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Escopo de 
Trabalho do 
Stock Picker
Bancos e 
Instituições 
Financeiras
SUMÁRIO
FUNCIONAMENTO DO
ASSET MANAGEMENT
p.4
1.1. BARREIRA DE INFORMAÇÃO
p.5
1.2. SEGREGAÇÃO DE FUNÇÕES E 
RESPONSABILIDADES
p.6
1.3. GESTORAS INDEPENDENTES
p.7
1.4. AS 50 MAIORES GESTORAS DE 
RECURSOS DO PAÍS
p.8
1.5. O DIA A DIA DO GESTOR DE IN-
VESTIMENTOS
p.10
1.6. O PAPEL DE CADA UM NA ASSET
p.14
1.7. TAMANHO DA INDÚSTRIA DE 
FUNDOS NO BRASIL
p.16
CLUBES DE INVESTIMENTO
E FUNDOS EXCLUSIVOS
p.25
4.1. CLUBES DE INVESTIMENTOS
p.25
4.2. FUNDOS EXCLUSIVOS
p.26
4.2.1. VANTAGENS NA TRIBUTAÇÃO
p.27
4.2.2.ESTRUTURA OPERACIONAL
p.27
4.2.3. FACILIDADE NO 
PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO
p.28
4.2.4.FUNDOS DE INVESTIMENTO 
FECHADOS
p.28
4.2.5. FUNDOS DE INVESTIMENTO 
FECHADOS
p.29
4.2.6. PANORAMA DOS FUNDOS 
EXCLUSIVOS NO BRASIL
p.29
AS EMPRESAS
DE RESEARCH
p.17
2.1. FORMAÇÃO DO ANALISTA
p.19
2.2. SELL-SIDE E BUY-SIDE
p.20
FUNCIONAMENTO
DAS TESOURARIAS
p.21
3.1. ALM (ASSET LIABILITY 
MANAGEMENT)
p.22
FUNCIONAMENTO DE
CARTEIRAS ADMINISTRADAS
p.33
5.1. CUSTOS
p.35
5.2. O QUE É PRECISO PARA TER 
UMA CARTEIRA ADMINISTRADA
p.35
1
3
2
4
5
ESCRITÓRIOS DE AAI 
(AGENTES AUTÔNOMOS DE 
INVESTIMENTO)
p.39
7.1. CERTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA 
PARA AAIS
p.41
7.2. OUTRAS CERTIFICAÇÕES 
QUE NÃO SÃO OBRIGATÓRIAS 
PARA AAIS (MAS SÃO 
DIFERENCIAIS)
p.43
7.2.1. CFP®
p.43
7.2.2. CPA- 10
p.44
7.2.3. CPA- 20
p.45
WEALTH MANAGEMENT
p.36
6.1. FAMILY OFFICE
p.38
6
7
M&A (MERGERS AND
ACQUISITIONS)
p.47
8.1. VEJA AS PRINCIPAIS ETAPAS 
DO PROCESSO:
p.49
8.2. SEGURO DE M&A
p.51
8
OPERAÇÕES FRAUDULENTAS
E REGULAÇÃO NA BOLSA
p.53
9.1. CVM (COMISSÃO DE 
VALORES MOBILIÁRIOS)
p.54
9.1.1. SÃO ATRIBUIÇÕES DA CVM
p.55
9.2. REGULAÇÃO PELA B3
p.56
9.3. DIFERENÇAS ENTRE B3, 
CVM E BSM
p.57
9.4. BSM
p.58
9.4.1. RESSARCIMENTOS DE 
PREJUÍZOS PELA BSM
p.59
9.4.2. CASOS DE ATUAÇÃO 
DISPONIBILIZADOS PELA BSM
p.59
9
GLOSSÁRIO
p.67
10
1
Funcionamento do 
Asset Management
5ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Asset Management é o termo em inglês usado para definir empresas que 
administram recursos de terceiros por meio de fundos de investimentos. Essas 
empresas podem ser independentes ou então fazer parte de grupos financeiros 
(como os grandes bancos), mas devem ser totalmente autônomas na tomada de 
decisões em relação à administração de recursos da própria empresa. 
Ou seja, para prevenir eventuais conflitos de interesse, as gestoras de Fundos de 
Investimento devem ter suas atividades de administração de recursos próprios e 
recursos de terceiros (fundos), totalmente separadas e independentes.
Por exemplo: todos os grandes bancos como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, 
Santander e Caixa possuem suas próprias assets managements. Apesar de 
fazerem parte do mesmo grupo (holding), elas são empresas com CNPJ próprio 
e com todos seus ativos/passivos separados dos bancos dos quais fazem parte. 
Essa separação está mais detalhada no tópico abaixo.
1.1.
Barreira de informação 
A separação da administração de recursos de terceiros (fundos de investimento, 
por exemplo) das demais atividades de uma instituição financeira é conhecida 
como barreira de informação. Caracteriza-se por um conjunto de procedimentos 
e políticas adotadas por uma instituição financeira com o objetivo de impedir 
6ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
o fluxo de informações privilegiadas e sigilosas para outros setores dessa
instituição, ou para outra empresa do mesmo grupo, de forma a evitar situações
de conflito de interesses, práticas fraudulentas e insider trading.
Essa barreira visa também garantir que o dinheiro aplicado em fundos de 
investimento seja gerido de maneira independente dos recursos da instituição 
administradora. Ou seja, barreira de informação virou o termo utilizado 
para identificar o conjunto de normas que garantam a segregação física e 
administrativa entre a tesouraria do banco e a gestora de fundos de investimento. 
Seu objetivo é evitar que a negociação da carteira de títulos e a gestão dos 
recursos – o dinheiro das aplicações dos investidores e os recursos próprios 
do banco – se misturem, evitando dessa forma o conflito de interesses ou o 
benefício de uma das partes em prejuízo da outra. 
Com o objetivo de aplicar essa medida, as instituições financeiras criam 
empresas de assets managements independentes, que atuam de maneira 
autônoma em relação ao banco. Sua função é exclusivamente gerenciar o 
dinheiro dos investidores. Além da atuação firme dos órgãos governamentais 
na fiscalização, esse trabalho é acompanhado por auditores internos e também 
independentes, que têm autorização para rastrear o fluxo financeiro das 
operações realizadas pelos gestores de fundos. A Anbima, como autorreguladora 
do mercado de fundos de investimento, também estabelece regras para atuação 
dos prestadores de serviço dos fundos e impõe restrições quanto à circulação de 
informações entre eles. 
1.2.
Segregação de Funções e Responsabilidades 
Administrador:
É o responsável legal pelo fundo de investimento. Controla todos os prestadores 
de serviço e defende os interesses dos cotistas. Também representa o fundo 
perante os órgãos públicos e é responsável pela comunicação com o cotista.
Distribuidor:
Responsável pela venda das cotas do fundo no mercado. O próprio administrador 
pode atuar como distribuidor bem como delegar a terceiros esta atividade.
Custodiante:
Responsável pela guarda dos ativos do fundo. Deve informar gestores e 
administradores sobre as posições custodiadas e também pode ser responsável 
7ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
pela “marcação a mercado”.
Auditoria:
Todo fundo deve contratar um auditor independente que audite as contas do 
Fundo pelo menos uma vez por ano.
VEJA A LISTA DE ASSETS MANAGEMENTS DOS MAIORES BANCOS 
DO PAÍS:
Banco: Itaú
Gestora de recursos: Itaú Asset Management
Banco: Bradesco
Gestora de recursos: BRAM (Bradesco Asset Management)
Banco: Santander
Gestora de recursos: Santander Asset Management
Banco: Banco do Brasil
Gestora de recursos: BBDTVM (BB Distribuidora de Títulos e Valores 
Mobiliários)
Banco: Caixa
Gestora de Recursos: Caixa Asset Management
1.3.
Gestoras independentes
Além das gestoras de recursos dos grandes bancos, há centenas de gestoras 
independentes no Brasil, ou seja, empresas que não têm nenhuma relação com 
grandes instituições financeiras. De acordo com dados da Anbima (Associação 
Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), no final de 2019 
havia 629 gestoras de recursos no país, sendo 96% delas independentes. 
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) obriga que os gestores independentes 
de recursos tenham certificação CGA (da Anbima), nível superior de formação 
e experiência mínima de sete anos. A autarquia exige também que a 
Asset Management tenha capital mínimo de R$ 550 mil, ou 0,2% dos ativos 
8ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
administrados – o que for maior entre os dois. Isso amplia a segurança para os 
investidores.
O gestor ainda fica obrigado a publicar balanço anual, seguindo o modelo da 
CVM, e divulgar a estrutura da empresa.
1.4.
As 50 maiores gestoras de recursos do país 
Fonte: Anbima
Dezembro/2019
Ordem Gestor Patrimônio líquido (em milhões)
1 BB DTVM S.A 1.046.304,99 
2 ITAU UNIBANCO SA 770.368,03 
3 BRADESCO 560.425,00 
4 CAIXA 374.738,64 
5 BANCO SANTANDER (BRASIL) SA 291.395,29 
6 BTG PACTUAL 109.006,18 
7 SAFRA 100.718,41 
8 CREDIT SUISSE 83.657,54 
9 OPPORTUNITY ASSET ADM                   73.002,35 
10 KINEA INVESTIMENTO LTDA 68.524,02 
11 BW GESTAO DE INVESTIMENTO LTDA 67.230,90 
12 BRL DTVM 66.125,15 
13 XP ASSET MANAGEMENT 51.570,37 
14 OLIVEIRA TRUST DTVM 46.938,98 
15 VOTORANTIM ASSET 46.118,04 
16 VERDE ASSET MANAGEMENT S.A. 45.567,97 
17 BNP PARIBAS 42.330,61 
18 WESTERN ASSET 39.748,22 
19 SPX 39.518,43 
20 MODAL32.505,91 
9ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
21 PATRIA INVESTIMENTOS 32.456,48 
22 SUL AMERICA INVESTIMENTOS DTVM 32.172,92 
23 VINCI PARTNERS 29.639,32 
24 SICREDI 28.199,46 
25 BAHIA ASSET MANAGEMENT 26.169,62 
26 ICATU VANGUARDA 23.654,59 
27 JGP GESTAO DE RECURSOS LTDA 23.391,28 
28 LIONS TRUST 22.572,66 
29 REAG GESTORA 22.219,10 
30 ARX INVESTIMENTOS LTDA 22.066,42 
31 KAPITALO 21.446,93 
32 ADAMCAPITAL GESTAO DE RECURSOS 21.407,32 
33 BROOKFIELD GESTAO DE ATIVOS LTDA 20.133,36 
34 MORGAN STANLEY 19.856,25 
35 JP MORGAN 19.010,47 
36 AZ QUEST INVESTIMENTOS 18.345,06 
37 SCHRODER BRASIL 18.140,94 
38 PORTO SEGURO INVESTIMENTOS 17.288,91 
39 PRAGMA 17.258,51 
40 GPS PLANEJAMENTO FINANCEIRO 17.068,47 
41 ABSOLUTE 16.611,54 
42 PLANNER 14.363,30 
43 BLACKROCK BRASIL GESTORA DE IN-VESTIMENTO 12.789,98 
44 TRUXT INVESTIMENTOS 12.603,60 
45 BRPP GESTAO DE PRODUTOS ESTRU-TURADOS 12.480,12 
46 ALASKA INVESTIMENTOS 12.226,91 
47 BANRISUL 11.895,08 
48 LEGACY CAPITAL GESTORA DE REC LTDA 11.714,64 
49 RELIANCE ASSET 10.728,84 
50 BANCO CITIBANK 10.605,85 
10ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
1.5.
O dia a dia do gestor de investimentos
Para apresentar a rotina em uma gestora de recursos independente, 
selecionamos uma matéria publicada na Revista InfoMoney em fevereiro de 
2014. Para a produção desta matéria, o repórter acompanhou o dia a dia dentro 
da gestora Mauá Sekular (hoje Mauá Capital), uma importante gestora de 
recursos com sede em São Paulo e que tem como CEO e sócio-fundador o ex-
diretor do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo.
Leia a matéria a seguir para entender melhor toda a rotina de trabalho dentro do 
asset management: 
Matéria Revista InfoMoney: 
Como investem os profissionais?
A Revista InfoMoney passou um dia ao lado dos gestores de ações da Mauá 
Sekular, acompanhou reuniões estratégicas e conta como é a rotina de uma asset 
management
Por: Diego Lazzaris
SÃO PAULO – O relógio de ponteiro com a hora de Tóquio marca 8h50. Ao lado 
dele, outros três estão ajustados com o horário de Londres, Nova York e São 
Paulo. Num escritório espaçoso no 16º andar de um dos prédios do Itaim Bibi, 
em São Paulo, quatro homens conversam sentados à vontade em suas cadeiras, 
de costas para as bancadas.
Um deles é o ex-diretor do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo, que 
veste uma camisa azul bem cortada e calça social escura, sem gravata. Entre 
uma tragada e outra num cigarro eletrônico, ele questiona a equipe sobre 
os acontecimentos importantes que estão no radar dos investidores no dia. 
Na mesma roda estão economistas e analistas experientes do mercado. 
Liderados por Figueiredo, eles fazem parte da equipe macro da Mauá Sekular 
Investimentos, uma gestora de recursos com mais de R$ 2 bilhões sob 
responsabilidade. (Matéria publicada em 2014. Em fevereiro de 2020, a Mauá 
Capital tinha mais de R$ 5 bilhões sob administração)
O ambiente é silencioso. Ainda é bem cedo, mas a maioria das mesas já está 
ocupada e mesmo assim não se ouve ruídos. O único burburinho vem da 
reunião entre os quatro homens – Figueiredo é quem mais questiona e aponta 
informações, sempre em um tom baixo. Na pauta do dia, os acontecimentos 
macroeconômicos da véspera, com foco na decisão do Fed (banco central norte-
11ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
americano) de manter estímulos financeiros à economia dos Estados Unidos 
– no dia anterior, a Bolsa havia disparado e o dólar despencado por conta disso. 
O clima é ameno, mas todos têm olhar sério e compenetrado – e respondem 
prontamente aos questionamentos.
Na bancada ao lado, a equipe de renda variável da gestora está concentrada 
nas telas de seus próprios computadores. Um dos sócios e gestor responsável 
pelos fundos de ações, Guilherme de Morais Vicente, tem quatro monitores à sua 
frente. Ao lado dele, o trader Andre Mello, sócio responsável pela execução das 
ordens de compra e venda dos fundos, divide a atenção entre seis telas. Gráficos, 
cotações, códigos e muitos números. Numa olhada rápida, é difícil para um leigo 
entender alguma coisa.
Assim que termina a reunião da equipe macro, Vicente e Mello se reúnem com 
outros dois analistas para discutir os principais assuntos do dia. O trader canta a 
pauta e Vicente estimula a discussão. Comentam e analisam os fatos relevantes 
divulgados naquela manhã. Tudo normal: era mais uma quinta-feira comum na 
rotina dos gestores da Mauá Sekular.
Comitê de investimentos
Na parte da tarde, eles se preparam para a reunião do comitê de investimentos 
– acontece todas as quintas, quando a equipe de renda variável discute as 
posições atuais dos fundos e são apresentadas novas ações que poderão fazer 
parte da carteira. Na sala de reunião número 3, todos se acomodam em torno 
de uma mesa de madeira comprida, com 12 cadeiras. Do lado direito, além de 
Vicente, está o analista sênior Stephen Duvignau e o analista Flavio Santana. 
Do outro lado, sentam o trader Andre Mello e Felipe Moraes, da equipe de 
relacionamento com investidores.
 O primeiro assunto é o investimento nas Indústrias Romi. O projetor mostra 
planilhas com dados da empresa. Dezenas de linhas e colunas repletas de 
números indecifráveis para os leigos viram armas poderosas nas mãos de 
analistas que conhecem tão bem a companhia. No início daquela semana, a 
Romi tinha saído de um período de silêncio e entraria em outro na semana 
seguinte. Como Vicente faz parte do conselho de administração da empresa, 
eles não poderiam movimentar os papéis neste período. Na véspera da reunião, 
a gestora tinha vendido uma parte das ações depois de um movimento de 
alta. “Aproveitamos um movimento de curto prazo. Agora vamos aumentar 
novamente a posição”, diz Vicente. “Não podemos deixar a tartaruga escapar”, 
emenda Duvignau.
 A discussão era quanto comprar – se levariam ou não ao limite máximo do 
fundo. Para Mello, montar uma posição de 10% era arriscado naquele momento. 
“Vamos ficar 30 dias travados”, lembrou. “Meu voto é 7,5%”, opina Duvignau. 
Depois de alguma discussão, todos concordam com este percentual. “R$ 5,30 é 
o preço [ideal para a compra]. Só precisamos esperar a oportunidade”, diz Mello, 
responsável por ‘apertar o botão’ que concretiza a operação.
12ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
O caso da Romi reflete bem o tipo de gestão ativista da Mauá Sekular. Eles 
flertavam com o papel desde o ano passado. A empresa vinha mal, suas 
ações tinham caído para um terço do valor. Fizeram dezenas de reuniões, 
conversaram com clientes, fornecedores e concorrentes para entender o que 
estava acontecendo. Na mesma época, o BNDES, segundo maior acionista da 
companhia, passou suas ações para a carteira comercial da Caixa Econômica 
Federal, que não tinha interesse em permanecer com esses papéis. Já a Mauá 
apostava numa recuperação, mas precisava colocar alguém no conselho de 
administração para dar sentido ao plano. Quando a Caixa começou a desovar as 
ações no mercado, eles compraram quase tudo.
Na reunião para eleger o conselho da Romi, Guilherme Vicente contou, claro, 
com o voto do fundo aberto da Mauá, além do Mauá Participações, um fundo 
que a gestora usa para captação de recursos para investimentos de longo prazo. 
Também votou nele o Fundo Verde, da Credit Suisse Hedging-Griffo, maior “hedge 
fund” do Brasil, gerido por Luis Stuhlberger. No final, tudo saiu como planejado. 
Neste ano, a Romi acumula alta de 35%. Desde o dia seguinte da reunião de 
comitê relatada nesta reportagem (que aconteceu em setembro de 2013), as 
ações já valorizaram mais de 22%.
 Após a decisão de aumentar posição em Romi, a pauta da reunião passa para 
outra companhia que também faz parte da carteira da gestora, mas que não pode 
ter o nome divulgado por motivos estratégicos. Na presençade um jornalista, 
eles se referem a ela pelo código “Serra-Sul”. A discussão é sobre um aumento 
de participação da gestora na empresa. “É o tipo de oportunidade que não temos 
sempre”, diz Vicente.
Ele é o típico jovem bem-sucedido do mercado financeiro. Aos 32 anos, além de 
ocupar uma cadeira no conselho da Romi, também está no conselho fiscal da 
PDG. Sócio da Mauá desde 2010, Vicente veio da Apoena Investimentos, gestora 
que fundou em 2008. Fala calmamente, mas sua voz transmite firmeza. Há pouco 
espaço para incertezas quando se lida com investimentos na casa dos milhões 
de reais.
 Duvignau concorda com a compra e explica os motivos. Quando ele fala, 
todos ouvem atentamente. O analista acompanha o dia a dia dessa empresa 
há um bom tempo, conhece os diretores, visita as fábricas regularmente. Sua 
palavra tem autoridade. “O cara entende profundamente o assunto. Bancos de 
investimento ligam para ele para pedir opinião. Então quando ele se pronuncia, a 
gente escuta”, conta Vicente, depois da reunião.
 No final das argumentações, eles decidem adquirir mais ações da Serra-Sul. O 
preço ainda é discutido – André Mello, como bom trader, insiste em comprar 
mais barato, enquanto Vicente e Duvignau defendem que eles não podem perder 
a oportunidade. Chegam num meio termo e estipulam um preço máximo. Agora 
só precisam esperar passar um ‘bloco’, ou ‘baleia’. No jargão dos investidores 
profissionais, esses termos significam uma quantidade grande de ações 
colocada à venda por outro investidor de grande porte – como no caso da Caixa 
com a Romi.
13ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Esse tipo de operação parece mesmo uma cena de caça e a estratégia é 
fundamental. “É preciso isolar o bloco (deixar o vendedor sem opções). Tem que 
cercar. Analisar se ele quer vender, discutir o preço. Depois falamos com todos 
os compradores. E vamos deixando o bloco sozinho. Isolado, ele vai limitando o 
preço”, explica Vicente. No caso da Serra-Sul, eles já sabem quem está vendendo. 
“Vamos falar diretamente com ele. Eu ligo. Se for preciso, vou pessoalmente 
encontrá-lo”, diz o gestor. E não se assuste se ele sair desse encontro com uma 
grande baleia a tiracolo.
14ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
1.6.
O papel de cada um na asset
O gestor do fundo costuma ser a figura mais lembrada quando pensamos nas 
funções dentro de uma asset management. Mas além dele, há outras posições 
importantes dentro de uma gestora de recursos. Veja a seguir as principais 
atribuições de cada uma delas.
Gestor do fundo
Quando um investidor aplica diretamente em algum ativo (ações ou títulos 
públicos, por exemplo), ele mesmo fica sendo responsável por administrar a sua 
carteira de investimentos e tomar as decisões de compra e venda, com objetivo 
de conseguir mais rentabilidade. 
 
A grande diferença de aplicar em fundos de investimentos é que o investidor 
transfere esta tarefa de decisão para uma terceira pessoa: o gestor do fundo, que 
é um profissional habilitado e qualificado para este tipo de atividade. O gestor 
é responsável pela compra e venda dos ativos do fundo, segundo objetivos e 
política de investimento estabelecida no regulamento. 
 
Isso quer dizer que é ele quem escolhe em quais ativos aquele fundo vai 
aplicar, quais os percentuais de alocação do portfólio e o momento de entrada 
e saída dos investimentos (também conhecido como zeragem de posição ou 
simplesmente stop), sempre dentro das regras definidas pelo regulamento do 
fundo e de acordo com a sua classificação. 
 
O papel do gestor pode ser desempenhado pelo próprio administrador do fundo 
ou por terceiro contratado para a função, que deve ser pessoa física ou jurídica 
credenciada pela CVM como administrador de carteiras de valores mobiliários.
Outras posições dentro de uma gestora de recursos
CIO (Chief Investment Officer)
É o chefe da área de investimentos da gestora. Responsável por decisões 
estratégicas e por coordenar todas as equipes relacionadas à gestão de 
recursos.
15ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Risco & Compliance
Área responsável pelo enquadramento de todos os investimentos dentro dos 
níveis de riscos que foram previamente estabelecidos. Cabe a área de riscos 
da gestora a validação e manutenção dos modelos matemáticos utilizados na 
elaboração de cenários, definição de fatores de risco, cálculo das métricas de 
risco e elaboração e distribuição de relatórios com indicadores de risco para as 
áreas pertinentes do negócio.
Economistas
A maioria das gestoras de recursos possui um economista ou uma equipe de 
economia, que ficam responsáveis por traçar cenários macroeconômicos que 
auxiliem os analistas e gestores nas tomadas de decisão.
Analistas de investimentos
São responsáveis por fazer toda análise e valuation das ações que poderão 
entrar na carteira do fundo. Depois de montarem a tese sobre o investimento, 
eles apresentam todas as informações da empresa para a equipe de gestão do 
fundo em uma reunião chamada de comitê de investimentos.
Trader
É o responsável pela execução das operações dentro do fundo. Tem contato 
direto com os brokers das corretoras, sempre em busca dos melhores preços de 
ativos que vão entrar no portfólio.
16ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
1.7.
Tamanho da indústria de fundos no Brasil
O total sob gestão da indústria de fundos brasileira chegou a R$ 5,4 trilhões em 
dezembro de 2019, ano em que houve captação líquida (aplicações - resgates) de 
R$ 191 bilhões. 
Veja no gráfico abaixo a captação ano a ano dos fundos de investimento – a 
partir de 2006.
2
As empresas 
de research
18ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Acompanhar todas as empresas da Bolsa é uma tarefa impossível para uma 
única pessoa. É por isso que tanta gente recorre aos relatórios dos analistas para 
saber o que está acontecendo dentro das companhias de capital aberto. 
 
Conhecidos no mercado com o jargão de sell-side, esses profissionais divulgam 
relatórios sobre a atual situação da empresa. A partir da análise das condições 
da economia, do horizonte para o setor e dos números divulgados nos balanços 
das empresas, os analistas fazem projeções do preço-justo de um papel e, 
comparando-o com a cotação atual, produzem recomendações de compra, venda 
ou manutenção.
Assim como alguém que vai trocar de carro procura dicas de especialistas e 
consulta sites especializados para decidir por um modelo ou outro, os analistas 
do sell-side também ajudam a guiar o investidor em sua tomada de decisões na 
Bolsa. Da mesma forma que na compra do carro, a palavra de um único analista 
não deve ser o único critério do investidor, mas deve ser vista como mais um 
ingrediente de informação e compreensão.
 Os analistas do sell-side representam um importante canal entre os investidores 
e as empresas. Esse canal é importante para trazer novas informações e ajudar 
na interpretação das notícias já existentes.
Outra função bem executada pelo sell-side é ajudar a mostrar como a maioria 
do mercado enxergou um evento. Se a Petrobras tiver divulgado um lucro visto 
como decepcionante pela grande maioria dos analistas, por exemplo, é bem 
provável que o papel seja punido no pregão seguinte. Vale lembrar que o que 
forma preço no mercado é a opinião da maioria. 
O sell-side precisa estar sempre muito atento a todos os elementos da cadeia 
19ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
que fazem parte da empresa/setor que ele acompanha. Um bom analista do 
setor de energia, por exemplo, é aquele que relata conversas não apenas com 
os principais executivos das empresas abertas, mas também costuma divulgar 
informações obtidas em conversas com o Ministério de Minas e Energia, a Aneel, 
os parlamentares, os consultores do setor e as empresas de meteorologia, 
entre outros. São essas reuniões que farão com que o analista consiga levantar 
as informações necessárias para estabelecer as premissas corretas que 
serão utilizadas no cálculo do preço-justo de uma empresa – e que realmente 
garantirão ao investidor lucros na Bolsa.
Noambiente institucional, outro papel fundamental dos analistas é viabilizar o 
trabalho de casas de gestão de recursos (assets managements). Isso porque, 
em muitos casos, gestores de fundos independentes trabalham com equipes 
enxutas, com duas ou três pessoas na área de gestão de portfólio, e não teriam 
condições de analisar sozinhos o mercado como um todo.
2.1.
Formação do analista
 
 
Há dois tipos diferentes de analistas: os analistas técnicos e os analistas 
fundamentalistas. Os técnicos utilizam como premissa o estudo da análise 
técnica (ou análise gráfica) para realizar suas avaliações e indicar suas 
recomendações de compra ou venda de ações. Já o analista fundamentalista 
se apoia nos fundamentos da empresa, isto é, faz a análise dos resultados 
divulgados pela empresa e compara métricas operacionais e financeiras destas 
empresas com a média do setor (ou a média histórica da própria empresa) para 
chegar à conclusão de se esta ação está cara ou barata.
Normalmente, a análise técnica tem objetivo de curto prazo, com as 
recomendações durando dias ou até mesmo algumas horas. Já a análise 
fundamentalista tem um viés mais assertivo para o longo prazo, com 
recomendações focadas em semanas, meses ou anos.
Quem quiser se tornar analista fundamentalista precisa tirar a certificação CNPI. 
Já o analista técnico precisa tirar a certificação CNPI-T. O analista que tirar as 
duas certificações torna-se analista sênior, com CNPI-P.
O analista precisa ter a certificação da Apimec para poder exercer a profissão 
e fazer recomendações de ações. Os exames são realizados nos Centros de 
Testes da FGV distribuídos em praticamente todo território nacional. Antes de 
tirar qualquer um dos dois certificados, o candidato precisa fazer uma prova 
chamada Conteúdo Brasileiro (CB). Aprovada nessa primeira prova, ele terá o 
prazo de 12 meses, contados da data da realização do primeiro exame, para ser 
aprovado no outro exame. A perda deste prazo implicará em nova inscrição e 
20ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
aprovação nos exames. 
 
Para obtenção da certificação o profissional deve ser aprovado nos seguintes 
exames:
CB – Conteúdo Brasileiro – fase comum para o analista fundamentalista, técnico 
e pleno.
Uma prova de duas horas de duração com 60 questões de múltipla escolha 
contendo as seguintes matérias: Sistema Financeiro Nacional, Mercado de 
Capitais, Mercado de Renda Fixa, Mercado de Derivativos, Conceitos Econômicos, 
Ética e Relacionamento, Governança Corporativa.
CG1 – Conteúdo Global 1 – fase para o analista fundamentalista.
Uma prova de duas horas de duração com 60 questões de múltipla escolha 
contendo as seguintes matérias:
1. Análise e Avaliação de Ações e Finanças Corporativas: 30 questões;
2. Contabilidade Financeira e Análise de Relatórios Financeiros: 30 questões
CT1 – Conteúdo Técnico 1 – fase para o analista técnico.
Uma prova de duas horas de duração com 60 questões de múltipla escolha 
contendo as seguintes matérias: Princípios de Análise Técnica; Dow, Elliott, 
Fibonacci e Candle Stick; Retas, Tendências e Médias móveis; Stop, Suporte e 
Resistência; Volume & Contratos em Aberto.
2.2.
Sell-side e Buy-side
O sell-side é o segmento em que 
os profissionais “vendem” (daí o termo 
sell, que significa vender, em inglês) 
relatórios sobre a situação das empresas 
de capital aberto, fazendo recomendações para investidores. Fazem parte 
do sell-side as corretoras de valores e bancos de investimentos que possuem 
analistas para fazerem as recomendações de compra/venda de ações para seus 
clientes. As empresas independentes de research também fazem parte do sell-
side. 
Já o buy-side é representado pelos profissionais que compram (daí o termo 
buy, que significa comprar, em inglês) ações, caso dos gestores de fundos de 
investimentos e fundos de pensão.
Se quiser saber mais quem é ana-
lista ou como ser Clique Aqui
https://conteudos.xpi.com.br/analistas/
3
Funcionamento 
das tesourarias
22ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
A área de tesouraria é responsável por gerir o caixa de curto prazo (liquidez) do 
banco ou instituição financeira, administrando os recursos do negócio e alocando 
em investimentos. 
Cabe à tesouraria fazer a gestão dos riscos de liquidez, dos riscos de mercado, a 
precificação de produtos que serão ofertados para clientes (câmbio, derivativos, 
produtos estruturados, entre outros).
Também é atribuído à tesouraria a gestão de toda carteira proprietária da 
instituição financeira – ou seja, operações para ganhar com oscilações do 
mercado. 
Em muitos casos, a área de macroeconomia dos bancos está alocada dentro das 
tesourarias. Por isso, ela é provedora de informações econômicas para tomada 
de decisões de várias áreas de instituição financeira.
3.1.
ALM (Asset Liability Management)
Em bancos e instituições financeiras, um importante papel é exercido pela área 
de ALM (Asset Liability Management), elemento fundamental para a gestão 
de riscos de descasamentos entre ativos e passivos, com papel essencial e 
estratégico no gerenciamento do balanço de um banco.
23ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Cabe ao ALM observar o comportamento dos passivos, gerenciando os riscos 
e que podem resultar numa maior probabilidade de sucesso no negócio. Esse 
gerenciamento centralizado é primordial na dinâmica dos fluxos dos recursos 
financeiros, desde as captações e depósitos até o direcionamento para 
operações de créditos nas áreas comerciais.
Entre as funções do ALM, estão:
• Gerenciar o descasamento de prazos (funding gap) para garantir 
capacidades de liquidações financeiras 
• Encontrar o nível de liquidez mais adequado para a estrutura de balanço 
da instituição
• Definir a curva de precificação interna – pricing – dos recursos para os 
negócios nas áreas comerciais
• Apurar todas as posições no balanço frente aos fatores de riscos de taxa 
de juros e preços dos ativos
• Selecionar informações e indicadores fundamentais para o gestor da 
mesa central de liquidez e pricing na Tesouraria
Em muitas corretoras e bancos de investimentos, a importância do ALM é tão 
grande que existem diretorias 100% dedicadas a este assunto. Isso porque 
as decisões dos profissionais dessa área impactam diretamente o resultado 
financeiro, a alocação de capital, liquidez e solvência da Instituição.
4
Clubes de inves-
timento e fundos 
exclusivos
25ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
4.1.
Clubes de investimentos
O Clube de Investimento é uma forma de investimento coletivo de pessoas 
físicas no Mercado de Capitais. Esse grupo é composto por no mínimo 3 e no 
máximo 50 participantes, para aplicação em Títulos e Valores Mobiliários que 
podem ser Ações ou Derivativos. Assim como nos fundos, o patrimônio do Clube 
de Investimento é dividido em cotas. Ao aplicar seus recursos em um clube, o 
investidor se torna um cotista. 
Com o volume maior de recursos, originado pela soma da parcela de cada 
integrante do clube, é possível diversificar a aplicação, investindo em ações 
de diferentes empresas e setores da economia, com custos de transação 
proporcionalmente menores.
Os cotistas podem fazer a gestão de investimentos do Clube ou contratar um 
gestor profissional certificado e credenciado à CVM, ambos casos precisam 
ser eleitos pela assembleia geral. O clube deve ser administrado por sociedade 
corretora, sociedade distribuidora, banco de investimento ou banco múltiplo 
com carteira de investimento, que é responsável pelo conjunto de atividades 
e de serviços relacionados direta e indiretamente ao seu funcionamento e 
manutenção.
O retorno dependerá da valorização das cotas, o que, por sua vez, dependerá da 
26ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
valorização dos ativos que compõem a carteira do clube. Como qualquer outro 
investimento em Renda Variável, o patrimônio do Clube pode ser diretamente 
influenciado pelas oscilações do mercado, podendo gerar perda patrimonial e 
consequente desvalorização no valor das cotas. Por isso, é importante, antesde 
participar de um clube, estar atento à política de investimento que balizará as 
decisões do gestor.
Para criar o Clube de Investimento é preciso escolher um administrador - que 
deve ser uma Corretora, uma distribuidora de títulos ou um banco com carteira 
de investimento. A Instituição escolhida cuidará de todos os documentos e dos 
registros legais e vai zelar pelo bom funcionamento do clube.
Conheça o processo para a criação de um Clube de Investimento após a escolha 
do administrador:
4.2.
Fundos Exclusivos
Fundo Exclusivo é um fundo destinado a investidores qualificados e constituído 
para receber aplicações de um único cotista. Eles são feitos sob medida para 
cada investidor e possuem gestão profissional, visando atender as necessidades 
de pessoas com mais recursos disponíveis para aplicações - normalmente, este 
tipo de fundo é indicado para quem tem mais de R$ 10 milhões disponíveis em 
investimentos.
O fundo exclusivo tem CNPJ próprio. Por esse motivo, o investidor deixa de 
aplicar como pessoa física e passa a investir por meio de uma pessoa jurídica – 
o fundo exclusivo. 
Os investimentos são feitos para atender especificamente o perfil de risco e 
objetivos de rentabilidade do investidor. Isso porque o cliente tem total ciência 
sobre as estratégias e operações feitas pelo gestor do seu fundo exclusivo 
27ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
e pode participar ativamente da gestão do fundo, tomando decisões e sendo 
assessorado por um profissional especializado em gestão de fortunas.
O fundo exclusivo muitas vezes é ser classificado como “fechado” (leia mais 
sobre fundos fechados no item 4.2.5). Neste caso, ele impede movimentações 
de resgates e aplicações, mas ao mesmo tempo não há incidência de imposto 
de renda durante o prazo de vigência do fundo - apenas quando o fundo é 
encerrado. O resultado disso é uma vantagem tributária enorme - a rentabilidade 
fica muito maior do que o que seria alcançado caso fosse aberto. 
Um fundo exclusivo tem algumas vantagens sobre aplicar diretamente 
como pessoa física, sendo as principais: tributária, sucessão e gestão dos 
investimentos.
4.2.1.
Vantagens na Tributação
O fundo exclusivo não paga imposto de renda pelas movimentações internas que 
realiza. Ou seja, os recursos podem ser migrados de um ativo para outro dentro 
do fundo sem que haja incidência impostos ou custos adicionais, o que acaba 
aumentado as possibilidades de aplicações sem prejudicar a rentabilidade.
No caso dos fundos exclusivos fechados, não há incidência do “come-cotas”, 
sistema em que o imposto é descontado semestralmente por meio da redução 
das cotas do fundo. Nestes fundos, o imposto de renda só é descontado na 
amortização (uma vez por ano, dependendo do caso) e na sua liquidação. Isso 
permite que a quantia a ser paga em tributos permaneça investida até o prazo de 
vencimento do fundo, aumentado assim ainda mais os rendimentos do mesmo.
4.2.2.
Estrutura Operacional 
Por terem um único valor de cota, os fundos exclusivos permitem o 
acompanhamento da rentabilidade e do valor investido de uma forma mais 
simples. Além disso, eles permitem que o investidor possa mover seu fundo 
diretamente de uma instituição gestora para outra se estiver insatisfeito, 
evitando assim que o fundo seja encerrado para ser reaberto em outro lugar. Os 
investidores também podem trocar o administrador ou custodiante responsável 
pelo fundo quando quiserem, sem ter que resgatar e mover os valores que foram 
28ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
investidos de uma instituição para outra.
4.2.3.
Facilidade no Planejamento Sucessório
Os fundos de investimento exclusivos podem também funcionar como uma 
ótima ferramenta para facilitar a organização de heranças. Colocando seu 
patrimônio em um desses fundos, é possível doar as cotas do mesmo para 
os herdeiros ainda em vida, orientando como eles vão usufruir desses bens 
e evitando assim o processo do inventário. O titular do fundo ainda pode 
determinar que alguns bens não sejam vendidos ou que os herdeiros só 
consigam usufruir deles após certa idade, entre outras coisas. A doação de cotas 
é realizada normalmente, por meio de registro em cartório, após o pagamento do 
imposto sobre doações (ITCMD), no valor de 4%.
4.2.4.
Tipos de fundos exclusivos 
Existem dois tipos de fundos exclusivos: o fundo exclusivo aberto e fundo 
exclusivo fechado. Ambos possuem características e vantagens distintas – 
principalmente quanto a movimentação e tributação do capital investido no 
fundo.
Fundo Exclusivo Aberto 
• Permite livre movimentação de capital (aportes e resgates sem limites);
• Têm incidência do imposto come-cotas (com exceção de Fundos de 
Ações);
• Possuem Tributação regressiva de Imposto de Renda (exceto para Fundo 
de Investimentos em Ações); 
Fundo Exclusivo Fechado
• Limita a movimentação de capital 
• Isenção do imposto come-cotas; 
• Possibilidade de amortização de capital de 12 em 12 meses;
29ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
• Resgate total apenas com o encerramento do fundo.
4.2.5.
Fundos de Investimento Fechados 
Como foi citado, muitos fundos exclusivos são classificados como Fechados. 
Os fundos fechados são regulamentados pelas instruções da CVM número 555, 
400 e 476 (que é a instrução que regulamenta a oferta pública de títulos e valores 
mobiliários com esforços restritos). 
Suas principais características são o fato de que as cotas que o compõem são 
resgatadas somente ao término do prazo de duração do fundo e que há uma 
emissão única de cotas, não havendo aportes de novos recursos como ocorre 
nos fundos abertos. O fundo nasce e se encerra com a mesma quantidade 
de cotas. A única exceção é se for realizada uma oferta pública posterior para 
aumento do patrimônio do fundo. 
A distribuição de cotas de fundo fechado depende de prévio registro na CVM, e 
deverá ser feita por instituições do sistema de distribuição de valores mobiliários. 
Um fundo aberto pode ser transformado em fundo fechado mediante autorização 
da CVM. 
Quanto ao registro de oferta pública, se o fundo fechado for destinado a 
investidores qualificados, não há a obrigatoriedade de realizar registro de oferta 
de distribuição de cotas. Além disso, a distribuição de cotas de fundo fechado 
que não seja destinado a investidores qualificados deverá ser precedida de 
registro de oferta pública de distribuição nos termos da Instrução CVM n.º 400. 
As cotas de um fundo fechado podem ser transferidas a outro investidor, 
mediante termo de cessão e transferência, ou através de bolsa de valores ou 
entidade de balcão organizado. A transferência fica condicionada à verificação 
pelo administrador do atendimento das formalidades estabelecidas no 
regulamento e na legislação pertinente. Admite-se a amortização de cotas nesta 
modalidade de fundos, mediante o pagamento uniforme a todos os cotistas. 
A amortização deve ser proporcional ao investimento e à rentabilidade. As 
amortizações sempre serão feitas considerando a proporcionalidade entre 
principal e juros, de forma a evitar diferimento de imposto de renda. Não há a 
obrigatoriedade de o fundo ter amortizações. Caso o fundo seja constituído sem 
amortizações, posteriormente poderá ser alterado através de assembleia dos 
cotistas. 
A classificação Anbima estabelece que um Fundo Exclusivo Fechado deve ter no 
máximo uma única amortização a cada 12 meses. O prazo de duração do fundo 
fechado deve ser estabelecido em regulamento, e não existe previsão legal para 
30ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
prazo máximo ou mínimo. O prazo pode ser renovado sucessivamente, mediante 
aprovação da CVM. 
O encerramento do fundo antes do prazo estabelecido dependerá da anuência 
dos cotistas e aprovação da CVM No caso de haver a postergação do prazo de 
duração do fundo fechado, não haverá o corte do imposto de renda. O imposto 
somente será cobrado após o encerramento do fundo e nas amortizações 
realizadas. Novos aportes de recursos em um fundo fechado deverão ser feitossempre via uma oferta de distribuição pública, deliberada através de assembleia 
geral. 
A oferta deverá ser registrada na CVM, caso o fundo não seja destinado a 
investidores qualificados. O prazo de duração da oferta de distribuição deve ter 
no máximo 180 dias. A oferta pode ser encerrada a qualquer momento, se o 
volume mínimo de recursos previstos for integralizado. 
4.2.6.
Panorama dos fundos exclusivos no Brasil
De acordo com dados da consultoria Economatica, o patrimônio total gerido em 
fundos exclusivos no Brasil era de R$ 705,6 bilhões no final de 2019, sendo que 
59,1% do total é gerido pelos bancos de varejo e o restante (40,9%) por gestores 
independentes. 
Os gestores independentes ou que não fazem parte do grupo dos bancos de 
varejo detêm R$ 288,7 bilhões sob gestão. No mês de janeiro de 2018 o valor era 
de R$ 208,6 bilhões, o que indica um crescimento de 38,3%. 
Os bancos de varejo no mesmo período registram crescimento de 22,8%, 
fechando dezembro de 2019 com R$ 416,8 bilhões contra R$ 339,3 bilhões em 
janeiro de 2018.
Alocação dos fundos exclusivos por tipo de investimento (Sem bancos de 
varejo) 
No gráfico abaixo podemos ver a evolução da alocação dos fundos exclusivos 
por tipo de investimento e notamos que o percentual de alocação direta destes 
fundos em títulos públicos vem caindo desde fevereiro de 2019, fechando 
dezembro de 2019 com 32,9% do patrimônio total dos fundos exclusivos. 
Já o percentual alocado de forma direta pelos fundos exclusivos em renda 
variável + posições doadas têm seu melhor momento em dezembro de 2019 com 
16,7% do patrimônio, ultrapassando o anterior pico de fevereiro de 2018. 
A alocação em fundos também tem um crescimento significativo, passando a 
31ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
ser o principal instrumento de alocação dos fundos exclusivos. Em dezembro de 
2019, 35% do patrimônio estava alocado em fundos, que é o maior valor histórico 
dentro da amostra. 
As operações compromissadas também registram queda de alocação fechando 
dezembro de 2019 com 12% do patrimônio e voltando a níveis de abril de 2018. 
A alocação em investimentos no exterior se mantém relativamente constante 
entre 4,5% e 5,5% do patrimônio. 
Os depósitos a prazo de instituições financeiras e a posição short em renda 
variável é praticamente equivalente no mês de dezembro de 2019 com 3,5%. A 
alocação direta em debêntures responde por 2,9%.
Ações com maior alocação direta nas carteiras dos fundos exclusivos (Sem 
bancos de varejo) 
32ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Fonte: Economatica
A carteira de ações dos fundos é divulgada com “atraso” de 90 dias. Assim, no 
mês de outubro de 2019 os fundos exclusivos tinham 631 posições diretas em 
ativos de renda variável (Long, Doado e Short) e na tabela abaixo apresentamos 
as 25 posições long mais relevantes da amostra. 
260 posições são long, 159 posições recebidas (short), 153 posições cedidas 
(alugadas), 42 BDR’s, 17 Units. 
A ação com maior volume alocado de forma direta é o da Energisa Unit com R$ 
3,2 bilhões. A Petrobras PN com R$ 3,04 bilhões é a segunda ação mais alocada. 
Eletrobras ON com R$ 2,2 bilhões é a terceira. 
Cinco posições são de bancos, sendo quatro em posição long e um em posição 
doada, quatro de Energia Elétrica, três de Exploração refino e distribuição (sendo 
duas posições long e uma doada). 
O volume financeiro total dos 25 ativos mais alocados em outubro de 2019 é de 
R$ 26,2 bilhões.
5
Funcionamento de 
carteiras adminis-
tradas
34ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Na definição da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), administração 
de carteiras de valores mobiliários é o exercício profissional de atividades 
relacionadas, direta ou indiretamente, ao funcionamento, à manutenção e à 
gestão de uma carteira de valores mobiliários, incluindo a aplicação de recursos 
financeiros no mercado de valores mobiliários por conta do investidor.
Na prática, a carteira administrada é o termo utilizado para determinar um serviço 
personalizado oferecido pelas instituições financeiras para clientes com maior 
capital disponível para investimentos. 
Ao contratar um serviço de carteira administrada, o investidor passa para um 
gestor profissional a tarefa de cuidar das suas aplicações financeiras e fazer 
toda a alocação dos seus recursos. Caberá ao administrador dessa carteira 
fazer desde a estratégia de alocação até o rebalanceamento dos ativos 
periodicamente, passando pela escolha, compra e venda de cada ativo que 
compõe a carteira. 
A composição dos investimentos que fazem parte da carteira administrada é 
revista periodicamente entre a equipe que faz a gestão da carteira e o cliente, 
que deve estabelecer seus objetivos em termos de segurança, liquidez e 
rentabilidade.
A atividade só poderá ser exercida por pessoas físicas ou jurídicas previamente 
autorizadas pela CVM, conforme normas estabelecidas na Instrução CVM 558. 
A área técnica responsável pela supervisão desta atividade é a Gerência de 
Acompanhamento de Investidores Institucionais (GAIN), da Superintendência de 
Relações com Investidores Institucionais (SIN), ambas da CVM.
https://verios.com.br/blog/rebalanceamento-da-carteira-de-investimentos-o-que-voce-precisa-saber/
http://www.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst558.html
35ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
5.1.
Custos
Assim como no caso dos fundos de investimentos, a carteira administrada 
tem um custo para o investidor - a taxa de administração. Neste caso, a taxa é 
acordada caso a caso diretamente com o gestor ao fechar o contrato. 
Em alguns casos, também pode haver cobrança de taxa de performance sobre a 
rentabilidade que exceder determinado benchmark. 
Importante lembrar que além da taxa de administração da carteira, custos com 
a corretora e com os ativos (como custódia, emolumentos, corretagem, etc) 
também são de responsabilidade do investidor.
5.2.
O que é preciso para ter uma carteira 
administrada
Segundo profissionais que atuam com gestão de fortunas, montar fundos 
exclusivos normalmente vale a pena para aqueles investidores com mais de 
R$ 10 milhões em ativos. Para quem tem menos do que isso, uma boa saída 
pode ser optar por uma carteira administrada, em que o investidor delega a 
administração dos recursos a um profissional, que precisa seguir uma política de 
investimento previamente aprovada.
6
Wealth 
management
37ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Wealth management é a divisão destinada a atender grandes fortunas de 
clientes. Os clientes do wealth management são multimilionários, com 
patrimônio normalmente acima de R$ 10 milhões, e precisam de um atendimento 
exclusivo, com serviços e produtos feitos sob medida para suas necessidades.
Um investidor que é atendido pelo wealth management tem acesso a vários 
serviços diferenciados. Entre as atribuições da área de gestão de fortuna estão:
• Acompanhar o retorno dos ativos do portfólio do cliente;
• Fazer rebalanceamentos de acordo com mudanças de cenário/
rentabilidade
• Construir a carteira de investimentos completa;
• Construir o planejamento patrimonial e sucessório;
• Definir a política de investimentos, considerando as expectativas de 
retorno, os riscos aceitáveis e as melhores formas de mitigar os custos;
• Realizar a adequação físico-contábil;
• Realizar um inventário de todos os bens que o cliente possui (assim como 
atualizá-lo).
Em geral, os clientes que contratam os serviços de wealth management 
demandam profissionais com conhecimentos aprofundados e um foco especial 
por parte da administração e sucessão de patrimônio.
Em muitos casos, as famílias buscam suporte para gerir patrimônios de vasta 
extensão, que são frutos, em geral, de suas empresas familiares.
Para tal, existe um tipo de instituição especializada no wealth management 
38ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
familiar, denominada family office.
6.1.
Family Office
Os family offices prestam consultoria completa para as famílias com muitos 
recursos. Como normalmente estaspessoas possuem vários negócios 
e empresas, são analisados aspectos como a participação societária, a 
incorporação imobiliária – via produto financeiro ou não – fluxo de caixa e o 
planejamento sucessório e fiscal. 
Eles prestam uma consultoria completa, onde são observados todo o contexto 
da gestão, não só da alocação de recursos, mas de operação, de governança 
familiar, de todos estes aspectos pertinentes a decisão do que fazer com o 
patrimônio. 
Atribuições do Family office:
• Atuação sobre o patrimônio total englobando os diferentes aspectos e 
tipos de ativos, como patrimônio imobiliário e governança familiar
• Planejamento como ponto de partida: financeiro, patrimonial, sucessório e 
previdenciário
• Gestão centralizada com foco individualizado nos investimentos e riscos, 
independente da instituição ou região onde os recursos estejam alocados
• Definição e acompanhamento de mandato dos diferentes veículos de 
investimentos nas diferentes instituições
https://maisretorno.com/blog/termos/f/family-office
https://maisretorno.com/blog/termos/f/family-office
7
Escritórios de AAI 
(Agentes Autônomos 
de Investimento)
40ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Os agentes autônomos de investimento são pessoas físicas que atuam como 
prepostos, e sob a responsabilidade, dos integrantes do sistema de distribuição 
de valores mobiliários, especialmente as corretoras. Como opção, podem 
também exercer as suas atividades sob a forma de sociedade ou firma individual, 
desde que constituídas exclusivamente para esse fim. Entretanto, somente 
agentes autônomos registrados podem participar da sociedade.
As suas atividades são eminentemente comerciais: de prospecção e captação 
de clientes; de recebimento e registro de ordens; e de prestação de informações 
acerca dos produtos e serviços oferecidos pelas corretoras.
Nesse sentido, eles apresentam o mercado para os investidores, explicam 
as principais características dos produtos, cadastram os clientes, recebem e 
executam as ordens e as transmitem para os sistemas de negociação, tiram 
dúvidas operacionais, entre outros. Em um mercado em franca expansão, como 
o brasileiro, o papel dos agentes é tido como fundamental para o crescimento da 
base de investidores no mercado de capitais, ao constituírem um importante elo 
entre os investidores e os produtos e serviços disponíveis.
Porém, os investidores devem estar atentos aos limites de atuação desses 
profissionais, que não podem extrapolar as atividades a eles permitidas. As 
normas atualmente em vigor proibem aos agentes: atuar em nome do cliente, 
como administradores de carteiras; dar recomendações sobre produtos, como 
analistas de valores mobiliários; e atuar como consultores de valores mobiliários.
Essas vedações estão elencadas em diversos artigos da ICVM 497/2011 que 
regulamenta a atividade dos agentes autônomos de investimento. Merece 
destaque, nesse sentido, o parágrafo primeiro do artigo 13 da referida norma, 
41ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
em que a CVM exige que o agente autônomo, para exercer a atividade de 
administração de carteiras, de consultoria e análise de valores mobiliários, e 
que seja registrado para isso, requeira à entidade credenciadora a suspensão de 
seu credenciamento como agente autônomo de investimento. Ou seja, mesmo 
que um agente seja registrado na CVM como, por exemplo, administrador de 
carteira, terá que optar por uma das duas profissões. A norma proíbe também, 
expressamente, aos agentes usar senhas ou assinaturas eletrônicas de seus 
clientes.
Para exercer suas atividades, os agentes autônomos devem ser credenciados por 
entidade credenciadora autorizada pela CVM. Essas entidades devem comprovar 
estrutura adequada e capacidade técnica, além de estrutura de autorregulação, 
adotando, por exemplo, código de conduta profissional para os agentes 
autônomos. Para o credenciamento, as entidades devem garantir que os agentes 
se enquadrem no perfil mínimo exigido pela norma.
Atualmente, a instituição que realiza esse credenciamento é a ANCORD – 
Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores 
Mobiliários, Câmbio e Mercadorias. O registro para o exercício da atividade de 
agente autônomo de investimento é concedido automaticamente pela CVM à 
pessoa natural e à pessoa jurídica credenciadas.
A CVM mantém em sua página na internet uma relação dos agentes autônomos 
de investimento, com a inscrição dos nomes dos profissionais, como forma 
de comprovação do registro, para que os investidores possam averiguar se os 
agentes responsáveis pelo seu atendimento estão regularmente credenciados.
7.1.
Certificação obrigatória para AAIs
Ancord
A única certificação obrigatória para o profissional que vai atuar como agente 
autônomo de investimento é da Ancord.
O Exame de Certificação objetiva verificar a qualificação técnica dos interessados 
no exercício profissional da atividade de Agente Autônomo de Investimento 
com vistas à obtenção de credenciamento junto às entidades credenciadoras e 
registro para o exercício da atividade perante a Comissão de Valores Mobiliários 
– CVM.
A Certificação é o processo que visa verificar a qualificação técnica necessária 
dos interessados no exercício da atividade de Agente Autônomo de Investimento 
que, por sua vez, é a pessoa registrada conforme as Instruções CVM nº 497 para 
42ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
realizar as atividades de prospecção e captação de clientes; recepção, registro, 
e transmissão de ordens; prestação de informações sobre produtos oferecidos 
e serviços prestados pela instituição integrante do sistema de distribuição de 
valores mobiliários pela qual tenha sido contratado, bem como para empregados 
de instituições financeiras com atividade de distribuição de títulos e valores 
mobiliários.
Como é organizado o exame
O programa de certificação é organizado pela ANCORD e os exames são 
aplicados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Para quem se destina
A certificação é obrigatória para o credenciamento ao exercício profissional do 
Agente Autônomo de Investimento como dispõe a Instrução CVM nº.497/11. 
Além disso, a importância da certificação decorre do papel preponderante que os 
profissionais têm nos processos de decisão de investimentos. 
Sendo assim, torna-se necessário certificar sua capacidade técnica e também ter 
a segurança de que estão submetidos a um Código de Conduta Profissional que 
ofereça salvaguardas aos investidores de que suas operações estão sendo feitas 
de maneira totalmente isenta de quaisquer tipos de interesses pessoais.
Prova
A prova é eletrônica e realizar-se-á em todo território nacional, conforme a 
disponibilidade de locais homologados pela Fundação Getúlio Vargas.
O Exame de Certificação constará de uma Prova de Conhecimentos Específicos, 
com 80 questões objetivas de múltipla escolha, com 4 alternativas. A prova tem 
duração de 2h30min.
São condições de Inscrição:
• Não registrar antecedentes criminais e encontrar-se no pleno exercício de 
seus direitos civis;
• Ter concluído o ensino médio ou equivalente em instituição reconhecida 
oficialmente;
• Conhecer, atender e estar de acordo com as exigências contidas no 
Regulamento.
43ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
7.2.
Outras certificações que não são obrigató-
rias para AAIs (mas são diferenciais)
7.2.1.
CFP®
O exame CFP® é destinado a profissionais que querem trabalhar com 
planejamento financeiro, avaliando os objetivos, expectativas e necessidades de 
cada cliente. 
O profissional desenvolve, apresenta e executa estratégias de planejamento 
financeiro adequadas ao perfil do cliente.
Este profissional, multiespecialista, atua como autônomo ou empregado de 
grupos financeiros, seguradoras, entidades de previdência complementar e 
demais áreas do planejamento financeiro pessoal.
É oferecido três vezes por ano e possui calendário próprio. Dividido em prova 
completa ou prova modular.
O exame CFP® é dividido em 6 módulos:
• Módulo I: Planejamento Financeiroe Ética.
• Módulo II: Gestão de Ativos e Investimentos.
• Módulo III: Planejamento de Aposentadoria.
• Módulo IV: Gestão de Riscos e Seguros.
• Módulo V: Planejamento Fiscal.
• Mdulo VI: Planejamento Sucessório.
São condições de inscrição:
• Ser aprovado em todos os módulos do exame
• Comprovar, no mínimo, três anos de experiência profissional
• Ética – adesão ao código de Ética e Responsabilidade Profissional
• Educação Continuada – necessária comprovação, a cada 2 anos, para a 
manutenção da certificação
44ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
• O candidato à certificação CFP® deve possuir e comprovar ter ensino 
superior completo, em curso reconhecido pelo MEC
7.2.2.
CPA- 10 
A CPA-10 é destinada aos profissionais que atuam na distribuição de produtos de 
investimento em agências bancárias ou plataformas de atendimento.
A quem se destina: 
• Profissionais que trabalham em instituições que seguem o Código de 
Certificação Anbima. 
• Profissionais que trabalham em instituições financeiras em geral, mesmo 
aquelas que não aderiram ao código.
• Estudantes e profissionais de autarquias ou órgãos públicos.
Validade
O tempo de validade da certificação começa a contar na data da prova: são 
cinco anos para os profissionais certificados (aquele aprovado no exame e que 
trabalha em uma instituição que segue o Código de Certificação da Anbima) e 
três anos para os profissionais aprovados (É aquele aprovado no exame, mas que 
não trabalha em uma instituição que segue o Código de Certificação da Anbima). 
A validade pode mudar de acordo com a situação do profissional, mas nunca terá 
mais que cinco anos de validade. Ou seja, se um profissional aprovado começar 
a trabalhar em uma instituição aderente ao código, ele passa a ser certificado e 
a validade da qualificação se torna de cinco anos a partir da data em que passou 
no exame.
Por exemplo: se você começa a trabalhar em um banco quando já tinha a sua 
certificação há dois anos, ganha, automaticamente, mais três anos de validade. 
 
Da mesma forma, se um profissional certificado deixar de trabalhar em uma 
instituição aderente, ele passa a ser um aprovado e a validade da certificação 
será de três anos a contar da data de desligamento, respeitando o prazo máximo 
de cinco anos.
Por exemplo: se um profissional certificado é desligado de uma instituição que 
segue o código após quatro anos de certificação, então a certificação valerá por 
mais um ano.
https://www.anbima.com.br/pt_br/autorregular/codigos/certificacao.htm
https://www.anbima.com.br/pt_br/autorregular/codigos/certificacao.htm
45ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Prova
7.2.3.
CPA- 20 
A CPA-20 é destinada aos profissionais que atuam na distribuição de produtos 
de investimento para clientes dos segmentos varejo alta renda, private, corporate 
e investidores institucionais em agências bancárias ou em plataformas de 
atendimento.
Ao obter a CPA-20, o profissional pode, automaticamente, exercer as atividades 
abrangidas pela CPA-10.
A quem se destina: 
• Profissionais que trabalham em instituições que seguem o Código de 
Certificação Anbima. 
• Profissionais que trabalham em instituições financeiras em geral, mesmo 
aquelas que não aderiram ao código.
• Estudantes e profissionais de autarquias ou órgãos públicos.
Validade
O tempo de validade da certificação começa a contar na data da prova: são 
cinco anos para os profissionais certificados (aquele aprovado no exame e que 
trabalha em uma instituição que segue o Código de Certificação da Anbima) e 
três anos para os profissionais aprovados (É aquele aprovado no exame, mas que 
não trabalha em uma instituição que segue o Código de Certificação da Anbima). 
A validade pode mudar de acordo com a situação do profissional, mas nunca terá 
mais que cinco anos de validade. Ou seja, se um profissional aprovado começar 
a trabalhar em uma instituição aderente ao código, ele passa a ser certificado e 
a validade da qualificação se torna de cinco anos a partir da data em que passou 
https://www.anbima.com.br/pt_br/educar/certificacoes/cpa-10.htm
https://www.anbima.com.br/pt_br/autorregular/codigos/certificacao.htm
https://www.anbima.com.br/pt_br/autorregular/codigos/certificacao.htm
46ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
no exame. 
 
Por exemplo: se você começa a trabalhar em um banco quando já tinha a sua 
certificação há dois anos, ganha, automaticamente, mais três anos de validade. 
 
Da mesma forma, se um profissional certificado deixar de trabalhar em uma 
instituição aderente, ele passa a ser um aprovado e a validade da certificação 
será de três anos a contar da data de desligamento, respeitando o prazo máximo 
de cinco anos.
Por exemplo: se um profissional certificado é desligado de uma instituição que 
segue o código após quatro anos de certificação, então a certificação valerá por 
mais um ano.
Prova
8
M&A (Mergers and 
Acquisitions)
48ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
M&A (Mergers and Acquisitions) é o termo em inglês para o processo de 
fusões e aquisições entre as empresas. A operação de M&A tem várias etapas 
e pode levar meses - em alguns casos, pode demorar mais de um ano para ser 
concluída.
O objetivo de um processo de M&A é permitir que as empresas entrem em um 
outro patamar de crescimento, mudem sua posição competitiva ou até mesmo a 
natureza de seus negócios. 
A necessidade ou a motivação para um processo de fusão e aquisição costuma 
vir de estratégias de mercado das empresas, passando pela necessidade de 
ganho de eficiência e/ou obtenção de recursos, ou ainda a oportunidade de 
aquisição, por um valor melhor, de uma determinada marca.
A operação envolve uma série de procedimentos como estudos societários, 
planejamento fiscal e investigação de questões respectivas a setores geridos 
e concorrenciais para que a proposta da operação retribua aos interesses dos 
envolvidos no negócio e que, além disso, seja viável financeiramente.
49ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
8.1.
Veja as principais etapas do processo:
Estratégia da operação
O processo de M&A começa com o desenvolvimento de uma estratégia que 
envolve vários aspectos. Do lado do comprador, são identificadas todas as 
motivações por trás da operação: é preciso avaliar bem o tipo de transação e a 
quantidade de capital que se está disposto a gastar na transação, por exemplo.
Identificação das “empresas-alvo”
Após desenvolver uma estratégia, o comprador começa a identificar possíveis 
alvos no mercado que atendam aos seus critérios. É feita uma lista de todas 
as companhias em potencial e o comprador começa a entrar em contato com 
essas empresas para expressar seu interesse por elas. O principal objetivo desta 
etapa é obter mais informações sobre as “empresas-alvo” e medir seu nível de 
interesse em uma transação desse tipo.
Troca de informações
Se a conversa inicial for bem-sucedida e as empresas demonstrarem interesse 
mútuo em prosseguir com a transação, a documentação inicial começa a 
ser providenciada. Isso geralmente inclui o envio de Carta de Intenção para 
expressar oficialmente interesse na transação e a assinatura de um documento 
de confidencialidade, assegurando que os procedimentos e as discussões do 
acordo não serão divulgadas. 
Depois disso, as empresas trocam informações como informações financeiras, 
histórico da empresa etc. para que ambas as partes possam avaliar melhor os 
benefícios do negócio para seus respectivos acionistas.
Valuation e sinergias
Depois de ambos os lados terem mais informações uns sobre os outros, eles 
começam uma avaliação do negócio. Enquanto o vendedor tenta determinar 
qual preço resultaria em um bom ganho para os acionistas com o negócio, 
o comprador está tentando avaliar o que seria uma oferta razoável para seus 
objetivos. Além disso, o comprador também tenta avaliar a extensão das 
sinergias que podem obter com essa transação em formas de redução de custos, 
maior poder de mercado etc.
50ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Oferta e negociação
Depois que ocomprador conclui a etapa de valuation, ele envia uma oferta aos 
acionistas da “empresa-alvo”. Esta oferta pode ser em dinheiro ou em ações. O 
vendedor analisa a oferta e pode negociar um preço melhor, se entender que o 
valor ficou abaixo das suas estimativas. 
Dependendo do tipo de operação de M&A, o contrato poderá ser:
• Contrato de compra e venda de cotas ou de ações, que é também 
conhecido como Quota Purchase Agreement (QPA) ou Share Purchase 
Agreement (SPA). Esses acordos são utilizados nos casos de aquisição 
de participação societária total ou parcial do vendedor pelo comprador;
• Contrato de subscrição de cotas ou de ações, Quota Subscription 
Agreement (QSA) ou Share Subscription Agreement (SSA), para processos 
em que a participação do novo sócio seja aceita mediante subscrição e 
integralização de novas cotas ou ações de emissão da marca;
• Contrato de compra e venda de ativos ou Asset Purchase 
Agreement (APA), usado em caso de aquisição direta de ativos. Em 
caso de compra de participação societária em que os vendedores não 
entreguem sua participação total no negócio, o acordo de acionistas ou 
de cotistas aufere uma relevância análoga à do contrato principal.
Essa etapa pode levar algum tempo para ser concluída, porque neste tipo de 
operação as duas partes costumam ceder muito pouco. Outro obstáculo comum 
nessa etapa é que, às vezes, pode haver mais de um potencial comprador para 
a “empresa-alvo”. Neste caso, há uma concorrência entre os compradores para 
oferecer um preço e condições melhores.
Due diligence
O processo de due diligence pode acontecer durante a transação ou começar 
depois que a “empresa-alvo” aceita a oferta do comprador. Nesta etapa, 
auditorias e empresas especializadas ajudam o comprador a identificar riscos 
e passivos legais que podem estar relacionados a processos judiciais e 
administrativos para ajustar o patrimônio líquido contábil da sociedade.
No âmbito jurídico, a due diligence procura apontar os principais pontos críticos 
e relevantes existentes na estrutura jurídica da sociedade, além de identificar 
riscos e passivos legais, oriundos dos processos judiciais e administrativos em 
que a empresa possa estar envolvida. 
51ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Reorganização societária
A reorganização societária pode acontecer antes ou depois da operação de M&A. 
Ela considera a aquisição de participação entre os sócios a partir da segregação 
de ativos e atividades para uma nova sociedade (via drop down ou cisão). Em 
alguns casos, até pela aquisição direta de um ativo ou de todo o patrimônio da 
empresa compradora.
Os principais motivos para essa reorganização são: 
• transformação de sociedade anônima de capital fechado em Ltda.;
• incorporação;
• incorporação de ações;
• cisão;
• drop down; ou
• redução de capital.
Fechamento
É o momento em que se demonstra o cumprimento das condições prévias ou 
abdicação das mesmas. Esta etapa possibilita o pagamento na forma acordada 
em contrato e a transferência de titularidade dos bens. Também é chamado 
de closing.
 O fechamento acontece quando todas as condições anteriores já foram 
cumpridas e as partes se reúnem para formalizar o fim da operação.
Pós-fechamento
Chamado também de pós-closing. É a última fase e consiste na finalização 
do processo de M&A, com registro da alteração de sociedade (cadastro do 
CNPJ, INSS e FGTS etc). Após o closing as partes devem realizar as medidas 
necessárias para implementar a operação dentro dos prazos legais ou 
contratuais.
8.2 Seguro de M&A
O grande número de operações de fusões & aquisições incentiva a contratação 
de seguros específicos para a garantia dessas transações, uma modalidade que 
apesar de ainda pouco conhecida no Brasil, é bastante utilizada em negociações 
realizadas nos Estados Unidos e Europa.
A categoria de seguros pode ser contratada por empresas em processo de fusão, 
aquisição ou reestruturação com transações entre US$ 20 milhões e US$ 1 
bilhão, cobrindo as declarações e garantias que a parte vendedora oferece para a 
parte compradora.
Uma das vantagens é a parte vendedora ter a possibilidade de utilizar os recursos 
https://www.blbbrasil.com.br/blog/reestruturacoes-societarias-cisoes-fusoes-incorporacoes-e-laudo-de-avaliacao-contabil-html/
52ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
da transação em um menor tempo se comparado a outras garantias utilizadas 
frequentemente no mercado.
Nestes casos, o mais comum é a utilização das Escrow Accounts que, além 
de fazer com que a vendedora deixe parte do capital bloqueado por um longo 
período, traz ainda a necessidade de concordância das duas partes, compradora 
e vendedora, para a liberação de valores, caso imprevistos aconteçam depois da 
transação. No caso, por exemplo, de uma venda no valor de US$ 100 milhões, 
para as declarações de garantia são necessários depositar US$ 30 milhões 
no Escrow Accounts.
O seguro oferece opção de fazer essa transação parcial ou total, permitindo a 
liberação do dinheiro à parte vendedora em um tempo menor. Na opção parcial 
em uma transação com o mesmo valor de US$ 100 milhões, o vendedor e 
comprador podem chegar à conclusão de depositar, por exemplo, apenas US$ 5 
milhões no Escrow Accounts e fazer uma apólice de seguros de US$ 25 milhões, 
com um custo de 3% a 7% do valor total.
O valor da apólice é então entregue ao grupo vendedor. Dependendo da 
engenharia das transações o seguro pode ser uma opção mais vantajosa do 
ponto de vista financeiro, pois deixa de ser um capital parado e pode ser recebido 
mais rapidamente pelo vendedor.
9
Operações fraudu-
lentas e regulação 
na Bolsa
54ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
9.1.
CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, instituída pela Lei 6.385/1976. É 
responsável por regulamentar, desenvolver, controlar e fiscalizar o mercado de 
títulos e valores mobiliários.
A CVM é uma entidade autárquica em regime especial vinculada ao Ministério da 
Economia, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de 
autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, 
mandato fixo e estabilidade 
de seus dirigentes e 
autonomia financeira e 
orçamentária.
À CVM cabe a regulação 
e supervisão do mercado 
de capitais, incluindo os 
emissores de valores 
mobiliários, as entidades 
administradoras de 
mercado de bolsa e balcão 
e instituições integrantes do 
55ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
sistema de distribuição de valores mobiliários.
A CVM visa a eficiência e o desenvolvimento do mercado, além de buscar 
proteção dos investidores, combate às emissões fraudulentas de valores 
mobiliários e a manutenção de práticas equitativas no mercado de valores 
mobiliários, impondo regras de transparência e divulgação de informações.
9.1.1.
São atribuições da CVM
Desenvolvimento do mercado
 Estimular a formação de poupança e a sua aplicação em valores mobiliários; 
promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de 
ações; e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de 
companhias abertas sob controle de capitais privados nacionais (Lei 6.385/76, 
art. 4º, incisos I e II).
Eficiência e funcionamento do mercado
 Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da bolsa e de 
balcão; assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado 
de valores mobiliários; e assegurar a observância, no mercado, das condições de 
utilização de crédito fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (Lei 6.385/76, art. 
4º, incisos III, VII e VIII).
Proteção dos investidores
 Proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra 
emissões irregulares de valores mobiliários; atos ilegais de administradores e 
acionistas controladores das companhias abertas, ou de administradores de 
carteira de valores mobiliários; e o uso de informação relevante não divulgada 
no mercado de valores mobiliários. Evitar ou coibir modalidades de fraude ou 
manipulaçãodestinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço 
dos valores mobiliários negociados no mercado (Lei 6.385/76, art. 4º, incisos IV e 
V).
Acesso à informação adequada 
Assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários 
negociados e as companhias que os tenham emitido, regulamentando a Lei e 
administrando o sistema de registro de emissores, de distribuição e de agentes 
regulados (Lei 6.385/76, art. 4º, inciso VI, e art. 8º, incisos I e II).
56ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Fiscalização e punição 
Fiscalizar permanentemente as atividades e os serviços do mercado de valores 
mobiliários, bem como a veiculação de informações relativas ao mercado, às 
pessoas que dele participam e aos valores nele negociados, e impor penalidades 
aos infratores das Leis 6.404/76 e 6.385/76, das normas da própria CVM ou de 
leis especiais cujo cumprimento lhe incumba fiscalizar (Lei 6.385/76, art. 8º, 
incisos III e V, e art. 11).
9.2.
Regulação pela B3
A Diretoria de Emissores (DIE) da B3 tem como função a regulação dos 
emissores listados na B3, em suas vertentes orientadora, normativa e 
sancionadora, conforme art. 17, § 1º, da Lei nº 6.385/76, bem como no art. 15, 
inciso V, da Instrução CVM nº 461/07.
Criada em 2010, tem atuação independente e acompanhada pelo Comitê de 
Governança e Indicação, um comitê de assessoramento composto por três 
conselheiros que não ocupam cargos de administração em outras companhias 
abertas e que responde ao Conselho de Administração da B3.
A área é responsável pela elaboração de regras de acesso de emissores aos 
mercados organizados da B3, bem como pela aplicação dessas regras. Dentre os 
documentos e regras que estão sob sua responsabilidade estão:
• Regulamento para Listagem de Emissores e Admissão de Valores 
Mobiliários à Negociação (Regulamento de Emissores)
• Manual do Emissor
• Regulamento de Listagem do Novo Mercado (Regulamento do Novo 
Mercado)
• Regulamento de Listagem do Nível 2 de Governança Corporativa 
(Regulamento do Nível 2)
• Regulamento de Listagem do Nível 1 de Governança Corporativa 
(Regulamento do Nível 1)
• Regulamento de Listagem do Bovespa Mais (Regulamento do Bovespa 
Mais)
• Regulamento de Listagem do Bovespa Mais – Nível 2 (Regulamento do 
Bovespa Mais – Nível 2)
57ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Para que um emissor (companhia ou fundo de investimento, por exemplo) 
possa negociar os títulos de sua emissão (ações, debêntures, cotas ou outros) 
nos mercados organizados da B3, ele deve pleitear sua listagem e a admissão 
desses valores mobiliários à negociação, bem como cumprir os requisitos dos 
regulamentos da B3.
Quando concluída a listagem do emissor e a admissão à negociação dos valores 
mobiliários, a B3 passa a acompanhar o atendimento de suas obrigações com 
base no segmento de listagem. Se não forem cumpridos, a B3 tem poderes para 
aplicar as sanções previstas no Regulamento de Emissores ou no respectivo 
Regulamento de Listagem.
9.3.
Diferenças entre B3, CVM e BSM
A regulação de emissores exercida pela B3 difere da CVM ou da BSM.
As atividades exercidas pela diretoria e pela CVM são bastante distintas no que 
se refere ao acesso ao mercado e ao acompanhamento de obrigações, por mais 
que sejam complementares e tenham muitos pontos de convergência.
A CVM, por exemplo, é responsável pela concessão de registro de companhia 
aberta e a B3, pela análise dos requisitos para a listagem. Os processos podem 
ocorrer paralelamente, mas B3 e CVM observam regras distintas na análise.
No acompanhamento de obrigações e aplicação de sanções, a CVM atua diante 
do descumprimento das Leis nº 6.385/76 e 6.404/76 e das Instruções de sua 
emissão, e a B3 na hipótese de descumprimento de obrigações constantes de 
seus regulamentos.
Como existem obrigações comuns a essas instituições, foi celebrado um 
convênio para aperfeiçoar essa função.
As responsabilidades da B3 e da BSM também não se confundem.
A BSM não atua diante de companhias emissoras, mas sim de intermediários, 
como corretoras e distribuidoras. Sua fiscalização envolve as operações 
realizadas em seus mercados organizados e sobre as pessoas físicas 
ou jurídicas autorizadas a operar, com o intuito de detectar eventuais 
descumprimentos que possam infringir normas legais e regulamentares.
58ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
9.4.
BSM
A BSM é uma organização sem fins lucrativos, com autonomia administrativa 
e orçamentária, que integra o Grupo B3, sem, contudo, fazer parte da estrutura 
organizacional da B3 companhia aberta.
A BSM monitora 100% das operações (ofertas e negócios) realizados nos 
mercados da B3 para identificar qualquer movimento fora do comportamento 
padrão. Este trabalho é feito diariamente nos mercados à vista e de derivativos, 
analisando três aspectos principais:
1. Comportamentos atípicos de investidores
Operações que fogem do padrão de atuação do investidor (volume ou tipo de 
ativo negociado) ou de seu perfil (conforme dados cadastrais).
2. Comportamentos atípicos dos ativos
Movimentos de preço e volume das operações nos ativos ou setores que diferem 
de seu padrão ou do mercado.
3. Informações relevantes
Volatilidade de um ativo ou de seu setor antes e depois da divulgação de um fato 
relevante ou notícia.
Entenda como funciona:
59ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Fonte: BSM
9.4.1.
Ressarcimentos de prejuízos pela BSM
A B3 tem o Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos (MRP), que assegura 
aos investidores o ressarcimento de até R$ 120 mil por prejuízos causados por 
Participantes dos mercados administrados pela B3 (corretoras e distribuidoras 
de títulos e valores mobiliários), seus administradores ou prepostos, em relação 
à intermediação de operações de bolsa com valores mobiliários (como compra e 
venda de ações, derivativos e fundos listados) e serviços de custódia. 
O MRP também cobre prejuízos decorrentes da intervenção ou decretação da 
liquidação extrajudicial de Participante pelo Banco Central Brasil. Nesse caso, é 
assegurado o ressarcimento do saldo em conta-corrente no encerramento do dia 
útil anterior à decretação da liquidação extrajudicial, desde que proveniente de 
operações realizadas no mercado de bolsa.
O investidor que se sentir lesado pela ação ou omissão de Participante da B3 
na intermediação de negociações realizadas em bolsa ou serviços de custódia, 
pode apresentar pedido de ressarcimento para análise e julgamento pela BSM 
Supervisão de Mercados, responsável pela administração do MRP.
60ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Fonte: BSM
61ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
9.4.2.
Casos de atuação disponibilizados pela BSM
Caso 1: Transferência irregular de recursos (Money Pass)
Fonte: BSM
62ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Fonte: BSM
Caso 2: Movimentação financeira incompatível com cadastro
O que é? Uma pessoa utiliza o número do Cadastro de Pessoas Físicas da 
Receita Federal (CPF) de um terceiro (“laranja”) para realizar operações de 
volumes financeiros extremamente superiores à renda declarada no cadastro.
O que aconteceu? O «laranja» foi contratado para movimentar mais de R$ 12 
milhões em operações de daytrade no mercado de opções.
Como caso foi identificado? Cruzando os dados de cadastro com o volume 
financeiro das operações realizadas: o investidor era cliente novo e havia 
declarado renda de R$ 700,00, mas, em pouco tempo, já havia movimentado mais 
de R$ 12 milhões.
Caso 3: Manipulação de mercado
O que é? Investidor opera com o intuito de pressionar as cotações dos ativos em 
direção aos preços que lhe interessam.
O que aconteceu? Diretor Financeiro definia estratégia de compra e venda de 
ações na empresa em que trabalhava para se beneficiar em seus investimentos 
como pessoa física. Junto a um operador e a esposa do operador, ganhou R$ 
350 mil em daytrades abertos contra o mercado e fechados contra a empresa e 
provocou perdas de R$ 1 milhão para a companhia em que trabalhava.
63ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER
Como

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