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Escopo de Trabalho do Stock Picker Bancos e Instituições Financeiras SUMÁRIO FUNCIONAMENTO DO ASSET MANAGEMENT p.4 1.1. BARREIRA DE INFORMAÇÃO p.5 1.2. SEGREGAÇÃO DE FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES p.6 1.3. GESTORAS INDEPENDENTES p.7 1.4. AS 50 MAIORES GESTORAS DE RECURSOS DO PAÍS p.8 1.5. O DIA A DIA DO GESTOR DE IN- VESTIMENTOS p.10 1.6. O PAPEL DE CADA UM NA ASSET p.14 1.7. TAMANHO DA INDÚSTRIA DE FUNDOS NO BRASIL p.16 CLUBES DE INVESTIMENTO E FUNDOS EXCLUSIVOS p.25 4.1. CLUBES DE INVESTIMENTOS p.25 4.2. FUNDOS EXCLUSIVOS p.26 4.2.1. VANTAGENS NA TRIBUTAÇÃO p.27 4.2.2.ESTRUTURA OPERACIONAL p.27 4.2.3. FACILIDADE NO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO p.28 4.2.4.FUNDOS DE INVESTIMENTO FECHADOS p.28 4.2.5. FUNDOS DE INVESTIMENTO FECHADOS p.29 4.2.6. PANORAMA DOS FUNDOS EXCLUSIVOS NO BRASIL p.29 AS EMPRESAS DE RESEARCH p.17 2.1. FORMAÇÃO DO ANALISTA p.19 2.2. SELL-SIDE E BUY-SIDE p.20 FUNCIONAMENTO DAS TESOURARIAS p.21 3.1. ALM (ASSET LIABILITY MANAGEMENT) p.22 FUNCIONAMENTO DE CARTEIRAS ADMINISTRADAS p.33 5.1. CUSTOS p.35 5.2. O QUE É PRECISO PARA TER UMA CARTEIRA ADMINISTRADA p.35 1 3 2 4 5 ESCRITÓRIOS DE AAI (AGENTES AUTÔNOMOS DE INVESTIMENTO) p.39 7.1. CERTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA PARA AAIS p.41 7.2. OUTRAS CERTIFICAÇÕES QUE NÃO SÃO OBRIGATÓRIAS PARA AAIS (MAS SÃO DIFERENCIAIS) p.43 7.2.1. CFP® p.43 7.2.2. CPA- 10 p.44 7.2.3. CPA- 20 p.45 WEALTH MANAGEMENT p.36 6.1. FAMILY OFFICE p.38 6 7 M&A (MERGERS AND ACQUISITIONS) p.47 8.1. VEJA AS PRINCIPAIS ETAPAS DO PROCESSO: p.49 8.2. SEGURO DE M&A p.51 8 OPERAÇÕES FRAUDULENTAS E REGULAÇÃO NA BOLSA p.53 9.1. CVM (COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS) p.54 9.1.1. SÃO ATRIBUIÇÕES DA CVM p.55 9.2. REGULAÇÃO PELA B3 p.56 9.3. DIFERENÇAS ENTRE B3, CVM E BSM p.57 9.4. BSM p.58 9.4.1. RESSARCIMENTOS DE PREJUÍZOS PELA BSM p.59 9.4.2. CASOS DE ATUAÇÃO DISPONIBILIZADOS PELA BSM p.59 9 GLOSSÁRIO p.67 10 1 Funcionamento do Asset Management 5ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Asset Management é o termo em inglês usado para definir empresas que administram recursos de terceiros por meio de fundos de investimentos. Essas empresas podem ser independentes ou então fazer parte de grupos financeiros (como os grandes bancos), mas devem ser totalmente autônomas na tomada de decisões em relação à administração de recursos da própria empresa. Ou seja, para prevenir eventuais conflitos de interesse, as gestoras de Fundos de Investimento devem ter suas atividades de administração de recursos próprios e recursos de terceiros (fundos), totalmente separadas e independentes. Por exemplo: todos os grandes bancos como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa possuem suas próprias assets managements. Apesar de fazerem parte do mesmo grupo (holding), elas são empresas com CNPJ próprio e com todos seus ativos/passivos separados dos bancos dos quais fazem parte. Essa separação está mais detalhada no tópico abaixo. 1.1. Barreira de informação A separação da administração de recursos de terceiros (fundos de investimento, por exemplo) das demais atividades de uma instituição financeira é conhecida como barreira de informação. Caracteriza-se por um conjunto de procedimentos e políticas adotadas por uma instituição financeira com o objetivo de impedir 6ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER o fluxo de informações privilegiadas e sigilosas para outros setores dessa instituição, ou para outra empresa do mesmo grupo, de forma a evitar situações de conflito de interesses, práticas fraudulentas e insider trading. Essa barreira visa também garantir que o dinheiro aplicado em fundos de investimento seja gerido de maneira independente dos recursos da instituição administradora. Ou seja, barreira de informação virou o termo utilizado para identificar o conjunto de normas que garantam a segregação física e administrativa entre a tesouraria do banco e a gestora de fundos de investimento. Seu objetivo é evitar que a negociação da carteira de títulos e a gestão dos recursos – o dinheiro das aplicações dos investidores e os recursos próprios do banco – se misturem, evitando dessa forma o conflito de interesses ou o benefício de uma das partes em prejuízo da outra. Com o objetivo de aplicar essa medida, as instituições financeiras criam empresas de assets managements independentes, que atuam de maneira autônoma em relação ao banco. Sua função é exclusivamente gerenciar o dinheiro dos investidores. Além da atuação firme dos órgãos governamentais na fiscalização, esse trabalho é acompanhado por auditores internos e também independentes, que têm autorização para rastrear o fluxo financeiro das operações realizadas pelos gestores de fundos. A Anbima, como autorreguladora do mercado de fundos de investimento, também estabelece regras para atuação dos prestadores de serviço dos fundos e impõe restrições quanto à circulação de informações entre eles. 1.2. Segregação de Funções e Responsabilidades Administrador: É o responsável legal pelo fundo de investimento. Controla todos os prestadores de serviço e defende os interesses dos cotistas. Também representa o fundo perante os órgãos públicos e é responsável pela comunicação com o cotista. Distribuidor: Responsável pela venda das cotas do fundo no mercado. O próprio administrador pode atuar como distribuidor bem como delegar a terceiros esta atividade. Custodiante: Responsável pela guarda dos ativos do fundo. Deve informar gestores e administradores sobre as posições custodiadas e também pode ser responsável 7ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER pela “marcação a mercado”. Auditoria: Todo fundo deve contratar um auditor independente que audite as contas do Fundo pelo menos uma vez por ano. VEJA A LISTA DE ASSETS MANAGEMENTS DOS MAIORES BANCOS DO PAÍS: Banco: Itaú Gestora de recursos: Itaú Asset Management Banco: Bradesco Gestora de recursos: BRAM (Bradesco Asset Management) Banco: Santander Gestora de recursos: Santander Asset Management Banco: Banco do Brasil Gestora de recursos: BBDTVM (BB Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários) Banco: Caixa Gestora de Recursos: Caixa Asset Management 1.3. Gestoras independentes Além das gestoras de recursos dos grandes bancos, há centenas de gestoras independentes no Brasil, ou seja, empresas que não têm nenhuma relação com grandes instituições financeiras. De acordo com dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), no final de 2019 havia 629 gestoras de recursos no país, sendo 96% delas independentes. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) obriga que os gestores independentes de recursos tenham certificação CGA (da Anbima), nível superior de formação e experiência mínima de sete anos. A autarquia exige também que a Asset Management tenha capital mínimo de R$ 550 mil, ou 0,2% dos ativos 8ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER administrados – o que for maior entre os dois. Isso amplia a segurança para os investidores. O gestor ainda fica obrigado a publicar balanço anual, seguindo o modelo da CVM, e divulgar a estrutura da empresa. 1.4. As 50 maiores gestoras de recursos do país Fonte: Anbima Dezembro/2019 Ordem Gestor Patrimônio líquido (em milhões) 1 BB DTVM S.A 1.046.304,99 2 ITAU UNIBANCO SA 770.368,03 3 BRADESCO 560.425,00 4 CAIXA 374.738,64 5 BANCO SANTANDER (BRASIL) SA 291.395,29 6 BTG PACTUAL 109.006,18 7 SAFRA 100.718,41 8 CREDIT SUISSE 83.657,54 9 OPPORTUNITY ASSET ADM 73.002,35 10 KINEA INVESTIMENTO LTDA 68.524,02 11 BW GESTAO DE INVESTIMENTO LTDA 67.230,90 12 BRL DTVM 66.125,15 13 XP ASSET MANAGEMENT 51.570,37 14 OLIVEIRA TRUST DTVM 46.938,98 15 VOTORANTIM ASSET 46.118,04 16 VERDE ASSET MANAGEMENT S.A. 45.567,97 17 BNP PARIBAS 42.330,61 18 WESTERN ASSET 39.748,22 19 SPX 39.518,43 20 MODAL32.505,91 9ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER 21 PATRIA INVESTIMENTOS 32.456,48 22 SUL AMERICA INVESTIMENTOS DTVM 32.172,92 23 VINCI PARTNERS 29.639,32 24 SICREDI 28.199,46 25 BAHIA ASSET MANAGEMENT 26.169,62 26 ICATU VANGUARDA 23.654,59 27 JGP GESTAO DE RECURSOS LTDA 23.391,28 28 LIONS TRUST 22.572,66 29 REAG GESTORA 22.219,10 30 ARX INVESTIMENTOS LTDA 22.066,42 31 KAPITALO 21.446,93 32 ADAMCAPITAL GESTAO DE RECURSOS 21.407,32 33 BROOKFIELD GESTAO DE ATIVOS LTDA 20.133,36 34 MORGAN STANLEY 19.856,25 35 JP MORGAN 19.010,47 36 AZ QUEST INVESTIMENTOS 18.345,06 37 SCHRODER BRASIL 18.140,94 38 PORTO SEGURO INVESTIMENTOS 17.288,91 39 PRAGMA 17.258,51 40 GPS PLANEJAMENTO FINANCEIRO 17.068,47 41 ABSOLUTE 16.611,54 42 PLANNER 14.363,30 43 BLACKROCK BRASIL GESTORA DE IN-VESTIMENTO 12.789,98 44 TRUXT INVESTIMENTOS 12.603,60 45 BRPP GESTAO DE PRODUTOS ESTRU-TURADOS 12.480,12 46 ALASKA INVESTIMENTOS 12.226,91 47 BANRISUL 11.895,08 48 LEGACY CAPITAL GESTORA DE REC LTDA 11.714,64 49 RELIANCE ASSET 10.728,84 50 BANCO CITIBANK 10.605,85 10ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER 1.5. O dia a dia do gestor de investimentos Para apresentar a rotina em uma gestora de recursos independente, selecionamos uma matéria publicada na Revista InfoMoney em fevereiro de 2014. Para a produção desta matéria, o repórter acompanhou o dia a dia dentro da gestora Mauá Sekular (hoje Mauá Capital), uma importante gestora de recursos com sede em São Paulo e que tem como CEO e sócio-fundador o ex- diretor do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo. Leia a matéria a seguir para entender melhor toda a rotina de trabalho dentro do asset management: Matéria Revista InfoMoney: Como investem os profissionais? A Revista InfoMoney passou um dia ao lado dos gestores de ações da Mauá Sekular, acompanhou reuniões estratégicas e conta como é a rotina de uma asset management Por: Diego Lazzaris SÃO PAULO – O relógio de ponteiro com a hora de Tóquio marca 8h50. Ao lado dele, outros três estão ajustados com o horário de Londres, Nova York e São Paulo. Num escritório espaçoso no 16º andar de um dos prédios do Itaim Bibi, em São Paulo, quatro homens conversam sentados à vontade em suas cadeiras, de costas para as bancadas. Um deles é o ex-diretor do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo, que veste uma camisa azul bem cortada e calça social escura, sem gravata. Entre uma tragada e outra num cigarro eletrônico, ele questiona a equipe sobre os acontecimentos importantes que estão no radar dos investidores no dia. Na mesma roda estão economistas e analistas experientes do mercado. Liderados por Figueiredo, eles fazem parte da equipe macro da Mauá Sekular Investimentos, uma gestora de recursos com mais de R$ 2 bilhões sob responsabilidade. (Matéria publicada em 2014. Em fevereiro de 2020, a Mauá Capital tinha mais de R$ 5 bilhões sob administração) O ambiente é silencioso. Ainda é bem cedo, mas a maioria das mesas já está ocupada e mesmo assim não se ouve ruídos. O único burburinho vem da reunião entre os quatro homens – Figueiredo é quem mais questiona e aponta informações, sempre em um tom baixo. Na pauta do dia, os acontecimentos macroeconômicos da véspera, com foco na decisão do Fed (banco central norte- 11ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER americano) de manter estímulos financeiros à economia dos Estados Unidos – no dia anterior, a Bolsa havia disparado e o dólar despencado por conta disso. O clima é ameno, mas todos têm olhar sério e compenetrado – e respondem prontamente aos questionamentos. Na bancada ao lado, a equipe de renda variável da gestora está concentrada nas telas de seus próprios computadores. Um dos sócios e gestor responsável pelos fundos de ações, Guilherme de Morais Vicente, tem quatro monitores à sua frente. Ao lado dele, o trader Andre Mello, sócio responsável pela execução das ordens de compra e venda dos fundos, divide a atenção entre seis telas. Gráficos, cotações, códigos e muitos números. Numa olhada rápida, é difícil para um leigo entender alguma coisa. Assim que termina a reunião da equipe macro, Vicente e Mello se reúnem com outros dois analistas para discutir os principais assuntos do dia. O trader canta a pauta e Vicente estimula a discussão. Comentam e analisam os fatos relevantes divulgados naquela manhã. Tudo normal: era mais uma quinta-feira comum na rotina dos gestores da Mauá Sekular. Comitê de investimentos Na parte da tarde, eles se preparam para a reunião do comitê de investimentos – acontece todas as quintas, quando a equipe de renda variável discute as posições atuais dos fundos e são apresentadas novas ações que poderão fazer parte da carteira. Na sala de reunião número 3, todos se acomodam em torno de uma mesa de madeira comprida, com 12 cadeiras. Do lado direito, além de Vicente, está o analista sênior Stephen Duvignau e o analista Flavio Santana. Do outro lado, sentam o trader Andre Mello e Felipe Moraes, da equipe de relacionamento com investidores. O primeiro assunto é o investimento nas Indústrias Romi. O projetor mostra planilhas com dados da empresa. Dezenas de linhas e colunas repletas de números indecifráveis para os leigos viram armas poderosas nas mãos de analistas que conhecem tão bem a companhia. No início daquela semana, a Romi tinha saído de um período de silêncio e entraria em outro na semana seguinte. Como Vicente faz parte do conselho de administração da empresa, eles não poderiam movimentar os papéis neste período. Na véspera da reunião, a gestora tinha vendido uma parte das ações depois de um movimento de alta. “Aproveitamos um movimento de curto prazo. Agora vamos aumentar novamente a posição”, diz Vicente. “Não podemos deixar a tartaruga escapar”, emenda Duvignau. A discussão era quanto comprar – se levariam ou não ao limite máximo do fundo. Para Mello, montar uma posição de 10% era arriscado naquele momento. “Vamos ficar 30 dias travados”, lembrou. “Meu voto é 7,5%”, opina Duvignau. Depois de alguma discussão, todos concordam com este percentual. “R$ 5,30 é o preço [ideal para a compra]. Só precisamos esperar a oportunidade”, diz Mello, responsável por ‘apertar o botão’ que concretiza a operação. 12ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER O caso da Romi reflete bem o tipo de gestão ativista da Mauá Sekular. Eles flertavam com o papel desde o ano passado. A empresa vinha mal, suas ações tinham caído para um terço do valor. Fizeram dezenas de reuniões, conversaram com clientes, fornecedores e concorrentes para entender o que estava acontecendo. Na mesma época, o BNDES, segundo maior acionista da companhia, passou suas ações para a carteira comercial da Caixa Econômica Federal, que não tinha interesse em permanecer com esses papéis. Já a Mauá apostava numa recuperação, mas precisava colocar alguém no conselho de administração para dar sentido ao plano. Quando a Caixa começou a desovar as ações no mercado, eles compraram quase tudo. Na reunião para eleger o conselho da Romi, Guilherme Vicente contou, claro, com o voto do fundo aberto da Mauá, além do Mauá Participações, um fundo que a gestora usa para captação de recursos para investimentos de longo prazo. Também votou nele o Fundo Verde, da Credit Suisse Hedging-Griffo, maior “hedge fund” do Brasil, gerido por Luis Stuhlberger. No final, tudo saiu como planejado. Neste ano, a Romi acumula alta de 35%. Desde o dia seguinte da reunião de comitê relatada nesta reportagem (que aconteceu em setembro de 2013), as ações já valorizaram mais de 22%. Após a decisão de aumentar posição em Romi, a pauta da reunião passa para outra companhia que também faz parte da carteira da gestora, mas que não pode ter o nome divulgado por motivos estratégicos. Na presençade um jornalista, eles se referem a ela pelo código “Serra-Sul”. A discussão é sobre um aumento de participação da gestora na empresa. “É o tipo de oportunidade que não temos sempre”, diz Vicente. Ele é o típico jovem bem-sucedido do mercado financeiro. Aos 32 anos, além de ocupar uma cadeira no conselho da Romi, também está no conselho fiscal da PDG. Sócio da Mauá desde 2010, Vicente veio da Apoena Investimentos, gestora que fundou em 2008. Fala calmamente, mas sua voz transmite firmeza. Há pouco espaço para incertezas quando se lida com investimentos na casa dos milhões de reais. Duvignau concorda com a compra e explica os motivos. Quando ele fala, todos ouvem atentamente. O analista acompanha o dia a dia dessa empresa há um bom tempo, conhece os diretores, visita as fábricas regularmente. Sua palavra tem autoridade. “O cara entende profundamente o assunto. Bancos de investimento ligam para ele para pedir opinião. Então quando ele se pronuncia, a gente escuta”, conta Vicente, depois da reunião. No final das argumentações, eles decidem adquirir mais ações da Serra-Sul. O preço ainda é discutido – André Mello, como bom trader, insiste em comprar mais barato, enquanto Vicente e Duvignau defendem que eles não podem perder a oportunidade. Chegam num meio termo e estipulam um preço máximo. Agora só precisam esperar passar um ‘bloco’, ou ‘baleia’. No jargão dos investidores profissionais, esses termos significam uma quantidade grande de ações colocada à venda por outro investidor de grande porte – como no caso da Caixa com a Romi. 13ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Esse tipo de operação parece mesmo uma cena de caça e a estratégia é fundamental. “É preciso isolar o bloco (deixar o vendedor sem opções). Tem que cercar. Analisar se ele quer vender, discutir o preço. Depois falamos com todos os compradores. E vamos deixando o bloco sozinho. Isolado, ele vai limitando o preço”, explica Vicente. No caso da Serra-Sul, eles já sabem quem está vendendo. “Vamos falar diretamente com ele. Eu ligo. Se for preciso, vou pessoalmente encontrá-lo”, diz o gestor. E não se assuste se ele sair desse encontro com uma grande baleia a tiracolo. 14ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER 1.6. O papel de cada um na asset O gestor do fundo costuma ser a figura mais lembrada quando pensamos nas funções dentro de uma asset management. Mas além dele, há outras posições importantes dentro de uma gestora de recursos. Veja a seguir as principais atribuições de cada uma delas. Gestor do fundo Quando um investidor aplica diretamente em algum ativo (ações ou títulos públicos, por exemplo), ele mesmo fica sendo responsável por administrar a sua carteira de investimentos e tomar as decisões de compra e venda, com objetivo de conseguir mais rentabilidade. A grande diferença de aplicar em fundos de investimentos é que o investidor transfere esta tarefa de decisão para uma terceira pessoa: o gestor do fundo, que é um profissional habilitado e qualificado para este tipo de atividade. O gestor é responsável pela compra e venda dos ativos do fundo, segundo objetivos e política de investimento estabelecida no regulamento. Isso quer dizer que é ele quem escolhe em quais ativos aquele fundo vai aplicar, quais os percentuais de alocação do portfólio e o momento de entrada e saída dos investimentos (também conhecido como zeragem de posição ou simplesmente stop), sempre dentro das regras definidas pelo regulamento do fundo e de acordo com a sua classificação. O papel do gestor pode ser desempenhado pelo próprio administrador do fundo ou por terceiro contratado para a função, que deve ser pessoa física ou jurídica credenciada pela CVM como administrador de carteiras de valores mobiliários. Outras posições dentro de uma gestora de recursos CIO (Chief Investment Officer) É o chefe da área de investimentos da gestora. Responsável por decisões estratégicas e por coordenar todas as equipes relacionadas à gestão de recursos. 15ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Risco & Compliance Área responsável pelo enquadramento de todos os investimentos dentro dos níveis de riscos que foram previamente estabelecidos. Cabe a área de riscos da gestora a validação e manutenção dos modelos matemáticos utilizados na elaboração de cenários, definição de fatores de risco, cálculo das métricas de risco e elaboração e distribuição de relatórios com indicadores de risco para as áreas pertinentes do negócio. Economistas A maioria das gestoras de recursos possui um economista ou uma equipe de economia, que ficam responsáveis por traçar cenários macroeconômicos que auxiliem os analistas e gestores nas tomadas de decisão. Analistas de investimentos São responsáveis por fazer toda análise e valuation das ações que poderão entrar na carteira do fundo. Depois de montarem a tese sobre o investimento, eles apresentam todas as informações da empresa para a equipe de gestão do fundo em uma reunião chamada de comitê de investimentos. Trader É o responsável pela execução das operações dentro do fundo. Tem contato direto com os brokers das corretoras, sempre em busca dos melhores preços de ativos que vão entrar no portfólio. 16ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER 1.7. Tamanho da indústria de fundos no Brasil O total sob gestão da indústria de fundos brasileira chegou a R$ 5,4 trilhões em dezembro de 2019, ano em que houve captação líquida (aplicações - resgates) de R$ 191 bilhões. Veja no gráfico abaixo a captação ano a ano dos fundos de investimento – a partir de 2006. 2 As empresas de research 18ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Acompanhar todas as empresas da Bolsa é uma tarefa impossível para uma única pessoa. É por isso que tanta gente recorre aos relatórios dos analistas para saber o que está acontecendo dentro das companhias de capital aberto. Conhecidos no mercado com o jargão de sell-side, esses profissionais divulgam relatórios sobre a atual situação da empresa. A partir da análise das condições da economia, do horizonte para o setor e dos números divulgados nos balanços das empresas, os analistas fazem projeções do preço-justo de um papel e, comparando-o com a cotação atual, produzem recomendações de compra, venda ou manutenção. Assim como alguém que vai trocar de carro procura dicas de especialistas e consulta sites especializados para decidir por um modelo ou outro, os analistas do sell-side também ajudam a guiar o investidor em sua tomada de decisões na Bolsa. Da mesma forma que na compra do carro, a palavra de um único analista não deve ser o único critério do investidor, mas deve ser vista como mais um ingrediente de informação e compreensão. Os analistas do sell-side representam um importante canal entre os investidores e as empresas. Esse canal é importante para trazer novas informações e ajudar na interpretação das notícias já existentes. Outra função bem executada pelo sell-side é ajudar a mostrar como a maioria do mercado enxergou um evento. Se a Petrobras tiver divulgado um lucro visto como decepcionante pela grande maioria dos analistas, por exemplo, é bem provável que o papel seja punido no pregão seguinte. Vale lembrar que o que forma preço no mercado é a opinião da maioria. O sell-side precisa estar sempre muito atento a todos os elementos da cadeia 19ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER que fazem parte da empresa/setor que ele acompanha. Um bom analista do setor de energia, por exemplo, é aquele que relata conversas não apenas com os principais executivos das empresas abertas, mas também costuma divulgar informações obtidas em conversas com o Ministério de Minas e Energia, a Aneel, os parlamentares, os consultores do setor e as empresas de meteorologia, entre outros. São essas reuniões que farão com que o analista consiga levantar as informações necessárias para estabelecer as premissas corretas que serão utilizadas no cálculo do preço-justo de uma empresa – e que realmente garantirão ao investidor lucros na Bolsa. Noambiente institucional, outro papel fundamental dos analistas é viabilizar o trabalho de casas de gestão de recursos (assets managements). Isso porque, em muitos casos, gestores de fundos independentes trabalham com equipes enxutas, com duas ou três pessoas na área de gestão de portfólio, e não teriam condições de analisar sozinhos o mercado como um todo. 2.1. Formação do analista Há dois tipos diferentes de analistas: os analistas técnicos e os analistas fundamentalistas. Os técnicos utilizam como premissa o estudo da análise técnica (ou análise gráfica) para realizar suas avaliações e indicar suas recomendações de compra ou venda de ações. Já o analista fundamentalista se apoia nos fundamentos da empresa, isto é, faz a análise dos resultados divulgados pela empresa e compara métricas operacionais e financeiras destas empresas com a média do setor (ou a média histórica da própria empresa) para chegar à conclusão de se esta ação está cara ou barata. Normalmente, a análise técnica tem objetivo de curto prazo, com as recomendações durando dias ou até mesmo algumas horas. Já a análise fundamentalista tem um viés mais assertivo para o longo prazo, com recomendações focadas em semanas, meses ou anos. Quem quiser se tornar analista fundamentalista precisa tirar a certificação CNPI. Já o analista técnico precisa tirar a certificação CNPI-T. O analista que tirar as duas certificações torna-se analista sênior, com CNPI-P. O analista precisa ter a certificação da Apimec para poder exercer a profissão e fazer recomendações de ações. Os exames são realizados nos Centros de Testes da FGV distribuídos em praticamente todo território nacional. Antes de tirar qualquer um dos dois certificados, o candidato precisa fazer uma prova chamada Conteúdo Brasileiro (CB). Aprovada nessa primeira prova, ele terá o prazo de 12 meses, contados da data da realização do primeiro exame, para ser aprovado no outro exame. A perda deste prazo implicará em nova inscrição e 20ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER aprovação nos exames. Para obtenção da certificação o profissional deve ser aprovado nos seguintes exames: CB – Conteúdo Brasileiro – fase comum para o analista fundamentalista, técnico e pleno. Uma prova de duas horas de duração com 60 questões de múltipla escolha contendo as seguintes matérias: Sistema Financeiro Nacional, Mercado de Capitais, Mercado de Renda Fixa, Mercado de Derivativos, Conceitos Econômicos, Ética e Relacionamento, Governança Corporativa. CG1 – Conteúdo Global 1 – fase para o analista fundamentalista. Uma prova de duas horas de duração com 60 questões de múltipla escolha contendo as seguintes matérias: 1. Análise e Avaliação de Ações e Finanças Corporativas: 30 questões; 2. Contabilidade Financeira e Análise de Relatórios Financeiros: 30 questões CT1 – Conteúdo Técnico 1 – fase para o analista técnico. Uma prova de duas horas de duração com 60 questões de múltipla escolha contendo as seguintes matérias: Princípios de Análise Técnica; Dow, Elliott, Fibonacci e Candle Stick; Retas, Tendências e Médias móveis; Stop, Suporte e Resistência; Volume & Contratos em Aberto. 2.2. Sell-side e Buy-side O sell-side é o segmento em que os profissionais “vendem” (daí o termo sell, que significa vender, em inglês) relatórios sobre a situação das empresas de capital aberto, fazendo recomendações para investidores. Fazem parte do sell-side as corretoras de valores e bancos de investimentos que possuem analistas para fazerem as recomendações de compra/venda de ações para seus clientes. As empresas independentes de research também fazem parte do sell- side. Já o buy-side é representado pelos profissionais que compram (daí o termo buy, que significa comprar, em inglês) ações, caso dos gestores de fundos de investimentos e fundos de pensão. Se quiser saber mais quem é ana- lista ou como ser Clique Aqui https://conteudos.xpi.com.br/analistas/ 3 Funcionamento das tesourarias 22ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER A área de tesouraria é responsável por gerir o caixa de curto prazo (liquidez) do banco ou instituição financeira, administrando os recursos do negócio e alocando em investimentos. Cabe à tesouraria fazer a gestão dos riscos de liquidez, dos riscos de mercado, a precificação de produtos que serão ofertados para clientes (câmbio, derivativos, produtos estruturados, entre outros). Também é atribuído à tesouraria a gestão de toda carteira proprietária da instituição financeira – ou seja, operações para ganhar com oscilações do mercado. Em muitos casos, a área de macroeconomia dos bancos está alocada dentro das tesourarias. Por isso, ela é provedora de informações econômicas para tomada de decisões de várias áreas de instituição financeira. 3.1. ALM (Asset Liability Management) Em bancos e instituições financeiras, um importante papel é exercido pela área de ALM (Asset Liability Management), elemento fundamental para a gestão de riscos de descasamentos entre ativos e passivos, com papel essencial e estratégico no gerenciamento do balanço de um banco. 23ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Cabe ao ALM observar o comportamento dos passivos, gerenciando os riscos e que podem resultar numa maior probabilidade de sucesso no negócio. Esse gerenciamento centralizado é primordial na dinâmica dos fluxos dos recursos financeiros, desde as captações e depósitos até o direcionamento para operações de créditos nas áreas comerciais. Entre as funções do ALM, estão: • Gerenciar o descasamento de prazos (funding gap) para garantir capacidades de liquidações financeiras • Encontrar o nível de liquidez mais adequado para a estrutura de balanço da instituição • Definir a curva de precificação interna – pricing – dos recursos para os negócios nas áreas comerciais • Apurar todas as posições no balanço frente aos fatores de riscos de taxa de juros e preços dos ativos • Selecionar informações e indicadores fundamentais para o gestor da mesa central de liquidez e pricing na Tesouraria Em muitas corretoras e bancos de investimentos, a importância do ALM é tão grande que existem diretorias 100% dedicadas a este assunto. Isso porque as decisões dos profissionais dessa área impactam diretamente o resultado financeiro, a alocação de capital, liquidez e solvência da Instituição. 4 Clubes de inves- timento e fundos exclusivos 25ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER 4.1. Clubes de investimentos O Clube de Investimento é uma forma de investimento coletivo de pessoas físicas no Mercado de Capitais. Esse grupo é composto por no mínimo 3 e no máximo 50 participantes, para aplicação em Títulos e Valores Mobiliários que podem ser Ações ou Derivativos. Assim como nos fundos, o patrimônio do Clube de Investimento é dividido em cotas. Ao aplicar seus recursos em um clube, o investidor se torna um cotista. Com o volume maior de recursos, originado pela soma da parcela de cada integrante do clube, é possível diversificar a aplicação, investindo em ações de diferentes empresas e setores da economia, com custos de transação proporcionalmente menores. Os cotistas podem fazer a gestão de investimentos do Clube ou contratar um gestor profissional certificado e credenciado à CVM, ambos casos precisam ser eleitos pela assembleia geral. O clube deve ser administrado por sociedade corretora, sociedade distribuidora, banco de investimento ou banco múltiplo com carteira de investimento, que é responsável pelo conjunto de atividades e de serviços relacionados direta e indiretamente ao seu funcionamento e manutenção. O retorno dependerá da valorização das cotas, o que, por sua vez, dependerá da 26ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER valorização dos ativos que compõem a carteira do clube. Como qualquer outro investimento em Renda Variável, o patrimônio do Clube pode ser diretamente influenciado pelas oscilações do mercado, podendo gerar perda patrimonial e consequente desvalorização no valor das cotas. Por isso, é importante, antesde participar de um clube, estar atento à política de investimento que balizará as decisões do gestor. Para criar o Clube de Investimento é preciso escolher um administrador - que deve ser uma Corretora, uma distribuidora de títulos ou um banco com carteira de investimento. A Instituição escolhida cuidará de todos os documentos e dos registros legais e vai zelar pelo bom funcionamento do clube. Conheça o processo para a criação de um Clube de Investimento após a escolha do administrador: 4.2. Fundos Exclusivos Fundo Exclusivo é um fundo destinado a investidores qualificados e constituído para receber aplicações de um único cotista. Eles são feitos sob medida para cada investidor e possuem gestão profissional, visando atender as necessidades de pessoas com mais recursos disponíveis para aplicações - normalmente, este tipo de fundo é indicado para quem tem mais de R$ 10 milhões disponíveis em investimentos. O fundo exclusivo tem CNPJ próprio. Por esse motivo, o investidor deixa de aplicar como pessoa física e passa a investir por meio de uma pessoa jurídica – o fundo exclusivo. Os investimentos são feitos para atender especificamente o perfil de risco e objetivos de rentabilidade do investidor. Isso porque o cliente tem total ciência sobre as estratégias e operações feitas pelo gestor do seu fundo exclusivo 27ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER e pode participar ativamente da gestão do fundo, tomando decisões e sendo assessorado por um profissional especializado em gestão de fortunas. O fundo exclusivo muitas vezes é ser classificado como “fechado” (leia mais sobre fundos fechados no item 4.2.5). Neste caso, ele impede movimentações de resgates e aplicações, mas ao mesmo tempo não há incidência de imposto de renda durante o prazo de vigência do fundo - apenas quando o fundo é encerrado. O resultado disso é uma vantagem tributária enorme - a rentabilidade fica muito maior do que o que seria alcançado caso fosse aberto. Um fundo exclusivo tem algumas vantagens sobre aplicar diretamente como pessoa física, sendo as principais: tributária, sucessão e gestão dos investimentos. 4.2.1. Vantagens na Tributação O fundo exclusivo não paga imposto de renda pelas movimentações internas que realiza. Ou seja, os recursos podem ser migrados de um ativo para outro dentro do fundo sem que haja incidência impostos ou custos adicionais, o que acaba aumentado as possibilidades de aplicações sem prejudicar a rentabilidade. No caso dos fundos exclusivos fechados, não há incidência do “come-cotas”, sistema em que o imposto é descontado semestralmente por meio da redução das cotas do fundo. Nestes fundos, o imposto de renda só é descontado na amortização (uma vez por ano, dependendo do caso) e na sua liquidação. Isso permite que a quantia a ser paga em tributos permaneça investida até o prazo de vencimento do fundo, aumentado assim ainda mais os rendimentos do mesmo. 4.2.2. Estrutura Operacional Por terem um único valor de cota, os fundos exclusivos permitem o acompanhamento da rentabilidade e do valor investido de uma forma mais simples. Além disso, eles permitem que o investidor possa mover seu fundo diretamente de uma instituição gestora para outra se estiver insatisfeito, evitando assim que o fundo seja encerrado para ser reaberto em outro lugar. Os investidores também podem trocar o administrador ou custodiante responsável pelo fundo quando quiserem, sem ter que resgatar e mover os valores que foram 28ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER investidos de uma instituição para outra. 4.2.3. Facilidade no Planejamento Sucessório Os fundos de investimento exclusivos podem também funcionar como uma ótima ferramenta para facilitar a organização de heranças. Colocando seu patrimônio em um desses fundos, é possível doar as cotas do mesmo para os herdeiros ainda em vida, orientando como eles vão usufruir desses bens e evitando assim o processo do inventário. O titular do fundo ainda pode determinar que alguns bens não sejam vendidos ou que os herdeiros só consigam usufruir deles após certa idade, entre outras coisas. A doação de cotas é realizada normalmente, por meio de registro em cartório, após o pagamento do imposto sobre doações (ITCMD), no valor de 4%. 4.2.4. Tipos de fundos exclusivos Existem dois tipos de fundos exclusivos: o fundo exclusivo aberto e fundo exclusivo fechado. Ambos possuem características e vantagens distintas – principalmente quanto a movimentação e tributação do capital investido no fundo. Fundo Exclusivo Aberto • Permite livre movimentação de capital (aportes e resgates sem limites); • Têm incidência do imposto come-cotas (com exceção de Fundos de Ações); • Possuem Tributação regressiva de Imposto de Renda (exceto para Fundo de Investimentos em Ações); Fundo Exclusivo Fechado • Limita a movimentação de capital • Isenção do imposto come-cotas; • Possibilidade de amortização de capital de 12 em 12 meses; 29ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER • Resgate total apenas com o encerramento do fundo. 4.2.5. Fundos de Investimento Fechados Como foi citado, muitos fundos exclusivos são classificados como Fechados. Os fundos fechados são regulamentados pelas instruções da CVM número 555, 400 e 476 (que é a instrução que regulamenta a oferta pública de títulos e valores mobiliários com esforços restritos). Suas principais características são o fato de que as cotas que o compõem são resgatadas somente ao término do prazo de duração do fundo e que há uma emissão única de cotas, não havendo aportes de novos recursos como ocorre nos fundos abertos. O fundo nasce e se encerra com a mesma quantidade de cotas. A única exceção é se for realizada uma oferta pública posterior para aumento do patrimônio do fundo. A distribuição de cotas de fundo fechado depende de prévio registro na CVM, e deverá ser feita por instituições do sistema de distribuição de valores mobiliários. Um fundo aberto pode ser transformado em fundo fechado mediante autorização da CVM. Quanto ao registro de oferta pública, se o fundo fechado for destinado a investidores qualificados, não há a obrigatoriedade de realizar registro de oferta de distribuição de cotas. Além disso, a distribuição de cotas de fundo fechado que não seja destinado a investidores qualificados deverá ser precedida de registro de oferta pública de distribuição nos termos da Instrução CVM n.º 400. As cotas de um fundo fechado podem ser transferidas a outro investidor, mediante termo de cessão e transferência, ou através de bolsa de valores ou entidade de balcão organizado. A transferência fica condicionada à verificação pelo administrador do atendimento das formalidades estabelecidas no regulamento e na legislação pertinente. Admite-se a amortização de cotas nesta modalidade de fundos, mediante o pagamento uniforme a todos os cotistas. A amortização deve ser proporcional ao investimento e à rentabilidade. As amortizações sempre serão feitas considerando a proporcionalidade entre principal e juros, de forma a evitar diferimento de imposto de renda. Não há a obrigatoriedade de o fundo ter amortizações. Caso o fundo seja constituído sem amortizações, posteriormente poderá ser alterado através de assembleia dos cotistas. A classificação Anbima estabelece que um Fundo Exclusivo Fechado deve ter no máximo uma única amortização a cada 12 meses. O prazo de duração do fundo fechado deve ser estabelecido em regulamento, e não existe previsão legal para 30ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER prazo máximo ou mínimo. O prazo pode ser renovado sucessivamente, mediante aprovação da CVM. O encerramento do fundo antes do prazo estabelecido dependerá da anuência dos cotistas e aprovação da CVM No caso de haver a postergação do prazo de duração do fundo fechado, não haverá o corte do imposto de renda. O imposto somente será cobrado após o encerramento do fundo e nas amortizações realizadas. Novos aportes de recursos em um fundo fechado deverão ser feitossempre via uma oferta de distribuição pública, deliberada através de assembleia geral. A oferta deverá ser registrada na CVM, caso o fundo não seja destinado a investidores qualificados. O prazo de duração da oferta de distribuição deve ter no máximo 180 dias. A oferta pode ser encerrada a qualquer momento, se o volume mínimo de recursos previstos for integralizado. 4.2.6. Panorama dos fundos exclusivos no Brasil De acordo com dados da consultoria Economatica, o patrimônio total gerido em fundos exclusivos no Brasil era de R$ 705,6 bilhões no final de 2019, sendo que 59,1% do total é gerido pelos bancos de varejo e o restante (40,9%) por gestores independentes. Os gestores independentes ou que não fazem parte do grupo dos bancos de varejo detêm R$ 288,7 bilhões sob gestão. No mês de janeiro de 2018 o valor era de R$ 208,6 bilhões, o que indica um crescimento de 38,3%. Os bancos de varejo no mesmo período registram crescimento de 22,8%, fechando dezembro de 2019 com R$ 416,8 bilhões contra R$ 339,3 bilhões em janeiro de 2018. Alocação dos fundos exclusivos por tipo de investimento (Sem bancos de varejo) No gráfico abaixo podemos ver a evolução da alocação dos fundos exclusivos por tipo de investimento e notamos que o percentual de alocação direta destes fundos em títulos públicos vem caindo desde fevereiro de 2019, fechando dezembro de 2019 com 32,9% do patrimônio total dos fundos exclusivos. Já o percentual alocado de forma direta pelos fundos exclusivos em renda variável + posições doadas têm seu melhor momento em dezembro de 2019 com 16,7% do patrimônio, ultrapassando o anterior pico de fevereiro de 2018. A alocação em fundos também tem um crescimento significativo, passando a 31ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER ser o principal instrumento de alocação dos fundos exclusivos. Em dezembro de 2019, 35% do patrimônio estava alocado em fundos, que é o maior valor histórico dentro da amostra. As operações compromissadas também registram queda de alocação fechando dezembro de 2019 com 12% do patrimônio e voltando a níveis de abril de 2018. A alocação em investimentos no exterior se mantém relativamente constante entre 4,5% e 5,5% do patrimônio. Os depósitos a prazo de instituições financeiras e a posição short em renda variável é praticamente equivalente no mês de dezembro de 2019 com 3,5%. A alocação direta em debêntures responde por 2,9%. Ações com maior alocação direta nas carteiras dos fundos exclusivos (Sem bancos de varejo) 32ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Fonte: Economatica A carteira de ações dos fundos é divulgada com “atraso” de 90 dias. Assim, no mês de outubro de 2019 os fundos exclusivos tinham 631 posições diretas em ativos de renda variável (Long, Doado e Short) e na tabela abaixo apresentamos as 25 posições long mais relevantes da amostra. 260 posições são long, 159 posições recebidas (short), 153 posições cedidas (alugadas), 42 BDR’s, 17 Units. A ação com maior volume alocado de forma direta é o da Energisa Unit com R$ 3,2 bilhões. A Petrobras PN com R$ 3,04 bilhões é a segunda ação mais alocada. Eletrobras ON com R$ 2,2 bilhões é a terceira. Cinco posições são de bancos, sendo quatro em posição long e um em posição doada, quatro de Energia Elétrica, três de Exploração refino e distribuição (sendo duas posições long e uma doada). O volume financeiro total dos 25 ativos mais alocados em outubro de 2019 é de R$ 26,2 bilhões. 5 Funcionamento de carteiras adminis- tradas 34ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Na definição da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), administração de carteiras de valores mobiliários é o exercício profissional de atividades relacionadas, direta ou indiretamente, ao funcionamento, à manutenção e à gestão de uma carteira de valores mobiliários, incluindo a aplicação de recursos financeiros no mercado de valores mobiliários por conta do investidor. Na prática, a carteira administrada é o termo utilizado para determinar um serviço personalizado oferecido pelas instituições financeiras para clientes com maior capital disponível para investimentos. Ao contratar um serviço de carteira administrada, o investidor passa para um gestor profissional a tarefa de cuidar das suas aplicações financeiras e fazer toda a alocação dos seus recursos. Caberá ao administrador dessa carteira fazer desde a estratégia de alocação até o rebalanceamento dos ativos periodicamente, passando pela escolha, compra e venda de cada ativo que compõe a carteira. A composição dos investimentos que fazem parte da carteira administrada é revista periodicamente entre a equipe que faz a gestão da carteira e o cliente, que deve estabelecer seus objetivos em termos de segurança, liquidez e rentabilidade. A atividade só poderá ser exercida por pessoas físicas ou jurídicas previamente autorizadas pela CVM, conforme normas estabelecidas na Instrução CVM 558. A área técnica responsável pela supervisão desta atividade é a Gerência de Acompanhamento de Investidores Institucionais (GAIN), da Superintendência de Relações com Investidores Institucionais (SIN), ambas da CVM. https://verios.com.br/blog/rebalanceamento-da-carteira-de-investimentos-o-que-voce-precisa-saber/ http://www.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst558.html 35ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER 5.1. Custos Assim como no caso dos fundos de investimentos, a carteira administrada tem um custo para o investidor - a taxa de administração. Neste caso, a taxa é acordada caso a caso diretamente com o gestor ao fechar o contrato. Em alguns casos, também pode haver cobrança de taxa de performance sobre a rentabilidade que exceder determinado benchmark. Importante lembrar que além da taxa de administração da carteira, custos com a corretora e com os ativos (como custódia, emolumentos, corretagem, etc) também são de responsabilidade do investidor. 5.2. O que é preciso para ter uma carteira administrada Segundo profissionais que atuam com gestão de fortunas, montar fundos exclusivos normalmente vale a pena para aqueles investidores com mais de R$ 10 milhões em ativos. Para quem tem menos do que isso, uma boa saída pode ser optar por uma carteira administrada, em que o investidor delega a administração dos recursos a um profissional, que precisa seguir uma política de investimento previamente aprovada. 6 Wealth management 37ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Wealth management é a divisão destinada a atender grandes fortunas de clientes. Os clientes do wealth management são multimilionários, com patrimônio normalmente acima de R$ 10 milhões, e precisam de um atendimento exclusivo, com serviços e produtos feitos sob medida para suas necessidades. Um investidor que é atendido pelo wealth management tem acesso a vários serviços diferenciados. Entre as atribuições da área de gestão de fortuna estão: • Acompanhar o retorno dos ativos do portfólio do cliente; • Fazer rebalanceamentos de acordo com mudanças de cenário/ rentabilidade • Construir a carteira de investimentos completa; • Construir o planejamento patrimonial e sucessório; • Definir a política de investimentos, considerando as expectativas de retorno, os riscos aceitáveis e as melhores formas de mitigar os custos; • Realizar a adequação físico-contábil; • Realizar um inventário de todos os bens que o cliente possui (assim como atualizá-lo). Em geral, os clientes que contratam os serviços de wealth management demandam profissionais com conhecimentos aprofundados e um foco especial por parte da administração e sucessão de patrimônio. Em muitos casos, as famílias buscam suporte para gerir patrimônios de vasta extensão, que são frutos, em geral, de suas empresas familiares. Para tal, existe um tipo de instituição especializada no wealth management 38ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER familiar, denominada family office. 6.1. Family Office Os family offices prestam consultoria completa para as famílias com muitos recursos. Como normalmente estaspessoas possuem vários negócios e empresas, são analisados aspectos como a participação societária, a incorporação imobiliária – via produto financeiro ou não – fluxo de caixa e o planejamento sucessório e fiscal. Eles prestam uma consultoria completa, onde são observados todo o contexto da gestão, não só da alocação de recursos, mas de operação, de governança familiar, de todos estes aspectos pertinentes a decisão do que fazer com o patrimônio. Atribuições do Family office: • Atuação sobre o patrimônio total englobando os diferentes aspectos e tipos de ativos, como patrimônio imobiliário e governança familiar • Planejamento como ponto de partida: financeiro, patrimonial, sucessório e previdenciário • Gestão centralizada com foco individualizado nos investimentos e riscos, independente da instituição ou região onde os recursos estejam alocados • Definição e acompanhamento de mandato dos diferentes veículos de investimentos nas diferentes instituições https://maisretorno.com/blog/termos/f/family-office https://maisretorno.com/blog/termos/f/family-office 7 Escritórios de AAI (Agentes Autônomos de Investimento) 40ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Os agentes autônomos de investimento são pessoas físicas que atuam como prepostos, e sob a responsabilidade, dos integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários, especialmente as corretoras. Como opção, podem também exercer as suas atividades sob a forma de sociedade ou firma individual, desde que constituídas exclusivamente para esse fim. Entretanto, somente agentes autônomos registrados podem participar da sociedade. As suas atividades são eminentemente comerciais: de prospecção e captação de clientes; de recebimento e registro de ordens; e de prestação de informações acerca dos produtos e serviços oferecidos pelas corretoras. Nesse sentido, eles apresentam o mercado para os investidores, explicam as principais características dos produtos, cadastram os clientes, recebem e executam as ordens e as transmitem para os sistemas de negociação, tiram dúvidas operacionais, entre outros. Em um mercado em franca expansão, como o brasileiro, o papel dos agentes é tido como fundamental para o crescimento da base de investidores no mercado de capitais, ao constituírem um importante elo entre os investidores e os produtos e serviços disponíveis. Porém, os investidores devem estar atentos aos limites de atuação desses profissionais, que não podem extrapolar as atividades a eles permitidas. As normas atualmente em vigor proibem aos agentes: atuar em nome do cliente, como administradores de carteiras; dar recomendações sobre produtos, como analistas de valores mobiliários; e atuar como consultores de valores mobiliários. Essas vedações estão elencadas em diversos artigos da ICVM 497/2011 que regulamenta a atividade dos agentes autônomos de investimento. Merece destaque, nesse sentido, o parágrafo primeiro do artigo 13 da referida norma, 41ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER em que a CVM exige que o agente autônomo, para exercer a atividade de administração de carteiras, de consultoria e análise de valores mobiliários, e que seja registrado para isso, requeira à entidade credenciadora a suspensão de seu credenciamento como agente autônomo de investimento. Ou seja, mesmo que um agente seja registrado na CVM como, por exemplo, administrador de carteira, terá que optar por uma das duas profissões. A norma proíbe também, expressamente, aos agentes usar senhas ou assinaturas eletrônicas de seus clientes. Para exercer suas atividades, os agentes autônomos devem ser credenciados por entidade credenciadora autorizada pela CVM. Essas entidades devem comprovar estrutura adequada e capacidade técnica, além de estrutura de autorregulação, adotando, por exemplo, código de conduta profissional para os agentes autônomos. Para o credenciamento, as entidades devem garantir que os agentes se enquadrem no perfil mínimo exigido pela norma. Atualmente, a instituição que realiza esse credenciamento é a ANCORD – Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias. O registro para o exercício da atividade de agente autônomo de investimento é concedido automaticamente pela CVM à pessoa natural e à pessoa jurídica credenciadas. A CVM mantém em sua página na internet uma relação dos agentes autônomos de investimento, com a inscrição dos nomes dos profissionais, como forma de comprovação do registro, para que os investidores possam averiguar se os agentes responsáveis pelo seu atendimento estão regularmente credenciados. 7.1. Certificação obrigatória para AAIs Ancord A única certificação obrigatória para o profissional que vai atuar como agente autônomo de investimento é da Ancord. O Exame de Certificação objetiva verificar a qualificação técnica dos interessados no exercício profissional da atividade de Agente Autônomo de Investimento com vistas à obtenção de credenciamento junto às entidades credenciadoras e registro para o exercício da atividade perante a Comissão de Valores Mobiliários – CVM. A Certificação é o processo que visa verificar a qualificação técnica necessária dos interessados no exercício da atividade de Agente Autônomo de Investimento que, por sua vez, é a pessoa registrada conforme as Instruções CVM nº 497 para 42ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER realizar as atividades de prospecção e captação de clientes; recepção, registro, e transmissão de ordens; prestação de informações sobre produtos oferecidos e serviços prestados pela instituição integrante do sistema de distribuição de valores mobiliários pela qual tenha sido contratado, bem como para empregados de instituições financeiras com atividade de distribuição de títulos e valores mobiliários. Como é organizado o exame O programa de certificação é organizado pela ANCORD e os exames são aplicados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para quem se destina A certificação é obrigatória para o credenciamento ao exercício profissional do Agente Autônomo de Investimento como dispõe a Instrução CVM nº.497/11. Além disso, a importância da certificação decorre do papel preponderante que os profissionais têm nos processos de decisão de investimentos. Sendo assim, torna-se necessário certificar sua capacidade técnica e também ter a segurança de que estão submetidos a um Código de Conduta Profissional que ofereça salvaguardas aos investidores de que suas operações estão sendo feitas de maneira totalmente isenta de quaisquer tipos de interesses pessoais. Prova A prova é eletrônica e realizar-se-á em todo território nacional, conforme a disponibilidade de locais homologados pela Fundação Getúlio Vargas. O Exame de Certificação constará de uma Prova de Conhecimentos Específicos, com 80 questões objetivas de múltipla escolha, com 4 alternativas. A prova tem duração de 2h30min. São condições de Inscrição: • Não registrar antecedentes criminais e encontrar-se no pleno exercício de seus direitos civis; • Ter concluído o ensino médio ou equivalente em instituição reconhecida oficialmente; • Conhecer, atender e estar de acordo com as exigências contidas no Regulamento. 43ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER 7.2. Outras certificações que não são obrigató- rias para AAIs (mas são diferenciais) 7.2.1. CFP® O exame CFP® é destinado a profissionais que querem trabalhar com planejamento financeiro, avaliando os objetivos, expectativas e necessidades de cada cliente. O profissional desenvolve, apresenta e executa estratégias de planejamento financeiro adequadas ao perfil do cliente. Este profissional, multiespecialista, atua como autônomo ou empregado de grupos financeiros, seguradoras, entidades de previdência complementar e demais áreas do planejamento financeiro pessoal. É oferecido três vezes por ano e possui calendário próprio. Dividido em prova completa ou prova modular. O exame CFP® é dividido em 6 módulos: • Módulo I: Planejamento Financeiroe Ética. • Módulo II: Gestão de Ativos e Investimentos. • Módulo III: Planejamento de Aposentadoria. • Módulo IV: Gestão de Riscos e Seguros. • Módulo V: Planejamento Fiscal. • Mdulo VI: Planejamento Sucessório. São condições de inscrição: • Ser aprovado em todos os módulos do exame • Comprovar, no mínimo, três anos de experiência profissional • Ética – adesão ao código de Ética e Responsabilidade Profissional • Educação Continuada – necessária comprovação, a cada 2 anos, para a manutenção da certificação 44ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER • O candidato à certificação CFP® deve possuir e comprovar ter ensino superior completo, em curso reconhecido pelo MEC 7.2.2. CPA- 10 A CPA-10 é destinada aos profissionais que atuam na distribuição de produtos de investimento em agências bancárias ou plataformas de atendimento. A quem se destina: • Profissionais que trabalham em instituições que seguem o Código de Certificação Anbima. • Profissionais que trabalham em instituições financeiras em geral, mesmo aquelas que não aderiram ao código. • Estudantes e profissionais de autarquias ou órgãos públicos. Validade O tempo de validade da certificação começa a contar na data da prova: são cinco anos para os profissionais certificados (aquele aprovado no exame e que trabalha em uma instituição que segue o Código de Certificação da Anbima) e três anos para os profissionais aprovados (É aquele aprovado no exame, mas que não trabalha em uma instituição que segue o Código de Certificação da Anbima). A validade pode mudar de acordo com a situação do profissional, mas nunca terá mais que cinco anos de validade. Ou seja, se um profissional aprovado começar a trabalhar em uma instituição aderente ao código, ele passa a ser certificado e a validade da qualificação se torna de cinco anos a partir da data em que passou no exame. Por exemplo: se você começa a trabalhar em um banco quando já tinha a sua certificação há dois anos, ganha, automaticamente, mais três anos de validade. Da mesma forma, se um profissional certificado deixar de trabalhar em uma instituição aderente, ele passa a ser um aprovado e a validade da certificação será de três anos a contar da data de desligamento, respeitando o prazo máximo de cinco anos. Por exemplo: se um profissional certificado é desligado de uma instituição que segue o código após quatro anos de certificação, então a certificação valerá por mais um ano. https://www.anbima.com.br/pt_br/autorregular/codigos/certificacao.htm https://www.anbima.com.br/pt_br/autorregular/codigos/certificacao.htm 45ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Prova 7.2.3. CPA- 20 A CPA-20 é destinada aos profissionais que atuam na distribuição de produtos de investimento para clientes dos segmentos varejo alta renda, private, corporate e investidores institucionais em agências bancárias ou em plataformas de atendimento. Ao obter a CPA-20, o profissional pode, automaticamente, exercer as atividades abrangidas pela CPA-10. A quem se destina: • Profissionais que trabalham em instituições que seguem o Código de Certificação Anbima. • Profissionais que trabalham em instituições financeiras em geral, mesmo aquelas que não aderiram ao código. • Estudantes e profissionais de autarquias ou órgãos públicos. Validade O tempo de validade da certificação começa a contar na data da prova: são cinco anos para os profissionais certificados (aquele aprovado no exame e que trabalha em uma instituição que segue o Código de Certificação da Anbima) e três anos para os profissionais aprovados (É aquele aprovado no exame, mas que não trabalha em uma instituição que segue o Código de Certificação da Anbima). A validade pode mudar de acordo com a situação do profissional, mas nunca terá mais que cinco anos de validade. Ou seja, se um profissional aprovado começar a trabalhar em uma instituição aderente ao código, ele passa a ser certificado e a validade da qualificação se torna de cinco anos a partir da data em que passou https://www.anbima.com.br/pt_br/educar/certificacoes/cpa-10.htm https://www.anbima.com.br/pt_br/autorregular/codigos/certificacao.htm https://www.anbima.com.br/pt_br/autorregular/codigos/certificacao.htm 46ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER no exame. Por exemplo: se você começa a trabalhar em um banco quando já tinha a sua certificação há dois anos, ganha, automaticamente, mais três anos de validade. Da mesma forma, se um profissional certificado deixar de trabalhar em uma instituição aderente, ele passa a ser um aprovado e a validade da certificação será de três anos a contar da data de desligamento, respeitando o prazo máximo de cinco anos. Por exemplo: se um profissional certificado é desligado de uma instituição que segue o código após quatro anos de certificação, então a certificação valerá por mais um ano. Prova 8 M&A (Mergers and Acquisitions) 48ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER M&A (Mergers and Acquisitions) é o termo em inglês para o processo de fusões e aquisições entre as empresas. A operação de M&A tem várias etapas e pode levar meses - em alguns casos, pode demorar mais de um ano para ser concluída. O objetivo de um processo de M&A é permitir que as empresas entrem em um outro patamar de crescimento, mudem sua posição competitiva ou até mesmo a natureza de seus negócios. A necessidade ou a motivação para um processo de fusão e aquisição costuma vir de estratégias de mercado das empresas, passando pela necessidade de ganho de eficiência e/ou obtenção de recursos, ou ainda a oportunidade de aquisição, por um valor melhor, de uma determinada marca. A operação envolve uma série de procedimentos como estudos societários, planejamento fiscal e investigação de questões respectivas a setores geridos e concorrenciais para que a proposta da operação retribua aos interesses dos envolvidos no negócio e que, além disso, seja viável financeiramente. 49ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER 8.1. Veja as principais etapas do processo: Estratégia da operação O processo de M&A começa com o desenvolvimento de uma estratégia que envolve vários aspectos. Do lado do comprador, são identificadas todas as motivações por trás da operação: é preciso avaliar bem o tipo de transação e a quantidade de capital que se está disposto a gastar na transação, por exemplo. Identificação das “empresas-alvo” Após desenvolver uma estratégia, o comprador começa a identificar possíveis alvos no mercado que atendam aos seus critérios. É feita uma lista de todas as companhias em potencial e o comprador começa a entrar em contato com essas empresas para expressar seu interesse por elas. O principal objetivo desta etapa é obter mais informações sobre as “empresas-alvo” e medir seu nível de interesse em uma transação desse tipo. Troca de informações Se a conversa inicial for bem-sucedida e as empresas demonstrarem interesse mútuo em prosseguir com a transação, a documentação inicial começa a ser providenciada. Isso geralmente inclui o envio de Carta de Intenção para expressar oficialmente interesse na transação e a assinatura de um documento de confidencialidade, assegurando que os procedimentos e as discussões do acordo não serão divulgadas. Depois disso, as empresas trocam informações como informações financeiras, histórico da empresa etc. para que ambas as partes possam avaliar melhor os benefícios do negócio para seus respectivos acionistas. Valuation e sinergias Depois de ambos os lados terem mais informações uns sobre os outros, eles começam uma avaliação do negócio. Enquanto o vendedor tenta determinar qual preço resultaria em um bom ganho para os acionistas com o negócio, o comprador está tentando avaliar o que seria uma oferta razoável para seus objetivos. Além disso, o comprador também tenta avaliar a extensão das sinergias que podem obter com essa transação em formas de redução de custos, maior poder de mercado etc. 50ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Oferta e negociação Depois que ocomprador conclui a etapa de valuation, ele envia uma oferta aos acionistas da “empresa-alvo”. Esta oferta pode ser em dinheiro ou em ações. O vendedor analisa a oferta e pode negociar um preço melhor, se entender que o valor ficou abaixo das suas estimativas. Dependendo do tipo de operação de M&A, o contrato poderá ser: • Contrato de compra e venda de cotas ou de ações, que é também conhecido como Quota Purchase Agreement (QPA) ou Share Purchase Agreement (SPA). Esses acordos são utilizados nos casos de aquisição de participação societária total ou parcial do vendedor pelo comprador; • Contrato de subscrição de cotas ou de ações, Quota Subscription Agreement (QSA) ou Share Subscription Agreement (SSA), para processos em que a participação do novo sócio seja aceita mediante subscrição e integralização de novas cotas ou ações de emissão da marca; • Contrato de compra e venda de ativos ou Asset Purchase Agreement (APA), usado em caso de aquisição direta de ativos. Em caso de compra de participação societária em que os vendedores não entreguem sua participação total no negócio, o acordo de acionistas ou de cotistas aufere uma relevância análoga à do contrato principal. Essa etapa pode levar algum tempo para ser concluída, porque neste tipo de operação as duas partes costumam ceder muito pouco. Outro obstáculo comum nessa etapa é que, às vezes, pode haver mais de um potencial comprador para a “empresa-alvo”. Neste caso, há uma concorrência entre os compradores para oferecer um preço e condições melhores. Due diligence O processo de due diligence pode acontecer durante a transação ou começar depois que a “empresa-alvo” aceita a oferta do comprador. Nesta etapa, auditorias e empresas especializadas ajudam o comprador a identificar riscos e passivos legais que podem estar relacionados a processos judiciais e administrativos para ajustar o patrimônio líquido contábil da sociedade. No âmbito jurídico, a due diligence procura apontar os principais pontos críticos e relevantes existentes na estrutura jurídica da sociedade, além de identificar riscos e passivos legais, oriundos dos processos judiciais e administrativos em que a empresa possa estar envolvida. 51ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Reorganização societária A reorganização societária pode acontecer antes ou depois da operação de M&A. Ela considera a aquisição de participação entre os sócios a partir da segregação de ativos e atividades para uma nova sociedade (via drop down ou cisão). Em alguns casos, até pela aquisição direta de um ativo ou de todo o patrimônio da empresa compradora. Os principais motivos para essa reorganização são: • transformação de sociedade anônima de capital fechado em Ltda.; • incorporação; • incorporação de ações; • cisão; • drop down; ou • redução de capital. Fechamento É o momento em que se demonstra o cumprimento das condições prévias ou abdicação das mesmas. Esta etapa possibilita o pagamento na forma acordada em contrato e a transferência de titularidade dos bens. Também é chamado de closing. O fechamento acontece quando todas as condições anteriores já foram cumpridas e as partes se reúnem para formalizar o fim da operação. Pós-fechamento Chamado também de pós-closing. É a última fase e consiste na finalização do processo de M&A, com registro da alteração de sociedade (cadastro do CNPJ, INSS e FGTS etc). Após o closing as partes devem realizar as medidas necessárias para implementar a operação dentro dos prazos legais ou contratuais. 8.2 Seguro de M&A O grande número de operações de fusões & aquisições incentiva a contratação de seguros específicos para a garantia dessas transações, uma modalidade que apesar de ainda pouco conhecida no Brasil, é bastante utilizada em negociações realizadas nos Estados Unidos e Europa. A categoria de seguros pode ser contratada por empresas em processo de fusão, aquisição ou reestruturação com transações entre US$ 20 milhões e US$ 1 bilhão, cobrindo as declarações e garantias que a parte vendedora oferece para a parte compradora. Uma das vantagens é a parte vendedora ter a possibilidade de utilizar os recursos https://www.blbbrasil.com.br/blog/reestruturacoes-societarias-cisoes-fusoes-incorporacoes-e-laudo-de-avaliacao-contabil-html/ 52ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER da transação em um menor tempo se comparado a outras garantias utilizadas frequentemente no mercado. Nestes casos, o mais comum é a utilização das Escrow Accounts que, além de fazer com que a vendedora deixe parte do capital bloqueado por um longo período, traz ainda a necessidade de concordância das duas partes, compradora e vendedora, para a liberação de valores, caso imprevistos aconteçam depois da transação. No caso, por exemplo, de uma venda no valor de US$ 100 milhões, para as declarações de garantia são necessários depositar US$ 30 milhões no Escrow Accounts. O seguro oferece opção de fazer essa transação parcial ou total, permitindo a liberação do dinheiro à parte vendedora em um tempo menor. Na opção parcial em uma transação com o mesmo valor de US$ 100 milhões, o vendedor e comprador podem chegar à conclusão de depositar, por exemplo, apenas US$ 5 milhões no Escrow Accounts e fazer uma apólice de seguros de US$ 25 milhões, com um custo de 3% a 7% do valor total. O valor da apólice é então entregue ao grupo vendedor. Dependendo da engenharia das transações o seguro pode ser uma opção mais vantajosa do ponto de vista financeiro, pois deixa de ser um capital parado e pode ser recebido mais rapidamente pelo vendedor. 9 Operações fraudu- lentas e regulação na Bolsa 54ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER 9.1. CVM (Comissão de Valores Mobiliários) Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, instituída pela Lei 6.385/1976. É responsável por regulamentar, desenvolver, controlar e fiscalizar o mercado de títulos e valores mobiliários. A CVM é uma entidade autárquica em regime especial vinculada ao Ministério da Economia, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes e autonomia financeira e orçamentária. À CVM cabe a regulação e supervisão do mercado de capitais, incluindo os emissores de valores mobiliários, as entidades administradoras de mercado de bolsa e balcão e instituições integrantes do 55ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER sistema de distribuição de valores mobiliários. A CVM visa a eficiência e o desenvolvimento do mercado, além de buscar proteção dos investidores, combate às emissões fraudulentas de valores mobiliários e a manutenção de práticas equitativas no mercado de valores mobiliários, impondo regras de transparência e divulgação de informações. 9.1.1. São atribuições da CVM Desenvolvimento do mercado Estimular a formação de poupança e a sua aplicação em valores mobiliários; promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações; e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias abertas sob controle de capitais privados nacionais (Lei 6.385/76, art. 4º, incisos I e II). Eficiência e funcionamento do mercado Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da bolsa e de balcão; assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários; e assegurar a observância, no mercado, das condições de utilização de crédito fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (Lei 6.385/76, art. 4º, incisos III, VII e VIII). Proteção dos investidores Proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra emissões irregulares de valores mobiliários; atos ilegais de administradores e acionistas controladores das companhias abertas, ou de administradores de carteira de valores mobiliários; e o uso de informação relevante não divulgada no mercado de valores mobiliários. Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulaçãodestinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no mercado (Lei 6.385/76, art. 4º, incisos IV e V). Acesso à informação adequada Assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido, regulamentando a Lei e administrando o sistema de registro de emissores, de distribuição e de agentes regulados (Lei 6.385/76, art. 4º, inciso VI, e art. 8º, incisos I e II). 56ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Fiscalização e punição Fiscalizar permanentemente as atividades e os serviços do mercado de valores mobiliários, bem como a veiculação de informações relativas ao mercado, às pessoas que dele participam e aos valores nele negociados, e impor penalidades aos infratores das Leis 6.404/76 e 6.385/76, das normas da própria CVM ou de leis especiais cujo cumprimento lhe incumba fiscalizar (Lei 6.385/76, art. 8º, incisos III e V, e art. 11). 9.2. Regulação pela B3 A Diretoria de Emissores (DIE) da B3 tem como função a regulação dos emissores listados na B3, em suas vertentes orientadora, normativa e sancionadora, conforme art. 17, § 1º, da Lei nº 6.385/76, bem como no art. 15, inciso V, da Instrução CVM nº 461/07. Criada em 2010, tem atuação independente e acompanhada pelo Comitê de Governança e Indicação, um comitê de assessoramento composto por três conselheiros que não ocupam cargos de administração em outras companhias abertas e que responde ao Conselho de Administração da B3. A área é responsável pela elaboração de regras de acesso de emissores aos mercados organizados da B3, bem como pela aplicação dessas regras. Dentre os documentos e regras que estão sob sua responsabilidade estão: • Regulamento para Listagem de Emissores e Admissão de Valores Mobiliários à Negociação (Regulamento de Emissores) • Manual do Emissor • Regulamento de Listagem do Novo Mercado (Regulamento do Novo Mercado) • Regulamento de Listagem do Nível 2 de Governança Corporativa (Regulamento do Nível 2) • Regulamento de Listagem do Nível 1 de Governança Corporativa (Regulamento do Nível 1) • Regulamento de Listagem do Bovespa Mais (Regulamento do Bovespa Mais) • Regulamento de Listagem do Bovespa Mais – Nível 2 (Regulamento do Bovespa Mais – Nível 2) 57ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Para que um emissor (companhia ou fundo de investimento, por exemplo) possa negociar os títulos de sua emissão (ações, debêntures, cotas ou outros) nos mercados organizados da B3, ele deve pleitear sua listagem e a admissão desses valores mobiliários à negociação, bem como cumprir os requisitos dos regulamentos da B3. Quando concluída a listagem do emissor e a admissão à negociação dos valores mobiliários, a B3 passa a acompanhar o atendimento de suas obrigações com base no segmento de listagem. Se não forem cumpridos, a B3 tem poderes para aplicar as sanções previstas no Regulamento de Emissores ou no respectivo Regulamento de Listagem. 9.3. Diferenças entre B3, CVM e BSM A regulação de emissores exercida pela B3 difere da CVM ou da BSM. As atividades exercidas pela diretoria e pela CVM são bastante distintas no que se refere ao acesso ao mercado e ao acompanhamento de obrigações, por mais que sejam complementares e tenham muitos pontos de convergência. A CVM, por exemplo, é responsável pela concessão de registro de companhia aberta e a B3, pela análise dos requisitos para a listagem. Os processos podem ocorrer paralelamente, mas B3 e CVM observam regras distintas na análise. No acompanhamento de obrigações e aplicação de sanções, a CVM atua diante do descumprimento das Leis nº 6.385/76 e 6.404/76 e das Instruções de sua emissão, e a B3 na hipótese de descumprimento de obrigações constantes de seus regulamentos. Como existem obrigações comuns a essas instituições, foi celebrado um convênio para aperfeiçoar essa função. As responsabilidades da B3 e da BSM também não se confundem. A BSM não atua diante de companhias emissoras, mas sim de intermediários, como corretoras e distribuidoras. Sua fiscalização envolve as operações realizadas em seus mercados organizados e sobre as pessoas físicas ou jurídicas autorizadas a operar, com o intuito de detectar eventuais descumprimentos que possam infringir normas legais e regulamentares. 58ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER 9.4. BSM A BSM é uma organização sem fins lucrativos, com autonomia administrativa e orçamentária, que integra o Grupo B3, sem, contudo, fazer parte da estrutura organizacional da B3 companhia aberta. A BSM monitora 100% das operações (ofertas e negócios) realizados nos mercados da B3 para identificar qualquer movimento fora do comportamento padrão. Este trabalho é feito diariamente nos mercados à vista e de derivativos, analisando três aspectos principais: 1. Comportamentos atípicos de investidores Operações que fogem do padrão de atuação do investidor (volume ou tipo de ativo negociado) ou de seu perfil (conforme dados cadastrais). 2. Comportamentos atípicos dos ativos Movimentos de preço e volume das operações nos ativos ou setores que diferem de seu padrão ou do mercado. 3. Informações relevantes Volatilidade de um ativo ou de seu setor antes e depois da divulgação de um fato relevante ou notícia. Entenda como funciona: 59ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Fonte: BSM 9.4.1. Ressarcimentos de prejuízos pela BSM A B3 tem o Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos (MRP), que assegura aos investidores o ressarcimento de até R$ 120 mil por prejuízos causados por Participantes dos mercados administrados pela B3 (corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários), seus administradores ou prepostos, em relação à intermediação de operações de bolsa com valores mobiliários (como compra e venda de ações, derivativos e fundos listados) e serviços de custódia. O MRP também cobre prejuízos decorrentes da intervenção ou decretação da liquidação extrajudicial de Participante pelo Banco Central Brasil. Nesse caso, é assegurado o ressarcimento do saldo em conta-corrente no encerramento do dia útil anterior à decretação da liquidação extrajudicial, desde que proveniente de operações realizadas no mercado de bolsa. O investidor que se sentir lesado pela ação ou omissão de Participante da B3 na intermediação de negociações realizadas em bolsa ou serviços de custódia, pode apresentar pedido de ressarcimento para análise e julgamento pela BSM Supervisão de Mercados, responsável pela administração do MRP. 60ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Fonte: BSM 61ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER 9.4.2. Casos de atuação disponibilizados pela BSM Caso 1: Transferência irregular de recursos (Money Pass) Fonte: BSM 62ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Fonte: BSM Caso 2: Movimentação financeira incompatível com cadastro O que é? Uma pessoa utiliza o número do Cadastro de Pessoas Físicas da Receita Federal (CPF) de um terceiro (“laranja”) para realizar operações de volumes financeiros extremamente superiores à renda declarada no cadastro. O que aconteceu? O «laranja» foi contratado para movimentar mais de R$ 12 milhões em operações de daytrade no mercado de opções. Como caso foi identificado? Cruzando os dados de cadastro com o volume financeiro das operações realizadas: o investidor era cliente novo e havia declarado renda de R$ 700,00, mas, em pouco tempo, já havia movimentado mais de R$ 12 milhões. Caso 3: Manipulação de mercado O que é? Investidor opera com o intuito de pressionar as cotações dos ativos em direção aos preços que lhe interessam. O que aconteceu? Diretor Financeiro definia estratégia de compra e venda de ações na empresa em que trabalhava para se beneficiar em seus investimentos como pessoa física. Junto a um operador e a esposa do operador, ganhou R$ 350 mil em daytrades abertos contra o mercado e fechados contra a empresa e provocou perdas de R$ 1 milhão para a companhia em que trabalhava. 63ESCOPO DE TRABALHO DO STOCKPICKER Como
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