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3 Classe Reptilia 3.1 Características gerais Apresentam dois pares de patas locomotoras, de padrão pentadáctilo, com exceção das cobras e alguns lagartos ápodos. Pele seca, desprovida de glândulas, geralmente recoberta por escamas ou escudos córneos de origem epidérmica; tartarugas, crocodilos e alguns lagartos com ossos dérmicos sob a pele, na forma de placas ou escudos. Cabeça móvel geralmente separada do corpo. A respiração é essencialmente pulmonar. A fecundação é interna, os machos geralmente possuem um ou dois pênis; ovo amniótico, com casca calcária ou coriácea; estágio larval ausente. 3.2 Classificação a) Ordem Squamata Inclui os lagartos e as serpentes. Os Squamata foram tradicionalmente divididos em 3 subordens: Lacertilia (lagartos), Ophidia (serpentes) e Amphisbaenia (anfisbenas ou cobras-de-duas-cabeças, as vezes também incluídas entre os lagartos) (Figura 5). Os lagartos geralmente apresentam cabeça, tronco e cauda diferenciados, e dois pares de patas locomotoras. As cobras ou serpentes são répteis de corpo muito alongado, com patas e cinturas ausentes ou vestigiais Os lagartos ocupam uma grande variedade habitats e nichos ecológicos. A maioria tem hábitos terrestres, vivendo sobre o solo, árvores ou enterrada. Algumas espécies são semi-aquáticas, e a iguana de Galápagos é a única espécie recente com hábito marinho, mergulhando dos costões rochosos em busca de algas para sua alimentação. As cobras são encontradas praticamente em todos os habitats naturais. A maioria tem hábitos terrestres, algumas são semi-aquáticas e uma família (Hydrophidae) é inteiramente marinha. Seu corpo alongado permite-lhes entrar em cavidades como ninhos, fendas e túneis, em busca de presas ou esconderijo. As cobras são geralmente solitárias, agregando-se socialmente apenas nos períodos de acasalamento. Grande parte da sua atividade é dispendida na procura, captura e digestão de presas. À semelhança dos lagartos, muitas cobras Figura 5 – Anfisbena ou cobra-de-duas-cabeças expõem-se a radiação solar para efeito de termorregulação. Nas regiões frias e nas regiões tropicais com estações marcadas, muitas cobras podem passar por um período de hibernação ou dormência, que coincide com o inverno ou com a estação seca b) Ordem Chelonia As tartarugas são as representantes desta ordem. Apresentam o corpo envolvido por um casco geralmente rígido, composto por uma carapaça dorsal e um plastrão ventral, formado pela fusão de ossos dérmicos com ossos do endoesqueleto, e geralmente recoberto por placas córneas; os dentes estão ausentes nas formas recentes. Existem cerca de 260 espécies, em 13 famílias, de ambientes terrestres, marinhos e de água doce. Em tartarugas marinhas ocorrem migrações de até milhares de quilômetros. No Atlântico, a tartaruga-verde Chelonia mydas, realiza migrações entre as ilhas de Ascenção e Trindade até a costa do Brasil (mais de 2.200 km). Geralmente as migrações ocorrem entre áreas de alimentação e nidificação. Elas escavam ninhos em praias arenosas, usando as patas posteriores. Este comportamento ocorre durante a noite, quando não há o risco de insolação. O número de ovos por ninho pode chegar a 120, e o período de incubação varia de 60 a 120 dias segundo a espécie (Figura 6). Figura 6 – Filhotes de tartaruga marinha recém-nascidos c) Crocodilia Três famílias, sete gêneros e 21 espécies recentes de crocodilos são conhecidas. Na família dos crocodilos (Crocodilidae, 13 espécies) os dentes superiores e inferiores interdigitam-se quando a boca está fechada. Na família dos jacarés (Alligatoridae, 7 espécies), os dentes inferiores encaixam-se por dentro dos superiores quando a boca está fechada (Figura 7). Na família Gavialidae (1 espécie), o focinho é longo e afilado. s crocodilos verdadeiros (Crocodilidae) ocorrem na Africa, Madagascar, India, Sudeste Asiático, Austrália e América do Sul. Os Alligatoridae ocorrem na América do Sul e do Norte, e na China. O gavial (Gavialidae) é endêmico da Índia (Rio Ganges). As espécies recentes de crocodilos vivem em água doce, exceto Crocodilus porosus, que habita mangues e estuários, e Crocodilus americanus, que ocasionalmente penetra no mar. A maturação sexual ocorre por volta dos 10 anos de vida. Os ovos têm casca dura e podem chegar a mais de 100 por postura. São depositados em ninhos escavados na areia (nos crocodilos e no gavial) ou em ninhos elevados contendo matéria vegetal em decomposição, que contribui para a elevação da temperatura ambiente. Para você pensar: Existem vários programas de conservação das tartarugas-marinhas. Quais interferências o homem faz em seu meio que atuam de forma negativa na sobrevivência dos ninhos e dos filhotes destas tartarugas? 4 Classe Aves 4.1 Características gerais Aves é um grupo de vertebrados com cerca de 9.700 espécies viventes (Gill, 1995), distribuídas por todo o planeta, do Ártico ao Antártico, ocorrendo sobre ambientes continentais, insulares e marinhos. Vários caracteres morfológicos definem as Aves como um grupo homogêneo: a presença de um bico córneo desprovido de dentes, a presença de sacos aéreos e ossos Figura 7 – Jacaré (em cima), crocodilo (embaixo) pneumáticos, a fusão da cintura pélvica à coluna vertebral formando um sinsacro, os membros anteriores modificados em asas, geralmente adaptados ao vôo. A cabeça e o corpo são diferenciados, separados por um pescoço geralmente longo e flexível; a cauda é reduzida. Cabeça, corpo, asas e cauda cobertas por penas; patas e dedos nus, cobertos por pele corneificada. Conforme sua posição e função, as penas recebem denominações especiais: as penas de vôo das asas são chamadas rêmiges ou remígeas, e as da cauda, retrizes. Outras penas menores ou modificadas recobrem a cabeça, corpo, asas e cauda e são chamadas tectrizes ou coberteiras, com funções de isolamento térmico e adorno. O bico é primordialmente adaptado à captura de alimento, e dessa forma sua morfologia é bastante variável de acordo com os hábitos alimentares (Figura 8). Secundariamente o bico é usado na defesa, na construção de ninhos, e para alisar e lubrificar as penas. A forma dos pés também reflete os hábitos das aves: os passeriformes, de hábitos arborícolas, têm o primeiro dedo em oposição aos demais; as aves de rapina têm dedos e garras fortes para captura de presas, e muitas das aves aquáticas têm os pés palmados, com os dedos unidos por membranas (Figura 9) Várias adaptações das aves, tais como os ossos pneumáticos e a perda da bexiga urinária, contribuem pra a diminuição do peso específico, proporcionando menor gasto energético e melhor desempenho no vôo. As asas constituem o plano de sustentação aerodinâmica que permite o vôo. O funcionamento aerodinâmico das asas de uma ave é muito mais complexo que das asas de um avião, pois graças às constantes mudanças de forma, elas atuam tanto na sustentação (como as asas do avião) como na propulsão. Figura 8 – Flamingo, ave com bico adaptado à captura de alimento em regiões alagadas A grande capacidade de vôo em vários grupos de aves permite que elas realizem migrações por longas distâncias. As migrações podem ser entendidas como deslocamentos em grupo, sazonais ou periódicos, normalmente entre um local de reprodução e um local de invernagem. As aves migratórias que procriam no Hemisfério Norte normalmente deslocam-se para o Hemisfério Sul antes do inverno, utilizando rotas distintas de acordo com as espécies, e que podem ser ao longo das costas, sobre os continentes, ou mesmo sobre os oceanos. A orientação das aves durante as migrações depende de estímulos visuais, tais como a posição do Sol, das estrelas e de acidentes geográficos. Possivelmente envolve também modalidades sensoriais mais especializadas, como a percepção de luz polarizada e do campogeomagnético da Terra. Os deslocamentos migratórios permitem que as aves abandonem condições climáticas desfavoráveis, como o frio e a seca, e busquem áreas onde as condições climáticas e a disponibilidade de alimento sejam melhores. 4.2 Classificação As aves são divididas em muitas ordens, dentre elas encontram-se: a) Ordem Struthioniformes A avestruz é a maior ave vivente, atingindo 1,80 m de comprimento e 2,50 m de altura. Ocorre na África e sul da Ásia; é uma ave não-voadora, com asas rudimentares, coxas nuas e apenas dois dedos (3 e 4) nas patas. Apenas uma família (Struthionidae), com um único gênero e espécie atual (Struthio camelus). Figura 9 – Adaptações dos pés das aves b) Ordem Rheiformes As emas são aves corredoras da América do Sul, que atingem até 1,30 de comprimento. As coxas têm penas e os dedos são reduzidos a 3. Uma única família (Rheidae) com duas espécies recentes (Rhea americana e Pterocnemia pennata). c) Ordem Anseriformes (patos, gansos, cisnes) Inclui 161 espécies de tamanho médio a grande (30-150 cm de comprimento), geralmente associadas à ambientes aquáticos. Pescoço de tamanho médio ou longo; bico geralmente largo e achatado; patas curtas; dedos geralmente unidos por membrana formando palmoura (Anatidae). Os Anseriformes ocorrem em todos os continentes exceto na Antártida. Algumas espécies realizam grandes migrações de milhares de km (ex. Anas platyrhynchos), enquanto outras têm distribuição restrita, limitada a ilhas (ex. Branta sanduicencis, o ganso do Havaí). No Brasil existem 2 espécies da família Anhimidae (anhumas) e cerca de 22 espécies da família Anatidae (patos, cisnes e gansos). d) Ordem Galliformes (galináceos) Inclui cerca de 258 espécies de porte médio, como os perus, galinhas, pavões e faisões. A maior espécie é o peru, que em estado selvagem pode atingir até 11 kg. O bico é curto e ligeiramente curvo; asas curtas e arredondadas; pés fortes com 4 dedos, adaptados para a vida no chão. A maioria das espécies tem hábitos sedentários. Os Galliformes ocorrem em muitos habitats de regiões tropicais e temperadas. Algumas espécies habitam o círculo polar Ártico. Formam o grupo de aves mais importante para o homem, sendo usadas como alimento (carne e ovos). A galinha (Gallus domesticus) foi domesticada há pelo menos 4 mil anos. Algumas espécies, como o peru selvagem norte-americano, foram quase exterminadas pela caça, porém hoje são protegidas. Ocupam habitats diversos, desde florestas a áreas abertas. A maioria das espécies alimenta-se durante o dia e pernoita em galhos elevados. A alimentação é variada, incluindo vegetais, vermes, insetos e outros invertebrados. O comportamento reprodutivo é também variado, incluindo a monogamia ou poligamia. Os ninhos são construídos no chão pela maioria das espécies, enquanto algumas outras se utilizam de árvores (faisões). O número de ovos é bastante variável, podendo chegar a mais de vinte. A incubação é geralmente feita apenas pela fêmea. Os jovens são precoces, podendo andar e se alimentar em apenas algumas horas após a eclosão, porém continuam a receber cuidado parental. Para você pensar: Qual a origem evolutiva das aves?
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