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SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE GÊNERO. GÊNERO TEXTUAL: LITERATURA DE CORDEL

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3 
 
 
 
2. SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE GÊNERO: GÊNERO TEXTUAL: LITERATURA DE 
CORDEL 
 
 
 
MÓDULO 1- IDENTIFICAÇÃO DO GÊNERO 
 
- Ativação dos conhecimentos prévios do aluno 
- Percurso histórico do gênero 
- Definições do gênero 
- Características do gênero 
 
 MÓDULO 2- LINGUAGEM 
- O que será trabalhado 
- Análise dos aspectos linguísticos 
 
 MÓDULO 3- PRODUÇÃO 
- Dinâmica 
- Identificação do gênero pelo aluno 
- Proposta de produção 
 
PRODUÇÃO FINAL 
- Produção de Literatura de Cordel 
- Exposição do gênero produzido 
 
 Para o estudo do gênero Literatura de Cordel em sala de aula, serão utilizadas 
8 horas/aula distribuídas no mês de março de 2017. Todas as atividades dos módulos 
1, 2 e 3 foram pensadas para serem concluídas no referido mês, mas as mesmas 
poderão ser ajustadas conforme houver necessidade. As reescrituras (versões) e a 
estimulação do aluno estão inseridas em Proposta de produção, momento em que 
vamos propor ao aluno a produção do gênero. A Produção de Literatura de Cordel 
será a versão final feita pelo aluno, a qual será divulgada. 
 
 
4 
 
 
4. SEQUÊNCIA DIDÁTICA- GÊNERO TEXTUAL: LITERATURA DE CORDEL 
 
4. 1 Módulo 1- Identificação do gênero 
 
4.1.1 Ativação dos conhecimentos prévios do aluno 
 
O primeiro momento será analisar qual o nível de conhecimento do aluno sobre 
o gênero proposto. A importância de se fazer tal análise dá-se exatamente para se 
trabalhar de forma mais específica com a turma. Para isso, utilizaremos exemplares 
da literatura de cordel, como nos exemplos abaixo: 
 
 
 Figura 2- Lampião, o capitão do cangaço Figura 3- Michael Jackson disse Adeus 
 
 
 Figura 4- História do valente sertanejo Zé Garcia 
 
 
5 
 
Os exemplares serão passados pela sala de aula e logo depois serão feitas algumas 
perguntas aos alunos para que possamos identificar o grau de informação que eles 
possuem sobre a literatura de cordel. 
Após este primeiro contato, os alunos assistirão a dois vídeos, o primeiro é A 
árvore do dinheiro, uma animação narrada da literatura de cordel, disponibilizada na 
internet. O segundo vídeo é a abertura da novela Cordel encantado, exibida pela Rede 
Globo no ano de 2011. A novela tinha como cenário o sertão brasileiro e como 
temática a literatura de cordel. Este exemplo servirá para mostrar ao aluno uma das 
possibilidades de adaptação do gênero aqui estudado. 
 
<https://www.youtube.com/watch?v=2p7gMAPwcaU> A Árvore do Dinheiro 
<https://www.youtube.com/watch?v=ZknAYOvvGzA> Cordel Encantado 
 
4.1.2 Percurso histórico do gênero 
 
Apesar de sua ampla expansão no Brasil, a literatura de cordel surgiu no país 
com a vinda dos colonos portugueses. Primeiramente na Bahia, onde os portugueses 
fizeram sua primeira parada e logo depois foi difundida por quase todo o nordeste 
brasileiro. Esta literatura tem suas raízes fincadas nos povos Ibéricos. Na Espanha 
era chamada de “pliegos sueltos” que em Portugal corresponde a folhas soltas ou 
literatura de cordel. Verifica- se também a presença dessa literatura em países como: 
Inglaterra, França e Alemanha. 
 Inicialmente a literatura de cordel era repassada principalmente de forma oral. 
Foi com Leandro Gomes de Barros, que muitos consideram como o pai do cordel no 
Brasil, que surgiram as primeiras impressões desta literatura. A priori chamada de 
folheto, ela só passou a receber o nome “cordel” após a publicação do dicionário 
Caldas Aulete, publicado em Portugal no ano de 1881, o qual denominava “cordel” 
como: Cordão, guita, barbante, literatura de cordel e como conjunto de publicações 
de pouco ou nenhum valor. Uma das funções dos folhetos era a de jornal local, já que 
nessa época não havia amplo acesso aos meios de comunicação. Um de seus 
empregos era para fins informativos e, ainda hoje, mesmo com os grandes meios de 
comunicação, esta característica ainda está muito presente nos folhetos. Era utilizado, 
ainda, como instrumento alfabetizador. 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.1.3 Definições do gênero 
 
A literatura de cordel é um gênero que mistura as linguagens verbal e não- verbal. A 
linguagem verbal é o uso da escrita ou da fala como meio de comunicação. No caso 
da literatura de cordel, esta linguagem aparece por meio dos versos escritos e 
oralizados. Por linguagem não-verbal podemos entender como as ilustrações 
reproduzidas nas capas dos folhetos, as imagens. 
 O cordel é um gênero textual no qual predomina a narrativa. A narrativa é o ato 
de contar/apresentar acontecimentos tanto fictícios, como: lendas, mitos e aventuras 
e quanto reais: biografia, notícia e relatos de experiência vivida. O cordel utiliza tanto 
a narrativa ficcional como a real. Outra característica da literatura de cordel são suas 
ilustrações reproduzidas a partir da xilogravura, que é uma técnica chinesa de gravura 
em madeira, trazida ao Brasil pelos portugueses no período da colonização. Estas 
gravuras em madeira possibilitaram aos cordelistas o domínio do processo de 
produção dos folhetos. Elas são feitas sempre com simplicidade nas formas, presença 
de paisagens e personagens do Nordeste. 
 
 Figura 5- Produção de Xilogravura Figura 6- Produção de ilustração 
 
 
Curiosidades: Os poetas que produziam este gênero eram chamados 
“poetas de banca”, pois vendiam seus folhetos em bancas nas feiras locais. 
Atenção, professor! 
É importante que o aluno saiba a origem do termo utilizado para definir o 
gênero que está sendo estudando, no caso, o cordel. Essa informação o 
ajudará a compreender o porquê de tal classificação e a entender um pouco 
mais obre o gênero. 
7 
 
 Um dos aspectos mais fundamentais na literatura de cordel é o uso de rima. A 
rima é o recurso de repetição de sons semelhantes, ora no final de versos diferentes, 
ora no interior do mesmo verso, criando uma semelhança de sons entre as palavras 
presentes em dois ou mais versos. Isso possibilita a leitura cantada, abrindo espaço 
para as emboladas: música nordestina em que o cantador toca pandeiro, e para o 
repente: música improvisada pelo cantador, utilizando ou não a viola como 
acompanhamento. Juntamente com o recurso da rima, a literatura de cordel também 
utiliza o recurso da métrica, que é a razão do ritmo contido no cordel. A sextilha, 
estrofe de seis versos, é a mais popular dentro do cordel. 
Exemplo de distribuição das rimas na sextilha: 
 
Leandro Gomes de Barros, escreveu: 
 
Meu/ ver/so in/da é/ do/ tem/po 
Que as/ coi/sas e/ram/ de/ gra/ça: 
Pa/no/ me/dido /por/ va/ra, 
Terra medida por braça, 
E um cabelo da barba 
Era uma letra na praça. 
 
4.1.4 Características do gênero 
 
 
 
 
 
 
 
As principais características deste gênero são: 
 
Atenção, professor! 
O recurso da métrica e a distribuição das rimas devem ser explicadas aos alunos. 
Caso o assunto já tenha sido estudado, será apenas relembrado para dar 
prosseguimento as atividades. 
 
Atenção, professor! 
Após a apresentação do cordel serão feitas perguntas aos alunos sobre as 
principais características do gênero. Isso é necessário para que o aluno passe 
para as próximas atividades. Caso não haja entendimento acerca das 
características, as explicações devem ser feitas novamente. 
8 
 
 As ilustrações utilizadas com a técnica da xilogravura. Com o processo de 
modernização, encontramos alguns folhetos com desenhos feitos em 
computador, mas sempre com a essência nordestina presente; 
 Valorização cultural e protagonismo do sertanejo; 
 Linguagem simples e de fácil entendimento; 
 
 Baixo custo; 
 
 Uso de rimas que provocam a sonoridade e permitem uma leitura cantada. 
 
4.2 Módulo 2- Linguagem 
 
4.2.1 O que será trabalhado 
 
 
 Serão desenvolvidas atividades voltadas para as formas de linguagens 
presentes no cordel. Trabalharemospor partes: inicialmente com a oralidade; depois 
com a escrita e em seguida com as linguagens musical e visual. Entendemos que 
estudar todos esses aspectos dentro de um gênero textual é, muitas vezes, algo novo 
para o aluno, por isso optamos por apresentar-lhes as partes que constituem o todo 
antes de partir para a produção. 
 Na linguagem oral, nossa atenção será voltada para a leitura dos cordéis. Cada 
aluno ficará responsável por uma estrofe do cordel. Sendo as estrofes interligadas, ou 
seja, os acontecimentos são rimados e seguem uma ordem para se chegar ao 
desfecho, o aluno ficará atento para não perder os detalhes e para não ser 
surpreendido quando chegar a sua vez de ler. O intuito dessa atividade é auxiliar o 
Atenção, professor! 
Ao se estudar as formas de linguagens aqui citadas, o aluno estará desenvolvendo 
habilidades que farão toda a diferença nas séries seguintes, visto que fazer uma 
interpretação de textos, imagens, etc. é um dos maiores desafios dos alunos hoje 
em dia, e não só na disciplina de língua portuguesa, mas nas demais disciplinas 
9 
 
aluno, principalmente àquele que é muito inibido, na prática da comunicação e 
desenvoltura. 
 Em relação à escrita, a proposta é que o aluno atente para os elementos 
linguísticos que foram utilizados. A atividade de escrita, em si, será no momento da 
produção. A proposta aqui é a de que se atente para o modo como a literatura de 
cordel é escrita: as escolhas lexicais (das palavras) que são feitas para dar ritmo, 
forma e se chegar ao resultado pretendido. Nesse momento, leitura será realizada 
individualmente. 
 A literatura de cordel pode abordar variados temas, dentre eles estão: a crítica 
social e o caráter informativo de variadas situações: de temas do cotidiano a 
acontecimentos históricos. Dessa forma, entendemos que a musicalidade é uma das 
formas mais fáceis de se trabalhar com assuntos considerados difíceis, pois tais 
assuntos estarão na letra da música, que terá um ritmo bem descontraído, facilitando 
assim o entendimento. 
 A linguagem visual será trabalhada por meio da xilogravura, que é a arte de 
gravar em madeira, traço fundamental do cordel. Os desenhos são feitos na madeira 
e reproduzidos nas capas dos cordéis, eles ilustram o tema que será abordado. A 
ideia é que um grupo de alunos crie uma história utilizando somente imagens e o outro 
grupo saiba identificar o tema principal da história e tente narrar os acontecimentos 
conforme as imagens que foram selecionadas. 
 Para o auxílio e realização das atividades aqui dispostas, utilizaremos os 
seguintes materiais: folhetos de literatura de cordel de variados temas; vídeos de 
repentistas; imagens de cordéis e uma reportagem feita pelo programa Globo Rural, 
da Rede Globo, que será de grande importância para o entendimento dos alunos, visto 
que aborda todos os aspectos que serão trabalhados em sala de aula. Dessa maneira, 
o aluno reconhecerá facilmente o gênero Literatura de cordel. 
 
4.2.2 Análise dos aspectos linguísticos 
Atenção! 
Para desenvolver essas atividades com os alunos é preciso levar em 
consideração seus conhecimentos acerca dos aspectos linguísticos que serão 
abordados. Caso seja necessário, faça uma revisão sobre o assunto para que o 
aluno consiga compreender a proposta e, dessa forma, consiga realizar as 
atividades que o guiarão para o resultado final. 
10 
 
 
 
 A literatura de cordel está dividida em três tipos: folhetos, romance e estórias. 
Ela se encaixa no tipo textual narrativo e utiliza as linguagens verbal e não-verbal, seja 
para informar sobre um acontecimento ou para contar uma história ficcional. 
Mostraremos aos alunos os três tipos e selecionaremos apenas trechos para que eles 
analisem algumas características referentes aos tempos verbais, às escolhas lexicais 
e às rimas. Mas como exemplos, utilizaremos dois folhetos. O primeiro exemplo, é o 
folheto A morte de Chico Mendes deixou triste a natureza, de Manoel Santamaria. 
 
Figura 7- A morte de Chico Mendes deixou triste a natureza 
 
(Ver anexo) 
 
O poeta não descansa 
seu pensamento um instante. 
Muitos o julgam presente 
sem o saberem distante. 
A matéria: residente... 
o espírito: renitente, 
preocupado e vagante! 
 
A poesia desempenha 
um papel primordial, 
neste país atolado 
no terrível lamaçal 
do crime e corrupção, 
e paternal proteção 
11 
 
às duras forças do mal. 
 
A poesia de cordel 
também presta seu tributo 
ao nosso mártir da mata, 
sindicalista astuto, 
ecólogo destemido, 
que fez o mundo sentido 
e a natureza de luto. 
 
Xapuri foi o seu berço 
e a morada final. 
O reinado de terror 
Em Marabá foi fatal 
e esse herói seringueiro, 
mas o grito do guerreiro 
teve eco mundial! 
 
Francisco Mendes pediu 
trégua na destruição 
criminosa da Amazônia, 
nosso sagrado pulmão 
que o mundo todo venera 
guardiã da atmosfera, 
exposta à devastação. 
 
Atividade 1 
 
1) Qual é o tempo verbal utilizado no cordel acima e o que ele indica? 
2) Relacionando a imagem ao texto, quem é o personagem principal e qual é o 
tema abordado no cordel? 
3) Aponte os pares de palavras que foram escolhidos pelo narrador para dar 
ritmo à história. 
 
O segundo, é um trecho de A vida de Pedro Cem, de Leandro Gomes de Barros. 
 
Figura 8- A vida de Pedro Cem 
12 
 
 
Ver anexo 
 
Vou narrar agora um fato 
Que há cinco séculos se deu 
De um grande capitalista 
Do continente europeu 
Fortuna como aquela 
Ainda não apareceu 
Pedro Cem era o mais rico 
Que nasceu em Portugal 
Sua fama enchia o mundo 
Seu nome andava em geral 
Não casou-se com rainha 
Por não ter sangue real 
Em prédios, dinheiro e bens 
Era o mais rico que havia 
Nunca deveu a ninguém 
Todo mundo lhe devia 
Balanço em sua fortuna 
Querendo dar não podia 
Em cada rua ele tinha 
Cem casas para alugar 
Tinha cem botes no porto 
E cem navios no mar 
Cem lanchas e cem barcaças 
Tudo isso a navegar 
Tinha cem fábricas de vinho 
E cem alfaiatarias 
Cem depósitos de fazenda 
Cem moinhos, cem padarias 
E tinha dentro do mar 
Cem currais de pescaria 
 
13 
 
Atividade 2 
4) Qual é a Pessoa gramatical utilizada para narrar a história? 
5) Você teve dificuldade para entender a linguagem utilizada? Há alguma palavra 
que você desconheça? 
6) Escreva o grupo de rimas presente na 1º e na 4º estrofe e destaque o que há 
de comum nessas palavras que contribuem para a formação das rimas. 
7) Mude a estrutura da 1ª e da 2ª estrofe, que estão em verso, para a estrutura 
em prosa. 
 
 
 
 
 Os cordéis que serão utilizados para fazer as análises serão lidos na íntegra 
em sala de aula. 
 
 
4.3 Módulo 3- Produção 
 
4.3.1 Dinâmica 
 
Atenção, professor! 
As atividades feitas aqui podem ser utilizadas somente como exemplos para os 
alunos. No primeiro momento, o professor responderá as questões junto com os 
alunos. No segundo momento, os alunos responderão questões no mesmo nível, 
mas individualmente. 
Atenção, professor! 
A dinâmica é uma forma de didatizar o gênero e aproximá-lo do aluno por meio 
de atividades descontraídas. As imagens de cordéis são facilmente encontradas 
na internet e podem ser impressas em papel A4, para melhor aproveitamento. 
Algumas gravuras são disponibilizadas no site da Academia Brasileira de 
Literatura de Cordel: <http://www.ablc.com.br/> 
14 
 
A proposta da dinâmica é aplicar o assunto abordado de maneira mais criativa e 
divertida. Ela ocorrerá da seguinte forma: 
 
● será dado um tema para que os alunos criem uma letra para ser reproduzida no 
estilo do repente; 
 
● leitura em voz alta intercalando os grupos de alunos para que haja mais interação e 
percepção da sonoridade dos versos; 
 
● os alunos criarão uma história por meio de imagens de cordéis que serão 
selecionadas pelo professor; 
 
● O professor auxiliará os alunos na produção de paródias apartir dos cordéis levados 
para a sala de aula. 
 
4.3.2 Identificação do gênero pelo aluno 
 
15 
 
Serão aplicadas algumas questões para o aluno responder. 
 
 
4.3.3 Proposta de produção 
 
 Serão produzidos alguns cordéis em sala de aula a partir de temas que serão 
sorteados entre a turma: uma notícia de jornal, um acontecimento histórico, meio 
ambiente e festas juninas. A produção ocorrerá em sala e deverá ser entregue ao final 
da aula para o professor, que fará as correções e avaliações. Os cordéis produzidos 
e corrigidos serão entregues na próxima aula. 
1) Quanto a forma de escrita, como é escrito o cordel? 
2) O que diferencia a literatura de cordel do jornal que circula diariamente pela 
sua cidade? 
3) como é a linguagem utilizada nos folhetos de cordel? 
4) identifique e marque as alternativas que são as características principais 
da Literatura de Cordel 
( ) As fotografias são estampadas nas capas 
( ) O sertão brasileiro como cenário das histórias 
( ) O custo é muito alto 
( ) As narrativas são de caráter popular 
( ) A forma como é escrita permite que seja cantada 
( ) Narra tanto histórias fictícias como histórias reais 
( ) As falas das personagens são ilustradas por meio de balões 
 
5) Que tipo de linguagem o cordel utiliza? 
a) Verbal 
b) Não verbal 
c) Verbal e não-verbal 
Marque uma das alternativas e explique como essa (as) linguagem (a) 
aparece (m) no cordel. 
 
 
 
 
16 
 
 Na próxima aula, momento de entrega das primeiras produções, o aluno fará 
as possíveis modificações propostas a partir das observações feitas pelo professor e 
devolverá essa segunda versão ao professor no final da aula. 
 
 
5. PRODUÇÃO FINAL 
 
 Para a produção final, serão distribuídos alguns cordéis para se utilizar como 
modelo. O trabalho será em grupo, para que possa haver troca de ideias, mas as 
produções serão individuais. Também serão distribuídos folhetos em branco, em 
formato de cordel, para serem produzidos os cordéis. Para essa atividade os alunos 
deverão ter: lápis, lápis de cor, borracha, régua e caneta preta. Esse material é 
necessário para se fazer as ilustrações. Os alunos serão orientados assim: 
 
1) Planeje uma história 
2) Crie os personagens e o cenário da história 
3) Sintetize o tema principal em forma de ilustração. 
4) O último passo será escrever a história em versos rimados (lembre-se das 
características principais do cordel) e elaborar a capa do folheto com a ilustração feita. 
 
 
 
5.1 Exposição do gênero produzido 
 Os trabalhos produzidos serão expostos em uma feira cultural que é promovida 
pela escola anualmente. A exposição feita pelos alunos acerca do gênero e das 
produções feitas em sala de aula acontecerá da seguinte forma: 
 
1 – Exposição de folhetos; 
2– Murais com reportagens sobre cordelistas e literatura de cordel em geral; 
Atenção, professor! 
Essa atividade de reescritura é essencial para se analisar o nível de compreensão 
e desenvolvimento do aluno acerca do gênero estudado. São atividades que 
servirão como base para a produção final. 
17 
 
3 – Apresentação de músicas populares influenciadas pela literatura de cordel; 
4 – Sessões de cinema com filmes inspirados em folhetos ou que, de algum modo, 
toquem na questão de literatura de cordel; 
5 – Exposição de xilogravuras. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Disponível em: < 
http://www.ablc.com.br/> Acesso em: 11 fev. 2017 
BARROS, Leandro Gomes de. A vida de Pedro Cem. Disponível em: 
http://www.ablc.com.br/a-vida-de-pedro-cem/> Acesso em: 14 fev. 2017 
BRANDÃO, Helena Negamini. Texto, gênero do discurso e ensino. In: Gênero 
do discurso na escola: mito, conto, cordel, discurso político, divulgação 
científica. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2003, p. 17-43 
EVARISTO, Marcela Cristina. Cultura popular/ realizações orais. In: A oralidade 
como objeto de ensino-aprendizagem: algumas considerações. Campinas, SP: 
[s.n.], 2006, p.83-86. Disponível em: 
<http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?down=vtls000379278> Acesso 
em: 09 fev. 2017 
 
Figura 1- esquema da sequência didática. Fonte: MARCUSCHI, Luiz Antônio. Os 
gêneros textuais em sala de aula: as “sequências didáticas. “ In: Produção textual, 
análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola editorial, 2008, p. 214 
 
Figura 2- Lampião, o capitão do cangaço. Fonte: 
<http://lounge.obviousmag.org/memorias_do_subsolo/2013/01/literatura-de-cordel-a-
memoria-do-sertao-em-folhetos-de-papel.html> Acesso em: 14 fev. 2017 
 
Figura 3- Michael Jackson disse Adeus. Fonte: 
<https://barretocordel.files.wordpress.com/2012/09/cordel-michael-jackson-disse-
adeus.jpg> Acesso em: 14 fev. 2017 
 
 
Figura 4- História do valente sertanejo Zé Garcia. Fonte: 
<http://acordacordel.blogspot.com.br/2011/05/cordeis-gratis.html> Acesso em: 13 fev. 
2017 
http://lounge.obviousmag.org/memorias_do_subsolo/2013/01/literatura-de-cordel-a-memoria-do-sertao-em-folhetos-de-papel.html
http://lounge.obviousmag.org/memorias_do_subsolo/2013/01/literatura-de-cordel-a-memoria-do-sertao-em-folhetos-de-papel.html
https://barretocordel.files.wordpress.com/2012/09/cordel-michael-jackson-disse-adeus.jpg
https://barretocordel.files.wordpress.com/2012/09/cordel-michael-jackson-disse-adeus.jpg
http://acordacordel.blogspot.com.br/2011/05/cordeis-gratis.html
18 
 
Figura5- Produção de Xilogravura. Fonte: < 
https://monalisarte.wordpress.com/2013/04/14/o-que-e-xilogravura/> Acesso em: 13 
fev. 
 
Figura 6- Produção de ilustração. Fonte: < http://www.foiaprovado.com/aprenda-
como-fazer-xilogravura/> Acesso em: 14 fev. 2017 
 
Figura 7- A morte de Chico Mendes deixou triste a natureza. Disponível em: 
<http://www.ablc.com.br/a-morte-de-chico-mendes-deixou-triste-a-natureza/> Acesso 
em: 12 fev. 2017 
 
Figura 8- A vida de Pedro Cem. Fonte: <http://www.ablc.com.br/a-vida-de-pedro-
cem/> Acesso em: 13 fev. 2017 
LOPES-ROSSI, Maria Aparecida Garcia. Sequência didática para a leitura de 
cordel em sala de aula. In: Revista do GELNE, Natal/RN, N. Especial, Vol. 14, p. 
153-172, 2012. Disponível em: 
<https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/download/9388/6742> Acesso em: 09 fev. 
2017 
MANOEL, Santamaria. A morte de Chico Mendes deixou triste a natureza. 
Disponível em: <http://www.ablc.com.br/a-morte-de-chico-mendes-deixou-triste-a-
natureza/> Acesso em: 12 fev. 2017 
 
MARCUSHI, Luiz Antônio. DIONISIO, Angela Paiva. Um ponto de partida: falamos 
mais do que escrevemos. In: Fala e escrita. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p.13-15 
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: 
terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/Secretaria de 
Educação Fundamental. Brasília : MEC/SEF, 1998, p. 53-54 
 
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Os gêneros textuais em sala de aula: as “sequências 
didáticas. “ In: Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: 
Parábola editorial, 2008, p.211-218. 
 
MONTANHA, Ednalda Maria. Modelo didático de gênero e sequência didática: 
gênero textual história em quadrinhos. In: Os professores PDE e os desafios da 
escola pública paranaense- volume II. Londrina, 2012, 35p. Disponível em: < 
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pd
e/2012/2012_uel_port_pdp_ednalda_maria_montanha.pdf> Acesso em: 08 fev. 2017 
PINHEIRO, Hélder. Cordel na sala de aula/Hélder Pinheiro, Ana Cristina Marinho 
Lúcio. São Paulo: Duas Cidades, 2001, 110 p. 
 
 
19 
 
ANEXOS 
 
 
A MORTE DE CHICO MENDES DEIXOU TRISTE A NATUREZA 
Manoel Santamaria 
O poeta não descansa 
seu pensamento um instante. 
Muitos o julgam presente, 
sem o saberem distante. 
A matéria: residente… 
o espírito: renitente, 
preocupado e vagante! 
A poesia desempenha 
um papel primordial, 
neste país atolado 
no terrível lamaçal 
do crime e corrupção, 
e paternal proteção 
às durasforças do mal. 
A Poesia de Cordel 
também presta seu tributo 
ao nosso mártir da mata, 
sindicalista astuto, 
ecólogo destemido, 
que fez o mundo sentido 
e a natureza de luto. 
Xapuri foi o seu berço 
e a morada final. 
O reinado de terror 
em Marabá foi fatal 
a esse herói seringueiro, 
20 
 
mas o grito do guerreiro 
teve eco mundial! 
Francisco Mendes pediu 
trégua na destruição 
criminosa da Amazônia, 
nosso sagrado pulmão, 
que o mundo todo venera 
guardiã da atmosfera, 
exposta à devastação. 
Valente e humano escudo 
protetor das nossas terras. 
Combateu contra os tratores, 
machados e moto-serras. 
Sua batalha exemplar 
há de se multiplicar 
noutras batalhas e guerras! 
A natureza chorosa, 
no nosso peito esse nó. 
Ecoam dentro da mata 
gemidos de fazer dó. 
Choram cascatas e rios 
prantos sentidos e frios… 
o uirapuru canta só. 
Na solidão da floresta, 
aves, plantas e animais, 
órfãos, fracos, indefesos, 
exalam seus tristes ais, 
pedem o fim da matança 
e a destruição que avança, 
mutilando os matagais! 
Do Oiapoque ao Chuí 
tevês, revistas, jornais, 
estampam a nossa dor 
em manchetes garrafais. 
Fauna e flora sem defesa… 
foi-se o “Nossa Natureza” 
o “Ghandi dos Seringais”! 
Se até no estrangeiro 
a grande perda é sentida; 
se até a ONU se importa, 
vou cutucar a ferida 
dos fominhas fazendeiros, 
e os carrascos pistoleiros 
que pensam mandar na vida. 
Depois que o “New York Times” 
mostrou, em primeira mão, 
o brutal assassinato, 
foi tal a repercussão, 
que até a nossa justiça, 
21 
 
cheia de inércia e preguiça 
resolveu mostrar ação. 
É só cascata e farol 
do Governo brasileiro, 
que deseja mais ajuda 
das potências do estrangeiro, 
para investir no nojento 
pseudodesenvolvimento, 
e escândalo financeiro. 
Se Chico Mendes não fosse 
mundialmente famoso, 
a justiça ignoraria 
esse podre e pantanoso 
faroeste brasileiro, 
onde o rico fazendeiro 
desfila impune e garboso. 
No Brasil, a realidade 
do faroeste é voraz. 
Já na ficção esse filme 
fajuto perdeu cartaz. 
Caducou, perdeu a graça, 
e há muito tempo, só passa 
nos corujões matinais. 
Final do século vinte, 
e o país mergulhado 
no caldeirão da mamata, 
cultivando o que é errado: 
falcatruas, pistolagem, 
política da malandragem, 
regime podre e safado! 
Esse atraso milenar 
podia ser corrigido, 
mas a Constituição 
ainda afaga bandido. 
Impunidade que assusta, 
justiça cega e injusta, 
e de moral corroída! 
Mas um país que faz tanto 
alarde em torno de quem 
matou quem numa novela 
e anda tratando tão bem 
os assassinos reais, 
bem que merece demais 
os governantes que tem! 
Mas o mundo anda de olhos 
e ouvidos bem aguçados 
para tantas agressões, 
tantos pobres massacrados. 
Atos imundos, insanos, 
22 
 
contra os Direitos Humanos 
e Prêmios para os culpados! 
Os direitos dos indígenas 
sendo desobedecidos. 
Mais de vinte mil da tribo 
dos Macuxis, perseguidos. 
A polícia trava guerras 
só para entregar suas terras 
aos fazendeiros bandidos! 
Os ricos pecuaristas 
assassinaram a natureza. 
Espécies insubstituíveis, 
rara e milenar beleza 
das florestais paisagens 
cedem lugar as pastagens, 
À ganância e à riqueza! 
O gado disputa a água 
e a alimentação 
com os animais silvestres, 
naturais da região, 
a nossa fauna nativa. 
O IBDF se esquiva, 
não faz fiscalização. 
A malversação das verbas 
dos incentivos fiscais. 
Investimentos furados, 
estradas descomunais, 
falsa colonização 
e cruel destruição 
das reservas naturais! 
Também os tecnocratas 
e as multinacionais 
que visam os lucros fáceis, 
sem retornos sociais. 
Porcos imediatistas 
que têm cifrões nas vistas 
e miolos irracionais! 
A UDR, União 
“Democrática” Ruralista, 
em defesa aos latifúndios 
e o grande pecuarista 
comanda os assassinatos 
dos lavravadores pacatos, 
padres e sindicalistas. 
A UDR utilizou 
sua nefasta influência 
durante a Constituinte; 
cometeu tal violência 
brecando a Reforma Agrária, 
23 
 
à qual sempre foi contrária, 
a qual levou à falência. 
“Ainda posso respirar, 
a água jorra abundante; 
eu vivo aqui e agora, 
e o futuro é tão distante!” 
Assim pensa o egoísta, 
de visão curta e simplista 
bucéfalo, ignorante! 
Que inteligência curta, 
que egoísmo brutal, 
caráter devastador, 
criminoso, irracional! 
Pensarmos em nós somente, 
e espalharmos a semente 
do irremediável mal! 
Ocorre que as consequências 
estão aqui e agora: 
o índio pede socorro, 
a Mata Atlântica chora, 
a Amazônia agoniza, 
e uma mal cheirosa brisa 
nos sufoca e apavora! 
Desequilíbrios climáticos, 
confusão nas Estações. 
São resposta e consequência 
das grandes devastações 
nas florestas tropicais. 
Seca no Sul é demais… 
no Nordeste, inundações! 
O holocausto biológico 
se torna mais evidente, 
a cada dia que passa; 
e assim, cada ser vivente 
pensante há que se tocar 
e começar a plantar 
o futuro no presente! 
A morte de Chico Mendes 
não há de ter sido em vão. 
O nobre sangue do herói 
há de regar esse chão. 
E seu clamor por justiça 
há de aplacar a cobiça 
que impera nesta nação! 
E surgirão outros Chicos, 
atrás de serra vem serra. 
A luta, a honra de um homem 
não se extingue, não se enterra. 
A natureza reclama 
24 
 
e a todos nós conclama 
a prosseguir nesta guerra! 
Dezembro de 1988 
 
GABARITO COM AS POSSÍVEIS RESPOSTAS QUE PODEM SER DADAS PELOS 
ALUNOS 
ATIVIDADE 1 
Na primeira atividade o tempo verbal empregado é o presente e ele indica uma ação 
que ocorre no mesmo momento da fala. O personagem principal é Francisco Mendes, 
que chega à Amazônia para ajudar os índios contra a devastação da floresta. O cordel 
é uma crítica à violência na região amazônica e à justiça brasileira. A história é contada 
por meio de rimas, característica principal do cordel, os pares de palavras escolhidos 
pelo narrador foram: 
Instante Distante 
Presente Residente 
Residente Renitente 
Distante Vagante 
Primordial Lamaçal 
Corrupção Proteção 
Tributo Astuto 
Destemido Sentido 
Fatal Mundial 
Seringueiro Guerreiro 
Destruição Pulmão 
Venera Atmosfera 
Pulmão Devastação 
 
 
As escolhas lexicais foram feitas pelo narrador justamente para dar ritmo e 
musicalidade à história contada no cordel, mas as escolhas não foram feitas de 
qualquer forma, pois as palavras interligam-se entre si dando sentido ao que está 
sendo contado. 
25 
 
 
 
A VIDA DE PEDRO CEM 
Leandro Gomes de Barros 
Vou narrar agora um fato 
Que há cinco séculos se deu 
De um grande capitalista 
Do continente europeu 
Fortuna como aquela 
Ainda não apareceu 
Pedro Cem era o mais rico 
Que nasceu em Portugal 
Sua fama enchia o mundo 
Seu nome andava em geral 
Não casou-se com rainha 
Por não ter sangue real 
Em prédios, dinheiro e bens 
Era o mais rico que havia 
Nunca deveu a ninguém 
Todo mundo lhe devia 
Balanço em sua fortuna 
Querendo dar não podia 
Em cada rua ele tinha 
Cem casas para alugar 
Tinha cem botes no porto 
E cem navios no mar 
Cem lanchas e cem barcaças 
Tudo isso a navegar 
Tinha cem fábricas de vinho 
E cem alfaiatarias 
Cem depósitos de fazenda 
Cem moinhos, cem padarias 
26 
 
E tinha dentro do mar 
Cem currais de pescaria 
Em cada país do mundo 
Possuía cem sobrados 
Em cada banco ele tinha 
Cem contos depositados 
Ocupavam mensalmente 
Dezesseis mil empregados 
Diz a história onde li 
O todo desse passado 
Que Pedro Cem nunca deu 
Uma esmola a um desgraçado 
Não olhava para um pobre 
Nem falava com criado 
Uma noite ele sonhou 
Que um rapaz lhe avisava 
Que aquele orgulho dele 
Era quem o castigava 
Aquela grande fortuna 
Assim como veio, voltava 
Ele acordou agitado 
Pelo sonho que tinha tido, 
Que rapaz seria aquele 
Que lhe tinha aparecido? 
Depois pensou: – Ora, sonho 
É ilusão do sentido! 
Um dia no meio da praça 
Ele uma moça encontrou 
Essa vinha quase nuaNos seus pés se ajoelhou 
Dizendo: – Senhor, olhai 
O estado em que estou… 
Ele torceu para um lado 
E disse: – Minha senhora, 
Olhe a sua posição 
E veja o que fez agora. 
Reconheça o seu lugar, 
Levante-se e vá embora! 
– Oh! Senhor! Por este sol, 
Que de tão alto flutua, 
Lembrai-vos que tenho fome 
Estou aqui quase nua 
Sou obrigada a passar 
Nesse estado em plena rua! 
Ele repleto de orgulho 
Nem deu ouvido, saiu 
E a pobre ergueu-se chorando 
Chegou adiante, caiu 
27 
 
Vinha passando uma dama 
Que com seu mato a cobriu 
Era a marquesa de Évora 
Uma alma lapidada. 
Tirando seu rico manto 
Cobriu essa desgraçada 
Ela conheceu que a pobre, 
Foi pela fome prostrada. 
Levante-se, minha filha! 
E pegou-lhe pela mão, 
Dizendo à criada dela: 
– Vá ali comprar um pão 
Que a essa pobre infeliz, 
Faltou-lhe alimentação. 
Entregando-lhe uma bolsa 
Com 42 mil réis, 
Apenas tirou dali 
Um diploma e uns papéis, 
Não consentindo que a moça 
Se ajoelhasse a seus pés. 
E com aquela quantia 
Ela comprou um tear 
Tinha mais duas irmãs 
Foram as três trabalhar 
Dali em diante mais nunca 
Faltou-lhe com que passar. 
Vamos agora tratar 
Pedro Cem como ficou 
E o nervoso que sentia 
Uma noite em que sonhou 
Que um homem lhe apareceu 
Disse: – Olhe bem quem sou! 
– Que tens feito do dinheiro, 
Que me tomaste emprestado? 
Meu senhor manda saber 
Em que o tens empregado 
E por qual razão não cumpre 
As ordens que ele tem dado… 
Ele perguntou no sono: 
Mas que dinheiro tomei? 
Até aos próprios monarcas 
Dinheiro muito emprestei; 
O vulto zombando dele 
Disse: Que tu és eu sei. 
– Que capital tinha tu 
Quando chegaste ao mundo? 
Chegaste nu e descalço 
Como o bicho mais imundo 
28 
 
Hoje queres ser tão nobre 
Sendo um simples vagabundo. 
E metendo a mão no bolso 
Tirou dele uma mochila 
Dizendo: é essa a fortuna 
Que tu hás de possuí-la 
Farás dela profissão 
Pedindo de vila em vila. 
Pedro Cem zombando disse: 
– Vai agoureira, te some 
Tua presença me perturba, 
Tua frase me consome, 
De qual mundo tu vieste? 
Diz-me por favor teu nome?! 
– Meu nome, disse-lhe o vulto, 
És indigno de saber, 
Meu grande superior 
Proibiu-me de dizer 
Apenas faço o serviço 
Que ele mandou fazer. 
Despertando Pedro Cem 
Daquilo contrariado; 
Ter dois sonhos quase iguais 
Ficou impressionado, 
Resolveu contrafazer 
E ficar reconcentrado. 
Pensou em tirar por ano 
Daquela grande riqueza 
Sessenta contos de réis 
E dar de esmola a pobreza 
Depois, refletindo, disse: 
Não se dá maior fraqueza. 
Porque ainda que Deus 
Querendo me castigar 
Não afundará num dia 
Meus cem navios no mar 
As cem fazendas de gado 
Custarão a se acabar 
As cem fábricas de tecidos 
Que tenho funcionando, 
E os parreirais de uvas 
Que estão todos safrejando, 
Cem botes que tenho no porto 
Todo dia trabalhando. 
Cem armazéns de fazenda, 
As cem alfaiatarias, 
As cem fundições de ferro, 
Cem currais de pescarias, 
29 
 
As cem casas alugadas, 
Cem moinhos, cem padarias. 
E as centenas de contos 
Nos bancos depositados, 
E tudo isso em poder 
De homens acreditados, 
Ainda Deus querendo isso 
Seus planos serão errados. 
Pedro Cem naquela hora 
Estava impressionado 
Quando aproximou-se dele 
O seu primeiro criado 
E disse: – Aí tem um homem 
Diz vos trazer um recado. 
– Mande que entre a pessoa! 
(Ele ao criado ordenou) 
era um marinheiro velho, 
chegando ali o saudou. 
– Que nova traz, meu amigo? 
Pedro Cem lhe perguntou. 
Disse o velho marinheiro: 
– Venho vos participar, 
Que dez navios dos vossos 
Ontem afundaram no mar 
Morreram as tripulações 
Só eu pude me salvar. 
– Que navios foram esses? 
Perguntou-lhe Pedro Cem. 
Respondeu-lhe o marinheiro: 
– Foi “Tejo” e “Jerusalém”, 
O “Douro” e o “Penafiel” 
E os outros eu não sei bem. 
Aquele ainda estava ali 
Outro portador bateu 
O empregado das vacas 
Contou o que sucedeu 
Incendiaram o mercado 
E todo gado morreu 
Pedro Cem nada dizia 
Ficando silencioso. 
Apenas disse: – Na terra 
Não há homem venturoso, 
Quem se julgar mais feliz, 
É pior que cão leproso. 
Chegou outro portador 
O empregado da vinha, 
Disse: – O depósito estourou 
Vazou o vinho que tinha 
30 
 
Pedro Cem disse: Meu Deus, 
Que sorte triste esta minha! 
Saiu aquele entrou outro, 
Um cônsul norueguês 
Disse: – Nos mares do norte 
Andava um pirata inglês, 
Noventa navios vossos 
Tomou ele de uma vez! 
Meu Deus! Meu Deus! O que fiz? 
Exclamava Pedro Cem, 
Não há homem nesse mundo 
Que possa dizer: – Vou bem, 
Quando menos ele espera 
A negra desgraça vem! 
Dos cem navios que tinha 
Alguns foram afundados 
E outros pelos piratas 
Nos mares foram tomados! 
Acrescentou a pessoa: 
Vinham todos carregados. 
Ali mesmo vinha o mestre 
Do navio “Flor do Mundo” 
Esse fitou Pedro Cem 
Com um silêncio profundo 
Depois disse: Sr. Marquês, 
Dez barcaças foram ao fundo. 
Quatro vinham carregadas 
Com bacalhau e azeite, 
Duas vinham da Suécia 
Com queijo, manteiga e leite, 
De todas mercadorias 
Não tem uma que aproveite. 
Quatro dos dez que afundaram 
Traziam pérolas e metal 
Só da Ilha da Madeira 
Vinha um milhão de coral 
Topázio, rubi, brilhante, 
Ouro, esmeralda e cristal. 
Pedro Cem baixou a vista 
Nada pôde refletir 
Exclamou: Que faço eu? 
Devo deixar de existir, 
Mas matando-me não vejo 
Isso onde pode ir! 
Chegou o moço do campo 
Tremendo muito assustado 
E disse: Senhor Marquês, 
Venho aqui horrorizado, 
31 
 
Deu morrinha nas ovelhas 
E mal triste em todo gado 
Naquele momento entrou 
Um rapaz auxiliar 
Esse puxando um papel 
Disse: – Venho reclamar 
Tudo quanto se perdeu 
Na barca “Ares do Mar” 
Pedro Cem perguntou: Quanto? 
Tirou o moço uns papéis 
Que se lia, entre brilhantes 
Pulseiras, colares, anéis 
Um milhão e quatrocentos 
E vinte e contos de réis. 
Entrou outro auxiliar 
Disse: Eu quero o pagamento, 
Por tudo que se perdeu 
No navio “Chave do Vento” 
Que vinha da América do Norte 
Com grande carregamento. 
Chegou um tabelião 
– Dá licença, senhor Marquês? 
Venho lhe participar 
Que o grande banco francês 
Dois alemães e três suíços 
Quebraram todos de vez. 
– Lá se foi minha fortuna! 
(exclamava Pedro Cem) 
Ontem fui milionário 
Hoje não tenho um vintém 
Só mesmo na campa fria 
Eu hoje estaria bem! 
Dando balanço nos bens 
Quis até desesperar 
Tudo quanto possuía 
Não dava para pagar 
Nem pela décima parte 
Os prejuízos do mar. 
Exclamava: Oh! Pedro Cem, 
Que será de ti agora?! 
O pouco que me restava 
A justiça fez penhora! 
Pedro Cem de agora em diante 
Vai errar de mundo a fora! 
Cumprir esta sorte dura 
Que a desventura me deu 
Talvez muitas vezes vendo 
Aquilo que já foi meu 
32 
 
Em lugar que não se saiba 
Quem neste mundo fui eu. 
Ali no terraço mesmo 
Forrando o chão se deitou 
Às onze e meia da noite, 
No sono conciliou, 
No sono sonhando viu 
O rapaz que lhe falou. 
Aquele perguntou: Pedro, 
Como se foi na empresa? 
Já estais conhecendo agora 
Quanto é grande a natureza? 
Conheceste que teu orgulho 
Foi quem te fez a surpresa? 
Metendo a mão na algibeira 
Dali um quadro tirou 
Onde havia dois retratos 
Que a Pedro Cem mostrou 
– Conheces estes retratos? 
O rapaz lhe perguntou. 
Via-se naquele quadro 
Uma dama bem vestida 
Pedro Cem disse no sonho: 
Esta é minha conhecida, 
A outra uma pobre moça, 
Como fome, no chão caída? 
Perguntou-lhe o rapaz: 
Quem é essa conhecida? 
– É a marquesa de Évora, 
E esta, que está caída? 
– Essa é uma miserável, 
Dessa classe desvalida. 
O rapaz puxou outro quadro 
Verde da cor da esperança 
Onde se via um monarca 
Suspendendo uma balança 
Estava pesando nela 
Caridade e confiança. 
Mostrou-lhe mais 4 quadros 
Que Pedro Cem conheceu, 
Tinha a marquesa de Évora 
Quando a bolsa a pobre deu, 
Que estirou a mão dizendo: 
– Toma o dinheiro que é teu. 
No quadro via-se um anjo 
Assim nos diza história, 
Com uma flor onde lia-se: 
“Jardim da Eterna Glória” 
33 
 
presenteada por Deus 
esta palma da vitória. 
Quem planta flores, tem flores 
Quem planta espinho tem espinho 
Deus mostra ao espírito fraco 
O que nega ao mesquinho 
A virtude é um negócio 
Boa ação um pergaminho 
Depois que ele acordou 
Triste e impressionado 
Interrogava a si próprio: 
– Porque sou tão desgraçado? 
Achou de lado a mochila, 
A que ele havia sonhado. 
– Será esta a tal mochila 
Que o fantasma me mostrou? 
É esse o homem que em sonho 
Em desespero exclamou, 
Na noite que a cruel sina, 
Em sonho me visitou? 
De tudo restava apenas 
A casa de moradia 
Essa mesma embargaram 
Antes de findar-se o dia, 
Então disse Pedro Cem: 
– Cumpriu-se a tal profecia! 
Lançando mão da mochila 
Saiu no mundo a vagar 
Implorando a caridade, 
Sem alguém nada lhe dar 
Por umas 5 ou 6 vezes 
Tentou se suicidar. 
Ele dizia nas portas: 
Uma esmola a Pedro Cem 
Que já foi capitalista 
Ontem teve, hoje não tem 
A quem já neguei esmola 
Hoje a mim nega também. 
Foi ele cair com fome, 
Na casa daquela moça 
Quando foi a porta dele 
Com fome, fria e sem força 
Que ele não quis olhá-la 
E a marquesa deu-lhe a bolsa. 
A criada o viu cair, 
Exclamou: – Minha senhora, 
Anda ver um miserável, 
Que caiu de fome agora! 
34 
 
– Onde? Perguntou a moça, 
Ana lhe disse: ali fora! 
A moça disse à criada 
Que trouxesse leite e pão 
Aproximou-se dele 
Disse: O que tens, meu irmão? 
Bateste em todas as portas, 
Não encontraste um cristão? 
Senhora! Se vós soubesse 
Quem é este desgraçado, 
Não abriria a porta 
Nem dava esse bocado, 
Respondeu ela: O conheço, 
Porém esqueço o passado. 
Recordo-me que a marquesa 
Fez minha felicidade, 
Viu-me caída, com fome, 
Teve de mim piedade, 
Deu-me com que comprar pão 
E esta propriedade. 
Pedro Cem se levantou, 
Disse: Obrigado, e saiu 
Andando duzentos passos 
Tombou em terra e caiu 
E umas frases tocantes 
Em alta voz proferiu: 
Vai unir-se a terra fria 
O que não soube viver, 
Soube ganhar a fortuna 
Mas não a soube perder, 
Se tenho estudado a vida 
Tinha aprendido a viver. 
Foi como a corrente d’água, 
Que pela serra desceu 
Chegou o verão secou 
Ela desapareceu 
Ficando só os escombros 
Por onde a água correu! 
Eu tive tanta fortuna, 
Não socorri a ninguém, 
E todos que me pediram 
Eu nunca dei um vintém, 
Hoje eu preciso pedir, 
Não há quem me dê também! 
Não desespero, pois sei 
Que grande crime expio 
Nasci em berço dourado 
Dormi em colchão macio 
35 
 
Hoje morro como os brutos, 
Neste chão sujo e frio… 
Foram as últimas palavras 
Que ele ali pronunciou 
Margarida, aquela moça 
Que a marquesa embrulhou 
Botou-lhe a vela na mão 
Ali mesmo ele expirou. 
A Justiça examinando 
Os bolsos de Pedro Cem 
Encontrou uma mochila 
E dentro dela um vintém 
E um letreiro que dizia: 
“Ontem teve, hoje não tem.” 
Janeiro de 2000 
 
ATIVIDADE 2 
Na segunda atividade a pessoa gramatical utilizada para narrar a história foi a primeira 
pessoa do singular. A escolha feita pelo narrador indica que ele contará a história a 
partir do seu ponto de vista e que ele tem plena propriedade para conta-la, pois, o “Eu” 
nos remete a ideia de que o narrador viveu, viu ou participou da história, e não apenas 
ouviu falar. A linguagem utilizada é de fácil entendimento e há somente duas palavras 
desconhecidas: barcaças e alfaiatarias. As rimas presentes na 1ª e na 4ª estrofe são: 
1ª Estrofe 4ª Estrofe 
Deu Alugar 
Europeu Mar 
Apareceu Navegar 
 
Na 1ª estrofe, as palavras têm em comum as terminações em “eu”. Na 4ª estrofe, as 
palavras têm em comum as terminações em “ar”. As escolhas feitas contribuem para 
o ritmo do cordel. Nas duas estrofes, as rimas estão presentes nos 2º, 3º e 4º versos. 
A estrutura dos versos, após a mudança para a estrutura em prosa, ficou da seguinte 
forma: 
Vou narrar agora um fato que há cinco anos se deu, de um grande capitalista do 
continente europeu. Fortuna como aquela, ainda não apareceu. Pedro cem era o 
mais rico, que nasceu em Portugal. Sua fama enchia o mundo, seu nome andava 
em geral. Não casou-se com rainha por não ter sangue real. 
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