Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIDADE B - A GEOGRAFIA PRÉ-CIENTÍFICA E SUAS ORIGENS Introdução A Unidade B nos remete, particularmente, à Geografia, após termos visto a questão científica de maneira geral. Dessa forma, poderemos observar, no decorrer dessa Unidade, que os estudos de cunho geográfico são anteriores a estruturação da Geografia como ciência, em um período denominado de Geografia Pré-Científica. Saliento que, a ausência de um método científico não minimiza a importância desses estudos, que serviram como base para a estruturação do conhecimento geográfico na sistematização da Geografia, que por sua vez, permitiu a sua inserção como ciência. A evolução desse conhecimento pelas Escolas geográficas demonstra os distintos níveis de evolução da relação sociedade-natureza, na qual a necessidade de ajustes acarretou transformações nas bases teóricas e metodológicas da Geografia, originando “novas” formas de se compreender o espaço geográfico. Dos primeiros estudos realizados, na Geografia Pré-Científica até a atualidade, onde a tecnologia sofisticada tornou-se um instrumento auxiliar para as análises no âmbito geográfico, teve-se inúmeros caminhos trilhados pelos geógrafos, como forma de aperfeiçoar a Ciência e as bases conceituais que alicerçam as suas pesquisas no decorrer da Historiografia da Geografia. Com base nessa perspectiva, teremos o primeiro contato com os estudos de cunho geográfico, expostos nessa Unidade, de modo que, nos leve a refletir sobre as bases teóricas da estruturação do conhecimento geográfico. Então, vamos à "prática" geográfica inicial que nos reportará aos povos primitivos, antes mesmo da invenção da escrita. Objetivos - Compreender a gênese e evolução das principais ideias e contribuições para a Sistematização da Geografia; - Identificar as principais contribuições dos povos primitivos, através das ideias de ordem geográfica; - Analisar as contribuições do conhecimento geográfico desenvolvido pelos povos na Idade Antiga, na Idade Média e no Renascimento; - Verificar os pressupostos históricos da Sistematização da Geografia. https://ead08.proj.ufsm.br/moodle2_UAB/mod/book/view.php?id=61227&chapterid=1244 https://ead08.proj.ufsm.br/moodle2_UAB/mod/book/view.php?id=61227&chapterid=1244 https://ead08.proj.ufsm.br/moodle2_UAB/mod/book/view.php?id=61227&chapterid=1244 1 - Gênese e evolução: as principais ideias e contribuições para a sistematização da Geografia O suporte teórico que permitiu a Geografia se tornar uma ciência teve sua gênese e evolução com os Povos Primitivos (Povos das Ilhas de Marshall, Esquimós, Astecas, Babilônios, Incas, Polinésios), seguido pelo conhecimento construído na Idade Antiga (Povos Orientais, Gregos, Romanos). Posteriormente, na Idade Média, o conhecimento de ordem geográfica experimentou um momento de estagnação, decorrente dos fatos históricos que caracterizaram tal período. O resgate do pensamento geográfico ocorreu com a emergência do Renascimento, período que culminou com a expansão do conhecimento geográfico. Salienta-se que esses períodos foram essenciais para a estruturação da Geografia como ciência, pois deixaram como legado uma base teórica obtida através da observação e descrição dos fatos e dos fenômenos referentes a superfície terrestre. 1.1. A Geografia Pré-Científica Para se compreender a evolução do pensamento geográfico deve-se resgatar a preocupação do homem com a distribuição dos fenômenos na superfície terrestre. Tal preocupação remonta aos povos primitivos, que mesmo sem domínio e conhecimento da escrita, eram detentores dos fenômenos da natureza, retirando dela os elementos, os mecanismos necessários à sua sobrevivência. Isso acontecia devido à necessidade de movimentação dos grupos humanos, na sua busca de meios para subsistência e proteção, o homem foi deixando vestígios, aumentando seu conhecimento sobre a superfície da terra, acumulando informações e transmitindo-as as gerações futuras. Esse período remonta ao início das sociedades até o advento do conhecimento da escrita. Dessa forma, as ideias geográficas eram repassadas através de informações orais e/ou desenhos, localizando lugares e registrando os fatos, onde os mesmos aconteciam ou nas suas proximidades. É exemplo disso, os desenhos de animais, os quais significavam que o mesmo era caça (entenda-se aqui sobrevivência). Para a Geografia o movimento dos grupos humanos é importante, pois foi através dele que os conhecimentos sobre a superfície terrestre aumentavam. 1.1.1. Povos Primitivos Os povos primitivos retiravam da natureza os elementos necessários à sua sobrevivência, com atividades como a caça, a pesca e a coleta. Para tanto, Andrade (1987, p. 21) enfatiza que “Conheciam o mecanismo das estações, fazendo migrações, às vezes de longos percursos a fim de acompanharem os animais silvestres que utilizarem como alimentos ou para colherem os frutos de determinada área”. Dedicando-se a atividade guerreira e da caça, os povos primitivos moviam-se continuadamente no espaço, com intuito de saber a direção e a distância percorrida. Ambas, eram de vital importância para a sua sobrevivência. Dessa forma, o conhecimento geográfico deste período pode ser interpretado como o das preocupações com o onde. Nesse sentido, esses povos passaram a desenvolver seus conhecimentos, conforme suas prioridades e necessidades para apreenderem o domínio da superfície, surgindo assim, os primeiros registros, ou seja, os mapas. Pode-se dizer, então, que os mapas originaram-se da necessidade de comunicação entre os homens e também da exigência de se conhecer as diferentes porções da superfície terrestre que neste período da história da humanidade era bastante significativo. A representação dos caminhos precede a escrita e suas informações são registradas através de mapas, que auxiliaram exploradores a viajantes no processo de expansão do horizonte geográfico, sendo que para Rainz (1974, p. 11) “[...] fazer mapas é uma aptidão inata da humanidade [...]”. Entre os povos primitivos que registravam o espaço em que viviam, destacam-se os povos das Ilhas de Marshall, Esquimós, Astecas, Babilônios, Polinésios e Chineses, Incas, dentre outros. Dentre essas representações, pode-se observar a preocupação com o onde, pois nesse período tem início os intercâmbios culturais e a necessidade de localização voltada, principalmente, para a sobrevivência. Para a Geografia a resposta à pergunta onde é fundamental e, essa passa a ser fornecida com certo rigor, pois é possível localizar, com determinada precisão, num mapa qualquer ponto da superfície terrestre. Enfatiza-se, também, que entre as contribuições mais significativas destes povos pode-se destacar o desenvolvimento da Geografia ligada: (a) Geografia Matemática a qual enfatizava a astronomia (pontos cardeais), a geometria (latitude e longitude) e, (b) Geografia Descritiva, a qual procurava descrever o solo, a topografia, o clima, a hidrografia e determinados aspectos da cultura (população) (ANDRADE, 1987). Este período caracterizou o conhecimento geográfico através de informações sobre a superfície terrestre. Não havia geógrafos, o conhecimento era desenvolvido principalmente por filósofos, naturalistas e historiadores que se referiam ao conhecimento geográfico segundo seus entendimentos. Referências ANDRADE, Antonio Carlos Robert Moraes. Geografia: Pequena História Crítica. São Paulo: Annablume, 1987 RAISZ, Erwin. Cartografia geral. 2. ed. Rio de Janeiro: Científica, 1974.
Compartilhar