Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Aula 5: SUS – Evolução histórica, diretrizes, proposta e financiamento 1. História do SUS a) Início do século XX · Início século XX: Tratamento por pagamento ou caridade · 1990-1923: República velha campanhas sanitária (época dominada pelas DIP como causa de morbimortalidade) = saúde nos termos “apagar o fogo” · 1923-1933: Lei Eloy Chaves criação das CAPs (caixas de aposentaria e pensões) – o berço da previdência social · 1933-1966: Era Vargas nesse período, ele juntou as CAPs para formar as IAPs (instituto de aposentadoria e pensões) – nesse período surgiram vários hospitais, próprios para cada trabalhador (Ex.: HFSE) · 1966: Ditadura militar juntou todas as IAPs e formaram o INPS e em seguida INAMPS Obs.: CAPs, IAPs, INPS, INAMPS = Só tinha direito a saúde quem pagava por ela, ou seja, a população trabalhadora em emprego formal e o foco era na CURA. Não existia um vínculo entre saúde e cidadania. b) Reforma sanitária · Final dos anos 70 · Momento CIVIL · Amplo apoio político · Traia a ideia de universalidade e integralidade · VIII Conferência Nacional de Saúde em 1986: teve participação popular – a ideia foi tão forte, de mudar a forma da saúde no Brasil, que o lema principal era “Saúde: direito de todos, dever do Estado” (berço inicial para a criação do SUS) c) Constituição de 1988 · “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado...”: grande rompante da forma de assistência à saúde no nosso país – saúde e cidadania agora andam juntos · Criação do SUS: modelo de SEGURIDADE SOCIAL 1- Modelos de atenção à saúde Seguridade Social Seguro Social Assistência social Grã-Bretanha Alemanha Estados Unidos · Modelo Beveridgiano · Cobertura universal · SUS · Financiamento é feito por todos: impostos · Estado oferta saúde · Modelo Bismarckiano · Financiamento é por empregados e empregadores · Era Vargas: IAPs · Ou proteção residual · Estado NÃO assume a saúde · Medicaid: aos mais pobres · Medicare: aos mais idosos 1.1 Leis Orgânicas de Saúde · Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990 · Lei 8.142 de 28 de Dezembro de 1990: lei complementar à lei 8.080 a) Lei 8.080 · Determinou os princípios do SUS · Éticos e doutrinários · Organizacionais e operativos 1- Princípios éticos e doutrinários · Universalidade: acesso em todos os níveis de assistência · Integralidade: atendimento em todas as necessidades = prevenção, cura e reabilitação · Equidade: atenção desigual para casos desiguais A lei 8.080 não citou o princípio de equidade, mas sim de igualdade = atendimento igual para todos, sem preconceitos ou privilégios. Isso foi corrigido depois, para equidade, garantindo a uniformidade do atendimento. 2- Princípios organizacionais e operativos · Descentralização: coordenação e cooperação entre todos os entes federativos, mas com direção única em cada esfera de governo e ênfase no município (o município está mais perto das pessoas, sabe o que está acontecendo naquela localidade) · Complementaridade do setor privado: mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos · Regionalização e hierarquização: ações e serviços de saúde organizadas em níveis de complexidade cresente · Participação social/participação da comunidade/controle social: como? Lei 8.142 através de Conselhos e Conferências de Saúde 3- Princípios do SUS menos conhecidos · II: Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde · V: Integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico · VII: capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência = resolubilidade 4- Atuação do SUS: mais importantes Saneamento básico Ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde Vigilância nutricional e orientação alimentar Proteção do meio ambiente e do trabalho Fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano Incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico Formulação e execução da política de sangue e seus derivados b) Lei 8.142 = Participação da comunidade e transferência intergovernamental de recursos financeiros. 1- Conselho de Saúde · Acontecem de forma mensal · Caráter permanente e deliberativo · Paritário: 50% usuário e 50% o resto – metade dos participantes são usuários e o resto são 25% profissionais da saúde, 12,5% de representantes do governo e 12,5% prestadores · Função: formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) terão representação no Conselho Nacional de Saúde 2- Conferência de Saúde · Acontecem a cada 4 anos · Caráter consultivo · Paritário: 50% usuário e 50% resto (idem) · Avaliam a situação de saúde e propõe as diretrizes para a formulação da politica de saúde: “conferem se está tudo bem” · Convocada pelo poder Executivo ou pelo Conselho de saúde Obs.: O Conselho de Saúde é o juiz do futebol, mas quem avalia a situação da saúde é o VAR. 1.2 Normas Operacionais Responsáveis pela organização do SUS, pela descentralização, municipalização e atenção básica. a) NOB 91 · Ainda centraliza a gestão do SUS no nível federal · Já inicia a ideia de municipalização defendida na Lei 8.080 · Cria a AIH (= autorização de internação hospitalar) e o SIA-SUS b) NOB 93 · Criação da transferência automática e regular · Fortalece a ideia de descentralização com MUNICIPALIZAÇÃO · Cria as Comissões Intergestores Bipartite (de âmbito estadual) e Tripartite (nacional) c) NOB 96 · Avanço na descentralização · Cria a PAB (piso de atenção básica) fixa e variável e a PPI (Programa Pactuada e Integrada) · Atenção básica e saúde da família ganharam força d) NOAS 2001 e 2002 (não cai muito em prova) · Ampliar a integralidade com regionalização · Institui o PDR e o PDI · PAB ampliado 1.3 Portaria no 399: Pacto pela Saúde 2006 a) Pacto em defesa do SUS = Defesa · Defesa do SUS · Reforça o SUS como política de Estado b) Pacto de Gestão do SUS = Organiza · Organiza o SUS · Estabelece as responsabilidades claras de cada ente federado · Cria a região de saúde c) Pacto pela vida = estabelece PRIORIDADES · Saúde do idoso: Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa · CA colo uterino e mama: redução dos óbitos · Mortalidade infantil e materna: reduzir estas mortalidades, principalmente por doenças diarreicas e pneumonia · Doenças emergentes e endêmicas: Hanseníase, dengue, malária, influenza e BK – “Handemika” · Promoção da saúde: Política Nacional de Promoção da Saúde · Atenção Básica à Saúde: consolidar e qualificar a ESF 1.4 Decreto no 7.508, de 28 de junho de 2011 Regulamenta a Lei 8.080 e organiza o SUS com uma nova dinâmica na organização e gestão compartilhada do sistema · Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde (COAP): como se fosse uma organização/acordo entre os 3 entes federativos (federal, estadual e municipal) para assinar o COAP aumentar a integralidade do sistema, ou seja, aumentar a resolução dos problemas das pessoas em todas as suas necessidades de maneira integral · Criação das Regiões de Saúde: grupo de municípios limítrofes (do mesmo estado ou não) com, no mínimo: MEDCURSO: Preventiva 19/08/2020 · · Atenção primária · Urgência e emergência · Atenção psicossocial · Atenção ambulatorial especializada e hospitalar · Vigilância em saúde · Portas de entrada: atenção primária // Atenção de urgência e emergência // atenção psicossocial // serviços especiais de acesso aberto · Comissões integestores · Mapa de saúde · Rede de atenção à saúde · Serviços especiais de acesso aberto · Protocolo clínico e diretriz terapêutica 1.5 Financiamento O financiamento é Tripartite = Municípios, Estados e União. Estados e municípios fazem o repasse de acordo com a Lei no 141. · Municípios: 15% de suas receitas · Estados: 12% de suas receitas · União: dinheiro dado no ano anterior + PIB / EC no 86: 15% de suas receitas / EC no 95 (repasse atual): repasse baseado no IPCA – ano anterior ajustado pela inflação (aplicações mínimas) 2. Atenção Básica a) Atributos da Atenção Primária · Bárbara Starfield: autora norte-americana 1- Atributos Essenciais (ou nucleares): os que mais aparecem em prova; são os essenciais para o funcionamento da atenção primária · Primeiro contato: porta de entrada (ou acesso) PRINCIPAL do SUS · Longitudinalidade: fonte continuada de atenção ao longo do tempo, garantindo um vínculo do usuário com a unidade de saúde · Integralidade: visão integral, incluindo TODAS as necessidades, inclusive assistência domiciliar · Coordenação: coordena o cuidado do usuário // Referência e Contrarreferência (ex.: encaminhamento do paciente para nível de assistência secundária ou até terciária, com retorno para atenção primária, que coordena o seu cuidado) 2- Atributos Derivados (menos importantes) · Centralidade na família: informações sobre outros familiares, visão integral da família, genograma (simbolização da família), ecomapa... · Orientação comunitária: avaliar problemas de saúde da comunidade, modificar e monitorar programas · Competência cultural: valorização da cultura local b) 4 princípios da MFC (medicina da família e comunidade) · O MFC é um clínico qualificado: é um especialista · A atuação da MFC é influenciada pela comunidade: situações de abandono de tratamento, drogadização, comunidade com muitos idosos, em área de risco · O MFC é um recurso de uma população definida: territorialização · A relação médico-paciente é fundamental para o desempenho do MFC: facilita a adesão, melhora o entendimento, aumenta a resolubilidade 2.1 Política Nacional de Atenção Básica: Portaria no 2436, de 21 de setembro de 2017 A PNAB tem na saúde da família sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da atenção básica. 8 pontos importantes · Atributos essenciais: porta de entrada / integralidade / longitudinalidade / coordenação do cuidado · Composição: médico, enfermeiro, técnico ou auxiliar de enfermagem e ACS – Obs.: médicos e enfermeiros preferencialmente especializados em saúde da família. Outros componentes: agentes de combate a endemias, dentista e técnico em saúde bucal · NASF-AB: Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica – não é porta de entrada; é uma equipe multiprofissional (psiquiatra, pediatra, veterinário, nutricionista), que apoia as equipes de saúde da família – em 2020 acabou o NASF, possíveis destinos para os profissionais do NASF: · Equipe de SF ou de AB · Continuar como NASF-AB no SCNES · Cadastrar na UBS sem vínculo · Adscrição/territorialização: área de atuação da equipe de saúde da família é chamada de território; adscrição é o cadastramento da população daquele território, sendo 2000-3500 pessoas, 750 por ACS. O território é fragmentado em microárea, onde ocorre a atuação dos agentes comunitários de saúde · Funcionamento: 40h para TODOS os profissionais, 5 dias na semana, 12 meses ao ano · Atribuições: comuns e específicas · Participar da territorialização · Cadastrar e manter atualizado o cadastro · Realizar o cuidado integral · Realizar ações de atenção à saúde · Acompanhar as famílias por meio de visitas · Médico: indicar internação, consulta clínica · Alta complexidade e baixa densidade: uma boa atenção básica resolve de 80-90% dos problemas pelo alto nível de conhecimento, mesmo possuindo uma baixa densidade tecnológica (ex.: não tem um aparelho de RM) · Princípios e Diretrizes · Princípios: são os mesmos do SUS · · Regionalização com hierarquização · Territorialização + adstrição · População adscrita · Cuidado centrado na pessoa · Resolutividade · Longitudinalidade · Coordenar o cuidado · Ordenar as redes · Participação da comunidade a) Programas que acabaram · Fim do PAB com portaria no 2.979, de 12 de novembro de 2019 por causa do Programa Previne Brasil · Passou a existir uma nova forma de financiamento da AB baseada em 3 pilares 1- Capitação ponderada: população cadastrada que define, considerando vulnerabilidade, perfil demográfico e classificação geográfica segundo o IBGE 2- Pagamento por desempenho · Proporção de gestantes com pelo menos 6 consultas pré-natal · Exame de sífilis e HIV em gestantes · Atendimento odontológico em gestantes · Preventivo · Vacina poliomielite inovada e de pentavalente · % de HAS com pressão arterial aferida a cada semestre · % de DM com solicitação de Hg glicada 3- Incentivo para ações estratégicas · Saúde na hora · Equipe de saúde bucal · Unidade odontológica móvel · Laboratório regional de prótese dentária · Equipe de consultório na rua · Programa saúde na escola · Programa academia da saúde 2.2 Prevenção de doenças na AB a) Pré-patogênico: a doença não existe · Atuação através da prevenção primária · Minimizar os fatores de risco para proteger os indivíduos quanto ao surgimento da doença · A atuação pode ser individual (proteção específica) ou coletiva (promoção de saúde) · Proteção específica: vacinação, uso de EPI, ácido fólico na gestante · Promoção de saúde: saneamento básico, lazer b) Patogênico: a doença já existe · Atuação através da prevenção secundária e prevenção terciária · Prevenção secundária é dividida em diagnóstico e tratamento precoces e limitação de incapacidade (ou prevenção de danos): rastreamento de doenças e tratamento precoce / evitar uma complicação, respectivamente · Prevenção terciária: evitar que uma complicação se torne uma sequela eterna: tratamento em quem já sofreu uma complicação, reabilitação, fisioterapia, terapia ocupacional, uso de prótese Obs.: Prevenção quaternária = evitar iatrogenia · Evitar a solicitação de exames desnecessários · Espera permitida · Primum non nocere = primeiro não fazer o mal 2.3 Genograma ou Familiograma É um heredograma, que representa a transmissão de dados e características entre os membros da família. Muito feito na atenção básica, para aumentar a resolubilidade de algum problema. · Foco no indivíduo doente: chamado de caso-índice · Tem que ter pelo menos 3 gerações: pode ter mais · Homem: representado pelo � · Mulher: caracterizada pelo 〇 · Avaliação com foco na unidade familiar · Relações: principalmente com o caso-índice · Idade: dentro do símbolo · Comorbidade: ao lado do símbolo · Nome: abaixo do símbolo O genograma é algo dinâmico, que vai sendo montado e modificado ao longo do tempo. (Legendas importantes do genograma: no caderno) 2.4 Ecomapa O foco do ecomapa é na unidade familiar e pode ter qualquer número de pessoas, inclusive de uma pessoa só. · Avaliação da família no ambiente em que vive · Relações · Troca de energia 2.5 Outros instrumentos da atenção básica a) APGAR familiar · Instrumento de avaliação destinado a refletir a satisfação de cada membro da família · A partir de um questionário pré-determinado (5 questoes com 0-2 pontos em cada): adaptação, participação, crescimento, afeição e resolução · As famílias são classificadas como funcionais, e moderadamente/gravemente disfuncionais b) FIRO · Fundamental Interperson Relations Orientation · Avalia apenas as relações interpessoais, como inclusão (interação associação), controle (poder) e intimidade (amor, afeto) c) Practice · Funciona como uma diretriz (ou roteiro) para avaliação do funcionamento das famílias · O instrumento é focado em um problema apresentado (ex.: um dos indivíduos é usuário de droga) · Problema apresentado, papéis e estrutura, afeto, comunicação, fase do ciclo de vida, doença na família, enfrentamento do estresse, meio ambiente, rede de apoio 2.6 Método clínico centrado na pessoa (prova) a) Explorando a doença e a experiência da pessoa com a doença · Entender os sentimentos, ideia, efeitos sobre a funcionalidade e expectativas da pessoa em relação a doença e o tratamento · O que a senhora acha que tem? O senhor acha que é isso mesmo? Como acredita que posso lhe ajudar? Qual a sua expectativa sobre o tratamento b) Entendendo a pessoa como um todo · Avaliar sua história de vida, aspectos pessoais fora da QP, família, comunidade, emprego c) Elaborando um projeto comum de manejo terapêutico · Problemas e prioridades · Objetivos do tratamento · Papéis da pessoa e do médico d) Incorporando a prevenção e a promoção de saúde · Melhoras da saúde, evitando e/ou reduzindo riscos, reduzindo complicações e) Fortalecendo a relação médico-pessoa · Exercendo a compaixão f) Sendo realista · Usando adequadamente os recursos, o tempo Alguns autores não consideram os pilares em negrito, então em alguma prova podem falar em 4 ou 5 pilares. 2.7 Método S.O.A.P. Método de documentação da consulta, também chamado de registro clínico orientado por problemas ou prontuário orientado por problemas. a) S = subjetivo · Motivo da consulta · Queixa, anamnese · Reclamações · Preocupações b) O = objetivo · Dados objetivos · Exame físico (ex.: presença de B4, dor abdominal à palpação...) · Exame complementar (ex.: hemoglobina glicada de 7%...) c) A = avaliação · Hipóteses diagnósticas · Se não chegarmos a uma hipótese: repete-se o SUBJETIVO d) P = plano · Proposta terapêutica 2.8 Escala de Coelho Savassi A escala avalia o nível de vulnerabilidade das famílias através de sentinelas de risco. 1 ponto 2 pontos 3 pontos Analfabetismo, indivíduo < 6 meses, indivíduo > 70 anos, HAS, DM Drogradição, desemprego, relação morador/cômodo = 1 Acamado, deficiência física, deficiência mental, baixas condições de saneamento, desnutrição grave, relação morador/cômodo > 1 · 0-4: sem risco · 5-6: R1 = risco menor · 7-8: R2 = risco médio · ≥ 9: R3 = risco máximo 3. Saúde e o Mundo · Declaração de Alma-Ata (ex-URSS) – 1978: Saúde para Todos no Ano 2000 · Carta de Ottawa (Canadá) – 1988: Promoção de Saúde nos Países Industrializados · Relatório de Flexner (EUA e Canadá) – 1910: responsável pela mais importante reforma das escolas médias de todos os tempos nos EUA, com profundas implicações para a formação médica e medicina mundial · Declaração de Astana (Cazaquistão) – 2018: enfatiza a cobertura universal em saúde (universal health coverage – UHC)
Compartilhar