Buscar

História da Igreja_Aula 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

HISTÓRIA DA IGREJA 
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
11
VISÃO
PANORÂMICA
DA HISTÓRIA
DA IGREJADA IGREJA
Aula 2
Gráfico: divisões e nomenclaturas baseadas no livro
História da Igreja Cristã, de Jesse Lyman Hurbult
HISTÓRIA DA IGREJA
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
12
1. A IGREJA APOSTÓLICA 
Da ascensão de Cristo (30 d.C.) à morte de João (100 d.C.):
• Início da história do cristianismo relatada no livro de Atos;
• Derramamento do Espírito Santo em Pentecostes;
• A igreja sob a liderança dos primeiros apóstolos;
• Cristianismo centralizado em Jerusalém;
• A igreja enfrenta o desafio de não se tornar uma seita ju-
daica;
• Estêvão é morto como o primeiro mártir cristão;
• Gentios são acrescentados;
• Viagens de Paulo e expansão do evangelho, além das 
fronteiras da Judeia;
• Cristianismo avança em direção à Europa;
• Uma igreja pulsante, orgânica e mais espontânea;
• Período no qual as cartas do Novo Testamento são
escritas;
• Desafio de preservar o evangelho diante das heresias já 
presentes (Paulo em suas cartas, como Gálatas, enfrenta a 
diluição ou mistura do evangelho);
• Destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.
2. A IGREJA PERSEGUIDA
Da morte de João (100 d.C.) ao Edito de Milão (313 d.C.):
• Período de fortes perseguições pelo Império Romano (sé-
culo I e II perseguições locais e, século III perseguições 
universais);
• Fase de grande crescimento da população cristã;
• Piores perseguições são executadas pelos imperadores 
Nero e Diocleciano;
• Surgem novas heresias. Para proteger a igreja começa-se a 
desenvolver métodos contra heresias, gerando pequenas 
mudanças em sua estrutura eclesiástica;
• Período dos escritos pós-apostólicos: Cartas de Cle-
mente, Cartas de Policarpo, Cartas de Inácio de Antioquia, 
HISTÓRIA DA IGREJA 
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
13
Didaquê, Epístolas de Barnabé, O Pastor de Hermas, entre 
outros;
• Uma fase de pequenas mudanças em relação ao período 
anterior;
• Suposta conversão do imperador Constantino leva ao fim 
a perseguição aos cristãos.
3. A IGREJA IMPERIAL
Do Edito de Milão (313 d.C.) à queda de Roma (476 d.C.):
• Esse foi um período, no qual houve uma mudança radical 
na história da igreja. Após o fim da perseguição aos cris-
tãos, a igreja enfrentou o desafio de ser fiel em meio às 
tentações de sua nova posição diante do Império;
• O imperador Constantino faz donativos ao clero, constrói 
os primeiros templos cristãos, convoca o primeiro concílio 
universal (Concílio de Nicéia);
• Início do Movimento Monástico;
• Florescimento dos chamados “pais da igreja” (início da Era 
Patrística). Os pais da igreja eram os líderes, teólogos e pas-
tores influentes da igreja na época;
• Uma organização eclesiástica maior, através dos bispos, 
da formação do credo apostólico e do cânon do Novo 
Testamento;
• Em 330 Constantino funda uma “Nova Roma”, a nova ca-
pital do Império no oriente: Bizâncio (Constantinopla);
• Em 373 o cristianismo se torna a religião oficial do império;
• Desenvolvimento maior da teologia, através dos grandes 
debates teológicos (teologia mais organizada e cada vez 
mais clara);
• Enfraquecimento do Império Romano do Ocidente e 
crescimento das invasões bárbaras até chegar à queda do 
Império em 476.
HISTÓRIA DA IGREJA
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
14
4. A IGREJA MEDIEVAL
Da queda de Roma (476 d.C.) à queda de Constantinopla (1453 
d.C.):
• Chega ao fim o Império Romano Pagão, antigo Império 
Romano Clássico, que perseguiu os cristãos e depois se 
simpatizou por eles;
• Após as invasões dos povos bárbaros, houve a assimi-
lação dos bárbaros com a igreja (muitos bárbaros foram 
cristianizados e conseguiram assimilar sua cultura pagã 
com a nova religião);
• Crescimento da igreja (não apenas geograficamente ou 
em público, mas em poder e autoridade);
• Início do Sacro Império Romano;
• Em 1054 acontece o cisma (divisão) da Igreja Romana e 
Igreja Ortodoxa grega;
• Apogeu do papado romano;
• Período da Inquisição da Igreja Católica contra os hereges 
e das Cruzadas para resgatar a cidade de Jerusalém;
• Surgimento das Universidades;
• Período de desenvolvimento da teologia, educação, artes, 
filosofia e, até mesmo, da tecnologia;
• Surgimento de grupos e movimentos dissidentes da ig-
reja atual (como os Valdenses e Albigenses), além de lí-
deres pré-reformadores como John Wycliff, John Huss e 
Savonarola. 
5. A IGREJA REFORMADA
Da queda de Constantinopla (1453) ao fim da Guerra dos Trinta 
Anos (1648):
• O Império Bizantino é conquistado pelos turcos;
• Início do fim do feudalismo e o nascimento das nações 
modernas;
• Decadência do papado;
• França e Inglaterra, juntamente com boa parte da Europa, 
estiveram em guerra por motivos religiosos, a qual ficou 
conhecida como “Guerra dos Trinta Anos”;
HISTÓRIA DA IGREJA 
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
15
• Em 1517, Martinho Lutero afixa as suas Noventa e Cinco 
Teses, na igreja em Wittenberg; 
• A Reforma Protestante acontece com a pregação e atu-
ação de pregadores como Lutero, Zwínglio, John Knox e 
outros;
• O assunto principal deste período era: a autoridade das 
Escrituras e a salvação somente pela graça;
• Muitas dessas mudanças que aconteceram na igreja re-
percutiram na sociedade em geral: tradução das Escritu-
ras, diminuição do poder e autoridade da igreja católica, 
novas divisões e denominações na igreja, relação igreja e 
estado passam a mudar e muitas guerras religiosas entre 
protestantes e católicos;
• Segunda geração da reforma: Calvino e sua experiência 
em Genebra;
• Acontece o movimento puritano na Inglaterra.
6. IGREJA MODERNA
Do fim da Guerra dos Trinta Anos (1648) ao século XIX:
• Período pós-reforma;
• Época de dúvidas e confusões porque grandes absolutos 
são colocados em cheque;
• Desenvolvimento da Ciência Moderna/Racionalista e o 
chamado “Iluminismo” (reação contra a época de apogeu 
da igreja e ao teocentrismo);
• O iluminismo afeta a igreja e a teologia: teólogos cristãos 
abraçam o racionalismo e parte da igreja se volta para uma 
opção mais romântica e tenta reagir à decadência e aos 
desafios, numa opção mais emocional e sentimentalista;
• Época dos pregadores avivalistas: John Wesley, George 
Whitefield e Jonathan Edwards; 
• Grandes despertamentos na Inglaterra e nos Estados Uni-
dos;
• A igreja, nesse período, já é formada por vários grupos 
e denominações diferentes e enfrenta o surgimento de 
várias outras;
• Surge o movimento místico/espiritualista, com George Fox 
e os quacres; 
HISTÓRIA DA IGREJA
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
16
• Nascimento das Missões Modernas.
7. IGREJA CONTEMPORÂNEA
Século XX aos dias atuais:
• Segunda fase mais recente da igreja moderna (divisão cri-
ada para falar especificamente do século XX);
• Conhecido por alguns teólogos e historiadores como “O 
século do Espírito Santo”;
• Avivamento Azusa e o nascimento do Movimento Pente-
costal;
• Surgimento de pregadores itinerantes e o movimento de 
cura divina;
• Período marcado por grandes avivamentos ao redor do 
mundo e pelo estudo da pessoa do Espírito Santo;
• Membros de igrejas históricas começam a ter experiên-
cias com o batismo no Espírito Santo e surge o Movimento 
Carismático;
• Avivamento em diversas partes do mundo, como China, 
África e Coréia;
• Desenvolvimento do movimento liberal teológico. Mui-
tos teólogos, influenciados pela ciência e pelo relativismo 
filosófico, passam a desconsiderar as Escrituras como in-
falível e usam novas categorias de interpretação bíblica;
• Florescimento de grandes nomes como Karl Barth, Die-
trich Bonhoeffer, entre outros.
LEITURAS COMPLEMENTARES PARA
APROFUNDAMENTO:
Para estudar a história, costuma-se dividi-la em períodos. Tal clas-
sificação é útil, pois nos ajuda a entender as mudanças entre um 
período e outro, e a ordenar nosso conhecimento dentro de ba-
lizas referenciais. É importante, porém, entender que essas di-
visões têm algo de artificial e,portanto, é possível dividir a mesma 
história de vários modos diferentes. Feito esse esclarecimento, a 
história que vamos delinear pode ser dividida nos períodos que 
indicamos em seguida. Dedicaremos uma divisão deste roteiro a 
cada um dos respectivos períodos.
HISTÓRIA DA IGREJA 
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
17
A igreja antiga (Apostólica e Perseguida):
Foi um período de formação que traçou diretrizes 
para toda história da igreja. Até hoje nós vivemos sob 
a infl uência de algumas decisões tomadas naqueles 
tempos. O cristianismo surgiu dentro de um mundo 
que já tinha as suas próprias religiões, culturas e estru-
turas politicas e sociais. Dentro desse contexto, a nova 
fé abria caminhos, ao mesmo tempo em que defi nia 
a si mesma.
A primeira tarefa do cristianismo – e a mais importante 
– foi defi nir sua própria natureza em contraste com o 
judaísmo do qual surgiu. Como se vê no Novo Testa-
mento, boa parte do contexto em que essa defi nição 
foi feita consistia na missão aos gentios.
O cristianismo logo teve seus primeiros confl itos com o 
Estado. Foi dentro desse ambiente que a nova fé teve 
de determinar seu relacionamento com a cultura que 
a cercava e também com as instituições políticas e 
sociais, que eram a expressão e o apoio dessa cultu-
ra. Esses confl itos com o Estado produziram mártires e 
apologistas. Aqueles selaram o seu testemunho com 
o próprio sangue. Os apologistas esforçaram-se para 
defender a fé cristã contra as acusações que lhes 
eram feitas (alguns, como Justino, foram apologetas 
e, então, mártires). Foi com essa intenção de defender 
a fé que se produziram algumas das primeiras obras 
teológicas do cristianismo.
Havia, no entanto, outros desafi os à fé: aquilo que 
a maioria dos cristãos chamou de “heresias” – isto 
é, doutrinas que ameaçavam a própria essência da 
mensagem cristã. Foi, mormente, como resposta a es-
sas heresias que surgiu o cânon (a lista de livros) do 
Novo Testamento, o credo chamado “dos apóstolos” 
e a doutrina da sucessão apostólica.
Depois dos apologetas vieram os primeiros grandes 
mestres da fé – pessoas como Irineu, Tertuliano, Cle-
mente de Alexandria, Orígenes e Cipriano, que escre-
veram obras, cujo impacto até hoje se faz sentir.
HISTÓRIA DA IGREJA
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
18
Por último é importante assinalar que, apesar da es-
cassez de documentação, é possível conhecer um 
pouco da vida cotidiana e do culto cristão durante 
esses primeiros anos.
A Igreja imperial
Com a “conversão” do imperador Constantino, as coi-
sas mudaram radicalmente. A igreja perseguida pas-
sou a ser a igreja tolerada, e não demorou a se tornar 
a religião ofi cial do império romano. Consequente-
mente, a igreja que até então era formada, principal-
mente, por pessoas das classes mais baixas da socie-
dade começou a abrir espaço entre a aristocracia. 
A mudança não foi fácil, e houve cristãos que reagi-
ram de muitas maneiras diferentes. Alguns se mostram 
tão gratos pela nova situação que se lhes tornou difícil 
adotar atitude crítica para com o governo e com a 
sociedade. Outros fugiram para o deserto ou para lo-
cais isolados, dedicando-se à vida monástica. Alguns, 
simplesmente, romperam com a igreja majoritária 
insistindo serem eles a igreja verdadeira. Não faltou, 
tampouco, a reação dos pagãos que desejavam vol-
tar à velha religião, com o relacionamento que antes 
desfrutavam com o Estado.
Os mais destacados líderes do cristianismo adotaram 
postura intermediária: continuaram vivendo nas ci-
dades e participando da vida em sociedade, mas 
com espirito crítico. Foi assim que, livre da constan-
te ameaça de perseguição, a igreja produziu alguns 
dos seus maiores mestres – e, por essa razão, pode-se 
chamar esse período de “a era dos gigantes”, perío-
do durante o qual foram escritos grandes tratados 
teológicos, bem como importantes obras de espiritu-
alidade, e a primeira história da igreja.
Esse período também gerou fortes controvérsias 
teológicas – principalmente a que girou em torno 
do arianismo e da doutrina da trindade. O período 
chegou ao fi m com as invasões dos bárbaros, po-
vos germânicos que tomaram o império romano e se
HISTÓRIA DA IGREJA 
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
19
estabeleceram em seus territórios. Em 410, os godos 
tomaram e saquearam a própria Roma. E, em 476, 
o último imperador (Rômulo Augústulo) foi deposto.
A Igreja Medieval
Visto que o império romano dividira-se em dois (o 
império do ocidente, que falava latim e, o império do 
oriente, que falava grego), as invasões dos bárbaros 
não afetaram toda a cristandade da mesma forma.
No ocidente, o império deixou de existir e foi suplan-
tado por uma série de reis bárbaros. As invasões dos 
bárbaros afetaram muito mais a igreja de fala latina 
do que a igreja de fala grega. Ao ocidente latino (hoje, 
Espanha, França, Itália, etc.) sobreveio um período de 
caos. Sendo tempos de dor, de morte e de desor-
dem, o culto cristão, em vez de centralizar a atenção 
na vitória do Senhor (na ressurreição) começou a 
preocupar-se cada vez mais com a morte, o pecado 
e o arrependimento. Assim, a comunhão, que até en-
tão tinha sido uma celebração, transformou-se em um 
culto tristonho, em que se pensavam mais nos própri-
os pecados do que na vitória do Senhor. Boa parte 
da cultura antiga desapareceu e a igreja foi a única 
instituição que conservou um pouco dela. Por isso, no 
meio do caos, a igreja se tornava cada vez mais forte 
e infl uente. Enquanto isso, tanto a monarquia quanto 
o papado desempenhavam papel importante.
Durante esse tempo, no oriente, o império romano 
(agora também chamado de império bizantino) con-
tinuou a existir por mais mil anos. Ali, porém, o Estado 
era mais poderoso do que a igreja, à qual frequente-
mente impunha a sua vontade. Também houve várias 
controvérsias teológicas importantes que ajudaram a 
esclarecer a doutrina cristológica. Essas controvérsias 
deram origem a várias igrejas dissidentes ou indepen-
dentes que sobrevivem até hoje – as igrejas chama-
das “nestorianas” e as “monofi sitas”. 
No meio desse período surgiu nova ameaça, sob a 
forma de avanço do islamismo. Este conquistou vastos 
HISTÓRIA DA IGREJA
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
20
territórios e cidades que até então tinham sido impor-
tantíssimos na vida da igreja – Jerusalém, Antioquia, 
Alexandria, Cartago, etc.
Ao mesmo tempo em que o islamismo conseguia sua 
maior expansão territorial surgia, no oeste da Euro-
pa, um novo poder político no meio dos francos, cujo 
governante mais poderoso foi Carlos Magno, que foi 
coroado pelo papa como imperador no ano 800. 
Como consequência, o cristianismo, que até então 
tinha atuado no eixo leste-oeste, ao longo do medi-
terrâneo, agora começava a atuar ao longo do eixo 
norte-sul, do reino dos francos até Roma. Mesmo 
assim, embora parecesse que a igreja no ocidente 
tinha mais poder, o fato é que era difícil lutar contra 
o caos reinante – e, em boa parte, as lutas dentro da 
própria igreja contribuíram para o caos.
A medida de ordem conseguida assumiu a forma do 
“feudalismo”, no qual cada senhor feudal seguia as 
suas próprias políticas, saindo para a guerra quando 
lhe parecia bem e, às vezes, até se entregando ao 
banditismo. Era no oriente que se conservava certa 
medida de ordem, bem como a literatura e os co-
nhecimentos da antiguidade. Constantinopla, an-
tiga capital do império bizantino, fi cava cada vez 
mais reduzida em sua infl uência. Provavelmente, a 
maior realização do cristianismo bizantino tenha sido 
a conservação da Rússia, por volta do ano 950. As 
relações entre oriente e ocidente tornavam-se cada 
vez mais tensas, até que, fi nalmente, veio o rompi-
mento defi nitivo em 1054.
A igreja ocidental precisava de uma reforma radical, 
e esta acabou surgindo dentro das fi leiras do monas-
ticismo. Sem demora, os elementos monásticos que 
propunham uma reforma chegaram a ocupar o pa-
pado, e com isso surgiu umasérie inteira de papas 
reformadores. Isso, porém, levou a confl itos entre as 
autoridades seculares e as eclesiásticas e, acima de 
tudo, entre papas e imperadores.
Esse foi também o período das cruzadas, que come-
çou em 1095 e durou por vários séculos. Foi ainda
HISTÓRIA DA IGREJA 
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
21
a época em que ocorreu boa parte da “Reconquista” 
espanhola – o processo de expulsão dos mouros da 
Península Ibérica.
Em parte como resultado das cruzadas ocorreu 
grande impulso no comércio, e por consequência, o 
aumento da população das cidades, que eram por 
natureza centros comerciais. Com isso surgiu uma 
nova classe social: os burgueses (literalmente, mora-
dores das cidades), que viviam do comércio e, poste-
riormente, da indústria.
Correspondendo aos novos tempos, surgiram várias 
novas ordens monásticas. As mais importantes foram 
os franciscanos e os dominicanos, os quais trouxeram 
novo despertar ao trabalho missionário e, além disso, 
introduziram-se nas universidades, nas quais chega-
ram a ser os principais expositores da teologia da épo-
ca – a teologia chamada “escolástica”. Essa teologia 
teve seus expoentes máximos em Boaventura (fran-
ciscano) e em Tomás de Aquino (dominicano).
O crescimento das cidades também deu ensejo às 
grandes catedrais. O estilo chamado “romântico”, que 
até então dominara a arquitetura da Idade Média, 
cedeu lugar ao “gótico”, que produziu as catedrais 
mais impressionantes de todos os tempos.
Por último foi também nessa época que o papado 
chegou ao auge do prestígio e do poder, na pessoa 
de Inocêncio III (1198-1216). Já perto do fi m desse 
período, em 1303, via-se claramente que o papado 
estava em decadência.
A Igreja reformada (fi m da idade média)
A burguesia crescente aliou-se à monarquia em cada 
país; assim o feudalismo chegou ao fi m, e as nações 
modernas começaram a formar-se. Mas o próprio na-
cionalismo tornou-se rapidamente obstáculo para a 
unidade da igreja. 
Durante boa parte desse período, a França e a In-
glaterra estiveram em guerra entre elas (a chamada
HISTÓRIA DA IGREJA
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
22
“Guerra dos Cem Anos”), e quase todo o resto da Eu-
ropa participou dessa guerra. Essa foi ainda a época 
da “peste”, que dizimou a população do continente e 
trouxe grandes infortúnios demográfi cos e econômicos.
A decadência do papado foi nítida e rápida. Primeiro, 
o papado fi cou debaixo da sombra da França, a pon-
to de a sede papal ser transferida de Roma para Avi-
nhão, nas próprias fronteiras da França (1309-1377). 
Em seguida veio “o grande cisma do ocidente”, pelo 
qual houve dois papas ao mesmo tempo (e até três) 
disputando o trono de Pedro (1378-1423). Para re-
solver essa questão, surgiu o movimento conciliar, que 
esperava que um concílio da igreja inteira pudesse 
decidir quem era o verdadeiro papa. Finalmente, o 
movimento conciliar conseguiu por fi m ao cisma, e 
todos passaram a concordar com um único papa. En-
tão, o próprio concílio se dividiu, de modo que havia 
um papa, mas dois concílios. Além disso, os papas logo 
se deixaram arrastar pelo espírito da Renascença, que 
os levou a embelezar Roma, a construir belos palácios 
e a guerrear contra outros potentados italianos, em 
vez de ocupar-se com a vida espiritual do rebanho.
Da mesma forma que o papado, a teologia escolásti-
ca – ou seja, a teologia feita nas universidades – tam-
bém entrou em crise. Tendo por base distinções cada 
vez mais sutis e vocabulário cada vez mais especia-
lizado, essa teologia perdeu contato com a vida diária 
dos cristãos, dedicando boa parte dos seus esforços 
a questões que interessavam somente aos próprios 
teólogos.
Como resposta a tudo isso surgiram vários movimen-
tos reformadores dirigidos por pessoas como João 
Wycliffe, João Huss e Jerônimo Savonarola. Alguns 
esperavam que a reforma da igreja viesse por meio 
do estudo e das letras. Outros, enfi m, em vez de ten-
tar reformar a igreja refugiaram-se no misticismo, que 
lhes permitia cultivar a vida espiritual e aproximar-se 
de Deus sem ter de lidar com uma igreja corrupta e, 
segundo parecia, impassível de ser reformada.
HISTÓRIA DA IGREJA 
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
23
Entrementes, o império bizantino cada vez mais fraco 
acabou sucumbindo, ante o avanço dos turcos.
Nesse período aconteceram dois grandes episódios 
deveras importantes na história do cristianismo: (1) 
o “descobrimento” e a conquista da América e (2) a 
Reforma Protestante. O “descobrimento” e a conquista 
são bem conhecidos, mas raramente pensamos neles 
como parte da história da igreja. O fato é que, em 
período de pouco menos de cem anos, as nações 
europeias se expandiram pelo restante do mundo, 
especialmente pela América, e por causa disso se 
multiplicou enormemente o número daqueles que se 
chamavam cristãos. Isso faz parte da nossa história e 
deixou vestígios na nossa maneira de viver a fé, e de-
vemos estudá-lo. 
A data normalmente assinalada como o começo da 
Reforma é 1517, quando Lutero afi xou suas famosas 
noventa e cinco teses. Conquanto já houvesse – con-
forme vimos no período anterior – movimentos refor-
madores desde muito antes, o fato é que foi com Lut-
ero e com seus seguidores que o movimento ganhou 
ímpeto que não pôde ser contido. Mesmo assim, nem 
todos os que abandonaram o catolicismo romano se 
tomaram seguidores de Lutero e dos seus pontos de 
vista.
Logo surgiu outro movimento na Suíça, primeiramente 
sob a direção de Ulrico Zuínglio e depois de João 
Calvino, que deu origem às igrejas que hoje chama-
mos “reformadas” e “presbiterianas”. Outros adotaram 
posições mais radicais, e seus inimigos lhes colocaram 
o nome depreciador de “anabatistas”, ou seja, “os que 
batizam de novo”. Dentre eles, surgiram os menonitas 
e vários outros grupos. 
Na Inglaterra houve uma reforma de caráter muito 
peculiar, ao mesmo tempo seguindo a teologia dos 
reformadores (especialmente a de Calvino) e man-
tendo suas velhas tradições quanto ao culto e ao gov-
erno da igreja. Essa é a Igreja da Inglaterra, da qual 
surgiram as igrejas que hoje chamamos “anglicanas” 
e “episcopais”.
HISTÓRIA DA IGREJA
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
24
Em parte como resposta à Reforma Protestante e em 
parte devido à sua própria dinâmica interna, a Igreja 
Romana também passou por período de reforma, às 
vezes, chamado “contrarreforma”, sendo, entretan-
to, muito mais do que isso. Até ao fi m do período, e 
não sem lutas e até mesmo guerras, o protestantismo 
havia fi xado raízes profundas na Alemanha, na Inglat-
erra, na Escócia, na Escandinávia e na Holanda.
Na França, depois de longas guerras, nas quais a re-
ligião foi fator importante chegou-se a uma situação 
em que, embora o rei fosse católico, os protestantes 
eram tolerados. Na Espanha, na Itália, na Polônia e 
em outros países, ramifi cações do protestantismo, às 
vezes, bastante fortes, tinham sido extirpadas à força.
A Igreja Moderna
Esse foi o grande século da era moderna. Começou 
com uma série de convulsões políticas que abriram 
o caminho para os ideais da democracia e da livre 
empresa – a independência dos Estados Unidos, a Re-
volução Francesa e, logo em seguida, a independên-
cia das nações latino-americanas. Parte do ideal des-
sas novas nações era a liberdade de consciência, de 
modo que ninguém era obrigado a afi rmar nada que 
contrariasse suas convicções. Mas isso, juntamente 
com o racionalismo que fazia adeptos desde o perío-
do anterior, levou muitos a pensar que somente uma 
fé rigorosamente racional era compatível com o mun-
do moderno.
Essa postura foi manifestada especialmente entre 
teólogos protestantes, mormente na Alemanha, mas 
também em outros lugares. Essa foi a origem do “libe-
ralismo”, perspectiva muito difundida no século XIX. 
Se o protestantismo – ou pelo menos seus teólogos 
e porta-vozes acadêmicos – errou ao mostrar-se de-
masiadamente aberto diante das inovações do mun-
do moderno, o catolicismoseguiu o caminho oposto. 
Praticamente tudo quanto era moderno – a demo-
cracia, a liberdade de consciência, as escolas públicas 
HISTÓRIA DA IGREJA 
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
25
– parecia-lhe heresia, e como tal foi condenado pelo 
papa Pio IX. 
Além disso, como parte dessa política reacionária, 
durante esse período o papa foi declarado infalível 
(Concílio Vaticano I, 1870).
Por outro lado, enquanto na Europa muitas pessoas 
pensavam que o cristianismo era coisa do passado, 
nesse período foi que a fé cristã atingiu tamanha ex-
pansão geográfi ca que, pela primeira vez, tomou-se 
verdadeiramente universal. Sem dúvida alguma, um 
dos elementos mais importantes da história da igreja 
durante o século XIX foi sua expansão missionária – 
especialmente a protestante – na Ásia, na Oceania, 
na África, no mundo muçulmano e na América Latina.
A Igreja Contemporânea
Os princípios racionalistas dos séculos anteriores, es-
pecialmente em sua aplicação às ciências e à tec-
nologia, se precipitaram em resultados inesperados. 
No apogeu da modernidade pensava-se que a raça 
humana estava chegando a uma época gloriosa de 
abundância e de felicidade. Todos os problemas da 
humanidade seriam solucionados mediante o uso da 
razão e da sua irmã menor, a tecnologia. As nações 
industrializadas do Atlântico Norte (Europa e Estados 
Unidos) conduziriam o mundo a esse futuro melhor.
O século XX, no entanto, pôs termo a esses sonhos, 
mediante uma série de acontecimentos que demons-
traram que a suposta promessa de modernidade não 
passava mesmo de um sonho.
No mundo inteiro, houve uma rápida descolonização. 
Isso também fez parte do fi m da modernidade, pois 
o que aconteceu foi a perda de confi ança naquelas 
promessas da modernidade que haviam sido a justi-
fi cativa do empreendimento colonizador. Na Ásia, na 
África e na América Latina houve forte reação, tan-
to política quanto intelectual, contra o colonialismo e 
contra o neocolonialismo.
HISTÓRIA DA IGREJA
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
26
Para analisar o impacto desses acontecimentos na 
vida da igreja, o modo mais simples é seguir o curso 
das três principais ramifi cações do cristianismo: a ori-
ental, a católica romana e a protestante.
No começo do século XX, toda a igreja oriental foi 
abalada pela revolução russa e pelo seu impacto no 
leste europeu. O marxismo aplicado na União Soviéti-
ca era versão da promessa moderna. Mas no fi nal do 
século XX fi cou claro que o empreendimento tinha 
fracassado, e a igreja russa que durante várias déca-
das existiu debaixo de fortes pressões governamen-
tais passou a dar novos sinais de vida.
O catolicismo romano continuou a sua luta contra cer-
tos aspectos da modernidade durante toda a primeira 
metade do século. Foi a partir de 1958, quando João 
XXIII subiu ao trono papal, que essa igreja começou a 
abrir-se diante do mundo moderno. Já naqueles tem-
pos, o mundo para o qual a igreja se abriu avançou 
rapidamente para a pós-modernidade, e a teologia 
que se viu após o Concílio Vaticano II tomou-se cada 
vez mais crítica da modernidade – não baseada na 
mesma atitude reacionária de gerações anteriores, 
mas olhando para um futuro além da modernidade.
O otimismo dos teólogos protestantes liberais na Eu-
ropa viu-se abalado pelas duas guerras mundiais. O 
mesmo ocorreu nos Estados Unidos, em graus e ve-
locidades menores. De certo modo, a rebelião de Karl 
Barth contra o liberalismo foi o primeiro aviso da ne-
cessidade de uma teologia pós-moderna. Nos Esta-
dos Unidos, as lutas pelos direitos civis e os confl itos e 
crises sociais do fi m do século desempenharam papel 
semelhante.
Por outro lado, em todas as tradições cristãs houve 
uma reação paralela à do anticolonialismo. As igrejas 
“jovens”, resultado do empreendimento missionário 
começaram a reivindicar sua autonomia e seu direito 
e obrigação de interpretar o evangelho dentro do 
seu próprio contexto e a partir da sua própria pers-
pectiva. Na América Latina, uma das manifestações 
HISTÓRIA DA IGREJA 
A Igreja Apostólica e o Início do Cristianismo
27
mais notáveis dessa tendência foi a forte ascensão do 
movimento pentecostal. Em todas as partes do mun-
do, as minorias étnicas e culturais dentro da igreja, in-
clusive as mulheres, fi zeram ouvir a sua voz.
O quadro resultou em novo tipo de ecumenismo. O 
movimento ecumênico tinha surgido principalmente 
do impulso missionário e de suas necessidades. Ago-
ra, com o crescimento das igrejas jovens seguia novos 
rumos. E o mesmo pode ser dito a respeito do próprio 
movimento missionário, no qual as “igrejas jovens” 
ocupavam lugar cada vez mais importante.
González, Justo L., História Ilustrada do Cristianismo (Vol.1), págs 543-546; Vol. 
2, págs 559-562, Editora: Vida Nova, São Paulo/SP, 2011.

Continue navegando