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1 PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2 Princípios e Fundamentos da Nutrição Esportiva .................................................. 5 Origem dos Suplementos Alimentares.................................................................... 8 Classificação dos Suplementos Alimentares ......................................................... 9 Benefícios e Efeitos Adversos do Uso dos Suplementos Alimentares .............. 14 A importância dos alimentos em nossas atividades............................................ 16 Nutrição na Atividade Física .................................................................................. 17 A Nutrição Esportiva ............................................................................................... 17 Suplementação Alimentar ...................................................................................... 19 Nutrição Esportiva Para Crianças e Adolescentes............................................... 19 Benefícios da Nutrição Esportiva .......................................................................... 20 Atletas X Pessoas Fisicamente Ativas .................................................................. 20 Pirâmide Alimentar e Hipertrofia ............................................................................ 21 As Fontes de Energia ............................................................................................ 24 Princípios para o Planejamento Alimentar ............................................................ 27 Suplementos Alimentares ..................................................................................... 28 Cãibras Musculares ............................................................................................... 30 Nutrólogo x Nutricionista ...................................................................................... 31 Índice de Massa Corporal (IMC) ........................................................................... 32 Alimentos chave na dieta ....................................................................................... 35 A evolução do esporte e da nutrição esportiva .................................................... 37 Os alimentos funcionais no esporte ...................................................................... 39 4 Alimentação Esportiva Funcional & Nutracêuticos/ Suplementos Nutricionais e Naturais .................................................................................................................... 40 Substratos Energéticos e a Atividade Física ........................................................ 42 Suplementos versus Alimentos ............................................................................. 45 O futuro da nutrição esportiva ............................................................................... 47 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52 5 Princípios e Fundamentos da Nutrição Esportiva A procura pelo melhor condicionamento físico, estética e boa aparência tem levado cada vez mais as pessoas a praticar vários exercícios físicos, como também a utilização de recursos ergogênicos, como o uso dos suplementos alimentares, visando alcançar os objetivos propostos. O objetivo deste estudo foi avaliar as características do consumo de suplementos alimentares por praticantes de exercício físico em uma academia no Município de Moreno-Pe. Para isso, conduziu-se uma pesquisa do tipo transversal, descritiva, com abordagem quantitativa, com 17 indivíduos, praticantes de exercício físico e que consomem suplementos alimentares. Foram coletados dados relacionados ao tipo de exercício físicopraticado, horas semanais, objetivo, tipo de suplemento utilizado, frequência e objetivo do uso, satisfação, fontes de indicação e investimento financeiro em suplementos alimentares. A prevalência da amostra foi o sexo masculino, adultos, com nível de escolaridade superior, a maioria praticava exercício físico há mais de um ano, com horas de pratica de exercício físicos de 10 a 12 horas semanais. O tipo de exercício físico mais praticado foi a musculação, com o objetivo de ganhar/definir massa muscular. Os suplementos alimentares mais consumidos foram o Whey protein, seguido da creatina, sendo as fontes de indicação mais citada os amigos; o objetivo mais citado para o consumo dos suplementos foi ganho de massa muscular, sendo mais utilizado 4 a 6 vezes por semana. A maioria declarou-se satisfeitos com o uso destes produtos e o investimento médio, em geral, foi de R$101,00 a R$151,00 reais. Os achados deste estudo evidenciaram a necessidade de uma maior conscientização das pessoas, principalmente na prática esportiva, através de educação nutricional, visando melhorar o grau de informação sobre a ingestão 6 adequada de nutrientes, o uso de suplementos, e a valorização do profissional habilitado para tal prescrição, garantindo os objetivos esperados com o consumo e melhorias na saúde. A procura pelo melhor condicionamento físico, estética e boa aparência tem levado muitas pessoas à prática de várias modalidades de exercícios físicos em academias como também a busca de meios rápidos para alcançar os objetivos propostos (CHEFFER; BENETTI, 2016). Conforme as estimativas da Associação Brasileira de Academias (ACAD) cerca de 2,8 milhões de brasileiros são adeptos a prática de musculação em academias de ginástica. O que revela o desejo das pessoas com a promoção e melhoria da saúde de forma geral e a busca pelo aumento da massa muscular (NOGUEIRA, SOUZA et al. 2013). Nesta busca por melhoramento no corpo, muitas pessoas adotam os recursos denominados ergogênicos, compostos por suplementos alimentares e esteróides anabólicos androgênicos (NOGUEIRA, SOUZA et al. 2013). Conforme a Resolução do Conselho Federal de Nutrição, CFN nº380/2005, suplementos nutricionais são alimentos que servem para complementar, com calorias, e ou nutrientes a dieta diária de uma pessoa saudável, em casos onde sua ingestão, a partir da alimentação, seja insuficiente, ou quando a dieta requerer suplementação. Segundo a Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (2003), os suplementos alimentares devem ser prescritos pelos profissionais qualificados para tal, que são os médicos especialistas e nutricionistas, sendo que a suplementação alimentar deve ficar limitada aoscasos especiais. Os suplementos alimentares, em geral, são anunciados e oferecidos com intuito de melhorar algum aspecto do desempenho físico, principalmente, aumentar massa muscular, reduzir gordura corporal, aumentar a capacidade aeróbica, 7 estimular a recuperação, e/ou promover alguma característica que melhore o desempenho esportivo. Como também, para perda de peso, melhora da estética corporal, prevenção de doenças e retardo dos efeitos adversos do envelhecimento. (WILLIAMS, 2002; MAUGHAN; BURKE, 2004). Os consumidores muitas vezes não conhecem os ingredientes, a função e os possíveis riscos das reações adversas dos suplementos alimentares, gerando-se uma preocupação importante devido a disseminação destes produtos (HIRSCHBRUCH, 2008). Considerando o crescente uso de suplementos alimentares por praticantes de exercícios físicas em academias, sendo resultado muitas vezes de recomendações de colegas, treinadores, revistas e sites na internet, sem o devido acompanhamento nutricional; torna-se necessário avaliar as características do consumo dos suplementos alimentares por praticantes de atividade física, de forma a contribuir para o conhecimento e orientação sobre esta temática, servindo de subsídios para estudos futuros, bem como para o desenvolvimento de ações de educação em saúde. Desta forma, será realizado um estudo transversal, com o objetivo de avaliar as características do consumo de suplementos nutricionais por praticantes de exercício físico em uma academia no Município de Moreno-Pe. 8 Origem dos Suplementos Alimentares A preocupação do Homem pela estética e a alimentação diferenciada tiveram sua origem na antiguidade, quando atletas gregos se preparavam diariamente para as competições da época, a fim de vencerem os jogos olímpicos (APPLEGATE; GRIVETTl, 1997; GRANDJEAN, 1997). A origem do uso de suplementos alimentares incidiu desde a antiguidade, quando atletas e soldados eram orientados a consumir partes específicas de animais, para obter bravura, habilidade, velocidade ou força, imitando as características desses animais (APPLEGATE; GRIVETT,1997). A alimentação diferenciada para melhorar o desempenho são relatadas desde 400 a.C a 500 a.C, quando os atletas e guerreiros ingeriam fígado de veado e coração de leões (APPLEGATE; GRIVETT,1997). A dieta dos atletas gregos e romanos era vegetariana composta por vegetais, legumes, frutas, cereais e vinho diluído em agua. Há relatos da introdução de carne a esta dieta para aumentar o desempenho dos atletas de elite, um exemplo é Milo de Cróton, renomado e vitorioso lutador grego, um dos primeiros atletas que tem registros do cuidado com a alimentação, este chegou a consumir até 9kg de carne, 9kg de pão e 8,5L de vinho por dia, nos Jogos Olímpicos da Antiguidade (APPLEGATE; GRIVETT,1997; GRANDJEAN,1997). Desde o Renascimento, com a redescoberta da arte clássica, idealiza-se a tradição de tomar a escultura grega como o ideal de corpo masculino. Desde então, a escolha da academia, a preocupação com a aparência, o exercício do corpo e o seguimento de dieta adequada são bons e velhos hábitos herdados. da Grécia antiga e almejados por muitas pessoas (GOLDHILL, 2007). A histórica procura do homem em melhorar o desempenho esportivo por meio de alterações na alimentação e a suplementação de nutrientes específicos com a finalidade de 9 melhorar o desempenho físico humano deu origem a nutrição ergogênica, palavra de origem grega ergo (trabalho) e gen (produção de) tendo comumente o significado de melhora do potencial para produção de trabalho (BUCCI, 2002; MCARDLE,1999; TIRAPEGUI e CASTRO 2005). Desde então, o desempenho esportivo por meio de alterações dietéticas e a procura pelo conhecimento da fisiologia e da nutrição humana foi enormemente incrementado. Sendo nutrição esportiva uma área que envolve a aplicação de princípios nutricionais visando aprimorar o desempenho esportivo (WILLIAMS, 2002). Classificação dos Suplementos Alimentares Segundo a portaria do Ministério da Saúde, n° 222 de 24 de Março, de 1998, os suplementos alimentares são classificados em repositores hidroeletrolíticos para praticantes de atividade física, repositores energéticos para atletas, alimentos proteicos para atletas, alimentos compensadores para praticantes de atividade física, aminoácidos de cadeia ramificada para atletas (ou BCAA), outros alimentos com fins específicos para praticantes de atividade física. Estes produtos especialmente formulados e elaborados para praticantes de atividade física podem ser apresentados sob a forma de: tabletes, drágeas, cápsulas, pós-granulados, pastilhas mastigáveis, líquidos, preparações semissólidas e suspensões (BRASIL, 1998). 10 Repositores hidroeletrolíticos para praticantes de atividade física São produtos formulados a partir de concentração variada de eletrólitos, associada a concentrações variadas de carboidratos, com o objetivo de reposição hídrica e eletrolítica decorrente da prática de atividade física. (BRASIL, 1988). A concentração do eletrólito sódio deve está entre 460 e 1150 mg/l, devendo ser utilizados sais inorgânicos para fins alimentícios como fonte de sódio; e a de potássio , deve está em até 700 mg/l (BRASIL, 2010). Eles podem ser classificados em: soluções isotônicas ou hipotônicas, sendo diferenciados pela osmolaridade do produto pronto para consumo, bebidas com valor de osmolaridade entre 270 e 330 mOsm/kg de água são denominadas isotônicas e aquelas de valor < 270 mOsm/kg água hipotônicas (BRASIL, 2010). Segundo a resolução RDC nº 18, de 27 de abril de 2010 da ANVISA os suplementos hidroeletrolíticos para atletas devem seguir alguns requisitos, como: os carboidratos podem constituir até 8% (m/v) do produto pronto para o consumo; o 13 produto pode ser adicionado de vitaminas e minerais; o produto não pode ser adicionado de fibras alimentares entre outras especificações (BRASIL, 2010). Repositores energéticos para atletas Esse tipo de suplemento é constituído principalmente de carboidrato, e visa aumentar o desempenho do atleta retardando a ocorrência de fadiga pela manutenção da glicose sanguínea (CASTRO; SCHERER; GODOY, 2006). Esses suplementos devem conter no mínimo 75% do valor energético total oriundo do carboidrato, podendo ser adicionado de vitaminas e minerais, lipídios, proteínas 11 intactas e ou parcialmente hidrolisadas, não sendo permitido a adição de fibras alimentares e de não nutrientes (BRASIL, 2010). Alimentos proteicos para atletas São produtos constituídos predominantemente por proteína, no mínimo 50% do valor energético total, formulados com o intuito de aumentar a ingestão ou complementar a dieta de atletas, cujas necessidades protéicas não estejam sendo satisfatoriamente supridas pelas fontes alimentares habituais. Os suplementos proteicos podem ser adicionados de vitaminas e minerais, e não podem ser acrescido fibras alimentares e não nutrientes (BRASIL, 2010). São exemplos de suplementos protéicos: Whey Protein®, Albumina Pura®, Sport Amino®, Myoplex®, Amino Fluid 35.800®, WP3® e Amino 2222® (BIESEK; ALVES; GUERRA, 2005). A proteína é um dos suplementos alimentares mais conhecidos dentre os praticantes de atividades físicas. Ela têm a função de aumentar o balanço nitrogenado diário, a ressíntese de ATP depois da atividade física, evitar a anemia esportiva por meio do aumento da síntese de hemoglobina, mioglobulina e enzima oxidativas durante o exercido aeróbio, melhorar a recuperação tecidual e a resposta imunitária do organismo, dentre outros fatores (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, DIETITIANS OF CANADA, 2007). A suplementação proteica é utilizada com o objetivo de hipertrofia muscular, que é o aumento na secção transversa do músculo, significando aumento do tamanho enúmero de filamentos de actina e miosina e adição de sarcômeros dentro das fibras musculares já existentes (UCHIDA et al., 2004). 12 Alimentos compensadores para praticantes de atividade física São produtos utilizados para substituição parcial de refeições, empregados para adequação de nutrientes da dieta de atletas. Os suplementos devem fornecer, no mínimo 300kcal por porção, devendo conter 50-70% do valor energético total do produto pronto para consumo de carboidrato, 13-20% de proteínas e no máximo 30% do valor energético total do produto pronto de lipídios, sendo que os teores de gorduras saturadas e gorduras trans não podem ultrapassar 10% e 1% do valor energético total, respectivamente (BRASIL, 2010). Aminoácidos de cadeia ramificada para atletas São produtos formulados a partir de concentrações variadas de aminoácidos de cadeia ramificada (valina, leucina e isoleucina), e tem como objetivo o fornecimento de energia para atletas, podem ser comercializados isolados ou combinados, contendo no mínimo 70% dos nutrientes energéticos da formulação, fornecendo na ingestão diária recomendada até 100% das necessidades diárias de cada aminoácido (BRASIL, 1998). Em humanos saudáveis, nove aminoácidos são considerados essenciais, devendo ser consumidos por meio da dieta, por não serem sintetizados endogenamente. Dentre esses aminoácidos, estão leucina, isoleucina e valina, aminoácidos de cadeia ramificada, que representam 35% de aminoácidos essenciais em proteínas musculares (ROGERO e TIRAPEGUI, 2008). Também chamado de BCAA, do inglês: Branched Chain Amino Acids, os aminoácidos de cadeia ramificada são encontrados em alimentos como a carne, ovos, leite, peixe e em alguns suplementos alimentares elaborados como a Whey Protein, aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA), Lleucine, podendo ser apresentados em forma de pó, 13 tabletes, cápsulas, líquido, etc (GONÇALVES, 2013). No cenário da nutrição esportiva, os aminoácidos de cadeia ramificada são utilizados por atletas com o objetivo promover anabolismo protéico muscular, atuar em relação à fadiga central, favorecer a secreção de insulina, melhorar a 15 imunocompetência, diminuir o grau de lesão muscular induzido pelo exercício físico e aumentar a performance (ROGERO, M. M.; TIRAPEGUI, J., 2008). Outros alimentos com fins específicos para praticantes de atividade física Estes produtos são formulados de forma variada e com finalidades metabólicas específicas para praticantes de atividade física. Estes suplementos podem conter vitaminas e minerais até o limite de 7,5% a 15% da DRI em 100 mL e de 15% a 30% da DRI em 100g, desde que o consumo diário não ultrapasse 100% da DRI em qualquer situação (BRASIL, 1998). Creatina O suplemento de creatina é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) por meio da Resolução RDC nº 18, de 27/04/20106, sendo este produto destinado a complementar os estoques endógenos de creatina (BRASIL, 2010). A creatina é um composto orgânico derivado dos aminoácidos L- arginina, Lmetionina e L-glicina, pode ser sintetizada no organismo através de rins, fígado ou pâncreas ou através da ingestão de alguns alimentos como peixes e carnes vermelhas (PEREIRA et al., 2009). Mais de 90% da creatina em humanos é encontrada na musculatura esquelética sendo a sua principal função fisiológica de fornecer energia rápida para esforços curtos e intensos, através da formação da 14 fosfocretina e da ressíntese da molécula de energia adenosina trifosfato (ATP) (LATTAVO et al., 2007; GUALANO et al., 2008). Deste modo a suplementação de creatina vem sendo utilizada por atletas como lutadores, nadadores, ciclistas, fisiculturistas e frequentadores de academias, com o objetivo de força máxima, explosiva e velocidade (CORRÊA, 2013). Benefícios e Efeitos Adversos do Uso dos Suplementos Alimentares Os suplementos alimentares são conhecidos por oferecer e produzir energia para o músculo, ajudar no aumentar o tecido muscular, minimizar os efeitos da fadiga, aumentar o alerta mental, reduzir a gordura corporal e por diminuir a produção e acelerar a remoção de metabólicos tóxicos do músculo (DANTAS, 2005). O uso de suplementos ricos em proteínas vem aumentando em grande proporção, para o aperfeiçoamento do corpo ou para melhorar alimentação, e até mesmo prevenir doenças relacionadas à deficiência proteica (RANG e DALE, 2011). O whey protein, por exemplo, proporciona um efeito de aumento na síntese protéica e redução da gordura corporal, despertando então interesse entre a população (HARAGUCHIL, ABREU e PAULA, 2006). As pesquisas realizadas no Brasil apontam que o uso de suplementos nutricionais, principalmente de origem proteica, dentre a população não atleta é expressiva, principalmente entre o público praticante de exercícios físicos em academias (HIRSCHBRUCH; FISBERG; MOCHIKUKI, 2008). A maior incidência no número de consumidores de suplementos alimentares são de praticantes de 15 musculação, devido os resultados advindo desta modalidade, como o desenvolvimento de força muscular, modelação corporal, fato este que se baseia na crença de melhora de performance e resultados estéticos (LOLLO e TAVARES, 2007). Porém o consumo de suplementos alimentares sem prescrição médica ou de nutricionista pode ser considerado problema de saúde pública. Estudos apontam o uso abusivo desses suplementos e drogas, com efeito ergogênico, em ambientes de prática de atividade física, principalmente entre usuários jovens incentivados pelo apelo do marketing e pela pressão da mídia por um corpo esteticamente inatingível no curto prazo, o que torna-os vulneráveis à orientação de colegas e treinadores, quase sempre despreparados (ARAÚJO; NAVARRO, 2008; HIRSCHBRUCH et al., 2008). A venda desses suplementos alimentares está em ascensão no mundo inteiro, inclusive no Brasil, e estes produtos aparecem mais rápido no mercado do que o surgimento de pesquisas científicas que comprovem seus efeitos e eficácia, embora estas sejam de fundamental importância (HISRSCHBRUCH et al., 2008). O uso abusivo de suplementos alimentares e drogas observados no Brasil, pode ser explicado pela falta de uma legislação rígida, que proíba a venda sem prescrição de um médico ou de um nutricionista especializado ou, ainda, por conta das indústrias que lançam no mercado cada vez mais produtos prometendo resultados imediatos (ARAÚJO; NAVARRO, 2008). O uso indiscriminado de suplementos alimentares e sem orientação de um profissional capacitado pode causar danos à saúde, como problemas hepáticos, sobrecarga renal, aumento da gordura corporal e desidratação (WAGNER, 2011). Portanto, é preciso estar ciente que a alimentação saudável e a adequação com outros nutrientes e suplementos, devem ser realizadas com orientação de profissionais capacitados, como os 16 nutricionistas e ou médicos especializados, onde leva-se em consideração o consumo calórico total e o tempo entre digestão e aproveitamento metabólico, a quantidade necessária de macronutrientes, ou seja, carboidratos, proteínas e lipídios, essenciais na manutenção ou melhora do desempenho esportivo e saúde do corpo humano em geral (ANDRADE apud CORRÊA e NAVARRO, 2014). A importância dos alimentos em nossas atividades Cada vez mais se torna necessário compreendermos o funcionamento do nosso corpo e tudo que podemos fazer para mantê-lo apto a participar de todas as atividades que realizamos diariamente. A relação entre o gasto energético e o consumo de calorias, através da nossa alimentação, é um fator indispensável para se sentir bem e viver mais saudável. Nessa unidade traremos uma noção básica para seguir uma dieta e ter uma alimentação saudável, avaliando o valor nutricional dos alimentos, calorias, quantidade de gordura e proteínas. Tudopara uma vida saudável em qualquer fase da vida. Além disso, veremos quando é utilizado o suplemento alimentar, que muitos confundem com os esteroides anabolizantes. Com certeza você verá que não são só os Egípcios que tinham as pirâmides como algo importante para sua sociedade, através do estudo da pirâmide alimentar e as fontes de energia. 17 Nutrição na Atividade Física A prática regular de atividade física traz muitos benefícios à saúde, entre eles, aumento do gasto energético, maior coordenação motora, melhora da capacidade cardiorespiratória, diminuição do estresse e redução do risco de doenças (hipertensão, obesidade, diabetes). Entretanto, para uma vida saudável, é necessário aliar o exercício físico a uma dieta balanceada, contendo alimentos de todos os grupos e nas quantidades adequadas. A alimentação desempenha um papel importante na atividade física, pois prepara o organismo para o esforço, fornecendo os nutrientes necessários que irão variar de acordo com o tipo de exercício e o objetivo que se pretende alcançar como, por exemplo, perda de peso ou ganho de massa muscular. A Nutrição Esportiva Nutrição esportiva é a área que aplica a base de conhecimentos em nutrição, fisiologia e bioquímica no esporte e atividade física. Os principais objetivos da nutrição esportiva são: promover saúde, melhorar o desempenho do atleta e otimizar a recuperação pós-exercício. Com a profissionalização das atividades físicas esportivas, a necessidade de se buscar novos recursos para melhorar a performance tornou-se fundamental na luta por resultados positivos no treinamento. Assim, a nutrição esportiva requer que o nutricionista tenha conhecimentos aprofundados sobre os aspectos fisiológicos de cada esporte praticado, pois o que determina o direcionamento do tipo de dieta e/ou suplementação nutricional dos atletas é a demanda fisiológica decorrente do esporte em questão. 18 Uma vez que existem diferenças significativas no tipo de substrato energético utilizado em cada atividade, devem ser observadas as valências físicas predominantes nos diferentes períodos de treinamento e por ocasião da competição. O profissional que orienta a alimentação de atletas, então, deve considerar cada uma das etapas do treinamento, assim como deve preocupar-se tanto com o controle do peso corporal, com a ingestão adequada de macro, micronutrientes e líquidos, quanto com a satisfação de aspectos sensoriais, cognitivos e psicológicos envolvidos com o estresse da modalidade. A manutenção da saúde, porém, deve estar acima de qualquer outro objetivo de performance. O profissional nutricionista que dá suporte ao atleta pela prescrição dietética e de suplementos não pode negligenciar a satisfação e o prazer em alimentar-se e privar o atleta de um adequado convívio social - essa prática deve ser altamente condenável. Para os atletas, então, deverão ser oferecidos todos os tipos de alimentos nas dietas, sem que eles deixem de consumir o que mais gostam. No entanto, deverá ser orientado o momento mais adequado para o consumo de alimentos considerados não saudáveis. 19 Suplementação Alimentar Por definição, suplementos nutricionais são alimentos que servem para complementar com calorias e ou nutrientes a dieta diária de uma pessoa saudável, nos casos em que sua ingestão, a partir da alimentação, seja insuficiente, ou quando a dieta requer suplementação (Resolução CFN n° 380/2005). A prática esportiva, muitas vezes, promove um estilo de vida que inviabiliza a ingestão alimentar adequada em quantidade e qualidade. Nesses casos e também nos casos em que a busca pela superação, desempenho e máxima performance competitiva estão presentes, a suplementação nutricional pode tomar lugar de destaque. Nutrição Esportiva Para Crianças e Adolescentes O atendimento nutricional de crianças e adolescentes atletas deve ser individualizado e incluir uma rigorosa avaliação física, antropométrica e nutricional. No primeiro caso, deve-se verificar se o crescimento e desenvolvimento estão adequados, considerando sexo, peso, idade e maturação sexual. Já no segundo, deve-se verificar possíveis hábitos desfavoráveis, ou inadequação no consumo de energia e nutrientes. Para a definição da intervenção dietética, deverão ser levadas em consideração todas as alterações metabólicas e fisiológicas desses indivíduos, bem como a frequência, intensidade e duração do treino esportivo. A dieta sugerida deverá garantir a quantidade de energia e nutrientes tanto para o crescimento normal como para as necessidades específicas do esporte. Sabe-se que o melhor desempenho atlético pode ser conseguido com a ingestão calórica e hidratação adequadas, bem como com atenção à frequência das refeições. O profissional que 20 acompanhar esse tipo de público deverá ser flexível, respeitando o fato de serem, além de atletas, crianças e adolescentes, com desejos e anseios próprios da idade. Benefícios da Nutrição Esportiva Aumentar desempenho atlético, maximizando os resultados do treinamento; Reduzir a fadiga; Aumentar depósitos de energia para competição; Diminuir as possibilidades de enfermidades capazes de reduzir os períodos de treinos ou encurtar a carreira do atleta, contribuindo para a manutenção da saúde; Ocasionar mudanças favoráveis da composição corporal conforme a necessidade: aumento de massa muscular, redução do percentual de gordura, perda de peso. A nutrição inadequada pode ocasionar perda de massa muscular, disfunção hormonal, osteopenia, maior incidência de fadiga crônica, lesões músculoesqueléticas e doenças infecciosas. Estes sinais e sintomas constituem também, algumas das principais características da síndrome do excesso de treinamento ou overtraining. Atletas X Pessoas Fisicamente Ativas É interessante diferenciarmos atletas de pessoas fisicamente ativas. Os primeiros são esportistas profissionais que se submetem em seus treinos diários a uma carga de exercícios bastante intensa e por conta disso tem seu metabolismo (conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos) e necessidades nutricionais completamente alterados e aumentados. Ao passo que pessoas fisicamente ativas são aquelas que buscam na 21 prática de atividades físicas, a promoção da saúde, a qualidade de vida e o bem estar. Os cuidados nutricionais com atletas devem ser não só de melhora da performance (desempenho) durante os treinos e provas, mas também de reposição das perdas de vários nutrientes que ocorrem durante os exercícios. Pessoas fisicamente ativas não podem ter como referência a alimentação de atletas profissionais. A alimentação nos dois casos, atletas e fisicamente ativos, é uma grande aliada, mas com estratégias e objetivos diferentes. A abordagem nutricional que segue, refere-se aos cuidados com a alimentação de pessoas fisicamente ativas. Os capítulos a seguir explicam qual a função de cada nutriente no desempenho físico, como deve ser a distribuição dos nutrientes na dieta, quando consumir cada um deles e aborda também um tema polêmico quando o assunto é atividade física - a suplementação. Pirâmide Alimentar e Hipertrofia Segundo a legislação vigente em nosso país, a "Pirâmide Alimentar é um instrumento, sob a forma gráfica, de orientação da população para uma alimentação mais saudável". Ela constitui um guia para uma alimentação saudável, onde você pode escolher os alimentos a consumir, dos quais pode obter todos os nutrientes necessários, e ao mesmo tempo, a quantidade certa de calorias para manter um peso adequado. A pirâmide possui 4 níveis com 8 grandes grupos de produtos, de acordo com a sua participação relativa no total de calorias de uma dieta saudável. Os alimentos 22 dispostosna base da pirâmide devem ter uma participação maior no total de calorias da sua alimentação, ao contrário dos alimentos dispostos no topo da pirâmide, que devem contribuir com a menor parte das calorias de toda a sua alimentação. Cada grupo de alimentos é fonte de nutrientes específicos e essenciais a uma boa manutenção do organismo. Para quem está preocupado com a definição e o aumento dos músculos (hipertrofia muscular) é importante saber que uma alimentação que fornece diariamente de 12 a 15% do valor calórico total em proteínas é suficiente para atender as necessidades de quem pratica atividade física com essa finalidade. Os resultados sobre o uso da suplementação com aminoácidos para o aumento de massa muscular assim como seus respectivos efeitos colaterais à longo prazo, são controversos. Por isso, uma alimentação equilibrada, planejada e individualizada que garanta a ingestão de porções adequadas de alimentos fontes de proteínas é o caminho mais saudável, além da prática de exercícios indicados para este fim e orientados por um profissional. É importante também não descuidar do consumo de carboidratos na quantidade e horários recomendados. Além de garantir a manutenção do tônus muscular, os carboidratos mantêm os depósitos de glicogênio muscular e hepático sempre repletos e preservam a utilização da proteína dos músculos como fonte de energia Grupos alimentares da pirâmide: Conheça os grupos alimentares que compõem a pirâmide alimentar: Alimentos energéticos: Os alimentos energéticos estão na base da pirâmide, é nela que estão os alimentos ricos em carboidratos como pães, massas, cereais e arroz. Por estarem 23 compreendidos no maior grupo de alimentos devem ser ingeridos em maiores quantidades durante o dia, pois são importantes fontes de energia. Mas não confundam essa propriedade com uma maior importância na alimentação já que todos os grupos que aqui vou citar são necessários e importantes para a saúde; cada grupo com uma quantidade diária recomendada para o bom funcionamento do organismo. Devem ser consumidas 6 porções diárias, ou seja, os alimentos energéticos devem estar presentes em todas as refeições do dia. Alimentos reguladores: Logo acima da base estão os alimentos reguladores que são representados pelos grupos das frutas, verduras e legumes. São assim chamados porque são fontes de vitaminas, minerais e fibras que ajudam na regulação de várias reações do nosso corpo. Neste grupo estão as frutas, legumes e verduras e seu consumo ideal são 3 porções diárias variadas de cada item. Alimentos construtores: No terceiro nível da pirâmide alimentar estão outros dois grupos de alimentos os quais fazem parte, em sua maioria, os de origem animal como leite e derivados, carne, frango e ovos. Além desses, estão nestes grupos os feijões, ervilhas e nozes. Todos esses alimentos são importantes fontes de proteínas e minerais. De acordo com pirâmide alimentar brasileira, devem ser consumidas 3 porções de leite e derivados e 1 porção dos demais alimentos. Alimentos energéticos extras: O topo da pirâmide é representado pelos alimentos que devem ser usados com moderação, pois além de calóricos podem levar à obesidade, doenças 24 cardiovasculares, diabetes entre outras enfermidades. Neste grupo estão os óleos, manteigas e margarinas, açúcares e doces. Uma alimentação saudável e equilibrada deve conter todos os grupos alimentares da pirâmide para garantir a ingestão adequada de nutrientes. As necessidades calóricas variam de acordo com as características individuais e estilo de vida de cada um, por isso, recomenda-se consultar um nutricionista para adequar as recomendações da pirâmide dentro de um plano alimentar personalizado. As Fontes de Energia A. Carboidratos A principal função dos carboidratos consiste em servir como combustível energético para o corpo. As reservas de energia provenientes dos carboidratos no organismo são as primeiras a serem solicitadas e podem ser esgotadas durante o exercício físico, que faz com que esses se tornem a principal necessidade alimentar dos atletas. O corpo armazena carboidratos em três lugares: fígado, músculo (glicogênio) e sangue (glicose). A alimentação tanto das pessoas sedentárias como daquelas praticantes de atividades físicas deve conter, em grande parte, alimentos que fornecem carboidratos, fontes de glicose, o principal combustível do nosso corpo. Cerca de 60 a 65% do total de calorias de uma alimentação saudável deve ser proveniente de alimentos ricos em carboidratos, a base da Pirâmide de Alimentos (pães, arroz, macarrão, batata). O organismo obtém sua glicose dos carboidratos nos alimentos, fragmentados pouco a pouco no intestino. Do intestino a glicose passa pelo sangue até o fígado, onde seu excesso é armazenado na forma de glicogênio, que é a primeira 25 e principal fonte de energia utilizada durante o exercício. Os estoques musculares e hepáticos de glicose são limitados e por isso é importante atentar para o consumo de carboidratos quando se pratica exercícios. Os carboidratos evitam que nossos músculos sejam digeridos para produção de energia, por isso se sua dieta for baixa em carboidratos, o corpo faz canibalismo muscular. De 2 a 3 horas antes das atividades físicas é importante fazer uma refeição basicamente com alimentos ricos em carboidratos ou um pequeno lanche, 1 hora antes. Após os exercícios os músculos têm "fome e sede" de carboidratos. Logo após as atividades físicas, o carboidrato é muito bem vindo, pois repõe os estoques de glicogênio, beneficiando assim a recuperação e a preparação dos músculos para atividades posteriores. B. Proteínas Lipídeos As proteínas são essenciais para manter a estrutura e o funcionamento do organismo. Para um atleta ganhar massa muscular magra é necessária uma dieta equilibrada, pois os carboidratos e as gorduras poupam as proteínas para suas funções de síntese e reparo dos tecidos. Elas fornecem energia quando os carboidratos e os lipídeos são insuficientes para satisfazer as necessidades energéticas. A ingestão de proteínas deve manter a mesma proporção máxima recomendada para indivíduos saudáveis e sedentários, ou seja, 12 a 15% em relação ao valor calórico total da alimentação diária. Os alimentos fontes de proteínas (leite, iogurtes, queijos, carnes, ovos, feijões, nozes) não devem ser consumidos muito próximos do início e término das atividades físicas, uma vez que têm uma digestão mais lenta e, com isso, provocam o desconforto gástrico. Alimentos ricos em proteínas devem ser consumidos distantes dos horários de atividade física e de forma fracionada, ou seja, em várias refeições ao longo do dia, 26 garantindo o melhor aproveitamento dos aminoácidos na manutenção e formação dos músculos. C. Lipídeos (Gordura) O consumo de gorduras deve ficar entre 20% e 25% do valor calórico total da alimentação diária, tanto para pessoas sedentárias como para indivíduos fisicamente ativos. Quando a prática de atividades físicas visa o emagrecimento e a manutenção do peso corporal, os resultados são mais rápidos se houver maior controle e restrição no consumo de gorduras pela alimentação. Assim como os alimentos fontes de proteínas, os alimentos que contém gorduras, por terem a digestão mais lenta, não devem ser consumidos próximos aos horários dos exercícios. D. Hidratação A ingestão de água e/ou água de coco, antes, durante e após as atividades é necessária para o bom desempenho físico, manutenção dos líquidos corporais e temperatura corporal. Somente a água e/ou água de coco é suficiente para repor a perda hídrica e de minerais em atividades leves e moderadas (caminhada, musculação, ginástica, hidroginástica, dança). A ingestão de bebidas isotônicas para a reposição rápida de água e sais minerais é indicada para atletasprofissionais que tem um treinamento intenso e frequente. O uso de carboidratos em gel ou soluções com algum tipo de carboidrato simples diluído seguem o mesmo critério. 27 Princípios para o Planejamento Alimentar 1. Princípio da Qualidade Devemos fazer escolhas alimentares que garantam todos os nutrientes necessários ao bom funcionamento do nosso organismo. Se aprendermos a fazer isso de forma prazerosa e divertida, com certeza, adotar hábitos alimentares saudáveis passará a ser um estilo de viver. Descobrir novos sabores e aromas, reeducar o paladar para saborear alimentos ricos em nutrientes e pobre em calorias e fazer da gastronomia saudável um hobby, podem ser formas agradáveis de terapia anti-estresse e anti-envelhecimento, tanto para homens como para mulheres. 2. Princípio da Quantidade Nossa alimentação deve fornecer alimentos ricos em nutrientes e na quantidade necessária ao bom funcionamento do nosso organismo, mantendo nossa saúde e prevenindo as doenças. "Viver para comer ou comer para viver?" 3. Princípio da Harmonia Nossas refeições devem ser compostas considerando o equilíbrio de alimentos e nutrientes. As escolhas alimentares devem estar focadas, primeiramente, no valor nutricional dos alimentos, antes mesmo que no seu valor calórico. A natureza é sábia! Escolhas alimentares com foco no valor nutritivo juntamente com técnicas culinárias saudáveis acabam dando como resultado refeições de baixo valor calórico. 28 4. Princípio da Adequação Uma alimentação saudável e balanceada leva em conta fatores como: peso corporal, altura, idade, sexo, atividade física, gasto energético, alergias alimentares, condições climáticas, preferências alimentares, disponibilidade de alimentos, poder aquisitivo, estilo de vida e outros. Nossa alimentação deve ser tão individual quanto nós somos! Suplementos Alimentares Em busca do "corpo perfeito", qualidade de vida, saúde e longevidade, muitas pessoas ficam em dúvida se precisam fazer uso, em seu dia a dia, de algum suplemento alimentar polivitamínico. De certa forma é o mesmo mecanismo que move as pessoas à adotarem as inúmeras "dietas milagrosas". Ou seja, transferência de responsabilidade com "soluções mágicas". Suplemento alimentar é Dzbombadz? O que são e para que servem os suplementos alimentares? Posso tomar suplementos? Essas são algumas das diversas dúvidas que norteiam a cabeça das pessoas quando o assunto é suplementação alimentar esportiva. Em primeiro lugar, suplemento não é Dzbombadz. Afinal o que é Dzbombadz? DzBombadz é o termo popular utilizado para se referir às drogas anabolizantes ilícitas, enquadradas nos recursos ergogênicos farmacológicos. Entende-se por recurso ergogênicos qualquer substância, processo ou procedimento que possa maximizar a performance e os resultados Drogas anabolizantes, em sua maioria, são compostos sintéticos de hormônios que imitam os produzidos pelo organismo humano, dentre os quais, podemos citar a testosterona e a GH 29 (hormônio do crescimento). Essas substâncias possuem um potente efeito anabólico, porém, o seu uso abusivo e indiscriminado pode provocar diversos efeitos nocivos à saúde. Já os suplementos alimentares são recursos ergogênicos nutricionais. Como o próprio os leva a crer, são substâncias derivadas de diversos nutrientes (carboidratos, proteínas, vitaminas, etc), encontradas nos alimentos que consumimos, ou até mesmo sintetizadas em laboratório. Porém, nesses produtos, os nutrientes se encontram isolados e em maior concentração. As pessoas consomem suplementos com intuito de acelerar e maximizar os efeitos do treinamento, como o aumento de massa muscular, emagrecimento, entre outros. Atletas competitivos e praticantes recreacionais de exercício físicos (não-atletas) focam, geralmente, o aumento da performance esportiva e a melhoria da saúde e do perfil estético, respectivamente. Para cada objetivo, o mercado dispõe de diversos suplementos específicos. Sendo assim, a suplementação não se encontra somente restrita a atletas. O uso dos mesmos é interessante partindo da concepção de que as necessidades básicas foram ofertadas através da alimentação e ainda assim o indivíduo necessita suprir sua necessidade extra, assim como acontece quando o gasto energético diário é muito elevado devido à alta intensidade dos treinamentos. É importante ressaltar que determinados suplementos, quando mal administrados, ao invés de proporcionarem efeitos ergogênicos, podem proporcionar efeitos contrários (diminuição da performance). E, outro ponto que deve ser levado em consideração é que o suplemento não substitui a refeição tradicional, sendo, portando, uma alimentação balanceada, requisito fundamental para a saúde e o sucesso. Tendo definidos os seus objetivos, consulte sempre 30 profissionais qualificados para uma orientação adequada. Cuidado com aquelas pessoas que se intitulam Dzexpertsdz, e que contam com a própria experiência para indicar produtos e não se baseiam em informações científicas. Não se iluda com as promessas mirabolantes. O sucesso não surge do dia para a noite, e é sempre fruto de muito trabalho. Cãibras Musculares Ao praticarmos atividades físicas intensas colocamos os nossos músculos em um trabalho forte e progressivamente extenuante. Como consequência, problemas musculares como as cãibras musculares podem surgir. A cãibra se caracteriza por espasmos intensos ou contração muscular involuntária e dolorosa transitória, definida por muitos como uma puxada no músculo seguida de uma dor muito forte. A agonia parece ser proporcional ao número total de unidades ativas, ou seja, quanto maior for a massa muscular envolvida, maior será a dor. Ela não é uma consequência desencadeada apenas pela atividade física. Pode aparecer também em gestantes, em dias frios, em músculos desaquecidos ou contraídos, em pessoas com problemas vasculares, em movimentos repetitivos no trabalho e até mesmo como efeito colateral de algum remédio. Existem diferentes teorias para explicar como e por que as cãibras musculares surgem. As causas podem ser os metabólicos tóxicos produzidos no organismo pela desidratação e perda de sais, ausência de vitaminas na dieta e fatores ambientais. A banana é um excelente alimento por conter nutrientes importantes que ajudam na contração muscular, mas não significa que a banana consumida durante a prática esportiva vai fornecer a quantidade suficiente de 31 potássio para combater a cãibra e sim uma alimentação antes a esse período rica nesse nutriente. Nutrólogo x Nutricionista O médico nutrólogo é um profissional formado em medicina com especialização em nutrição, sendo responsável pelo diagnóstico de doenças e com a propriedade de prescrever remédios para o tratamento, sendo a nutrologia uma especialidade médica aceita pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) desde 1972. Cabe ao médico nutrólogo o diagnóstico, prevenção e tratamento das doenças. Identificar o grupamento de alimentos importantes a serem ajustados e orientar seus pacientes assim como tratar a doença em questão com medicamentos ou suplementos vitamínicos específicos com doses individuais para cada caso. Já o nutricionista, é formado em Nutrição e verifica as deficiências ou excessos de nutrientes de cada paciente, tornando-se um profissional indispensável para os bons hábitos nutricionais. Ele não receita remédios, mas tem a função de auxiliar o indivíduo Ele vai elaborar um cardápio direcionado as necessidades do paciente. Se torna peça fundamental na dieta, orientação e manutenção nutricional individualizada. Substituindo alimentos dos grupamentos alimentares, motivando a introdução de novos alimentos e abrindo o horizonte para o paciente introduzindo novas opções e ideias nutricionais.32 Índice de Massa Corporal (IMC) O índice de massa corporal (IMC) é uma medida internacional usada para calcular se uma pessoa está no peso ideal, abaixo ou acima dele. Desenvolvido por Lambert Quételet no fim do século XIX, trata-se de um método fácil e rápido para a avaliação do nível de gordura de cada pessoa, sendo, por isso, um preditor internacional de obesidade adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Estar em um peso diferente do ideal para sua altura pode trazer alguns riscos. Ter um peso abaixo do recomendado pode ser causado por desnutrição, levando a estresse e fadiga em casos mais leves até insuficiência cardíaca nos casos mais graves. Sobrepeso também é um fator de risco. Estar um pouco acima do peso pode dificultar um pouco a circulação enquanto a obesidade pode trazer maiores riscos de diabetes, AVC e infarto. O IMC é determinado pela divisão da massa do indivíduo pelo quadrado de sua altura, em que a massa está em quilogramas e a altura em metros. Por exemplo, se uma pessoa tem 1,70m de altura e pesa 56 kg, a conta fica assim: Cada resultado do IMC deve ser avaliado por um profissional de saúde. Quem não estiver dentro do peso ideal deve adequar a alimentação e fazer exercícios para conseguir atingir o peso mais indicado para sua altura e idade. Quando se está abaixo do peso ideal deve-se aumentar o consumo de alimentos ricos em nutrientes para que o corpo tenha o necessário para se proteger de doenças. Já quem está acima do peso ideal deve consumir menos calorias e fazer algum tipo de atividade física para eliminar os estoques de gordura, que aumenta o risco de doenças cardíacas. Quem não estiver dentro do peso ideal deve adequar a alimentação e fazer exercícios para conseguir atingir o peso mais indicado para sua altura e idade. 33 Quando se está abaixo do peso ideal deve-se aumentar o consumo de alimentos ricos em nutrientes para que o corpo tenha o necessário para se proteger de doenças. Já quem está acima do peso ideal deve consumir menos calorias e fazer algum tipo de atividade física para eliminar os estoques de gordura, que aumenta o risco de doenças cardíacas. Quando não calcular o IMC Apesar do IMC ser muito utilizado para verificar se o indivíduo está acima do peso ou não, este método possui algumas falhas e, por isso, recomenda-se que além dele, utilize outros meios de diagnóstico para verificar se o indivíduo está realmente acima ou abaixo do peso ideal, como a medição da prega de gordura, por exemplo. Assim, o IMC não é o parâmetro ideal para se avaliar o peso ideal em: Atletas e pessoas muito musculosas: porque não leva em consideração o peso dos músculos. Nesse caso a medida do pescoço é uma melhor opção. Idosos: porque não leva em consideração a redução natural dos músculos nessas idades; Durante a gravidez: porque não leva em consideração o crescimento do bebê. Além disso ele é contraindicado em caso de desnutrição, ascite, edemas e em pacientes acamados. Um nutricionista poderá pessoalmente fazer todos os cálculos necessários para avaliar seu peso e o quanto precisa engordar ou emagrecer, levando em consideração o estado de saúde geral. Metabolismo e Metabolismo Basal Através do cálculo do seu IMC e da sua perda ou aumento de peso, é indispensável conhecer o seu metabolismo de base. Ele vai indicar-lhe o gasto energético do seu corpo em repouso. A gente ouve muito falar de comidas que aceleram o metabolismo, fulano que tem metabolismo lento, etc, etc… Mas o que é realmente o metabolismo? Na verdade, metabolismo compreende tudo o que acontece dentro do nosso corpo para manter e construir tecidos, produzir energia e garantir que fiquemos saudáveis. Já o 34 metabolismo basal refere-se apenas à quantidade básica ou mínima de energia que seu corpo precisa para sobreviver, quando você descansa. Não inclui energia adicional necessária para suportar qualquer atividade que você faça enquanto está acordado e em movimento. Pense no metabolismo basal como o número de calorias que seu corpo queima de energia, mesmo quando você está dormindo. Esta energia é usada para suportar tarefas que sustentam a vida, desde a respiração e o bombeamento de sangue até a manutenção da temperatura corporal. Seu corpo também precisa de energia constante para garantir que você tenha a quantidade certa de fluidos e substâncias essenciais para o metabolismo. Por exemplo, seus nervos e músculos não podem funcionar sem uma concentração específica de potássio e sódio. Monitorar e regular esses dois minerais é responsável por cerca de 20 a 40 por cento da energia utilizada, quando você está em repouso. O metabolismo basal varia de pessoa para pessoa, e muitos fatores influenciam nessa variação. Algumas pessoas têm uma maior taxa metabólica, graças aos seus genes; outras, que têm problemas na tireoide, podem ter uma taxa metabólica de 30 a 40 por cento mais lenta. Quem possui bastantes músculos queima três vezes mais calorias do que gordura, mesmo quando está dormindo. Então, a proporção de músculo para gordura muda sua taxa metabólica. E tem também a idade que é fator de diferença, porque o corpo perde massa muscular com o envelhecimento, o que retarda o metabolismo. Tendo o exemplo da imagem como base, podemos concluir, por exemplo, que um homem de 35 anos, com 1,75 de altura e 70 quilos possui uma taxa de metabolismo basal de aproximadamente 1.700 calorias por dia. Já uma mulher de 24 anos, 1,70 de altura e 70 quilos apresenta uma taxa de metabolismo basal de cerca de 1.530 calorias diárias. Esses 35 dados indicam que o homem que usamos para exemplificar a fórmula precisa consumir 1.700 calorias, diariamente, e a mulher deve ingerir 1.530 calorias. Alimentos chave na dieta Existem alguns alimentos tão saudáveis e tão essenciais que eu não poderia deixar de citá-los aqui. Eles podem ser usados em qualquer tipo de dieta (o que irá mudar é a quantidade indicada para cada objetivo) e, além de fornecerem energia, fornecem nutrientes como: antioxidantes, fibras, gorduras boas, carboidratos de baixo índice glicêmico e proteínas de alta qualidade. Consuma-os diariamente! 1. Leite desnatado: Quem deixa de tomar leite não imagina o benefício que está perdendo... Ele é rico em água, cálcio, proteínas de alta qualidade, vitamina A e D, fósforo, etc. Utilize pelo menos um copo grande de leite pela manhã e um à tarde e/ou noite. Acrescente também em seus lanches intermediários iogurte, queijos brancos e requeijão. Lembrando: infelizmente, a gordura do leite é a ruim (saturada), então troque os laticínios pelas versões desnatados/light. Além de hidratar ele fornece vários outros nutrientes! Só não é indicado para quem tem intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite de vaca. Nesses casos, a melhor solução é o leite de soja ou o de baixa lactose. 2. Banana: Quem nunca viu os frequentadores de academia ou atletas com uma banana na mão? Parece ser o alimento preferido deles! Não é à toa... A banana é uma fruta rica em carboidratos, vitaminas do complexo B e potássio. É ótima opção para um lanche rápido, pois é rica em energia, apesar de não ser muito calórica. Ficará mais rica ainda se misturada com algum cereal (aveia, granola, linhaça) e mel! Ótimo lanche pré-treino! 36 3. Peixes: Quem não gosta de peixes, é melhor procurar alguma preparação ou espécie que o agrade pelo menos um pouco, afinal, ele é uma carne riquíssima, que só possui boas características. Começando pelo fato de ser uma carne branca, leve e de fácil digestão. Sua gordura é boa (raridade entre os alimentos de origem animal!) e necessária ao organismo. A proteína do peixe é facilmente digerida e utilizada. Se você não consegue consumir porções de peixe pelo menos 3x/semana, faça uma suplementação com cápsulas de ômega 3 (óleo de peixe) – 2x/dia. 4. Mel: Apesarde ser calórico (1 colher de sopa tem quase 100 kcal), ele é altamente indicado para dietas cujo objetivo é o ganho de peso e rendimento. Fonte de carboidrato de alto índice glicêmico (e rico em vitaminas e minerais), o mel consegue fornecer um aporte de energia sem ser considerado um alimento com calorias vazias (como o açúcar branco, refrigerantes, etc.). Consuma-o em seus shakes, cereais, com frutas ou até mesmo passando no pão integral. 5. Aveia: Carboidrato de baixo índice glicêmico, ou seja, demora mais para virar glicose no sangue e evita acúmulo de gordura. A aveia é indispensável na mesa dos esportistas. Rica em energia, fibras, vitaminas e minerais, a aveia consegue enriquecer qualquer preparação e torná-la mais saudável como bolos, panquecas, omeletes, sopas, etc. Utilize no pré-treino ou antes de dormir para que a energia seja mais prolongada. 6 Índice Glicêmico: Os carboidratos ingeridos entram na corrente sanguínea com diferentes velocidades. O índice glicêmico nos mostra a velocidade com que cada alimento irá virar glicose sanguínea após serem ingeridos, comparado com a glicose pura ou pão branco. Quanto mais alto o índice glicêmico, maior será a secreção de insulina. Quando um indivíduo passa o dia todo consumindo alimentos de alto índice glicêmico, haverá picos de insulina a todo o momento, o que facilitará acúmulo de 37 gordura localizada. Como visto, antes do exercício, deve-se priorizar o consumo de carboidratos de médio a baixo índice glicêmico e após o exercício, alto índice glicêmico. A evolução do esporte e da nutrição esportiva Desde a época dos primatas o homem pratica atividade física, porém os exercícios evoluíram com o passar dos séculos. As primeiras atividades físicas praticadas pelo ser humano eram fugas de animais predadores e lutas por áreas praticamente inexistentes nos dias de hoje. Essas atividades deram início ao que hoje chamamos de esporte. Acredita-se que os gregos e os persas foram os pioneiros na prática esportiva. Os tempos mudaram, mas desde aquela época o ser humano vem se preocupando cada vez mais em ter uma boa qualidade de vida através dos exercícios físicos. A nutrição faz parte da vida dos atletas desde a Antigüidade. Alguns atletas tinham crenças e tabus e costumavam se alimentar de forma diferente antes das competições esportivas. Há relatos de 580 a.C. sobre atletas gregos que adotavam dietas especiais, porém nessa época ainda não existiam estudos científicos sobre a nutrição no esporte. Apenas recentemente é que se conheceu a importância da nutrição para a melhora do desempenho do atleta na prática esportiva. O primeiro estudo a esse respeito data de 1924/1925 e foi feito com atletas O rendimento dos atletas vem aumentando gradativamente e as últimas olimpíadas constituem um termômetro que demonstra o fato. Os sucessivos recordes alcançados por esportistas de todas as áreas mostram claramente maior preparo físico. Associada ao sucesso de talentosos atletas está a ciência, colaborando bastante para obter os louros da vitória. 38 A medicina esportiva contribui para o aumento do rendimento, orientando os atletas com procedimentos corretos para evitar desgastes e auxiliando na prevenção de problemas que, antigamente, deixavam esportistas valiosos fora das competições. Aliada aos avanços da medicina está a nutrição esportiva, que entra em campo com força total para que atletas possam extrair o máximo de suas potencialidades na prática de esportes e corredores, que participaram da Maratona de Boston. Esse estudo demonstrou a importância da ingestão de carboidratos durante exercícios prolongados. Nos anos 60, em pesquisas feitas sobre o glicogênio, foi descrita pela primeira vez a dieta da super compensação, que consistia, primeiro, na diminuição do conteúdo de carboidratos da dieta, seguida do aumento da sua ingestão, acompanhado de uma diminuição na intensidade dos treinos, a fim de otimizar os estoques de glicogênio muscular. O efeito desta prática era um aumento no tempo de resistência, sem que ocorresse a diminuição da intensidade na prova. Esse tipo de conduta nutricional foi usado com sucesso por muitos atletas e é utilizado até hoje por alguns competidores. A preocupação com a qualidade de vida tem se tornado assunto de destaque em todo o mundo. A prática regular de esportes acompanhada de uma alimentação adequada constitui o principal foco para alcançá-la, fazendo história nos consultórios, na vida das pessoas e, principalmente, no mundo dos esportes. 39 Os alimentos funcionais no esporte Atualmente, tem se disseminado muito a ideia de se utilizar “o alimento como medicamento”, contemplando dessa forma as lições de Hipócrates - o pai da medicina - proferidas há 2.500 anos atrás. Todo alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionais básicas, produz efeitos benéficos à saúde, é denominado alimento funcional, o qual tem sido amplamente divulgado, na atualidade, como promotor de saúde para pessoas em geral, inclusive esportistas. Alimentos com propriedades funcionais de importância significativa são aqueles que possuem ação antioxidante, ou seja, diminuem a produção de radicais livres decorrentes da prática esportiva, especialmente nas atividades de longa duração. Durante a prática esportiva ocorre um aumento de 10 a 20 vezes no consumo total de oxigênio do organismo e um aumento de 100 a 200 vezes na captação de oxigênio pelo tecido muscular, favorecendo a produção de radicais livres, o que contribui para a ocorrência de danos celulares, o que pode prejudicar o desempenho do atleta e ocasionar problemas à saúde. De maneira geral, os especialistas recomendam atender todas as necessidades de nutrientes essenciais, além de enriquecer a alimentação com fontes de alimentos funcionais. Isto pode ser obtido através de uma alimentação amplamente variada e com a inserção de alguns dos alimentos descritos na tabela a seguir. 40 Alimentação Esportiva Funcional & Nutracêuticos/ Suplementos Nutricionais e Naturais Albumina. A albumina é a proteína mais abundante em ovos; está presente também no músculo e no sangue. Comercialmente extraída da clara do ovo, a albumina é uma proteína de alto valor biológico (fornece todos os aminoácidos essenciais), sendo muito importante para atletas que desejam realizar uma dieta hiperprotéica. É facilmente digerida e absorvida, o que facilita a recuperação do organismo. Sua necessidade é discutível, pois não é necessário suplementar o organismo com proteínas isoladas, bastando escolher os alimentos de forma correta. Por conter grande quantidade de aminoácidos essenciais, é mais importante para recuperar desnutridos do que aumentar a massa muscular de atletas que já se alimentavam de forma correta. Não há uma dose geral. Cada caso deve ser estudado, mas a recomendação é de aproximadamente 1,5g/kg para o total de proteína da dieta, somandose suplementos e alimentos. Arginina, lisina e ornitina. São três aminoácidos encontrados em diversos alimentos. Ainda não há um consenso sobre a relevância de ingerir esses três aminoácidos sobre o organismo humano. Especula-se, ainda sem comprovação, que a associação desses três aminoácidos estimula a liberação de GH (hormônio do crescimento), porém mais pesquisas precisam ser realizadas. A dose recomendada é de 40mg a 170mg/kg de peso corporal para a melhor estimulação do hormônio do crescimento. 41 BCAA (Branched-Chain Amino Acids, em português aminoácidos de cadeia ramificada) - Leucina, valina e isoleucina. São aminoácidos abundantes em carnes e que têm a característica de serem essenciais ao organismo, ou seja, o corpo não os produz. Esses três aminoácidos passaram a atrair a atenção de pesquisas quando, na década de 80, formulouse a hipótese de que seu uso reduzas chances do triptofano plasmático chegar à barreira hematoencefálica, reduzindo a produção de serotonina no cérebro, de modo que os sintomas de fadiga relacionados ao exercício seriam reduzidos. Porém, o seu uso também pode estar associado à melhora dos processos anabólicos e anticatabólicos. Até o momento, o aspecto mais favorável ao seu uso é de prevenir em até 40% o risco de infecções no trato respiratório superior de triatletas. Com a ingestão de 5g a 10g/dia atinge-se seu efeito máximo. b-HMb ou β -hidroxi- β - metilbutirato. É um metabólito da leucina. Tem recebido o mérito de ser um importante anticatabólico, aumentando força e massa muscular com sua suplementação. Seus efeitos ainda estão sendo estudados, pois o b-HMb não tem apresentado influências positivas em atletas de alto nível de condicionamento. A dose recomendada é de 1,5g a 3g/dia durante 4 a 8 semanas. Bicarbonato de sódio. É um potente elemento tampão produzido pelo organismo. Durante atividade com predomínio da glicólise anaeróbia, o pH sangüíneo tende a reduzirse, prejudicando a performance. O propósito de ingerir tal substância 42 Substratos Energéticos e a Atividade Física A nutrição esportiva, apesar de ainda ser muito recente como ciência, tem se tornado cada dia mais independente como área de atuação do profissional nutricionista. O tema em questão não se resume apenas a utilização do carboidrato como principal fonte de energia ou a oxidação dos ácidos graxos nos exercícios de baixa intensidade, podendo ser cada vez mais específicas as necessidades de desempenho e composição corporal do esportista e do atleta. O termo esportista, neste contexto, se refere também ao indivíduo praticante de atividade física, uma vez que é comum a atuação do nutricionista em academias e consultórios, em busca de emagrecimento e qualidade de vida, e ainda de atletas com fins competitivos e objetivos de performance e melhora da composição corporal. A base da nutrição e fisiologia aplicada ao exercício é igual para ambos, porém os cuidados podem ser mais direcionados quando problemas comuns são encontrados nestes diferentes grupos. O fornecimento de energia acontece quando há uma demanda (solicitação) do músculo em contração. A energia do alimento não vem pronta para utilização, ou seja, passa por um processo de degradação através da digestão, sendo posteriormente armazenada em formas mais compactas. Os carboidratos, que são quebrados em moléculas de glicose, são armazenados no músculo e fígado em forma de glicogênio. A gordura é degradada em ácido graxo e glicerol e armazenada em forma de triglicérides, e os depósitos de proteínas encontram-se sob a forma de aminoácidos. O substrato energético utilizado durante o exercício dependerá do tipo, intensidade e duração da atividade física. Dependendo da modalidade esportiva, basicamente três sistemas de fornecimento de energia atuam para o desempenho do indivíduo: ATP-CP, sistema anaeróbio e sistema aeróbio. Quando o indivíduo passa de um estágio de repouso e dá início ao 43 exercício, o primeiro sistema de fornecimento imediato de energia é ativado para fornecer energia rápida ao músculo em atividade à sistema ATP-CP. A atividade pode durar segundos, como provas de curta duração e alta intensidade, corrida de 100 metros, provas de natação de 25 metros, levantamento de peso, sprints no futebol ou uma cortada no vôlei. Esta energia é proporcionada pelos fosfatos de alta energia (ATP e CP) armazenados dentro dos músculos específicos em atividade, portanto, a sua liberação acontece mais prontamente. O ATP é a principal fonte de energia para todos os processos do organismo, porém esta fonte de energia é limitada e deve ser continuamente reciclada dentro da célula. Esta ressíntese acontece a partir dos nutrientes e do composto creatina fosfato (CP). Os estoques de creatina fosfato são ressintetizados pelo músculo a partir de três aminoácidos: glicina, arginina e metionina (s-adenosil metionina), que pode ser encontrada tanto na forma livre, como creatina l, ou fosforilada, denominada fosfocreatina. À medida que o exercício continua, a via glicolítica - liberação de energia a partir dos carboidratos - é ativada. Existem dois estágios para a degradação da glicose no organismo. O primeiro é a decomposição de glicose para duas moléculas de ácido pirúvico, o qual é convertido em ácido láctico. Estas reações envolvem transferências de energia que não necessitam de oxigênio - denominadas anaeróbias. Ocorrem durante exercícios de alta intensidade e média duração (alguns minutos), como lutas, musculação, resistência localizada e de velocidade. De forma prática, o conhecimento da intensidade do exercício será relatada pela frequência cardíaca durante a sessão de treinamento. Por exemplo, uma aula de aeróbica em academia pode ser de alta intensidade para um aluno e baixa para outro melhor condicionado. No caso de intensidades altas, o principal substrato utilizado é o carboidrato, pela grande 44 liberação de glicose durante a atividade. O tempo de exercício é limitado pela oferta de glicogênio disponível. Neste caso, a suplementação com carboidratos é benéfica, podendo prolongar o tempo de atividade. Se o indivíduo mantém a intensidade do exercício moderada ou baixa com uma frequência cardíaca abaixo do limiar (onde a demanda de ácido lático é pequena), o ácido pirúvico é convertido em um componente chamado acetil CoA, que entrará no ciclo de Krebs, iniciando o sistema de fornecimento de energia aeróbia, como em atividades de resistência, maratonas, ciclismo, caminhadas e natação. Neste momento, a gordura também contribuirá para as necessidades energéticas do músculo. O ácido graxo livre entra na célula muscular, sofre uma transformação enzimática chamada ß-oxidação, e transformase em acetil CoA, que entrará no ciclo de Krebs. Este processo é denominado lipólise. Os depósitos de glicogênio hepático e muscular são capazes de fornecer apenas 1.200 a 2.000cal de energia, enquanto a gordura armazenada nas fibras musculares e células de gordura podem fornecer cerca de 70.000 a 75.000cal. Portanto, quando ocorre a utilização de ácidos graxos, o tempo de atividade tende a ser prolongado. Proporcionalmente, haverá maior utilização da gordura, entretanto, o carboidrato é necessário para dar início ao ciclo. Os exercícios aeróbicos, além dos benefícios cardiovasculares, potencializam a capacidade do músculo em utilizar a gordura como substrato energético, sendo uma forma de preservar o glicogênio muscular. A ingestão de gorduras não estimula o músculo a utilizar os ácidos graxos livres. Os fatores estimulantes para a lipólise são o exercício, a presença de oxigênio e um alto nível de catabolismo dos carboidratos. Os carboidratos e gorduras são os combustíveis preferenciais. Porém, as proteínas (formadas por aminoácidos), são transformadas nos intermediários do metabolismo, como piruvato ou acetil CoA, para entrar no processo de fornecimento 45 de energia. A energia total proveniente deste metabolismo protéico pode variar de 5% a 10%. Em casos de déficit de carboidratos, a demanda de proteína para atender as necessidades do músculo aumenta. Suplementos versus Alimentos Pesquisas recentes demonstram que muitos suplementos são utilizados tanto por atletas como pela população em geral, sendo que a prevalência do uso por atletas não é muito maior do que a de indivíduos não atletas. A suplementação pode superar a ingestão diária recomendada de diversos nutrientes e substâncias, muitas vezes com alguns efeitos desejáveis e outros colaterais. O mercado de suplementos nutricionais oferece uma série de produtos com funções específicas ao organismo. Os ergogênicos, por exemplo, são aqueles que podem promover aumento do desempenho físico além da capacidade fisiológica.Já os repositores, são aqueles utilizados em determinadas fases para garantir a reposição dos nutrientes perdidos por alguma situação específica. O consumo de suplementos muitas vezes é feito por indivíduos com baixo consumo alimentar, apenas corrigindo o déficit nutricional, o que pode ser alcançado tranquilamente através da alimentação. É fundamental que a suplementação seja indicada e acompanhada por um profissional qualificado, pois o efeito pode ser contrário ao esperado, trazendo consequências sérias e irreversíveis. Também é importante conhecer a composição e a indicação do produto e ter consciência de que todo suplemento deve ser fabricado dentro de certos padrões de qualidade para que sejam preservadas suas características e garantir sua eficácia e inocuidade. A fim de diminuir o risco de saúde no consumo de suplementos nutricionais com a 46 atividade física, o Ministério da Saúde regulamenta estes produtos de acordo com sua finalidade, dando assim uma característica de necessidade, consumo e, inclusive, estabelecendo quantidades. Os suplementos nutricionais são classificados como: Aminoácidos Deste grupo, todas as formas de aminoácidos isolados (partes de proteínas) estão excluídos da classificação de suplementação alimentar, sendo que apenas os BCAAs são permitidos como suplemento. Até o momento, o Ministério da Saúde entende que altas dosagens de aminoácidos não são seguras suficientes para o consumo generalizado. Compensadores Pós que enriquecem sucos ou leite e são formulados com todos os nutrientes necessários a uma dieta. Acrescentam calorias, proteína, carboidratos, vitaminas e minerais, de acordo com a necessidade calórica aumentada do esporte praticado. Repositores São bebidas esportivas com o objetivo de repor água, sais e carboidratos (glicose) de forma mais rápida, evitando a desidratação de uma atividade intensa e/ou longa ou, ainda, causada pela temperatura elevada do ambiente. Energéticos Especialmente desenvolvidos para repor ou fornecer energia aos treinamentos. São basicamente formulados à base de carboidratos e podem ser consumidos em pó (misturados em água) ou saches em gel. Aqui podem ainda ser consideradas as barras à base de cereais que fornecem basicamente carboidratos. 47 Proteicos Basicamente proteínas, em pó ou em forma de barras, produzidas a partir da proteína do ovo (albumina) do leite (caseína) ou isolados de soja. Sabendo sobre a função e a classificação destes produtos, todos os atletas e esportistas podem manter bom rendimento com mais segurança. Além disso, o uso adequado e orientado por profissionais especialistas (médico/ nutricionista) levam aos melhores resultados no controle de peso corporal, ganho de massa muscular e melhora no desempenho. O futuro da nutrição esportiva A indústria de nutrição esportiva continua crescendo a cada ano. Os produtos destinados a esse mercado não atendem mais apenas a frequentadores de academias e/ou atletas, mas abrangem agora um mercado mais amplo demograficamente. Nos últimos anos, o crescimento mais notável no mercado de nutrição esportiva se deu no segmento de bebidas enriquecidas com proteínas. Esses drinques prontos altamente proteicos suplantaram o uso, mais tradicional e antigo, de pós adicionados a leite, água, etc. Utilizando embalagens assépticas produzidos pela Tetra Pak, essas bebidas de baixa acidez estão crescendo rapidamente em popularidade no segmento de nutrição esportiva; o processo de empacotamento asséptico protege as composições de aminoácidos, ao contrário dos antigos processos enlatados, que danificam as proteínas e produziam off flavors. 48 As barras proteicas que conheceram um boom há dez anos atrás já atingiram o pico máximo de vendas nos países industrializados e agora já estão estagnantes. A estabilidade das proteínas nas barras sempre foi problemática e muitos formuladores passaram a usar polióis (maltitol, sorbitol) na composição das mesmas. Embora esses polióis melhorem a estabilidade das barras, costumam comprometer a estabilidade estomacal de seus consumidores! Ademais, o gosto das barras, embora tenha melhorado muito, continua sendo uma séria barreira na hora da repetição de compra. Já o mercado de perda de peso focou suas descobertas no corte de gorduras. As lignanas de gergelim, o ácido linoléico conjugado (CLA) e a fucoxantina, a mais recente descoberta, possuem, até certo ponto, comprovações científicas que podem ajudar os consumidores a perder peso de forma segura e efetiva, além de não possuírem estimulantes, tais como cafeína, yohimbe, efedrina etc. A fucoxantina, um carotenóide encontrado em algas comestíveis, possui fortes propriedades termogênicas e viscerais de redução de gorduras, acompanhando a taxa metabólica normal e contribuindo para a manutenção de um peso saudável. Através da estimulação do desacoplamento dos genes da proteína da mitocôndria das células de gorduras e suprimindo a diferenciação da célula e gordura, a fucoxantina promove a termogênese (aumento do calor do corpo com para queimar mais calorias) e suprime a acumulação de lipídios nas células de gordura branca, as quais se acumulam no fígado e ao redor da barriga. Já as lignanas de gergelim e o CLA trabalham para equilibrar os hormônios e promover a queima de lipídios. Antigamente, recorria-se a uma combinação prejudicial de efedra (efedrina), cafeína e aspirina para aumentar a termogênese e induzir a perda de peso. Em função do falecimento de alguns atletas que abusaram da efedrina, a mesma passou a ser proibida pela FDA que, só recentemente, voltou a autorizar o seu uso, porém 49 em baixas dosagens. Os pesquisadores descobriram um novo componente exclusivo, a beta-metoxi-feniletilamina, que tem resultado mais promissor, inclusive, do que a efedrina. Os cientistas examinaram a forma básica de beta-feniletilamina (conhecida como beta-PEA) durante anos, mas, desafortunadamente, a prevista vida média curta de seus componentes não a deixava, até agora, muito efetiva. Outra tecnologia que avança diariamente é a dos aminoácidos. Nos Estados Unidos, a empresa japonesa Kyowa Hakko desenvolveu o Sustamine, um dipeptídio dos dois aminoácidos L-alanina e L-glutamina, o L-analinaL-glutamina. O Sustamine é muito solúvel em água e estável em soluções, podendo assim ser utilizado para propiciar os benefícios da glutamina em uma grande variedade de aplicações. Já recebeu o estatuto de GRAS para uso em bebidas e alimentos. Comparado à L- glutamina, o Sustamine melhora o crescimento das células viáveis, além de reduzir o nível de amônia, que é um subproduto da degradação da L-glutamina. Estudos científicos sugerem que a suplementação de glutamina minimiza o desarranjo do tecido muscular e melhora o metabolismo das proteínas. Vários estudos também mostram o efeito da glutamina no volume das células. Um estudo mais recente mostrou um aumento de 400% no nível de crescimento hormonal com o consumo de 2g de L-glutamina. Outro aminoácido utilizado na área de nutrição esportiva é a β-alanina, um aminoácido não-essencial encontrado em muitos alimentos, como o frango, por exemplo. Por si só, a β-alanina não é muito ergogênica. Segundo estudos, quatro semanas de suplementação com β-alanina (4g a 6g por dia) resultou em um aumento médio de 64% do músculo esquelético. Os ingredientes proteicos também foram completamente revolucionados pela indústria esportiva. Durante anos, a indústria usou amplamente a proteína 50 concentrada de soro, mas os grandes fabricantes, como a Glanbia Nutritionals, por exemplo, descobriram que a fração isolada do soro possui múltiplos benefícios para a saúde, como melhoria do sistema imune e dos níveis de nitrogênio no fluxo sangüíneo, favorecendo um ótimo crescimento muscular. A Glanbia Nutritionals produz uma
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