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UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO CURSO DE EXTENSÃO E ATUALIZAÇÃO MÉDICA POLOS FERNANDÓPOLIS, JOSÉ BONIFÁCIO E PARANAÍBA PROF. DR. JOSÉ MARTINS PINTO NETO Fernandópolis, 22 de abr il de 2016 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) “O SUS deve ser entendido como um processo em construção permanente, que visa, em médio e longo prazos, a uma mudança do paradigma de atenção à saúde” (MENDES, 2012). Em relação a muitos assuntos, entre eles, sobre o SUS as pessoas, segundo Mendes (s/d) podem ter 3 “VISÕES DE MUNDO” , a saber: VISÃO INGÊNUA VISÃO TÉCNICA VISÃO POLÍTICA E A SUA VISÃO, QUAL É? A segunda pergunta é VOCÊ USA O SUS? OU JÁ USOU O SUS ALGUMA VEZ NA SUA VIDA?? Se você tem alguma dúvida de que também é usuário(a) usa o SUS, eu tentarei lhe convencer e vos digo que: Quando você vai a um restaurante, açougue ou supermercado fazer compras você está usando o SUS, pois para eles funcionarem terão que obter uma ALVARÁ de funcionamento que é um documento emitido, após inspeções “in loco”, por agentes de saúde que atuam na área da Vigilância Sanitária, que é parte integrante do Sistema de Vigilância à Saúde do SUS, Se você usa um preservativo masculino ou feminino para se proteger de uma gravidez indesejada ou como método (ainda que parcialmente seguro) de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis (DST), adquirido ou não na rede básica do SUS você também está usando o SUS, pois todo produto desta natureza precisa, para ser comercializado, de um controle de qualidade emitido pelo INMETRO, que um órgão vinculado ao SUS. Um casal ao escolher um hospital particular para o nascimento do seu filho – com tudo pago mesmo, em forma de desembolso direto – também estará usando o SUS, pois a criança no momento da alta somente poderá sair do hospital com um documento chamado Declaração de Nascidos Vivos que faz parte de um dos Sistemas de Informação de Saúde que é o SINASC (é um documento emitido pelo Ministério da Saúde). O mesmo ocorre quando morre alguém pois para que um atestado de óbito seja emitido é preciso preencher uma DO (Declaração de Óbito) que é somente o SUS que fornece aos hospitais. Se você ainda não concorda que também USA O SUS continue lendo minhas colocações abaixo: Quando o pessoal de agente de controle de vetores passa visita em sua residência para o controle o mosquito Aedes aegypti – transmissor do vírus da Dengue e Febre Amarela, Chikungunya e Zika vírus você também está usando os serviços do SUS; Quando você ler uma faixa colocada nas avenidas/ruas de sua cidade com uma mensagem do tipo “Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas pelo corpo que apresentam alteração da sensibilidade pode ser HANSENÍASE, procure uma unidade de saúde”, você está recebendo uma informação de saúde, no contexto da Educação em Saúde, parte fundamental do SUS. E, obviamente, quando você procura algum tipo de atendimento à saúde em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) – erroneamente chamada de “Postinhos de Saúde” – (MODELO TRADICIONAL OU NO MODELO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA), no Ambulatório de Especialidades Médicas (AME), em algum consórcio intermunicipal de saúde (tipo CISARF em Fernandópolis), no Centro de Atendimento às Doenças Infecciosas e Parasitárias (CADIP), em um Centro de Atendimento Psicossocial (CAPES), no Laboratório Regional do SUS, na Secretaria Municipal de Saúde, ou ainda ao ser resgatado pelo SAMU em um acidente você está usando o SUS. Assim como o estará usando ao freqüentar um serviço de hemodiálise que atendem quase 100% dos pacientes pelo SUS, além da Santa Casa que é uma instituição conveniada ao SUS e, que portanto, tem que atender mais de 60% dos pacientes pelo SUS para ter o certificado de FILANTROPIA e deixar de pagar vários impostos. Você sabia disto?? Ah! Você sabia também que somente o SUS fornece os medicamentos para o tratamento de doenças como a Influenza A (H1N1), Hanseníase, Tuberculose, Aids, Malária, entre outras doenças infecciosas ou parasitárias? E que estes medicamentos você não os encontram em farmácias e drogarias do país? Agora que eu espero ter lhe convencido de que você usa o SUS... VAMOS À AULA? O SUS é um produto de um Movimento Social e Político que surgiu em meados da década de 70, em plena vigência da Ditadura Militar. Esse movimento ficou conhecido como MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA que ao longo de vários anos lutou pela criação do SUS, devido à perversidade que era o sistema anterior (INPS/INAMPS). O ápice deste movimento aconteceu na famosa VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE (8ª CNS) que ocorreu, em Brasília, no mês de março de 1986, a qual é considerada um MARCO HISTÓRICO NA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA, pois nela foram discutidos, principalmente, sobre a necessidade da criação do SUS e o novo conceito ampliado de Saúde, que já estudamos na aula anterior. Lembram-se?? Então, oficialmente, nesta CNS o SUS foi PROPOSTO no RELATÓRIO FINAL. Esse movimento segundo Vasconcelos e Pasche (2006, p. 532) o movimento sanitário foi um processo político que mobilizou a sociedade brasileira para propor novas políticas e novos modelos de organização de sistema, serviços e práticas de saúde. Isto resultou na criação do SUS, que hoje é considerado o maior sistema de saúde pública do mundo, e, também, é reconhecido como um dos melhores – possui muitas fortalezas mas também possui muitas debilidades, dilemas e incertezas, que tangencialmente serão discutidas até o final desta aula. Na página da internet do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br) encontramos que: O Sistema Único de Saúde - SUS - foi criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelas Leis n.º 8080/90 e nº 8.142/90, Leis Orgânicas da Saúde, com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à Saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto. A saúde é considerada como um valor devido ao vínculo com a vida. Constitui-se um marco jurídico por ser um bem público e, dessa maneira, torna-se um direito de cada cidadão. Dessa forma, ela torna-se responsabilidade de toda a população e do Estado, ou seja, traduz-se em obrigação do poder público como também um dever de cada indivíduo (MARZIALE; MENDES, 1995). No Brasil, esse direito à saúde somente passou a existir a partir da Promulgação da atual Constituição Federal em outubro de 1988, que CRIOU o SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS), no Capítulo da Seguridade Social, Seção Saúde onde no seu artigo 196 diz que “A saúde é um direito de todos e um dever do Estado (...)”. Antes disto somente quem contribuía mensalmente para o INPS/INAMPS (criados em 1967 e 1977, respectivamente) tinha direito a assistência à saúde (ainda que precária e centrada, basicamente, no profissional médico). O SUS É CONSIDERADO UM SISTEMA ÚNICO DE SÁUDE PORQUE SEGUE OS MESMOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL E AGREGA OS DIVERSOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM UMA ÚNICA REDE. ELE É ALICERÇADO EM ONZE, SENDO QUE TRÊS DELES SÃO CHAMADOS DE NORTEADORES ou DOUTRINÁRIOS ou ainda como ÉTICOS E OITO SÃO DENOMINADOS DE ORGANIZACIONAIS, OS QUAIS EXPRESSAM COMO ELE DEVE FUNCIONAR NA PRÁTICA. TODOS ESSES PRINCÍPIOS BASEIAM-SE NOS PRECEITOS CONSTITUCIONAIS. TODOS OS PRINCÍPIOS DO SUS FORAM ORIGINADOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 05/10/1988 – CAPITULO DA SEGURIDADE SOCIAL , SEÇÃO II – DA SAÚDE, ARTIGO 196 A 200. ELES PODEM ESTAR EXPLICITOS OU IMPLÍCITOS NO TEXTO CONSTITUCIONAL. SEÇÃO II DA SAÚDE Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,proteção e recuperação. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III – participação da comunidade. Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm OS PRINCÍPIOS NORTEADORES/DOUTRINÁRIOS OU ÉTICOS OU ÉTICOS-POLÍTICOS OU FINALÍSTICOS SÃO: 1. UNIVERSALIDADE – Artigo 196 (Saúde é um direito de todos e um dever do Estado (...) acesso universal e igualitár io.... 2. EQUIDADE – Art. 196 3. INTEGRALIDADE – Art. 198 (“Atendimento integral”) E OS ORGANIZACIONAIS/ORGANIZATIVOS SÃO: 1. DESCENTRALIZAÇÃO COM COMANDO ÚNICO EM CADA ESFERA DE GOVERNO - Artigo 198 2. REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO - Artigo 198 3. REFERÊNCIA E CONTRA-REFERÊNCIA - Artigo 198 4. RESOLUTIVIDADE OU RESOLUBILIDADE - Artigo 198 5. PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE (POPULAÇÃO) - Ar tigo 198 e Lei Federal nº 8142 de 28 de dezembro de 1990 6. INTERSETORIALIDAE - Artigo 198 7. TRANSVERSALIDADE - Artigo 198 8. PARTICIPAÇÃO DO SETOR PRIVADO NA ÁREA DA SAÚDE DE FORMA COMPLEMENTAR AO SUS – Artigo 199 VAMOS ÀS DEFINIÇÕES E COMENTÁRIOS SOBRE CADA DELES AGORA? A – PRINCÍPIOS NORTEADORES/DOUTRINÁRIOS OU ÉTICOS OU ÉTICOS-POLÍTICOS OU FINALÍSTICOS: 1. UNIVERSALIDADE: todas as pessoas têm direito à saúde, aí entendida como a garantia do direito aos fatores determinantes e determinantes de saúde e do acesso aos serviços de saúde (COSTA; CARBONE, 2009). Esse direito deriva do já mencionado Artigo nº 196 da Constituição Federal de 1988 que diz “ a saúde é um direito de todos e um dever do Estado...”. Pela primeira vez na história do Brasil, uma Constituição (Carta Magna) reconhece a saúde como direito social. Acesso ou acessibilidade universal, significa, para todos – ricos, pobres, homens, mulheres, velhos e crianças, nordestinos e sulistas, negros e brancos, moradores das cidades e quilombolas, analfabetos e letrados, independementente da raça, etnia ou opção sexual (PAIM, 2009, p. 45). No entanto, a universalidade como ideal a ser perseguido, necessita de que muitas barreiras sejam derrubadas para que todas as pessoas possam usufruir dos serviços de saúde (COSTA; CARBONE, 2009). A universalidade hoje existente é chamada de excludente, pois existem milhares de brasileiros, principalmente, nas longínquas regiões da Amazônia e das grandes e médias cidades brasileiras que apresentam muitas dificuldades de acesso aos serviços de saúde (barreiras geográficas, econômicas, sócioculturais e educacionais). 2. EQUIDADE: Esse termo não é citado na Constituição Federal e nem em outras legislações federais como, a já mencionada, Lei nº 8080/90 que regulamenta o SUS. A Constituição e essa Lei citam a palavra Igualdade. Nelas encontramos a expressão “acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde”. Portanto, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. No entanto, no mundo, não existe um sistema de saúde capaz de “OFERECER TUDO PARA TODOS” os cidadãos, sempre haverá uma forma de discriminação positiva, ou seja, apesar da Constituição garantir o acesso a qualquer pessoa, em igualdade de condições, aos diferentes níveis de complexidade do sistema de saúde, isto nem sempre é possível; e o que vai determinar as ações a que o indivíduo terá direito são as prioridades epidemiológicas. O moderno conceito de equidade compreende a ideia de que as pessoas mais fragilizadas e as comunidades mais desprovidas de recursos (sejam eles financeiros ou não) necessitam receber cuidados especiais para obter adequadas condições de saúde (COSTA; CARBONE, 2009). É um princípio de justiça social porque busca diminuir desigualdades. Isto significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior (CUNHA; CUNHA, 2001). Sintetizando: em algumas situações o sistema de saúde deverá priorizar àqueles que tem menos – “oferecer mais para quem tem menos”. Ou, “oferecer mais para quem precisa mais”. Um exemplo disto é o que vai ocorre com a Campanha de Vacinação contra o vírus Influenza A (H1N1) causador da “Nova Gripe pandêmica” (inapropriadamente conhecida como Gripe Suína) que está programada para começar no mês de março de 2010. Vejam o porquê? O Brasil, segundo o IBGE (2010) possuia quase 191 milhões de habitantes e o país comprou apenas 83 milhões de doses da vacina. É óbvio, portanto, que menos da metade da população teve acesso a ela. Foram vacinados primeiramente os profissionais de saúde, as forças armadas, os indígenas, as gestantes, as crianças de seis meses a dois anos e os adultos jovens e idosos que possuem algumas patologias específicas. Isto deu o que falar!! 3. INTEGRALIDADE: esse princípio significa considerar a pessoa como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para isto, os serviços de saúde devem oferecer um conjunto de ações, incluindo as de promoção da saúde, a de prevenção de doenças e agravos, o tratamento (aqui compreendido: a suspeição diagnóstica, o diagnóstico propriamente dito e o tratamento: medicamentoso, cirúrgico, paliativo) e a reabilitação. Esse princípio também pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, como forma de assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos cidadãos. Lembram-se disto? Na aula anterior quando discutirmos que a Saúde não é de responsabilidade exclusiva do SETOR SAÚDE, mas sim uma prática INTERSETORIAL? Ou seja, o envolvimento de vários setores governamentais como o da agricultura, da habitação, do saneamento, do transporte, etc. Mais adiante discutirei sobre o Princípio da Intersetorialidade. B – PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS/ORGANIZATIVOS: Para organizar o SUS a partir dos princípios doutrinários apresentados acima existem algumas diretrizes que orientam esse processo. A Constituição Federal de 1988, no Capítulo da Seguridade Social, Seção II da Saúde, diz no seu Artigo nº 198 que as ações e serviços de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com algumas diretrizes. No entanto, apesar de serem denominadas de diretrizes elas também são conhecidas como princípios organizacionais, pois na verdade, trata-se de formas de concretizar o SUS na prática. 1. DESCENTRALIZAÇÃO COM COMANDO ÚNICO EM CADA ESFERA DE GOVERNO Descentralizar é redistribuir poder e responsabilidades entre os níveis de governo (federal, estadual e municipal). Na saúde, a descentralização tem como objetivo prestar serviços de melhor qualidade e garantir o controle e a fiscalização pelos cidadãos, pois quanto mais perto estiver a decisão, maior a chance de acerto (CUNHA; CUNHA, 2001). O SUS é de responsabilidade das três esferas de governo com atribuições definidas para cada uma delas na, já citada, Lei Federal nº 8080/90 (Lei Orgânica da Saúde). Em nível federal a autor idade sanitár ia do SUS é exercida pela União pelo Ministro da Saúde – Marcelo Castro, nos estados pelos secretár ios estaduais (em São Paulo ele se chama – David Uip, é médico infectologistada USP escolhido pelo Governador Geraldo José Rodr igues Alckmin Filho) e nos municípios pelos coordenadores, diretores ou secretár ios de saúde (em Fernandópolis a Secretár ia Municipal de Saúde é a Assistente Social – Lígia Barreto – escolhida pelo Prefeita Ana Bim). Ou seja, eles são o COMANDO ÚNICO do SUS, são também conhecidos como GESTORES do SUS. No SUS entre os três entes federados o MUNICÍPIO tem enorme responsabilidade para com a saúde da população, pois “antes de tudo” é nele que o povo mora. Esse processo do município assumir a responsabilidade primária da saúde da população de sua área geográfica é chamado de MUNICIPALIZAÇÃO, isto é uma forma de aproximar o cidadão das decisões do setor saúde e significa a responsabilização do município pela saúde de seus cidadãos. O município é responsável, principalmente, pela Gestão da ATENÇÃO BÁSICA ou Atenção Primária à Saúde que constitui o nível primário de Atenção à Saúde e em alguns casos também por ações e serviços de nível secundário como veremos adiante. 2. REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO: Esses princípios organizam o SUS na prática. O objetivo da regionalização é distribuir de forma mais racionalizada os recursos assistenciais no território, com base na distribuição da população, promovendo a integração das ações e das redes assistenciais, de forma que garanta acesso oportuno e resolução dos problemas das pessoas e da coletividade (VASCONCELOS; PASCHE, 536). A regionalização e a hierarquização de serviços significam que eles devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade, de acordo com uma determinada área geográfica na qual se conheça a clientela a ser atendida (CUNHA; CUNHA, 302). No Brasil os estados dividem os seus territórios em regiões geográficas de saúde e estas regiões são subdivididas em microregiões. Exemplo: o Estado de São Paulo está dividido em 17 Departamentos Regionais de Saúde e estes são subdivididos em microregiões São José do Rio Preto é a sede de uma dessas regiões de saúde onde encontra-se a sede do Departamento Regional de Saúde de (DRS XV) que abrange uma área geográfica de 101 municípios que vai do município de Santa Adélia até Rubinéia. Portanto, Fernandópolis é sede de uma microregião de 13 municípios (Estrela D’ Oeste, Guarani D’ Oeste, Indiaporã, Macedônia, Meridiano, Mira Estrela, Ouroeste, Pedranopolis, Populina, São João das Duas Pontes, São João de Iracema e Turmalina – que está vinculada a este Departamento Regional de Saúde. Assim como existem as microregiões de Santa Fé do Sul, Jales, Votuporanga, São José do Rio Preto e Catanduva cada uma delas com um determinado número de municípios – todos vinculados esta regional. Isto é importante para a organização dos serviços de saúde. Cada microrregião forma um COLEGIADO GESTOR REGIONAL DO SUS, constituído pelos Secretários Municipais de Saúde, os quais se reúnem, periodicamente, para discutir o planejamento, a organização e avaliação da política de saúde, por meio de indicadores de saúde e de gestão e dos problemas de saúde da população para encontrar soluções adequadas e oportunas. Como isto funciona na prática: um cidadão de Macedônia por pertencer a microregião de Fernandópolis ao precisar de um atendimento de maior complexidade em saúde como, por exemplo, uma internação hospitalar será encaminhado pela unidade de saúde do município para a Santa Casa de Fernandópolis e dependendo da necessidade este cidadão será transferido para outro hospital de maior complexidade, mediante a liberação de uma vaga pela Central de Vagas existente na Secretaria de Estado da Saúde em São Paulo - Capital, muito provavelmente ele será encaminhado para o Hospital de Base em Rio Preto ou em Catanduva que possuem hospitais mais especializados. Se necessário for também poderá ser encaminhado para outros hospitais especializados localizados em outros Departamentos Regionais de Saúde, como por exemplo, de Macedônia para o Hospital do Câncer em Barretos. A Hierarquização significa que os serviços de saúde devem ser organizados em níveis de complexidade em termos de densidade tecnológica crescente, de modo que se garanta o processo de referência e contra-referência (COSTA; CARBONE, 2009). No novo processo de Regionalização foram instituídas as Redes Regionais de Atenção à Saúde – RRAS em todo o Brasil, que atualmente possui um total de 438 regiões de Saúde. Vejam as RRSA do estado de São Paulo a RASS O Departamento Regional de Saúde XV de São José do Rio Preto e o Departamento Regional de Saúde II de Araçatuba deram origem a RRAS nº 12 totalizando 140 municípios (sendo 102 do DRS XV de São José do Rio Preto e 40 do DRS II de Araçatuba). Apesar da maioria dos autores apresentarem a hierarquização dos serviços apontando apenas três níveis de Atenção à Saúde, atualmente já se fala em 4 NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE, a saber: NÍVEL PRIMÁRIO – compreendem as Unidades Básicas de Saúde (UBS) - er roneamente chamadas de Postinhos de Saúde - e as Unidades de Saúde da Família (USF) onde se desenvolvem ações básicas de saúde, ou seja, as ações correspondentes à ATENÇÃO BÁSICA OU PRIMÁRIA DE SAÚDE. Estas unidades são consideradas como sendo as Por tas de Entrada do Sistema de Saúde. No Brasil existem, aproximadamente, 41 mil Unidades Básicas de Saúde (dados do MS em agosto de 2015), sendo que destas 39 mil foram avaliadas pelo governo por meio do Programa Nacional de Melhor ia do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), criado em 2011. No site http://dab.saude.gov.br/portaldab/cidadao_pmaq2.php encontramos que Foi implantado também o Programa de Requalificação das Unidades Básicas de Saúde (Requalifica UBS) que estabeleceu incentivo financeiro federal para construção, reforma e ampliação de unidades. Para subsidiar a elaboração deste programa foi realizado o Censo das UBS, que visitou 5.511 municípios brasileiros, nos quais avaliou- se a infraestrutura de 37.690 Unidades Básicas de Saúde com objetivo de levantar informações para melhorar os serviços da Atenção Básica. NÍVEL SECUNDÁRIO - compreendem os hospitais de pequeno e médio porte como, por exemplo, as Santas Casas, o Centro de Referência em Saúde, o Ambulatório de Especialidades Médicas (AME), as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), os Consórcios Intermunicipais de Saúde, Policlínicas, Laboratórios, Bancos de Sangue, etc. A Santa Casa de Misericórdia de Fernandópolis e um hospital de nível secundário, mas que possui alguns serviços que podem ser classificados como de nível terciário como a UTI, o Serviço de Hemodiálise, o IACOR. NÍVEL TERCIÁRIO – compreendem as Policlínicas especializadas, hospitais gerais de grande porte como o Hospital de Base de São José do Rio Preto. NÍVEL QUARTENÁRIO – compreendem os grandes Hospitais Universitários como o Hospital das Clínicas da USP em São Paulo e Ribeirão Preto, entre outros com alto grau de densidade tecnológica (aparelhagem e conhecimentos muito especializados) como o Hospital do Câncer de Barretos. Observação: Não há consenso na literatura quanto à classificação dos níveis de atenção à saúde. O Ministério da Saúde o classifica em três níveis: primário, secundário e terciário. Para conhecer a Classificação dos Hospitais em nível secundário, terciário verifique no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) pelo site http://cnes.datasus.gov.br / Esse Modelo de Atenção organizado em Níveis de Atenção à Saúde será, gradualmente, substituído pelo Modelo de Pontos de Atenção à Saúde organizado em REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE. No site http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php do Ministério da Saúde encontramos a seguinte definição de Redes: “As Redes de Atenção à Saúde (RRAS) são arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, dediferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado (Ministério da Saúde, 2010 – Portaria nº 4.279, de 30/12/2010). A implementação das RAS aponta para uma maior eficácia na produção de saúde, melhoria na eficiência da gestão do sistema de saúde no espaço regional, e contribui para o avanço do processo de efetivação do SUS. A transição entre o ideário de um sistema integrado de saúde conformado em redes e a sua concretização passam pela construção permanente nos territórios, que permita conhecer o real valor de uma proposta de inovação na organização e na gestão do sistema de saúde.” O melhor material sobre Redes de Atenção Sade foi produzido pelo mineiro EUGENIO VILAÇA MENDES renomado odontlogo estudioso de Polticas Pblica em Sade em nvel nacional e internacional. Referncia: MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2011. Disponível em http://www.conass.org.br/pdf/Redes_de_Atencao.pdf No site http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/29910 encontramos umaentrevista dele paraa FIOCRUZ onde ele diz que Então, para restabelecer a coerência entre a situação de saúde com transição demográfica acelerada e tripla carga de doenças com predomínio forte de doenças crônicas e um sistema integrado de saúde contínuo e pró-ativo, voltado equilibradamente para a atenção às condições agudas e crônicas, Vilaça propõe a implantação das redes de atenção à saúde (RASs), que são “arranjos organizativos de ações e serviços de saúde integrados por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão”, de acordo com conceito do Ministério da Saúde. Esse modelo virou lei através do Decreto 7.508, de 28/6/11, e da Portaria 4.279, de 30/12/10. A diferença entre o sistema fragmentado e as RASs é que o sujeito na Rede é um agente de saúde. As RASs são responsáveis por uma população definida; são organizadas de forma poliárquica (não há hierarquia); por um contínuo de atenção – primária, secundária e terciária –; de forma integral – ações de promoção da saúde e de prevenção, cura, cuidado, reabilitação ou paliação das doenças; coordenadas pela atenção primária à saúde; orientadas para a atenção às condições agudas e crônicas; focadas no enfrentamento sistêmico de condições de saúde ou doenças; organizadas pelas necessidades de saúde da população; e têm incentivos econômicos alinhados aos objetivos sanitários. "O objetivo final dos sistemas de atenção à saúde é gerar valor para a população e diminuir as iniquidades" A segunda parte da palestra do consultor tratou da Gestão da Clínica. Segundo Vilaça, o objetivo final dos sistemas de atenção à saúde é gerar valor para a população e diminuir as iniquidades. Esse valor expressa-se na relação entre a qualidade dos resultados econômicos, clínicos e humanísticos e os recursos utilizados no cuidado da saúde, explica Vilaça, e só pode ser obtido através de intervenções de promoção da saúde e de prevenção das condições de saúde, o que exige a implantação das RASs. Para alcançar esse objetivo é necessário o equilíbrio entre a gestão dos recursos (humanos, materiais e financeiros) e a gestão dos fins (clínica). A Gestão da Clínica tem origem em experiências internacionais: Atenção Gerenciada e Governança Clínica. O conjunto de tecnologias de microgestão da clínica baseia-se em diretrizes clínicas, que são recomendações sistemáticas com o propósito de influenciar decisões profissionais de saúde e das pessoas usuárias do sistema em situações clínicas específicas, com funções educacional, comunicacional, gerencial e legal. São dois tipos de diretrizes: as linhas-guias e os protocolos clínicos. As evidências apontadas pela experiência da Gestão da Clínica indicam que há melhoria da coordenação entre equipes, o que contribui para a redução das internações e das taxas de permanência, aumenta a satisfação dos usuários, diminui o uso de medicamentos e reduz o custo da atenção, entre outras melhorias. 3- REFERÊNCIA E CONTRA-REFERÊNCIA: Um cidadão para transitar de um nível de atenção a outro de maior complexidade em condições rotineiras (exceto urgências e emergências) precisa de um documento expedido por uma unidade de Atenção Básica (UBS/USF) chamado de GUIA DE ENCAMINHAMENTO, a qual é dividida em três partes: Identificação do Cidadão, Referência e Contra-referência que explicaremos a seguir. Um cidadão de Turmalina que pertence a microregião de Fernandópolis é consultado por um médico Clínico Geral da Unidade Saúde da Família que suspeita de um distúrbio endocrinológico. Este médico decide encaminhá-lo para um endocrinologista, pelo SUS, em Fernandópolis. Para que este cidadão possa ser consultado no CISARF (Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região de Fernandópolis) onde há médico dessa especialidade, ele deverá preencher uma parte da Guia de Encaminhamento chamada REFERÊNCIA. Esta consulta será agendada por telefone no CISARF. No dia da consulta este cidadão deverá levar a GUIA DE ENCAMINHAMENTO devidamente preenchida pelo médico quanto a alguns dados de sua identificação pessoal e o campo referente a Referência para o médico endocrinologista. Após o atendimento esse médico especialista deverá (deveria, é melhor) fazer um relatório – na parte da Guia chamada Contra-Referência - sobre sua consulta explicitando o seu diagnóstico e o tratamento para esse caso e devolver a Guia para o cidadão entregá-la na UBS que originou o caso. Isto se chama CONTRA-REFERÊNCIA Infelizmente podemos dizer que a Referência funciona relativamente bem; mas há problemas com a Contra-Referência , simplesmente porque muitos médicos não a preenche e/ou não a devolve para o cidadão entregá-la na unidade básica de saúde que gerou o encaminhamento para ser arquivada no prontuário e para que o médico de lá saiba o que o médico especialista diagnosticou e o que prescreveu como tratamento. Isso é uma das grandes dificuldades operacionais do SUS. È preciso que os gestores de saúde municipais (coordenadores, diretores ou secretários de saúde) e os gerentes das unidades de saúde que são referências em nível secundário de atenção tenham mais controle sobre o trabalho do profissional médico, para que esse princípio do SUS seja cumprido, como acontece nos AME onde os médicos são obrigados a preencherem essa parte da Guia de Encaminhamento. Outra situação, já encontrada, é que o médico até preencheu a Guia no Campo da Contra-Referência; no entanto, o cidadão não retorna na unidade de saúde que originou a guia para mostrar o resultado da consulta com o especialista para o Clínico Geral. A Referência e a Contra-Referência no SUS também pode ocorrer entre outros profissionais de saúde de nível superior não-médicos para um médico (uma enfermeira encaminhar um caso suspeito de hanseníase ou tuberculose para um médico); de profissional de nível superior para outro da mesma profissão (uma enfermeira de uma UBS pode encaminhar um cidadão com uma ferida para ser consultado com as enfermeiras especialista em feridas da Secretaria Municipal de Saúde de Fernandópolis), assim como de profissionais de saúde não-médicos para outro não- médico de outra profissão (um fisioterapeuta encaminhar um paciente para uma nutricionista fazer uma avaliação nutricional). Portanto, é possível existir referência e contra-referência entre um mesmo nível de atenção à saúde, como, por exemplo, de uma unidade de saúde de nível primário para outra. Mas essa prática é pouquíssimo utilizada pelos outros profissionais de saúde. E não podemos duvidar que muitos desses profissionais acreditam que a Guia de Encaminhamento seja privativa do Médico. 4- RESOLUTIVIDADEOU RESOLUBILIDADE Este princípio refere-se capacidade da unidade de saúde em resolver os problemas de saúde individuais e/ou coletivos de uma determinada comunidade. Na literatura encontra-se que uma Unidade Básica de Saúde (UBS) deve resolver em torno de 80 a 90% dos problemas de saúde dos cidadãos que atenderem. Já a Unidade Básica de Saúde que funciona no Modelo da Estratégia da Saúde da Família (UBS/ESF) deveria apresentar um grau de resolutividade maior de até 92% segundo o Prof. Dr. Eugênio Vilaça Mendes – Consultor da OPAS. Essa resolutividade é medida por meio de várias maneiras, como, por exemplo, pelo número de encaminhamentos gerados pelo médico da unidade de saúde (quanto mais encaminhamentos um médico gerar, pior será o grau de resolutividade dele). Para tal existem impressos para anotações de todas as consultas médicas e de outros profissionais de saúde de nível superior não-médicos, procedimentos técnicos, visitas domiciliárias, atividades de educação em saúde, entre outras ações que são desenvolvidas dentro e fora da unidade de saúde. Além disso existem muitos indicadores de saúde que são utilizados para medir o grau de eficiência das unidades de saúde integrantes da rede do SUS. Atenção: Na RESOLUÇÃO DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO MEC Nº 1, DE 25 DE MAIO DE 2015 Regulamenta os requisitos mínimos dos programas de residência médica em Medicina Geral de Família e Comunidade - R1 e R2 e dá outras providências. Art. 3º A Medicina Geral de Família e Comunidade é uma especialidade clínica cujo profissional é capaz de: I - identificar as doenças e enfermidades desde seus momentos iniciais, ainda com manifestações indiferenciadas e atípicas; II - manejar condições crônicas e estáveis, com momentos de agudização e problemas que configurem situações de urgência e emergência, com o objetivo de resolver pelo menos 80% dos problemas de saúde mais prevalentes; PORTANTO, NESSA RESOLUÇÃO CONSTA QUE O MÍNIMO DE RESOLUTIVIDADE OU RESOLUBILIDADEDE80%. 5 – PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE (também chamada de participação da população ou de Controle Social). Esse princípio assegurado no Artigo nº 198 da Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei Federal nº 8.142/90, ocorre mediante a participação dos segmentos sociais organizados nos Conselhos de Saúde e nas Conferências de Saúde. Estes conselhos e conferências de saúde ocorrem em nível local, municipal, estadual e nacional. Em todos os 5700 municípios brasileiros existe um Conselho Municipal de Saúde (em muitas deles existem os Conselhos Locais de Saúde em cada área geográfica de uma unidade de saúde). O Conselho Municipal de Saúde deverá ser sempre em número pares (composição paritária) assim distribuídos: 50% dos membros dos conselheiros são de usuários do SUS, 25% dos conselheiros de representantes dos profissionais de saúde ou não que atuam no SUS e 25% dos conselheiros são de representantes dos prestadores de serviços de saúde. Os Conselhos Municipais de Saúde são órgãos deliberativos, de caráter permanente, ou seja, é obrigatória a existência desse conselho para atuar na formulação de estratégias e no controle (fiscalização) da execução da política de saúde do município. Inclusive que gerencia a conta bancária do Fundo Municipal de Saúde são os tesoureiros desse Conselho e não a prefeitura (prefeito) como muitos pensam. Geralmente o mandato dos conselheiros é de dois anos. As formas de escolha dos seus representantes são variadas, desde a realização de eleições à indicação de segmentos sociais e instituições prestadoras de serviços de saúde públicas, filantrópicas e privadas conveniadas ao SUS. As Conferências de Saúde em todos os níveis ocorrem a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes (municipal,estadual, nacional). É muito importante você participar de um Conselho Municipal ou de uma Conferência Municipal de Saúde, pois é um espaço de discussão para você agir como cidadão e/ou defender os interesses de sua profissão. No decorrer desse ano de 2015 ocorreram as Conferências de Saúde em nível municipal, regional, estadual. No período de 1 a 4 de dezembro, em Brasília/DF, ocorreu a 15ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) cujo o Tema é: “Saúde pública de qualidade para cuidar bem das pessoas: direito do povo brasileiro”. No site http://conselho.saude.gov.br/web_15cns/docs/05mai15_Documento_Orientador_15CNS .pdf encontramos que essa temática da 15 CNS é “Uma temática que incorpora diferentes significados. Saúde pública como direito de cidadania, em contraposição à mercantilização e privatização. Saúde pública de qualidade, visando à superação das desigualdades, entre diferentes populações e regiões, à organização e à humanização nos serviços de saúde de modo a atender as necessidades dos usuários e ampliar o acesso. Cuidar bem das pessoas mediante a realização e a valorização do trabalho multiprofissional e interdisciplinar, a transformação das práticas de saúde, bem como a superação de iniquidades que afetam de forma diferenciada a população brasileira, a exemplo do racismo, sexismo e intolerância às diversidades; reafirmando, assim, a saúde como direito fundamental do povo brasileiro, pilar estruturante da cidadania e do desenvolvimento da nação.” Leia, com atenção, a repor tagem que extrai da Revista RADIS editada pela FIOCRUZ http://www6.ensp.fiocruz.br /radis/sites/default/files/radis_160_web.pdf Nº 160 EDITORIAL JAN | 2016 Etapa nacional reúne 4.600 par ticipantes, depois de envolver 1 milhão em plenár ias livres, municipais e estaduais Uma festa popular movimentou o auditório do Centro de Convenções Ulysses Guimarães no dia 1º de dezembro, na abertura da 15ª Conferência Nacional de Saúde, que teve por tema Saúde Pública de Qualidade para cuidar bem das Pessoas — Direito do Povo Brasileiro. Estavam ali cerca de 5 mil pessoas entre delegados usuários, gestores e trabalhadores de saúde de todas as regiões do Brasil, que levantaram bandeiras em defesa do SUS e da democracia. O que se viu em Brasília, muito mais que uma solenidade, foi uma manifestação das pessoas que fazem a Saúde, com muitos aplausos, gritos de apoio, vaias e apresentações culturais que levantaram o auditório e os integrantes da mesa — parlamentares, ex-ministros da Saúde, governadores, representantes de organizações internacionais e de conselhos nacionais e convidados internacionais de nove países da América Latina. 1 MILHÃO EM DEFESA DO SUS O vídeo do Conselho Nacional de Saúde (CNS) deu a medida da trajetória que culminou na 15ª: foram marchas e atos nacionais em defesa do SUS, conferências livres, plenárias e simpósios. Então presidenta do CNS e coordenadora-geral da conferência, Maria do Socorro de Souza dimensionou o tamanho da participação: 4.706 conferências municipais, cobrindo 85% do território nacional, 26 conferências estaduais e do Distrito Federal, que mobilizaram 985 mil pessoas. Maria do Socorro salientou que 17 estados engajaram 100% de seus municípios em torno dos oito eixos temáticos da conferência, com discussões que resultaram em mais de mil propostas."Esta é a conferência mais popular da história desde a 8ª", disse, diante de uma multiplicade de movimentos sociais e de um auditório com paridade de gênero. Muito aplaudida em vários momentos, ela afirmou que a responsabilidade dos delegados era “mostrar um projeto de país que queremos”. A presidenta do CNS enfatizou o papel da conferência como um “espaço legítimo de participação social”. Socorro tocou, ainda, em temas como os interesses dos planos privados, o subfinanciamento e desfinanciamento do SUS, pediu a taxação das grandes fortunase a criação de uma contribuição sobre as grandes movimentações financeiras como forma de dar sustentabilidade ao sistema de saúde. Mauro Guimarães Junqueira, presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), lamentou o déficit de R$ 16,8 bilhões projetado para a Saúde em 2016. Já João Gabbardo dos Reis, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), afirmou que o sistema de saúde está ameaçado como nunca. Segundo ele, se aprovada, a PEC 451, que tenta criar a obrigatoriedade dos planos de saúde para os trabalhadores, fará com que o Brasil volte ao período pré-SUS com a divisão do direito à saúde. Em sua fala, Maria do Socorro ainda registrou que a luta travada é “contra- hegemônica e crítica”, mas “propositiva” e feita em um “ambiente político adverso, de baixo crescimento econômico, e de contraofensiva de uma elite endinheirada, raivosa e preconceituosa”. Além disso, a presidenta refletiu a preocupação do conselho ao tratar das pautas que tramitam no Congresso e que atacam o SUS. “Sob certos aspectos, é um golpe na democracia”, sentenciou. VAIAS INEVITÁVEIS Antevendo a reação negativa da plateia ao discurso do ministro da Saúde e presidente da 15ª, Maria do Socorro levou Marcelo Castro para a tribuna pela mão, destacando que ele “tem sido respeitoso com o controle social”. Enfatizou que, junto com ela, o ministro tomou a decisão de não adiar a conferência devido a problemas ocorridos na licitação das empresas organizadoras da 15ª, que se não inviabilizou a realização do encontro, ao menos criou dificuldades para o pleno exercício do controle social. O apoio da então presidenta do CNS não conseguiu evitar as vaias e os gritos de “Fora, Marcelo” ouvidos repetidas vezes durante a longa fala do ministro. Com um discurso formal, Marcelo Castro disse que as conferências nacionais são a expressão da forma democrática. Destacou o percurso histórico de conquistas e a consolidação do SUS; os programas bem sucedidos; o foco necessário na atenção básica; a importância do planejamento de ações diante da transição demográfica e do envelhecimento da população brasileira, entre outros pontos. Nomeado em outubro de 2015, após uma guerra travada entre o PMDB e o PT pela condução da pasta, Marcelo Castro assumiu em seu discurso o compromisso de buscar mais recursos para a saúde, mas ressaltou que a luta não será só dele. “O financiamento do setor diz respeito a todos nós. Temos que mostrar que os 204 milhões de brasileiros são usuários do SUS”, declarou, sob tímidos aplausos. Novas vaias foram ouvidas quando o ministro defendeu o retorno da CPMF para equacionar o desfinanciamento da Saúde e as parcerias público-privadas “para que o SUS não se torne refém dos custos no futuro”. E finalizou: “Quero também, humildemente, conquistar vocês, defendendo o SUS e seu justo financiamento”. Após deixar o palco, em conversa com jornalistas, Marcelo Castro minimizou as vaias recebidas dizendo que viu do palco que elas foram dadas por quatro ou cinco pessoas presentes. Você conhece os componentes do Conselho de Saúde do seu município??? Visite a Coordenadoria/Diretoria/Secretaria de Saúde do seu município e peça mais informações sobre o Conselho e os Conselheiros, eles geralmente se reúnem uma vez por mês. 6. INTERSETORIALIDADE É o princípio que prescreve a necessidade de haver o comprometimento dos diversos setores (Ministérios, Secretarias, diretorias, coordenadorias) das três esferas de governo com a produção da saúde e o bem estar da população. O SUS sozinho NÃO PRODUZ SAÚDE, ou seja, não é capaz de aumentar o ESTOQUE DE SAÚDE e nem diminuir a CARGA DE DOENÇAS da população. Por tanto para que uma população tenha um ótimo estoque de saúde é preciso a atuação de vár ios setores concomitamente, por exemplos: Ministér io do Transpor te, Ministér io da Educação, Ministér io do Trabalho, entre outros Ministér ios, Secretar ias Estaduais e Municipais, ONGs, etc. O próprio Conceito de Saúde previsto na Legislação Brasileira já deixa EXPLICITO a necessidade da atuação de muitos setores para a produção de saúde. Em 25 de setembro de 2013, o Vice Presidente da República sancionou a Lei Federal n° 12864/13 altera o caput do art. 3° da Lei n° 8080 de 19 de setembro de 1990 (Lei Orgânica da Saúde) para incluir a Atividade Física como sendo um fator determinante e condicionante de Saúde: "Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais". 7. TRANSVERSALIDADE É o princípio que estabelece a necessidade de coerência, complementariedade e reforço recíproco entre órgãos, políticas, programas e ações de saúde. Exemplos de Programas transversais no SUS: Programa Nacional de Imunização (administra-se vacinas do Recém Nascido até os idosos, o Programa de Controle da Obesidade, Programa de Combate ao Tabagismo, Programa de Combate ao Alcoolismo, entre outros. ATENÇÃO: A INTERSETORIALIDADE E TRANSVERSALIDADE aparecem como PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS DO SUS no documento “CAMINHOS DO DIREITO À SAÚDE NO BRASIL” elaborado pelo Ministério da Saúde por meio da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa Departamento de Apoio à Gestão Participativa, publicado em 2007, denominado disponível no site http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caminhos_direito_saude_brasil.pdf Na página 9 consta que: Os princípios organizativos do SUS são: • a intersetor ialidade, que prescreve o comprometimento dos diversos setores do Estado com a produção da saúde e o bem- estar da população; • a descentralização político-administrativa, conforme a lógica de um sistema único, que prevê, para cada esfera de governo, atribuições próprias e comando único; • a hierarquização e a regionalização, que organizam a atenção à saúde segundo níveis de complexidade – básica, média e alta –, oferecidos por área de abrangência territorial e populacional, conhecidas como regiões de saúde; e • a transversalidade, que estabelece a necessidade de coerência, complementaridade e reforço recíproco entre órgãos, políticas, programas e ações de saúde. 8 – PARTICIPAÇÃO DO SETOR PRIVADO DE FORMA COMPLEMENTAR AO SUS. Este princípio refere-se à complementaridade do setor privado de saúde ao SUS. A Constituição Federal de 1988 no seu Artigo nº 199 diz que “A assistência à saúde é livre a iniciativa privada” . E que as instituições privadas de saúde poderão participar de forma complementar do Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. Então, no Brasil, além do SUS é permitida pela Constituição Federal a existência de empresas privadas de saúde que vendem os seus Planos de Saúde. Essas empresas privadas de saúde são fiscalizadas por uma agência reguladora denominada AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS) No Brasil existem até 17/09/2015 (http://www.ans.gov.br/) total de, aproximadamente, 56 milhões de pessoas que tem algum tipo de Plano Privado de Saúde. Existem 1187 operadoras de Planos de Privados de Saúde no Brasil. O rol de procedimentos que eles devem oferecer aos seus usuários pode ser consultado no site da ANS. (Fonte: http://www.ans.gov.br/perfil-do-setor/dados-gerais) Existem aproximadamente 1,2 mil empresas de planos de saúde no Brasil (Fonte: http://www.ans.gov.br/aans/noticias-ans/qualidade-da-saude/2670-ans-divulga-raio-x- das-operadoras-de-planos-de-saude). E elas são campeãs de reclamação nos PROCONS de todo o país. Há milhares deprocessos na Justiça contra muitos desses planos que impõem restrições desde o número de consultas por pessoa até realizando cirurgias desnecessárias de algumas situações clínicas que poderiam ser tratadas de maneira não- cirúrgica. Um exemplo do que já ocorreu foi a indicação de uma histerectomia (retirado do útero) cuja doença poderia ser tratada à base de hormônios; por este tratamento ser mais oneroso (caro) e demorado o plano de saúde, por meio do médico auditor, indicou a cirurgia radical como foi denunciado na imprensa brasileira. Vale lembrá-los de que todos os cidadãos podem/devem denunciar um mal atendimento no SUS ou de um Plano Privado de Saúde, pois é um direito previsto no CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (Lei nº 8078/90) o qual é considerado um dos mais avançados do mundo. As denúncias em relação ao mal atendimento na rede SUS pode ser feita ao Conselho Municipal de Saúde, aos serviços de Ouvidoria do Município, ao Ministério Público, aos vereadores que fazem parte da Comissão da Saúde que existe em toda Câmara Municipal do Brasil, à Delegacia de Polícia por meio de um Boletim de Ocorrência. Quanto aos Planos Privados temos como locais para denúncias os PROCONS e a ANS e à Delegacia de Polícia. Leia a reportagem abaixo publicada, no dia 13/09/2015, na FOLHA DE S. PAULO: http://www1.folha.uol.com.br /cotidiano/2015/09/1681055-por-ano-14-operadoras- de-plano-de-saude-sao-fechadas-no-brasil.shtml Por ano, 14 operadoras de plano de saúde são fechadas no Brasil NATÁLIA CANCIAN DE BRASÍLIA O susto vivido pelos 744 mil usuários da Unimed Paulistana após o anúncio da medida que encerra as atividades da operadora não foi o primeiro desse tipo no setor de planos de saúde. A cada ano, uma média de 14 operadoras são obrigadas a repassar seus clientes devido a problemas financeiros e de gestão, segundo dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), responsável pela regulação do setor. São casos de alienações, processos em que a ANS determina a transferência dos usuários de uma operadora para outra devido à má situação financeira da primeira. A ideia é evitar dificuldades para os segurados. São situações em que, sem receber o pagamento combinado, hospitais, clínicas, médicos e profissionais acabam por encerrar os contratos e o usuário não consegue agendar atendimentos. Em 15 anos, 208 processos de direção fiscal –casos em que a agência passa a monitorar presencialmente a situação de uma operadora– resultaram em alienações. A boa notícia é que casos como esses, medidas consideradas drásticas, vêm diminuindo –ao menos nos últimos três anos. Em 2013, foram 20 transferências, um número que caiu para oito em 2014. Neste ano, foram seis. A ANS não informou dados dos anos anteriores. Além da Unimed Paulistana, um dos casos recentes foi o da Fundação Santa Casa de Belo Horizonte (MG), que tinha 100 mil usuários. Após a agência determinar a alienação compulsória, os clientes foram transferidos para a operadora Vitallis e o registro da Santa Casa foi cancelado, o que a impede de voltar a vender planos de saúde. Outra informação importante é que as operadoras de Planos Privados de Saúde devem ressarcir ao SUS quando o sistema oferece atendimento na área hospitalar a um cidadão que também tem um plano de saúde privado, principalmente nos serviços de urgência/emergência, cirurgias e UTI. Essas operadoras/seguradoras de saúde devem muito dinheiro ao SUS. Existem muitos processos judiciais entre elas e o SUS devido a isto (a Lei 9.656/98, em seu Artigo nº 32 disciplina o ressarcimento ao SUS). Vár ias dessas operadoras de Planos Pr ivados de Saúde devem milhões de reais ao SUS... e muitas delas não querem ressarcir o SUS pelos atendimentos prestados aos seus usuár ios. A soma da dívida supera R$ 1,4 bilhões de reais para o SUS. De acordo com a Revista RADIS nº 153, em sua súmula, disponível no site http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/revista-radis/153/sumula/planos-de-saude-devem- pagar-mais-ao-sus Planos de saúde devem pagar mais ao SUS Data de publicação: 01/06/2015 A cada vez que um consumidor de plano de saúde utilizar um serviço de média e alta complexidade na rede pública, a operadora deverá reeembolsar o SUS. As novas regras para ressarcimento devem aumentar o valor pago pelos planos privados à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), já que passam a incluir procedimentos como quimioterapia, cateterismo cardíaco, cirurgia de catarata e hemodiálise feitos pelos usuários de planos no SUS. Ao noticiar as mudanças anunciadas pelo ministro Arthur Chioro, a Agência Brasil (08/05) destacou que o ressarcimento devido pela saúde privada poderá chegar a R$ 1,4 bilhão em 2015. Até então, a ANS exigia o reembolso somente de Autorizações de Internação Hospitalar (AIH), que representam um percentual menor em relação às Autorizações para Procedimento Ambulatorial (Apac). Ainda segundo a matéria da Agência Brasil, no primeiro trimestre do ano passado, por exemplo, foram identificadas 76.258 AIHs e 113.693 Apacs. De acordo com o ministro, o aumento do ressarcimento a ser pago pelos planos de saúde não deve ser repassado para os clientes, pois os gastos já estariam previstos na contabilidade das empresas. Segundo o Blog da Saúde (08/05), a medida faz parte de um conjunto de ações do governo para aprimorar a cobrança do ressarcimento da saúde suplementar ao SUS. A ANS prevê aumento de 149% no volume de procedimentos cobrados. Somente nos três primeiros meses de 2014, serão mais R$ 173 milhões relativos aos procedimentos de média e alta complexidade, contra R$ 181 milhões cobrados sobre as internações, como informou O Globo (08/05). Porém, como Radis publicou na sua edição 151, um estudo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) apontou que os planos de saúde devem ao SUS cerca de R$ 1 bilhão de reais. Esse total inclui tanto os valores parcelados (mais de R$ 331 milhões) quanto os que não foram nem pagos nem parcelados (mais de R$ 742 milhões). Para evitar o adiamento do pagamento, o ministro Arthur Chioro anunciou também que, a partir de agora, a ANS passará a cobrar juros sobre os valores que devem ser reembolsados e as operadoras serão notificadas eletronicamente, informou a Agência Brasil. Vale lembrar que o ressarcimento ao SUS está previsto na lei dos planos de saúde (Lei 9.656 de 1998) e trata-se de uma obrigação legal das operadoras de devolverem ao SUS os valores de procedimentos cobertos pelo plano, mas realizados por seus beneficiários na rede pública. Então no Brasil, na verdade, existe um MIX no Sistema de Saúde – um sistema público de caráter universal que é o SUS e um sistema privado que funciona em várias modalidades (planos de autogestão ou planos próprios de empresas empregadoras, a medicina de grupo, as cooperativas médicas do tipo Unimed e a modalidade seguro- saúde) as quais você pode conhecer mais acessando o site da ANS. E QUEM FINANCIA O SUS? ELE É DE GRAÇA? Para começar “JAMAIS, NEVER. NUNCA” diga que o SUS É DE GRAÇA... DE GRAÇA NEM INJEÇÃO NA TESTA... APLICAR BOTOX CUSTA CARO... O SUS É FINANCIADO PELOS IMPOSTOS QUE, NÓS CIDADÃOS, PAGAMOS ... Você sabia que, em média, trabalhamos de 160 dias no ano para pagar impostos... são quase 100 tipos de impostos municipais, estaduais e federais... Você sabe quanto de imposto pagamos numa garrafa de àgua, em um refrigerante, em uma lata de ervilha, na compra de um sapato ou vestuário???? No site http://www.portaltributario.com.br/tributos.htm estão disponíveis o nome dos 92 Tributos do Brasil atualizado em 16/09/2014. Daí que temos uma das maiores cargas tributárias do mundo. Então leia mais um pouco sobre o Financiamento do SUS: O financiamento do SUS é de responsabilidade das três esferas de governo (federal,estadual e municipal). Ele é financiado pelos IMPOSTOS que os cidadãos pagam Os governos no Brasil são grandes arrecadadores de impostos. Na cidade de São Paulo existe um painel eletrônico chamado IMPOSTÔMETRO que marca a todo segundo a quantia estimada, em reais, dos impostos arrecadados pelas três esferas de governo (acesse o site http://www.bhservico.com.br /impostometro.htm) e confira o quanto já foi arrecadado do dia 1º de janeiro de 2015 ao dia 30 de dezembro de 2015, faltando um dia para terminar o ano: 30/12/2015 11h03 - Atualizado em 30/12/2015 11h41 Impostos pagos por brasileiros chegam a R$ 2 trilhões este ano No ano passado, o Impostômetro alcançou a marca de R$ 1,8 trilhão. Painel soma impostos, taxas e contribuições pagos pelos brasileiros. Do G1, em São Paulo FACEBOOK Pessoas observam painel eletrônico da Associação Comercial de São Paulo, instalado no centro da cidade, que indica a arrecadação de 2 trilhões de reais de impostos em 2015 (Foto: Werther Santana/Estadão Contedo) Pela primeira vez em um ano foi alcançada s 11h desta quarta-feira (30) a marca indita de R$ 2 trilhões que foram pagos pelos brasileiros em impostos, segundo o "Impostômetro" da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). OSTOS NO BRASIL São mis de 90 tributos em vigor no país. O valor de R$ 2 trilhões equivale ao montante pago em impostos, taxas e contribuições no pas desde o primeiro dia do ano. O dinheiro destinado União, aos estados e aosmunicpios. “Se fossem melhor aplicados, R$ 2 trilhões em tributos pagos pelas empresas e cidadãos seriam mais do que suficientes para atender s necessidades de todos os brasileiros”, diz Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo). “ imprescindvel uma reforma tributria no Brasil, que s poder ser feita se houver solução satisfatria para a crise poltica, na urgncia que o Pas requer”, defende Burti. No ano passado, o Impostômetro alcançou a marca de R$ 1,8 trilhão no dia 29 de dezembro. Em 2013, Impostômetro ficou em torno de R$ 1,7 trilhão. Estudo Levantamento encomendado pela ACSP ao Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) revela que com o Brasil fechando o ano de 2015 com arrecadação nominal superior a R$ 2 trilhões, h um crescimento nominal de 2,8% sobre 2014, quando foi arrecadado R$ 1,95 trilhão. Os tributos federais representam 65,95% da arrecadação de R$ 2 trilhões. J os tributos estaduais equivalem a 28,47% e, os municipais, a 5,58%. Individualmente, o tributo de maior arrecadação o ICMS (19,96% do total), seguido do INSS (19,18%), Imposto de Renda (15,62%) e Cofins (10,13%). Segundo o estudo, possvel, com R$ 2 trilhões, construir mais de 90 milhões de casas populares de 40 m², fornecer medicamentos para a população brasileira por mais de 800 meses, pagar mais de 2,6 bilhões de salrios mnimos, construir mais de 20 milhões de km de redes de esgoto, mais de 1,8 milhão de km asfaltados de estradas ou mais de 7 milhões de postos de sade equipados, comprar mais de 9 trilhões de cestas bsicas, contratar mais de 160 milhões de professores do ensino fundamental por ano, fornecer cestas bsicas para toda a população brasileira por 42 meses oumais de 16 trilhões de Bolsas Famlia. Alm disso, dois trilhões de notas de R$ 1 correspondem, empilhadas, altura de 6.666.666 prdios de 100 andares cada um. Se cada nota fosse um litro de gua, corresponderia vazão de 112 horas das Cataratas do Iguaçu. E, com as notas, seria possvel preencher a metragem quadrada de 16 cidades do tamanho de São Paulo. A ferramenta O Impostômetro completou uma dcada neste ano. O painel eletrônico que calcula a arrecadação em tempo real est instalado na sede da associação, na Rua Boa Vista, região central da capital paulista. O objetivo da ferramenta conscientizar o cidadão sobre a alta carga tributria e incentiv-lo a cobrar os governos por serviços pblicos de qualidade. Pelo portal www.impostometro.com.br, possvel descobrir o que d para os governos fazerem com todo o dinheiro arrecadado. Por exemplo, quantas cestas bsicas possvel fornecer, quantos postos de sade podem ser construdos. No portal tambm possvel levantar os valores que as populações de cada estado e municpio brasileiro pagaram em tributos. Do dia 1º de janeiro ao dia 22 de abr il desse ano já foram arrecadados 640 bilhões de reais em impostos de acordo com o painel do Impostômetro. FACEBOOK O Impostômetro completou uma década no ano passado. O painel eletrônico que calcula a arrecadação em tempo real está instalado na sede da associação, na Rua Boa Vista, região central da capital paulista. Outros municípios instalaram seus próprios painéis, como Florianópolis, Guarulhos, Manaus, Rio de Janeiro e Brasília. O objetivo da ferramenta é conscientizar o cidadão sobre a alta carga tributária e incentivá-lo a cobrar os governos por serviços públicos de qualidade. Pelo portal www.impostometro.com.br, é possível descobrir o que dá para os governos fazerem com todo o dinheiro arrecadado. Por exemplo, quantas cestas básicas é possível fornecer, quantos postos de saúde podem ser construídos. No portal também é possível levantar os valores que as populações de cada estado e município brasileiro pagaram em tributos. O financiamento do SUS é um dos grandes problemas para a sua efetiva implantação. Sem dinheiro não há como implantar um Sistema de Saúde como o SUS que diz de caráter universal (para todos os cidadãos). E, com tanto dinheiro arrecadado pelos governos por meio dos impostos era de se supor que não falta dinheiro para as POLÍTICAS PÚBLICAS (POLÍTICA DE ESTADO) entre elas a da SAÚDE - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS. Mas a realidade é outra, falta dinheiro... e também GESTÃO do dinheiro da saúde. A Constituição Federal de 1988, a Lei nº 8080/90 e Lei nº 8142/90 abordam como deveria ser o financiamento do SUS. Mas esse assunto complexo passou uma década sem a merecida discussão no Congresso Nacional. Pois foi somente no ano 2000 que o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional (EC) nº 29 que estabeleceu uma participação orçamentária mínima obrigatória para União, Estados e Municípios, para o financiamento da saúde pública. Os municípios a partir de 2004 deveriam aplicar, no mínimo, 15% do seu orçamento em saúde e os estados 12%. No entanto, vários estados e municípios NÃO conseguiram cumprir estes percentuais mínimos obrigatórios durante o ano de 2014. Em 13 janeiro de 2012 foi sancionada a Lei Complementar n º 141 que “Regulamenta o § 3 o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis n os 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências.” Art. 5 o A União aplicará, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, o montante correspondente ao valor empenhado no exercício financeiro anterior, apurado nos termos desta Lei Complementar, acrescido de, no mínimo, o percentual correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no ano anterior ao da lei orçamentária anual. § 2 o Em caso de variação negativa do PIB, o valor de que trata o caput não poderá ser reduzido, em termos nominais, de um exercício financeiro para o outro. Art. 6 o Os Estados e o Distrito Federal aplicarão, anualmente, em ações e serviçospúblicos de saúde, no mínimo, 12% (doze por cento) da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam o art. 157, a alínea “a” do inciso I e o inciso II do caput do art. 159, todos da Constituição Federal, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios. Art. 7 o Os Municípios e o Distrito Federal aplicarão anualmente em ações e serviços públicos de saúde, no mínimo, 15% (quinze por cento) da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam o art. 158 e a alínea “b” do inciso I do caput e o § 3º do art. 159, todos da Constituição Federal. Art. 8 o O Distrito Federal aplicará, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, no mínimo, 12% (doze por cento) do produto da arrecadação direta dos impostos que não possam ser segregados em base estadual e em base municipal. O Brasil, vergonhosamente, investe menos em saúde, per capita (por habitante) do que os países vizinhos da América do Sul. E as famílias brasileiras gastam mais em saúde do que as três esferas de governo. Para 2016 – Leia a Reportagem do site http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-11/cmo-quer-ampliar-orcamento- da-saude-em-mais-r-4-bilhoes-para-2016 CMO quer ampliar orçamento da saúde em mais R$ 4 bilhões para 2016 URL: 29/11/2015 14h44 Brasília Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil O pedido de revisão dos valores acabou gerando impasses na última reunião da CMO, no dia 26, e adiou a votação do relatório do senador Acir GurgaczArquivo/Valter Campanato/Agência Brasil Com prazo cada vez mais apertado e recursos escassos, parlamentares querem garantir pelo menos R$ 4 bilhões a mais para a saúde no orçamento do próximo ano. Hoje, o setor tem previsão de R$ 100 bilhões para 2016, mas o relator setorial, deputado João Arruda (PMDB-PR), alerta que, com esse quantitativo, os atendimentos de média e alta complexidade, como internações ambulatorial e hospitalar no Sistema Único de Saúde (SUS) e o programa Farmácia Popular, deverão parar no segundo semestre. “O orçamento está diminuindo. Se considerarmos a inflação, será menor que no ano passado. Se a previsão fechar em R$ 100 bilhões, teremos uma perda de R$ 7 bilhões”, adiantou Arruda. Segundo ele, a crise tem aumentado o número de demissões no país, o que se refletirá em maior demanda pela saúde pública. “Quem utiliza o convênio particular e é demitido, acaba usando o SUS. Aumentará o custo com a saúde. Por isso, o orçamento deveria aumentar junto com a demanda”, afirmou. Diante da expectativa de arrecadação baixa e de cortes que ameaçam o setor, considerado prioritário, o governo já fez ajustes à proposta original. Em uma tentativa de evitar prejuízos para a saúde, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) conseguiu aprovar uma alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), incluindo a Emenda Constitucional 86 e aumentando a previsão inicial em mais R$ 3 bilhões. A emenda torna impositiva a execução das emendas individuais dos parlamentares ao Orçamento da União e é resultado da propost conhecida como PEC do Orçamento Impositivo. Pelo texto, o Executivo fica obrigado a executar até 1,2% da receita corrente líquida realizada no ano anterior nas demandas parlamentares e metade do valor tem de ser destinado à área de saúde. Em 2015, o volume foi de quase R$ 10 bilhões. O Congresso espera que a presidenta Dilma Rousseff não vete o dispositivo. “Com isso, conseguimos reduzir as perdas a R$ 800 milhões”, informou o relator. Especialistas em financiamento de saúde fixam em R$ 120 bilhões o investimento mínimo para que a área não seja comprometida. Diante do cenário de crise, João Arruda preferiu manter expectativa “mais realista”. “Acho que com mais R$ 4 bilhões a gente consegue ter o mínimo para trabalhar. O problema é que está difícil tirar o dinheiro de outro lugar.” A sugestão apresentada por Arruda e acatada por outros parlamentares da CMO foi, por exemplo, usar parte da repatriação de dinheiro que está irregularmente em contas de outros países. A estimativa do governo é que a arrecadação com a proposta de estímulo para regularização desses ativos será de pouco mais de R$ 11 bilhões. Entretanto, o relator disse acreditar que o valor pode chegar a R$ 20 bilhões. “Aí seriam 50% para estados e municípios e outros 50% para a saúde”, acrescentou João Arruda. O deputado aposta que as contas serão superiores às apresentadas “conservadoramente” pela Receita Federal. O projeto da repatriação foi aprovado na Câmara e aguarda decisão do Senado. O deputado Ricardo Barros (em pé) resiste à revisão do valor para a saúdeArquivo/Antonio Cruz/Agência Brasil Para Arruda, o mais importante é garantir uma previsão maior de recursos. “Precisamos de recurso carimbado. Se não arrecadar, podemos trabalhar com a DRU [Desvinculação de Receita da União, que permite remanejamento de recursos do orçamento] no fim do ano que vem e passer o dinheiro para a saúde.” O pedido para revisão dos valores acabou intensificando impasses na última reunião da CMO, no dia 26, e adiando a votação do relatório do senador Acir Gurgacz (PDT- RO). Sem a aprovação desse relatório, o parecer final do orçamento não pode ser concluído pelo relator-geral Ricardo Barros (PP-PR), que também resiste à revisão do valor para saúde. O argumento de parlamentares contrários à proposta de Arruda é que a Receita Federal teria de ser consultada para que o ajuste fosse feito. “De onde eles tiraram a previsão de R$ 11 bilhões. Acho que estão querendo não gastar dinheiro no ano que vem. Acho que nem devemos votar o PL se não resolvermos o problema da saúde. Não é um jogo fisiológico que estamos fazendo. Estamos falando da saúde do país”, disse Barros. Aliado da proposta, o deputado Hildo Rocha (MA), líder do PMDB na comissão, antecipou que a legenda pode obstruir as próximas sessões da CMO. O relatório final do orçamento depende de aprovação do relatório de receita para ser apresentado e concluído antes do recesso parlamentar, que começa a partir de 23 de dezembro. A última sessão do Congresso Nacional deste ano, quando senadores e deputados podem concluir as propostas orçamentárias, está marcada para 17 de dezembro. O colegiado teria que aprovar um texto até o dia 16. E para complementar veja os dois quadros sobre o Orçamento da saúde para 2016 disponíveis em file:///C:/Users/User/Downloads/PLOA2016_INSUFICIyUNCIA_ORyOAMENTyERI A_E_EFEITOS_set2015%20(1).pdf Diante deste contexto os 26 estados, o Distrito Federal e os 5700 municípios também terão que aumentar os seus gastos em saúde para dar conta de atender minimamente essa demanda crescente de necessidades em saúde. Na verdade nunca haverá dinheiro suficiente, pois sempre surgirão novas demandas nessa área, que é a mais vital para o ser humano – a sua saúde. Muitos municípios brasileiros estão investindo em torno de 25 a 30% do seu orçamento em Saúde, muito mais dos que os 15% estabelecidos na EC nº 29/2000 e na Lei Complementar 141 de 13/01/2015. E esse montante não está sendo suficiente para atender a maioria dos problemas de saúde da população. Segundo Eugênio Vilaça Mendes existe na economia a Lei de Wildavsky que poder ia ser denominada de “lei do saco sem fundo” a qual se aplica na saúde pois não há e nunca haverá dinheiro suficiente para a saúde, quanto mais investir mais será preciso” haja vista que as demandas em saúde tanto individual quanto coletivas são cada vez maiores e mais complexas diante de novas tecnologias duras (aparelhos) e descobertas de novos agentes imunizantes, medicamentos e insumos. Você sabia que a maioria das pessoas que “PAGAM” um Plano Privado de Saúde, na verdade não o pagam, pois no Brasil é permitidoa dedução de 100% dos valores pagos na Declaração do Imposto de Renda (IR)? Veja a matéria publica pelo Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES), em julho de 2015, disponível em anexo dessa aula e no site http://cebes.org.br/2015/04/tese-do-cebes-para-a-15a-conferencia-nacional-de- saude/ “Do IR, as pessoas físicas podem deduzir os gastos com planos de saúde, médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, entre outros. Não há teto para o abatimento de gastos com saúde (renúncia fiscal), diferentemente do que acontece com a educação, cujo limite de dedução é de R$ 3.375,83. A renúncia fiscal se aplica também aos empregadores que fornecem assistência à saúde a seus funcionários, considerando este gasto como “despesa operacional” e abatendo do lucro tributável. Ainda há as desonerações fiscais para a indústria farmacêutica, hospitais filantrópicos, subsídios diretos por meio de incentivos fiscais e desonerações, além de subsídios a funcionários públicos, cujos planos de saúde são pagos com recursos públicos. Em 2011, a renúncia fiscal na saúde foi de R$ 15,8 bilhões, sendo R$ 7,7 bilhões apenas de planos de saúde. Neste mesmo ano, o lucro líquido das operadoras de planos privados de saúde foi de R$ 4,9 bilhões, ou seja, mais da metade dos lucros dessas empresas foram decorrentes de renúncia fiscal. No nosso entendimento, quem quer plano de saúde deve pagar – integralmente – por ele, evitando iniquidades. A desoneração fiscal na área da saúde deve ser eliminada e os recursos devem ser aplicados no SUS para melhorar a qualidade e garantir universalidade e integralidade de acesso. Dinheiro do povo não pode ser privatizado, deve ser usado em serviços para todo o povo, promovendo justiça e igualdade social.” E, seguramente, agora você também já sabe que o SUS NÃO É GRATUITO, não é? Agora que vocês já conhecem um pouco mais sobre o SUS espero que quem tinham uma VISÃO INGÊNUA já tenham uma VISÃO TÉCNICA .. e que possa, por meio de leituras adicionais e compreensão da realidade possa ter o alcance de uma VISÃO POLÍTICA DO SUS. No Artigo 199 da Constituição Federal de 1988 – Capítulo da Seguridade Social - está explicito a proibição de dinheiro estrangeiro na Saúde no Brasil. No entanto, em janeiro de 2015, foi aprovada no Congresso Nacional e sancionada pela Presidente Dilma a Lei 13.097/2015 que permite a entrada de dinheiro estrangeiro na saúde. Essa Lei está sendo questionada no Supremo Tribunal Federal pela insconstitucionalidade da mesma. Leia a reportagem disponível no site http://www.conjur.com.br/2015-fev-17/abertura- servicos-saude-capital-estrangeiro-atacada-stf VIOLAÇÃO CONSTITUCIONAL Abertura de serviços de saúde a capital estrangeiro é questionada no STF 17 de fevereiro de 2015, 16h18 A abertura da oferta de serviços de saúde ao capital estrangeiro, autor izada pela Lei 13.097/2015, foi questionada no Supremo Tribunal Federal pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU). A entidade propôs Ação Direta de Inconstitucionalidade para pedir a suspensão liminar do artigo 142 da norma e, no mérito, a declaração de inconstitucionalidade do dispositivo. O artigo 142 alterou dispositivo da Lei 8.080/1990, permitindo a participação de capital estrangeiro em hospitais gerais ou especializados, incluindo a filantropia; em clínicas gerais, especializadas ou policlínicas; e em ações de pesquisa e planejamento familiar. Segundo a autora, a lei viola o dispositivo constitucional que veda a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no país (artigo 199, parágrafo 3º). Além disso, aponta violação aos artigos 196 e 197 da Constituição, que classificam a saúde como garantia e direito constitucional a ser assegurado e fiscalizado pelo Estado. De acordo com a ADI, a Lei 13.097/15 também não prevê autorização e fiscalização dos serviços estrangeiros pelo Sistema Único de Saúde, resultando em nova afronta constitucional (artigo 200, inciso I). “O domínio pelo capital estrangeiro na saúde brasileira inviabiliza a fiscalização pelo Sistema Único de Saúde e, consequentemente, o direito à saúde, tornando a saúde um bem comerciável, ao qual somente quem tem dinheiro tem acesso”, argumenta CNTU na petição inicial. Embora fora do campo constitucional, outro ponto questionado na ADI é o fato de a Lei 13.097/2015 tratar de 29 temas diferentes, o que iria de encontro a disposições da Lei Complementar 895/1988. A norma determina que cada lei deve abordar apenas um assunto. Com informações da Assessoria de Imprensa do STF. Ação Direta de Inconstitucionalidade 5.239 A mais recente informação sobre o Financiamento do SUS é que, no dia 22 de março de 2016, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição 1/15, que garante mais recursos da União para a saúde pública ao longo de sete anos. Essa Emenda é de autoria do Deputado Vanderlei Macris (PSDB- SP). Atualmente, a EC nº 86/15 determina que, em 2016, sejam aplicados 13.2% da RCL no setor com aumento progressivo até atingir 15% em 2020. Em números, tomando como base a previsão orçamentária da receita corrente líquida para 2016, de R$ 759,45 bilhões, o valor a ser aplicado seria de R$ 100,24 bilhões. Com a nova proposta, a partir do exercício financeiro seguinte à promulgação da futura emenda constitucional, serão 14,8% da RCL. Se estivesse valendo para 2016, significaria R$ 112,39 bilhões, R$12 bi a mais que o previsto. De acordo com o texto, a progressividade segue com 15,5% no segundo ano, 16,2% no terceiro ano, 16,9% no quarto ano, 17,9% no quinto ano, 18,3% no sexto ano; e 19,4% no sétimo ano. Outra novidade em relação ao texto constitucional de hoje é a proibição de aplicar em ações e serviços públicos de saúde montante inferior ao mínimo calculado para o exercício anterior. (Fonte: www2.camara.leg.br – Câmara aprova em 1º Turno aumento de gastos mínimos para saúde). MAS COMO ERA O SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL ANTES DO SUS? Do início do século XX à atualidade o Brasil teve 4 MODELOS (SISTEMAS) DE ATENÇÃO À SAÚDE. Nesta aula apresentaremos suscintamente os três primeiros modelos para que você tenha uma idéia de como eram às questões de saúde no Brasil antes do SUS. O 1º é denominado de Modelo Sanitar ista-Campanhista que surgiu no início do Século XX e vai até aproximadamente 1930. Este modelo surge com a contratação do médico Oswaldo Cruz para ser o Diretor da Diretoria Geral de Saúde Pública (órgão equivalente hoje ao Ministério da Saúde) em 1903 que inicia um movimento de saneamento da capital federal da época – o Rio de Janeiro e da realização de intensas Campanhas Sanitárias contra as principais doenças da época. A ênfase era o saneamento dos espaços urbanos, principalmente, dos portos para a exportação do principal mercadoria que era o Café. O 2º é denominado de Modelo Médico Sanitár io que compreende o período de 1930 a 1966/7. Esse modelo surge após a criação dos primeiros centros de saúde na cidade de São Paulo e Rio de Janeiro e consolida-se com a criação do Ministério da Saúde e da Educação em 1930 com a tomada do poder pelo gaucho Getúlio Vargas que rompe com a famosa Política do “Café com Leite” (Lembram-se disto?). Esse modelo procura atender ao Projeto/Processo de INDUSTRIALIZAÇÃO do país, na era de Getúlio Vargas e depois de Juscelino Kubitschek e termina com a criação do INPS quase dois anos após o GOLPE MILITAR de 64. O 3º é denominado de Modelo Médico Assistencial Pr ivatista (Modelo do INPS/INAMPS), que comentaremos abaixo.O 4º é o atual, o do Sistema Único de Saúde (SUS), que como já vimos, foi criado em 5/10/1988 e é um dos mais jovens sistemas de saúde universais do mundo. Para entenderem um pouco mais como o atendimento à Saúde, no período de vigência do INPS/INAMPS, leiam o depoimento da médica Elisa Maria Amorim da Costa, extraito de um livro de sua própria autoria: Para pensar “E era assim naquele tempo: quando um paciente chegava ao hospital, na portaria mesmo já perguntavam se ele tinha ou não INAMPS. Isso era uma espécie de senha, quem tinha direito ao Instituto podia ser encaminhado para bons hospitais da rede própria ou para alguma Instituição conveniada. Podia não ser nenhuma maravilha, existiam filas, não se falava em prevenção e algumas Casas de Saúde eram bem precárias, mas já era alguma coisa. Agora, quando o paciente não era segurado do Instituto, coitado, ficava mesmo pelos hospitais de emergência ou virava indigente nas Santas Casas. Ambulatório para eles, nem pensar! Como era difícil...Assim, todos nós acadêmicos de medicina da época ficávamos especialistas em grandes emergências pois, sem assistência regular e acompanhamento, os pacientes viviam em crise Temos uma preocupação hoje em dia, a de que as pessoas se esqueçam de tudo isso e não valorizem o SUS, deixando o passado retornar (COSTA; CARBONE, 2009, p.9/10). Então era assim: somente quem pagava o INPS (criado em 1966 e implantado a partir de 201/1967) e o INAMPS (criado a partir do INPS em 1977) tinha direito à saúde. Nesta época a população que tinha emprego formal e, portanto, registro em carteira de trabalho tinha direito a eles, além daqueles pessoas que podiam pagar mensalmente sua contribuição no famoso “CARNE DO INPS” , quem não tinha emprego formal e nem podia pagar este carnê era chamado de INDIGENTE, cidadãos de SEGUNDA CLASSE, era um sistema extremamente humilhante, preconceituoso e discriminatório para a maioria da população brasileira. Além disso, no período de vigência destes dois órgãos “boa parte” dos hospitais conveniados a eles para oferecer assistência (ainda que restrita a área médica) cometiam muitas fraudes (roubos mesmos!) e muitos “donos de hospitais, administradores, e médicos”, ficaram milionários; haja vista inúmeras denúncias de que o INPS e, depois o INAMPS pagaram muitos partos em homens, e cirurgias de próstatas em mulheres (é isso mesmo!!), além da verdadeira indústria mafiosa de cirurgias desnecessárias de amígdalas da garganta (hoje tonsilas) que foram extraidas de milhares de brasileiros a se queixarem de uma “simples dor de garganta” além de milhares de brasileiros que perderam o seu apêndice vermiforme por aparentes “apendicites”, entre outros procedimentos que encareciam a conta hospitalar como deixar uma puérpera (nome dado a mulher até 40 dias após o parto) após cesariana internada por mais de uma semana e registrar nos prontuários diagnósticos falsos somente para ganharem mais destes órgãos o que torna pouco confiável as estatísticas de muitas doenças infecto contagiosas dessa época do Brasil. Você tinha noção disto? Para melhor compreensão sobre a Evolução das Políticas de Saúde no Brasil a partir de 1900 até a atualidade sugiro que vocês assistam ao filme POLITICAS DE SAÚDE produzido pelo Ministério da Saúde em 2006. E EM OUTROS PAÍSES COMO FUNCIONA O SISTEMA DE SAÚDE? Sobre os sistemas de saúde no mundo, leiam o que Pain (2009, p. 18) diz: “Todos os sistemas de saúde do mundo tem problemas. Não há nenhum perfeito. Entretanto, grandes esforços foram desenvolvidos por algumas nações desde o século passado para assegurarem um sistema de saúde mais digno para os seus cidadãos. (...) Os sistemas de saúde, de um modo geral, seguem o tipo de proteção social adotado pelos países: Três tipos se destacam em todo o mundo: a seguridade social, o seguro social e a assistência. Esse autor ainda nos explica os três tipos de proteção social adotados pelos sistemas de saúde do mundo: Os sistemas de saúde universais, ou seja, aqueles destinados para toda a população, estão presentes nos países que optaram pela seguridade social ou pelo seguro social. No primeiro caso, o direito a saúde está vinculado à condição de cidadania, sendo financiado, solidariamente, por toda a sociedade por meio de contribuições e impostos, como na Inglaterra, Canadá, Cuba, Suécia, entre outros. Nos países com sistema de proteção social baseado no seguro social, controlado pelo Estado, também chamado de meritocrático, como por exemplo na Alemanha, França e Suiça, os serviços são garantidos para aqueles que contribuem com a previdência social, possibilitando àqueles que podem pagar pela assistência médica procurarem atendimento particular. Finalmente, o chamado de sistema de proteção social baseado na assistência, também conhecido como residual, proporciona algum atendimento apenas para aqueles que comprovem a sua condição de pobreza, e, portanto, a impossibilidade da compra de serviços no mercado. Daí, dá para perceber que, no BRASIL, o sistema de proteção adotado a partir da criação do SUS na Constituição Federal de 1988 é o do tipo de SEGURIDADE SOCIAL, onde independentemente de você contribuir ou não com a PREVIDÊNCIA SOCIAL, você tem o direito assegurado à assistência à saúde, nas dimensões da PROTEÇÃO DA SAÚDE, PROMOÇÃO DA SAÚDE, PREVENÇÃO DE DOENÇAS OU AGRAVOS Á SAÚDE (AGORA DENOMINADA DE PREVENÇÃO DE CONDIÇÕES DE SAÚDE, RECUPERAÇÃO DA SAÚDE E REABILITAÇÃO, CUIDADOS PALIATIVOS POR MEIO DE CONSULTAS, EXAMES E TRATAMENTOS. Nos Estados Unidos onde prevalece o sistema residual de proteção à saúde, cerca de 47 milhões de cidadãos estão EXCLUIDOS do “sistema de saúde” que é, iminentemente, de caráter privado (mercadológico) e mesmo os que têm seguro-saúde adquiridos nas empresas privadas de Planos de Saúde sofrem enormes restrições delas para ter acesso aos meios diagnósticos e tratamentos. Os Estados Unidos são o único país desenvolvido que deixaram sob responsabilidade do mercado o atendimento à saúde da população (PAIN, 2009). Se vocês tiverem tempo/interesse sobre para conhecer melhor sobre isto assistam ao documentário: SICKO- $O$ Saúde, produzido pelo cineasta Michael Moore, no ano de 2008, que mostra as iniqüidades existentes no “sistema de saúde” norte americano e o compara ao sistema de saúde do Canadá, França, Inglaterra e Cuba. O presidente Obama conseguiu, em dezembro de 2009, aprovar um novo sistema de saúde na Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) para aumentar a cobertura para mais de 30 milhões de pessoas completamente desprovidas de assistência à saúde e dar mais direitos aos que já possuem uma cobertura por um plano privado de saúde. Poderosos lobbies das seguradoras de saúde, hospitais, indústria farmacêutica, associação de médicos, prestadores de serviços de saúde, previdência privada e indústria de equipamentos hospitalares e laboratório foram contras o projeto do governo Obama de ampliar a cobertura da assistência, pois eles auferem grandes lucros econômicos com isto. Um(a) estudante de graduação, já neste momento, não pode mais supor que assistência à saúde esteja vinculado, exclusivamente, a consultas – médicas ou não e à realização de exames e tratamentos – quem pensa assim ainda tem uma VISÃO INGÊNUA do que vem a ser ASSISTÊNCIA À SAÚDE, pois inúmeras outras ações como as de Proteção, promoção à saúde e prevenção de doenças também são ações de assistência à saúde. Ses vocês quiserem saber mais sobre isto e entenderem as diferenças entre promoção da saúde e prevenção de doenças que são conceitos interdependentes, mas não sinônimos, participem do grupo de discussão da disciplina online. QUEM TRABALHA NO SUS? Saibam que: O SUS É, SEGURAMENTE, O MAIOR EMPREGADOR NA ÁREA DA SAÚDE, poisnele atuam todos os profissionais de saúde das 14 profissões classificadas como sendo da área (sejam de nível superior ou técnico). Todavia, engana- se, quem pensa que somente profissionais de saúde atuam no SUS. Profissionais das mais diversas áreas do conhecimento humano também estão trabalhando na rede do SUS. Hoje temos geógrafos, engenheiros das diversas áreas (ambientais, de alimentos) e arquitetos, profissionais da área de administração/gestão, matemáticos e estatísticos, pedagogos para atuar na área de educação em saúde, entre outros. No Brasil temos quase 3,5 milhões de profissionais de saúde. Sendo 1,8 milhões na área de Enfermagem (Enfermeiros, Técnicos, Auxiliares, Parteiras e Obstetrízes), sendo a categoria profissional mais numerosa do país. A grande maioria desses profissionais de saúde no Brasil trabalha no SUS nas três esferas de governo, notadamente, na esfera MUNICIPAL. SAÚDE PÚBLICA, o que vem a ser isto? E SAÚDE COLETIVA? Seriam sinônimos? Não, não são sinônimos, mas pode ser entendido como sendo uma evolução conceitual e metodólogica. São expressões que surgiram cada uma em um CONTEXTO HISTÓRICO (sociopolítico) diferente. Uma das mais citadas definições de Saúde Pública foi apresentada por Winslow, Charles-Edward Amory (1877–1957), nos EUA 1920 "A arte e a ciência de prevenir a doença, prolongar a vida, promover a saúde e a eficiência física e mental mediante o esforço organizado da comunidade. Abrangendo o saneamento do meio, o controle das infecções, a educação dos indivíduos nos princípios de higiene pessoal, a organização de serviços médicos e de enfermagem para o diagnóstico precoce e pronto tratamento das doenças e o desenvolvimento de uma estrutura social que assegure a cada indivíduo na sociedade um padrão de vida adequado à manutenção da saúde" (WIKIPÉDIA, 2010) Terris (1992) apud Paim e Almeida Filho (1998) atualizou essa clássica definição de saúde pública nos seguintes termos: "a arte e a ciência de prevenir a doença e a incapacidade, prolongar a vida e promover a saúde física e mental mediante os esforços organizados da comunidade". Na América Latina, e no Brasil em particular, desde a década de 70 vem ocorrendo um trabalho de construção de novas teorias, enfoques e métodos da epidemiologia e administração da saúde, além de muitos estudos usando métodos das ciências sociais no campo da saúde. Nessa perspectiva, surge o conceito de saúde coletiva que pode ser considerada como um campo de conhecimento de natureza interdisciplinar cujas disciplinas básicas são a epidemiologia, o planejamento/administração de saúde e as ciências sociais em saúde. São disciplinas complementares desse campo a estatística, a demografia, a geografia, a clínica, a genética, as ciências biomédicas básicas, entre outras. Ela contempla o desenvolvimento de atividades de cunho transdiciplinar, multiprofissional, interinstitucional e transetorial; portanto, transcende o campo institucional e o tipo de profissional convencionalmente reconhecidos como da saúde pública, tendo cenários de atuação diversificados - além do público governamental e não centrado somente nos serviços médicos e de enfermagem como na definição do Winslow (1920), mas reconhecendo nos cenários a importância de todos os profissionais de saúde e de outras áreas do conhecimento humano. ANEXO – CAPITULO IV DA LEI 8080/1990 QUAIS SÃO AS COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES DE CADA ESFERA DE GOVERNO EM RELAÇÃO AO SUS?? : CAPÍTULO IV Da Competência e das Atribuições Seção I Das Atr ibuições Comuns Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições: I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação e de fiscalização das ações e serviços de saúde; II - administração dos recursos orçamentários e financeiros destinados, em cada ano, à saúde; III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde da população e das condições ambientais; IV - organização e coordenação do sistema de informação de saúde; V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a assistência à saúde; VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador; VII - participação de formulação da política e da execução das ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recuperação do meio ambiente; VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde; IX - participação na formulação e na execução da política de formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde; X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde; XI - elaboração de normas para regular as atividades de serviços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública; XII - realização de operações externas de natureza financeira de interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal; XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade competente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-lhes assegurada justa indenização; XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados; XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente; XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, proteção e recuperação da saúde; XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do exercício profissional e outras entidades representativas da sociedade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pesquisa, ações e serviços de saúde; XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde; XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde; XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária; XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos estratégicos e de atendimento emergencial. Seção II Da Competência Ar t. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS) compete: I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; II - participar na formulação e na implementação das políticas: a) de controle das agressões ao meio ambiente; b) de saneamento básico; e c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; III - definir e coordenar os sistemas: a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; b) de rede de laboratórios de saúde pública; c) de vigilância epidemiológica; e d) vigilância sanitária; IV - participar da definição de normas e mecanismos de controle, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; V - participar da definição de normas, critérios e padrões para o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar a política de saúde do trabalhador; VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância epidemiológica; VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser complementada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de consumo e uso humano; IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fiscalização do exercício profissional, bem como com entidades representativas de formação de recursos humanos na área de saúde; X - formular,avaliar, elaborar normas e participar na execução da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais; XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência à saúde; XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde; XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua atuação institucional; XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assistência à saúde; XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectivamente, de abrangência estadual e municipal; XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados; XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais; XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Federal; XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Federal. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995) Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que representem risco de disseminação nacional. Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) compete: I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços e das ações de saúde; II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do Sistema Único de Saúde (SUS); III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e executar supletivamente ações e serviços de saúde; IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços: a) de vigilância epidemiológica; b) de vigilância sanitária; c) de alimentação e nutrição; e d) de saúde do trabalhador; V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agravos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana; VI - participar da formulação da política e da execução de ações de saneamento básico; VII - participar das ações de controle e avaliação das condições e dos ambientes de trabalho; VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde; IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadual e regional; X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua organização administrativa; XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o controle e avaliação das ações e serviços de saúde; XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suplementar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos e substâncias de consumo humano; XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indicadores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada. Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) compete: I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde; II - participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde (SUS), em articulação com sua direção estadual; III - participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho; IV - executar serviços: a) de vigilância epidemiológica; b) vigilância sanitária; c) de alimentação e nutrição; d) de saneamento básico; e e) de saúde do trabalhador; V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e equipamentos para a saúde; VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para controlá-las; VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar sua execução; XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços privados de saúde; XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públicos de saúde no seu âmbito de atuação. Art. 19. Ao Distr ito Federal competem as atr ibuições reservadas aos Estados e aos Municípios. Em relação à política de formação dos recursos humanos no SUS essa Lei prescreve que : DOS RECURSOS HUMANOS Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos: I - organização de um sistema de formação de recursos humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal; Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente com o sistema educacional. Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessoramento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser exercidas em regime de tempo integral. § 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabelecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). § 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupantes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento. Art. 29. (Vetado). Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, instituída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das entidades profissionais correspondentes. SITES DE INTERESSE DESSA AULA: CONASS - www.conass.org.br CONASEMS - www.conasems.org.br MINISTÉRIO DA SAÚDE – www.saude.gov.br http://www.planalto.gov.br /ccivil_03/Leis/L8080.htm ANVISA – www.anvisa.gov.br ANS – www.ans.gov.br REVISTA RADIS – www.ensp.fiocruz.br /radis (faça sua assinatura online gratuitamente dessa revista). CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE AMBIENTAL http://saudeambiental.net/2009/10/1-conferencia-nacional-de-... www.maismedicos.gov.br www.saude.gov.br PRINCIPAIS REFERÊNCIAS CONSULTADAS: BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Subsídios para construção da Política Nacional de Saúde Ambiental. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. (Série B. Textos Básicos de Saúde). BRASIL. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Disponível em http://www.ans.gov.br Acesso em 25 jan 2010. BRASIL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (Lei nº 8078/90) Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm Acesso em 25 jan. 2010. BLOG DA SAÚDE. http://www.blog.saude.gov.br/index.php/programasecampanhas/33526-saude-tera-orcamento-de-r-106-bilhoes-em-2014 COSTA, E. M. A.; CARBONE, M. H. Saúde da família: uma abordagem multidisciplinar. 2 ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2009. LEI 8080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços cor respondentes e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/l8080.htm Acesso em 10 jan. 2010. MARZIALE, M. H. P.; MENDES, I. A. C. Promovendo saúde através da formação de recursos humanos: experiência da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, USP Centro Colaborador da OMS. Rev. latino-am. Enfermagem, v. 5, n. 3, p. 97-105, 1997. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rlae/v5n3/v5n3a14.pdf Acesso em 12 jan. 2010. MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2011. Disponível em http://www.conass.org.br/pdf/Redes_de_Atencao.pdf PAIM, J.S. O que é SUS. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009. VASCONCELOS, C. M.; PASCHE, D. F. O sistema único de saúde. IN: CAMPOS, G. W.S. Tratado de saúde coletiva. São Paulo: Hucitec, Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006. WIKIPEDIA. Saúde Pública. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde_p%C3%BAblica Acesso: 5 jan. 2010. ANEXO 2 TESE DO CEBES PARA A 15a CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE Publicado em 02/04/2015 11h04 SAÚDE NÃO É NEGÓCIO NEM MERCADORIA, É DIREITO DE CIDADANIA O Brasil, na última década, apesar das crises enfrentadas pelo capitalismo internacional, conseguiu manter o crescimento com distribuição de renda, melhorou o consumo e alcançou o pleno-emprego. Entretanto, atualmente vive uma crise econômica – acrescida de crise política decorrente das contradições internas – ampliada por interesses externos, que se impõem com a intenção de manter a ordem hegemônica do capitalismo planetário. No plano internacional a rearticulação das forças de mercado – liderada pelos EUA, que buscam manter a sua hegemonia e perpetuar o modelo capitalista predatório e concentrador de riqueza -, tem colocado de joelhos governos de vários países e deixado marcas de destruição nessas nações. Na América Latina, a sua principal estratégia é desestabilizar os governos progressistas e derrotar as experiências que recolocaram em cena projetos de sociedades solidárias, justas, fraternas e igualitárias, as quais emergiram em oposição ao fracassado experimento neoliberal que acirrou as desigualdades e deixou uma multidão de miseráveis vagando pelo continente. Este mundo unipolar, porém, está sendo colocado em xeque com a busca de alternativas internacionais multipolares, como o pacto sul-americano e a criação do BRICS (bloco econômico composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que, em setembro de 2014, criou duas instituições que dão significado e impulsionam mudanças na ordem mundial: o New Development Bank (NDB) e o Contigent Reserve Agreement (CRA). Estas instituições guardam características similares, mas com volume maior de recursos que o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que foram e continuam sendo instituições-chave para a hegemonia norte-americana. A presença do Brasil no BRICS abre espaço para novas cooperações nos campos econômico, educativo, científico e tecnológico que podem repercutir positivamente no campo da saúde, especialmente para a independência na produção de medicamentos e insumos para a saúde. Deve ainda ser considerada a possibilidade de novos rumos na articulação política entre os países que compõem o Bloco e as relações norte-sul, particularmente em consonância com políticas de proteção social voltadas para a preservação de direitos. Essas iniciativas, aliadas ao desencantamento em relação ao neoliberalismo após as intervenções em países da zona do euro nas crises econômicas de 2008 e 2009, particularmente no que se refere à ruptura da proteção social e às perdas dos direitos sociais da classe trabalhadora, indicam possibilidades de mudanças na dinâmica internacional e devem ser analisadas e consideradas no debate interno. Em nosso País, o projeto de desenvolvimento com distribuição de renda realizou conquistas que, ainda que insuficientes, não podem ser desconsideradas. A saída de enorme contingente de pessoas da miséria, o aumento real do salário mínimo e a menor taxa de desemprego registrada na série histórica do IBGE são mudanças que tiveram influência sobre os determinantes sociais da saúde, impactaram a qualidade de vida e mudaram indicadores de saúde como a queda da mortalidade infantil e o aumento da esperança de vida. Apesar dessas conquistas, o Brasil precisa avançar, pois continua sendo um dos países mais desiguais do mundo. Hoje se observa uma insatisfação da população com os políticos e a agudização da crise política institucional e de representação. Também está claro o esgotamento do projeto de desenvolvimento baseado no crescimento econômico com distribuição de renda, que reduziu a pobreza e permitiu a ampliação do consumo com base em amplas desonerações sobre produtos, sem que isso significasse efetiva mobilidade social. Esse projeto, focalizado no enfrentamento das urgências das desigualdades sociais não contribuiu para o alargamento da consciência de cidadania, está esgotado e se revela inviável diante de baixo crescimento econômico; sem dúvida precisa ser revisto. Entretanto, discordamos radicalmente quanto a solução por meio de ajustes neoliberais que dilapidam os direitos sociais, penalizam os mais pobres, deixando intacta a acumulação capitalista. Estes ajustes e esta economia política mercantilista não nos servem! Está posto o desafio para a construção de uma nova hegemonia na sociedade e no interior do Estado brasileiro, que impulsione um projeto de desenvolvimento capaz de enfrentar o problema estrutural da desigualdade social, comprometido com a preservação do meio ambiente e que compreenda os recursos naturais como bem da humanidade e não como mercadoria; que priorize a produção de alimentos saudáveis; que ofereça serviços públicos de saúde e educação relevantes para o bem-estar e que construa uma sociedade solidária, justa, fraterna e igualitária onde todos possam viver de forma digna. Nesta perspectiva, o combate ao capitalismo e a defesa do socialismo devem ser pauta política e horizonte de todos os movimentos sociais comprometidos com um mundo melhor. De imediato o País precisa promover mudanças profundas, entre as quais destacam-se as mudanças na política e no sistema político. A reforma política deve propiciar a radicalização da democracia com a participação efetiva dos cidadãos e acabar com o financiamento empresarial das campanhas – mecanismo de captura da política pelo poder econômico – no qual prevalecem os interesses dos grupos financiadores em detrimento dos interesses coletivos da população. O Movimento da Reforma Sanitária Brasileira sustentou no seu ideário um projeto civilizatório com amplas mudanças nos valores societários em relação à vida e ao planeta. Esse projeto, ainda a ser construído, está fundado nas bases de uma sociedade solidária e democrática, com a defesa do direito universal à saúde como direito de cidadania. O direito à saúde é um direito social que deve ser garantido pelo Estado, por meio de politicas econômicas, sociais e culturais, tal como conquistado na Constituição Federal de 1988, sendo incompatível com propostas nas quais a saúde é tratada como negócio ou mercadoria. O Sistema Único de Saúde (SUS) nasceu referendado por uma inédita mobilização social, impulsionada pelo Movimento da Reforma Sanitária, que buscava tecer as bases de um projeto de País, pautado na justiça, na igualdade e nos direitos sociais. O SUS teve e tem por objetivo melhorar a saúde da população,cuidar de todos de forma integral com a qualidade e a complexidade que os problemas requerem e a população merece; adotou a participação social promovendo a democracia participativa como fundamento para a sua gestão. Nestes 27 anos o SUS avançou e acumulou conquistas, especialmente se considerarmos a situação da saúde no período de sua criação. Entretanto, estamos muito distantes da situação ideal, os avanços alcançados não podem mascarar os problemas intrínsecos do SUS e nem aqueles extrínsecos, oriundos de setores da sociedade que boicotam a sua consolidação. Para o Cebes, o SUS não é um sistema de saúde que possa sobreviver e se consolidar com políticas orientadas pelo projeto liberal, que não mede esforços em desconstruí-lo, que alimenta os interesses da indústria médica globalizada e transforma a saúde em puro mercado. O momento é crítico e a sobrevivência do SUS exige mudanças profundas na ordem econômica, política e social brasileira; exige, também, o compromisso efetivo do Estado, dos governos e da sociedade na sua defesa. Para que a saúde seja um direito de todos, assumida como um bem da sociedade, é necessário um novo acordo em nome do interesse público, que recomponha os princípios e as orientações constitucionais, os quais devem ser assegurados pelos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. A luta por direitos sociais e em particular o direito à saúde deve ter como pressuposto a luta por um Estado democrático participativo, com justiça social e equidade. Os interesses de mercado avançam pelo mundo por meio de estratégias potentes. No continente latino-americano são travados embates importantes entre o mercado e os Estados em relação à saúde, e a resistência do SUS brasileiro é representativa para o ideário dos movimentos por saúde nestes países. O Brasil deve assumir compromissos e responsabilidades com os demais países latino-americanos, pois os avanços que conquistamos no campo da saúde inspiram as lutas pelo direito à saúde em países deste continente. A voracidade do capital não tem limites, mercantilizou todos os aspectos da vida. Na saúde, transformou o cuidado em um negócio lucrativo; medicaliza a vida e a sociedade, induzindo o consumo de medicamentos e procedimentos médicos; explora os trabalhadores da saúde à exaustão e pratica estelionato vendendo planos privados de saúde que não atendem às necessidades das pessoas quando elas mais precisam, ou seja, nas situações de doenças graves e na velhice. Para garantir os seus lucros, o mercado usa recursos públicos que são canalizados especialmente por meio de subsídios fiscais como a dedução de 100% no Imposto de Renda (IR) devido dos gastos com serviços privados realizados pelo contribuinte. Desse modo, os brasileiros que têm renda para gastar no mercado da saúde são incentivados à este consumo, com consequências negativas para a saúde pública, pois essa dedução diminui o montante de recursos arrecadados e, consequentemente, reduz a parcela que iria para o SUS. Ao fim e ao cabo, a grande maioria da população que não tem recursos para gastar com saúde privada e que paga impostos financia indiretamente os gastos privados com saúde de uma parcela minoritária da sociedade. Do IR, as pessoas físicas podem deduzir os gastos com planos de saúde, médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, entre outros. Não há teto para o abatimento de gastos com saúde (renúncia fiscal), diferentemente do que acontece com a educação, cujo limite de dedução é de R$ 3.375,83. A renúncia fiscal se aplica também aos empregadores que fornecem assistência à saúde a seus funcionários, considerando este gasto como “despesa operacional” e abatendo do lucro tributável. Ainda há as desonerações fiscais para a indústria farmacêutica, hospitais filantrópicos, subsídios diretos por meio de incentivos fiscais e desonerações, além de subsídios a funcionários públicos, cujos planos de saúde são pagos com recursos públicos. Em 2011, a renúncia fiscal na saúde foi de R$ 15,8 bilhões, sendo R$ 7,7 bilhões apenas de planos de saúde. Neste mesmo ano, o lucro líquido das operadoras de planos privados de saúde foi de R$ 4,9 bilhões, ou seja, mais da metade dos lucros dessas empresas foram decorrentes de renúncia fiscal. No nosso entendimento, quem quer plano de saúde deve pagar – integralmente – por ele, evitando iniquidades. A desoneração fiscal na área da saúde deve ser eliminada e os recursos devem ser aplicados no SUS para melhorar a qualidade e garantir universalidade e integralidade de acesso. Dinheiro do povo não pode ser privatizado, deve ser usado em serviços para todo o povo, promovendo justiça e igualdade social. Os direitos sociais, para serem garantidos pelas políticas sociais, custam caro. A 15a Conferência Nacional de Saúde (CNS) deve deixar claro quem deve pagar os custos das políticas sociais que garantem direitos. Para isso, esse debate deve começar nas conferências municipais, estaduais, plenárias e em todos os espaços de debate sobre a saúde. O financiamento das políticas sociais não pode penalizar ainda mais as classes trabalhadoras que, proporcionalmente, já pagam mais impostos. A conjuntura exige uma ação política firme e articulada de todos os que defendem o SUS e o direito à saúde, sob o risco de termos o primeiro momento de retrocesso nos direitos positivos garantidos constitucionalmente desde a redemocratização do País. Diante dessa conjuntura defendemos as seguintes propostas: 1) Avançar no desenvolvimento social, com progressivo aumento do gasto federal com políticas sociais de saúde, educação e assistência social; 2) Realizar auditoria da dívida pública e aumentar o investimento como alavanca para o crescimento econômico, reduzindo juros e não cedendo às pressões cambiais e de balanço de pagamentos; 3) Realizar reforma política que aprofunde e aperfeiçoe a democracia participativa, com o estabelecimento de novas regras institucionais que garantam a ampliação da participação democrática e o fim do financiamento empresarial das campanhas eleitorais e da interferência do poder econômico na política; 4) Realizar reforma tributária que coloque o Brasil na direção dos países que alcançaram sistemas tributários mais justos ao reduzir a tributação sobre o consumo e concentrá-la no patrimônio e na renda. Para isso é necessário: melhorar a distribuição das alíquotas do IR para pessoa física com faixas mais altas e aumento da faixa de isenção; reduzir a tributação indireta sobre o consumo; aumentar a tributação sobre a acumulação; aumentar o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) dos grandes latifúndios; reduzir as taxas que incidem diretamente sobre o setor produtivo (Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)); acabar com a isenção dos lucros e dividendos e com a dedução dos juros sobre o capital próprio e aliviar a carga tributária dos trabalhadores com imposto progressivo; 5) Democratizar a mídia para garantir o direito à informação e reduzir o poder de filtro que preserva interesses de grupos específicos de proprietários, além de expandir alternativas aos meios de comunicação; 6) Enfrentar as desigualdades e iniquidades na saúde e consolidar o SUS constitucional. Para isso é necessário: • Acabar com os subsídios dos planos privados de saúde por meio de estratégia progressiva, inicialmente instituindo um limite de valor de gastos com saúde, que podem ser dedutíveis do IR como no caso da educação; não financiar planos privados para servidores públicos com recursos públicos; proibir anulação ou perdão das dívidasdos planos com o Estado; proibir subsídios diretos aos planos e não promover incentivos aos planos privados individuais. • Aplicar os recursos decorrentes dos subsídios em especial na atenção primária (Estratégia Saúde da Família, promoção e prevenção à saúde) e na média complexidade (atenção especializada com profissionais e recursos tecnológicos de apoio diagnóstico e terapêutico adequados). • Taxar as grandes fortunas para aplicar os recursos na saúde. As 15 maiores fortunas brasileiras são de grandes empresas que exercem monopólio da comunicação, como a Rede Globo e Grupo Abril, do agronegócio e de bancos como o Safra, o Itaú e o Bradesco. Essa arrecadação corresponde à quase totalidade do volume de recursos que o governo vai arrecadar com as últimas mudanças na tributação. • Impedir retrocessos no direito à saúde. Barrar projetos em curso no Congresso Nacional que atuam contra o SUS, a exemplo do Projeto de Emenda Constitucional no 451, de autoria de Eduardo Cunha, que pretende alterar a Constituição e tornar planos privados obrigatórios aos trabalhadores empregados. • Garantir maior financiamento público com o fim da Desoneração das Receitas da União (DRU) para o setor da saúde; flexibilizar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para a contratação de trabalhadores da saúde (investindo no quadro de servidores próprios da saúde e diminuindo a contratação de Organizações Sociais) e investir 10% da Receita Corrente Bruta da União na saúde pública. • Consolidar o SUS como um sistema único e universal, com financiamento estatal estável e gestão pública que garanta a oferta de serviços e cuidados integrais e de qualidade. • Denunciar e repudiar a falsa proposta de Cobertura Universal de Saúde, que não produz cobertura a todos, mas pacotes limitados de serviços que não atendem às necessidades de saúde da população. O Cebes finaliza esta Tese para a 15a CNS, reafirmando que não haverá “Saúde Pública de qualidade para cuidar bem das pessoas” sem a consolidação do SUS e com um sistema de saúde pautado pelo mercado e orientado pela oferta privada de serviços, como têm preconizado e insinuado setores da sociedade e do próprio Estado que defendem um projeto de desenvolvimento liberal. Com a intenção de contribuir para esse debate, em momento de extremo risco de retrocessos em relação ao direito à saúde e ao SUS, o CEBES apresenta esta tese e conclama os movimentos sociais, usuários, trabalhadores, gestores e os grupos mobilizados para o processo da 15a CNS a se unirem em defesa do SUS e debaterem politicamente o projeto de saúde que está em curso e aquele que queremos para o Brasil. O Cebes vive! Viva o Cebes, a democracia par ticipativa e o SUS! Fonte: http://cebes.org.br/ 17/09/2015 AULA REELABORADA PELO PROF. DR. JOSÉ MARTINS PINTO NETO – 19/02/2016 ASSISTENTE DE DIREÇÃO DO CURSO DE MEDICINA DA UNICASTELO SUPERVISOR DO MÓDULO DE SAÚDE COLETIVA DO CURSO DE MEDICINA DA UNICASTELO COORDENADOR DA COMISSÃO GESTORA DO HOSPITAL DE ENSINO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE FERNANDÓPOLIS. PRESIDENTE DA COMISSÃO DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL – COREMU