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0 FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM CONCEITOS BÁSICOS EM ENFERMAGEM 2016 1 FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM 2 SUMÁRIO 1. O que é enfermagem? ..................................................................................................... 3 2. Noções básicas de saúde e doença ................................................................................ 10 3. O hospital ..................................................................................................................... 15 3.1. Funções do hospital ................................................................................................ 17 3.2. Classificação dos hospitais ...................................................................................... 19 4. Ambiente hospitalar ..................................................................................................... 21 4.1. Unidade de internação ........................................................................................... 22 4.2. Padrões recomendados pelo ministério da saúde para a unidade de internação ..... 22 4.3. Movimento de pacientes ........................................................................................ 24 5. Equipe de saúde ............................................................................................................ 25 6. Equipe de enfermagem ................................................................................................. 26 6.1. O profissional de enfermagem ................................................................................ 27 6.2. O técnico em enfermagem...................................................................................... 27 7. Instrumentos básicos na enfermagem ........................................................................... 29 8. Comunicação e enfermagem ......................................................................................... 30 9. Humanização nos serviços de saúde .............................................................................. 34 9.1. Premissas básicas da humanização ......................................................................... 37 10. Assistência e cuidado de enfermagem ......................................................................... 38 11. O ser humano doente ................................................................................................. 39 12. Direitos do paciente .................................................................................................... 40 13. Relacionamento enfermagem/paciente ...................................................................... 43 14. Necessidades humanas básicas ................................................................................... 44 14.1. Problemas de enfermagem ................................................................................... 46 15. A arte de entrevistar ................................................................................................... 47 15.1. Objetivo da entrevista .......................................................................................... 47 15.2. Condução da entrevista ........................................................................................ 47 15.3. Início da entrevista ............................................................................................... 48 15.4. A narrativa ........................................................................................................... 49 15.5. O fechamento ...................................................................................................... 49 16. Anotações de enfermagem.......................................................................................... 50 16.1. Aspectos legais da anotação de enfermagem ........................................................ 52 17. Relatórios e registros .................................................................................................. 55 17.1. Como registrar...................................................................................................... 55 3 17.2. Quando, quem e o que registrar ........................................................................... 55 17.3. Métodos de registro ............................................................................................. 55 17.4. Diretrizes e cuidados importantes ......................................................................... 56 18. Anotações de evolução ............................................................................................... 57 18.1. O que observar ..................................................................................................... 57 19. O prontuário ............................................................................................................... 62 19.1. A utilidade do prontuário ..................................................................................... 63 19.2. O prontuário e o sigilo profissional ....................................................................... 65 20. Rotinas de enfermagem .............................................................................................. 69 20.1. Internamento ou admissão hospitalar .................................................................. 69 20.2. Relatório na mudança de turno (plantão) ............................................................. 70 20.3. Alta hospitalar ...................................................................................................... 71 20.4. Transferência ....................................................................................................... 72 20.5. Evasão .................................................................................................................. 72 20.6. Óbito .................................................................................................................... 73 QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS ........................................................................................ 74 GABARITO ........................................................................................................................ 82 4 1. O que é enfermagem? Desde que Florence Nightngale escreveu, em 1858, que a meta da Enfermgem era “colocar o paciente na melhor condição para que a natureza pudesse agir sobre ele”, as lideranças de enfermagem têm descrito este mister como arte e como ciência. A Associação Americana de Enfermeiras definiu Enfermagem como “o diagnóstico e tratamento das respostas humanas à saúde e à doença” e fornece a seguinte lista ilustrativa de fenômenos que são o foco do cuidado e da pesquisa em Enfermagem (SMELTZER e BARE, 2002): • processo de autocuidado; • processos fisiológicos e fisiopatológicos em áreas como: sono, repouso, circulação, respiração, reprodução, atividade, nutrição, eliminação, pele, sexualidade e comunicação; • conforto, dor e desconforto; • emoções relacionadas ás experiências de saúde e doença; • significados atribuídos à saúde e a doença; • tomada de decisão e capacidade de fazer escolhas; • relacionamentos afiliativos, incluindo libertar-se da opressão e abuso; • sistemas ambientais. A Enfermagem é a arte de cuidar e também uma ciência cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano, individualmente, na família ou em comunidade de modo integral e holístico, desenvolvendo de forma autônoma ou em equipe, atividades de promoção, proteção, prevenção e recuperação da saúde. A enfermagem, segundo Wanda Horta, é a ciência e a arte de assistir o ser humano em suas necessidades básicas (Necessidades Fisiológivas, N. de Segurança, N. de Amor, N. de Estima, N. de auto-realização - Maslow) e torná-lo independente destas necessidadesquando for possível, através do auto cuidado. A enfermagem como ciência pode ser exercida em 5 vários locais tais como: Hospitais, Empresas Particulares (Enf. do Trabalho), Escolas, Centros de Saúde (Enf. de Saúde Pública). É uma ciência e uma arte. A ciência da enfermagem deseja proporcionar um corpo de conhecimentos abstratos, resultantes de pesquisas científicas e análises lógicas, e deseja ser capaz de transferir esses conhecimentos para a prática. O uso criativo e imaginativo do conhecimento para a melhoria do homem encontra expressão na arte da enfermagem. Enfermagem é a arte e a ciência do CUIDAR, necessárias a todos os povos e nações, imprescindível em época de paz ou em época de guerra e indispensável à preservação da saúde e da vida dos seres humanos em todos os níveis, classes ou condições sociais (Geovani). É uma ciência empírica, cujo propósito é descrever e explicar o fenômeno central de seu interesse (o homem, indivíduo ou grupo) e de predizer a seu respeito. Descrição, explanação e predição são os precursores da intervenção baseada em conhecimentos. Cabe à enfermagem desenvolver atividades para a manutenção e promoção da saúde, bem como para a prevenção de doenças, sendo de sua responsabilidade o diagnóstico e a 6 intervenção de enfermagem. Seu objetivo é assistir as pessoas para atingirem seu potencial máximo de saúde. Os princípios para guiar a prática emergem do sistema conceitual, cujo fenômeno é o processo vital. A prática da enfermagem procura promover a interação sincrônica entre o homem e o ambiente, fortalecer a coerência e a integridade do corpo humano, e dirigir e redigir a padronização dos campos humanos e ambientais para a realização máxima do potencial de saúde. Saúde e doença estão submersos na totalidade sinergética do homem. Desvios ao longo do eixo vital resultam da complementação sincrônica do Homem e do ambiente. A prática é criativa e imaginativa. Está fundamentada em conhecimentos abstratos, julgamento intelectual e compaixão humana. Os objetivos da enfermagem tomam e adicionam dimensões na medida em que conhecimentos teóricos proporcionam direções à prática. A enfermagem está se dirigindo a uma nova era: a do preenchimento das necessidades humanas. As teorias de enfermagem servem para descrever, explicar, diagnosticar e/ou prescrever medidas referentes ao cuidado de enfermagem. O trabalho cientifico envolvido no desenvolvimento da teoria é tal que, uma vez identificado que uma destas teorias é relevante para uma ciência tal como a enfermagem, ela oferece justificativa ou razão bem fundamentada sobre como é por que os enfermeiros realizam determinadas intervenções. • Florence Nightignale 1860 - O enfermeiro deve manipular o ambiente do paciente para facilitar os "processos reparadores do corpo". • Hildeard E. Peplau 1952 - Desenvolver interação entre o enfermeiro e o paciente. • Henderson 1955 - Trabalhar de forma independente com outros profissionais de saúde, ajudando o paciente a ganhar independência o mais rápido possível; ajudar o paciente a ganhar a força que lhe falta. • Fay e Abellah 1960 - Prestar atendimento a familiares, grupos e ao indivíduo. Ser amável, mas também bem, preparado tecnicamente. • Orlando 1961 - O processo interpessoal alívio para o sofrimento. 7 • Weidenback 1964 - O processo de ajuda atende as necessidades do corpo através da arte do cuidado individualizado. • Hall 1966 - O cuidado é dirigido para a pessoa e voltado para autoestima. • Trevelbee 1966 - O significado da doença determina como as pessoas respondem. • Myra e Levine 1967 - O holismo mantido conservando a integridade. • Wanda A. Horta 1970 - Necessidades humanas básicas. • Imogene M. King1970 - Manter e promover a saúde, prevenção de doenças e tratar e reabilitar pacientes doentes incapazes, através da "ciência humanista da enfermagem". • Dorothea E. Orem 1971 - Déficit do Autocuidado. • Neuman 1972 - Ajudar indivíduos, famílias e grupos a atingirem e manterem o nível máximo de bem-estar total, com intervenções propositadas. • Paterson 1976 - Enfermagem é uma experiência existencial de cuidar. • Watson 1979 - Promover a saúde, restabelecer a saúde do paciente e prevenir doenças. • Madeleine M. Leninger 1978 - Cuidado transcultural. • Irmã Calista Roy 1979 - Identificar os tipos de demanda colocados sobre o paciente, analisar a adaptação ás demandas e ajudar o paciente a se adaptar. Estímulos rompem com um sistema adaptativo. • Newmam 1979 - A doença tem padrões de vida preexistentes. • Johnson 1980 - os subsistemas existem em estabilidade dinâmica. • P. Bener e J. Wrubel 1989 - O cuidado é vital para a essência da enfermagem. Estabelece o que é importante permitindo conexão consciente. 8 (UNIUV - Prefeitura de Jaguariaíva - PR – Enfermeiro) A ciência da enfermagem é sustentada por várias teorias. A teoria de enfermagem de Dorothea Orem tem como ênfase _______________. Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna: A) Relacionamento interpessoal; B) Comunicação terapêutica; C) Necessidades Humanas Básicas; D) Autocuidado; E) Adaptação. Resposta Correta: D) Autocuidado; Comentário: O teoria de Enfermagem de Orem foi desenvolvida entre 1959 a 1985. Baseia-se na premissa que os pacientes podem cuidar de si próprios. Primariamente usada em reabilitação e cuidados primários, onde o paciente é encorajado a ser independente o máximo possível. O modelo de Orem é baseado em que todos os pacientes desejam cuidar de si próprios. (AOCP - EBSERH/HU-UFJF - Enfermeiro - Saúde do Trabalhador) Considerando as teorias de enfermagem, é correto afirmar que a Teoria Ambientalista foi proposta por : A) Hildegard Peplau. B) Florence Nightingale. C) Madeleine Leiningher. D) Imogene King. E) Dorothea Orem. Resposta Correta: B) Florence Nightingale. Comentário: A teoria ambientalista desenvolvida por Florence Nightingale na segunda metade do século XIX, na Inglaterra, apresenta como foco principal o meio ambiente, interpretado como todas as condições e influências externas que afetam a vida e o desenvolvimento de um organismo, capazes de prevenir, suprimir ou contribuir para a doença e a morte. Nightingale acreditava que fornecer um ambiente adequado era o diferencial na recuperação dos doentes, e é este preceito que fundamenta a Teoria Ambientalista. Assim, a teórica tornou-se conhecida pelos seus atos que trouxeram resultados inovadores ao tratamento de doentes. https://pt.wikipedia.org/wiki/Enfermagem https://pt.wikipedia.org/wiki/1959 https://pt.wikipedia.org/wiki/1985 9 (AOCP - EBSERH/HC-UFG – Enfermeiro) Os modelos teóricos e as teorias de enfermagem são ferramentas que possibilitam a operacionalização da sistematização da assistência de enfermagem por meio da aquisição de um referencial teórico. No Brasil, Wanda Horta, fundamentada na teoria da motivação humana de Maslow, elaborou o modelo conceitual A) do déficit do autocuidado. B) da ciência humanista da enfermagem. C) das necessidades humanas básicas. D) do cuidado transcultural. E) do processo interpessoal. Resposta Correta: C) das necessidades humanas básicas Comentário: Maslow fundamentou, em meados das décadas de 1930-1940, um conceito sobre necessidades humanas. Após ter sido solicitado a estudar empregado de uma fábrica, objetivado idealizar propostas para aumento de produtividade, constatou que a melhora no desempenho das funções estava associada ao grau de motivação que os funcionários apresentavam para o trabalho A Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta fundamenta-se na Teoria da Motivação, do psicólogo Abraham Maslow. Wanda Horta (1926-1981) foi uma enfermeira brasileira, doutora em Enfermagem em 1968 pela Escola de EnfermagemAnna Nery, Rio de Janeiro, com a tese: a observação sistematizada na identificação dos problemas de Enfermagem em seus aspectos físicos. Horta fundamentou o que mais tarde viria a ser conhecido como o Processo de Enfermagem e, com isso, deu grande passo para a consolidação da profissão enquanto ciência. (AOCP - EBSERH/MEAC e HUWC-UFC - Enfermeiro – Cardiologia) Teoria de enfermagem é a conceitualização de aspectos da enfermagem comunicados com a finalidade de descrever, explicar, diagnosticar e prescrever cuidado de enfermagem. Relacione a idealizadora à sua teoria, e assinale a alternativa com a sequência correta. 1. Myra Levine. 2. Florence Nightgnale. 3. Wanda Horta. 4. Dorothea Orem. 5. Calista Roy. ( ) Teoria da Adaptação. ( ) Teoria das Necessidades Humanas Básicas. ( ) Teoria Ambientalista. ( ) Teoria Holística. ( ) Teoria do Autocuidado. A) 5-2-3-1-4.B) 5-3-2-1-4. C) 1-3-2-4-5. D) 2-3-1-4-5. E) 4-1-2-3-5. Resposta Correta: 10 B) 5-3-2-1-4. Comentário: As teorias acima mencionadas abordam o seguinte: Myra e Levine 1967- O holismo mantido conservando a integridade ; Florence Nightignale 1860: O enfermeiro deve manipular o ambiente do paciente para facilitar os "processos reparadores do corpo". Wanda A. Horta 1970- Necessidades humanas básicas; Dorothea E. Orem 1971- Déficit do Autocuidado; Irmã Calista Roy 1979- Identificar os tipos de demanda colocados sobre o paciente, analisar a adaptação ás demandas e ajudar o paciente a se adaptar. Estímulos rompem com um sistema adaptativo. 2. Noções básicas de saúde e doença A competência profissional na área da Enfermagem é fator importante para elevar o nível de saúde da população, o qual depende do alcance do profissional para evitar problemas de saúde ou para resolver os que se apresentam. Faz-se necessário que o enfermeiro conheça sua área de atuação frente a prevenção e os diferentes fatores que determinam as condições de saúde do indivíduo. Tendo presente tais aspectos, são importantes estudos que sinalizem problemas na formação profissional, como fator indispensável à permitir adaptações constantes às reais necessidades da população, a quem se destina o trabalho. SAÚDE [Do lat. salute, 'salvação', 'conservação da vida']. O conceito de saúde pode ser descrito como o padrão dinâmico de funcionamento, em que existe uma contínua interação das forças internas e externas que resulta no uso ideal de recursos necessários e serve para minimizar as vulnerabilidades. A ênfase deve ser colocada sobre a prevenção e a reabilitação, tendo o bem-estar como meta para toda a vida. Ao realizar as ações de enfermagem através de uma abordagem holística, o profissional de enfermagem ajuda o cliente a adquirir um estado de saúde. No entanto, para desempenhar efetivamente essas ações, o profissional de enfermagem deve identificar corretamente as faltas ou as deficiências relativas à saúde que o cliente está apresentando. Essas faltas ou deficiências são as necessidades de saúde do cliente. 11 Comumente, em nível de organismo tem-se por definição de saúde como sendo a do estado oposto ao da doença e, em decorrência corresponderia a conceito que se subordina à ausência desta. As situações ideais têm inspirado conceituações de saúde. Não obstante, incidem invariavelmente em deficiências que tendem a se acentuar, à medida que se aprofundam no terreno da imprecisão dos enunciados. A mais potente nesse sentido, e talvez a mais difundida, vem a ser a que foi elaborada pela OMS e que figura no preâmbulo de sua Constituição. Diz ela que saúde vem a ser "o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença". É evidente a falta de precisão, em especial no que concerne ao significado da expressão "completo bem-estar". Certamente, este pode variar de acordo com o indivíduo, o tempo e o espaço. Em outras palavras, o que é bom para um não é obrigatoriamente para outro, e nem a presença de bem-estar significa a ausência de doença. Por esta definição, é difícil medir o nível de saúde da população porque as pessoas não permanecem constantemente em completo bem-estar. Também, porque os níveis de bem- estar dependem de inúmeras variáveis existentes no ambiente físico, mental e social do indivíduo. A OMS diz ainda que “o gozo do grau máximo de saúde que se pode desejar é um dos direitos fundamentais de todo ser humano, independente de raça, religião, ideologia política ou condição socioeconômica”. Os conceitos de “saúde” e “doença” não estão, pois, em oposição simples; não se pode mais identificar o conceito de “saúde” com o conceito de “normal”. A noção de estado normal encontra-se claramente sujeita a características próprias do organismo e que são essencialmente variáveis. Dentro dessa gama de variações é que está incluída a normalidade, tanto física como fisiológica. Acrescente-se também à ocorrência de 12 flutuações do estado normal de acordo com as circunstâncias, como é o caso do volume sanguíneo na prenhez e fora dela, e dos processos de aclimatação. Se aceitássemos que saúde é apenas ausência de doença, estaríamos aceitando também que para ter saúde basta não ter doença. A partir daí, provavelmente acharíamos que para solucionar os problemas de saúde precisaríamos apenas curar as doenças. Deve-se pensar na saúde em uma escala graduada porque todos possuem algum grau de saúde: em excelentes condições, razoavelmente bem, com alguma perturbação, e enfermos. Portanto, a saúde é um processo dinâmico em que o homem luta contra as forças que tendem a alterar o equilíbrio da sua saúde; é o ajustamento dinâmico satisfatório às forças que tendem a perturbá-lo. O complexo processo de redução da saúde não é provocado por fatores simples ou específicos, mas pelo resultado da ligação contínua entre causas e efeitos. Para considerar o indivíduo com saúde, é necessário que ele atinja um nível excelente de ajustamento e equilíbrio entre o homem, os agentes e o meio ambiente. Do ponto de vista teórico, a saúde representa um conceito coletivo. Em resumo poder- se-ia dizer que ela resulta do equilíbrio entre todos os fatores sociais, psíquicos e físicos considerados em determinado momento, não dependendo apenas de funcionamento satisfatório dos órgãos, mas também da personalidade do paciente e do contexto social em que vive. 13 A VIII Conferência Nacional de Saúde (1988) ampliou significativamente o conceito, incluindo nele não só as condições de vida (alimentação, habitação, trabalho...) mas, também, direitos ligados ao acesso universal e igualitário à ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde e exigências ligadas a uma política nacional de saúde. Não se pode reduzir o conceito de saúde a uma fórmula simplista de utilização universal. Os fatores que a determinam são de ordem biológica, psicológica e social, tais como: alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. Esses fatores podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida, que irão interferir na saúde individual e coletiva. Assim sendo, para se poder chegar à definição mais precisa de saúde, convirá esclarecer, da melhor maneira possível, o que vem a ser o estado de doença. Daí a definição de doença como sendo o conjunto de fenômenos desenvolvidos em organismos, associados a uma característica, ou série de características comuns, que diferenciam esses organismos dos normais da mesma espécie, e de maneira a situá-los em posição biologicamente desvantajosa em relação àqueles. A doença é um processo anormal no qual o funcionamento de uma pessoa está diminuído ou prejudicado em uma ou mais dimensões. É o resultado do desequilíbrio entre o homem e o meio físico, mentale social. 14 A resposta à questão sobre o conceito de doença deverá obrigatoriamente levar em conta esse fenômeno como processo resultante de respostas a estímulos ou agentes, originários de várias condições ambientais. Aquelas por sua vez, sujeitas à influência do patrimônio gênico. Quando a resposta ultrapassar os limites da normalidade levará à situação de doença, com seus diversos quadros patológicos e clínicos. Sob o ponto de vista ecológico, pois, o estado de doença nada mais seria do que consequência de mecanismo de adaptação. O organismo humano apresenta várias feições de natureza adaptativa que ainda não lograram atingir nível completo. Assim sendo, é de se considerar como ponderável, o papel desempenhado pelo processo de adaptação, na gênese do estado de doença ou, em termos gerais, de agravo à saúde. Em decorrência, pode-se estabelecer a definição de saúde, em termos ecológicos, e que pode ser enunciada como a perfeita e contínua adaptação do organismo ao seu ambiente. A instalação da enfermidade, como etapa da doença ou agravo, corresponde ao advento da sintomatologia corresponde ao quadro clínico e consequentemente, à sobrevinda da desabilidade funcional. Os estados de saúde e de doença decorrem da interação dos fatores: • HOMEM – portador de características inerentes ou adquiridas (hereditariedade, imunidade, nível de nutrição). Hospedeiro, que pode ser ou não, susceptível a uma doença em particular. • AGENTES – Qualquer fator, interno ou externo, que por sua presença ou ausência pode levar à doença ou à indisposição. Animados (vírus, bactérias, fungos), inanimados (calor, frio, tóxicos, acidentes, substâncias nocivas). Biológicos, químicos, físicos, mecânicos e psicossociais. • FATORES DE RISCO – Para que a doença tenha início, são necessários fatores especiais. A patogenicidade dos agentes infecciosos irá determinar maior ou menor consequência para o hospedeiro. Pode tornar mais provável que uma pessoa ou um grupo contraia uma doença. História familiar do hospedeiro, idade, estilo de vida, etc. 15 • MEIO AMBIENTE – Todas as causas que contribuem para o aparecimento de uma doença estão relacionadas com o meio. (físico, biológico, sociocultural). O meio pode tornar a doença mais ou menos provável para uma pessoa ou grupo. Esses fatores estão em constante interação com a saúde e a doença. Ninguém consegue estar completamente livre de todos os agentes de doenças. Mas os mecanismos de defesa do corpo e da mente, quando se está saudável, permite-nos resistir ou minimizar o risco de tais agentes, dependendo dos fatores ambientais e do hospedeiro. Cada fator pode ser alterado pelos outros dois fatores. 3. O hospital O termo Hospital origina-se do latim hospitiu, que quer dizer “local onde se hospedam pessoas”, em referência a estabelecimentos fundados pelo clero no séc. IV d.C., cuja finalidade era prover cuidados a doentes e oferecer abrigo a viajantes peregrinos. No decurso da história, o hospital surgiu com a qualificação apenas de albergue, de hospedaria, onde os desprotegidos da sorte eram recolhidos, cuidados e alimentados. Não se tratava de recebê-los porque estavam doentes e necessitavam de tratamento. Ao contrário, aqueles que requeressem tratamento médico, permaneceriam em suas casas onde eram visitados por profissionais da época e lá tratados, tanto clínica como cirurgicamente. Durante muitos anos os hospitais continuaram a desempenhar exclusivamente a função de albergue. Com o aparecimento das moléstias contagiosas e outras doenças, começou-se a pensar em isolamentos, e estes mais como defesa da sociedade. Houve então a necessidade de local 16 mais adequado para receber pessoas acometidas de males físicos onde houvesse pessoal que pudesse proporcionar melhor assistência e tratamento. Nos dias de hoje, o hospital e definido segundo a O.M.S. como elemento de uma organização de caráter medico social, cuja função consiste em assegurar assistência médica completa, curativa e preventiva a população e cujos serviços externos se irradiam até a célula familiar considerada em seu meio; e um centro de medicina e de pesquisa biossocial. Hospital é um estabelecimento próprio para internação e tratamento de doentes ou de feridos, que deve agir com hospitalidade e benevolência (HOUAISS, 2004). Segundo o Ministério da saúde, hospital é definido como “estabelecimento de saúde destinado a prestar assistência sanitária em regime de internação a uma determinada clientela, ou de não- internação, no caso de ambulatórios e outros serviços”. “Empresa de prestação de serviços, dentro do mais profundo sentido humano, do amor e da caridade”. Segundo Mirshawaka (1994), o hospital deve ser encarado sob a forma de uma instituição dotada de planta física, equipamento e organização adequado à recepção de pacientes em regimes de internação como ao seu tratamento a fim de devolvê-lo à comunidade em condições satisfatória de saúde. Hospital é parte integrante de um sistema de saúde que tem a finalidade de oferecer assistência preventiva e curativa e reabilitar o indivíduo, sua família e a comunidade. 17 3.1. Funções do hospital Para sua sobrevivência e bom funcionamento, desenvolve atividades semelhantes a outras empresas: • Técnicas - gerando a produção do serviço. É o próprio “fazer” na instituição. • Comercial - porque as atividades são remuneradas, o serviço é cobrado do cliente. • Financeiro - envolvendo entrada e saída de capital. • Segurança - porque há necessidade de proteção do paciente, do pessoal que atua ou frequenta a instituição. A segurança deve ser entendida em sentido amplo, inclusive proteção quanto às infecções hospitalares e acidentes, danos ao material e equipamentos. • Contabilidade - oferecendo transparência do movimento financeiras, inclusive estatísticas de atendimentos, cuidados prestados e procedimentos adotados. • Administrativas - uma vez que as atividades hospitalares necessitam serem planejadas, organizadas, coordenadas, controladas e ter um comando. Estas atividades contribuem para garantir a prestação de serviço e atender às funções do Hospital: ➢ Função preventiva: Nesta função o hospital desenvolve atividades de prevenção não só com o objetivo de ajudar o cliente, como também seus familiares. Ocorre, principalmente, por meio de orientação e controle ambulatorial. Estabelecem programas que incluem: • Supervisão da gravidez normal e do parto; • Supervisão do crescimento normal e do desenvolvimento da criança e do adolescente; • Controle das doenças contagiosas; • Prevenção das doenças de longa duração; • Prevenção da invalidez física e mental; • Educação sanitária; • Saúde ocupacional; • CCIH -Instituída em 1991, de caráter obrigatório. 18 ➢ Função educativa: Pela educação sanitária e prática de saúde pública, centrada no paciente, na família e na comunidade, formando e aperfeiçoando profissionais de saúde e colocando em prática os conhecimentos teóricos e as inovações relacionadas à saúde. • Campo prático para estudantes dos cursos da área de saúde e ainda, psicologia, serviço social, administração, ciências contábeis, ciências da computação, engenharia biomédica, ciências jurídicas, terapia ocupacional, engenharia sanitária, em todos os seus níveis, técnico, graduação e pós-graduação; • Educação continuada dirigida à equipe que trabalha na instituição; • Educação em saúde dirigida ao público em geral. ➢ Função restaurativa: Visa proporcionar condições para o paciente retornar ao seu meio e às suas atividades. Nesta função o hospital desenvolve atividades de: • Diagnóstico - em serviço de ambulatório e internação; • Tratamento de doenças-curativo e paliativo, envolvendo atividades cirúrgicas, clínicas e especiais; • Reabilitação física, mental e social; • Tratamentode urgência e emergência - acidentes e doenças. ➢ Função pesquisadora: A função de pesquisa do hospital é bastante ampla, realizando pesquisas relacionadas a: • Aspectos físicos, psicológicos e sociais da saúde e da doença; • Atividades hospitalares, processos de trabalho, produtos terapêuticos, procedimentos técnicos e atividades administrativas; • Pesquisas acadêmicas em todas as áreas e níveis. ➢ Função curativa: Quase sempre possui um serviço de emergência, bem como de diagnóstico e tratamento de diversas moléstias. 19 3.2. Classificação dos hospitais A classificação de hospitais envolve aspectos administrativos, estrutura física, recursos humanos e o desempenho da instituição. Existe uma série de critérios para classificar os hospitais. A vantagem da classificação é permitir o estabelecimento de condições mínimas para ser autorizado o funcionamento do hospital. ➢ Especialidades: De acordo com as especialidades existentes o hospital pode ser classificado como: • Geral-Destinado a prestar assistência nas quatro especialidades médicas básicas: clínica médica, clínica cirúrgica, clínica gineco - obstétrica, clínica pediátrica. Podem ser limitadas a um grupo etário. • Especializados-Capacitados a atenderem pacientes predominantemente de uma especialidade, como, por exemplo: psiquiatria, oncologia, maternidade, neurologia, etc. Atualmente a tendência é colocar os pacientes com qualquer tipo de patologia nos hospitais gerais. ➢ Número de leitos: Quanto ao número de leitos, o hospital pode ser classificado em porte: • Pequeno-até 50 leitos; • Médio-51 a 150 leitos; • Grande - de 151 a 500 leitos; • Porte especial ou extra - para os que possuem acima de 500 leitos. ➢ Resolutividade ou Nível de competência: • Hospital primário - profilaxia, prevenção e clínica básica, com baixo grau de resolução de problemas de saúde. • Hospital secundário-Geral ou especializado, com assistência nas especialidades médicas básicas. Geralmente, oferece alto grau de resolução de problemas de saúde de seus pacientes no próprio hospital. 20 No Brasil, na área hospitalar, 80% dos estabelecimentos que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) são privados e 75% da atenção ambulatorial é prestada pela rede de hospitais públicos. • Hospital terciário - especializado ou com especialidades. Destina-se ao atendimento também em outras áreas médicas além das especialidades básicas. ➢ Propriedade: • Hospital público ou oficial - Aquele que integra o patrimônio da União, estados, distrito federal e municípios; autarquias, fundações instituídas pelo poder público, empresas públicas e sociedade de economia mista (pessoa jurídica de direito privado). • Hospital privado ou particular - Integra o patrimônio de uma pessoa natural ou jurídica de direito privado, não instituída pelo poder público. O hospital privado pode ter finalidades lucrativas, beneficentes ou não, filantrópicas ou mistas. - Beneficentes ou não - mantidos com contribuições e doações particulares, para prestação de serviços a seus associados (revertidos na manutenção e desenvolvimento de objetivos sociais); podem prestar serviços a terceiros (SUS, convênios); - Filantrópico - presta serviços para população carente, por intermédio do SUS, respeitando a legislação em vigor, não visando o lucro. ➢ Tempo de permanência do paciente: • Hospital de longa permanência - é aquele em que o tempo médio de permanência do paciente, em geral, ultrapassa 30 dias. • Hospital de agudos ou de curta permanência-o tempo médio de permanência do paciente, em geral, não ultrapassa 30 dias. ➢ Integram a rede hospitalar, as seguintes unidades: • Hospital Unidade Sanitária - É o serviço que associa as funções de saúde pública e de internações; • Hospital Local - Destina-se a servir a uma população igual ou superior a 20 mil habitantes; 21 • Hospital Regional - Destina-se a prestar assistência de padrão superior a do hospital local; • Hospital de base - Destina-se a constituir o centro de coordenação e integração da assistência hospitalar de uma zona, devendo estar capacitado tanto para prestar assistência especializada, como para formar e aperfeiçoar pessoal da área hospitalar; • Hospital de Ensino - É o hospital que apóia as atividades práticas dos cursos da área de saúde. 4. Ambiente hospitalar Para que o paciente receba todos os cuidados de que necessita durante sua internação hospitalar deve haver não só o envolvimento de diversos serviços integrados, mas também equipes de profissionais competentes - corpo clínico, equipe de enfermagem, serviço de nutrição e dietética, etc. O ambiente hospitalar é considerado um local de trabalho insalubre onde pacientes e profissionais estão expostos a agressões de diversas naturezas: agentes físicos (radiações de raio X e radioativos), químicos (medicamentos e soluções) e biológicos (microrganismos). O hospital possui características próprias que o diferenciam das outras instituições. Suas áreas funcionais devem ser interdependentes e se inter-relacionarem, de forma a favorecer o funcionamento eficiente de todos os seus componentes como um todo e não se constituir de um somatório de partes desagregadas. O hospital terá maior ou menor número de seções ou setores, dependendo da sua capacidade ou do número de especialidades oferecidas. Num hospital geral de grande porte normalmente encontramos os seguintes setores: 22 4.1. Unidade de internação O Ministério da Saúde (1977) define como unidade de internação “o conjunto de elementos destinados à acomodação de pacientes internados e que englobam facilidades adequadas à prestação de cuidados necessários a um bom atendimento. Dependendo da forma adotada para agrupar os pacientes ou da complexidade da assistência requerida, por número, tipo e qualificação de especialistas, suas dependências físicas podem sofrer alterações. A disposição do espaço e das instalações pode variar, de acordo com a finalidade da unidade. Num hospital as unidades são compostas por vários elementos, como: quartos, enfermarias ou apartamentos, posto de enfermagem e prescrição médica, sala de serviço, sala para chefia de enfermagem, sala de exames e curativos, sala de utilidades, rouparia, copa, depósito de materiais e equipamentos, sanitários para os clientes e para o pessoal de enfermagem de ambos os sexos, sala para relatório e prescrição de enfermagem médica, quarto de isolamento com sanitário e chuveiro anexo, antecâmara com lavatórios e vaso, quarto para um leito com sanitário e chuveiro anexo, quarto para dois leitos com sanitário e chuveiro anexos, enfermaria para três e no máximo seis leitos com sanitário e chuveiro anexos, refeitório e/ou sala de estar para clientes e outros. 4.2. Padrões recomendados pelo ministério da saúde para a unidade de internação ✓ Quarto - Pode ser privativo (apartamento ou suíte), semi-privativo (2 a 3 leitos) e enfermaria (4 ou mais leitos). É a dependência destinada a internar um ou dois pacientes e seu acompanhante, nunca mais de duas pessoas. 23 ✓ Enfermaria - é o compartimento ou cômodo destinado a receber três ou mais pacientes, porém nunca mais de oito. ✓ Leito - É a cama numerada e identificada destinada à internação de um paciente dentro de um hospital, localizada em um quarto ou enfermaria, que se constitui no endereço exclusivo de um paciente durante sua estadia no hospital e que está vinculada a uma unidade de internação ou serviço. ✓ Posto de Enfermagem - local destinado a enfermagem, para execução de atividades técnicas específicas e administrativas da unidade, além de ser o lugar onde são manuseados e guardados os prontuários dos clientes. Deve localizar-se na parte central da unidade de internação. ✓ Sala de serviço - destina-se a guardar e preparar a medicação,bem como do material utilizado na assistência do cliente. ✓ Sala de curativos - utilizada para realização de exames, curativos e a outros procedimentos executados nos clientes, principalmente para os que deambulam, pela equipe de saúde. ✓ Sala de utilidades - destinada à limpeza, desinfecção e guarda de utensílios sanitários usados no atendimento de pacientes, como: papagaio, comadres, cuba rim, bacias e outros. Pode servir também para guardar material de limpeza e roupa usada na unidade antes de recolhida para a lavanderia. ✓ Rouparia - destina-se a guarda de roupas limpas da unidade. Dependendo do tamanho da unidade de enfermagem, a rouparia pode ser desde um armário até uma sala com vários armários ou prateleiras. ✓ Copa - destina-se a distribuição das refeições, para os clientes internados e ao preparo eventual de dietas especiais. ✓ Sala de equipamentos - destinada a guarda de equipamento suplementar de uso na unidade de enfermagem, como macas, biombos, suportes de soro, focos de luz, cadeiras de roda e outros. ✓ Sanitário - é recomendado que cada quarto ou enfermaria tenha acesso direto a um sanitário que poderá servir simultaneamente a dois cômodos anexos, desde que sejam observados alguns critérios, quais sejam: deve ter, no mínimo, um vaso sanitário, uma pia, 24 1 chuveiro para cada 6 leitos. A equipe de saúde deve ter sanitário próprio (um para cada sexo) na proporção de um vaso sanitário e 1 pia para cada 10 funcionários. Recomenda ainda a previsão de lavatórios adicionais para uso frequente. ✓ Refeitório e/ou sala de estar - local destinado a servir as refeições dos clientes que não necessitam permanecer no leito, podendo ser utilizado, também como sala de estar. ✓ Isolamento - setor da unidade de internação, dotado de barreira contra contaminação e destinado a acomodar paciente suspeito ou portador de moléstia transmissível. ✓ Unidade do cliente - Espaço físico hospitalar onde o paciente permanecerá a maior parte do tempo durante seu período de internação. Composta basicamente de cama, mesa de cabeceira, cadeira, mesa de refeições e escadinha. A unidade, quando constituída de quartos individuais, deverá ter até 25 leitos. Quando tiver quartos com dois leitos a unidade poderá ter 32 leitos e quando for constituída de quartos e enfermarias, poderá ter até 40 leitos. Enfermarias com mais de quatro leitos, somente devem ser previstas para hospitais de grande porte. 4.3. Movimento de pacientes Observação hospitalar: Pacientes que permanecem no hospital sob supervisão médica e/ ou de enfermagem, para fins diagnósticos ou terapêuticos, por período inferior a 24 horas. Notas técnicas: O limite de 24 horas é o limite máximo para a observação hospitalar. Idealmente um paciente deve permanecer em observação apenas pelo tempo necessário, por exemplo, para que seja observado o efeito de um tratamento ou seja tomada uma decisão sob a internação ou não do mesmo. Os leitos de observação em geral oferecem menos condições de conforto e privacidade para os pacientes e por razões humanitárias deve-se manter o período de observação restrito ao necessário para a segurança do paciente e para a tomada da decisão clínica. 25 Internação hospitalar: Pacientes que são admitidos para ocupar um leito hospitalar por um período igual ou maior a 24 horas. 5. Equipe de saúde Para que o hospital atinja os objetivos de prevenção de doenças, restauração da saúde e ensino e pesquisa é necessário o envolvimento de diversos profissionais da saúde, os quais constituirão a equipe multiprofissional. Esta equipe é composta por um conjunto de profissionais de diversas áreas que, por meio de um trabalho integrado dos seus elementos e pela contribuição dos seus conhecimentos, presta assistência de saúde à população. O grupo é constituído, entre outros, por: médicos, equipe de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais, psicólogos, terapeutas, serviço de higiene, etc. Todos são importantes na equipe e um depende do outro para alcançar o objetivo, ou seja, o bem-estar do paciente/cliente. (EBSERH - HC – UFMG – 2014 – Enfermeiro Auditor): Segundo o Ministério da Saúde, define-se por internação hospitalar a ocupação de um leito hospitalar por período igual ou superior a (A) 6 h. (B) 12h. (C) 22h. (D) 24h. (E) 48h. RESPOSTA CERTA: (D) 24h. Comentário: A Portaria nº 312, de 30 de abril de 2002 do Ministério da Saúde diz que a internação hospitalar são os pacientes que são admitidos para ocupar um leito hospitalar por um período igual ou maior a 24 horas. Notas técnicas (1): todos os casos de óbito ocorridos dentro do hospital devem ser considerados internações hospitalares, mesmo que a duração da internação tenha sido menor do que 24 horas. Notas técnicas (2): os pacientes que têm grandes chances de permanecerem dentro do hospital por menos de 24 horas devem ocupar leitos de observação, de forma a evitar a contabilização indevida de pacientes-dia no censo hospitalar diário. 26 6. Equipe de enfermagem A equipe de Enfermagem é constituída por enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, cujas atividades estão legalmente padronizadas na lei do exercício profissional, n. 7.498, de 25 de junho de 1986 e no Decreto federal n. 94.406, de 08 de junho de 1987. 27 As atividades de Enfermagem são categorizadas conforme o nível de dificuldade e a complexidade de sua execução, e vão desde as funções mais simples, que exigem conhecimentos elementares, até as de maior complexidade e que necessitam de conhecimentos mais abrangentes e profundos, chegando às competências de julgamento e decisão. Em todas as atividades, cada componente da equipe deve desempenhar um papel compatível com seu nível de competência, imbuída de um espírito cooperativo e sempre voltada para o objeto da função da enfermagem: o paciente. 6.1. O profissional de enfermagem É um agente de mudanças: através das atividades da enfermagem ele visa encontrar relações entre o homem e o ambiente, no processo vital. Visa incorporar novos conhecimentos e processo instrucional para encontrar uma maneira de ação. O profissional de enfermagem de amanhã será diferente do de hoje, e o de hoje é diferente do de anos passados. Os novos horizontes da enfermagem exigem do profissional responsabilidade de elaboração das bases científicas desta ciência em desenvolvimento. O profissional de enfermagem deve estar motivado para acompanhar os conhecimentos e para aplicá-los, bem como para realizar investigações e pesquisas. 6.2. O técnico em enfermagem De acordo com o decreto nacional de número 94.406, artículo 10 da Lei do Exercício Profissional, o Técnico de enfermagem está apto a exercer qualquer atividade que seja de nível técnico que sejam atribuídas à equipe do setor de enfermagem de um hospital ou casa de saúde. Desta forma, ele pode assistir ao enfermeiro em qualquer necessidade que ele necessite, auxiliando lhe na orientação da equipe de enfermagem, na supervisão de programas em exercício no seu plantão, etc. 28 Como se pode observar, o técnico de enfermagem pode exercer funções de igual forma que um enfermeiro as pode realizar, porém, existe uma hierarquia que não os permite assinar ou se responsabilizar por qualquer prescrição para nenhum paciente, apenas assisti-los da melhor maneira possível. Os profissionais Técnicos em Enfermagem com exercício regulamentado por lei, integram uma equipe que desenvolve, sob a supervisão do Enfermeiro, ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação referenciadas nas necessidades de saúde individuais e coletivas, determinadas pelo processo gerador de saúde e doença. Os profissionais deverão apresentar (Princípios): _______________ Suas atividades profissionais são desempenhadas eminstituições de saúde bem como em domicílios, sindicatos, empresas, associações, escolas, lar de idosos e outros. Para atender às exigências educacionais demandadas pelo mundo do trabalho, os profissionais Técnicos em Enfermagem deverão receber uma formação ampla, sistêmica, constituída por competências gerais e específicas que lhes permitam acompanhar as transformações da Área. 29 Cabe ao técnico de Enfermagem: 1. Participar das atividades de assistência básica realizando procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc); 2. Realizar ações de educação em saúde a grupos específicos e a famílias em situação de risco, conforme planejamento da equipe; 3. Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da Unidade. (EBSERH/HE-UFPEL – AOCP – 2015) O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de Enfermagem, em grau auxiliar, e participação no planejamento da assistência de Enfermagem, cabendo-lhe especialmente: (A) cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida. (B) prescrição da assistência de Enfermagem. (C) participar da programação da assistência de Enfermagem. (D) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem. (E) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anestesia local, quando necessária. RESPOSTA CERTA: (C) participar da programação da assistência de Enfermagem. Comentário: De acordo com a Lei do exercício profissional DECRETO N 94.406/87 no Art. 10 – O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível médio técnico, atribuídas à equipe de Enfermagem, cabendo-lhe: I – assistir ao Enfermeiro: a) no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência de Enfermagem; b) na prestação de cuidados diretos de Enfermagem a pacientes em estado grave; c) na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral em programas de vigilância epidemiológica; d) na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar; e) na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser causados a pacientes durante a assistência de saúde; f) na execução dos programas referidos nas letras “”i”” e “”o”” do item II do Art. 8º.II – executar atividades de assistência de Enfermagem, excetuadas as privativas do Enfermeiro e as referidas no Art. 9º deste Decreto:III – integrar a equipe de saúde. 7. Instrumentos básicos na enfermagem Existem alguns instrumentos básicos que são indispensáveis ao profissional de enfermagem para que possa dar a assistência de enfermagem em qualidade e quantidade 30 que se espera. Esses instrumentos básicos são as habilidades, conhecimentos e atitudes indispensáveis para a execução de uma atividade. Na enfermagem estes instrumentos podem ser enumerados. Sua sequência não significa hierarquia, pois todos têm o mesmo valor: observação, comunicação, aplicação do método científico, aplicação de princípios científicos, destreza manual, planejamento, avaliação, criatividade, trabalho em equipe, utilização dos recursos da comunidade. A equipe de Enfermagem é constituída por enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, cujas atividades estão legalmente padronizadas 8. Comunicação e enfermagem A comunicação é de suma relevância para o atendimento ser humanizado. Normalmente, os pacientes ou seus acompanhantes observam os profissionais que prestam o cuidado, portanto a boa comunicação é imprescindível. A comunicação é uma habilidade humana que torna possível a manifestação e exteriorização do que se passa na vida interior. Graças a essa habilidade de perceber e de comunicar, o homem enriquece o seu referencial de conhecimentos, transmite sentimentos e pensamentos, esclarece, interage e conhece o que os demais pensam, necessitam e sentem. Antes de o homem desenvolver a linguagem falada, já expressava suas necessidades básicas, sentimentos e crenças, por meio da linguagem gestual e de expressões faciais. A 31 comunicação interpessoal ocorre no contexto da interação face a face. Entre os aspectos envolvidos nesse processo, estão as tentativas de compreender o outro comunicador e de se fazer compreendido. Por isso, não existe comunicação totalmente objetiva. Ela se faz entre pessoas, e calda pessoa é um mundo à parte com seu subjetivismo, suas experiências, sua cultura, seus valores, seus interesses e suas expectativas. Ouvimos e vemos conforme a nossa percepção. Assim, um indivíduo não pode não se comunicar. Parar ou mover-se, calar ou falar, dentro de um contexto, possui valor de mensagem, ou seja, têm significado. Podemos dizer, então, que comunicar é o processo de transmitir e receber mensagens. A valorização e o aperfeiçoamento da habilidade de comunicar-se assumem proporções cada vez mais relevantes, pois seu cultivo e utilização são indispensáveis para a execução de qualquer ação, por mínima que seja e por mais elementar que possa parecer. A comunicação enquanto processo, mobiliza todas as ações humanas, constituindo-se em fundamento à organização e ao funcionamento de todos os grupos sociais. Comunicar significa tornar comum a uma ou mais pessoas uma determinada informação ou um conjunto de dados com um significado que reduz a incerteza ou aumenta o conhecimento acerca de alguma coisa. Por outro lado, o ato de comunicar não deve ser visto apenas como um processo de transmissão e entendimento de informações, mas, também, como uma maneira de possibilitar o entendimento entre as pessoas, essencial para exercer influência sobre os indivíduos e grupos a apresentarem determinados comportamentos. A comunicação apresenta um papel de destaque nos instrumentos básicos. Por intermédio da comunicação é que são sustentados os relacionamentos interpessoais, aplicáveis tanto em relação à interação social que se estabelece entre amigos, como em relação aos vínculos profissionais que o profissional estabelece com o paciente/cliente, com o público, com outros profissionais. Sendo a comunicação um meio de relacionar-se com pessoas compete ao profissional desenvolver proficiência nesta técnica muitas vezes pouco explorada, mas tão importante, quanto os outros procedimentos constitutivos de sua formação profissional. Comunicar-se com o paciente/cliente, comunicar-se com os demais elementos que compõem o universo do ambiente terapêutico são condições indispensáveis ao processo de 32 resolução de problemas específicos do paciente/cliente, agindo de acordo com o que ele precisa, correspondendo às suas reais necessidades como pessoa. O processo de comunicação permite que as ações não sejam executadas de forma indiscriminada, casual e arbitrária, mas sim de forma específica, com vistas ao atendimento das necessidades individuais. A comunicação se dá no processo do relacionamento entre pessoas permitindo-nos um maior conhecimento no que diz respeito aos sentimentos, emoções e opiniões sobre o outro, fazendo com que percebamos que a interação é a base desse processo. Concordamos com Lucena e Goes (1999), quando dizem que a comunicação na área da saúde é uma estratégia de uso constante no cotidiano do profissional de saúde. Primeiro, a comunicação estabelece um relacionamento terapêutico, porque implica na condução de informações e a troca de pensamentos e sentimentos. Segundo, a comunicação é um meio pelo qual as pessoas influenciam o comportamento das outras, tornando assim possível um bom resultado da intervenção de enfermagem direcionada a promover a alteração comportamental adaptativa. Terceiro, a comunicação é o próprio relacionamento. Isso torna o tratamento mais eficiente, porquedessa maneira o profissional de saúde saberá como conduzir o paciente sem receios. Armelin (2000) relata que o profissional de saúde pode facilitar o aumento da autoestima do paciente, através da comunicação terapêutica. Quando a comunicação faz parte do dia a dia do trabalho do profissional de saúde, o paciente passa a vê-lo como uma pessoa capaz de ajudá-lo em todos os momentos, além do que, isto irá possibilitar uma recuperação mais rápida para o paciente. Lucena e Góes (1999) e Tigulini e Melo (2002) definem a comunicação como sendo a principal característica para o relacionamento humano, e para que ocorra desta maneira o enfermeiro deve estar consciente do seu papel nesse processo que exige além de procedimentos técnicos, escuta e atenção adequada. 33 NÍVEIS DE COMUNICAÇÃO: 1. Comunicação verbal: ocorre através das palavras, escritas ou faladas, e é essencial entre o enfermeiro e o cliente. 2. Comunicação não verbal: ocupa todos os cinco sentidos e engloba tudo que não envolve a palavra escrita ou falada. As cinco categorias são: • Indícios vocais são ruídos e sons paralingüísticos ou extrafala. • Indícios de ação são todos os movimentos do corpo, incluindo a expressão facial e postura. • Indícios de objeto são o uso, intencional ou não, de objetos por uma pessoa, como roupas ou outros pertences. • Espaço é a distância física entre duas pessoas • Toque é o contato físico entre duas pessoas, sendo a comunicação não verbal mais pessoal. Estudos feitos sobre a comunicação verbal estimam que 7% dos pensamentos são transmitidos por palavras; 38% por sinais paralinguísticos e 55% pelos sinais do corpo. Os sinais paralinguísticos - por exemplo, a entonação da voz, velocidade com que as palavras são ditas, suspiros, grunhidos, tosse provocada por tensão - revelam sentimentos, características da personalidade, atitudes, formas de relacionamento interpessoal e autoconceito. Em relação aos sinais do corpo, a cinestesia compreende os movimentos, desde gestos, movimentos dos membros e cabeça até as expressões faciais. A maneira com que o profissional se expressa, o olhar nos olhos do outro, faz muita diferença para quem recebe a informação. A finalidade de utilizarmos a comunicação não- verbal é complementar à verbal e permitir que o relacionamento entre as pessoas se torne afetuoso, harmônico e positivo. 34 (FCC - Tribunal Regional do Trabalho / 5ª Região - Analista Judiciário - Área Apoio Especializado - Especialidade: Enfermagem – 2013) A mãe de uma criança que está de alta hospitalar recebe diversas orientações, como a do procedimento de administração, em casa, da medicação via oral prescrita para seu filho. O enfermeiro, a fim de explicar detalhadamente o procedimento, fala, escreve, desenha, gesticula e utiliza um manequim infantil e objetos apropriados para simular tal procedimento. Após as orientações, pergunta à mãe se esta compreendeu, solicitando à mesma que explique e demonstre o que foi orientado. Segundo SILVA (2002), neste processo comunicativo ocorre, dentre outros, a utilização de códigos: A) primários, como a comunicação por meio de gestos. B) licitatórios da informação, como a simulação do procedimento realizada pelo profissional. C) artefatuais, como o uso de objetos para simulação do procedimento. D) do plágio, como a demonstração do procedimento pela mãe da criança. E) cursivos como a comunicação por meio da escrita e do desenho. Resposta Correta: C) artefatuais, como o uso de objetos para simulação do procedimento Comentário: Os artefatos são os objetos no ambiente que podem fornecer alguma forma de estímulo para os comunicadores. A comunicação verbal é realizada através de palavras expressas tanto através da linguagem escrita como da falada, devendo ser clara, a fim de que o outro compreenda a mensagem transmitida. A comunicação não-verbal ocorre quando há interação com outro sem a utilização de palavras, esta interação possui significados para o emissor e para o receptor. É realizada através de expressões faciais, de gestos, da disposição dos objetos em um ambiente, das posturas corporais. A comunicação não-verbal tem por finalidades básicas: complementar o verbal, substituí-lo, contradizê-lo ou demonstrar sentimentos. 9. Humanização nos serviços de saúde Humanizar a assistência significa agregar, à eficiência técnica e científica, valores éticos, além de respeito e solidariedade ao ser humano. Atualmente, as propostas de humanização dos serviços de saúde nos levam a refletir sobre o tipo de atendimento prestado aos pacientes nas diversas áreas, com profissionais que apesar de humanos, muitas vezes, prestam cuidados de forma desumana ou pouco humanizadas. De acordo com a OMS, a qualidade em saúde é definida como um conjunto de atributos que inclui um alto nível de excelência profissional, o uso eficiente de recursos, oferece um mínimo de riscos ao paciente e um alto grau de satisfação dos usuários. Para isso, é 35 necessário a preservação dos direitos do paciente e o direito de ser tratado como ser humano. A Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde entende por humanização “a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde e enfatiza a autonomia e o protagonismo desses sujeitos, a co-responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão“. CRITÉRIOS PARA A “HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR: • Não haver longas esperas para atendimento; • Comunicação eficiente; • Informações claras e rápidas; • Resolutividade; • Ambiente limpo e acolhedor; • Atenção integral, não vendo apenas a doença, mas o indivíduo todo; • Respeito entre profissionais; • Boas condições de trabalho; • Equipes integradas; • Valorização do profissional; • Educação continuada; • Garantir a participação do usuário e da família no processo de recuperação; • Trabalhar a autoestima. Normalmente observa-se uma preocupação dos dirigentes destas áreas focada na obtenção de equipes treinadas, com desenvolvimento técnico e científico avançados, 36 atualizações constantes, utilização de diretrizes assistenciais e protocolos. Não se tem contemplado a personalização do indivíduo no seu aspecto mais humano, pois está voltado somente para a patologia do paciente. Cabe a cada profissional ater-se a esse aspecto e não tratar somente a doença, e, sim, o paciente, evitando um atendimento mecanizado, que pode ser eficiente, porém muito pouco humanizado. A humanização dos profissionais tem que ser fator principal para tornar o atendimento uma experiência agradável. Podem ser citados alguns comportamentos incondizentes com o profissional da área da saúde durante o atendimento ao paciente ou acompanhante/familiar, demonstrando grandes falhas na humanização: • Apatia – ocorre quando o funcionário não demonstra que se importa com o paciente/acompanhante, sem resolver seu problema. Os familiares solicitam informações sobre o paciente, tendo como resposta apenas que não pode entrar. Este descaso pode provocar desentendimentos e discussões inoportunas. • Má vontade – os funcionários tentam livrar-se do paciente, sem resolver seu problema. • Frieza - o atendimento é frio e distante, o indivíduo é tratado de forma desagradável. Não há interação nem emoção na comunicação. • Desdém – Se dirigir para o paciente em uma postura de cima para baixo, como se eles nada soubessem, como se fossem crianças, provocando a ira daqueles que procuram atendimento. • Robotismo – o profissional deixa de agir como ser humano e repete a mesma coisa, da mesma maneira, com os mesmos movimentos, como se estivesse em outro lugar. Há total falta da personalização do atendimento. • Demasiado apego as normas – “Sinto muito, mas nãopodemos ser flexíveis”, “desculpe são as regras da casa”. Não quebrar regras, ignorando que, muitas vezes, uma visita, uma informação, pode ser o diferencial em um atendimento. • Jogo de responsabilidades – Frases como “não é do meu setor” ou “não é comigo, procure fulano” são bastante comuns. A falta de compromisso com o trabalho é nítida, levando a uma não-resolução. Os pacientes são mandados de um lugar para o outro, sem nunca resolver o problema. 37 Prestar assistência à saúde e à vida é função de qualquer instituição de saúde, e não à morte e à doença. Assim, as pessoas não são patologias ou objetos de investigação científica, são sujeitos e a razão do tratamento que está sendo oferecido. Cabe a cada um saber reconhecer e questionar o tipo de atendimento que está sendo prestado no local de trabalho e transformar em melhorias contínuas para que o processo de humanização se estabeleça. Humanizar é cuidar do paciente como um todo, englobando o contexto familiar e social, incorporando e respeitando os seus valores, esperanças, aspectos culturais e as preocupações de cada um. Humanizar é também garantir a qualidade da comunicação entre paciente, família e equipe. Significa ter uma escuta ativa para com o outro, compreendê-lo na sua singularidade e nas suas necessidades, para que ele se sinta reconhecido e considerado. 9.1. Premissas básicas da humanização • Cada indivíduo é único e tem necessidades e valores específicos. • O paciente e sua família são as próprias fontes de conhecimento das suas necessidades. • Manter a dignidade do paciente, como ser humano, a qualquer custo. • A privacidade do paciente e da família deve ser respeitada. • Respeitar as necessidades, os valores, os princípios éticos, morais, e as crenças dos pacientes e familiares. • A autonomia do paciente e família deve ser preservada. Uma das características básicas do indivíduo, como ser social, é a necessidade de companhia, reconhecimento e afeto. Isso é evidente tanto na vida privada como no trabalho. Há, hoje em dia, um crescente empenho dos profissionais e instituições da área da saúde em aperfeiçoar a qualidade dos serviços médicos prestados aos usuários. Gradativamente houve a incorporação, no campo da assistência à saúde, de noções vinculadas à cidadania, aos direitos do consumidor e à responsabilidade ética dos profissionais. 38 A qualidade de um serviço assistencial está diretamente associada à qualidade da relação interpessoal que ocorre entre os pacientes e os profissionais encarregados da assistência. 10. Assistência e cuidado de enfermagem Para muitos profissionais assistência e cuidado de enfermagem, são sinônimos. De maneira restritiva e em alguns casos os dois termos podem ser usados com o mesmo significado, porém, de modo geral, consideramos significados distintos. O cuidado de enfermagem pode implicar várias atividades, por exemplo, a higiene oral (verificar o material que o paciente possui); avaliar sua capacidade de autocuidado; observar condições da cavidade bucal; explicar o cuidado ao paciente; ensinar, se necessário, a técnica adequada de escovação; encaminhar ao odontológo; lavar o material utilizado; anotar, etc. 39 11. O ser humano doente O Ser humano é o objetivo de todo cuidado de enfermagem. ”Enfermagem é gente que cuida de gente” (Wanda A. Horta). O termo paciente deriva do latim e significa sofrer, e é utilizado para descrever o ser humano que recebe cuidado. A conotação associada à palavra é de alguém dependente de alguma coisa, por esta razão, utiliza-se também o termo cliente, que também deriva do latim e significa inclinar. É necessário lembrar que o paciente ou cliente é uma pessoa, com passado, presente e futuro, membro de uma família e cidadão de uma comunidade. Tem personalidade própria, medos, angústias e preocupações, e pelo fato de estar doente, encontra-se emocionalmente mais fragilizado. Uma das mais importantes funções da Enfermagem na oferta de atenção à saúde é identificar as necessidades imediatas do paciente e tomar medidas para aliviá-las. O paciente é o elemento principal de qualquer instituição de saúde. Considera-se paciente todo o indivíduo submetido a tratamento, controle especiais, exames e observações médicas. O paciente procura o hospital quando atingido pela doença, cria nele angústia, inquietação, que leva a exagerar o poder e conhecimento sobre os profissionais que o socorrem, muitas vezes torna-se difícil o tratamento do doente, originando problemas de relacionamento (paciente / pessoal). A doença trás para o paciente, graves consequências como: • Choque emocional, • Ameaça do equilíbrio psicológico do paciente, • Rompimento das defesas pessoais, • Leva a pedir proteção e cuidados, • Obriga ao abandono das atividades normais, • Ao recolhimento ao leito, • Ao afastamento da comunidade. 40 O paciente ao ser admitido no hospital espera do médico e da enfermagem, uma explicação, uma palavra de conforto em relação ao seu estado de saúde. Se isto não acontece, o seu quadro psicológico pode ser agravado, levando-o a se tornar submisso e despersonalizado, ou então agressivo. Durante a permanência do paciente em tratamento, suas necessidades básicas deverão ser atendidas de forma adequada. “Assistir” em Enfermagem é fazer pelo ser humano tudo aquilo que ele não pode fazer por si mesmo: ajudá-lo ou auxiliá-lo quando parcialmente impossibilitado de cuidar de si mesmo, orientá-lo, ensiná-lo e encaminhá-lo a outros profissionais. Todos os membros da equipe de saúde devem estimular a participação do cliente ou paciente no seu tratamento, e zelar para que a assistência seja a mais individualizada possível. Além do respeito aos direitos éticos e legais, devemos valorizar a pessoa que está sob nosso cuidado, dando-lhe o máximo de nossa atenção, respeito e carinho. 12. Direitos do paciente Adaptado da Cartilha dos direitos do paciente, publicada pela Secretaria de Saúde de São Paulo (1996) A PESSOA HOSPITALIZADA TEM O DIREITO: ✓ A atendimento humano, atencioso e respeitoso por parte de todos os profissionais de saúde. Tem direito a um local digno e adequado para o seu atendimento. ✓ A ser identificado pelo nome e sobrenome. Não deve ser chamado pelo nome da doença ou agravo a saúde, ou ainda, de forma genérica ou quaisquer outras formas impróprias, desrespeitosas ou preconceituosas. ✓ A receber dos profissionais, auxílio imediato e oportuno para a melhoria de seu conforto e bem-estar. ✓ A identificar o profissional por crachá, preenchido com nome completo, função e cargo. 41 ✓ A consultas marcadas, antecipadamente, de forma que o tempo de espera não ultrapasse a 30 minutos. ✓ De exigir que todo o material utilizado seja rigorosamente esterilizado, ou descartável e manipulado segundo normas de higiene e prevenção. ✓ De receber explicações claras sobre o exame que vai ser submetido ou para qual finalidade irá ser coletado material. ✓ A informações claras, simples e compreensivas, adaptadas à sua condição cultural, sobre as ações diagnósticas e terapêuticas, o que pode decorrer delas, a duração do tratamento, a localização de sua patologia, se existe necessidade de anestesia, qual o instrumental a ser utilizado e quais regiões do corpo serão afetadas pelos procedimentos. ✓ A ser esclarecido se o tratamento ou diagnóstico é experimental ou faz parte de pesquisa, e se os benefícios a serem obtidos são proporcionais aos riscos e se existe probabilidade de alteração das condições de dor, sofrimento e desenvolvimento da sua patologia. ✓ A consentir ou recusar ser submetido à experimentação ou pesquisas. No caso de impossibilidade de expressar sua vontade, o consentimento deve ser dado por escrito por seus familiares ou responsáveis. ✓ A consentir ou recusar procedimentos,diagnósticos ou terapêuticas a serem nele realizados. Deve consentir de forma livre, voluntária, esclarecida com adequada informação. Quando ocorrerem alterações significantes no estado de saúde inicial ou da causa pela qual o consentimento foi dado, este deverá ser renovado. ✓ De revogar o consentimento anterior, a qualquer instante, por decisão livre, consciente e esclarecida, sem que lhe sejam imputadas sanções morais ou legais. ✓ De ter seu prontuário elaborado de forma legível e de consultá-lo a qualquer momento. Este prontuário deve conter o conjunto de documentos padronizados do histórico do paciente, princípio e evolução da doença, raciocínio clínico, exames, conduta terapêuticas e demais relatórios e anotações clínicas. ✓ A ter seu diagnóstico e tratamento por escrito, identificado com o nome do profissional de saúde e seu registro no respectivo conselho profissional, de forma clara e legível. ✓ De receber medicamentos e contar com equipamentos de boa qualidade. ✓ De receber os medicamentos e contar com equipamento de boa qualidade. 42 ✓ De receber os medicamentos acompanhados de bula impressa de forma compreensível e clara, e com data de fabricação e prazo de validade. ✓ De receber as receitas com o nome genérico do medicamento (Lei do genérico), e não em código, datilografadas ou em letras de forma, ou com caligrafia perfeitamente legível, e com assinatura e carimbo contendo o número do registro do respectivo conselho profissional. ✓ De conhecer a procedência e verificar antes de receber sangue ou hemoderivados para a transfusão, se o mesmo contém carimbo nas bolsas de sangue atestando as sorologias efetuadas e sua validade. ✓ No caso de estar inconsciente, de ter anotado em seu prontuário, medicação, sangue ou hemoderivados, com dados sobre a origem, tipo e prazo de validade. ✓ De saber com segurança e antecipadamente, através de testes e exames, que não é diabético, portador de algum tipo de anemia, ou alérgico a determinados medicamentos (anestésicos, penicilina, sulfas, soro antitetânico, etc.) antes de lhe serem administrados. ✓ A sua segurança e integridade física nos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados. ✓ De ter acesso às contas detalhadas referentes às despesas de seu tratamento, exames, medicação, internação e outros procedimentos médicos. ✓ De não sofrer discriminação nos serviços de saúde por ser portador de qualquer tipo de patologia, principalmente no caso de ser portador do HIV/AIDS ou doenças infectocontagiosas. ✓ De ter seus segredos resguardados, através da manutenção do sigilo profissional, desde que não acarrete riscos a terceiros ou à saúde pública. Os segredos do paciente correspondem a tudo aquilo que, mesmo desconhecido pelo próprio cliente, possa, o profissional de saúde, ter acesso e compreender através das informações obtidas no histórico do paciente, exame físico, exames laboratoriais e radiológicos. ✓ A manter sua privacidade para satisfazer suas necessidades fisiológicas, inclusive alimentação adequada e higiênica, quer quando atendido no leito, ou no ambiente onde está internado ou aguardando atendimento. 43 ✓ A acompanhante, se desejar, tanto nas consultas, como nas internações. As visitas de parentes e amigos devem ser disciplinadas, para não comprometer as atividades assistenciais. Em caso de parto, a parturiente poderá solicitar a presença do pai. ✓ De exigir que a maternidade, além dos próprios profissionais comumente necessários, mantenha a presença de um neonatologista, por ocasião do parto. ✓ De exigir que a maternidade realize o teste do pezinho para detectar a fenilcetonúria nos recém-nascidos. ✓ À indenização pecuniária no caso de qualquer complicação em suas condições de saúde motivadas por imprudência, negligência ou imperícia dos profissionais de saúde. ✓ À assistência adequada, mesmo em períodos festivos, feriados ou durante greves profissionais. ✓ De receber ou recusar assistência moral, psicológica, social e religiosa. ✓ A uma morte digna e serena, podendo optar ele próprio (desde que lúcido), a família ou responsável, por local ou acompanhamento e ainda se quer ou não o uso de tratamentos dolorosos e extraordinários para prolongar a vida. ✓ À dignidade e respeito, mesmo após a morte. Os familiares ou responsáveis devem ser avisados imediatamente após o óbito. ✓ De não ter nenhum órgão retirado de seu corpo sem sua prévia aprovação. ✓ A órgão jurídico de direito específico da saúde, sem ônus e de fácil acesso. 13. Relacionamento enfermagem/paciente A Enfermagem conduz à compreensão de homem e vai ao encontro das suas necessidades básicas, tanto na saúde como na doença. Destina-se a auxiliar o indivíduo a alcançar e manter a saúde, necessitando para isso, ter preparo científico aliado a habilidades e atitudes adequadas. Sendo seu objetivo principal a prestação de assistência, a essência da Enfermagem é a interação efetiva profissional-paciente. A interação corresponde a um relacionamento profissional baseado na confiança e no respeito e necessita que o Enfermeiro possua 44 habilidade de comunicação. Para uma boa comunicação com o paciente, faz-se necessário desenvolver empatia, respeito e confiança. Para um bom relacionamento entre enfermagem e paciente, é necessário que o pessoal de Enfermagem seja consciente de suas obrigações, a fim de tornar o paciente emocionalmente seguro e tranquilo, devendo ainda conhecer as necessidades dele e estar habilitado a satisfazê-las. 14. Necessidades humanas básicas Toda ciência deve determinar seu ente concreto, descrevê-lo, explicá-lo e predizer sobre ele. Na ciência de enfermagem considera-se ente concreto a necessidade humana básica - que faz parte de um ser: o ser humano. Há inúmeros conceitos de necessidades humanas básicas, mas nenhum deles satisfaz plenamente, no entanto, é possível estabelecer bases fundamentais para futuras indagações, abordagens e reformulações. São estados de tensões, conscientes ou inconscientes, resultantes dos desequilíbrios hemodinâmicos dos fenômenos vitais. Este conceito tornar-se-á mais claro ao estudarmos as características das próprias necessidades. Em estados de equilíbrio dinâmico, as necessidades não se manifestam, porém estão latentes e surgem com maior ou menor intensidade, dependendo do desequilíbrio instalado. São aquelas condições ou situações que o indivíduo, família e comunidade apresentam decorrentes do desequilíbrio de suas necessidades básicas que exijam uma resolução, podendo ser aparentes, conscientes, verbalizadas ou não. Embora cada pessoa tenha suas próprias necessidades, podemos entender como necessidades básicas tudo que é essencial, indispensável: uma exigência ou uma carência, consideradas pertinentes a todas as pessoas como: comida, água, segurança e amor. A extensão em que elas são supridas é o fator principal para determinação do nível de saúde. • Necessidades fisiológicas: São as de maior prioridade. Um indivíduo que tem várias necessidades não supridas, geralmente busca, em primeiro lugar, suprir suas necessidades 45 fisiológicas. Os seres humanos têm oito necessidades fisiológicas: oxigênio, líquido, nutrição, temperatura, excreção, abrigo, repouso e sexo. • Necessidade de Segurança e Proteção: Físicas e psicológicas. • Necessidade de Amor e de pertinência: As pessoas geralmente precisam sentir-se amadas pelos membros da família e aceitas pelos seus próximos e pela comunidade. • Necessidades de Estima e de Autoestima: As pessoas precisam de reconhecimento ou apreciação por parte dos demais. • Necessidade de realização pessoal. Segundo MASLOW, um indivíduo só passa a procurar satisfazer as do nível seguinte após um mínimo de satisfação das anteriores. O mínimo referido ainda não foi determinado, mas o próprio autor reconhece que tal sistemática não é rígida, variando também
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