periculosidade. 
 
HABEAS CORPUS 
▪ Não cabe HC contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão preventiva de investigado ou réu 
▪ A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o trancamento 
da ação penal? 
 
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA 
▪ Se o Tribunal de 2ª instância não analisou a necessidade da prisão preventiva em razão de ter aplicado o antigo 
entendimento do STF sobre a execução provisória, antes de ser decretada a liberdade, deve o Tribunal fazer essa 
análise. 
▪ Se o Tribunal de 2ª instância determinou a execução provisória da pena, mas o juiz já havia negado o direito do 
condenado de recorrer em liberdade, não cabe a soltura do réu com base no novo entendimento do STF de que é 
proibida a execução provisória da pena. 
▪ Não se conhece de habeas corpus impetrado contra decisão monocrática de Ministro do STJ que nega liminar 
mantendo decisão do TJ que determinou a execução provisória da pena em caso de condenação pelo Tribunal do 
Júri. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA 
▪ A lei complementar é forma exigível para a definição do modo beneficente de atuação das entidades de assistência 
social contempladas pelo art. 195, § 7º, da CF/88. 
 
DIREITO DO TRABALHO / PROCESSO DO TRABALHO 
COMPETÊNCIA 
▪ Justiça comum deve julgar causa de servidor celetista que passou a ser regido pelo regime estatutário (pós CF/88). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
É possível, em tese, o ajuizamento de ADI contra deliberação administrativa de tribunal, desde 
que ela tenha conteúdo normativo com generalidade e abstração, devendo, contudo, em regra, 
a ação ser julgada prejudicada caso essa decisão administrativa seja revogada 
 
É cabível ação direta de inconstitucionalidade contra deliberação administrativa do Tribunal 
que determina o pagamento de reajuste decorrente da conversão da URV em reais (“plano 
real”) aos magistrados e servidores. 
Depois que a ADI foi proposta, e antes que fosse julgada, o TRT decidiu revogar essa 
deliberação administrativa. Diante disso, indaga-se: o mérito da ação foi julgado? 
NÃO. Em decorrência da revogação da deliberação, o STF julgou prejudicada a ADI, por perda 
superveniente de objeto. 
STF. Plenário. ADI 1244 QO-QO/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/12/2019 (Info 964). 
 
Imagine a seguinte situação: 
Em dezembro de 1994, o órgão especial do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região proferiu decisão 
administrativa determinando o pagamento, a partir de abril de 1994, do reajuste de 10,94%, 
correspondente à diferença entre o resultado da conversão da URV em reais, aos magistrados e servidores 
da Justiça do Trabalho. 
O Procurador Geral da República ajuizou uma ADI no STF contra essa decisão do TRT-15. 
 
Essa decisão administrativa do Tribunal de Justiça pode ser impugnada por meio de ADI? 
SIM. O STF decidiu que a decisão administrativa do TRT-15, nesse caso concreto, teve conteúdo normativo, 
com generalidade e abstração, porque concedeu, de forma ampla, um reajuste para uma coletividade de 
pessoas, como se fosse uma lei. 
Desse modo, o STF entendeu que era cabível o controle abstrato de constitucionalidade da decisão 
administrativa do TJ por meio de ADI. 
 
É cabível ação direta de inconstitucionalidade contra deliberação administrativa do Tribunal que 
determina o pagamento de reajuste decorrente da conversão da URV em reais (“Plano Real”) aos 
magistrados e servidores. 
STF. Plenário. ADI 1244 QO-QO/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/12/2019 (Info 964). 
 
Em sentido semelhante: STF. Plenário. ADI 3202/RN, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/2/2014 (Info 734). 
 
Depois que a ADI foi proposta, e antes que fosse julgada, o TRT decidiu revogar essa deliberação 
administrativa. Diante disso, indaga-se: o mérito da ação foi julgado? 
NÃO. Em decorrência da revogação da deliberação, o STF julgou prejudicada a ADI, por perda 
superveniente de objeto. 
 
Sempre que uma lei ou ato normativo que estava sendo impugnado por ADI for revogado, haverá perda 
do objeto? O que acontece caso o ato normativo que estava sendo impugnado na ADI seja revogado 
antes do julgamento da ação? 
Regra: haverá perda superveniente do objeto e a ADI nãodeverá ser conhecida (STF ADI 1203). 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
Exceção 1: não haverá perda do objeto e a ADI deverá ser conhecida e julgada caso fique demonstrado 
que houve “fraude processual”, ou seja, que a norma foi revogada de forma proposital a fim de evitar que 
o STF a declarasse inconstitucional e anulasse os efeitos por ela produzidos (STF ADI 3306). 
Exceção 2: não haverá perda do objeto se ficar demonstrado que o conteúdo do ato impugnado foi 
repetido, em sua essência, em outro diploma normativo. Neste caso, como não houve desatualização 
significativa no conteúdo do instituto, não há obstáculo para o conhecimento da ação (STF ADI 2418/DF, 
Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016. Info 824). 
Exceção 3: caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem ter sido comunicado previamente que houve a 
revogação da norma atacada. Nesta hipótese, não será possível reconhecer, após o julgamento, a 
prejudicialidade da ADI já apreciada (STF. Plenário. ADI 951 ED/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 
27/10/2016. Info 845). 
 
No caso concreto, o STF considerou que não estava presente nenhuma das três exceções acima expostas. 
 
 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
Exige-se quórum de maioria absoluta dos membros do STF para modular os efeitos de decisão 
proferida em julgamento de recurso extraordinário no caso em que não tenha havido declaração 
de inconstitucionalidade 
 
Exige-se quórum de MAIORIA ABSOLUTA dos membros do STF para modular os efeitos de 
decisão proferida em julgamento de recurso extraordinário repetitivo, com repercussão geral, 
no caso em que NÃO tenha havido declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato normativo. 
Qual é o quórum para que o STF, no julgamento de recurso extraordinário repetitivo, com 
repercussão geral reconhecida, faça a modulação dos efeitos da decisão? 
• Se o STF declarou a lei ou ato inconstitucional: 2/3 dos membros. 
• Se o STF não declarou a lei ou ato inconstitucional: maioria absoluta. 
STF. Plenário. RE 638115 ED-ED/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/12/2019 (Info 964). 
 
Modulação dos efeitos do julgado no caso de processos objetivos de constitucionalidade 
No julgamento de ADI, ADC ou ADPF, a Lei prevê expressamente que o STF poderá modular os efeitos da 
decisão que julga determinado ato contrário à CF. 
Em outras palavras, a Lei permite que o STF determine que os efeitos da declaração de 
inconstitucionalidade somente valham a partir da decisão proferida (ex nunc) ou ainda a partir de 
determinada data futura (efeitos prospectivos). 
Veja o que diz a Lei nº 9.868/99: 
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de 
segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por 
maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela 
só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
 
Mesma regra pode ser encontrada no art. 11, da Lei nº 9.882/99. 
 
Regra: efeitos EX TUNC (retroativos) 
 Excepcionalmente o STF pode, pelo voto de, no mínimo, 8 Ministros (2/3): 
* restringir os efeitos da declaração; ou 
* decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado; ou 
* de outro momento que venha a ser fixado. 
Desde que haja razões de: 
* segurança jurídica ou; 
* excepcional interesse social 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
 
Modulação dos efeitos do julgado no caso de processos subjetivos. É possível a modulação dos efeitos 
do julgado no caso de processos subjetivos, como na hipótese da decisão proferida em um recurso 
extraordinário (controle difuso)? 
SIM. O STF entende que, excepcionalmente, admite-se, em caso de controle difuso de constitucionalidade, 
a modulação temporal dos efeitos da decisão proferida. 
Com o objetivo de seguir o mesmo modelo previsto no art. 27 da Lei n. 9.868/99, o STF decidiu que é 
necessário o quórum de 2/3 para que ocorra a modulação de efeitos em sede de recurso extraordinário 
com repercussão geral reconhecida. Considerou-se que esta maioria qualificada seria necessária para 
conferir eficácia objetiva ao instrumento. Nesse sentido: 
É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em sede de controle incidental de 
constitucionalidade. 
STF. Plenário. RE 522897/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/3/2017 (Info 857). 
 
Vale ressaltar que esse quórum de 2/3 é para o caso de o STF declarar inconstitucional a lei ou ato 
normativo. 
 
Se o STF, em um recurso extraordinário repetitivo, declarar que determinada lei ou ato normativo é 
constitucional, será possível modular os efeitos dessa decisão? Qual será o quórum? 
SIM. Neste caso, o quórum será de maioria absoluta: 
Exige-se quórum de MAIORIA ABSOLUTA dos membros do STF para modular os efeitos de decisão 
proferida em julgamento de recurso extraordinário repetitivo, com repercussão geral, no caso em que 
NÃO tenha havido declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato normativo. 
STF. Plenário. RE 638115 ED-ED/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/12/2019 (Info 964). 
 
Qual é o quórum para que o STF, no julgamento de recurso extraordinário repetitivo, com repercussão 
geral reconhecida, faça a modulação dos efeitos da decisão? 
• Se o STF declarou a lei ou ato inconstitucional: 2/3 dos membros. 
• Se o STF não declarou a lei ou ato inconstitucional: maioria absoluta. 
 
 
 
ENTIDADES DESPORTIVAS 
É inconstitucional previsão do Estatuto do Torcedor, inserida pela Lei do PROFUT, que permitia o 
rebaixamento do clube em caso de não comprovação da regularidade fiscal e trabalhista 
 
A Lei 13.155/2015 institui o PROFUT (Programa de modernização da gestão e de 
responsabilidade fiscal do futebol brasileiro). 
Essa lei alterou o Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671/2003) para incluir entre os critérios 
técnicos, além da colocação obtida em campeonato anterior, a apresentação de Certidão 
Negativa de Débitos Federais, de certificado de regularidade de contribuição ao Fundo de 
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e comprovação de pagamentos de obrigações previstas 
nos contratos de trabalho e nos contratos de imagem dos atletas. 
Assim, por força da Lei nº 13.155/2015, um clube de futebol da série “A” (“1ª divisão”) do 
Campeonato Brasileiro caso não cumprisse os requisitos de regularidade fiscal, regularidade 
com o FGTS e com os salários dos atletas seria rebaixado para a série “B”. 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
Para o STF, a exigência da regularidade fiscal fere a autonomia das entidades desportivas em 
relação à sua organização e seu funcionamento (art. 217 da CF/88) e constitui forma indireta 
de coerção estatal ao pagamento de tributos. 
A retirada do clube do campeonato pelo não pagamento de tributos ou do FGTS é medida 
gravíssima, que demonstra falta de proporcionalidade e razoabilidade, além de configurar 
uma sanção política. 
Com a exclusão automática do campeonato, o clube jamais conseguiria pagar tributos e 
refinanciamentos, trazendo prejuízos à União, aos atletas, aos funcionários e à ideia de 
fomentar o desporto. 
Resultado: foi declarada a inconstitucionalidade do art. 40 da Lei nº 13.155/2015, na parte em 
que altera o art. 10, §§ 1º, 3º e 5º da Lei nº 10.671/2003, mantendo-se a vigência e eficácia de 
todos os demais dispositivos impugnados.STF. Plenário. ADI 5450 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/12/2019 (Info 964). 
 
PROFUT 
A Lei 13.155/2015 institui o PROFUT (Programa de modernização da gestão e de responsabilidade fiscal 
do futebol brasileiro). 
Essa lei alterou o Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671/2003) para incluir entre os critérios técnicos, além 
da colocação obtida em campeonato anterior, a apresentação de Certidão Negativa de Débitos Federais, 
de certificado de regularidade de contribuição ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e 
comprovação de pagamentos de obrigações previstas nos contratos de trabalho e nos contratos de 
imagem dos atletas. 
Assim, por força da Lei nº 13.155/2015, um clube de futebol da série “A” (“1ª divisão”) do Campeonato 
Brasileiro caso não cumprisse os requisitos de regularidade fiscal, regularidade com o FGTS e com os 
salários dos atletas seria rebaixado para a série “B”. 
Veja o art. 40 da Lei nº 13.155/2015, que alterou os §§ 1º, 3º e 5º do art. 10 do Estatuto do Torcedor 
prevendo isso que acabei de explicar: 
Art. 10. É direito do torcedor que a participação das entidades de prática desportiva em 
competições organizadas pelas entidades de que trata o art. 5º seja exclusivamente em virtude de 
critério técnico previamente definido. (obs: o caput não foi alterado) 
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, considera-se critério técnico a habilitação de entidade 
de prática desportiva em razão de: 
I - colocação obtida em competição anterior; e 
II - cumprimento dos seguintes requisitos: 
a) regularidade fiscal, atestada por meio de apresentação de Certidão Negativa de Débitos 
relativos a Créditos Tributários Federais e à Dívida Ativa da União - CND; 
b) apresentação de certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS; e 
c) comprovação de pagamento dos vencimentos acertados em contratos de trabalho e dos 
contratos de imagem dos atletas. 
(...) 
§ 3º Em campeonatos ou torneios regulares com mais de uma divisão, serão observados o 
princípio do acesso e do descenso e as seguintes determinações, sem prejuízo da perda de pontos, 
na forma do regulamento: 
I - a entidade de prática desportiva que não cumprir todos os requisitos estabelecidos no inciso II 
do § 1º deste artigo participará da divisão imediatamente inferior à que se encontra classificada; 
II - a vaga desocupada pela entidade de prática desportiva rebaixada nos termos do inciso I deste 
parágrafo será ocupada por entidade de prática desportiva participante da divisão que receberá a 
entidade rebaixada nos termos do inciso I deste parágrafo, obedecida a ordem de classificação do 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
campeonato do ano anterior e desde que cumpridos os requisitos exigidos no inciso II do § 1º 
deste artigo. 
(...) 
§ 5º A comprovação da regularidade fiscal de que trata a alínea a do inciso II do § 1º deste artigo 
poderá ser feita mediante a apresentação de Certidão Positiva com Efeitos de Negativa de Débitos 
relativos a Créditos Tributários Federais e à Dívida Ativa da União - CPEND. 
 
ADI 
O Partido Humanista da Solidariedade (PHS) e o Sindicato Nacional das Associações de Futebol Profissional 
ajuizaram ADI contra o art. 40 da Lei nº 13.155/2015 e alguns outros dispositivos que faziam exigências 
aos clubes. O principal é o art. 40, mas veja também os demais impugnados: 
• art. 5º, incisos II, IV e V e parágrafo único: tratam sobre as entidades de administração do desporto; 
• art. 19, inciso III: prevê que fica criada, no âmbito do Ministério do Esporte, a Autoridade Pública de 
Governança do Futebol - APFUT, com competência para requisitar informações e documentos às 
entidades desportivas profissionais; 
• arts. 24 a 27: disciplinam regras de gestão temerária nas entidades desportivas profissionais de futebol. 
• art. 38: modificam alguns dispositivos da Lei nº 9.615/98 para tratar sobre as entidades de desporto. 
 
Para os autores, tais dispositivos ofendem a autonomia das entidades desportivas, prevista no art. 217, I, 
da CF/88: 
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de 
cada um, observados: 
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e 
funcionamento; 
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em 
casos específicos, para a do desporto de alto rendimento; 
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional; 
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional. 
 
O que o STF decidiu? 
O STF julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ADI e declarou 
• a inconstitucionalidade do art. 40 da Lei nº 13.155/2015 na parte em que altera o art. 10, §§ 1º, 3º e 5º, 
da Lei nº 10.671/2003; 
• a constitucionalidade dos demais dispositivos da Lei. 
 
Violação aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade e forma de sanção política 
Conforme vimos acima, o art. 40 da Lei nº 13.155/2015 prevê que a entidade desportiva deverá cumprir 
requisitos de natureza fiscal (apresentação de Certidão Negativa de Débitos) como critério técnico, 
havendo até mesmo a possibilidade de rebaixamento de divisão para a agremiação que não cumprir tais 
determinações. 
Ocorre que esses requisitos não são desportivos, mas sim fiscais e trabalhistas, ou seja, não possuem 
nenhuma relação com o desempenho esportivo da entidade. 
Logo, para o STF, fazer exigências não desportivas para que o clube participe da competição ou permaneça 
em determinada divisão do campeonato são condições que não possuem proporcionalidade e 
razoabilidade. Isso porque essas previsões constituem formas de cobrança de tributos por intermédio de 
limitações arbitrárias, com a utilização de meios gravosos e indiretos de coerção estatal destinados a 
compelir o contribuinte inadimplente a pagar o tributo. Essa prática configura, portanto, sanção política, 
o que afronta a jurisprudência do STF. 
 
 Informativo 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
Cobrança do tributo por vias oblíquas (sanções políticas) 
A Fazenda Pública deverá cobrar os tributos em débito mediante os meios judiciais (execução fiscal) ou 
extrajudiciais (lançamento tributário, protesto de CDA) legalmente previstos. O Fisco possui, portanto, 
instrumentos legais para satisfazer seus créditos. 
Justamente por isso, a Administração Pública não pode proceder à cobrança do tributo por meios 
indiretos, impedindo, cerceando ou dificultando a atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte 
devedor. Quando isso ocorre, a jurisprudência afirma que o Poder Público aplicou “sanções políticas”, ou 
seja, formas “enviesadas de constranger o contribuinte, por vias oblíquas, ao recolhimento do crédito 
tributário” (STF ADI 173). Exs.: apreensão de mercadorias, não liberação de documentos, interdição de 
estabelecimentos. 
A cobrança do tributo por vias oblíquas(sanções políticas) é rechaçada por quatro súmulas do STF e STJ: 
Súmula 70-STF: É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de 
tributo. 
Súmula 323-STF: É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de 
tributos. 
Súmula 547-STF: Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, 
despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais. 
Súmula 127-STJ: É ilegal condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento de multa, da qual o 
infrator não foi notificado. 
 
Desse modo, a orientação jurisprudencial do STF e do STJé a de que o Estado não pode adotar sanções 
políticas, que se caracterizam pela utilização de meios de coerção indireta que impeçam ou dificultem o 
exercício da atividade econômica, para constranger o contribuinte ao pagamento de tributos em atraso, 
estando o ente público vinculado ao procedimento de execução fiscal para a cobrança de seus créditos, 
no qual é assegurado ao devedor, o devido processo legal. 
 
“Morte civil” 
A imposição de rebaixamento (decesso a categoria inferior da competição esportiva) acarreta a verdadeira 
morte civil do clube, diante dos imediatos e drásticos efeitos sobre as receitas a serem por ele obtidas, 
como direitos de imagem, direito de arena e patrocínios. 
Há, em razão disso, uma grave desproporcionalidade na consequência prevista na lei para o 
comportamento do clube. 
Se eventual inadimplência do clube – que deve ser cobrada pelas vias normais – resultasse na sua 
automática exclusão do campeonato do ano seguinte, isso inviabilizaria a percepção de seus rendimentos 
e, consequentemente, o pagamento de suas dívidas. Também prejudicaria a União, que não receberia 
mais os valores relativos a refinanciamentos ou a atuais tributos; os atletas e funcionários da entidade 
esportiva, que não seriam mais pagos; e a própria ideia de fomentar o desporto. 
 
Demais dispositivos da Lei foram julgados constitucionais 
Quanto aos demais artigos impugnados, o STF concluiu que eles são constitucionais. 
A Lei nº 13.155/2015 previu condições mais favoráveis (facilitadas) para que as entidades desportivas 
pagassem suas dívidas fiscais perante a União e suas obrigações relativas ao FGTS. 
Dessa forma, a exigência de contrapartidas por parte das entidades aderentes se afigura plenamente 
constitucional. A lei pretendeu, com isso, promover a melhoria do padrão de gestão do futebol profissional, 
mas sem interferência na autonomia das entidades assegurada pelo art. 217 da Constituição Federal. 
Ressaltou, por fim, que a adesão a esse regime de cooperação se deu de forma voluntária pelos clubes. 
Por ser uma adesão facultativa ao regime fiscal benéfico, não se poderia, portanto, admitir que aqueles 
que aderiram obtivessem o refinanciamento de suas dívidas sem se submeter às regras de contrapartida 
 Informativo 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
disciplinadoras de rigor financeiro e de gestão. Essas regras não constituem nenhuma intervenção externa, 
haja vista que são os dirigentes eleitos da própria entidade que continuam a administrar. 
Além do caráter voluntário da adesão, as exigências estabelecidas no Profut atenderam ao princípio da 
razoabilidade, porquanto respeitadas as necessárias proporcionalidade, justiça e adequação entre os 
dispositivos impugnados e as normas constitucionais protetivas da autonomia desportiva. 
O legislador teve por objetivo garantir a probidade e a transparência da gestão do desporto e, sobretudo, 
a recuperação e a manutenção dessas entidades desportivas, que, se tivessem prosseguido como estavam, 
não teriam conseguido manter suas atividades. 
O Min. Relator registrou a informação de que, dos 20 clubes profissionais de elite do futebol brasileiro que 
aderiram ao programa 19 possuem dívidas gigantescas. 
 
Em suma: 
A Lei nº 13.155/2015 institui o PROFUT (Programa de modernização da gestão e de responsabilidade 
fiscal do futebol brasileiro). 
Essa lei alterou o Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671/2003) para incluir entre os critérios técnicos, além 
da colocação obtida em campeonato anterior, a apresentação de Certidão Negativa de Débitos Federais, 
de certificado de regularidade de contribuição ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e 
comprovação de pagamentos de obrigações previstas nos contratos de trabalho e nos contratos de 
imagem dos atletas. 
Para o STF, a exigência da regularidade fiscal fere a autonomia das entidades desportivas em relação à 
sua organização e seu funcionamento (art. 217 da CF/88) e constitui forma indireta de coerção estatal 
ao pagamento de tributos. 
A retirada do clube do campeonato pelo não pagamento de tributos ou do FGTS é medida gravíssima, 
que demonstra falta de proporcionalidade e razoabilidade, além de configurar uma sanção política. 
Com a exclusão automática do campeonato, o clube jamais conseguiria pagar tributos e 
refinanciamentos, trazendo prejuízos à União, aos atletas, aos funcionários e à ideia de fomentar o 
desporto. 
Resultado: foi declarada a inconstitucionalidade do art. 40 da Lei nº 13.155/2015, na parte em que altera 
o art. 10, §§ 1º, 3º e 5º da Lei nº 10.671/2003, mantendo-se a vigência e eficácia de todos os demais 
dispositivos impugnados. 
STF. Plenário. ADI 5450 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/12/2019 (Info 964). 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
STF modulou os efeitos da decisão que afirmou que os servidores públicos federais não possuem 
direito aos quintos no período de 08/04/1998 a 04/09/2001; com isso, o Tribunal resguardou a 
situação daqueles que recebiam as verbas por força de decisão judicial ou administrativa 
 
Os servidores públicos federais, quando desempenhavam funções gratificadas tinham direito 
de incorporar, em sua remuneração, a vantagem decorrente do cargo em comissão ou da 
função de direção, chefia e assessoramento. Isso estava previsto na redação original do art. 62 
da Lei nº 8.112/90. Isso ficou conhecido como incorporação de quintos em razão do exercício 
de funções gratificadas. 
Houve uma discussão se os servidores públicos federais tiveram direito à incorporação dos 
quintos no período que vai de 08/04/1998 a 04/09/2001. 
 Informativo 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
Após várias decisões favoráveis aos servidores, o STF decidiu em sentido contrário. Em 2015, 
o STF decidiu que não era permitida a incorporação dos quintos nesse período e que essa 
possibilidade acabou com a edição da MP 1.595-14 (convertida na Lei nº 9.527/97). 
Ocorre que muitos servidores estavam recebendo os quintos referentes ao período de 
08/04/1998 a 04/09/2001 por força de decisões judiciais ou administrativas. Como ficou a 
situação dessas pessoas? 
O STF, em embargos de declaração, decidiu modular os efeitos da decisão e afirmou o seguinte: 
• é indevida a cessação imediata do pagamento dos quintos quando houve uma decisão judicial 
transitada em julgado em favor do servidor. Neste caso, o servidor já incorporou 
definitivamente os quintos ao seu patrimônio jurídico; 
• se o servidor estava recebendo os quintos em razão de decisão administrativa ou de decisão 
judicial não definitiva, o pagamento dos quintos é indevido. No entanto, os efeitos da decisão 
foram modulados, de modo que aqueles que recebem a parcela até a data de hoje terão o 
pagamento mantido até a sua absorção integral por quaisquer reajustes futuros concedidos 
aos servidores. Em outras palavras, a remuneração ou os proventos não diminuirão de valor 
imediatamente. No entanto, quando houver um aumento, esse valor dos quintos sumirá, sendo 
absorvido pelo aumento. 
STF. Plenário. RE 638115 ED-ED/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/12/2019 (Info 964). 
 
Incorporação de quintos por servidores públicos em razão do exercício de funções gratificadas 
Os servidores públicos federais, quando desempenhavam funções gratificadas tinham direito de 
incorporar, em sua remuneração, a vantagem decorrente do cargo em comissão ou da função de direção, 
chefia e assessoramento. Isso foi previsto na redação original do art. 62 da Lei nº 8.112/90: 
Art. 62. Ao servidor investido em função de direção, chefia ou assessoramento é devida uma 
gratificaçãopelo seu exercício. 
(...) 
§ 2º A gratificação prevista neste artigo incorpora-se à remuneração do servidor e integra o 
provento da aposentadoria, na proporção de 1/5 (um quinto) por ano de exercício na função de 
direção, chefia ou assessoramento, até o limite de 5 (cinco) quintos. (obs: essa redação não está 
mais em vigor) 
(...) 
 
Assim, esses quintos passavam a integrar a remuneração e depois a aposentadoria do servidor. 
Isso ficou conhecido como incorporação de quintos em razão do exercício de funções gratificadas. 
 
Discussão quanto ao período que vai de 08/04/1998 a 04/09/2001 
A MP 1.595-14, de 10 de novembro de 1997, posteriormente convertida na Lei nº 9.527/97, extinguiu a 
possibilidade de incorporação dos “quintos”. 
Em 2001, foi editada a Medida Provisória 2.225-45, que acrescentou na Lei nº 8.112/90 o art. 62-A, com a 
seguinte redação: 
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada - VPNI a 
incorporação da retribuição pelo exercício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo 
de provimento em comissão ou de Natureza Especial a que se referem os arts. 3º e 10 da Lei nº 
8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3º da Lei nº 9.624, de 2 de abril de 1998. 
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo somente estará sujeita às revisões gerais 
de remuneração dos servidores públicos federais. 
 
 Informativo 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
Com base nesse art. 62-A, os servidores públicos passaram a alegar que a incorporação dos quintos voltou 
a existir (voltou a ser possível) no período mencionado pelo dispositivo, ou seja, entra a data da Lei nº 
9.624/98 (08/04/1998) até o dia da MP 2.225/45 (04/09/2001). 
Houve várias ações judiciais discutindo o tema e a jurisprudência do STJ era favorável aos servidores: 
(...) 5. Sobre o tema, o Superior Tribunal de Justiça firmou orientação no sentido de que “a Medida 
Provisória n.º 2.225-45/2001, com a revogação dos artigos 3º e 10 da Lei n.º 8.911/94, autorizou a 
incorporação da gratificação relativa ao exercício de função comissionada no período de 8/4/1998 a 
4/9/2001, transformando tais parcelas, desde logo, em VPNI - Vantagem Pessoal Nominalmente 
Identificada.” (RMS 21960 / DF, rel. Min. Félix Fischer, Quinta Turma, DJ 07/02/2008). (...) 
STJ. 1ª Seção. REsp 1261020/CE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24/10/2012. 
 
Em razão disso, muitos servidores obtiveram decisões favoráveis que transitaram em julgado. Além disso, 
administrativamente, diversos órgãos e entidades da administração pública federal concederam a 
incorporação aos servidores. 
 
Decisão do STF 
Ocorre que tivemos mais um capítulo nesse enredo. 
Em 2015, o STF decidiu que não era permitida a incorporação dos quintos nesse período e que, realmente, 
essa possibilidade acabou com a edição da MP 1.595-14 (convertida na Lei nº 9.527/97): 
Recurso extraordinário. 2. Administrativo. 3. Servidor público. 4. Incorporação de quintos decorrente do 
exercício de funções comissionadas no período compreendido entre a edição da Lei 9.624/1998 e a MP 
2.225-48/2001. 5. Impossibilidade. 6. Recurso extraordinário provido. 
STF. Plenário. RE 638115, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/03/2015. 
 
Afirmou o Min. Gilmar Mendes: 
“Como se pode perceber, o art. 3º da MP 2.225-45, de 2001, apenas transformou em Vantagem 
Pessoal Nominalmente Identificada – VPNI a incorporação das parcelas a que se referem os arts. 
3º e 10 da Lei 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3º da Lei 9.624, de 2 de abril de 1998. O texto 
é claro. 
Não há como considerar, a menos que se queira ir de encontro à expressa determinação legal, que 
o citado artigo tenha restabelecido ou reinstituído a possibilidade de incorporação das parcelas 
de quintos ou décimos. 
(...) 
Em conclusão, não há no ordenamento jurídico norma que permita essa “ressurreição” dos 
quintos/décimos levada a efeito pela decisão recorrida.” 
 
Desse modo, desde 11/11/1997 é indevida qualquer concessão de parcelas remuneratórias referentes a 
quintos ou décimos. 
 
Como ficaria a situação dos servidores que estavam recebendo os quintos referentes ao período de 
08/04/1998 a 04/09/2001? 
Em 2017, o STF, ao julgar embargos de declaração, afirmou que esses pagamentos deveriam ser cessados. 
Veja o que disse o Min. Gilmar Mendes: 
“Nesses termos, tendo em vista que o pagamento dos quintos incorporados no período entre 
8.4.1998 até 4.9.2001 foi declarado inconstitucional e refere-se a relação jurídica de trato 
continuado, há que se reconhecer a necessidade de cessação imediata do pagamento da 
mencionada verba, sem que isso caracterize afronta à coisa julgada e sem que seja necessário o 
ajuizamento de ação rescisória. 
 Informativo 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
Da mesma forma, os efeitos das decisões administrativas, que reconheceram o referido direito 
aos servidores com base em hipótese considerada inconstitucional pelo STF, não devem subsistir, 
devendo o pagamento ser cessado imediatamente.” (STF. Plenário. RE 638115 ED, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgado em 30/06/2017) 
 
Novos embargos de declaração 
Os servidores não desistiram e opuseram segundos embargos de declaração. 
Nestes novos embargos tiveram êxito (pelo menos parcialmente) porque o STF decidiu modular os efeitos 
da decisão e afirmou o seguinte: 
• é indevida a cessação imediata do pagamento dos quintos quando houve uma decisão judicial transitada 
em julgado em favor do servidor. Neste caso, o servidor já incorporou definitivamente os quintos ao seu 
patrimônio jurídico; 
• se o servidor estava recebendo os quintos em razão de decisão administrativa ou de decisão judicial não 
definitiva, o pagamento dos quintos é indevido. No entanto, os efeitos da decisão foram modulados, de 
modo que aqueles que recebem a parcela até a data de hoje terão o pagamento mantido até a sua 
absorção integral por quaisquer reajustes futuros concedidos aos servidores. Em outras palavras, a 
remuneração ou os proventos não diminuirão de valor imediatamente. No entanto, quando houver um 
aumento, esse valor dos quintos sumirá, sendo absorvido pelo aumento. 
 
Veja as exatas palavras do STF: 
“O Tribunal, por maioria, acolheu parcialmente os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para 
reconhecer indevida a cessação imediata do pagamento dos quintos quando fundado em decisão judicial 
transitada em julgado, vencida a Ministra Rosa Weber, que rejeitava os embargos. 
No ponto relativo ao recebimento dos quintos em virtude de decisões administrativas, o Tribunal, em 
razão de voto médio, rejeitou os embargos e, reconhecendo a ilegitimidade do pagamento dos quintos, 
modulou os efeitos da decisão de modo que aqueles que continuam recebendo até a presente data em 
razão de decisão administrativa tenham o pagamento mantido até sua absorção integral por quaisquer 
reajustes futuros concedidos aos servidores. Os Ministros Ricardo Lewandowski e Celso de Mello proviam 
os embargos de declaração e modulavam os efeitos da decisão em maior extensão. Ficaram vencidos, 
nesse ponto, os Ministros Marco Aurélio e Rosa Weber. 
Por fim, o Tribunal, por maioria, também modulou os efeitos da decisão de mérito do recurso, de modo a 
garantir que aqueles que continuam recebendo os quintos até a presente data por força de decisão judicial 
sem trânsito em julgado tenham o pagamento mantido até sua absorção integral por quaisquer reajustes 
futuros concedidos aos servidores, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Rosa Weber. Tudo nos termos 
do voto do Relator. Afirmaram suspeição os Ministros Luiz Fux e Roberto Barroso”. 
STF.Plenário. RE 638115 ED-ED/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/12/2019 (Info 964). 
 
 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
É inconstitucional o pagamento de subsídio mensal e vitalício a ex-Vereadores, assim, como o 
pagamento de pensão por morte aos dependentes dos ex-ocupantes deste cargo 
 
Importante!!! 
Algumas leis municipais preveem que a pessoa que tiver exercido o cargo de Vereador fará 
jus, após deixar o mandato, a um subsídio mensal e vitalício. Alguns chamam isso de 
representação, outros de pensão vitalícia e outros de pensão civil. A previsão desse pagamento 
é compatível com a CF/88? 
 Informativo 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
NÃO. O STF fixou a seguinte tese a respeito do tema: 
Lei municipal a versar a percepção, mensal e vitalícia, de “subsídio” por ex-vereador e a 
consequente pensão em caso de morte não é harmônica com a Constituição Federal de 1988. 
STF. Plenário. RE 638307/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/12/2019 (Tema 672 – 
repercussão geral) (Info 964). 
 
Imagine a seguinte situação concreta: 
A Lei 907/84 do Município de Corumbá (MS) concedia aos ex-Vereadores que tivessem exercido o cargo 
durante quatro legislaturas ou por 16 anos o pagamento de “subsídio mensal e vitalício”, a título de 
pensão, no valor da parte fixa da remuneração dos membros ativos da Câmara Municipal. 
 
Essa previsão é compatível com a CF/88? 
NÃO. 
Essa previsão viola o art. 39, § 4º da CF/88 porque esse dispositivo somente autoriza o pagamento de 
subsídio para quem ocupa o cargo, não podendo ser concedido para ex-ocupantes: 
Art. 39 (...) 
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários 
Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, 
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação 
ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. 
 
O Brasil adota a forma republicana de governo e esta prevê o caráter temporário do exercício de mandatos 
eletivos. 
A referida lei municipal afronta, ainda, o art. 37, XIII, da Constituição Federal, que proíbe a vinculação ou 
a equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço 
público. A lei atrela (vincula) o valor do benefício vitalício ao montante remuneratório fixo percebido pelos 
membros da Câmara Municipal em exercício. 
Logo, o Plenário do STF declarou a não recepção da Lei 907/1984, do Município de Corumbá (MS), e fixou 
a seguinte tese a ser aplicada nos casos semelhantes: 
Lei municipal a versar a percepção, mensal e vitalícia, de “subsídio” por ex-vereador e a consequente 
pensão em caso de morte não é harmônica com a Constituição Federal de 1988. 
STF. Plenário. RE 638307/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/12/2019 (Tema 672 – repercussão 
geral) (Info 964). 
 
Outros precedentes envolvendo ex-Governadores 
Vale ressaltar que o entendimento acima explicado já era aplicado para os casos de pensão concedidas a 
ex-Governadores: 
O Supremo Tribunal tem afirmado que a instituição de prestação pecuniária mensal e vitalícia a ex-
governadores, comumente designada sob o nomen juris “subsídio”, corresponde à concessão de benesse 
que não se compatibiliza com a Constituição Federal (notadamente com o princípio republicano e o 
princípio da igualdade, consectário daquele), por desvelar tratamento diferenciado e privilegiado sem 
fundamento jurídico razoável, com ônus aos cofres públicos, em favor de quem não exerce função pública 
ou presta qualquer serviço à administração, sendo também inconstitucionais prestações de mesma 
natureza concedidas aos cônjuges supérstites dos ex-mandatários. 
STF. Plenário. ADI 3418, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/09/2018. 
 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
Os ex-Governadores (ou as viúvas) que foram beneficiados com esse “subsídio” ou com a “pensão” dela 
decorrente terão que devolver as quantias que receberam antes do STF declarar inconstitucional a 
previsão da Constituição Estadual? 
NÃO. O STF afirmou que: 
Não é necessária a devolução dos valores percebidos até o julgamento da ação. Isso por conta dos 
princípios da boa-fé, da segurança jurídica e, ainda, da dignidade da pessoa humana. 
STF. Plenário. ADI 4545/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 5/12/2019 (Info 962). 
 
 
FUNDEF 
União deverá indenizar Estados prejudicados com o cálculo incorreto do VMNA 
 
O valor da complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino 
Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) deve ser calculado com base no valor 
mínimo nacional por aluno extraído da média nacional. 
A complementação ao Fundef realizada a partir do valor mínimo anual por aluno fixada em 
desacordo com a média nacional impõe à União o dever de suplementação de recursos, 
mantida a vinculação constitucional a ações de desenvolvimento e manutenção do ensino. Em 
outras palavras, os Estados prejudicados com o cálculo incorreto do valor mínimo nacional 
por aluno deverão ser indenizados por conta do montante pago a menor a título de 
complementação pela União no período de vigência do FUNDEF, isto é, nos exercícios 
financeiros de 1998 a 2007. 
O tema acima foi definido pelo STJ (no REsp 1101015/BA) e pelo STF nas ACO 648/BA, ACO 
660/AM, ACO 669/SE e ACO 700/RN, jugadas em 6/9/2017. 
Diante disso, é possível que o Ministro do STF, Relator de ações com pedidos semelhantes, 
decida monocraticamente e julgue procedente os pedidos formulados por outros Estados-
membros contra a União. Não haverá, neste caso, violação ao princípio da colegialidade. 
STF. Plenário. ACO 701 AgR/AL, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18/12/2019 (Info 964). 
 
FUNDEF 
FUNDEF significa Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do 
Magistério e vigorou de 1997 a 2006. 
O FUNDEF foi instituído pela EC 14/96, regulamentado pela Lei nº 9.424/96, e pelo Decreto nº 2.264/97. 
A EC 14/96, que alterou o art. 60 do ADCT da CF/88, previu o seguinte: 
Art. 60. Nos dez primeiros anos da promulgação desta emenda, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios destinarão não menos de sessenta por cento dos recursos a que se refere o caput do art. 
212 da Constituição Federal, a manutenção e ao desenvolvimento do ensino fundamental, com o 
objetivo de assegurar a universalização de seu atendimento e a remuneração condigna do magistério. 
§ 1º A distribuição de responsabilidades e recursos entre os estados e seus municípios a ser 
concretizada com parte dos recursos definidos neste artigo, na forma do disposto no art. 211 da 
Constituição Federal, e assegurada mediante a criação, no âmbito de cada Estado e do Distrito 
Federal, de um fundo de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental e de valorização 
do magistério, de natureza contábil. 
(...) 
§ 3º A União complementará os recursos dos Fundos a que se refere o § 1º, sempre que, em cada 
Estado e no Distrito Federal, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente. 
(...) 
 Informativo 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
§ 7º A lei disporá sobre a organização dos Fundos, a distribuição proporcional de seus recursos, sua 
fiscalização e controle, bem como sobre a forma de cálculo do valor mínimo nacional por aluno. 
 
A fim de regulamentar este art. 60 do ADCT, foi editadaa Lei nº 9.424/96 (atualmente revogada), criando 
o FUNDEF. 
O FUNDEF era um fundo financeiro de natureza contábil e sem personalidade jurídica, gerido pela União, 
composto por 15% do ICMS e do IPI-exportação arrecadados, assim como o mesmo percentual para 
fundos de participação obrigatórios (FPE e FPM) e ressarcimento da União pela Desoneração de 
Exportações decorrentes do Fundo Kandir. 
Com este fundo, cada Estado e cada Município recebia o equivalente ao número de alunos matriculados 
na sua rede pública do Ensino Fundamental. Além disso, havia um valor mínimo nacional por aluno/ano. 
Não atingido o piso com a aplicação apenas dos recursos estaduais e municipais, a lei determinava o aporte 
de dinheiro da União para efetuar a complementação. 
Se, mesmo sendo aplicados esses percentuais de recursos no Fundo, não se conseguisse alcançar um valor 
mínimo por aluno, então, neste caso, a União deveria complementar os recursos do FUNDEF, ou seja, 
repassar mais dinheiro para a educação dos Estados e Municípios. Isso estava previsto no § 3º do art. 60 
do ADCT e também no art. 6º da Lei nº 9.424/96: 
Art. 6º A União complementará os recursos do Fundo, a que se refere o art. 1º sempre que, no 
âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido 
nacionalmente. 
§ 1º O valor mínimo anual por aluno, ressalvado o disposto no § 4º, será fixado por ato do 
Presidente da República e nunca será inferior à razão entre a previsão da receita total para o Fundo 
e a matrícula total do ensino fundamental no ano anterior, acrescida do total estimado de novas 
matrículas, observado o disposto no art. 2º, § 1º, incisos I e I. 
(...) 
 
O Decreto nº 2.264/97 (atualmente revogado) foi publicado pelo Presidente da República com o objetivo de 
definir esse “Valor Mínimo Nacional por Aluno” (VMNA), nos termos do §1º do art. 6º da Lei nº 9.424/96. 
 
Os critérios definidos no Decreto nº 2.264/97 foram considerados válidos pela jurisprudência? 
NÃO. O Decreto nº 2.264/97 afirmou que o VMNA deveria ser calculado levando-se em conta a receita e 
o número de alunos em cada Estado isoladamente, sob o argumento de que o Fundo é estadual, sem 
intercomunicação. Em outras palavras, o Decreto determinou que a complementação dos valores fosse 
feita com base em coeficientes regionais, e não pela média nacional. 
A jurisprudência, contudo, afirmou que esse parâmetro do Decreto era ilegal considerando que a Lei nº 
9.424/96 exigiu que o critério a ser utilizado levasse em conta a média nacional. 
O STJ, ao apreciar o tema em sede de recurso repetitivo, assim fixou a tese: 
Para fins de complementação pela União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino 
Fundamental - FUNDEF (art. 60 do ADCT, redação da EC 14/96), o "valor mínimo anual por aluno" (VMAA), 
de que trata o art. 6º, § 1º da Lei 9.424/96, deve ser calculado levando em conta a média nacional. 
STJ. 1ª Seção. REsp 1101015/BA, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 26/05/2010 (recurso 
repetitivo). 
 
Desse modo, o valor da complementação da União ao FUNDEF deveria ser calculado com base no valor 
mínimo nacional por aluno extraído da média nacional. 
Como a finalidade do Fundef era a superação de desigualdades regionais, não havia sentido em se fixar a 
complementação num patamar abaixo da média nacional. 
Assim, o Decreto nº 2.264/97 extravasou a delegação legal conferida pelo §1º do art. 6º da Lei nº 9.424/96. 
 Informativo 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
Vale ressaltar que o Decreto nº 2.264/97 foi sucedido por outros que também repetiram a mesma 
metodologia de cálculo. 
Obs: o STJ que decidiu a forma de cálculo do valor por aluno porque, segundo o STF, isso é matéria de 
natureza infraconstitucional (Tema 422 do STF), cuja competência é do STJ. 
 
Ações propostas pelos Estados-membros 
Com base no que foi acima exposto, diversos Estados-membros propuseram ações contra a União 
alegando que o VMNA foi definido de forma incorreta e que a União repassou menos do que deveria, o 
que gerou prejuízos aos Estados. 
 
O pedido contido nessas ações foi acolhido pelo STF? 
SIM. O STF entendeu que os Estados prejudicados com o cálculo incorreto do VMNA deverão ser 
indenizados por conta do montante pago a menor a título de complementação pela União no período de 
vigência do FUNDEF, isto é, nos exercícios financeiros de 1998 a 2007. 
Em suma, o que decidiu o STF: 
O valor da complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino 
Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) deve ser calculado com base no valor mínimo 
nacional por aluno extraído da média nacional. 
A complementação ao Fundef realizada a partir do valor mínimo anual por aluno fixada em desacordo 
com a média nacional impõe à União o dever de suplementação de recursos, mantida a vinculação 
constitucional a ações de desenvolvimento e manutenção do ensino. Em outras palavras, os Estados 
prejudicados com o cálculo incorreto do valor mínimo nacional por aluno deverão ser indenizados por 
conta do montante pago a menor a título de complementação pela União no período de vigência do 
FUNDEF, isto é, nos exercícios financeiros de 1998 a 2007. 
Essa indenização abrange apenas os danos materiais, não sendo devidos danos morais coletivos por conta 
desse repasse a menor. 
STF. Plenário. ACO 648/BA, ACO 660/AM, ACO 669/SE e ACO 700/RN, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. 
p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgados em 6/9/2017 (Info 876). 
 
Caso concreto noticiado no Info 964 STF 
O Estado de Alagoas ajuizou ação contra a União pedindo o ressarcimento em razão das perdas financeiras 
ocasionadas pelo erro nos valores repassados ao Estado a título de complementação de recursos do 
FUNDEF. 
Desse modo, a ação formulou pedido semelhante ao que foi acima explicado. 
A ação foi distribuída para o Min. Edson Fachin. 
 
O que fez o Min. Edson Fachin, relator desta ação? 
Entendeu que a matéria estava pacificada e, por isso, decidiu monocraticamente a ação, julgando 
procedente o pedido do Estado-membro para reconhecer o direito do Estado de recalcular o valor mínimo 
nacional por aluno (VMNA), com base nos critérios legais corretos. 
 
Agravo regimental 
A União interpôs agravo regimental contra essa decisão monocrática alegando que a ação deveria ter sido 
julgada pelo Plenário do STF e que, como foi decidida monocraticamente, teria havido violação ao 
princípio da colegialidade. 
 
O que decidiu o Plenário do STF? 
O Plenário do STF negou provimento ao agravo regimental. 
 Informativo 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
Conforme já explicado, o STF, ao julgar o Tema 422 (RE 636978), afirmou que a discussão sobre o cálculo 
do valor por aluno é matéria infraconstitucional e, portanto, de competência do STJ. 
O STJ fixou essa forma de cálculo no REsp 1101015/BA, julgado em 26/05/2010. 
Logo, é possível que os Ministros do STF, monocraticamente, apliquem o entendimento fixado no REsp 
1101015/BA e nas ACO 648/BA, ACO 660/AM, ACO 669/SE e ACO 700/RN. 
STF. Plenário. ACO 701 AgR/AL, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18/12/2019 (Info 964). 
 
Uma última pergunta: o FUNDEF ainda existe atualmente? 
NÃO. O FUNDEF acabou com a EC 53/2006, que alterou novamente o art. 60 do ADCT. 
Atualmente vigora o FUNDEB, regulado pela Lei nº 11.494/2007, que impõe à União o dever de 
complementar os recursos "sempre que, no âmbito de cada Estado e no Distrito Federal, o valor médio 
ponderado por aluno, calculado na forma do Anexo desta Lei, não alcançar o mínimo definido 
nacionalmente, fixado de forma a que a complementação da União não seja inferior aos valoresprevistos 
no inciso VII do caput do art. 60 do ADCT". 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
COMPETÊNCIA 
Justiça comum deve julgar causa de servidor celetista que 
passou a ser regido pelo regime estatutário (pós CF/88) 
 
Compete à Justiça comum processar e julgar causa de servidor público municipal admitido 
mediante aprovação em concurso público sob o regime da CLT e que, posteriormente, passou 
a ser regido pelo estatuto dos servidores públicos municipais (estatutário). 
Caso concreto: o servidor ingressou no serviço público do Município em 1997 no cargo de 
auxiliar de serviços gerais sob o regime celetista e, em julho de 2010, passou a ser regido pelo 
regime estatutário. Em 2013, ele ajuizou ação na Justiça do Trabalho para pleitear o 
recolhimento de parcelas do FGTS no período em que esteve regido pelas regras da CLT. 
Como o vínculo do servidor com a administração pública é atualmente estatutário, a 
competência para julgar a causa é da Justiça comum, ainda que as verbas requeridas sejam de 
natureza trabalhista e relativas ao período anterior à alteração do regime de trabalho. 
STF. Plenário. CC 8018/PI, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 19/12/2019 (Info 964). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
João ingressou no serviço público do Município de Colônia do Gurguéia (PI), por concurso público, em 
1997, no cargo de auxiliar de serviços gerais, cujo regime era celetista. 
Em julho de 2010, uma lei alterou o regime jurídico do cargo de auxiliar de serviços gerais, que passou a 
ser estatutário. 
Em 2013, João ajuizou ação, na Justiça do Trabalho, pedindo que o Município pague as parcelas do FGTS 
relativas ao período que vai até julho de 2010, época na qual esteve regido pelas regras da CLT. 
 
A competência para julgar esta ação é realmente da Justiça do Trabalho? 
NÃO. A competência será da Justiça comum estadual. 
 Informativo 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
Compete à Justiça comum processar e julgar causa de servidor público municipal admitido mediante 
aprovação em concurso público sob o regime da CLT e que, posteriormente, passou a ser regido pelo 
estatuto dos servidores públicos municipais (estatutário). 
STF. Plenário. CC 8018/PI, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado 
em 19/12/2019 (Info 964). 
 
Como o vínculo do servidor com a administração pública é atualmente estatutário, a competência para 
julgar a causa é da Justiça comum, ainda que as verbas requeridas sejam de natureza trabalhista e relativas 
ao período anterior à alteração do regime de trabalho. 
 
 
 
REPERCUSSÃO GERAL 
O STF reconheceu a repercussão geral na discussão sobre a inclusão dos expurgos inflacionários 
na correção monetária dos depósitos judiciais (Tema 1.016) e determinou a suspensão nacional 
de todos os processos que envolvam o tema 
 
Há repercussão geral da questão constitucional referente à inclusão dos expurgos 
inflacionários na correção monetária dos depósitos judiciais (Tema 1.016). 
Reconhecida a repercussão geral, o STF determinou a suspensão nacional de todos os 
processos que envolvam discussão sobre expurgos inflacionários dos planos econômicos nos 
depósitos judiciais. 
Tal decisão foi proferida com base no art. 1.035, § 5º do CPC/2015. 
STF. Plenário. RE 1141156 AgR/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 19/12/2019 (Info 964). 
 
Multiplicidade de recursos extraordinários tratando sobre o mesmo tema 
O legislador percebeu que havia no STF e no STJ milhares de recursos que tratavam sobre os mesmos 
temas jurídicos. 
Diante disso, a fim de otimizar a análise desses recursos, a Lei nº 11.672/2008 acrescentou os arts. 543-B 
e 543-C ao CPC/1973, prevendo uma espécie de “julgamento por amostragem” dos recursos 
extraordinários e recursos especiais que tiverem sido interpostos com fundamento em idêntica 
controvérsia ou questão de direito. 
No CPC/2015 o tema é agora tratado nos arts. 1.036 a 1.041: 
Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com 
fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as 
disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal 
Federal e no do Superior Tribunal de Justiça. 
 
Procedimento de julgamento dos recursos extraordinário e especial repetitivos 
1) Em primeiro lugar, o Presidente ou Vice-Presidente do tribunal de origem (TJ ou TRF) irá identificar e 
separar todos os recursos interpostos que tratem sobre o mesmo assunto. 
Exemplo: reunir os recursos especiais nos quais se discuta se o prazo prescricional das ações contra a 
Fazenda Pública é de três ou cinco anos. 
 
2) Desses recursos, o Presidente do tribunal selecionará 2 ou mais que representem bem a controvérsia 
discutida e os encaminhará ao STJ ou STF (conforme seja Resp ou RE). 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
Serão escolhidos os que contiverem maior diversidade de fundamentos no acórdão e de argumentos no 
recurso especial. 
Art. 1.036 (...) § 1º O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional 
federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão 
encaminhados ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para fins de 
afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes, individuais ou 
coletivos, que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso. 
 
3) Os demais recursos especiais e extraordinários que tratem sobre a mesma matéria e que não foram 
remetidos como paradigma (modelo) ficarão suspensos no tribunal de origem até que o STJ/STF se 
pronuncie sobre o tema central. 
Vale ressaltar que não cabe nenhum recurso contra a decisão proferida no Tribunal de origem que tenha 
determinado o sobrestamento do RE ou do Resp com fundamento no art. 1.036 do CPC 2015. 
 
Interessante novidade introduzida pelo CPC 2015. Se o recurso sobrestado tiver sido interposto fora do 
prazo, não há motivo para ele ficar suspenso aguardando a decisão do STJ/STF. Logo, a outra parte 
poderá alegar a intempestividade e pedir que ele não seja conhecido: 
Art. 1.036 (...) § 2º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente, que exclua 
da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso especial ou o recurso extraordinário que tenha 
sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-
se sobre esse requerimento. 
 
4) Selecionados os recursos, o Ministro Relator do Tribunal Superior, constatando que realmente existe 
multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de direito, 
proferirá decisão de afetação, na qual: 
I - identificará com precisão a questão a ser submetida a julgamento; 
II - determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, 
que versem sobre a questão e tramitem no território nacional; 
III - poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos tribunais de justiça ou dos tribunais 
regionais federais a remessa de um recurso representativo da controvérsia. 
 
A providência tratada no item II acima (suspensão do processamento de todos os processos pendentes) 
está prevista no art. 1.037 e também no § 5º do art. 1.035 do CPC/2015: 
Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do 
pressuposto do caput do art. 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual: 
(...) 
II - determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes,individuais ou 
coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional; 
 
Art. 1.035 (...) 
§ 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a 
suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que 
versem sobre a questão e tramitem no território nacional. 
 
 
 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
Esse sobrestamento é obrigatório, ou seja, reconhecida a repercussão geral, automaticamente todos os 
processos pendentes ficarão suspensos? 
NÃO. O Relator do recurso extraordinário tem a faculdade de determinar ou não o sobrestamento dos 
processos. 
A suspensão de processamento prevista no § 5º do art. 1.035 do CPC não consiste em consequência 
automática e necessária do reconhecimento da repercussão geral realizada com fulcro no “caput” do 
mesmo dispositivo, sendo da discricionariedade do relator do recurso extraordinário paradigma 
determiná-la ou modulá-la. 
STF. Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/6/2017 (Info 868). 
 
Assim, o § 5º do art. 1.035 deverá ser lido: reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal 
Federal poderá determinar. 
 
Imagine agora a seguinte situação hipotética: 
A empresa ABC Ltda ingressou com ação judicial questionando determinado tributo federal que entendeu 
indevido. 
A fim de evitar a exigibilidade imediata do tributo, a empresa depositou na Caixa Econômica Federal R$ 
500 mil, quantia que a União estava cobrando referente ao aludido tributo. 
10 anos depois, após ter o seu pedido julgado procedente, a empresa quer levantar os valores depositados. 
Não seria justo que, após todos esses anos, a empresa recebesse o valor depositado sem qualquer encargo. 
Desse modo, a parte terá direito de receber a quantia depositada acrescida de correção monetária, para 
que não seja prejudicada pela demora. 
 
De quem é a obrigação de pagar a correção monetária: da União ou da CEF? 
Da CEF. Segundo o STJ, a responsabilidade pela atualização monetária de valores em depósito judicial é 
da instituição financeira onde o numerário foi depositado. Nesse sentido, existe um enunciado: 
Súmula 179-STJ: O estabelecimento de crédito que recebe dinheiro, em depósito judicial, responde pelo 
pagamento da correção monetária relativa aos valores recolhidos. 
 
Logo, o pedido de atualização monetária deve ser dirigido à instituição financeira no processo em que foi 
realizado o depósito judicial. 
Ressalte-se, ainda, que a discussão quanto à remuneração dos depósitos judiciais deve ser feita na própria 
demanda, ou seja, não é necessário que a parte ajuíze uma nova ação (ação autônoma) contra o banco 
depositário para receber a quantia. Incide o teor do enunciado 271 do STJ: 
Súmula 271-STJ: A correção monetária dos depósitos judiciais independe de ação específica contra o 
banco depositário. 
 
Na correção monetária do valor depositado deverão incidir os expurgos inflacionários (Plano Verão, 
Plano Collor I e II etc)? 
O STJ entendeu que sim. Veja: 
A correção monetária dos depósitos judiciais deve incluir os expurgos inflacionários. 
STJ. Corte Especial. REsp 1.131.360-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Maria 
Thereza de Assis Moura, julgado em 3/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 607). 
 
E o STF? 
O STF, percebendo que havia vários recursos extraordinários tratando sobre o tema, decidiu reconhecer 
a existência de repercussão geral e adotar o rito do julgamento por amostragem, previsto nos arts. 1.036 
a 1.041, do CPC, acima explicados. 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
Além disso, o Min. Relator proferiu decisão determinando a suspensão nacional de todos os processos 
que envolvam discussão sobre expurgos inflacionários dos planos econômicos nos depósitos judiciais. 
Tal decisão foi proferida com base no art. 1.035, § 5º do CPC/2015: 
Art. 1.035 (...) 
§ 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a 
suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que 
versem sobre a questão e tramitem no território nacional. 
 
Em suma: 
Há repercussão geral da questão constitucional referente à inclusão dos expurgos inflacionários na 
correção monetária dos depósitos judiciais (Tema 1.016). 
Reconhecida a repercussão geral, o STF determinou a suspensão nacional de todos os processos que 
envolvam discussão sobre expurgos inflacionários dos planos econômicos nos depósitos judiciais. 
Tal decisão foi proferida com base no art. 1.035, § 5º do CPC/2015. 
STF. Plenário. RE 1141156 AgR/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 19/12/2019 (Info 964). 
 
Ao reconhecer a repercussão geral, o Ministro Relator, obrigatoriamente, tinha que determinar o 
sobrestamento de todos os processos? O comando do § 5º do art. 1.035 do CPC é obrigatório? 
NÃO. Conforme já explicado, a suspensão de processamento prevista no § 5º do art. 1.035 do CPC não 
consiste em consequência automática e necessária do reconhecimento da repercussão geral realizada 
com fulcro no “caput” do mesmo dispositivo, sendo da discricionariedade do relator do recurso 
extraordinário paradigma determiná-la ou modulá-la (STF. Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, 
julgado em 7/6/2017). 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA 
O contribuinte que, de forma contumaz e com dolo de apropriação, deixa de recolher o ICMS 
cobrado do adquirente da mercadoria ou serviço, incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei 8.137/90 
 
Importante!!! 
A conduta de não recolher ICMS em operações próprias ou em substituição tributária 
enquadra-se formalmente no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 (apropriação 
indébita tributária), desde que comprovado o dolo. 
O não repasse do ICMS recolhido pelo sujeito passivo da obrigação tributária, em qualquer 
hipótese, enquadra-se (formalmente) no tipo previsto art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, desde que 
comprovado o dolo. 
Em outras palavras, o tipo do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 não fica restrito apenas às hipóteses 
em que há substituição tributária. 
O que se criminaliza é o fato de o sujeito passivo se apropriar do dinheiro relativo ao imposto, 
devidamente recebido de terceiro, quer porque descontou do substituído tributário, quer 
porque cobrou do consumidor, não repassando aos cofres públicos. 
STJ. 3ª Seção. HC 399.109-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/08/2018 (Info 633). 
 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
O contribuinte que, de forma contumaz e com dolo de apropriação, deixa de recolher o ICMS 
cobrado do adquirente da mercadoria ou serviço, incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei nº 
8.137/90. 
O valor do ICMS cobrado do consumidor não integra o patrimônio do comerciante, o qual é 
mero depositário desse ingresso de caixa que, depois de devidamente compensado, deve ser 
recolhido aos cofres públicos. 
Vale ressaltar, contudo, que, para caracterizar o delito, é preciso comprovar a existência de 
intenção de praticar o ilícito (dolo). 
STF. Plenário. RHC 163334/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2019 (Info 964). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João é sócio-gerente de uma loja de confecções. 
Ele vendeu diversas roupas e, no preço, embutiu os custos que ele teria com o ICMS. 
Em outras palavras, ele realizou operações que configuramfato gerador de ICMS. 
O agente entregou a Guia de Informação e Apuração do ICMS (chamada de GIA) ao Fisco Estadual, mas 
não recolheu o tributo devido. 
Sobre o tema, vale lembrar a Súmula 436 do STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo 
débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco. 
Diante da ausência de pagamento, João foi cobrado pelo Fisco. 
Além disso, o Ministério Público denunciou o agente pela prática do crime previsto no art. 2º, II, da Lei nº 
8.137/90. 
A Lei nº 8.137/90 define os crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo. 
Os arts. 1º e 2º da Lei trazem os crimes praticados por particulares contra a ordem tributária. 
O art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 é conhecido pela doutrina e jurisprudência como “apropriação indébita 
tributária”. Veja: 
Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social 
e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: 
(...) 
Art. 2º Constitui crime da mesma natureza: 
(...) 
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou 
cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; 
(...) 
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 
Vale ressaltar que João vem praticando essa mesma conduta há pelo menos dois anos. 
 
A conduta de João, em tese, enquadra-se no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90? 
SIM. Antes de enfrentarmos a questão, vamos fazer uma breve revisão sobre este crime. 
 
Bem jurídico 
O bem jurídico protegido é a ordem tributária, ou seja, o interesse do Estado na arrecadação dos tributos. 
Alguns autores falam que o bem jurídico é o erário. 
 
Apropriação indébita 
O art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 é uma forma especial de apropriação indébita. 
É muito semelhante também com o delito de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP), sendo 
a principal diferença a seguinte: 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
Art. 168-A do CP Art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 
O agente deixa de repassar contribuições 
previdenciárias recolhidas dos contribuintes. 
O agente deixa de repassar quaisquer outros 
tributos (que não contribuições previdenciárias) 
recolhidas dos contribuintes. 
 
Sujeito ativo 
O sujeito ativo do crime é o sujeito passivo da obrigação. 
Desse modo, o sujeito ativo do crime é aquele que ostenta a qualidade de sujeito passivo da obrigação 
tributária, conforme claramente descrito pelo art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90: “deixar de recolher (...) na 
qualidade de sujeito passivo da obrigação”. 
Um ponto interessante é que a lei, quando aponta o sujeito ativo do crime como sendo o passivo da 
obrigação tributária, o faz de maneira geral, isto é, não distingue o sujeito passivo direto do indireto da 
obrigação tributária. 
Logo, nada impede que o sujeito ativo deste crime possa ser: 
• o contribuinte (sujeito passivo direto da obrigação tributária); ou 
• o responsável tributário (sujeito passivo indireto da obrigação tributária). 
 
Assim, o termo “sujeito passivo de obrigação”, previsto no tipo penal, abrange o contribuinte e o 
responsável (substituição tributária). 
No caso do ICMS próprio (como no exemplo acima dado), o sujeito ativo do crime será o comerciante. 
 
Crime comum 
Doutrinariamente, é classificado como crime comum, considerando que não se exige qualidade especial 
do sujeito ativo (pode ser qualquer pessoa que tinha responsabilidade pelo recolhimento e não o fez 
dolosamente). 
 
Sujeito passivo 
Será a União, o Estado-membro ou o Município tributante. 
 
Objeto 
O objeto do delito é o valor do tributo. No caso, a quantia transferida pelo consumidor ao comerciante. 
 
Tipo objetivo 
Algumas vezes a legislação estabelece que a pessoa tem, como obrigação tributária acessória, que recolher 
o tributo ou a contribuição social devida por outra e depois repassar esse valor ao ente tributante. 
Ex1: o empregador, ao efetuar o pagamento do salário do empregado, deverá reter uma parcela desse 
rendimento e repassar tal valor à Receita Federal. 
Se a pessoa fizer o desconto e não recolher, no prazo legal, o valor do tributo ou da contribuição social 
para o Fisco, haverá a prática desse crime. 
 
Ex2: Rubens, sócio-gerente de uma sociedade comercial, deixou de recolher, de forma consciente, no 
prazo legal, o ICMS, referente aos meses de março e abril de 2002, escriturado nos livros fiscais e declarado 
à administração fazendária. Nessa situação, Rubens praticou, em tese, crime contra a ordem tributária 
(AGU CESPE 2003). 
 
Elemento subjetivo 
O delito exige, para sua configuração, que a conduta seja dolosa, consistente na consciência (ainda que 
potencial) de não recolher o valor do tributo. 
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Informativo 964-STF (05/02/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 24 
Vale ressaltar que a motivação não possui importância no campo da tipicidade, ou seja, é dispensável a 
existência de elemento subjetivo especial. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no Resp 1.477.691/DF, Rel. 
Ministro Nefi Cordeiro, DJe 28/10/2016. 
Não existe modalidade culposa. 
 
Não se exige clandestinidade 
O fato de o agente registrar, apurar e declarar em guia própria ou em livros fiscais o imposto devido não 
tem o condão de elidir (fazer desaparecer) o crime. Isso porque, para a configuração deste delito, não se 
exige clandestinidade (não se exige que seja feito às escondidas). 
 
O tipo penal criminaliza a mera conduta de dever o imposto? Trata-se de criminalização do mero 
inadimplemento? 
NÃO. A conduta reprovável criminalizada por este tipo penal não é “dever imposto”, e sim cobrá-lo de 
terceiro sem repassá-lo ao Fisco, apropriando-se do valor. 
Por essa razão, o STF entende que os crimes contra a ordem tributária são compatíveis com a Constituição 
Federal e não representam prisão por dívida (art. 5º, LXVII, da CF/88): 
Os crimes previstos na Lei nº 8.137/90 não violam o disposto no art. 5º, LXVII, da Constituição. 
STF. Plenário. ARE 999425 RG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 02/03/2017 (repercussão geral). 
 
O agente tinha a obrigação tributária de recolher o tributo ou contribuição 
A redação do tipo penal fala em deixar de recolher o “valor de tributo ou de contribuição social, 
descontado ou cobrado”. Isso significa que nem todo sujeito passivo de obrigação tributária que deixa de 
recolher tributo ou contribuição social responde pelo crime do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, mas somente 
aqueles que “descontam” ou “cobram” o tributo ou contribuição. 
 
Sentido das palavras “descontado” e “cobrado” 
O tipo penal fala que configura o crime deixar de recolher valor de tributo ou de contribuição social, 
“descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres 
públicos”. 
Conforme explica o Min. Rogerio Schietti Cruz (HC 399.109-SC), as palavras “descontado” e “cobrado” não 
estão empregadas aqui no sentido tributário. 
No Direito Tributário, o sujeito passivo nunca irá “cobrar” o tributo, sendo esta uma atividade do Fisco. O 
máximo que o sujeito passivo pode fazer é a retenção do tributo para, posteriormente, recolher ao Fisco, 
como ocorre na substituição tributária. 
De igual forma, o sujeito passivo não “desconta” tributos. Tecnicamente, para o Direito Tributário, 
descontar significa dar desconto, ou seja, conferir abatimento nos casos em que há o pagamento 
antecipado do crédito tributário (art. 158, parágrafo único, do CTN). 
Diante disso, devemos interpretar tais expressões para fins penais. Nessa linha de raciocínio, tem-se

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