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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL/RJ Amaury Antunes, brasileiro, casado, engenheiro, portador do RG nº 5555555, inscrito no CPF sob o nº 123.456.789-10, residente e domiciliado na Rua Paraguai, N° 500, Centro, São Paulo, Cep. 056.000-000, e-mail: antunes@internet.com, vem, por meio seu advogado Thais da Silva Barros, com endereço profissional na Rua Boulevard 72, Centro, São Paulo a esse juízo propor: AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO Pelo rito ORDINÁRIO, em face e Pedro Prachedes, brasileiro, solteiro, comerciante, residente e domiciliado na Estrada dos Pardais, nº 50, Centro, Rio de Janeiro, Cep. 20.000-000, pelos fatos e fundamentos a seguir: I – DOS FATOS Em razão da necessidade de custear tratamento médico, no exterior, para o filho que contraíra grave enfermidade, vendeu a Pedro Prachedes, um apartamento de dois quartos situado em Recife/Pernambuco, por R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), enquanto seu valor de mercado correspondia a R$ 500 mil (quinhentos mil reais). Pedro tinha conhecimento da situação de necessidade do alienante e dela se aproveitara, mas Amaury, após dois meses, com a melhora do filho, refletiu sobre o negócio e, sentindo-se prejudicado, procurou escritório de advocacia para se informar acerca da validade do negócio jurídico. II – DO DIREITO O caso, ora pleiteado, recai sobre os vícios do negócio jurídico, estando certo de que o AUTOR, assumira uma obrigação excessivamente onerosa em virtude do estado de saúde de seu filho. Neste caso em concreto, resta provado que o Estado de Perigo ocorreu, como está disposto no caput do art. 156 do Código Civil, que quando diz que: “configura-se Estado de Perigo quando alguém, premido de necessidade de salvar-se, ou a pessoa de família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa”. Como se ver, o AUTOR celebrou contrato com Pedro pelo valor abaixo do valor venal do seu imóvel, tudo pela urgência de dar ao seu filho o melhor tratamento de saúde no exterior. Logicamente que essa celebração está viciada, não houve a perfeita celebração do negócio jurídico, pois a Lei Civil Brasileira e doutrina, coadunam de que a Celebração de Vontade nos Contratos serão perfeitas se essas forem de caraterísticas normais. A celebração ocorreu, mas nos moldes de uma necessidade extrema, SALVAR A VIDA DE SEU FILHO. Então, restou claro que houve vício de consentimento psíquico, por isso o Constituinte demonstrou vontade, mas vontade distorcida. Sabendo disso, PEDRO celebrou o negócio com dolo de aproveitamento ou de má- fé, por isso requer o AUTOR, a anulação do negócio jurídico. “a situação de extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume obrigação desproporcional e excessiva” GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. (v. 1). Ao conceito dado pela norma comentada, pode-se acrescentar a obrigação assumida por aquele que se encontra em estado de perigo é sempre de dar ou de fazer, e a contraprestação será sempre de fazer. Essa é a razão pela qual não se pode suplementar a contraprestação para validar o negócio. A oferta de quem se encontra em estado de perigo não vincula, pois a manifestação de vontade, nesse caso, é viciada. Em outras palavras, a simples oferta vicia o negócio. NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código civil comentado. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CHEQUE. DESPESAS MÉDICO-HOSPITALARES. ESTADO DE PERIGO. ENTIDADE FILANTRÓPICA. Comprovado, de forma inequívoca, o vício de consentimento decorrente do estado de perigo do paciente, impõe-se o decreto de nulidade do título executivo. Apelação improvida. (Apelação Cível Nº 70038758116, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Bayard Ney de Freitas Barcellos, Julgado em 14/12/2011) APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. ESTADO DE PERIGO. REQUISITOS PARA A CONFIGURAÇÃO. HOSPITAL. 1. De acordo com o disposto no art. 156 do Código Civil, para a configuração do estado de perigo, é necessária a presença dos seguintes requisitos: a) necessidade de salvar-se ou a pessoa de sua família; b) atualidade do dano; c) obrigação excessivamente onerosa, e; d) conhecimento do perigo pela outra parte. 2. No caso específico dos autos, não é possível considerar como excessivamente onerosa a obrigação. Também não se pode falar em aproveitamento da situação de necessidade por parte do hospital, que apenas estava cobrando pelos serviços realizados. 3. Não havendo defeito no negócio jurídico mantido entre as partes, a sentença merece ser reformada, no sentido da improcedência dos pedidos da inicial. Apelo provido. (Apelação Cível Nº 70011372141, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Dálvio Leite Dias Teixeira, Julgado em 01/09/2005) III – DOS PEDIDOS Assim, o AUTOR, vem requerer a Vossa Excelência: 1. A citação da parte ré para apresentar contestação, no prazo legal, sob pena de reclusão, revelia ou confissão; 2. Que o pedido seja julgado procedente para se anular o negócio jurídico da ação; 3. A condenação da ré a custas processuais e honorários advocatícios no patamar de 20% sobre o valor da causa. IV- DAS PROVAS Requer a produção de todas as provas, quais sejam: documentais, documentais suplementares e superveniente, pericial, testemunhal e o depoimento pessoal da ré, sob pena de confissão, caso não compareça ou se recuse a depor. V – VALOR DA CAUSA Dá a causa o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) Nestes Termos, Pede deferimento. Fortaleza, 24 de novembro de 2020. Thais Barros CE/12345
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