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Tutorial: Diencéfalo

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Módulo: Percepção, Consciência e Emoção 
Problema 03: Desvio de fluxo.
· Objetivo 01: Descrever a anatomofisiologia do diencéfalo (explicar a função de cada estrutura e as conexões entre elas)
O diencéfalo subdivide-se em 4 regiões bilateralmente simétricas sobre cada lado do terceiro ventrículo: tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo.O epitálamo é considerado como uma estrutura do sistema límbico, situa-se na extremidade posterior do terceiro ventrículo, inferiormente ao esplênio do corpo caloso, anteriormente à fissura cerebral transversa e superiormente ao mesencéfalo, e o subtálamo, do sistema extrapiramidal. O corpo pineal ou epífise, a estrutura mais saliente macroscopicamente, apresenta a forma de pequeno prisma triangular cujo ápice dirigese inferiormente, ocupando a porção mais superior do sulco quadrigêmeo. O lúmen do terceiro ventrículo estende-se por pequena distância em sua base, constituindo o recesso pineal. Abaixo desse último, encontra-se a comissura posterior, estrutura que marca o limite mesencéfalo-diencéfalo. Superiormente ao corpo pineal, encontra-se a comissura das habênulas, conjunto de fibras que cruza a linha mediana. Essas fibras se estendem entre duas estruturas triangulares localizadas logo à frente do corpo pineal, o trígono das habênulas, que é o local de terminação da estria medular do tálamo. O subtálamo é a única estrutura do diencéfalo que não se relaciona com o lúmen do terceiro ventrículo. Como ele fica oculto pelo tálamo superiormente, pelo mesencéfalo inferiormente, pelo hipotálamo medialmente e pela cápsula interna lateralmente, sua visualização é mais difícil, apenas sendo possível em seções transversais ou coronais. Macroscopicamente, o único elemento identificável inequivocamente é o núcleo subtalâmico, cujo epônimo é corpo de Luys. Esse núcleo apresenta forma de lente biconvexa com sua extremidade inferior aproximando-se da substância negra. Em seções horizontais, o núcleo subtalâmico pode ser distinguido do núcleo rubro pela sua localização lateral. 
Epitálamo 
Há estruturas secretoras e não secretoras no epitálamo. Dentre as primeiras, a mais importante é o corpo pineal. Entretanto, na altura da comissura posterior, as células ependimárias se modificam, adquirindo maior altura e constituindo o órgão subcomissural, visível apenas microscopicamente. Esse órgão relaciona-se com controle de volume plasmático mediante receptores para angiotensina II. Outras estruturas espalhadas pelo sistema ventricular do cérebro (órgão vascular da lâmina terminal, eminência média, área pré-óptica medial do hipotálamo, órgão subfornicial e área postrema) exercem função semelhante e constituem o chamado sistema periventricular, no qual inexiste a barreira hematencefálica. O corpo pineal é revestido por cápsula de tecido conjuntivo que penetra no parênquima da glândula, formando septos. Estruturas derivadas do mesoderma encontradas no corpo pineal são formadas por tecido conjuntivo frouxo, particularmente rico em mastócitos, micróglia e vasos sanguíneos que irrigam abundantemente essa glândula. Das estruturas neurais, a mais importante é a célula secretora, o pinealócito. Existem também células gliais, como astrócitos e oligodendrócitos. Neurônios não são usualmente achados no parênquima do corpo pineal. Estudos com microscopia eletrônica mostram que o citoplasma do pinealócito é rico em fitas sinápticas similares às encontradas em células retinianas. Essa semelhança morfológica é explicada pela filogênese do corpo pineal, que, em animais mais primitivos, é um órgão sensorial sensível à luz. Além disso, no parênquima da glândula encontram-se concreções calcárias, cujo número aumenta com a idade. A principal inervação do corpo pineal é constituída por fibras simpáticas pós-ganglionares. O corpo desses neurônios localiza-se no gânglio cervical superior, e os axônios ascendem pelo plexo carotídeo. Há evidências demonstrando que o trato retino-hipotalâmico conduz informações visuais ao núcleo supraquiasmático do hipotálamo, o marca-passo dos ritmos circadianos. Dessa última estrutura, as informações são passadas para a formação reticular (núcleo parvocelular) e daí retransmitidas aos neurônios pré-ganglionares do sistema nervoso simpático. Sendo assim, o corpo pineal recebe informações sobre luminosidade do meio ambiente. Vários estudos mostram que, no escuro, o pinealócito sintetiza e secreta melatonina a partir de serotonina. Em anfibios, esse hormônio participa do controle da cor do tegumento, à medida que concentra os grãos de melanina em torno do núcleo, clareando a cor dos animais. Em certos mamíferos, especialmente aqueles que hibernam, a melatonina produz atrofia das gônadas. Isso não ocorre em humanos, em que se desconhece a função exata da melatonina. Sugere-se, entretanto, que esse hormônio iniba outras glândulas endócrinas e participe da regulação de ciclos circadianos (inclusive ciclo vigília-sono). Mais recentemente, tem sido proposta a existência de conexão funcional entre o corpo pineal e o sistema imunológico. A melatonina influenciaria o sistema imune pela participação de mediadores ( opioides endógenos, citocinas, hormônios e outros), bem como pela interação direta com células do sistema imunológico. O sistema imune, por sua vez, é capaz de modular o funcionamento do corpo pineal. A melatonina agiria como removedora de radicais livres e agente antineoplásico. Como a secreção de melatonina gradualmente reduz-se com a idade, especula-se que esse fenômeno seria o responsável pelo aparecimento de muitas doenças relacionadas com o envelhecimento. O trígono das habênulas é a estrutura não endócrina mais importante do epitálamo. Abaixo de sua superfície, encontram-se o núcleo habenular medial e o lateral, que recebem aferências dos núcleos septais e estruturas adjacentes por meio da estria medular do tálamo e enviam eferências para o mesencéfalo por meio do fascículo retroflexo. Esses núcleos se conectam com os correspondentes do outro lado por meio da comissura das habênulas. Embora se presuma que os núcleos habenulares e suas conexões se relacionem com o sistema límbico, não se sabe qual sua função exata.
Subtálamo 
Essa região do diencéfalo é constituída por alguns núcleos e atravessada por vários feixes de fibras. O núcleo subtalâmico, o mais importante do subtálamo, é mais bem considerado como pertencente aos núcleos da base. Essa tendência moderna se justifica por suas conexões e funções: as principais aferências vêm do segmento lateral do globo pálido, e as eferências se dirigem principalmente para a porção reticular da substância negra e segmento medial do globo pálido. Ainda nessa mesma figura, é possível observar que as eferências do pálido medial para o tálamo ventrolateral constituem 2 feixes de fibras: a ansa lenticular, que caminha rostralmente, contorna o braço posterior da cápsula interna e penetra no campo pré-rubral (H de Forel), situado entre o tálamo, o fórnix e a zona incerta. O outro contingente cruza a cápsula interna, formando o fascículo lenticular (campo H2 de Forel), que também penetra no campo pré-rubral. Essas fibras palidotalâmicas se juntam a fibras dentatotalâmicas e constituem o fascículo talâmico (campo H1 de Forel), que se localiza entre o tálamo e a zona incerta. Essa última, localizada entre o núcleo subtalâmico e o tálamo, é um núcleo contínuo com o núcleo reticular do tálamo. Suas funções são desconhecidas, embora receba aferências de áreas pré-motoras do córtex cerebral. 
	
Tálamo
O tálamo é uma estrutura par, com aspecto ovoide, que faz parte do diencéfalo, formada por substância cinzenta e subdividida em vários núcleos. Localiza-se ao lado do terceiro ventrículo, inferior ao ventrículo lateral, medial à cápsula interna, importante feixe de fibras nervosas ascendentes e descendentes, e superior ao subtálamo e hipotálamo. O tálamo forma a maior parte da parede lateral do terceiro ventrículo e limita-se inferiormente com o hipotálamo, no nível do sulco hipotalâmico, que passa do forame interventricular até o aqueduto cerebral.
O assoalho do ventrículo lateral é formado medialmente pelo tálamo e lateralmente pelo núcleo caudado, separados pelo sulco talamoestriado. Por esse sulco, passa a veia talamoestriada, que se dirige ao forame interventricular, onde contribui para a formação da veia cerebral interna. As estrias medulares do tálamo são formadas por fibras nervosas que unem a área septal ao epitálamo. Elas representam o limite entre as faces medial e superior do tálamo e o local de inserção da tela corioide, que forma o teto do terceiro ventrículo. A fissura transversa do cérebro localiza-se acima da região superomedial do tálamo e abaixo do fórnix, sendo revestida pela pia-máter, que entra na formação da tela corioide. A extremidade anterior, o tubérculo anterior do tálamo, que, junto com a coluna anterior do fórnix, delimita o forame interventricular, é mais estreita que a posterior, o pulvinar, volumosa massa visível posteriormente, acima do mesencéfalo. Na região posterior, inferiormente ao pulvinar, encontramos 2 estruturas chamadas corpos geniculados lateral e medial, também denominados metatálamo, que, por meio dos braços dos colículos superior e inferior, se relacionam, respectivamente, com essas estruturas do mesencéfalo. Medialmente no nível do terceiro ventrículo, os 2 tálamos apresentam uma união sem significado funcional, pois não existe passagem de fibras, chamada aderência intertalâmica. A lâmina medular externa é uma camada de substância branca que limita lateralmente o tálamo, continuando acima com a denominação de extrato zonal do tálamo. A lâmina medular interna, em posição vertical e forma de Y com bifurcação anterior, delimita os grupos de núcleos das regiões anterior, medial, mediana, lateral e posterior, com subdivisões, conexões e funções distintas. 
Vias e estruturas internas 
Apesar de o tálamo ser frequentemente lembrado pelas funções sensoriais, cada grupo de núcleos apresenta conexões distintas. Assim, o tálamo se relaciona também com a emoção, a motricidade, a ativação cortical, entre outras funções. Diferentes classificações dos núcleos talâmicos têm sido propostas. A divisão em 5 grupos, seguindo a topografia determinada pela lâmina medular interna, permite uma compreensão mais simples das conexões talâmicas. A seguir serão descritos os grupos de núcleos das diferentes regiões com suas vias e conexões. 
· Região anterior 
Os núcleos de substância cinzenta dessa região localizam-se anteriormente à bifurcação da lâmina medular interna, no nível do tubérculo anterior. As fibras aferentes têm origem no corpo mamilar, integrando o circuito de Papez, importante conexão do sistema límbico, que regula o comportamento emocional. As fibras eferentes dirigem-se ao giro do cíngulo. 
· Região medial 
O núcleo dorsomedial situa-se entre os núcleos da região mediana e a lâmina medular interna. As fibras aferentes originam-se no hipotálamo, corpo amigdaloide e córtex pré-frontal. As fibras eferentes dirigem-se ao córtex pré-frontal. As principais funções desse núcleo se relacionam com as emoções, a atenção e a iniciativa. Dentro da lâmina medular interna, encontramos os núcleos intralaminares, sendo o núcleo centromediano o principal deles. As fibras aferentes têm origem na formação reticular, enquanto as eferentes dirigem-se ao córtex cerebral. O sistema ativador reticular ascendente, Tronco do Encéfalo, atua na manutenção da vigília por vias chamadas extralemniscais diretas. Entretanto, essa via pode fazer conexão com o tálamo no nível dos núcleos intralaminares. O núcleo reticular, situado entre a lâmina medular externa e a cápsula interna, parece não ter função de ativação cerebral. Suas conexões principais com a substância cinzenta periaquedutal indicam a existência de um papel no controle da dor. 
· Região mediana 
Os núcleos de substância cinzenta dessa região localizam-se medialmente aos núcleos mediais, principalmente na aderência intertalâmica. As conexões mais importantes ocorrem com o hipotálamo e a substância cinzenta periaquedutal central. Acredita-se que se relacionem com funções viscerais. 
· Região lateral 
Os núcleos situados lateralmente à lâmina medular interna têm uma importância anatomofisiológica muito grande. Essa região pode ser subdividida em 2: uma dorsal ou superior; outra ventral ou inferior. Os núcleos lateral-dorsal e lateral-posterior compõem a subdivisão dorsal. São considerados núcleos associativos com conexões com o córtex parietal. A subdivisão ventral apresenta 3 componentes: 
a. núcleo ventral anterior; 
b. núcleo ventral lateral; e 
c. componente ventral posterior. 
O núcleo ventral anterior relaciona-se com os núcleos da base. As fibras aferentes têm origem inicialmente no córtex cerebral, passam pelo núcleo lentiforme através do putame e do globo pálido externo, fazem conexão com o núcleo subtalâmico, vão ao globo pálido interno e dirigemse ao tálamo no núcleo ventral anterior. As fibras eferentes dirigem-se novamente ao córtex cerebral, levando todas as informações modificadas no trajeto. O núcleo ventral anterior faz parte do sistema extrapiramidal e se relaciona com a motricidade. Essa via corticoestriado-tálamo-cortical tem importante função no controle dos movimentos. O núcleo ventral lateral subdivide-se em uma parte anterior e outra posterior, ou núcleo intermédio. A parte anterior tem as mesmas conexões que o núcleo ventral anterior, recebendo fibras do globo pálido e enviando-as ao córtex cerebral. O núcleo intermédio se relaciona com o cerebelo. As fibras originadas no núcleo denteado do neocerebelo, após conexão no núcleo rubro, dirigem-se ao tálamo no núcleo intermédio. As fibras eferentes vão ao córtex cerebral, fechando o circuito eferente do neocerebelo denteado-rubro-tálamo-cortical. O componente ventral posterior divide-se em 2 núcleos: o núcleo ventral posterolateral, na porção externa, e o núcleo ventral posteromedial, na porção interna. Ambos os núcleos se relacionam com a sensibilidade, enviando suas fibras para o córtex do giro pós-central. O núcleo ventral posterolateral recebe as fibras dos lemniscos espinal, formado pelas vias espinotalâmicas anterior e lateral, e medial, formado pelos fascículos grácil e cuneiforme, sendo responsável pela sensibilidade somática geral do hemicorpo contralateral. O núcleo ventral posteromedial recebe fibras do lemnisco trigemina!, relacionado com a sensibilidade somática geral, e do núcleo do trato solitário, relacionado com a gustação, representando a sensibilidade de parte da metade oposta da cabeça. Existe uma somatotopia no nível dos núcleos da sensibilidade. Mais lateralmente, no núcleo posterolateral, encontramos a representação dos membros inferiores. Nesse núcleo, na porção mais medial, encontram-se os membros superiores. No núcleo posteromedial está representada a cabeça. As porções distais dos membros têm suas correspondências inferiormente, enquanto, mais acima, localizam-se as porções proximais dos membros e anterior da cabeça. Superiormente, situam-se o tronco e a porção posterior da cabeça.
· Região posterior 
O pulvinar é um volumoso núcleo situado na extremidade posterior do tálamo com funções ainda pouco conhecidas, mas consideradas associativas. O metatálamo é constituído pelos corpos geniculados lateral e medial. O corpo geniculado lateral faz parte das vias ópticas. Do nervo óptico, a via passa pelo quiasma óptico, com cruzamento parcial das fibras, e dirige-se posteriormente pelo trato óptico até o corpo geniculado lateral. As fibras eferentes vão ao córtex visual da área 17 de Brodmann no sulco calcarino do lobo occipital pelas radiações ópticas. Pelo braço do colículo superior, uma conexão secundária estabelecida no mesencéfalo leva informações importantes para os reflexos relacionados com a visão. O corpo geniculado medial faz parte das vias auditivas. Do lemnisco lateral, a via aferente passa pelo colículo inferior e pelo braço do colículo inferior, até o corpo geniculado medial. A via eferente é representada pelas radiações auditivas com destino ao córtex cerebral do giro transverso
anterior do lobo temporal, na área 41 de Brodmann. 
Hipotálamo 
O equilíbrio das concentrações de íons e outros constituintes dos fluidos corporais, dos fatores físico-químicos, como temperatura, pressão e volume, recebe o nome genérico de homeostase. O sistema nervoso autônomo, regido pelo hipotálamo, efetiva essas funções. Além disso, o hipotálamo controla e harmoniza as funções metabólicas, endócrinas e viscerais como se fosse uma interface entre o meio exterior e o meio interno. Participa ainda no controle do sono e influi no comportamento afetivoemocional. Sua interferência parece ser tão importante que há diferenças anatômicas entre o hipotálamo de homens e o de mulheres, e estudos recentes mostram que alguns homossexuais masculinos têm seus detalhes hipotalâmicos mais parecidos com os das mulheres. 
Macroscopia 
O hipotálamo, o tálamo, o epitálamo e o subtálamo formam o diencéfalo. O hipotálamo forma parte das paredes laterais e o assoalho do terceiro ventrículo, e está situado ventralmente ao sulco hipotalâmico, apresentando massa de apenas 4 a 5 g. Macroscopicamente, compreende uma área losangular limitada anteriormente pelo quiasma óptico, posteriormente pela borda posterior dos corpos mamilares e lateralmente pelos tratos ópticos. As estruturas hipotalâmicas principais visíveis são o quiasma óptico e os corpos mamilares, situados mais posteriormente. A região entre essas 2 estruturas configura o túber cinéreo, com duas eminências laterais e uma eminência média. Da eminência média, sobressai o infundíbulo hipofisário, representando a conexão anatômica entre o sistema nervoso central e o sistema endócrino-hipofisário. Temos assim 3 regiões hipotalâmicas no eixo craniocaudal: a supraóptica ou quiasmática, a tuberal e a mamilar. No eixo transversal, 2 planos sagitais que passam pelas colunas do fórnix dividem o hipotálamo em 3 regiões: 2 laterais e 1 medial. Há um grupo de células ependimárias modificadas, chamadas de tanícitos, que revestem parte do assoalho do terceiro ventrículo e se comunicam por prolongamentos com o espaço perivascular portal da hipófise. As modificações do líquido cerebrospinal são assim medidas e moduladas pelo sistema neuroendócrino. 
Vias e estruturas internas 
· Organização nuclear 
Microanatomicamente, o hipotálamo apresenta concentrações de corpos celulares, os núcleos hipotalâmicos, às vezes densos, outras vezes diluídos, que se estendem até a substância periaquedutal do mesencéfalo. Esses núcleos estão distribuídos conforme as regiões anatômicas do hipotálamo. 
· Região quiasmática 
Na região quiasmática, encontram-se os núcleos supraóptico, paraventricular, supraquiasmático, anterior e a área pré-óptica. Os núcleos supraóptico e paraventricular contêm células que produzem ocitocina e vasopressina, que, por fibras especiais, levam esses hormônios para a neurohipófise ou lobo posterior da hipófise. O núcleo supraquiasmático é um pequeno núcleo acima do quiasma óptico que recebe fibras diretamente da retina, sendo, então, a região anatômica responsável pelo relógio biológico dia-noite. Os hormônios produzidos pelo eixo hipotálamo-hipófise mudam conforme a variação ambiental, constituindo, assim, o chamado ritmo circadiano. Há ainda pequenos e mal definidos grupos celulares, que constituem a área pré-óptica e o núcleo anterior. A área pré-óptica é a região mais rostral do hipotálamo, e suas células distribuem-se em torno do terceiro ventrículo em relação com o recesso supraóptico. São tão difusamente agrupadas que se confundem com o epêndima da região. 
· Região tuberal 
A região tuberal forma-se pelos núcleos dorsomedial, ventromedial, arqueado e hipotalâmico lateral. A maior região do hipotálamo contém, na sua porção medial, o grande e bem definido núcleo dorsomedial e, mais inferiormente, o não tão definido núcleo ventromedial. Essa região contém ainda o núcleo arqueado ou infundibular, situado na região mais inferior do terceiro ventrículo, já na emergência do infundíbulo da hipófise. Mantém íntima relação com o terceiro ventrículo e com a região hipofisária. Suas células produzem dopamina, que é liberada no sistema portal hipofisário. Ainda podemos encontrar células produtoras de hormônio adrenocorticotrófico, conhecido por ACTH, hormônio betalipotrófico e uma substância chamada betaendorfina, um análogo da morfina, produzida endogenamente, que tem papel importante no controle da dor e é liberada durante certas condições, tais como exercícios físicos prolongados ou tratamento por acupuntura. Podemos ainda definir uma região compreendida lateralmente a um plano sagital passando pela coluna do fórnix bilateralmente. É a região lateral que contém o núcleo hipotalâmico lateral.
· Região mamilar 
A região mamilar contém os núcleos mamilares e hipotalâmico posterior. É formada pelos corpos mamilares, que constam exclusivamente dos núcleos mamilares. Estes são esféricos, mediais e grandes, compostos de células pequenas, revestidos por fibras mielinizadas. O núcleo hipotalâmico posterior está situado dorsalmente ao núcleo mamilar e caudalmente ao núcleo ventromedial. Ainda existem núcleos pequenos e pouco definidos: os intermediários ou intercalares e os mamilares laterais. 
· Conexões do hipotálamo
O hipotálamo está interligado com outras regiões do encéfalo por fibras pouco mielinizadas, com exceção do fórnix e do trato mamilotalâmico. A maioria das fibras de conexão do hipotálamo com outras regiões do encéfalo são recíprocas, embora algumas possam ser mais bem classificadas como aferentes ou eferentes.
· Vias recíprocas do hipotálamo 
O fascículo prosencefálico medial interliga o telencéfalo basal, o hipotálamo e o tronco cerebral. Suas fibras originam-se na área septal e terminam no mesencéfalo, com fortes conexões com o sistema límbico. A estria medular talâmica liga a habênula às áreas hipotalâmica anterior e septal, e a via hipotalamocerebelar interliga os núcleos dorsomedial, áreas dorsal e lateral do hipotálamo aos núcleos e córtex do cerebelo. 
· Vias eferentes do hipotálamo 
O trato hipotalamoespinal apresenta fibras descendentes originadas do núcleo paraventricular com contribuição dos núcleos dorsomedial, ventromedial e posterior. A sua existência ainda é controversa, mas faria sinapse com neurônios pré-ganglionares simpáticos e parassimpáticos no tronco cerebral e na medula espinal. Representa uma das várias vias de influência do hipotálamo sobre o sistema nervoso autônomo. O trato mamilotalâmico, ou fascículo mamilar, compõe-se de fibras bem mielinizadas que fazem projeção dos núcleos mamilares aos núcleos anteriores do tálamo. O trato mamilointerpeduncular liga os núcleos mamilares ao núcleo interpeduncular, enquanto o trato mamilotegmentar comunica o hipotálamo aos núcleos da formação reticular mesencefálica. O fascículo periventricular comunica os núcleos periventriculares entre si e ao córtex frontal e tronco cerebral. Um grupo particular dessas fibras tem direção descendente até níveis inferiores do tronco cerebral, onde formam o fascículo longitudinal dorsal. O trato tuberoinfundibular comunica os núcleos supraóptico, paraventricular e tuberais com a região infundibular. Seus axônios constituem a parte neural do infundíbulo, terminando na neuro-hipófise. 
· Vias aferentes do hipotálamo 
O fórni:x é a principal via de comunicação entre o hipocampo e o hipotálamo anterior e núcleos mamilares, e faz parte do circuito de Papez, que forma o sistema límbico. As fibras amígdalo-hipotalâmicas originam-se no corpo amigdaloide e vão a diversos núcleos do hipotálamo, principalmente pela estria terminal. Já as fibras tálamo-hipotalâmicas têm origem no núcleo dorsomedial e núcleos da linha média do tálamo, projetando-se para a área pré-óptica e lateral do hipotálamo. As fibras tegmento-hipotalâmicas procedem do tegmento da ponte ou do mesencéfalo e dirigem-se ao hipotálamo, liberando neurotransmissores monoaminérgicos (dopamina, noradrenalina e serotonina). O trato retinossupraquiasmático comunica a retina com o núcleo supraquiasmático, passando pelo nervo
óptico e quiasma óptico. Constitui a principal via sensorial para a modulação do ritmo circadiano. 
Funções do hipotálamo 
As funções do hipotálamo são mais bem discutidas em compêndios de neurofisiologia, mas uma visão geral pode ajudar na compreensão neuroanatômica. A dificuldade em mapear as funções de regiões anatômicas do hipotálamo advém de sua complexa estrutura, pouca definição de seus núcleos e tamanho reduzido. De maneira geral, as manifestações parassimpáticas estão relacionadas com o hipotálamo anterior, ao passo que o hipotálamo posterior coordena as funções simpáticas. 
· Termorregulação 
A manutenção da temperatura corporal constante é fundamental para o funcionamento de todas as enzimas dos mamíferos, e tem sua eficiência otimizada em torno dos 37ºC. Muitos neurônios do sistema nervoso central são sensíveis à temperatura, mas neurônios do hipotálamo detectam variações da ordem de décimo de grau centígrado. Essas variações são traduzidas pelo hipotálamo em ações para dissipação ou conservação do calor. As ações de dissipação de calor incluem vasodilatação periférica, sudorese, aumento da frequência respiratória e diminuição geral da atividade somática. Note-se que essas atividades são de predomínio parassimpático, daí associar-se ao hipotálamo anterior a função de diminuir a temperatura. Para a conservação do calor, o hipotálamo coordena reações opostas, de caráter simpático, o que leva à associação do hipotálamo posterior à conservação do calor. O "tiritar de frio" também é uma reação para conservação do calor pouco explicada, mas que tem controle hipotalâmico. O hipotálamo posterior ainda controla a liberação de hormônio tireotrófico, que, aumentando a produção de hormônios tireoidianos, aumenta a taxa de metabolismo geral do organismo. A ablação do hipotálamo nos animais impede o controle da temperatura, levando-os à morte. 
· Regulação da sede 
A manutenção do volume sanguíneo circulante e sua concentração são vitais. Para esse controle, 4 impulsos são ativadores do hipotálamo: as variações de osmolaridade sanguínea, percebidas por osmorreceptores no hipotálamo; a diminuição da pressão arterial, notada pelos corpúsculos carotidianos; a sensação de boca seca; e, ainda, fatores comportamentais e cognitivos, como a visão de líquidos atrativos. Esses impulsos são transmitidos ao hipotálamo, que responde com uma atividade complexa, inclusive com o aumento do hormônio antidiurético ou vasopressina, que, produzido, ganha a neuro-hipófise através dos axônios do fascículo hipotálamo-hipofisário, onde é liberado na circulação, promovendo aumento da absorção de água pelos túbulos renais. A falta desse hormônio, ocasionada por lesões no eixo hipotálamo-hipofisário, seja por tumores na região, seja após radioterapia ou cirurgia, leva à perda de vários litros de água por dia, num quadro conhecido por diabetes insípido, diferente do diabetes melito, causado por hiperglicemia. Em resposta à sensação de sede, o hipotálamo ainda coordena respostas descendentes, tanto por via neurogênica direta quanto por estímulo para a produção de catecolaminas pelas glândulas adrenais que vão levar ao aumento da frequência e força contrátil cardíacas, diminuição da sudorese, exceto palmar, e vasoconstrição. Há também aumento do hormônio adrenocorticotrófico, que incrementa a produção de corticosteroides pelas glândulas adrenais, provocando a retenção de sódio pelos rins e aumentando o volume plasmático circulante. O conjunto dessas respostas, em associação com estruturas do neocórtexe do sistema límbico, leva à procura e ingestão de água. 
· Regulação da ingestão de alimentos 
O papel do hipotálamo no controle da fome é fundamental, mas ainda desconhecido. Os núcleos ventromedial e a área lateral do hipotálamo já foram considerados os centros da saciedade e da fome, mas hoje se sabe que o principal núcleo envolvido é o paraventricular, que, através de receptores hipotalâmicos, monitora os níveis de insulina produzidos pelo pâncreas. É possível que os níveis de insulina e de noradrenalina circulantes estimulem o hipotálamo a desencadear o impulso da fome. Lesões hipotalâmicas podem levar tanto à caquexia por anorexia quanto à obesidade por hiperfagia. 
· Relógio biológico 
As conexões da retina com o núcleo supraquiasmático desencadeiam variações nos hormônios do crescimento, corticosteroides e sexuais, que variam segundo a percepção de dia e noite. Essas variações cíclicas são conhecidas como ritmo circadiano. A destruição daquele núcleo não abole o ritmo, mas o torna fixo nas 24 h. Os mecanismos complexos desse ritmo e a sua real importância estão para ser elucidados. É curioso que as mulheres esquimós não ovulam durante o inverno ártico em que a escuridão dura longos períodos, evidenciando a interação entre o ambiente e os processos internos. Hipotálamo e emoção São bem evidentes as relações do sistema nervoso autônomo e as emoções. A raiva, o medo, a alegria e outras emoções vêm acompanhados de reações externas visíveis, como a lágrima, a taquicardia e a sudorese. 
· Comportamento sexual e reprodução 
O hipotálamo, por meio de seus hormônios liberadores para a hipófise, exerce controle fundamental sobre o desenvolvimento sexual normal. Há diferenças até microanatômicas entre o hipotálamo "masculino" e o "feminino", que podem influir no comportamento sexual. Essas considerações são mais bem elucidadas no estudo da hipófise. 
Componentes do III Ventrículo
A cavidade do diencéfalo é uma estreita fenda ímpar e mediana denominada III ventriculo, que se comunica com o IV ventriculo pelo aqueduto cerebral e com os ventrículos laterais pelos respectivos forames interventriculares (ou de Monro). Quando o cérebro é seccionado no plano sagital mediano, as paredes laterais do III ventriculo são expostas amplamente. Verifica-se, então, a existência de uma depressão, o sulco hipotalâmico, que se estende do aqueduto cerebral até o forame interventricular. As porções da parede situadas acima deste sulco pertencem ao tálamo e as situadas abaixo, ao hipotálamo. Unindo os dois talamos e, por conseguinte, atravessando em ponte a cavidade ventricular, observa-se freqüentemente uma trave de substância cinzenta, a aderência intertalâmica.
No assoalho do III ventriculo dispõem-se de diante para trás as seguintes formações, que serão estudadas nos itens seguintes: quias- ma óptico, infundíbulo, túber cinéreo e corpos mamilares, pertencentes ao hipotálamo. A parede posterior do ventriculo, muito pequena, é formada pelo epitálamo, que se localiza acima do sulco hipotalâmico. Saindo de cada lado do epitálamo e percorrendo a parte mais alta das paredes laterais do ventriculo, há um feixe de fibras nervosas, as estrias medulares do tálamo, onde se insere a tela corióide, que forma o tecto do III ventriculo. A partir da tela corióide invaginam-se na luz ventricular os plexos corióides do III ventriculo, que se dispõem em duas linhas paralelas e são contínuos através dos respectivos forames interventriculares com os plexos corióides dos ventrículos laterais. A parede anterior do III ventrículo é formada pela lâmina terminal, fina lâmina de tecido nervoso que une os dois hemisférios e se dispõe entre o quiasma óptico e a comissura anterior. A comissura anterior, a lâmina terminal e as partes adjacentes das paredes laterais do III ventrículo pertencem ao telencéfalo, pois derivam da parte central não evaginada da vesícula telencefálica do embrião. A luz do III ventrículo se evagina para formar quatro recessos: na região do infundíbulo, recesso do infundíbulo, outro acima do quiasma óptico, recesso óptico; um terceiro na haste da glândula pineal,'recesso pineal e, finalmente, o recesso suprapineal, acima do corpo pineal, este último impossível de ser identificado nas peças em que o tecto do III ventrículo tenha sido removido.
 
· Objetivo 02: Relacionar a neuroanatomia com os sintomas do caso (evidenciar as alterações do epitálamo e dos ventrículos
A produção do liquor é constante e, em certos casos, pode ocorrer dificuldade de absorção nas
granulações aracnoides decorrentes, por exemplo, de uma meningite ou hemorragia subaracnoide. Em outras circunstâncias, há absorção normal, mas uma obstrução da circulação por tumor, cisto ou outras doenças provoca acúmulo de liquor e dilatação dos ventrículos. Nesses casos ocorre uma hidrocefalia, chamada comunicante, no primeiro caso, e não comunicante, no segundo. A hidrocefalia causa, em crianças que não apresentam fechamento das suturas cranianas, um aumento da pressão intracraniana e do perímetro cefálico. Quando já houve o fechamento dessas suturas, o aumento da pressão intracraniana é mais rápido, com sinais e sintomas de cefaleia, náuseas, vômitos e edema da papila do nervo óptico no exame de fundo de olho (síndrome de hipertensão intracraniana). Esse quadro, se não tratado, evolui para sonolência, estado de coma e óbito por parada respiratória devido a uma hérnia das tonsilas cerebelares no forame magno e compressão do centro respiratório do bulbo. A hidrocefalia é tratada por uma cirurgia de derivação do liquor dos ventrículos para a cavidade peritoneal ou átrio cardíaco, com interposição de uma válvula que regula a pressão acima da qual o liquor deve passar. 
Os tumores da região pineal, praticamente exclusivos das 2 primeiras décadas de vida, correspondem a cerca de 1 a 3% de todos os tumores intracranianos. Os tumores mais comuns são neoplasias originárias de células germinativas (germinoma, carcinoma embrionário, teratoma e outros). São também frequentes gliomas (astrocitomas e oligodendrogliomas provenientes, respectivamente, de astrócitos e oligodendrócitos) e tumores de pinealócitos (pineocitoma e pineoblastoma). Independentemente do tipo histológico, a sintomatologia mais comum desses tumores é a síndrome de hipertensão intracraniana, em consequência de hidrocefalia não comunicante produzida por obstrução do aqueduto cerebral. Quando a área pré-tectal mesencefálica é afetada, surge a síndrome de Parinaud, cujos componentes mais importantes são paralisia do olhar conjugado vertical para cima e nistagmo de convergência. Raramente podem ocorrer problemas endocrinológicos, como diabetes insípido e, em meninos, puberdade precoce. O tratamento dessas neoplasias varia conforme o tipo histológico, podendo ser necessária a utilização de cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia.
 É possível tratar a hidrocefalia, em casos selecionados, abrindo-se o assoalho do terceiro ventrículo na região tuberal, criando-se uma via de saída do liquor dos ventrículos para a cisterna mesencefálica e, assim, dispensar o uso de derivações ventriculares com válvulas e evitar suas complicações. Esse é o procedimento mais frequente e recebe o nome de terceiroventriculostomia endoscópica.
· Objetivo 03: Definir Ganglioglioma da Região da Pineal
Os gangliogliomas são neoplasias mistas, compostas de elementos gliais e neuronais, extremamente raros na região da glândula pineal, podem ser encontrados em todas as áreas do sistema nervoso central, mas predominantemente nos lobos temporal e frontal, ocasionalmente, no cerebelo, nos núcleos da base, no tronco cerebral, na medula espinhal e no nervo óptico. A região da pineal pode ser definida como a área cerebral limitada pelo esplênio do corpo caloso e pela tela coroidéia dorsalmente, pela lâmina quadrigêmea e pelo tecto do mesencéfalo ventralmente, pela porção posterior do III ventrículo rostralmente e pelo vermis cerebelar caudalmente. 
Embora os gangliogliomas tenham estado associados com um curso clínico benigno, alguns raros relatos têm sugerido que eles podem ter um comportamento mais agressivo, determinado pelo componente glial, com transformação anaplásica.
· Referências:
FAGUNDES-PEREYRA; SOUSA; CARVALHO et al. Ganglioglioma da Região da Pineal: relato de caso. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 2001
MACHADO, Angelo; Neuroanatomia Funcional. 3 ed. 2014
MENESES, Murilo. Neuroanatomia Aplicada. 3 ed. 2011

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