Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Thaís Pires 1 Semiologia Dermatológica Obs: as imagens das lesões estão disponíveis no mapa mental! • Introdução – Considerando que a base do diagnóstico em dermatologia é MORFOLÓGICA associada a uma HISTÓRIA, uma das principais técnicas utilizadas na semiologia dermatológica é a INSPEÇÃO (ver e reconhecer alterações no tegumento). Além desta, utiliza-se, em alguns casos, a PALPAÇÃO para constatar a consistência de um elemento, temperatura, mobilidade, extensão, profundidade dos limites e se é doloroso ou não! Esses processos devem ser realizados em TODO O TEGUMENTO (pele, anexos – cabelo, unhas, pelos – mucosa oral e genital). A palpação de LINFONODOS pode ser muito útil principalmente no contexto de NEOPLASIAS, uma vez que podem estar alterados, e palpação também de NERVOS (contexto da hanseníase). O exame físico GERAL também deve ser realizado, mas de forma complementar ao exame dermatológico. o Anamnese – Histórico medicamentoso (possíveis lesões secundárias a medicamentos ou a interação deles), alimentos, hábitos pessoais, profissão, atividades recreacionais, exposição a fatores ambientais (dermatoses profissionais ou alérgicas – dermatite de contato e atópica). Coleta sobre antecedentes pessoais, doenças pregressas, cirurgias, queimaduras solares na infância, sessões de bronzeamento artificial, atopia (rinite, dermatite, asma). Antecedentes familiares de doenças similares ou de câncer cutâneo, nevos displásicos, tromboses na família. o Exame Dermatológico Objetivo ▪ Inspeção do Tegumento – ambiente MUITO BEM iluminado, de preferência com luz natural ou fluorescente. Quando há MUITAS LESÕES, por exemplo nos nevos displásicos, o médico deve ficar a uma distância do paciente para observar o padrão topográfico da lesão, depois aproximando-se. Já próximo, a lesão pode ser examinada com LENTE DE AUMENTO ou DERMATOSCÓPIO. ▪ Palpação – permite verificar a presença de LESÕES SÓLIDAS e sua elasticidade, mobilidade, sensibilidade (tátil e dolorosa). Quando há dor, existe um mnemônico para lembrar dos tumores cutâneos que podem ser causadores disso: ENGLAND – espiradenoma écrino; neuroma glômico; leiomioma; angiolipoma; neurilemoma; dercum (lipomatose dolorosa). Pode ser realizado o PINÇAMENTO da pele para avaliar consistência e espessura. ▪ Digitopressão/Vitropressão – A força da digitopressão/vitropressão sobre a pele provoca interrupção do fluxo sanguíneo naquele segmento, podendo diferenciar um ERITEMA (esmaece quando faz pressão) de uma PÚRPURA (não esmaece) – além desses, no NEVO ANÊMICO, a pele sã ao redor se iguala a do nevo quando submetida a vitropressão. ▪ Compressão – útil na avaliação do DERMOGRAFISMO ou do EDEMA DE MMII • Lesões Elementares – são definidas como PADRÕES DE ALTERAÇÃO NO TEGUMENTO cujo reconhecimento orienta a construção de hipóteses diagnósticas. Além da morfologia, deve-se considerar o aspecto PATOLÓGICO SUBJACENTE, como as etiologias físicas, químicas, biológicas, imunológicas, psíquicas e desconhecidas que induzem a lesão. Os mecanismos indutores pós etiologia podem ser CIRCULATÓRIOS, INFLAMATÓRIOS, METABÓLICOS, DEGENERATIVOS ou HIPERPLÁSICOS! o Lesões por alteração da Cor ▪ Manchas ou Máculas – é toda e qualquer ALTERAÇÃO DA COR DA PELE SME RELEVO, independente da sua etiopatogenia! A coloração da pele pode ser alterada por concentração de melanina, hiper/hipovascularização, fluxo sangue, conteúdo de hemoglobina, espessura da pele, panículo adiposo – esses fatores explicam como cada cor de pele é única, mesmo dentro de uma única raça. • Manchas Pigmentares – relacionadas primariamente com a concentração de MELANINA o Mancha acrômica – ausência de melanina o Mancha hipocrômica – diminuição melanina o Mancha hipercrômica – excesso de melanina Thaís Pires 2 • Manchas decorrentes de outros pigmentos endógenos e exógenos o Endógenos – bilirrubina na icterícia, alcaptona na ocronose o Exógenos – Alimentares: caroteno xantocromia em excesso; Medicamentoso: antimaláricos (cor amarelada), amiodarona (azul-acinzentada); Tatuagens e Asfalto ▪ Púrpuras – são decorrentes de hemorragias geralmente DÉRMICAS, mas que também podem ser HIPODÉRMICAS, causando uma modificação da cor da pele que pode ir desde vermelho até amarelo, castanho, dependendo do tempo de evolução. • Petéquias – lesão púrpura puntiforme que costuma ser múltipla • Víbice – lesão púrpura LINEAR sempreeee de natureza traumática • Equimose – Lesão púrpura em lençol – maior dimensões • Hematoma – pode ter a mesma expressão clínica da equimosa, sendo empregada, sobretudo, em casos de GRANDES COLEÇÕES em que há abaulamento do local. É de origem traumática, sendo foco frequente de infecção caso não drenada. Se for muito profunda, não será visível púrpura! o Lesões por Alterações Vasculares - estão relacionadas às alterações dos vasos sanguíneos, sendo divididas em dois tipos: ▪ Lesões Vasculares Transitórias – são aquelas de ordem FUNCIONAL, apresentando um aparecimento e duração variáveis de acordo com a etiopatogenia; NÃO APRESENTAM RELEVO • Eritema + Enantema – pele e mucosa, respectivamente, caracterizadas por COR AVERMELHADA em decorrência de um maior AFLUXO ARTERIAL por uma HIPEREMIA ATIVA (arteríolas dilatadas). Quando o eritema ocorre em regiões EXTENSAS é chamado de EXANTEMA, podendo ser morbiliforme (sarampo, rubéola) e escarlatiniforme (escarlatina). • Cianose + Cianema – pele e mucosa, respectivamente, com coloração AZULADA quando há diminuição da concentração de HEMOGLOBINA no sangue, sendo bem mais visualizada em extremidades digitais, leito ungueal, orelhas e conjuntivas. São denominadas centrais quando a dessaturação arterial tem causas CARDIOPULMONARES; e são denominadas periféricas quando há perturbação circulatória → metemoglobinemia ▪ Lesões Vasculares Permanentes • Relacionadas com a proliferação vascular – aumento no NÚMERO DE VASOS, podendo ser planas ou elevadas (as transitórias não tem relevo!) e seua especificação é dada de acordo com a cor/aspecto: angioma rubi (pápula), hemangioma (tumoração) • Relacionadas com a dilatação vascular – telangiectasia é uma dilatação permanente do calibre de pequenos vasos • Relacionadas com a constrição vascular funcional – o NEVO ANÊMICO é caracterizado por manchas hipocrômicas que não se tornam eritematosas depois da fricção, ou seja, uma reatividade vascular alterada por ação de catecolaminas. Este tipo de nevo faz diagnóstico diferencial com NEVO ACRÔMICO, que se torna eritematoso à fricção!!! o Lesões Elementares Sólidas – são alterações circunscritas decorrentes do acúmulo de CÉLULAS em determinado local OU por ESPESSAMENTO CUTÂNEO. ▪ Por acúmulo de células • Pápula – é uma eflorescência de consistência DURA, SUPERFICIAL e que mede, geralmente, MENOS DE 5mm. Quando ativa, provoca certa ELEVAÇÃO e, ao involuir, NÃO DEIXA CICATRIZ. Na palpação, não apresenta representação dérmica significativa, pois as alterações estão limitadas à DERME PAPILAR (camada superficial) (ao contrário do tubérculo). As pápulas podem ser: o Epidérmicas – aumento de células em um ou mais camadas da epiderme o Dérmicas – aumento de células mesenquimais na derme papilar o Mistas – as duas anteriores ao mesmo tempo o Obs: a PLACAAAA é uma confluência de diversas pápulas!! • Tubérculo – eflorescência de consistência DURA, ELEVADA, MEDINDO > 5mm, que é resultante da infiltração de células mesenquimais em toda a derme, por isso deixando cicatrizes Thaís Pires 3 facilmente após involução. A descrição dessa lesão tem um conceito embutido de que há uma patologia de natureza granulomatosa • Nódulo – eflorescência de consistência ENDURECIDA, DIMENSÕES VARIÁVEIS que pode ser VISÍVEL OU NÃO à inspeção, podendo ser reconhecida somente por palpação – é decorrente de um aumento do NÚMERO DE CÉLULAS NA DERME ou profunda ouuuu na hipoderme!! o Cistos – são nódulos de superfícielisa, consistência não endurecida e, geralmente, circundados por cápsula de linhagem epitelial. o Goma – tipo específico de nódulo que apresenta evolução dinâmica em 4 fases bem definidas ▪ Endurecimento – corresponde à fase de infiltração da hipoderme, sendo o nódulo propriamente dito! ▪ Amolecimento – fase de necrose central ▪ Esvaziamento – processo de fistulização quando a necrose invade a epiderme e abre-se para o exterior por meio de úlceras ou fístulas ▪ Reparação – fibrose que se forma para ocupar o espaço vazio deixado após eliminação do material necrótico = CICATRIZ o Nodosidade ou Tumoração – denominados como sinônimos – são LESÕES > 3cm. Costuma-se, tecnicamente, utilizar o termo nodosidade, pois nem sempre a lesão é de característica NEOPLÁSICA/TUMORAL • Vegetação – eflorescência que cresce para o exterior por conta de uma HIPERTROFIA DE PAPILAS DÉRMICAS (papilomatose) e dos CONES INTERPAPILARES o Verrucosa – lesão seca, por conta da preservação da integridade da epiderme associada a um aumento da camada córnea o Condilomatosa – lesão úmida, uma vez que a epiderme está com diminuição ou normalização da camada córnea, permitindo a exosserose → ocorre em mucosas ou dobras ▪ Por espessamento cutâneo • Ceratose – decorrente de um ESPESSAMENTO SUPERFICIAL DA EPIDERME decorrente da proliferação somente da CAMADA CÓRNEA – apresenta dimensões variáveis (alguns milímetros nas ceratoses senis OU extensas na ceratodermias palmares e plantares) e sua superfície ÁSPERA e ESBRANQUIÇADA. • Esclerose – endurecimento da pele por proliferação de COLÁGENO, dificultando o pregueamento da pele! • Liquenificação – uma lesão geralmente circunscrita decorrente de espessamento da pele que passa a evidenciar com maior nitidez os seus sulcos e saliências – consequente do ato de coçar frequente → fricção • Infiltração – espessamento CIRCUNSCRITO ou DIFUSO da pele – se houver um aumento no número de células, pode ser de natureza tumoral (neoplásica) ou inflamatória (hanseníase, leishmaniose) o Lesões Elementares de conteúdo líquido ▪ Acúmulo Circunscrito • Vesícula – corresponde a um elemento circunscrito de poucos milímetros com conteúdo SEROSO CITRINO fazendo uma pequena elevação cônica. Se estiver localizado intraepidérmico, pode ser decorrente de dois mecanismos: espongiose (edema inteeeercelular na camada de malpighi, como nos eczemas) ou por edema e degeneração intraaacelular malpighiana, como nas viroses. • Bolha (flictena) – elemento líquido seroso de dimensões em centímetros que costuma ser maior que a vesícula, fazendo uma saliência em abóbada! A bolha pode ser intraepidérmica (acantólise, como nos pênfigos) ou subepidérmica (penfigoides, bolhas tensas e maiores) • Pústula – elemento líquido de conteúdo PURULENTO e de dimensões variáveis. As pústulas podem ser foliculares (foliculite) ou interfoliculares (impetigo) – esse pus geralmente é causado Thaís Pires 4 por bactérias, mas pode ser estéril em condições de acúmulo de neutrófilos (pustulose subcórnea) ▪ Acúmulo não circunscrito • Urtica – melhor exemplificada pela urticária, sendo de tamanho variável e fazendo saliência na pele – coloração varia de eritematoso a anêmico. A fisiopatologia da lesão está relacionada à liberação de histamina e outras aminas vasoativas, o que causa um AUMENTO DA PERMEABILIDADE, viabilizando a saída de plasma! Quando a urticária é na DERME PROFUNDA, recebe o nome de ANGIOEDEMA. A SEROPÁPULA/PONFO é uma pápula em cima de uma vesícula ou bolha – característica da picada de inseto. • Edema – quando não decorrentes de aminas o Distúrbios onco-hidrostáticos – a pele apresenta-se LISA, NORMOTÉRMICA, INDOLOR e NÃO DEIXA FÓVEA o Insuficiência da rede linfática (linfedema) – o edema é DURO e não deixa fóvea durante a compressão. Pode ter origem por obstrução (filariose), compressão (tumores), destruição (cirurgias oncológicas, erisipela de repetição) dos vasos linfáticos. o Inflamação – a pele apresenta-se com eritema, calor e dor o Lesões por Solução de Continuidade ▪ Erosão – solução de continuidade superficial que compromete apenas a EPIDERME – quando a erosão é por mecanismo TRAUMÁTICO, chama-se ESCORIAÇÃO ▪ Exulceração – erosão mais profunda que acomete a DERME PAPILAR ▪ Úlcera – é uma erosão mais profunda ainda, podendo atingir a hipoderme, músculo, osso ▪ Fissura ou Rágade – solução de continuidade linear e estreita ▪ Fístula Cutânea – solução de continuidade de trajeto linear sinuoso que se inicia a partir de estruturas profundas, fazendo eliminação de material necróticos e outros elementos o Lesões Caducas – são lesões que tendem a eliminação espontânea ▪ Escama – são lamínulas epidérmicas de dimensões variáveis que se desprendem facilmente da lesão – caso sejam muuuuito pequenas, são denominadas PITIRIÁSICAS; quando maiores, são denominadas ESCAMAS LAMINARES. O processo desencadeante para formação de escamas é um DISTÚRBIO NA CERATINIZAÇÃO. ▪ Crosta – decorrente do ressecamento do EXSUDATO → seroso, purulento (crosta melicérica) ou hemático (crosta hemática). ▪ Escara – lesão por necrose do tecido, tornando-se escurecida em estágios finais Espessura variável, podendo atingir tecidos ósseos. o Sequelas – são lesões que não podem ser revertidas 100%, podendo ser primárias ou secundárias à lesão. ▪ Atrofia – redução da espessura da pele em decorrência da DIMINUIÇÃO DO NÚMERO OU TAMANHO das células em qualquer camada da pele. ▪ Cicatriz – sequela decorrente da PROLIFERAÇÃO DE TECIDO FIBROSO que nãooo deve ser confundida com REPARAÇÃO, pois a pele nesta apresenta suas características originais. • Atrófica – pós-acne • Hipertrófica – proliferação fibroblástica ultrapassa os limites do trauma desencadeante • Queloidiana – fibrose que não respeita os limites da lesão • Aspectos Clínicos de Interesse – a verificação de diferentes parâmetros, como tipo de erupção, tempo de evolução, época de surgimento, distribuição, organização, morfologia, progressão, alterações dos anexos cutâneos o Tipo de Erupção, Tempo de Evolução, Época do Surgimento – A erupção diz a respeito do aparecimento abrupto ou não de lesões elementares, independente do seu mecanismo subjacente. ▪ Tipos de Erupção • Monomorfas – erupciona um único tipo de elemento – ex: herpes erupção monomórfica vesicular localizada • Polimorfas – vários elementos eruptivos. Ex: LES pode ser polimórfico, pois eritema, bolha, atrofia, escara, úlcera podem estar presentes ao mesmo tempo ▪ Tempo de Evolução – aguda, subaguda ou crônica Thaís Pires 5 ▪ Época de Surgimento – algumas dermatoses estão relacionadas a estação do ano: disidrose, miliária e fotodermatoses (verão); eritema pérnio e prurido hiemalis (inverno). o Distribuição – pode ser SIMÉTRICA, ASSIMÉTRICA, REGIONAL, FOLICULAR, SEGMENTAR, LOCALIZADA, UNIVERSAL (toda a pele comprometida), GENEREALIZADA (lesões extensas intercaladas por pele sã). o Organização – pode ser LINEAR, ZOSTERIFORME (linear mas em um dermátomo), HERPETIFORME (lesões de conteúdo líquido agrupada), AGMINATA/AGRUPADAS, RETICULAR (em rede) o Arranjo Lesional ▪ Anular ▪ Circinada ▪ Policíclica ▪ Numular ▪ Serpiginosa ▪ Em íris/Em alvo ▪ Gutata ▪ Em placa ▪ Puntiforme ▪ Lenticular ▪ Corimbiforme ▪ Foliácea ▪ Relevo – arredondado, séssil, verrucoso, pedunculado, plano, acuminado ▪ Características da Superfície – rugosa, áspera, lisa ▪ Bordas – bem ou mal demarcadas, regulares ou irregulares ▪ Tipo de Exsudato o Forma de Progressão ▪ Fagedênica – com destruição de tecido ▪ Terebrante – perfurante ▪ Centrífuga ▪ Serpiginosa o Fenômenos ▪ Fenômeno de Koebner ou Fenômeno Isomórfico – é o aparecimento de lesões típicas de uma determinada doença em um local com a MORFOLOGIA DO AGENTE TRAUMATIZANTE. Ex: vitiligo, psoríase, líquen plano ▪ Fenômeno Isotópico ou Isotópico de Wolf– é o aparecimento de uma NOVA DOENÇA dermatológica no local de ocorrência de uma doença cutânea PRÉVIA já curada. Ex: lesões de placas e pápulas urticariformes da gravidez sobre as estrias; exemplo da imagem!! ▪ Fenômeno da Patergia – aparecimento de pústulas ou a piora de lesões preexistentes secundárias à mínimos traumas. TESTE DE PATERGIA – formação de pústula em 24 a 48h após a injeção de 0,1mL de solução salina ou somente após a punção com agulhas 20G ou menores. Ocorre no pioderma gangrenoso, síndrome de Behçet e síndrome de Sweet. o Alterações dos Anexos ▪ Glândulas Sudoríparas – Anidrose, hipoidrose, hiperidrose; Cromidrose; Bromidrose (odor desagradável) ▪ Glândulas Sebáceas – Asteatose (ausência secreção sebácea), Seborreia (excesso) ▪ Pelos – Atricose, Hipotricose ou Hipertricose; Canície (embranquecimento generalizado dos pelos), poliose (ausência segmentar ou diminuição de melanina nos pelos – vitiligo); tricorrexe (fratura dos pelos); ALOPECIA (queda de cabelo por mecanismos variados – traumática, em clareira -sífilis recente- , areata, ofiásica e universal. Madarose (queda dos pelos do supercílio e cílio) ▪ Unhas – Anoníquia (faltam unhas), paquioníquia (espessamento unhas), coiloníquia (unha côncava), platoníquia, onicogrifose (forma garra), hepaloníquia (duas ou mais lâminas), leuconiquia (embranquecimento), onicomadarose (descolamento da unha pela matriz), onicólise (descolamento pela borda livre), onicorrexe (estrias longitudinais), hipocrática, onicofagia • Abordagem ao Pct o Primeiro Contato – O estabelecimento de uma boa relação é de FUNDAMENTAL importância para a futura conduta profissional e, consequentemnete, para o desenvolvimento do caso. A pele é um órgão de duas vias entre ESTÍMULOS PSICOGÊNICOS, sendo facilmente alvo de projeção destes estímulos, bem como, quando afetada, também pode causar estímulos no âmbito mental. A abordagem adequada de cada caso já implica um benefício do doente, uma vez que foram catalogadas DIVERSAS ENTIDADES mórbidas de CAUSA DESCONHECIDA e carentes de TTO EFETIVO, o que exige uma boa relação médico-paciente para entender. Thaís Pires 6 o Exame Clínico – Na prática profissional, a facilidade de exibição da lesão ao médico, muitas vezes, faz com que o examinador precise INVERTER a sequência do exame: exame dermatológico objetivo → anamnese. ▪ Identificação do Paciente – relação medico paciente ▪ Sexo – Algumas doenças tem predileção por determinado sexo, como LES, MELASMA, SÍNDROME PLUMMER-VINSON = mulheres; dermatoses nos MMII de origem vascular, alopecia androgênica, ictiose do varão = homens. ▪ Idade – Nas primeiras semanas de vida pode haver genodermatoses, formações névicas, sífilis congênita, candidíase, eczema seborreico. Na primeira infância: estrófulo, epidermólise bolhosa, piodermites. Idade escolar: larva migrans, impetigo, granuloma anular. Puberdade: acne, dermatofitose marginada, hidradenite, DSTs. Adulto: líquen, seborreia, pênfigos, psoríase. Idoso: carcinomas, linfomas ▪ Raça - A frequência de epiteliomas e psoríase nos negros é baixíssima em contraposição à apresentada nos brancos; as fotodermatoses e o vitiligo são mais frequentes no branco, e o queloide e a sarcoidose, no negro ▪ Profissão – dermatoses profissionais – lavrador pode apresentar dermatozoonoses e micoses profundas; pedreiro eczema ao cimento; trabalhadores expostos ao fenol e hidroquinona podem ter hipopigmentação; área de saúde hipersensibilidade ao látex ▪ Procedência – Paracoccidioidomicose (zona rural), pênfigo foliáceo (zonra rural de certos estados – MG, GO, RJ) ▪ Comorbidades – Conhecer o pct como um todo – necrobiose lipoídica em DM ▪ Tto prévio – saber sobre os ttos prévios pode esclarecer o diagnóstico. Ex: ddx entre tinea pedis e psoríase plantar o Sintomas Subjetivos – prurido tem grande valor quando bem pesquisado → algumas dermatoses não cursam com prurido algum, como sífilis, hanseníase, sarcoidose, leishmaniose; outras sempre cursam com prurido em intensidade variável, como dermatofitose, prurigos, eczemas. O SURGIMENTO do prurido é valioso semiologicamente: durante a noite? Escabiose, ingestão de determinado medicamento? Farmacodermias, após sol? Fotodermatites, após o banho? Urticária colinérgica. Não se esquecer que o prurido também cursa em outras doenças que não tem nada a ver com a dermatologia, como o Acometimento Extracutâneo – Todos os sinais são importantes, porém os seguintes aparecem com certa frequência ▪ Adenopatia – discreta, generalizada e assintomática na sífilis; mais evidente e regional nos linfomas; crônica nas metástases; aguda ou subaguda na paracoccidioidomicose. ▪ Amiotrofia e/ou dor muscular – distalemnte nos membros na hanseníase; cintura pe´lvica e escapular na dermatomiosite ▪ Anemia – úlcera falciforme, pelagra ▪ Artropatia – psoríase, sífilis, doenças do colágeno ▪ Catarata – eczema atópico, pênfigo foliáceo ▪ Distúrbios TGI – pelagra, pioderma gangrenoso, eritema nodoso ▪ Espessamento de Nervo – hanseníase ▪ Hepatoesplenomegalia – paracoccidioidomicose, linfoma, leishmaniose ▪ Fenômeno de Raynaud – colagenoses ▪ Linfangite – ▪ Sialorreia – paracoccidioidomicose ▪ SNC – sífilis terciária, genodermatoses, pelagra • Outras técnicas semiológicas o Biópsia – uso frequente para confirmação diagnóstica o Curetagem metódica de Brocq - Com uma cureta, procura-se atritar a superfície de uma lesão eritematoescamosa, de maneira lenta e pouco agressiva, objetivando o diagnóstico de psoríase. Nesse caso, destacam-se, inicialmente e sem esforço, escamas micáceas esbranquiçadas, como o espermacete - é o sinal da vela. Prosseguindo a curetagem, chega-se a um ponto em que a cureta levanta uma película, pondo a descoberto os ápices papilares (membrana de Duncan); com novos golpes da cureta, fere-se o ápice das Thaís Pires 7 papilas e, assim, brota o orvalho sanguíneo - sinal de Auspitz. Sem dor. Essa manobra também pode ser feita com a unha (sinal da unha) ou por meio do estiramento da pele (sinal de Zireli ou do estiramento) o Dermatoscopia - Método auxiliar não invasivo para avaliação e diferenciação das lesões pigmentadas cutâneas, sobretudo melanomas iniciais e nevos melanocíticos. Emprega-se aparelhagem óptica com aumento variável de 6 a 400x. A análise das cores torna possível a diferenciação do nível cutâneo em que se encontra o pigmento melânico. O espectro de cor varia do preto ao azul, tendo o marrom-escuro, o marrom-claro e o cinza como tons intermediários. Quanto mais superficial estiver o pigmento, mais enegrecido se revela. Nas lesões que apresentam componente vascular, observam-se tons que variam do vermelho-rubi ao marrom-purpúreo. o Pesquisa sinal de Darier - Pelo simples atrito de uma pápula ou mácula (em caso de mastocitose), ocorre a formação de uma lesão ponfosa, decorrente da liberação de histamina e demais aminas vasoativas pela degranulação dos mastócitos com o atrito - é o sinal de Darier, patognomônico da mastocitose o Pesquisa sinal de Nikolsky - Pela pressão com um dedo ou mesmo com um objeto rombo, em pele perilesional, pode-se provocar descolamento parcial ou total da epiderme - o sinal de Nikolsky. É classicamente encontrado nos pênfigos, porém pode ocorrer também em outras buloses, assim como na necrólise epidérmica tóxica o Pesquisa Sensibilidade Superficial - A ordem de instalação da hipo ou anestesia é a seguinte: térmica, dolorosa e tátil. A térmica é obtida pela comparação com tubo de água fria e água quente (em torno de 45°, pois acima desse limite passa a ser dolorosa); pode-se fazê-la, ainda, com um algodão embebido com água e outro com éter. A dolorosa se faz comparativamente com a ponta de um lápis e a ponta de uma agulha. A tátil, fazendo-se passar levemente o algodão sobre a pele. o Provas Farmacológicas ▪ Histamina - É feita colocando-se uma gota de solução de cloridratode histamina a 1:1.000; com uma agulha fina, atravessa-se essa gota e punciona-se a pele discreta e superficialmente, evitando-se o sangramento. Normalmente, ocorre a tríplice resposta de Lewis: (1) eritema inicial no local da picada, no máximo com 10 mm, 20 a 40 s após a picada; decorrente da ação direta do trauma; (2) eritema pseudopódico com 30 a 50 mm, surgindo no espaço de 30 a 60 s; decorrente da vasodilatação arteriolar por ato reflexo axônico; (3) seropápula, 2 a 3 min após a picada; resultante da ação direta da histamina. É muito útil no diagnóstico de manchas hipocrômicas hansênicas iniciais, pois nelas falta o eritema pseudopódico. Nesse caso, a resposta é dita incompleta, e não negativa ▪ Pilocarpina - injeção intradérmica de 0,1 mL de solução de cloridrato de pilocarpina a 1 %; normalmente, ocorre, em 2 min, desencadeando sudorese na área da picada. Para a evidenciação da sudorese: pincela-se a área, antes da picada, com tintura de iodo; deixa-se secar, injeta-se a pilocarpina e, em seguida, polvilha-se com amido; se houver resposta fisiológica, o suor molha o amido que, em presença de iodo, passa pela reação do amido, gerando um pontilhado de coloração azulada. Nas lesões hansênicas, a prova é negativa por comprometimento da inervação glandular écrina. Essa prova tem grande valor, sobretudo em melanodérmicos, nos quais há dificuldades de observação da tríplice resposta de Lewis à histamina ▪ Metacolina - injeção intradérmica de 0,1 mL de solução de acetil-betametilcolina a 1:5.000. Na urticária colinérgica e em outras doenças nas quais haja um componente colinérgico, ocorre eritema imediato, com diâmetro superior a 20 mm. ▪ Ácido nicotínico - Aplica-se ácido nicotínico, em creme ou solução, sobre a pele. Normalmente, ocorre eritema; na dermatite atópica, a pele não se torna eritematosa ou fica esbranquiçada (dermografismo branco químico) o Temperatura das Lesões – palpação leve com o dorso dos dedos o Prova do papel de cigarro - A aposição do papel de cigarro a uma superfície discretamente exsudante pode demonstrar um pontilhado na mesma, o que traduz a existência dos "poços eczemáticos de Divergie". Tem valor semiológico no diagnóstico do eczema o Prova do Laço - Consiste em provocar petéquias na face flexora do antebraço, após o represamento da circulação por um garrote ou melhor ainda, pelo manguito do aparelho de pressão (mediana entre a sistólica e a diastólica), durante 5 min. Em um círculo de 2,5 mm de diâmetro, ocorrem, normalmente, menos de 10 petéquias; quando há nítida fragilidade capilar, o número de petéquias é superior a 20
Compartilhar