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AULA1 EMPRESARIAL

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Direito Empresarial I 
PROFESSORA: ROBERTA RAMOS 
Instagram: @professora.robertaramos 
 
1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
a) Direito Empresarial – Ricardo Negrão 
b) Direito Empresarial Esquematizado – Autor: André Luiz Santa Cruz 
Ramos, editora: Método; 
c) Sergio Campinho – Teoria da Empresa – Ed. Renovar; 
d) Fábio Ulhoa Coelho – Teoria da Empresa 
e) Marlon Tomazette - Teoria geral e direito societário 
 
OBS.: A leitura do material1 não exime a responsabilidade do aluno da leitura da 
doutrina e da jurisprudência. Lembre-se: “O sucesso exige mais”. 
 
2. INTRODUÇÃO À DISCIPLINA 
 
3. FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL 
 
a) Fontes primárias: 
- Constituição da República de 1988; 
- Código Civil; 
- Código Comercial de 1850; 
- Leis extravagantes. 
 
b) Fontes secundárias 
- Analogia; 
- Costumes; 
Uniforme 
Constante 
Boa-fé 
Observe a lei 
Assentado 
- Princípios Gerais do Direito 
 
 
 
 
1 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: Material elaborado com base em doutrina e aulas do Cpiuris. 
 
 
 DIREITO EMPRESARIAL 
O CC imprimiu consideráveis modificações ao clássico Direito Comercial, promovendo 
a unificação do direito obrigacional e consagrando, de forma definitiva, a Teoria da 
Empresa em nossa estrutura legislativa. 
 
O direito de empresa vem disciplinado no Livro II da Parte Especial do CC, promovendo 
a revogação expressa da primeira parte do Código Comercial (art. 2045, CC), que é 
dividido em três partes. 
 
A primeira parte tratava dos comerciantes e das sociedades comerciais, ou seja, pessoa 
física ou jurídica que aplicava os atos de comércio. Tal parte, como dito, foi 
expressamente revogada pelo CC (art. 2045). 
 
A segunda parte cuida do comércio marítimo. Teoricamente, está em vigor. 
 
A terceira e última parte cuidava das “quebras” (falência). Tal parte foi revogada, e, hoje, 
estudamos as “quebras” pela Nova Lei de Falência (11.101/05). 
 
Assim, o Código Comercial não restou totalmente revogado, estando ainda em vigor 
quanto às suas regras aplicáveis ao comércio marítimo, regulado na segunda parte. Além 
disso, o Código Comercial permanece ainda em vigor naquilo que não conflitar com as 
disposições do novo CC, aos empresários e sociedades empresárias (art. 2037). 
 
Evolução do Direito Empresarial: 
 
A Teoria da Empresa é a nova forma de identificação do empresário. É através dela que 
identificamos, hoje, o empresário e as sociedades empresárias. Entretanto, antes desta 
teoria existia a Teoria dos Atos de Comércio e, antes ainda, existiram as Corporações de 
Ofício. 
 
1ª Fase: Corporações de Ofício: 
 
As corporações de ofício eram grupos de comerciantes organizados, com o objetivo de 
regulamentar a atividade. Para integrar as corporações de ofício era necessário requerer a 
 
matrícula, que era bastante cara, fazendo com que nem todos conseguissem se matricular, 
sendo que só era considerado comerciante quem conseguisse se matricular. Portanto, essa 
primeira fase baseava-se no subjetivismo. 
 
Esta foi a primeira forma de reconhecer o comerciante, através da matrícula na 
Corporação. As corporações, para atrair as matrículas, começaram a adotar regras 
próprias. Quem não era matriculado era regido pelas regras civis. As Corporações 
ganharam tanta força que passaram a ter “tribunais” próprios. Por mais que as pessoas 
fizessem a mesma atividade, a matrícula diferenciava os comerciantes. Esta imposição 
era muito criticada, principalmente pelos pobres. 
 
Obs.: O Brasil não viveu esta 1ª fase. 
 
2ª Fase: Teoria dos Atos de Comércio: 
 
Surgiu para enfraquecer as corporações de ofício, através da Lei Le Chapelier e do Código 
Civil Francês (Código de Napoleão). O art. 1º dizia: “Considera-se comerciante aquele 
que praticar atos de comércio”. Ao longo do código, explicava melhor o que era ato de 
comércio. 
 
Com isso, as corporações de ofício perderam seu objetivo, pois não tinham mais a força 
de considerar você comerciante ou não através de uma simples matrícula. Logo, o 
empresário era identificado pela atividade (objeto) e não pela sua pessoa (sujeito – ex: 
matrícula das corporações de ofício). 
 
Logo que o Brasil começou a codificar suas normas, aplicou-se o disposto no Código 
Civil Francês, adotando a Teoria dos Atos de Comércio em nosso Código Comercial. 
 
O Codigo Comercial não explicava basicamente o que eram atos de comércio. Coube à 
doutrina explicar que atos de comércio eram “atos de intermediação”. O comerciante 
seria o intermediário na cadeia de produção. Já foi chamado pejorativamente de 
atravessador. Ficava no meio entre produtor e consumidor. Com isso, o prestador de 
serviço não era considerado comerciante. 
 
 
Ocorre que, com o passar do tempo, as prestações de serviço cresceram e passaram a 
render muitos lucros. Dessa forma, geravam-se menos lucros para os comerciantes. 
 
Como os prestadores de serviço podiam sofrer insolvência civil, ao passo que os 
comerciantes tinham benefícios para se recuperar financeiramente, percebeu-se, assim, 
que a Teoria dos Atos de Comércio tornou-se obsoleta. 
 
3ª Fase: Teoria da Empresa: 
 
Na década de 70, a Itália adotou a Teoria da Empresa, ao unificar o Código Civil e o 
Código Comercial em um mesmo código. Após a Itália adotar a Teoria da Empresa, o 
Brasil adotou tal teoria também. 
 
Desde o projeto do Código Civil fala-se na Teoria da empresa. A Lei de Locações, de 
1991, é um grande exemplo de outras leis criadas, antes do Código Civil de 2002, que 
fazia menção à Teoria da Empresa. Outro exemplo é a Lei do registro público de empresas 
(lei 8.934/94). Portanto, por esta lei percebemos que 8 anos antes do Código Civil de 2002 
já havia a Teoria da Empresa prevista em algumas legislações. 
 
Quando o Código Civil foi realmente aprovado, a Teoria da Empresa tornou-se mais do 
que realidade. Assim, o art. 2.045 do Código civil revogou a primeira parte do código 
comercial. 
 
Dessa forma, o código comercial só tem a 2ª parte em vigor. Por isso não podemos falar 
que o Direito Empresarial substituiu o Direito Comercial. O que ocorre é que um convive 
com o outro, apesar de o segundo ser cada vez mais reduzido. 
 
Para a Teoria da empresa, o elemento principal é o exercício da empresa. 
 
Empresa, Empresário e Estabelecimento: 
 
O CC não definiu a Empresa, mas definiu o empresário. 
 
 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. 
Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, 
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o 
exercício da profissão constituir elemento de empresa. 
 
 Empresário é o sujeito que exerce empresa. Ele pode ser: 
 
- Empresário individual – Pessoa física; 
- Sociedade empresária – Pessoa Jurídica. 
 
 Empresa é a atividade exercida pelo empresário. Logo, empresa é o objeto de 
direito. 
 
Pelo art. 966, CC, empresa é a atividade econômica e organizada, exercida pelo 
empresário, seja para produção e circulação de bens, seja para prestação de serviços. 
 
Pouco importa a diferença da destinação da atividade. Percebe-se aqui que a Teoria da 
empresa é mais abrangente que a Teoria dos atos de comércio. 
 
Atividade econômica é atividade com fins lucrativos. Não tem que ter lucro, mas sim 
visar lucros. Além de ser econômica, a atividade tem que ser organizada para ser empresa. 
 
Organização diz respeito à diversidade da reunião dos fatores de produção (matéria-
prima, capital, trabalho, tecnologia). 
 
Diversidade = profissionais diferentes, de áreas diferentes, mas todos eles reunidos para 
uma atividade-fim. Diversidade na atividade-fim. 
 
Obs.: três dentistas, duas secretárias e uma faxineira. Apesar dos dentistas trabalharem 
para atividade-fim, os outros profissionais trabalham para atividade-meio.Não é empresa, 
portanto. 
 
 
Obs.: Um dentista, um médico, um fonoaudiólogo e um enfermeiro. Aí sim temos uma 
empresa. Diversidade na atividade-fim. 
 
 Estabelecimento: é o conjunto de bens, a universalidade de fato que um 
empresário reúne para exercer sua atividade, que é econômica e organizada (art. 1142). 
 
O nome empresarial está dentro do estabelecimento, mas com ele não se confunde. O 
estabelecimento é um bem móvel, formado por bens corpóreos e incorpóreos. 
 
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: 
 
Empresário Individual é a pessoa física que exerce a empresa pessoal e individualmente. 
Ele não tem sócios, mas para exercer a atividade empresária conta com diversos 
empregados. 
 
O empresário é quase um pródigo. Exerce a empresa em nome próprio. Seu patrimônio 
que vai responder. Ou seja, exerce empresa em nome próprio e responde através de seu 
patrimônio próprio. 
 
Explora atividade empresária diretamente, assumindo obrigações perante terceiros. Sua 
responsabilidade é ilimitada e direta. Todos os seus bens poderão ser conscritos para o 
pagamento de credores. 
 
OBS.: empresário individual é pessoa física. E como pessoa física, não pode ele responder 
por suas dívidas com todos os seus bens. Deve restar o mínimo necessário para a 
sobrevivência digna – Dignidade da pessoa humana. 
 
OBS: o empresário individual tem CNPJ por uma única finalidade: para que ele tenha o 
mesmo tratamento tributário que a pessoa jurídica. Não é justo que a pessoa jurídica tenha 
uma alíquota pequena e a pessoa física, que explora a mesma atividade que a pessoa 
jurídica, tenha uma alíquota muito superior. Então, o fato dele ter CNPJ não o torna 
pessoa jurídica. 
 
Inscrição do Empresário Individual: obrigatória e declaratória. 
 
 
O empresário individual, para ser considerado regular, deverá inscrever-se no Registro 
Público de Empresas Mercantis (RPEM = Junta Comercial), antes de iniciar sua atividade 
econômica. 
 
O requerimento deverá conter (art. 968): 
 
I – o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; 
II – a firma, com a respectiva assinatura autógrafa; 
III – o capital; 
IV – o objeto e a sede da empresa. 
 
A inscrição de Empresário Individual, ao contrário do registro de Sociedade Empresária, 
não proporciona personalidade jurídica a ele, pois o empresário individual é pessoa física. 
 
Além disso, o empresário individual não precisa necessariamente da inscrição para 
exercer a atividade empresária. Com a inscrição, o empresário é regular. Porém, 
empresário é aquele que exerce atividade econômica e organizada. 
 
A inscrição, portanto, é obrigatória (para sua regularidade), mas sem ela o sujeito pode 
exercer empresa e ser empresário. Assim, ela tem natureza declaratória, e não 
constitutiva. 
 
Diferenças do empresário individual regular para o empresário individual irregular: 
 
 Empresário regular # Empresário irregular: 
 
- pode pleitear autofalência; - Não pode pleitear autofalência. 
- Pode pleitear recuperação. - Não pode pleitear recuperação. 
- Pode requerer falência de 3º. - Não pode requerer falência de 3º. 
- Pode participar de licitação. - Não pode participar de licitação. 
 
 
Entretanto, ambos podem FALIR. Porém, há uma diferença entre a falência do empresário 
regular e a falência do empresário irregular, já que esta é fraudulenta, criminosa, ou seja, 
decretada a falência, o falido, necessariamente, comete um crime. 
 
Deverão ser arquivados e averbados na Junta Comercial os pactos e declarações 
antenupciais do empresário, o título de doação, herança ou legado de bens clausulados de 
incomunicabilidade ou inalienabilidade, sem prejuízo do registro efetivado perante o 
Registro Civil competente. Igualmente, a sentença que decretar ou homologar a separação 
judicial do empresário e o ato de reconciliação deverão ser arquivados (art. 979 e 980). 
 
Caso o empresário individual queira admitir sócios objetivando que a exploração da 
empresa passe a ser realizada por sociedade empresária, fica-lhe facultado requerer, 
perante o RPEM, a transformação de seu registro de empresário individual em sociedade 
empresária que assim venha a constituir (art. 968, §3º). 
 
Tal fato é relevante, por exemplo, para contagem de prazo de 2 anos de exercício regular 
da empresa, exigida como condição subjetiva ao requerimento de recuperação judicial 
(art. 48, Lei 11.101/05). 
 
OBS: e transformação de empresário individual em EIRELI? 
 
Art. 1033, p.ú 
 
Firma Individual: 
 
O exercício da empresa pelo empresário individual se fará sob uma firma, constituída a 
partir do seu nome completo ou abreviado, podendo ser aditada designação mais precisa 
de sua pessoa ou do gênero de atividade. Ex: João Pereira eletricidade; JP eletricidade. 
 
Empresário Rural e Pequeno Empresário: 
 
Art. 970: “A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao 
empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí 
decorrentes”. 
 
 
O empresário rural terá tratamento favorecido, como, por exemplo, não ficando sujeito 
à falência e à recuperação judicial ou extrajudicial (art. 1, Lei 11.101/05), estando, 
também, dispensado de manter escrituração especial (art. 1179 e 1180). 
 
O empresário rural não é considerado, portanto, juridicamente empresário. No entanto, 
permite-se ao empresário rural requerer a inscrição no RPEM da sua respectiva sede, 
iniciativa esta que, após a inscrição, o equipara, para todos os efeitos, ao empresário 
sujeito ao registo na junta comercial (art. 971). 
 
Art. 971. “O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, 
observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer 
inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, 
depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a 
registro”. 
 
Ao permitir o registro do empresário rural no RPEM, o CC o equipara ao empresário 
individual sujeito a registro na Junta Comercial, afastando-o do regime de direito civil. O 
vocábulo equiparar utilizado no texto legal é proposital. Ou seja, o registro não o constitui 
empresário, mas tão somente a ele o equipara para fins de tratamento legal. Assim, é 
possível afirmar que: 
 
- a inscrição para o empresário individual é obrigatória e declaratória; 
- a inscrição para o empresário rural é facultativa e declaratória (não é constitutiva, pois 
ele não se torna empresário com o registro, ficando tão somente equiparado). 
 
O Pequeno Empresário (Empresa de Pequeno Porte ou Microempresa) também terá 
tratamento diferenciado quanto à inscrição e os efeitos daí decorrente (art. 970). 
 
O art. 970, CC não pode servir de fundamento legal para embasar a vontade do legislador 
em beneficiar o microempresário, haja vista que quem tem esse papel é a Constituição 
Federal, nos seus art. 170, IX e 179. Logo, se esse art. 970 do CC não existisse, não teria 
importância, vez que a CF que é quem funciona como fundamento de um tratamento 
benéfico ao microempresário. 
 
 
Obs.: O que difere o micro para o pequeno empresário é o faturamento bruto anual (art. 
3, LC 123/06). 
 
Benefícios do pequeno empresário: 
 
- modalidade de especial de recuperação; 
- forma de escrituração de seus livros facilitada; 
- possibilidade de litigar em juizados especiais; 
- benefícios tributários: simplificação do recolhimento dos tributos. 
 
Empresário Individual Casado: 
 
Responsabilidade patrimonial do empresário individual casado: 
 
A responsabilidade do empresário individual casado depende do seu regime de bens: 
 
1ª situação: Separação total = credor não podese valer dos bens do cônjuge. 
 
2ª situação: Comunhão universal = credor pode se valer do patrimônio do casal, pois se 
presume que o outro cônjuge auferiu vantagem do exercício da empresa. Essa presunção 
é relativa e admite prova em contrário. 
 
3ª situação: Comunhão parcial e participação final nos aquestos = não há a presunção que 
existia antes. Aliás, aqui se presume que o outro cônjuge não auferiu vantagem da 
atividade empresária. Presunção também é relativa. 
 
Alienação de bem imóvel por empresário individual casado: VER 
 
Art. 978. “O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer 
que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou 
gravá-los de ônus real”. 
 
 
O art. 978, CC excepciona a regra do art. 1647, I e permite que o empresário casado, 
independentemente do regime de bens, aliene ou grave imóveis que integram o 
patrimônio da empresa, sem necessidade da vênia conjugal. Apesar disso, a meação do 
cônjuge não empresário deve ser preservada. 
 
A outorga conjugal somente é exigida quando o bem imóvel pertencente ao empresário 
individual casado não estiver diretamente ligado à atividade empresária. 
 
Impedidos de exercer a atividade empresária: 
 
Diz o art. 972 que “podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno 
gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”. 
 
Não existe uma lista de impedimentos. Esses impedimentos decorrem de uma 
determinada atividade. Conveniências de cunho administrativo ou de ordem pública 
justificam a incompatibilidade de certas pessoas com o exercício da atividade própria de 
empresário. Assim, são impedidos de exercer empresa, por exemplo: 
 
- Militar; 
- Falido; 
- Funcionário Público; 
- Agentes políticos; 
- Chefes do executivo. Etc. 
 
Os impedimentos são para exercer empresa e não para ser empresário individual, pois 
exerce empresa tanto o empresário individual (exerce empresa em nome próprio) quanto 
o administrador (exerce empresa em nome de outrem). Assim, uma pessoa impedida (ou 
seja, impedida de exercer empresa) não pode nem ser empresário e nem ser administrador 
de uma empresa. Isto é, o impedido não pode nem exercer empresa em nome próprio e 
nem em nome de outrem. 
 
Se o impedimento fosse apenas para ser empresário individual, o impedido poderia ser 
administrador de empresa e, com isso, exercer empresa em nome alheio. Impedido não 
pode nem ser empresário individual e nem administrador. Nada impede que ele seja sócio, 
 
pois sócio não exerce empresa, sócio não é empresário. Quem exerce empresa em uma 
sociedade empresária é a própria empresa através do seu administrador. 
 
Se mesmo impedido exercer empresa, os atos praticados por ele serão válidos para a 
proteção de 3º de boa fé, mas o impedido responderá pelo ato praticado (art. 973). 
 
No caso do militar e falido, por exemplo, eles respondem criminalmente pelos atos 
praticados. No caso de funcionário público, agentes políticos e chefes do executivo, eles 
responderão administrativamente. Além disso, qualquer prejuízo econômico decorrente 
da prática do ato ensejará responsabilidade civil. 
 
Obs.: Proibições específicas # impedimentos para exercer empresa: 
 
Ex: médico: pode exercer empresa, entretanto, há a proibição específica de que esse 
médico não pode ter uma farmácia. Essa proibição não é considerada impedimento. O 
mesmo ocorre, por exemplo, na proibição do oftalmologista em ter uma óptica. 
 
Capacidade do empresário individual: 
 
 A) Capacidade para dar início à empresa: 
 
Como já dito, o art. 972 estabelece que “podem exercer a atividade de empresário os que 
estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”. 
 
Logo, consideram-se capazes aqueles que estão em pleno gozo da capacidade civil. 
 
- Menor emancipado: PODE EXERCER EMPRESA. 
 
Estando emancipado o menor, fica-lhe permitido exercer a atividade de empresário, já 
que passa a estar em pleno gozo da capacidade civil (art. 972). A prova da emancipação 
deve ser averbada no RPEM (art. 976). 
 
 
Questão controvertida é sobre a possibilidade de se decretar a falência de menor 
emancipado e de lhe imputar responsabilidade penal. A lei 11.101 não aborda, de modo 
expresso, esse assunto. 
 
Para Sergio Campinho, o fato do menor não responder por crime falimentar não é 
argumento suficiente para impedir a decretação de sua falência. A inimputabilidade penal 
não pode servir de amparo a tal conclusão, já que as órbitas jurídicas são distintas e os 
bens jurídicos tutelados diversos. 
 
Campinho entende, porém, que o menor emancipado não faz jus à recuperação, já que 
para esta deve ser observado o requisito de exercício regular há mais de 2 anos, 
incompatível com a emancipação (crítica a essa ressalva: nem todas as modalidades de 
emancipação ocorrer a partir dos 16 anos – ex: casamento por motivo de gravidez). 
 
- Interdito: NÃO PODE EXERCER EMPRESA. 
 
Os interditos, por serem declarados incapazes de administrar suas pessoas e bens, estão 
sujeitos à curatela. Encontram-se, pois, obstados de exercer a atividade de empresário. 
 
 B) Capacidade para dar continuidade à empresa: 
 
Poderá o incapaz (menor não emancipado e interdito), por meio de representante ou 
devidamente assistido e com autorização judicial, continuar a empresa antes exercida por 
ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança (art. 974). 
 
O fundamento do art. 974 é o princípio da preservação da empresa, que se justifica, 
pois toda empresa tem uma função social. 
 
A continuidade da empresa dependerá de que o menor e o incapaz estejam assistidos ou 
representados e que haja autorização judicial, após o exame das circunstâncias e riscos da 
empresa, bem como conveniência em continuá-la. 
 
 
Tal autorização pode ser revogada pelo juiz. É possível, ainda, que sejam ouvidos os pais, 
tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos 
adquiridos por terceiros (art. 974, §1º). 
 
Os bens que o menor ou do interdito já possuía ao tempo da interdição ou sucessão não 
ficam sujeitos ao resultado da empresa (art. 974, §2º). A intenção deste dispositivo é 
proteger o menor ou o interditado. 
 
Caso o representante ou o assistente do incapaz seja impedido de exercer empresa (ex: 
militar), ele nomeará, com aprovação do juiz, um ou mais gerentes (art. 975). A aprovação 
do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da 
responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados (art. 975, §2º). 
 
Porém, atente-se aos requisitos, para que um impedido seja sócio de uma sociedade 
empresária o tipo societário deve consagrar a responsabilidade limitada e não pode ter 
poderes de administração. 
 
CC, art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, 
continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor 
de herança. 
 
O incapaz não pode ser empresário, observando-se, do mesmo modo, que se trata de 
empresário individual, quando se trata de sócio de sociedade empresária, a situação é 
diferente, porque sócio não é empresário. 
 
Há, ainda, ressalva referente ao exercício de empresa pelo incapaz, quando a incapacidade 
for superveniente ou quando ele herdar o exercício de uma atividade empresarial. 
 
Importante: Verbo continuar. O incapaz só pode ser autorizado a continuar o exercício 
de empresa que já era exercido por alguém (sempre por meio de representante ou 
assistente), jamais poderá ser autorizado a iniciar o exercício de uma atividade 
empresarial. 
 
 
Enunciado 203 do CJF, aprovado na III Jornada de Direito Civil: “o exercício de 
empresa por empresário incapaz, representado ou assistido, somente é possível nos casos 
de incapacidade superveniente ou incapacidade do sucessor na sucessão por morte”. 
 
Em primeiro lugar, destaque-seque o art. 974 do Código Civil se refere ao exercício 
individual de empresa. Trata-se, pois, de casos em que o incapaz será autorizado a 
explorar atividade empresarial individualmente, ou seja, na qualidade de empresário 
individual (pessoa física). A possibilidade de o incapaz ser sócio de uma sociedade 
empresária configura situação totalmente distinta, já que o sócio de uma sociedade não é 
empresário. 
 
É direito do incapaz continuar a atividade? Não. Deve haver autorização judicial, 
consoante § 1º, do artigo 974, CC: Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, 
após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em 
continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou 
representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por 
terceiros. 
 
Na forma do §2º, o juiz irá verificar quais os bens que o incapaz já possuía ao tempo da 
interdição, e que eram estranhos ao acervo da empresa e destacará esses bens no alvará 
que conceder a autorização, porque a partir de então, as obrigações assumidas pelo 
incapaz (que atuará por meio de representante), não poderão ser executadas nos bens 
destacados. 
 
Quando o incapaz vai ser sócio de uma sociedade empresária, não é necessária a 
obediência ao artigo 974 e parágrafos 1ºe 2º, ou seja, o incapaz pode ser sócio e ponto, 
não há tais ressalvas. 
 
A regra que se aplica ao sócio incapaz é a do § 3º, acrescentado anos após a edição do 
Código, porque os cartórios de registro estavam confundindo as regras : “O Registro 
Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar 
contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que 
atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I – o sócio incapaz não pode 
exercer a administração da sociedade; II – o capital social deve ser totalmente 
 
integralizado; III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente 
incapaz deve ser representado por seus representantes legais”. 
 
 
Desconsideração da Personalidade Jurídica 
A teoria da desconsideração da personalidade jurídica (disregard doctrine) já é conhecida 
há bastante tempo, mas só foi positivada em nosso ordenamento jurídico em 1990, com a 
edição do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), cujo art. 28 tem a seguinte 
redação o juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em 
detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, 
fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração 
também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou 
inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. O § 5º desse 
dispositivo o complementa, prevendo que também poderá ser desconsiderada a pessoa 
jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento 
de prejuízos causados aos consumidores. 
 
Há muita crítica em relação a esse dispositivo, no sentido de que o § 5º invalida o caput, 
em razão, principalmente, da expressão “de alguma forma”. 
 
Posteriormente, outros diplomas legislativos específicos também trataram do tema (Lei 
Antitruste e Lei de Crimes Ambientais), praticamente repetindo a redação do caput e do 
§ 5º do art. 28 do CDC. Faltava, porém, uma regra geral sobre o assunto. 
 
Essa regra geral acabou sendo prevista no art. 50 do Código Civil, que tem o seguinte 
teor: em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de 
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, 
ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas 
e determinadas obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores 
ou sócios da pessoa jurídica. 
 
Pela interpretação do dispositivo, verifica-se não ser possível ao juiz determinar a 
desconsideração da personalidade jurídica de ofício. 
 
 
1. Teoria menor da desconsideração da PJ 
Costuma-se usar a expressão teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica 
para os casos em que se admite a desconsideração quando há o mero prejuízo do credor, 
ou seja, a simples insolvência da pessoa jurídica. 
 
É o que ocorre, por exemplo, nas relações de consumo, por aplicação da regra específica 
do art. 28, § 5º do CDC. 
 
Nesse sentido, o STJ já decidiu que “é possível a desconsideração da personalidade 
jurídica com base no artigo 28, § 5º, do CDC, na hipótese em que comprovada a 
insolvência da empresa, pois tal providência dispensa a presença dos requisitos contidos 
no caput do artigo 28, isto é, abuso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou 
violação dos estatutos ou contrato social, encerramento ou inatividade da pessoa 
jurídica, sendo aplicável a teoria menor da desconsideração, subordinada apenas à 
prova de que a mera existência da pessoa jurídica pode causar, de alguma forma, 
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores ”(AgRg no Ag 
1.342.443/PR). 
 
Enfim, “tratando-se de relação consumerista, é possível a desconsideração da 
personalidade jurídica da sociedade empresária ante sua insolvência para o pagamento de 
suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão 
patrimonial ” (AgRg no AREsp 511.744/SP; no mesmo sentido: AgRg no REsp 
1.106.072/MS e REsp 737.000/MG). 
 
2. Teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica 
Costuma-se usar a expressão teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica 
para os casos em que só se admite a desconsideração quando há abuso no uso da pessoa 
jurídica, o qual pode ser caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão 
patrimonial. 
 
Tem-se, aqui, aplicação da regra geral do art. 50 do Código Civil, que tem incidência, 
predominantemente, no âmbito das relações civis e empresariais, em que as regras de 
responsabilidade subsidiária e limitada dos sócios devem ser res peitadas, sendo 
desconsideradas apenas em situações excepcionais. 
 
 
Essa teoria também é aplicada na Justiça do Trabalho. 
 
Assim, quando “se trata de relações jurídicas de natureza civil-empresarial, o legislador 
pátrio, no art. 50 do CC de 2002, adotou a teoria maior da desconsideração, que exige 
a demonstração da ocorrência de elemento objetivo relativo a qualquer um dos requisitos 
previstos na norma, caracterizadores de abuso da personalidade jurídica, como excesso 
de mandato, demonstração do desvio de finalidade (ato intencional dos sócios em fraudar 
terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica) ou a demonstração de confusão 
patrimonial (caracterizada pela inexistência, no campo dos fatos, de separação 
patrimonial entre o patrimônio da pessoa jurídica e dos sócios ou, ainda, dos haveres de 
diversas pessoas jurídicas)” (AgInt no AREsp 589.840/RS). 
 
Em suma: “conforme entendimento reiterado pelas Turmas que compõem a Segunda 
Seção do STJ, acerca dos pressupostos para da desconsideração de pessoa jurídi ca, a 
partir da interpretação do art. 50 do CC/02, deve ser adotada a teoria maior da 
desconsideração. Assim, exige -se a demonstração de desvio de finalidade, demonstração 
de confusão patrimonial, ou a configuração do abuso de personalidade jurídica. (...) A 
mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas 
obrigações (...) não constitui motivo suficiente para a desconsideração da personalidade 
jurídica” (REsp 1635630/MG). 
 
3. Efeitos da desconsideração da personalidade jurídica 
 
Outro ponto importante a ser destacado no estudo da disregard doctrine é o relativo aos 
seus efeitos. A desconsideração da personalidade jurídica, ao contrário do que se possa 
imaginar, não acarreta o fim da pessoa jurídica, ou seja, esta não será dissolvida nem 
liquidada.Assim, a desconsideração da personalidade jurídica tem os seus efeitos adstritos ao caso 
concreto em que foi requerida, continuando a sociedade – ainda que “desconsiderada” 
naquele caso – a existir normalmente e a ter os efeitos da sua personalização respeitados 
em todas as demais relações jurídicas em que figurar. Nesse sentido, já decidiu o STJ que 
“a desconsideração não importa em dissolução da pessoa jurídica, mas se constitui apenas 
 
em um ato de efeito provisório, decretado para determinado caso concreto e objetivo, 
dispondo, ainda, os sócios incluídos no polo passivo da demanda, de meios processuais 
para impugná-la” (REsp 1.169.175/DF). 
 
Da mesma forma, a aplicação da teoria da desconsideração não significa a possibilidade 
de execução de todos os sócios e/ou administradores da sociedade, indistintamente. 
Somente serão atingidos aqueles sócios que se beneficiaram do uso abusivo da pessoa 
ju rídica. Nesse sentido, também já decidiu o STJ que, “nos termos do art. 50 do CC, o 
decreto de desconsideração da personalidade jurídica de uma sociedade somente pode 
atingir o patrimônio dos sócios e administradores que dela se utilizaram indevidamente, 
por meio de desvio de finalidade ou confusão patrimonial” (REsp 1.412.997/SP; no 
mesmo sentido: AgRg no AREsp 621.926/RJ). 
 
4. A desconsideração inversa da personalidade jurídica 
 
A teoria da desconsideração surgiu e foi aplicada, historicamente, com a finalidade de 
permitir a execução de bens particulares dos sócios e/ou administradores por dívidas da 
sociedade. Mas também se pode fazer o caminho inverso: desconsiderar a pessoa jurídica 
para executar bens sociais por dívidas pessoais de um de seus sócios. 
 
A desconsideração inversa consiste, pois, em aplicar os fundamentos da disregard 
doctrine para permitir que a pessoa jurídica responda por obrigações pessoais de um ou 
mais sócios, conforme já decidiu o STJ: “considerando-se que a finalidade da disregard 
doctrine é combater a utilização indevida do ente societário por seus sócios, o que pode 
ocorrer também nos casos em que o sócio controlador esvazia o seu patrimônio pessoal e 
o integraliza na pessoa jurídica, conclui-se, de uma interpretação teleológica do art. 50 
do CC/2002, ser possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, de 
modo a atingir bens da sociedade em razão de dívidas contraídas pelo sócio controlador, 
conquanto preenchidos os requisitos previstos na norma ” (STJ, REsp 948.117/MS). 
 
É comum a aplicação da desconsideração inversa em questões relativas ao direito de 
família, quando se constata que um dos cônjuges, por exemplo, cria uma pessoa jurídica 
para ocultação de patrimônio, a fim de afastá-los da partilha ou frustrar a cobrança de 
pensão alimentícia. Sobre o assunto, o STJ já decidiu o seguinte: “é possível a 
 
desconsideração inversa da personalidade jurídica sempre que o cônjuge ou companheiro 
empresário valer-se de pessoa jurídica por ele controlada, ou de interposta pessoa física, 
a fim de subtrair do outro cônjuge ou companheiro direitos oriundos da sociedade afetiva” 
(REsp 1.236.916/RS). 
 
Ainda sobre o assunto, confira-se o enunciado 283 das Jornadas de Direito Civil do 
CJF: “é cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada ‘inversa’ para 
alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens 
pessoais, com prejuízo a terceiros ”. 
 
5. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica 
 
O art. 50 do Código Civil trata dos requisitos materiais para a aplicação da 
desconsideração da personalidade jurídica, mas nada dispõe, obviamente, sobre seu 
procedimento, afirmando apenas que ela deve ser requerida pela parte ou pelo Ministério 
Público (o que afasta, em princípio, sua aplicação de ofício pelo juiz). 
 
O procedimento a ser seguido está previsto nos arts. 133 a 137 do novo CPC, que 
disciplinam o incidente de desconsideração da personalidade jurídica. 
 
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério 
Público, quando lhe couber intervir no processo. 
§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica 
observará os pressupostos previstos em lei. 
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de 
desconsideração inversa da personalidade jurídica. 
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as 
fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença 
e na execução fundada em título executivo extrajudicial. 
§ 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada 
ao distribuidor para as anotações devidas. 
 
§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração 
da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, 
hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. 
§ 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na 
hipótese do § 2º. 
§ 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos 
pressupostos legais específicos para desconsideração da 
personalidade jurídica. 
Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será 
citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo 
de 15 (quinze) dias. 
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será 
resolvido por decisão interlocutória. 
Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe 
agravo interno. 
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou 
a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz 
em relação ao requerente. 
 
Não é um procedimento especial, trata-se de um mero incidente processual, o que já era 
entendimento do STJ, antes do Código de Processo Civil de 2015 De acordo com o art. 
133, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido 
da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. O § 1º dispõe 
que o pedido observará os pressupostos previstos em lei, e o § 2º determina 
expressamente que o procedimento também se aplica à hipótese de desconsideração 
inversa da personalidade jurídica. 
 
Perceba-se, que o novo CPC não criou hipótese de desconsideração, mas apenas 
disciplinou o seu procedimento. Em caso de litígios empresariais, os “pressupostos 
previstos em lei” a que se refere o art. 133, § 1º, são aqueles do art. 50 do CC: abuso de 
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão 
patrimonial. Em litígios consumeristas, “os pressupostos previstos em lei” serão os do art. 
28 do CDC, e assim por diante. 
 
 
Antes do novo CPC, o STJ entendia que a desconsideração podia ser decretada nos 
próprios autos, sem necessidade de citação, de modo que o sócio atingido pela medida só 
podia defender-se após já realizada a constrição de seus bens pessoais (nesse sentido: 
REsp 1.096.604/DF e AgRg no REsp 1.459.784/MS). 
 
A partir da vigência do novo CPC, porém, parece-nos que essa jurisprudência terá de ser 
revista, uma vez que será preciso instaurar um incidente processual específico, com a 
imprescindível citação do sócio ou da pessoa jurídica. Confira-se, a propósito, o que diz 
o art. 135: instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para 
manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. 
 
SOCIEDADES DESPERSONIFICADAS 
 
São duas as sociedades não personificadas previstas no Código Civil, a sociedade em 
comum (arts. 986 a 990) e a sociedade em conta de participação (arts. 991 a 996). 
A expressão “sociedade não personificada” é contraditória. Sendo a sociedade uma 
espécie de pessoa jurídica de direito privado (art. 44, inciso I, do Código Civil), é 
equivocado falar numa sociedade que não possui personalidade jurídica. Talvez fosse 
melhor o legislador usar a expressão “ente não personificado”, por exemplo. 
 
Registre-se também que essas sociedades não personificadas, embora estejam 
disciplinadasna parte do Código Civil referente às sociedades empresárias, podem 
eventualmente desenvolver atividades civis (não empresariais), caso em que serão 
qualificadas como sociedades simples (art. 982, do Código Civil). 
 
A propósito, confira-se o enunciado 208 das Jornadas de Direito Civil do CJF: “as 
normas do Código Civil para as sociedades em comum e em conta de participação são 
aplicáveis independentemente de a atividade dos sócios, ou do sócio ostensivo, ser ou não 
própria de empresário sujeito a registro (distinção feita pelo art. 982 do Código Civil entre 
sociedade simples e empresária)”. 
 
Sociedade em comum – art. 986 ao 990, CC 
 
 
1. Conceito e características: Sociedade em comum, portanto, é aquela que ainda 
não inscreveu seus atos constitutivos no órgão competente, que pode ser a Junta 
Comercial (caso o objeto social seja o exercício de uma atividade econômica organizada 
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços) ou o Cartório de Registro Civil 
de Pessoas Jurídicas (caso o objeto social seja o exercício de uma atividade econômica 
não empresarial, como o exercício de profissão intelectual, de natureza literária, artística 
ou científica). 
 
Como é o registro que confere personalidade jurídica às sociedades (art. 985 do Código 
Civil), a sociedade em comum não possui personalidade jurídica, obviamente. Trata-
se, na verdade, de uma sociedade em processo de constituição: como uma sociedade não 
é constituída de imediato, existe um lapso temporal entre o momento em que os sócios se 
decidem pela constituição e o momento em que ela é efetivamente constituída (registro 
no órgão competente). 
 
Apenas as sociedades contratuais em constituição podem ser qualificadas como 
sociedades em comum, já que o art. 986 do Código Civil faz expressa ressalva às 
“sociedades por ações em organização”, as quais possuem tratamento específico na Lei 
6.404/1976. 
 
Então, se na verdade o que está sendo constituído é uma sociedade anônima, não será 
qualificada como sociedade em comum enquanto não houve registro de seus atos 
constitutivos, porque tem tratamento específico na Lei das Sociedades Anônimas, o 
Código Civil apenas se aplica à sociedade contratual em constituição. 
 
Assim, uma sociedade em comum pode ser uma sociedade limitada em organização, por 
exemplo. É importante distinguir a sociedade em comum da sociedade de fato e da 
sociedade irregular, embora alguns autores não o façam. Sociedade de fato é a sociedade 
que não possui sequer contrato escrito e já está exercendo suas atividades, sem nenhum 
indício de que seus sócios estejam tomando as providências necessárias à sua 
regularização. Sociedade irregular, por sua vez, é a sociedade com contrato escrito e 
registrado, que já iniciou suas atividades normais, mas que apresenta irregularidade 
superveniente ao registro (por exemplo: não averbou alterações do contrato social). 
 
 
Nada impede, todavia, que eventualmente se apliquem as normas da sociedade em 
comum (arts. 986 a 990 do Código Civil) às sociedades de fato e às sociedades irregulares, 
por analogia. 
 
Nesse sentido, confira-se o enunciado 383 das Jornadas de Direito Civil do CJF: “a falta 
de registro do contrato social (irregularidade originária – art. 998) ou de alteração 
contratual versando sobre matéria referida no art. 997 (irregularidade superveniente – art. 
999, parágrafo único) conduzem à aplicação das regras da sociedade em comum (art. 
986)”. 
 
2. Prova da existência da sociedade 
 
“Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem 
provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo”. 
 
A sociedade em comum não é uma sociedade devidamente registrada, então não tem 
personalidade jurídica, não tem atos constitutivos registrados para que um terceiro possa 
consultar, nesse caso permite-se ao terceiro que prove a existência desta sociedade de 
qualquer modo. Mas em se tratando dos próprios sócios que integram a sociedade, a 
necessidade de se provar a existência da sociedade, isso não é permitido, a prova deverá 
ser feita por escrito. 
 
3. Patrimônio da sociedade em comum 
 
“Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios 
são titulares em comum”. 
 
Enunciado 210 das Jornadas de Direito Civil do CJF: “o patrimônio especial a que se 
refere o art. 988 é aquele afetado ao exercício da atividade, garantidor de terceiro, e de 
titularidade dos sócios em comum, em face da ausência de personalidade jurídica ”. 
 
Assim, diz o Código Civil, que se os bens estão vinculados de certa forma à atividade, 
consideram-se como patrimônio especial da sociedade em comum, sendo esses bens que 
deverão garantir eventuais credores. Cria-se, portanto, uma especialização patrimonial. 
 
 
4. Responsabilidade dos sócios 
 
Uma vez que o “patrimônio social” da sociedade em comum é formado pelos bens dos 
sócios que estão afetados ao objeto social, é contra esses bens que os credores sociais 
devem se voltar em caso de eventual execução, aplicando-se aos sócios o benefício de 
ordem previsto no art. 1.024 do Código Civil, isto é, os credores devem primeiro executar 
esses “bens sociais” antes de executar bens pessoais dos sócios. O único sócio que não 
poderá gozar do benefício de ordem é aquele contratou pela sociedade, conforme previsão 
expressa do art. 990 do Código Civil: todos os sócios respondem solidária e 
ilimitadamente pelas obrigações sociai s, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 
1.024, aquele que contratou pela sociedade. 
 
“Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da 
sociedade, senão depois de executados os bens sociais”. 
 
Recomenda-se a leitura atenda dos artigos 987 e 990, do Código Civil, pois são os que 
mais caem em prova. 
 
Sociedade em conta de participação 
Essa sociedade está definida no art. 991 do Código Civil, que assim dispõe: na sociedade 
em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente 
pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva 
responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. 
 
Trata-se, na verdade, não de uma sociedade propriamente dita, mas de um contrato 
especial de investimento que o sócio ostensivo (geralmente um empresário individual ou 
sociedade empresária) faz com os sócios participantes, também chamados de sócios 
ocultos (podem ser empresários ou não), a fim de desenvolver determinado negócio 
específico. 
Cuidado: Quem exerce a atividade é o sócio ostensivo, não o fazendo como representante 
ou administrador da sociedade, mas em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva 
responsabilidade. É por isso que se diz que a sociedade em conta de participação é mais 
 
um contrato de investimento que uma sociedade, pois provavelmente o sócio ostensivo é 
uma sociedade empresária, que angariou alguns investidores para fazer determinado 
negócio, acertando a divisão dos lucros e prejuízos ao final. Os terceiros que contratam 
com o sócio ostensivo sequer sabem da existência da sociedade em conta de participação 
ou os sócios investidores, porque negociam diretamente com o sócio ostensivo. 
 
É o sócio ostensivo (uma sociedade limitada, por exemplo) que vai colocar em prática o 
negócio em questão, praticando todos os atos necessários para tanto (contratar com 
terceiros, por exemplo). Perceba-se que os terceiros não contratarão com a sociedade em 
conta de participação, mas com o próprio sócio ostensivo, e é por isso que a 
responsabilidade decorrente desse negócio é apenas do sócio ostensivo, e não da 
sociedade, muito menos dos participantes (estes, aliás, sequer devem aparecer nas 
relações do ostensivo com terceiros). A propósito, diz o art. 991, parágrafo único do 
Código Civil: obriga-se perante terceiro tão-somenteo sócio ostensivo; e, 
exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social. 
 
De acordo com o art. 992 do Código Civil, a constituição da sociedade em conta de 
participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de 
direito”. 
Esse dispositivo apenas deixa claro que a conta de participação é uma “sociedade 
extremamente informal, que sequer precisa ter um contrato escrito, e sua existência pode 
ser provada por qualquer meio. 
 
O art. 993 do Código Civil prevê que o contrato social produz efeito somente entre os 
sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere 
personalidade jurídica à sociedade. Caso exista contrato escrito – o qual, vale lembrar, 
não é obrigatório – ele não precisa ser registrado em nenhum local para que produza 
efeitos entre as partes. E, ainda que exista contrato e ainda que ele seja eventualmente 
registrado em algum local (Cartório de Títulos e Documentos, por exemplo), isso não 
confere personalidade jurídica à sociedade em conta de participação. Ela será sempre, 
pois, uma sociedade não personificada. 
 
OBS.: Estudar os tópicos da falência do sócio ostensivo e do sócio participante.

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