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Neurofisiologia da Dor

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Neurofisiologia da Dor
 Vias Ascendentes da Dor
via da dor trigeminal
VIA DO TATO X VIA DA DOR
Terminações nervosas - a via da dor possui
terminações nervosas livres/ as do tato são
terminações com estruturas especializadas na
pele;
Diâmetro dos axônios - via do tato é rápida com
fibras mielinizadas Aβ/ a via da dor é lenta e
usa fibras de pequeno calibre, pouco
mielinizadas Aδ e fibras C amielínicas.
Conexões com a medula - as ramificações dos
axônios A beta terminam em níveis mais
internos do corno dorsal/ as ramificações A
delta e C percorrem pelo tracto de Lissauer e
terminam na substância gelatinosa.
Medicina UniFG - Danielle Aguiar Tutoria SP1.1 mód DOR
as vias também diferem no trajeto para transmissão ao encéfalo
Diferentemente da via coluna dorsal-lemnisco medial, os
axônios dos neurônios secundários decussam no mesmo
nível da medula espinhal em que ocorreu a sinapse e
ascendem pelo tracto espinotalâmico ao longo da
superfície ventral da medula espinhal.
De acordo com os nomes, as fibras espinotalâmicas
projetam-se da medula espinhal, passando pelo bulbo,
pela ponte e pelo mesencéfalo, sem fazer sinapse, até
alcançar o tálamo.
 A via da Dor Espinotalâmica
PRINCIPAL VIA DE INFORMACÃO DA DOR E TEMPERATURA
AO CÓRTEX CEREBRAL
À medida que os axônios espinotalâmicos percorrem o
tronco encefálico, eles posicionam-se ao longo do
lemnisco medial, mas permanecem como um grupo
axonal distinto da via mecanossensorial.
A informação sobre o tato ascende ipsolateralmente, ao
passo que as informações nociceptivas (e térmicas)
ascendem contralateralmente. 
A informação da dor (e da temperatura) da face e do
terço anterior da cabeça segue por uma via ao tálamo,
análoga à via espinhal. As fibras de pequeno diâmetro
do nervo trigêmeo fazem a primeira sinapse com os
neurônios sensoriais secundários no núcleo espinhal
do trigêmeo no tronco encefálico. Os axônios desses
neurônios decussam e ascendem ao tálamo pelo
lemnisco trigeminal.
outras vias da dor
Além das vias espinotalâmica e
trigeminotalâmica, outras vias relacionadas à
dor (e à temperatura) enviam axônios para
uma variedade de estruturas, em todos os
níveis do tronco encefálico, antes de
alcançarem o tálamo. Algumas dessas vias são
especialmente importantes para fornecer
sensações de dor lenta, de queimação e
agonizante, ao passo que outras desencadeiam
um estado geral de comportamento de alerta.
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regulacão
aferente
tálamo e córtex
O tracto espinotalâmico e os axônios do lemnisco
trigeminal fazem sinapse em uma região mais extensa do
tálamo do que os axônios do lemnisco medial. Alguns dos
axônios terminam no núcleo VP (ventral posterior), tal
qual fazem os axônios do lemnisco medial, porém as vias
do tato e da dor ainda permanecem segregadas, ocupando
regiões separadas do núcleo. 
 Outros axônios espinotalâmicos terminam nos pequenos
núcleos intralaminares do tálamo. A partir do tálamo, as
informações sobre dor e temperatura projetam-se para
várias áreas do córtex cerebral. Assim como fazem no
tálamo, essas vias cobrem um território muito mais
extenso do que as conexões corticais da via coluna
dorsal-lemnisco medial.
Medicina UniFG - Danielle Aguiar Tutoria SP1.1 mód DOR
Além do núcleo ventral posterior (VP), os núcleos
intralaminares fazem a retransmissão da informação
nociceptiva a uma grande extensão do córtex cerebral.
regulacão da dor
A percepção da dor é muito variável. Dependendo da
atividade concomitante de aferências sensoriais não
dolorosas e do contexto comportamental, o mesmo nível de
atividade do nociceptor pode produzir mais ou menos dor.
Um toque leve pode causar dor pelo
mecanismo da hiperalgesia. Contudo, a dor
provocada pela atividade dos nociceptores
também pode ser reduzida pela atividade
simultânea de mecanorreceptores de limiar
baixo (fibras Aβ).
Presumivelmente, esse é o motivo pelo qual você se sente
melhor quando massageia a pele da sua canela logo após
contundi-la.
A teoria do portão da dor sugere que certos neurônios do
corno dorsal, os quais projetam seus axônios pelo tracto
espinotalâmico, são excitados tanto por axônios
sensoriais de grande diâmetro como por axônios não
mielinizados. O neurônio de projeção também é inibido
por um interneurônio, e o interneurônio é
simultaneamente excitado pelo axônio sensorial calibroso
e inibido pelo axônio nociceptivo. Por meio desse
circuito, a atividade apenas do axônio nociceptivo
resultaria em excitação máxima do neurônio de projeção,
permitindo que os sinais nociceptivos cheguem ao
encéfalo. Contudo, se os axônios de mecanorreceptores
dispararem conjuntamente, eles ativarão o interneurônio
que suprimirá a sinalização nociceptiva.
regulacão descendente
Emoções fortes, estresse ou determinação estoica podem
suprimir de maneira poderosa as sensações dolorosas.
Várias regiões encefálicas estão envolvidas na supressão
da dor. Uma delas é uma região de neurônios do
mesencéfalo, chamada de substância cinzenta
periaquedutal (PAG, do inglês, periaqueductal gray
matter). A estimulação elétrica da PAG pode causar
analgesia profunda, que tem sido, algumas vezes,
explorada clinicamente. A PAG recebe, normalmente,
aferências de várias estruturas do encéfalo, muitas das
quais são responsáveis pela transmissão de informações
relacionadas ao estado emocional. Os neurônios da PAG
enviam axônios descendentes para várias regiões
situadas na linha média do bulbo, principalmente para os
núcleos da rafe (cujos neurônios liberam o
neurotransmissor serotonina). Esses neurônios bulbares
projetam os axônios, por sua vez, para os cornos dorsais
da medula espinhal, onde podem deprimir de maneira
eficiente a atividade dos neurônios nociceptivos. 2
As endorfinas e seus receptores estão amplamente
distribuídos no SNC, e estão particularmente
concentradas em áreas que processam ou modulam a
informação nociceptiva. Pequenas quantidades de morfina
ou endorfinas injetadas na PAG, nos núcleos da rafe ou no
corno dorsal podem produzir analgesia. Pelo fato de esse
efeito ser impedido pela administração de um bloqueador
específico de receptores opioides, a naloxona, as drogas
injetadas devem ter agido, ligando-se a receptores
opioides nessas áreas. 
A naloxona também pode bloquear os efeitos analgésicos
induzidos pela estimulação elétrica dessas áreas. No
âmbito celular, as endorfinas exercem múltiplos efeitos,
os quais incluem supressão da liberação de glutamato das
terminações pré-sinápticas e inibição dos neurônios pela
hiperpolarização das membranas pós-sinápticas. Em geral,
os extensos sistemas de neurônios que contêm endorfinas
na medula espinhal e no tronco encefálico reduzem a
passagem de sinais nociceptivos no corno dorsal e nos
níveis superiores encefálicos, onde é gerada a percepção
da dor
A década de 1970 trouxe as impressionantes descobertas
de que os opioides atuam se ligando de forma firme e
especificamente a vários tipos de receptores opioides no
sistema nervoso, e que o próprio sistema nervoso produz
substâncias endógenas semelhantes à morfina, chamadas
coletivamente de endorfinas.
opioides endógenos
O ópio era conhecido provavelmente pelos antigos
sumérios por volta de 4.000 a.C. Seu pictograma para a
palavra papoula traduz-se, a grosso modo, por “planta da
alegria”. No século XVII, o valor terapêutico do ópio era
incontestável. O ópio, os seus ingredientes narcóticos
ativos e seus análogos – incluindo a morfina, a codeína e
a heroína – são hoje ampla- mente usados e abusados, na
maioria das culturas. Essas drogas, e outras com ações
similares, chamadas de opioides, produzem analgesia
profunda quando administrados de forma sistêmica.
Os opioides também podem produzir alterações de
humor, sonolência, confusão mental, náusea, vômito e
constipação. 
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As endorfinas são proteínas relativamente pequenas, ou peptídeos.
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temperatura
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 Os grupos de neurônios sensíveis à temperatura no
hipotálamo e na medula espinhal são importantes para as
respostasfisiológicas que mantêm a temperatura corporal
estável, mas são os termorreceptores cutâneos que
aparentemente contribuem para a nossa percepção da
temperatura. A sensibilidade à temperatura não está
distribuída uniformemente por toda a pele. Pequenas
áreas da superfície, de cerca de 1 mm de diâmetro, podem
ser sensíveis ao calor ou ao frio, mas não a ambos. O fato
de que a localização para a sensibilidade ao calor ou ao frio
seja diferente demonstra que receptores distintos fazem a
transdução dessas sensações. Além disso, pequenas áreas
da pele situadas entre os pontos sensíveis ao calor ou ao
frio são relativamente insensíveis à temperatura.
A sensibilidade de um neurônio sensorial a uma mudança
de temperatura depende dos tipos de canais iônicos que o
neurônio expressa. A descoberta dos canais iônicos que
respondem a um aumento na temperatura acima de 43°C ,
levou os pesquisadores a investigarem se outros canais
similares poderiam estar sintonizados para sentir outras
faixas de temperatura. Sabemos, atualmente, que existem
seis canais TRP distintos nos termorreceptores, os quais
conferem sensibilidades diferentes de temperatura
Assim como para o tato e a dor, as sensacões térmicas não dolorosas
se originam de receptores cutâneos (entre outros locais) e dependem
do processamento no neocórtex para a percepccão consciente. 
termorreceptores
 As exceções à regra parecem ser alguns receptores para
frio que também expressam TRPV1 e, dessa forma, também
são sensíveis a aumentos de temperatura acima de 43 °C.
Se um calor desse nível for aplicado a amplas áreas da pele,
ele normalmente será doloroso, mas se o calor for restrito a
pequenas regiões da pele inervadas por um receptor ao frio,
ele produzirá uma sensação paradoxal de frio. 
Esse fenômeno enfatiza uma questão importante: o SNC
não sabe qual tipo de estímulo (no caso, o calor) resultou
na ativação do receptor, mas segue interpretando toda a
atividade do receptor para o frio como uma resposta ao frio. 
Assim como nos mecanorreceptores, as respostas dos
termorreceptores adaptam-se durante estímulos contínuos
de longa duração. 
Como regra, cada neurônio termorreceptor parece
expressar somente um único tipo de canal, o que
explicaria, portanto, como diferentes regiões da pele
podem mostrar sensibilidades distintas à temperatura.
Portanto, as diferenças entre a frequência de respostas dos
receptores ao calor e ao frio são maiores durante, e logo
após, as mudanças de temperatura. Nossas percepções de
temperatura frequentemente refletem as respostas desses
receptores cutâneos.
via da temperatura
A organização da via da temperatura é praticamente
idêntica à da via da dor, já descrita. Os receptores para o
frio estão ligados às fibras Aδ e C, ao passo que os
receptores para o calor estão ligados apenas às fibras C.
Os axônios de diâmetro menor fazem sinapse na substância
gelatinosa do corno dorsal. Os axônios dos neurônios
secundários decussam imediatamente após a sinapse e
ascendem pelo tracto espinotalâmico contralateral. Dessa
forma, se a medula espinhal for seccionada
unilateralmente, haverá uma perda da sensibilidade à
temperatura (bem como à dor) do lado oposto do corpo,
especificamente daquelas regiões da pele inervadas pelos
segmentos espinhais que estão abaixo do nível da secção.
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