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Fernanda Carvalho, 3º semestre – TUT 04 PSICOPATOLOGIA SENSOPERCEPÇÃO SENSAÇÃO: Define-se sensação como o fenômeno elementar gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos variados, originados fora ou dentro do organismo, que produzem alterações nos órgãos receptores, estimulando-os. Os estímulos sensoriais fornecem a alimentação sensorial aos sistemas de informação do organismo. As diferentes formas de sensação são geradas por estímulos sensoriais específicos, como visuais, auditivos, olfativos, gustativos, proprioceptivos e cinestésicos (Goldstein, 2010). É a impressão causada nas terminações nervosas (receptores) quando estimuladas. Vias aferentes; Centros suprassegmentares. SENTIDOS: Dor: receptores nociceptivos; Temperatura: corpúsculos de Ruffini- calor, e Krause– frio; Pressão e tato protopático (grosseiro): corpúsculos de Valter Paccini; Tato epicrítico (discriminativo): corpúsculos de Meissner. É aquele tato que, por exemplo, colocamos a mão em uma caixa, sem olhar, e reconhecemos o que estamos tocando; é uma coisa muito mais fina. É na polpa dos dedos onde mais temos esse tipo de tato; Propriocepcção consciente: tendões, ligamentos e cápsulas articulares; Propriocepção inconsciente: fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos; Sensibilidade visceral: paredes abdominais ou torácicas e cápsulas viscerais. Existem inervações que irão dar o alerta, não só da dor, mas também de outras sensações, como a fome, a sede, etc; Gosto: corpúsculos gustativos da língua; Olfato: vesículas olfatórias; Visão em cores: cones na retina; Visão em preto e branco: pouca luz – bastonetes na retina; Audição: órgão espiral de corti – cóclea – ouvido interno; Equilíbrio vestibular: (canais semicirculares do labirinto). São canais circulares que possuem um líquido. De acordo como fica a posição da nossa cabeça, esse líquido se desloca e esse deslocamento é captado por terminações nervosas, e isso dá a gente o sentido do equilíbrio e da posição em que a gente está; ALTERAÇÕES DA SENSAÇÃO: São alterações que não são psiquiátricas, mas são, por algum motivo, neurológicas. Analgesia: supressão da capacidade de sentir dor. Por exemplo, quando tomamos um analgésico, ele se destina a suprimir as sensações que vêm dos nociceptores. Anestesia: supressão de toda e qualquer sensação. Perda da sensação tátil em determinada área da pele; Hipoestesia: redução da capacidade de sentir, de ter sensações. É preciso de estímulos mais intensos para ter qualquer sensação. É observado em pacientes com depressão grave; P.s.: Anestesias, analgesias e hipoestesias em áreas que não correspondem a territórios de nervos anatomicamente definidos em geral são de causa psicogenética, com fatores emocionais em sua base. Hiperstesia: é a condição na qual as percepções encontram-se anormalmente aumentadas em sua intensidade ou duração (acontece na intoxicação por alucinógenos, como o LSD, cocaína, maconha, Ayahuasca, etc.); Fernanda Carvalho, 3º semestre – TUT 04 Deficiências e alterações das funções sensoriais específicas: surdez, cegueira, daltonismo, anosmia (perda do olfato), etc.; Sinestesia: não é uma condição patológica e frequentemente ela é congênita. Muitas vezes, pessoas com sinestesia conseguem, por exemplo, ver sons, ouvir cheiros. Ou seja, a sensação que vem de determinado órgão na verdade deveria vir de outro órgão. PERCEPÇÕES: Tomada de consciência, pelo indivíduo, do estímulo sensorial; Organização e integração da informação sensorial, que assim pode ser reconhecida como tendo significado; Cerca de 1% do sistema nervoso é dedicado a estabelecer relações com o mundo externo – o restante processa e integra informação – também movimento, ordenação espacial temporal; Estes processos são dinâmicos e mutáveis, construindo e reconstruindo modelos de forma quase caótica. Isso representa uma plasticidade neuronal muito grande; É possível reagir a estímulos fora de nosso alcance sensível, de forma inconsciente. Exemplo: mensagens subliminares: são coisas que não vemos, não escutamos, mas que nos influencia. É uma coisa que está abaixo do limiar, mas que é percebida de alguma forma; Não reagimos diretamente aos estímulos externos, mas a como são interpretados, com auxílio do afeto, cognição e vontade; A integração é desenvolvida pelo aprendizado. P.s.: arbitrariamente, se atribui à sensação a dimensão neuronal, ainda não plenamente consciente, no processo de sensoropercepção. Já a percepção diz respeito à dimensão propriamente neuropsicológica e psicológica do processo, à transformação de estímulos puramente sensoriais em fenômenos perceptivos conscientes. REPRESENTAÇÃO: Representação de uma imagem na consciência, sem a presença real, externa, do objeto que, em um primeiro momento, gerou uma imagem sensorial; Memória: registros virtuais que se constituem por um momento e se desvanecem logo depois. Mas a memória mesmo tem mais a ver com registros permanentes; Há um sistema para tratar imagens de objetos em geral e outro apenas para processamento de rostos (lesão nesse sistema: prosopagnosia. São pessoas que possuem dificuldade em identificar rostos e também expressões faciais); Humanos e animais podem interpretar estímulos visuais como ameaça – mecanismo de sobrevivência; Autistas: evitam o olhar (sentem desconforto/sensação de invasão quando a outra pessoa os olham de frente), por vezes também os esquizofrênicos se sentem dessa forma. Em um surto agudo, por exemplo, o esquizofrênico pode se sentir ameaçado com o olhar direto, e essa é uma das coisas que podemos evitar para reduzir o estresse do paciente e reduzir, também, as chances de uma situação de agressão; Ilusões de óptica: toda percepção é construída (exemplo: um pinto na Grécia antiga que pintou uvas em um quadro, e os pássaras começaram a descer para bicar essas uvas achando que eram reais); Por exemplo, a dor só é sentida como tal pela ativação do córtex cingulado anterior. A pessoa pode, inclusive, alterar a percepção da dor; Após uma lesão ocorre um remapeamento. A representação é caracterizada por: Pouca nitidez (contornos geralmente borrados; Fernanda Carvalho, 3º semestre – TUT 04 Instabilidade (a representação aparece e desaparece facilmente do campo de consciência; Introjeção (a representação é percebida no espaço interno; Incompletude (a representação demonstra um desenho indeterminado, apresentando-se geralmente incompleta e apenas com alguns detalhes). SENSOROPERCEPÇÃO: Sensação + Percepção + Representação. Qualidade da percepção real: Não é uma percepção direta do mundo, mas é uma percepção compartilhada por praticamente todas as pessoas. É o mais próximo da percepção da realidade que podemos chegar. Nitidez: imagem nítida, contornos precisos; Corporeidade: imagem viva, com cores vivas; Estabilidade: a imagem percebida é estável; Extrojeção: está situada fora do sujeito. A imagem, provinda do espaço exterior, também é percebida nesse espaço; Ininfluencibilidade voluntária: o indivíduo não consegue alterar voluntariamente a imagem percebida; Completude: a imagem apresenta desenho completo e determinado, com todos os detalhes diante do observador. ALTERAÇÕES DA PERCEPÇÃO E DA REPRESENTAÇÃO: Existem duas: as quantitativas e as qualitativas.QUANTITATIVAS: agnosias (do grego antigo a + gnosis = não conhecimento). Incapacidade do reconhecimento da informação perceptiva, e pode afetar qualquer sentido que nós temos: visual, verbal, do movimento, de cores, de cheiros, Agnosia visual ou cegueira psíquica (o olho funciona normalmente, o que não funciona mesmo são as vias neurais, os centros ópticos que dariam esse reconhecimento), alexia ou cegueira verbal, acinetopsia, acromatopsia, anosognosia, agnosia tátil, surdez verbal; Todas essas coisas possuem relação com a área de Penfield (giro pós- central ou áreas 1,2 e 3 de Brodmann) - representações da sensibilidade e reconhecimento corporal; Pode haver lesão cerebral com perda de capacidade sensoperceptiva sem que o paciente tenha consciência da perda; Prosopagnosia: giro fusiforme - occipitotemporal: Via consciente: quando olhamos para a pessoa e a reconhecemos conscientemente; Via inconsciente (resposta emociona): sensação de familiaridade que temos quando vemos ou escutamos a pessoal. Síndrome de Capgras: quando a pessoa reconhece a pessoa, mas deixa de ter uma resposta emocional/afeto (exemplo: um filho que reconhece a feição de seu pai, porém não sente que ele é seu pai de fato, pois não possui qualquer resposta emocional nem sensação de familiaridade); Logo, percebe-se que temos não só o consciente cognitivo, mas também o emocional. Fernanda Carvalho, 3º semestre – TUT 04 Podemos perceber nessa imagem que as mãos, braços, lábios e língua ocupam muito mais espaço do que o resto do corpo, uma vez que são áreas mais sensíveis, logo precisam ter uma sensibilidade, uma destreza motora, maior do que todo o resto do corpo. Imagem e esquema corporal: Imagem corporal: Acessível à consciência, mesmo parcialmente; Situa-se em nível pessoal; Produz sensação de propriedade (meu corpo); Mostra-se abstrata e parcial; Distingue-se do ambiente; Com raras exceções, não está envolvida na ação; Deficitárias na síndrome de negligência. Esquema corporal: Consciente, não pessoal, anônimo holístico, envolvido na ação, deficitário nas síndromes de desaferentação; Exemplo: dirigir carro ou jogar videogame com joystick os incorpora ao esquema corporal. É como se a pessoa incorporasse o esquema, como se estivesse movendo o próprio corpo ao invés do joystick. Um outro exemplo é quando uma pessoa, habituada a andar de bicicleta, no momento que está andando sente a bicicleta inclusa no seu esquema corporal. Tocar um instrumento também é um exemplo, a partir do momento que a pessoa está muito bem habituada. QUALITATIVAS: Ilusões: Auditivas e visuais, influenciadas pelo aspecto catatímico; Percepções reais patologicamente catatimicamente deformadas. Não são necessariamente patológicas; Ocorrem em basicamente três condições: estados de rebaixamento do nível de consciência, estados de fadiga grave ou de intenção marcante e alguns estados afetivos; Alucinações: São percepções falsas, criadas pela mente, mas que se mostram com todas as propriedades das verdadeiras percepções. São sempre patológicas. Podem ser auditivas (mais frequentes nos transtornos mentais, mas não nos neurológicos, nos quais preponderam as visuais), visuais, gustativas, tácteis, cenestésicas e cinestésicas. Ou seja, podem afetar qualquer sentido; Simples: (figuras geométricas, sons, etc.). São aquelas nas quais se ouvem apenas ruídos primários, ex.: tinnitus (sensação subjetiva de se ouvir ruídos). São neurológicas com frequência e são menos frequentes que as alucinações auditivas complexas; Complexas: a forma de alucinação auditiva complexa mais frequente e significativa em psicopatologia é a alucinação audioverbal, na qual a paciente escuta vozes sem qualquer estímulo real. Mais associadas a quadros psicóticos em si; mais comum na esquizofrenia. Características de algumas alucinações: Influência poderosa de fatores socioculturais: patoplastia; Vozes que dialogam entre si e se referem ao paciente, fazem supor um grau importante de cisão mental. Aparecem nas esquizofrenias; Vozes indistintas de conteúdo auto- recriminatório são comuns na alucinose alcoólica. Isso acontece com uma pessoa dependente e que já usa álcool há um bom tempo; Alucinações visuais e/ou táteis de insetos ou pequenos animais (zoopsias) Fernanda Carvalho, 3º semestre – TUT 04 ocorrem do delirium tremens. Uma pessoa com delirium tremens pode sentir esses pequenos insetos sobre ou sob a sua pele, principalmente no escuro. Então, uma das recomendações que é feita nesses casos, é manter o ambiente bem iluminado para evitar ao máximo esse tipo de vivência; Alucinações sinestésicas: alucinações de mais de um sentido, combinada simultaneamente (música com cor, imagem com sabor). Ocorrem com substâncias psicoestimulantes (cocaína, LSD, etc.); Alucinações cenestésicas: alucinações proprioceptivas viscerais, e do esquema corporal, frequentemente se associam a ideias delirantes de negação, destruição interna, esvaziamento. Podem ocorrer nos estados melancólicos conhecidos como Síndrome de Cotard – quadro secundário a depressões muito graves; Extracampinas: fora do campo visual; Alucinações ou ilusões negativas (ex.: cegueira histérica); Alucinose: sem perda do juízo de realidade, síndromes neurológicas. Em geral, lesões em lobos temporais ou occipitais; Pseudoalucinações: não possuem todas as características da percepção real (vultos, figuras indistintas, vozes ininteligíveis, etc.). Relação entre estresse e alucinações: Outras alterações: Estranheza da percepção: perda da familiaridade; Síndrome de Capgras (perda da familiaridade); Prosopagnosia afetiva: dificuldade em avaliar expressões afetivas de outros. Isso causa uma enorme incapacidade de relacionamento; Imagem eidética: é uma forma de imagem de memória. É mais apurada ainda do que imagem fotográfica; Pareidolias: é a atribuição de formas a algo que tem uma forma meio difusa (ex.: quando enxergamos imagens de coisas nas nuvens); Alterações da percepção corpórea: Experiência extracorpórea: o sujeito se percebe fora do próprio corpo- flutuando. Isso acontece em experiências de quase morte, no uso de algumas substâncias; Alucinação autoscópica: consciência da natureza alucinatória. A pessoa sente que está alucinando; Heautoscópia: o sujeito se percebe em dois lugares ao mesmo tempo. É muito rara. Alterações da imagem corporal: Anorexia nervosa (a pessoa está extremamente magra, mas quando se olha no espelho se sente gorda) e obesidade (a pessoa se olha no espelho e se vê magra); Dismorfofobia: a pessoa acha que tem um defeito corporal que precisa ser corrigido. Essas pessoas são “viciadas em cirurgias plásticas”); Quadros dissociativos: temporariamente a pessoa percebe alterações na imagem corporal; Transtornos de identidade sexual; Transtorno de identidade da imagem corporal: a pessoa não se reconhece; De uma forma geral, esses quadros que alteram a imagem corporal têm a ver com as interações entre o cérebro e a cultura, pois existem elementos das duas coisas. Alta predisposição e vulnerabilidade para a psicose. Estresse, ansiedade e sono ruim Alucinações
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