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ORGANIZAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS 4

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/
DEFINIÇÃO
Identificação dos instrumentos úteis ao desenvolvimento da pesquisa. Características dos
trabalhos acadêmicos mais recorrentemente utilizados. Estruturação e componentes do artigo
científico. Características específicas dos trabalhos de conclusão: monografias, dissertações e
teses.
PROPÓSITO
Compreender os diferentes tipos de trabalhos acadêmicos, com suas características comuns e
nuances, bem como quando se espera que cada um seja utilizado no decorrer de uma pesquisa,
algo fundamental para o desenvolvimento do pesquisador.
/
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar os conceitos e as funções do fichamento, do resumo e das resenhas acadêmicas
MÓDULO 2
Reconhecer os artigos científicos por meio de sua estrutura e de seus conteúdos
MÓDULO 3
Identificar as expectativas com relação às monografias, dissertações e teses com base em suas
definições
INTRODUÇÃO
O mundo acadêmico pode ser caracterizado pela produção de conhecimento, mas não qualquer
um: o saber elaborado neste meio demanda metodologias, regras e critérios bem definidos.
Chamamos tal saber de conhecimento científico e podemos apontar, pelo menos, duas
aplicações para ele.
Por um lado, o conhecimento científico contribui para o desenvolvimento da sociedade como um
todo, seja na esfera social, seja nas esferas econômica, cultural etc. Assim, sua contribuição vai
desde a análise dos problemas que afetam a sociedade até o desenvolvimento de produtos que
possam melhorar a qualidade de vida da população, como as vacinas, por exemplo.
/
Por outro lado, o conhecimento científico serve de base para sua própria renovação dentro da
comunidade acadêmica, o que, por sua vez, levará à reprodução do processo de criação de novos
conhecimentos. É para esta segunda aplicação que voltaremos nossas atenções a partir de agora.
NO ENTANTO, DE QUE MANEIRA PODEMOS ATESTAR A
CONFIABILIDADE DO CONHECIMENTO GERADO A
PARTIR DA EXECUÇÃO DE UMA PESQUISA?
De acordo com Mueller (2000), essa confiança provém da divulgação dos resultados obtidos e de
sua aprovação por outros acadêmicos da área, ou seja, os chamados “pares”. Somente assim,
determinado estudo passa a usufruir do status de saber confiável. 
O processo pelo qual as conclusões de uma pesquisa passam até serem consideradas aceitáveis
pela comunidade acadêmica é chamado de sistema de comunicação científica. A capacidade
de redigir trabalhos acadêmicos segundo esse sistema é uma das competências que se espera do
pesquisador.
Porém, como veremos a seguir, os trabalhos não são iguais. Não são produzidos da mesma
maneira, nem com as mesmas finalidades, embora seja comum se inter-relacionarem.
MÓDULO 1
 Identificar os conceitos e as funções do fichamento, do resumo e das resenhas
acadêmicas
/
 
Autor: fizkes / Fonte: Shutterstock
FICHAMENTO
Múltiplo e bastante diversificado, o fichamento pode ser de várias modalidades. É possível que
esteja voltado à reunião apenas de citações presentes em um texto ou ser redigido
exclusivamente para reunir comentários realizados pelo pesquisador, por exemplo.
Igualmente, o pesquisador é capaz de produzir fichas temáticas. Assim, é possível juntar, em
somente um documento, as posições de diversos autores sobre determinado tema.
Contudo, voltaremos nossas atenções para o tipo mais comumente utilizado, conhecido como
fichamento de leitura.
O fichamento é um instrumento de grande valia para o desenvolvimento de uma pesquisa. Ele é
ainda mais útil quando se tem por objetivo produzir um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC):
monografia, dissertação ou tese. Afinal, a pesquisa, seja ela da área do conhecimento que for,
demanda do investigador o conhecimento sobre a bibliografia produzida acerca do assunto
estudado.
Todo trabalho acadêmico conta, em algum momento, com uma revisão bibliográfica. É um item
obrigatório por demonstrar, em linhas gerais, o que já foi produzido sobre determinado assunto,
destacando, assim, que a pesquisa desenvolvida é necessária.
Apenas com conhecimento do que já foi produzido, dá para perceber lacunas e realizar uma
investigação com perspectiva original. Porém, a contribuição do fichamento não termina aí. Ele
/
também auxilia com os referenciais teóricos e as metodologias. Enfim, praticamente tudo o que
é lido e útil para o trabalho a ser realizado pode ser fichado.
A necessidade de se elaborar fichas vem, por um lado, da quantidade de artigos, livros, trabalhos
de conclusão etc. reunidos em um levantamento bibliográfico que o estudioso se vê compelido a
ler. Nesse sentido, o fichamento acaba sendo uma consequência que preserva o tempo do
estudioso (MEDEIROS, 2006), uma vez que não precisa ficar retornando ao texto completo a todo
momento.
Por outro lado, o fichamento surge da corriqueira demanda pela consulta a obras guardadas em
bibliotecas ou arquivos.
Eco (2007) afirma que o cenário ideal seria aquele onde teríamos todas as obras que
precisássemos ao longo do desenvolvimento de um trabalho dentro de casa, mas esta não é a
realidade. Em alguns casos – ou mesmo em muitos, dependendo da investigação realizada –, as
obras sequer podem ser emprestadas. Em tais circunstâncias, o fichamento funciona como uma
espécie de substituto para o texto cujo acesso não é tão fácil.
De maneira sucinta, essa ferramenta pode ser compreendida como uma compilação dos tópicos
importantes de determinado texto. Os benefícios decorrentes de sua prática são vários.
Ao fichar um trabalho acadêmico, o pesquisador consegue reunir em um único documento – cujo
tamanho é sensivelmente menor que o original – informações que, espera-se, serão úteis a ele ao
longo de toda a pesquisa. Além de identificar a obra fichada e sintetizar seu conteúdo, esses
dados podem englobar citações, análises, comentários ou críticas, por exemplo (GIL, 2002;
MARCONI; LAKATOS, 2017).
Assim, segundo Lima (2015), os efeitos práticos de tal iniciativa são: evitar releituras de textos já
lidos – e fichados –, bem como facilitar a subsequente utilização das informações em um trabalho
escrito. Por essas razões, Eco (2007) considera a prática do fichamento indispensável ao ofício da
investigação acadêmica.
A construção – “como fazer” –, porém, é diversificada. Isso é assim porque não há uma maneira
única de elaborar um fichamento. O que podemos constatar é que alguns componentes são mais
mencionados pelos autores que se ocuparam do assunto e, por isso, podem ser tratados como
itens obrigatórios.
javascript:void(0)
/
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
Material reunido pelo investigador que serve de base para o estudo que está sendo realizado
Nesse sentido, Hühne (1995 apud LIMA, 2015) propõe um modelo “compacto” de fichamento,
composto por cinco itens básicos:
01
02
03
04
05
01
Referência bibliográfica do texto a ser fichado.
02
Resumo indicativo.
03
Citações consideradas mais importantes para a pesquisa.
/
04
Comentários ou críticas.
05
Ideias ou problemas deixados em aberto no texto.
Desses cinco quesitos, os três primeiros precisam, necessariamente, estar presentes: referência
bibliográfica, resumo e citações. A ausência de algum desses elementos acarretaria a
descaracterização do fichamento. Cabe, portanto, algumas palavras sobre tais itens.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
A referência bibliográfica é o primeiro ponto a ser registrado no fichamento. Ela tem uma dupla
serventia: por um lado, identifica a ficha (a que obra ela se dedica); por outro, antecipa a
necessidade futura que o pesquisador terá de produzir a listagem com as referências utilizadas em
seus trabalhos acadêmicos. Por isso, como enfatiza Hühne (1995 apud LIMA, 2015), as
referências devem ser feitas de acordo com a norma NBR 6023 (ABNT, 2018).
RESUMO
O segundo tópico obrigatório é o resumo. Apesar de Hühne (1995 apud LIMA, 2015) apontar o
tipo indicativo, Lima (2015) defende que o quesito seja uma escolha de quem está fichando. Como
veremos no próximo item, o resumo (indicativo ou informativo) deve apresentar concisamente:
As ideiasdo autor da obra.
O objeto.
A metodologia.
Os critérios.
/
As conclusões alcançadas.
O pesquisador decidirá como cada aspecto será tratado. Não podemos esquecer que o
fichamento é um instrumento auxiliar da pesquisa. Portanto, é de uso eminentemente pessoal.
CITAÇÃO
O terceiro elemento que não pode faltar, segundo Lima (2015), é a citação, que deve ser
produzida de acordo com a norma NBR 10520 (ABNT, 2002). Neste momento, transcrevemos
para o fichamento aqueles trechos que julgamos ser fundamentais para a compreensão das ideias
do autor apresentadas em um texto acadêmico.
RESUMO
O resumo é, provavelmente, a modalidade mais disseminada dentre aquelas que compõem o
gênero textual acadêmico. Ele se faz presente desde o começo da trajetória do pesquisador e
nunca mais o abandona.
O resumo pode ser realizado para:
01
A apresentação de uma comunicação em algum congresso – as inscrições costumam, quase em
sua totalidade, cobrar um resumo do que será apresentado.
02
A redação de um artigo científico – a maioria dos periódicos científicos exige do autor um resumo
sobre o texto encaminhado.
/
03
A produção de um trabalho de conclusão – em que o resumo também é um componente
obrigatório.
A presença praticamente universal do resumo, em consequência da demanda por seu emprego,
encontra explicação naquele que é seu objetivo final: proporcionar, em poucas palavras, uma
visão ampla e suficientemente informativa sobre o conteúdo da obra resumida.
Há duas formas de se alcançar esse objetivo nos seguintes textos:
TEXTO DE PRÓPRIA AUTORIA
Nestes casos, somos impelidos a sintetizar as informações que são mais comumente exigidas em
um trabalho acadêmico. Em outras palavras, tratando-se do resumo de um texto pertencente ao
gênero acadêmico, espera-se que ele informe determinada gama de aspectos.
Nesse sentido, Medeiros (2006) e Severino (2002) destacam alguns dos itens que
costumeiramente são esperados, já mencionados antes, como: objeto tratado, objetivo(s),
metodologia(s), critérios adotados e conclusões alcançadas. O resumo precisa ser capaz de
proporcionar ao leitor subsídios para que este decida se vale a pena ou não ler o texto completo.
TEXTO DE AUTORIA ALHEIA
Aqui, embora o objetivo final seja o mesmo, o resumo é, primordialmente, um esforço de leitura e
interpretação feito sobre outro trabalho. Trata-se da “apresentação concisa e, frequentemente,
seletiva do texto, destacando-se os elementos de maior interesse e importância, isto é, as
principais ideias do autor da obra” (MARCONI; LAKATOS, 2017, p. 74).
Severino (2002, p. 131) afirma que o “resumo do texto é, na realidade, uma síntese das ideias, e
não das palavras do texto”. Em outros termos, resumir é fazer uma exposição concisa e seletiva
das ideias presentes em determinado texto.
Assim, para além daqueles itens destacados anteriormente, Medeiros (2006) acrescenta a
necessidade de o resumo também apresentar a articulação de ideias, isto é, como elas são
dispostas e conectadas dentro do texto. Esse tipo de resumo é mais comum de ser feito quando
produzimos uma resenha, como veremos no próximo tópico.
/
Podemos perceber, portanto, que a redação de um resumo não é tarefa das mais fáceis. Visando
facilitar esse procedimento, várias iniciativas foram e vêm sendo adotadas. Estas visam,
sobretudo, padronizar a maneira de redigir um resumo.
Nesse sentido, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaborou, em 2003, uma
norma voltada exclusivamente para o resumo: a NBR 6028. Em linhas gerais, essa norma define
resumo como “apresentação concisa dos pontos relevantes de um documento” (ABNT, 2003b, p.
1) e o classifica em três tipos: indicativo, informativo e crítico. Cada um deles representa um
grau de aprofundamento.
Além disso, a referida norma ocupa-se, ainda, em indicar algumas orientações – chamadas de
regras gerais de apresentação – sobre a construção do resumo. Por fim, determina os
tamanhos:
01
02
01
Resumos de artigos científicos – de 100 a 250 palavras.
02
Resumos de trabalhos de conclusão e de relatórios técnico-científicos – de 150 a 500 palavras
Essa norma tem servido de base para as reflexões de diversos autores interessados na temática.
Por exemplo, Marconi e Lakatos (2017) apontam que os resumos chamados de indicativos são
aqueles que se referem apenas às partes principais do texto, descrevendo sua natureza, forma e
finalidade. Esses resumos não dispensam a consulta ao texto completo. Outra maneira de
mencionar esse tipo é intitulando-o resumo descritivo.
Com relação ao resumo informativo, Pereira (2013) pondera que sua aparência lembra a de um
pequeno trabalho, e que sua apresentação pode ser estruturada ou não estruturada. Ambas
/
possuem o mesmo conteúdo, variando apenas na forma.
 
Autor: Dmitry Dorodniy / Fonte: Shutterstock
No primeiro caso (apresentação estruturada), o resumo é constituído de partes precedidas por
subtítulos, que costumam ser designados, de modo padronizado, pelo veículo de publicação – os
periódicos científicos são os mais comuns – e remetem, quase sempre, àqueles aspectos
esperados de um resumo de texto do gênero acadêmico: objetivo(s), metodologia(s), conclusões
etc.
No segundo caso (apresentação não estruturada), todas as informações são dispostas em texto
corrido.
Em tese, o resumo informativo dispensa a necessidade de consulta do texto completo. Já o
resumo crítico será visto mais adiante – trata-se da resenha.
Confira, a seguir, dois exemplos de resumos:
 EXEMPLO 1
/
Estudo realizado sobre redações de vestibulandos da FUVEST. Examina os textos com base nas
novas tendências dos estudos da linguagem, que buscam erigir uma gramática do texto, uma
teoria do texto. São objeto de seu estudo a coesão, o clichê, a frase feita, o “não texto” e o
discurso indefinido. Parte de conjecturas e indagações, apresenta os critérios para a análise, as
informações sobre o candidato, o texto e farta exemplificação.
Resumo indicativo. Fonte: MEDEIROS,2006, p. 153-154. Crise na linguagem: a redação no vestibular. São Paulo:
Mestre Jou, 1981. 
 EXEMPLO 2
Examina 1.500 redações de candidatos a vestibulares (1978), obtidas da FUVEST. O livro resultou
de uma tese de doutoramento apresentada à USP em maio de 1981. Objetiva caracterizar a
linguagem escrita dos vestibulandos e a existência de uma crise na linguagem escrita,
particularmente desses indivíduos. Escolheu redações de vestibulandos pela oportunidade de
obtenção de um corpus homogêneo. Sua hipótese inicial é da existência de uma possível crise na
linguagem e, por meio do estudo, estabelecer relações entre os textos e o nível de estruturação
mental de seus produtores. Entre os problemas, ressaltam-se a carência de nexos, de
continuidade e quantidade de informações e a ausência de originalidade. Também foram objeto de
análise condições externas, como família, escola, cultura, fatores sociais e econômicos. Um dos
critérios de análise é a utilização do conceito de coesão. A autora preocupa-se, ainda, com a
progressão discursiva, com o discurso tautológico, as contradições lógicas evidentes, o nonsense,
os clichês, as frases feitas. Chegou à conclusão de que 34,8% dos vestibulandos demonstram
incapacidade de domínio dos termos relacionais; 16,9% apresentam problemas de contradições
lógicas evidentes. A redundância ocorreu em 15,2% dos textos. O uso excessivo de clichês e
frases feitas aparece em 69% dos textos. Somente em 40 textos, verificou-se a presença de
linguagem criativa. Às vezes, o discurso estrutura-se com frases bombásticas, pretensamente de
efeito. Recomenda a autora que uma das formas de combater a crise estaria em se ensinar a
refazer o discurso falho e a buscar a originalidade, valorizando o devaneio.
Fonte: Resumo informativo. Medeiros (2006, p. 138-139). ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a
redação no vestibular. São Paulo: Mestre Jou, 1981. 
/
 
Autor: Lamai Prasitsuwan / Fonte: Shutterstock
Um último ponto, mas não menos importante,diz respeito ao emprego das palavras-chave. De
acordo com Curty e Boccato (2005), elas representam o conteúdo do texto e devem ser
registradas logo abaixo do resumo.
Quando nos referimos a resumos inseridos em artigos, as palavras-chave tornam-se elemento
obrigatório e contribuem para a indexação do trabalho nas bases de dados. Sua quantidade varia,
mas, geralmente, restringe-se a três.
Outra característica que pode oscilar é a liberdade para sua escolha. Em determinadas áreas,
como as Ciências da Saúde, as palavras-chave – chamadas de descritores – são de uso
controlado, ou seja, há uma lista já pronta, e o autor escolhe aquelas que mais interagem com seu
trabalho. Na área de Humanidades, a seleção das palavras-chave fica a critério do próprio autor.
Apenas a quantidade é predeterminada (PEREIRA, 2013). 
/
 
Autor: ZoFot / Fonte: Shutterstock
RESENHAS ACADÊMICAS
Embora de natureza completamente distinta, a resenha acadêmica cumpre uma função que é
semelhante ao papel do fichamento, ou seja, busca-se poupar o tempo do pesquisador. Essa
necessidade é uma das consequências do fenômeno chamado explosão bibliográfica.
O objetivo principal da resenha é proporcionar ao leitor uma quantidade suficiente de informações
para que este possa, de maneira embasada, decidir sobre a leitura – ou não – do texto completo.
Nesse sentido, Severino (2002) observa que a resenha auxilia o estudioso no processo de seleção
das leituras que deverão ser feitas, seja para o desenvolvimento da investigação, seja para a
subsequente produção dos trabalhos acadêmicos. Em outras palavras, a resenha serve para
poupar o investigador de leituras desnecessárias – para sua pesquisa – e, com isso, otimizar seu
tempo.
EXPLOSÃO BIBLIOGRÁFICA
De acordo com Mueller (2000), entende-se por essa expressão o aumento da quantidade,
em grande velocidade, do número de trabalhos acadêmicos produzidos ao redor do mundo.
javascript:void(0)
/
Este não é um fato recente – teve início em fins do século XVII –, mas o advento da internet
e sua difusão no início do século XXI deu maior intensidade ao processo.
Com a rapidez com que o conhecimento se renova, aparece a dificuldade de atualização ou
o acompanhamento das novidades relacionadas ao saber científico por parte do pesquisador
ou do interessado em geral.
EXPLOSÃO BIBLIOGRÁFICA
De acordo com Mueller (2000), entende-se por essa expressão o aumento da quantidade,
em grande velocidade, do número de trabalhos acadêmicos produzidos ao redor do mundo.
Este não é um fato recente – teve início em fins do século XVII –, mas o advento da internet
e sua difusão no início do século XXI deu maior intensidade ao processo.
Com a rapidez com que o conhecimento se renova, aparece a dificuldade de atualização ou
o acompanhamento das novidades relacionadas ao saber científico por parte do pesquisador
ou do interessado em geral
O QUE É UMA RESENHA?
DE ACORDO COM A NBR 6028 (ABNT, 2003B),
TRATA-SE DA MODALIDADE DE RESUMO
CHAMADA RESUMO CRÍTICO, CUJA DEFINIÇÃO
CONSISTE NA ANÁLISE CRÍTICA DE
/
DETERMINADO TEXTO REALIZADA POR UM
ESPECIALISTA. PORÉM, TAL ACEPÇÃO NÃO É
SUFICIENTEMENTE ESCLARECEDORA A PONTO
DE RESPONDER A NOSSA PERGUNTA
SATISFATORIAMENTE. DESSE MODO, CABE
IDENTIFICAR COMO ALGUNS AUTORES A
CARACTERIZAM.
Marconi e Lakatos (2017) entendem a resenha como uma descrição pormenorizada do conteúdo
de um texto, na qual o resenhista resume, critica e formula um juízo de valor sobre a obra. No
entanto, a resenha também deve ser entendida como uma redação técnica dotada de sequências
textuais que não se restringem à descrição, mas também englobam narração e dissertação.
Como afirmamos antes, a finalidade das resenhas é possibilitar a seu leitor elementos para que
consiga, de maneira fundamentada, decidir se a leitura do texto completo lhe é pertinente ou não
(SEVERINO, 2002).
Por isso mesmo, elas configuram uma modalidade específica de trabalho acadêmico, estando
presentes no sistema de comunicação científica. Podemos encontrá-las, com relativa frequência,
publicadas em seções especialmente destinadas a elas nos periódicos científicos. Porém, não são
todas as revistas acadêmicas que publicam resenhas.
NARRAÇÃO E DISSERTAÇÃO
“Estruturalmente, [a resenha] descreve as propriedades da obra (descrição física da obra),
relata as credenciais do autor, resume a obra, apresenta suas conclusões e metodologia
empregada, bem como expõe um quadro de referências em que o autor se apoiou
(narração) e, finalmente, apresenta uma avaliação da obra e diz a quem a obra se destina
(dissertação).”
javascript:void(0)
/
Fonte:: MEDEIROS, 2006, p. 153-154.
QUAIS SÃO AS SUAS VARIAÇÕES?
DO MESMO MODO QUE PODEMOS ENCONTRAR
DIFERENTES TIPOS DE RESUMOS E
FICHAMENTOS, AS RESENHAS TAMBÉM PODEM
SER CATEGORIZADAS. EMBORA NÃO HAJA
UNANIMIDADE ENTRE OS AUTORES SOBRE
ISSO, OPTAMOS PELA POSIÇÃO DE MEDEIROS
(2006), QUE INDICA A EXISTÊNCIA DE DUAS
MODALIDADES: A DESCRITIVA E A CRÍTICA.
RESENHA DESCRITIVA
Segundo Fiorin e Savioli (2003, p. 426), redigir uma resenha descritiva significa “fazer uma
relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes,
descrever as circunstâncias que o envolvem”.
Nesse tipo de resenha, prevalece, evidentemente, a sequência textual da descrição. Porém, é
possível encontrar também partes narrativas. De acordo com esses autores, o objeto resenhado
pode ser tanto um acontecimento quanto textos ou outras obras culturais.
Os estudiosos do assunto salientam, ainda, que o principal a ser observado é que toda resenha
descritiva é seleção. Isso decorre do fato de as características e conjunturas que circundam o
objeto serem múltiplas, tornando inviável descrever cada uma delas. Em outros termos, impossível
não é.
javascript:void(0);
/
MAS A RESENHA NÃO BUSCA POUPAR O
TEMPO DO ESTUDIOSO?
A DESCRIÇÃO PORMENORIZADA DE TODOS OS
ELEMENTOS VAI CONTRA TAL PRERROGATIVA,
POR ISSO A NECESSIDADE DE SELECIONAR
ASPECTOS. ESSA SELEÇÃO DEVE SER FEITA
LEVANDO EM CONTA OS OBJETIVOS DO
RESENHISTA, COMO TAMBÉM QUE TIPOS DE
LEITOR PRETENDE ALCANÇAR.
RESENHA CRÍTICA
Já a resenha crítica, conforme Medeiros (2006) aponta, caracteriza-se pelo acréscimo de
elementos dissertativos àqueles que já constam na resenha descritiva. Em outras palavras, nessa
modalidade, aparece, para além das descrições, considerações que defendem determinado ponto
de vista sobre o objeto e que são sustentadas por argumentos ou dados.
Por isso, esse autor enfatiza que o leitor demanda um posicionamento por parte do resenhista,
que precisa ser claro, uma vez que incidirá diretamente sobre os pontos considerados positivos e
negativos da obra resenhada.
Nesse sentido, os elogios e as críticas tecidas precisam ser bem ponderados pelo resenhista,
pautados em argumentos ou dados, como já salientamos, devendo sempre estar circunscritos à
obra e jamais se estender aos autores.
Marconi e Lakatos (2017) observam, ainda, que o resenhista também está proibido de, por
quaisquer motivos, deturpar o pensamento do autor. Por essas razões, espera-se que uma
resenha crítica seja elaborada por um especialista na área, pois é desejado que ele possua certas
características, como (SALVADOR, 1980, p. 139 apud MARCONI; LAKATOS, 2017, p. 282):
/
ETAPA 01
ETAPA 02
ETAPA 03
ETAPA 04
ETAPA 05
ETAPA 06
01
Conhecimento completo da obra.
02
Competência na matéria.
03
Capacidade de juízo de valor.
04
Independência de juízo.
/
05
Correção e urbanidade.
06
Fidelidade ao pensamento do autor.
Um último ponto importante são os elementos que constituem a resenha, como vemos na tabela a
seguir:
Itens de uma
resenha
Componentes
Referência
bibliográfica
• Autor(es). 
• Título e subtítulo. 
• Elementos de imprensa (local, editora e data). 
• Número de páginas.
Credenciais do
autor
• Informações gerais. 
• Papel exercido no meio científico/acadêmico.
Conhecimento
(conteúdo)
• Resumo das ideias principais. 
• Tema. 
• Abordagem.
Conclusão do autor
• Presençaou não de conclusões e quais foram. 
• Local em que aparecem (a cada capítulo ou reunidas no final da
obra).
/
Quadro de
referências do
autor
• Teoria que embasou o texto. 
• Metodologia utilizada.
Apreciação
• Avaliação da obra – como se insere nas correntes científicas,
filosóficas ou culturais, 
e perante as circunstâncias culturais, socioeconômicas e
históricas. 
 • Mérito da obra – contribuição dada ao campo, presença de
ideias originais, novas abordagens etc. 
 • Estilo – concisão, objetividade, clareza, precisão, coerência etc. 
 • Forma – organização lógica, sistematizada, equilíbrio entre as
partes. 
 • Indicação da obra – público-alvo (estudantes, especialistas,
público em geral etc.). 
 Estrutura de resenha crítica Fonte: Marconi & Lakatos (2017, p. 282)
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Esta também pode ser a estrutura de uma resenha descritiva, desde que se exclua o último item
da tabela (Apreciação).
VÍDEO
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre os processos de fichamento.
/
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. OS RESUMOS SÃO UMA IMPORTANTE FERRAMENTA NA PRODUÇÃO DE
TRABALHOS ACADÊMICOS. ELES AJUDAM O PESQUISADOR A ACESSAR
AS INFORMAÇÕES QUE MAIS CORRIQUEIRAMENTE PROCURAM EM UM
TEXTO. 
 
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA UMA CARACTERÍSTICA NÃO
EXIGIDA DE QUEM FAZ O RESUMO:
A) Capacidade de síntese.
B) Apresentação de informações como metodologia, critérios e conclusões.
C) Organização.
D) Críticas ou comentários.
2. EM UMA RESENHA DESCRITIVA, A SELEÇÃO DEVE SER REALIZADA
PELO RESENHISTA DE ACORDO COM:
A) A afinidade entre suas ideias e as ideias do autor da obra.
/
B) As possibilidades de descrever todos os aspectos relacionados a um objeto.
C) Os objetivos da resenha, como a quem pretende alcançar.
D) O tipo de objeto resenhado.
GABARITO
1. Os resumos são uma importante ferramenta na produção de trabalhos acadêmicos. Eles
ajudam o pesquisador a acessar as informações que mais corriqueiramente procuram em
um texto. 
 
Assinale a alternativa que apresenta uma característica não exigida de quem faz o resumo:
A alternativa "D " está correta.
 
Não se espera que um resumo apresente críticas, comentários ou quaisquer outros juízos de
valor. O resumo deve ocupar-se do fornecimento – organizado e sintético – de informações úteis
ao pesquisador, como metodologia, critérios e conclusões, entre outros possíveis, de determinado
texto. Críticas ou comentários podem ser encontrados tanto nos fichamentos quanto nas resenhas
acadêmicas. Isso foi explicado quando apresentamos a estrutura básica proposta para o
fichamento, na primeira parte deste módulo, e quando discorremos sobre a resenha crítica, na
parte final.
2. Em uma resenha descritiva, a seleção deve ser realizada pelo resenhista de acordo com:
A alternativa "C " está correta.
 
O resenhista fará a seleção necessária de acordo com seus objetivos, e estes estão diretamente
associados ao público-alvo. A redação de uma resenha independe da concordância, por parte do
resenhista, com as ideias presentes na obra resenhada. Além disso, em uma resenha descritiva, é
inevitável fazer seleções, uma vez que o objeto resenhado sempre possuirá, independentemente
de sua tipologia, grande quantidade de características e circunstâncias que o rodearão. Isso
impedirá a produção de uma síntese total que seja satisfatória para uma resenha.
/
MÓDULO 2
 Reconhecer os artigos científicos por meio de sua estrutura e de seus conteúdos
 
Autor: PolyPloiid / Fonte: Shutterstock
ARTIGO CIENTÍFICO
Como vimos, a correta produção e utilização de fichamentos, resumos e resenhas acadêmicas
pode contribuir bastante para o andamento de uma investigação. Com o emprego desses
instrumentos, o estudo avança, e o pesquisador começa a se deparar com considerações mais
completas em relação ao objeto analisado.
É a partir deste momento que, habitualmente, toma forma um tipo bastante específico de trabalho
acadêmico: o artigo científico.
Um dos objetivos de tal modalidade consiste na divulgação dos resultados de uma pesquisa,
mesmo parciais, isto é, cujo estudo ainda esteja em andamento. Contudo, o registro de resultados
não é a única motivação que pode levar o pesquisador a produzir um artigo.
As razões para isso podem ser várias. Elas podem surgir em consequência das demandas da
pesquisa que vem sendo realizada ou para discutir uma questão antiga, mas de forma inovadora.
javascript:void(0)
/
O artigo pode servir, ainda, para refutar um erro ou ponto controverso para o qual outros
pesquisadores não tenham dado a devida atenção.
Sua concepção também pode ser vinculada a questões de ordem prática. É assim, por exemplo,
quando os resultados obtidos ainda não são robustos o suficiente para justificar a redação de um
livro, ou quando, no decorrer da investigação, o estudioso se depara com pontos relevantes, mas
secundários.
O artigo científico pode ser uma opção para apresentar tais pontos, uma vez que eles não
aparecerão muito no trabalho completo. Este é o caso, por exemplo, de aspectos que atravessam,
mas não são o objeto principal de um Trabalho de Conclusão de Curso.
ARTIGO CIENTÍFICO
“Trabalhos breves, porém completos, que tratam de uma questão científica. Apresentam o
resultado de estudos ou pesquisas e distinguem-se dos diferentes tipos de trabalhos
científicos pela sua reduzida dimensão e conteúdo.”
Fonte: Marconi & Lakatos (2017, p. 276).
 ATENÇÃO
Quando falamos “artigo científico”, podemos passar a impressão de que estamos nos referindo a
algo único, o que não é o caso. As características dos artigos são múltiplas e variam não apenas
entre as diferentes áreas do conhecimento, mas também no interior de uma mesma área. Isso é
assim porque os objetivos por trás de cada artigo, bem como seus conteúdos, estão diretamente
vinculados às escolhas tomadas pelo investigador em sua pesquisa ou ao estágio em que ela se
encontra.
/
Devemos levar em conta que aqui também não há unanimidade na classificação e delimitação de
um artigo. Assim, há autores que chegam a apresentar sete tipos diferentes de artigos, caso de
Curty e Boccato (2005):
01
02
03
04
05
06
07
01
Artigo científico.
02
Artigo original.
03
Artigo de revisão.
04
/
Artigo de atualização.
05
Relato de caso clínico.
06
Nota prévia.
07
Comunicação.
Contudo, como a própria autora Boccato (2006) observa, muitas daquelas modalidades
apresentadas são subitens de outras. Seja como for, para os fins deste módulo, podemos nos ater
à classificação proposta pela norma NBR 6022 da ABNT:
1
ARTIGO CIENTÍFICO
Parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos,
técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento.
/
ARTIGO DE REVISÃO
Parte de uma publicação que resume, analisa e discute informações já publicadas.
2
3
ARTIGO ORIGINAL
Parte de uma publicação que apresenta temas ou abordagens originais. Fonte: ABNT (2003a, p.
2).
Cabe uma observação a partir das definições apresentadas por essa norma. Podemos reparar que
não há, de fato, uma ruptura entre o artigo científico e o artigo original. Pelo contrário, com a
exceção dos artigos de revisão, espera-se que todos os outros produzidos na atualidade sejam
originais.
Já abordamos, no módulo 1, o fenômeno da explosão bibliográfica e das dificuldades que dela
decorrem. Nesse sentido, não há razão para a produção de trabalhos que não sejam originais – a
não ser os já mencionados de revisão. É nessa linha que Boccato (2006) se situa ao indicar
apenas dois tipos de artigo: o original (que se divide em subitens) e o de revisão.
Outro ponto relevante que precisamos destacar é a possível confusão gerada pelas
nomenclaturas. Isso ocorre porque o termo artigo científico pode ser aplicado em dois sentidos,
designando tanto a totalidade de artigos quanto uma tipologia específica, que, como vimos,
constitui uma parte dentro da categoria “artigooriginal” ao lado de outras modalidades. Por isso,
/
não estranhe quando se deparar com textos que tratem o artigo de revisão como artigo científico,
porque, afinal, é isso mesmo!
ESTRUTURA DOS ARTIGOS
ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS E OPCIONAIS
Seja original, seja de revisão, o artigo científico precisa apresentar uma gama de elementos
obrigatórios. Outros componentes, opcionais, podem vir a ser acrescentados.
A já mencionada norma NBR 6022 (ABNT, 2003a) apresenta quais são esses elementos
compulsórios. A utilização dos opcionais dependerá das normas indicadas pelos periódicos
científicos ou dos congressos que publicarão os textos em seus anais. É preciso ficar atento!
As categorias opcionais sempre se somarão às essenciais, mas nunca as substituirão. A estrutura
do artigo também deve respeitar uma ordem de apresentação. Assim, os componentes dividem-
se, tradicionalmente, em elementos:
01
02
03
01
Pré-textuais.
02
/
Textuais.
03
Pós-textuais.
Consideradas essas questões, os itens que compõem um artigo científico são os seguintes:
Partes
Componentes
Obrigatórios Opcionais
Elementos pré-
textuais
• Título e subtítulo (se houver). 
• Autor(es). 
• Resumo no idioma em que o texto
está redigido. 
• Palavras-chave.
• Informações sobre o(s)
autor(es).
Elementos
textuais
• Introdução. 
• Desenvolvimento. 
• Conclusão.
 
Elementos pós-
textuais
• Título e subtítulo (se houver) em
língua estrangeira. 
• Versão do resumo do texto em
língua estrangeira. 
• Palavras-chave em língua
estrangeira. 
• Referências bibliográficas.
• Glossário. 
• Apêndice(s). 
• Anexo(s). 
/
 Título: Itens de artigos científicos Fonte: Adaptado de ABNT, Norma 6022, 2003.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Os componentes obrigatórios pós-textuais que aparecem em vários periódicos como elementos
pré-textuais são:
01
02
03
01
Título e subtítulo (se houver) em língua estrangeira.
02
Versão do resumo do texto em língua estrangeira.
03
Palavras-chave em língua estrangeira.
Nesses casos, o leitor depara-se com o título no idioma do texto seguido pelo título em língua
estrangeira. O mesmo acontece com o resumo e as palavras-chave, que são seguidos pelas
versões traduzidas para outro idioma.
Já com relação aos elementos opcionais, o pré-textual informações sobre o(s) autor(es) é
bastante difundido, constando junto ao nome do autor ou em nota.
Enquanto isso, os pós-textuais podem se fazer presentes, sobretudo o(s) apêndice(s) e o(s)
anexo(s), embora não sejam tão comuns assim nos artigos científicos. O glossário é ainda mais
/
raro de aparecer. É mais fácil localizá-los em trabalhos de conclusão ou em livros.
 
Autor: everything possible / Fonte: Shutterstock
CONTEÚDO
Embora os elementos pré-textuais e pós-textuais sejam importantes em um artigo científico, são
os elementos textuais (conteúdo) que exercem a função de carro-chefe da publicação.
Por isso, são necessários ao pesquisador atenção e cuidado na hora de redigi-lo. Isso decorre de
alguns fatores, como a forma de estruturar o conteúdo, que, dependendo da área, pode variar, e
também o tipo de conteúdo a se registrar. Cabe um olhar mais atento sobre as peculiaridades
referentes a esses dois pontos.
Em primeiro lugar, temos a estruturação do texto dentro do artigo. Desde já, destacamos que não
é comum haver um controle rígido sobre como deve acontecer por parte dos periódicos e dos
anais de eventos. Afinal, cada área do conhecimento já espera que o artigo seja redigido de
determinada maneira. É algo subentendido.
 EXEMPLO
/
Um artigo original na área das Ciências da Saúde é, desde a década de 1980, habitualmente
dividido em quatro partes, a saber: introdução, métodos, resultados e discussão (PEREIRA, 2012).
Na área de Humanidades, por sua vez, o texto é arquitetado conforme apresentado pela norma
NBR 6022 (ABNT, 2003a), isto é, dividido em: introdução, desenvolvimento e conclusão. Embora a
estrutura seja diferente, os elementos que constituem cada parte não o são.
Assim, tanto em um quanto no outro, é esperado que haja a apresentação da metodologia
utilizada, das conclusões alcançadas ou que conste uma argumentação, por exemplo. As
diferenças, nesses casos, ocorrem por conta das especificidades de cada área, e não devido à
maneira como são organizadas.
Em segundo lugar, há a questão do tipo de conteúdo a constar. Aqui, cabe retomar a tipologia dos
artigos. Vimos que estes se distinguem em original e de revisão.
Como já sabemos, o artigo original é composto de várias modalidades.
 EXEMPLO
Um texto pode se dedicar a fazer relatos de casos clínicos ou atualizar as informações de
determinada especialidade, como são comuns nas Ciências da Saúde (BOCCATO, 2006).
EM OUTRAS ÁREAS DO CONHECIMENTO, COMO
NAS CIÊNCIAS HUMANAS, QUAIS AS VARIAÇÕES
POSSÍVEIS DO CONTEÚDO?
Em geral, quando atentamos para a História e suas áreas correlatas, os artigos produzidos visam,
na maioria das vezes, realizar análises sobre determinado objeto ou mesmo de um aspecto dele.
Contudo, as maneiras como essas análises podem ser feitas são múltiplas e não possuem
contornos bem definidos.
/
Assim, é mais vantajoso ocuparmo-nos aqui das informações e dos elementos que, geralmente,
constam no conteúdo de tais artigos. Nesse sentido, reunimos, na tabela a seguir, aqueles que
julgamos serem os dados e as orientações mais relevantes que o conteúdo de um texto produzido
na área de História deve conter:
Partes do
conteúdo
Componentes
Introdução
Visão de conjunto de: 
 • Tema – que deve se desdobrar na delimitação do assunto. 
 • Problema. 
 • Hipótese(s). 
 • Objetivo(s). 
 • Corpus documental – é necessário identificar as fonte(s)
analisada(s) e como foram levantadas. 
 • Perspectiva teórico-metodológica – também pode ser feita no
desenvolvimento. 
 • Vinculação com uma pesquisa maior – se houver. 
 • Forma de estruturação do texto.
Desenvolvimento
Apresentação da perspectiva teórico-metodológica – quando não
constar na introdução. 
 Análise e argumentação – as seguintes questões podem ajudar a
desenvolvê-la: 
 • O que a documentação analisada diz sobre o problema
levantado? 
 • O que os autores dizem? 
 • O que os autores dizem faz sentido quando confrontado com o
que a documentação diz? 
Conclusão Considerações (parciais ou finais) correspondentes ao(s)
objetivo(s) e à(s) hipótese(s). É o momento de finalizar o texto,
javascript:void(0)
/
apresentando as conexões entre a análise/pesquisa e o tema
estudado, e de retomar as ideias principais.
 Título: Componentes de conteúdo de artigos científicos Fonte: Adaptado de ABNT (2003ª).
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
FONTE(S)
Em outras áreas do conhecimento, o item “fontes” também pode ser chamado de “dados”
Do mesmo modo, tais apontamentos também podem ser úteis a outras áreas das Humanidades.
Outros pontos podem ser acrescidos, mas um texto com esses componentes contemplará, de
maneira satisfatória, os principais requisitos esperados em um artigo pertencente a tal área.
Cabe, aqui, uma reflexão sobre o item “vinculação com uma pesquisa maior”. Como vimos, uma
das motivações para a escrita de um artigo pode ser redigir sobre um ponto secundário da
pesquisa realizada pelo estudioso ou ser parte constitutiva daquela, mas que ainda não é
completa o suficiente para ser registrada em um trabalho de conclusão, por exemplo.
/
 
Autor: ZoFot / Fonte: Shutterstock
Há também os casos de uma investigação individual que está vinculada a outra maior, geralmente
desenvolvida coletivamente. Nessas situações, é indicado situá-las brevemente no início do
trabalho.
O artigo de revisão consiste em uma grande discussão bibliográfica que tem por objetivo, como o
nome sugere, proporcionar uma revisão de determinado segmento da literatura científica.
Os componentes apresentados na tabela anterior também podem valer para essesartigos. Há,
inclusive, componentes ali que não só podem, como devem aparecer nesses trabalhos. São os
casos, por exemplo, de:
1
TEMA
O artigo de revisão deve ser circunscrito a um tema.
/
METODOLOGIA
 Aqui entendida como os critérios para a seleção da bibliografia utilizada:
Por que, dentro de tal tema, estas obras foram escolhidas?
Outras ficaram de fora? Quais? Por quê?
2
3
AUTORIA DE TAIS MATERIAIS
Quem escreveu, quando e com quais motivações.
CONSIDERAÇÕES
Balanço sobre o que foi produzido até aqui acerca do tema, bem como apontamento das lacunas
existentes, ou seja, os pontos que ainda carecem de estudos por parte da comunidade científica.
/
4
 
Autor: PIC SNIPE / Fonte: Shutterstock
ESTILO E CITAÇÕES
Há outros dois pontos que estão diretamente relacionados com a parte do conteúdo, mas tratam
da forma como é apresentado. São eles: o estilo e as citações.
Para que o texto produzido seja reconhecido como pertencente ao gênero acadêmico, ele deve,
além de atender às observações que fazemos ao longo deste módulo, cumprir com certas
exigências no que tange à forma da redação.
Marconi e Lakatos (2017) apontam que adjetivos supérfluos, explicações inúteis e rodeios – ou
seja, digressões desnecessárias – devem ser evitados. Do mesmo modo, gírias e apelidos, a não
ser em casos muito específicos e diretamente atrelados ao objeto da pesquisa, também devem ser
deixados de lado no momento de escrever um texto acadêmico.
ESTILO
O estilo com que se deve redigir tais textos é consenso entre os autores ocupados com a
metodologia científica. Nesse sentido, espera-se que o pesquisador dote o artigo de:
Concisão.
/
Objetividade – isto é, evitar aquelas digressões.
Precisão – ir direto ao ponto, sem muitos preâmbulos, a menos que sejam necessários para
a compreensão.
Correção ortográfica.
Uso do vocabulário correto.
Volpato (2007) sugere, ainda, o uso de palavras simples e frases curtas, que se redijam na ordem
direta. Um texto escrito atentando para esses quesitos é capaz de expressar suas ideias com
clareza. O objetivo de toda escrita, inclusive a acadêmica, é proporcionar um texto no qual os
diversos itens lá reunidos se apresentem como um todo coerente para o leitor.
CITAÇÕES
As citações são elementos imprescindíveis a um texto do gênero acadêmico. Podemos afirmar,
inclusive, que, sem elas, não há um trabalho científico, porque qualquer pesquisa realizada não
começa “do nada”. Ela parte de algum ponto do conhecimento já desenvolvido pela comunidade
científica. Se tal investigação vai aprofundar ou buscar refutar tal conhecimento, isso é outra
história.
O que importa é que o estudo terá como ponto de partida outros já realizados, exceto em casos
cujo objeto investigado não tenha sido alvo do interesse de nenhum pesquisador antes, mas,
mesmo aqui, o uso da literatura científica relacionada é fundamental.
TODA PESQUISA É, NO FUNDO, UM
TRABALHO COLETIVO.
/
A PESQUISA NÃO SE INICIA E SE EXTINGUE NO
TRABALHO REALIZADO PELO ESTUDIOSO.
COMO AFIRMAMOS NO INÍCIO DESTE MÓDULO,
SEUS FRUTOS SERVIRÃO DE BASE PARA NOVAS
INVESTIGAÇÕES, NAS QUAIS SERÃO CITADOS.
De modo bastante sucinto, a finalidade da citação é conferir o devido crédito ao autor do qual se
utiliza uma ideia, um método, uma teoria ou outra informação qualquer.
 ATENÇÃO
Sua falta, quando nos valemos de dados retirados de terceiros, configura plágio. As
consequências disso podem resultar desde a não publicação de um artigo à cassação de um título
obtido, quando isso é verificado em um trabalho de conclusão. Em certos casos, sobretudo nos
estudos envolvendo a produção de patentes, pode virar uma questão judicial.
Por isso, seja em um artigo científico, seja em outro trabalho acadêmico qualquer, é esperado do
pesquisador que sua produção interaja com o conhecimento científico que já foi e está sendo
produzido, e que confira o crédito a quem de direito é devido.
Atentando para a importância desse quesito, a ABNT conta com uma norma exclusiva para
citações: a NBR 10520 (ABNT, 2002). Lá, encontramos as diferentes maneiras de fazer a citação
no corpo do texto.
A citação pode ser direta e indireta.
CITAÇÃO DIRETA
/
A citação direta acontece quando reproduzimos fidedignamente – isto é, usando as palavras do
próprio autor – algum trecho de outra obra. Trata-se da transcrição.
CITAÇÃO INDIRETA
Já a citação indireta ocorre quando expressamos as ideias de outro pesquisador com as nossas
próprias palavras.
A norma NBR 10520 (ABNT, 2002) contém as regras de apresentação para cada tipo de citação.
Contudo, adentrar nesse ponto fugiria ao propósito deste módulo. Algumas indicações, porém,
podem ser dadas. É o caso, por exemplo, das fornecidas por Matos (1985). Este autor aponta oito
princípios para citar, que reproduzimos a seguir:
1
Cite com um propósito bem claro, definido, relevante.
Seja parcimonioso (como cientista) e breve como citador.
2
3
Atribua às suas citações um valor razoável.
Faça citações integradas ao seu próprio texto.
/
4
5
Cite diretamente da fonte, quando tal procedimento der mais força à sua argumentação do que a
estratégia da paráfrase (dizer em suas próprias palavras).
Cite com exatidão.
6
7
Traduza as citações em língua estrangeira, para facilitar o “processamento” de seus leitores.
Identifique sempre o(s) autor(es) transcrito(s) ou mencionado(s).
8
 ATENÇÃO
/
Sempre que houver traduções, registre o original, em língua estrangeira, na nota de rodapé. É
uma maneira que o leitor tem de se certificar de que a tradução foi feita corretamente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
As referências bibliográficas consistem no elemento pós-textual mais importante de um artigo.
São nelas que os dados referentes às citações empregadas ao longo do texto são registrados.
O lugar onde se situam pode variar. Elas podem aparecer nas notas de rodapé das páginas,
conforme vão sendo mencionadas no corpo do texto, bem como em uma listagem após o fim, na
qual se reúnem todas as referências citadas no trabalho.
Uma vez mais, isso dependerá das normas de publicação dos periódicos científicos ou dos anais
de determinado congresso. Há, ainda, aqueles que exigem em ambos os lugares: durante e
depois.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
“Maneira pela qual o autor presta a quem lê uma satisfação quanto à sua seriedade e
competência, permitindo, assim, a localização de documentos no todo ou em partes,
segundo normas específicas.”
Fonte: Curty & Boccato (2005, p. 66).
QUAL A RAZÃO PARA SE REGISTRAR AS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS? ELAS SÃO
javascript:void(0)
/
APENAS O COMPLEMENTO NECESSÁRIO DAS
CITAÇÕES?
Ao registrar as referências bibliográficas das obras mencionadas ao longo do texto, o pesquisador
permite que o leitor refaça seus passos. Com isso, quem está lendo o texto consegue constatar se
as informações utilizadas foram realmente retiradas de onde o investigador disse que as retirou, e,
principalmente, se tais ideias foram aplicadas corretamente. Portanto, esta parte serve para pôr à
prova a qualidade do trabalho acadêmico.
Sua utilização não se restringe aos artigos. Elas devem constar também nos Trabalhos de
Conclusão de Curso e nas resenhas acadêmicas, por exemplo. Por essas razões, como vimos,
sugere-se registrá-las nos fichamentos preparados ao longo do percurso de pesquisa.
COMO AS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SÃO
FEITAS?
Basta seguir outra norma produzida pela ABNT: a NBR 6023 (2018). Nela, encontramos
orientações para fazer os registros bibliográficos de vasta gama de materiais: livros, artigos, anais
de congressos, jornais, leis, filmes, trilhas sonoras, materiais iconográficos, sites etc.
 ATENÇÃO
Uma referência feita incorretamente pode inviabilizar a possibilidade de o leitor chegar ao texto e
acabar comprometendo aquela que é sua razão de existir.
VÍDEO
/
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre o processo de desenvolvimento de artigos
científicos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ABEMOS QUE OS ARTIGOS – COMO FONTE OU PRODUTO– SÃO
CRIAÇÕES DAS MAIS COMUNS E PRESENTES NA VIDA ACADÊMICA DE
TODO PESQUISADOR. EXATAMENTE POR ISSO, É IMPORTANTE
IDENTIFICAR AS ESPECIFICIDADES DE CADA UM DELES. 
 
O ARTIGO ORIGINAL DEDICA-SE, PRINCIPALMENTE, A:
A) Apresentar os resultados alcançados no decorrer da pesquisa.
B) Compilar os dados coletados em uma investigação.
C) Desenvolver novas teorias ou metodologias.
D) Extinguir a necessidade de novas pesquisas sobre o assunto.
2. A DISPOSIÇÃO DE ALGUNS ITENS NO ARTIGO PODE VARIAR,
DEPENDENDO DAS NORMAS DE PUBLICAÇÃO DE UM PERIÓDICO OU DOS
ANAIS DE ALGUM CONGRESSO. TER CLAREZA DISSO OFERECE
/
CONDIÇÕES AO PESQUISADOR PARA A REALIZAÇÃO EFETIVA DESSE
PRODUTO. 
 
É UM EXEMPLO DE ITEM QUE PODE APARECER EM UM LUGAR OU OUTRO
DO ARTIGO:
A) Resumo no idioma do texto.
B) Citações.
C) Anexo.
D) Título em idioma estrangeiro.
GABARITO
1. abemos que os artigos – como fonte ou produto – são criações das mais comuns e
presentes na vida acadêmica de todo pesquisador. Exatamente por isso, é importante
identificar as especificidades de cada um deles. 
 
O artigo original dedica-se, principalmente, a:
A alternativa "A " está correta.
 
Como vimos no início deste módulo, é a necessidade de comunicar e testar os resultados obtidos
com o andamento da pesquisa que impulsiona o investigador a redigir um artigo e submetê-lo à
avaliação de seus pares. O artigo não consiste em um inventário. É preciso apontar o problema,
a(s) hipótese(s), o(s) objetivo(s), argumentar em favor de cada um etc. O desenvolvimento de
teorias ou metodologias é consequência do desenvolvimento avançado de uma pesquisa. É isso
que se espera em Trabalhos de Conclusão de Curso. Além disso, os artigos servem para
contribuir com o surgimento ou avanço de outros estudos.
2. A disposição de alguns itens no artigo pode variar, dependendo das normas de
publicação de um periódico ou dos anais de algum congresso. Ter clareza disso oferece
condições ao pesquisador para a realização efetiva desse produto. 
 
É um exemplo de item que pode aparecer em um lugar ou outro do artigo:
/
A alternativa "D " está correta.
 
Tanto o resumo na língua em que o texto é redigido quanto as citações e o anexo possuem
lugares determinados dentro do artigo, que não são alterados. Nesse sentido, o resumo no idioma
do texto é um elemento pré-textual, devendo aparecer antes do texto em si. Já as citações
compõem os elementos textuais, podendo estar presentes na introdução, no desenvolvimento ou
mesmo na conclusão. Por fim, o anexo, quando existir, deve ser colocado após o texto, uma vez
que se trata de um elemento pós-textual. Elementos como “título em idioma estrangeiro”, “resumo
em idioma estrangeiro” ou “palavras-chave em idioma estrangeiro” podem constituir elementos
pós-textuais, como define a ABNT, ou pré-textuais, como habitualmente é empregado no âmbito
dos periódicos científicos da área de Humanas. Discorremos sobre esse ponto quando
identificamos os elementos obrigatórios e opcionais de um artigo.
MÓDULO 3
 : Identificar as expectativas com relação às monografias, dissertações e teses com base
em suas definições
 
Autor: GaudiLab / Fonte: Shutterstock
/
TRABALHOS DE CONCLUSÃO
No primeiro módulo, discorremos sobre fichamentos, resumos e resenhas – ferramentas que,
como vimos, auxiliam e acompanham o pesquisador desde seus primeiros passos na
investigação.
Logo depois, voltamos nossas atenções para os artigos científicos, que consistem na etapa
intermediária do desenvolvimento do estudo, uma vez que são responsáveis por divulgar os
resultados, muitas vezes parciais, de determinada pesquisa.
Então, finalmente, alcançamos a etapa em que se faz necessária a produção de um trabalho
específico, capaz de sistematizar a própria investigação ou, pelo menos, aqueles pontos
fundamentais que possibilitaram sua realização: os trabalhos de conclusão. Estes podem ser
considerados os desfechos de tudo aquilo que viemos discutindo até aqui.
Como acontece nos outros trabalhos acadêmicos que apresentamos, sua natureza também pode
variar. Neste sentido, Rey (1978 apud MARCONI; LAKATOS, 2017) aponta aqueles que seriam os
três tipos mais comuns de trabalhos científicos:
1
OBSERVAÇÕES OU DESCRIÇÕES ORIGINAIS
De fenômenos da natureza, espécies, estruturas etc.
TRABALHOS EXPERIMENTAIS
Que submetem o objeto analisado às condições de controle exercidas pela experiência.
/
2
3
TRABALHOS TEÓRICOS
Caracterizados pelo estudo ou pela síntese de conhecimentos que proporcionam novos conceitos,
apresentação de hipóteses, teorias etc.
Seja qual for a modalidade, há elementos que se deve esperar de todo trabalho de conclusão.
Afinal:
“[…] QUALQUER QUE SEJA A FORMA DO TRABALHO
CIENTÍFICO, É PRECISO RELEMBRAR QUE TODO
TRABALHO DESTA NATUREZA TEM POR OBJETIVO
INTRÍNSECO A DEMONSTRAÇÃO, O
DESENVOLVIMENTO DE UM RACIOCÍNIO LÓGICO. ELE
ASSUME SEMPRE UMA FORMA DISSERTATIVA, OU
SEJA, BUSCA DEMONSTRAR, MEDIANTE
ARGUMENTOS, UMA TESE, QUE É UMA SOLUÇÃO
PROPOSTA PARA UM PROBLEMA. FATOS
/
LEVANTADOS, DADOS DESCOBERTOS POR
PROCEDIMENTOS DE PESQUISA E IDEIAS AVANÇADAS
SE ARTICULAM JUSTAMENTE COMO PORTADORES DE
RAZÕES COMPROVADORAS DAQUILO QUE SE QUER
DEMONSTRAR. E É ASSIM QUE A CIÊNCIA SE
CONSTRÓI E SE DESENVOLVE”.
Fonte: Severino (2002, p. 149).
De acordo com Marconi e Lakatos (2017), esses trabalhos precisam, ainda, funcionar como um
modelo ou, pelo menos, fornecer subsídios para outras pesquisas.
Já Salvador (1980 apud MARCONI; LAKATOS, 2017) destaca que as informações registradas
devem possibilitar a outro pesquisador:
01
02
03
01
Reproduzir os procedimentos, de modo que obtenha os resultados apontados.
02
Avaliar as conclusões indicadas a partir das observações registradas.
03
/
Examinar se as análises e o raciocínio lógico empregados pelo autor para alcançar os resultados
foram feitos corretamente.
Há uma constatação fundamental decorrente do que foi apresentado até aqui: os trabalhos de
conclusão, assim como a maioria dos trabalhos acadêmicos, não consistem em uma produção
particular e de compreensão restrita àquele que o redigiu.
Pelo contrário, suas respostas – e os caminhos percorridos para se chegar até elas – devem servir
a outros pesquisadores, de modo a contribuir efetivamente para o avanço do conhecimento
científico.
Quando tal trabalho é produzido no âmbito de uma instituição de ensino com vistas à obtenção de
um título, é comum receber nomes específicos.
 
Autor: fotoinfot / Fonte: Shutterstock
Assim, se sua produção ocorre ao final de uma graduação, como requisito para a obtenção de
grau, costumamos chamá-la de Trabalho de Conclusão de Curso ou monografia.
Caso seja resultado de uma investigação realizada durante o mestrado, cujo objetivo do
pesquisador é obter o título de mestre, então o trabalho produzido é conhecido como dissertação.
Agora, se for fruto de uma pesquisa desenvolvida ao longo de um doutorado, para receber o título
de doutor, então estamos falando de uma tese.
Um ponto que merece ser destacado quanto às terminologias utilizadas é a confusão no emprego
de cada um desses termos. Não raro, encontramos referências como “tese de mestrado”, por
exemplo.
/
Uma explicação para esses casos pode ser encontrada no fato de que a associação entre
monografia e graduação, dissertação e mestrado, tese e doutorado, costumeiramente adotada no
Brasil, não é de uso universal. Assim, enquanto a palavra tese é empregada de forma
generalizada na Grã-Bretanha, o vocábulo dissertação é difundido nos Estados Unidos e na
Europa continental (CAMPELLO, 2000).
Esses tratamentos chegaram até aqui por diversos caminhos, dois deles principais:
01
Pela leitura de bibliografia estrangeira, que aponta tal uso.
02
Pela própria formação do pesquisador, que pode tê-la realizado, em determinada etapa, em algum
desses outros lugares.
Mesmo no Brasil, onde há um consenso sobre o emprego dos termos, alguns autores atentam
para as nuances existentes em meio a tal classificação. Severino(2002), por exemplo, observa
que todos os referidos trabalhos são exemplos de monografias científicas, isto é, são
caracterizados pela unidade e pela delimitação temática, além da profundidade da análise
dispensada ao objeto em estudo.
Medeiros (2006) segue pela mesma linha. Além de corroborar com as posições de Severino
(2002) no que tange ao caráter englobante das monografias, destaca que tanto dissertações
quanto teses consistem em textos dissertativos, nos quais pode haver a defesa de uma ou mais
teses. O autor ainda pontua que seria mais adequado chamar as dissertações de monografias
para obtenção do grau de mestre e as teses de monografias para obtenção do grau de doutor.
Isso sem se esquecer das monografias redigidas nas graduações para bacharelado e licenciatura.
Este problema é apenas o reflexo de outro, mais complicado, que é estabelecer a diferenciação
entre monografias, dissertações e teses. Como podemos observar, o ponto de tensão incide,
/
principalmente, sobre os trabalhos produzidos no âmbito da pós-graduação. Isso decorre de sua
própria natureza.
Segundo Severino (2002), a pós-graduação foi criada com o escopo de proporcionar as condições
necessárias para a produção de pesquisas rigorosas nas mais distintas áreas do conhecimento
científico. Por conseguinte, a exigência sobre o pós-graduando é ainda maior em termos de
disciplina, rigor, domínio sobre métodos e procedimentos etc. Espera-se, com isso, que tal
pesquisador possa ser capaz de desenvolver um texto que contemple, a um só tempo, tais
características.
Esses atributos são esperados tanto nos níveis de mestrado quanto de doutorado. Em
consequência disso, a tarefa de encontrar os limites que caracterizam esses trabalhos torna-se
bem complexa. A necessidade de tantas qualidades semelhantes finda por suscitar desencontros
na hora de estabelecer quais delas as distingue.
 EXEMPLO
Por exemplo, um ponto controverso diz respeito à questão da presença da originalidade. Por um
lado, Medeiros (2006) sustenta que todos os trabalhos de conclusão precisam ser inéditos e
originais. Por outro, Severino (2002) considera a originalidade uma demanda estritamente
vinculada à produção de uma tese, o que seria, inclusive, um dos fatores para diferenciá-la da
dissertação.
DIANTE DE TAL QUADRO, NO QUAL PARECE
ESTAR TUDO MISTURADO, COMO DIFERENCIAR
OS TRABALHOS PRODUZIDOS NOS DISTINTOS
NÍVEIS DE FORMAÇÃO?
1. PRIMEIRO CRITÉRIO
/
O primeiro consiste na classificação pelo grau de ênfase com que as dimensões teórica,
metodológica e empírica são abordadas em cada trabalho. Esse grau varia de acordo com cada
nível de formação.
Assim, em uma monografia, espera-se a introdução aos métodos de pesquisa e de escrita; nas
dissertações, a capacidade de formular problemáticas e hipóteses, bem como utilizar
adequadamente os conceitos; nas teses, a ênfase reside em maior aprofundamento teórico, que
seja capaz de gerar reflexões de maior densidade. 
2. SEGUNDO CRITÉRIO
O segundo critério é a diferenciação segundo o grau de autonomia esperado no momento da
elaboração dos trabalhos de conclusão. Nesse sentido, o nível de autonomia observado para a
produção dos trabalhos varia de acordo com o estágio no qual é produzido.
3. TERCEIRO CRITÉRIO
Outro ponto a destacar é a atuação do orientador em cada caso. Assim, ao desenvolver uma
monografia, o pesquisador iniciante estaria situado no campo da heteronomia, ou seja, não se
espera que seu trabalho apresente nenhuma autonomia, sendo acompanhado de perto pelo
orientador, que cumpre a função de tutor.
4. QUARTO CRITÉRIO
Na confecção da dissertação de mestrado, por sua vez, o estudioso deve realizar um progressivo
distanciamento com relação ao estágio da heteronomia, dando os primeiros passos rumo à
autonomia. Aqui, as intervenções do orientador são reduzidas: seu papel se restringe a apenas
orientar.
5. QUINTO CRITÉRIO
Enfim, de uma tese de doutorado, deseja-se, da parte do pesquisador, plena autonomia na
elaboração da proposta, na construção do trabalho, nas questões teórico-metodológicas etc. A
função do orientador, nesses casos, é a de um interlocutor.
Entendemos que esses critérios são os mais indicados para avaliar os trabalhos de conclusão hoje
em dia. Como veremos a seguir, a estrutura e os conteúdos de cada um não variam tão
significativamente de um para outro. Desse modo, a adoção de quaisquer critérios rígidos e
estritamente objetivos não seria capaz de caracterizar e, principalmente, de diferenciar
monografias, dissertações e teses.
/
ESTRUTURA DOS TRABALHOS DE
CONCLUSÃO
Assim como nos demais trabalhos acadêmicos que apresentamos nos módulos anteriores, a
ABNT também conta com uma normativa para elaborar trabalhos de conclusão: a NBR 14724
(ABNT, 2011).
De acordo com essa norma, a organização de monografias, dissertações e teses depreende uma
estrutura bastante similar à dos artigos científicos, mas com uma diferença: nos trabalhos de
conclusão, há uma parte externa e outra interna.
EXTERNA
A parte externa é composta pela capa e, opcionalmente, pela lombada.
INTERNA
Já a parte interna engloba componentes que também constatamos nos artigos, isto é, os
elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais.
Há também, no âmbito dos trabalhos de conclusão, os itens que são considerados obrigatórios,
enquanto outros, opcionais, podem ser acrescidos de acordo com os objetivos do autor.
/
 
Autor: Lipik Stock Media / Fonte: Shutterstock
MONOGRAFIA
As monografias de graduação são os trabalhos de conclusão mais difundidos no meio acadêmico
brasileiro, e, talvez, até no mundo. Como já afirmamos, elas também são chamadas de Trabalhos
de Conclusão de Curso e costumam ser exigidas pela maioria dos cursos como contrapartida
para a obtenção do grau de bacharel ou licenciado. É, portanto, uma etapa pela qual a maioria dos
profissionais em atividade já passaram.
Dependendo do curso e da instituição de ensino, pode-se exigir que o concluinte apresente sua
monografia para uma banca de professores, que tecerão comentários e críticas, além de
perguntas sobre o trabalho. O grau só é obtido mediante a aprovação nesse processo.
Essa arguição é chamada de defesa de monografia. No entanto, tal procedimento é mais comum
na pós-graduação – defesa de dissertação e defesa de tese –, na qual é uma etapa
indispensável para a obtenção dos graus conferidos.
Um dado curioso chama a atenção sobre as monografias. Embora seja uma exigência que,
habitualmente, impõe-se ao aluno no fim da graduação, o Trabalho de Conclusão de Curso é o
momento em que acontece, de fato, a iniciação à pesquisa (NEVES, 1996; MARCONI; LAKATOS,
1992).
Cabe, então, desde já, a pergunta:
/
O QUE É MONOGRAFIA?
A norma NBR 14724 define monografia como:
“DOCUMENTO QUE APRESENTA O RESULTADO DE
ESTUDO, DEVENDO EXPRESSAR CONHECIMENTO DO
ASSUNTO ESCOLHIDO, QUE DEVE SER
OBRIGATORIAMENTE EMANADO DA DISCIPLINA,
MÓDULO, ESTUDO INDEPENDENTE, CURSO,
PROGRAMA E OUTROS MINISTRADOS”.
Fonte: ABNT (2011, p. 4).
De maneira complementar, Severino (2002) e Marconi e Lakatos (2017) apontam que também se
deve levar em consideração três fatores, os quais devem estar presentes em todos os trabalhos
de conclusão: unidade temática, problema e metodologia. Além disso, nas monografias, o
enfoque está na qualidade da análise, e não na quantidade de páginas.
 ATENÇÃO
As formas como os elementos textuais da monografia são estruturadas também é uma questão
fundamental para que os propósitos do trabalho de conclusão possam ser plenamente satisfeitos.
/
DISSERTAÇÃO
O mestrado consiste na primeira etapa dentro da pós-graduação, excetuando-se as
especializações. Por isso, está situado em um meio termo no que tange à formação do
pesquisador.
Em outras palavras, o mestrando é aquele que já concluiu uma graduação, tendo, muito
provavelmente, escrito uma monografia. Porém, ainda não chegou, em sua área de formação, à
etapa do doutorado. No ponto em que se encontra, para obter o título de mestre,esse
pesquisador precisará redigir uma dissertação e defendê-la na chamada defesa de dissertação.
De acordo com a norma NBR 14724, dissertação é o:
ESPECIALIZAÇÕES
Esta modalidade de pós-graduação, também conhecida como lato sensu, não confere grau a
seu concluinte.
“DOCUMENTO QUE APRESENTA O RESULTADO DE UM
TRABALHO EXPERIMENTAL OU EXPOSIÇÃO DE UM
ESTUDO CIENTÍFICO RETROSPECTIVO, DE TEMA
ÚNICO E BEM DELIMITADO EM SUA EXTENSÃO, COM O
OBJETIVO DE REUNIR, ANALISAR E INTERPRETAR
INFORMAÇÕES. DEVE EVIDENCIAR O CONHECIMENTO
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/
DE LITERATURA EXISTENTE SOBRE O ASSUNTO E A
CAPACIDADE DE SISTEMATIZAÇÃO DO CANDIDATO”.
Fonte: ABNT (2011, p. 2).
Nesse sentido, por um lado, espera-se que o texto apresente maior aprofundamento com relação
àqueles pontos típicos da monografia, como a metodologia, por exemplo. Por outro, deseja-se que
conte com aspectos próprios de uma tese, como uma reflexão mais sólida e embasada sobre o
problema levantado.
Marconi e Lakatos (2017) compreendem a dissertação como um estudo teórico e reflexivo, que
requer que os dados sejam sistematizados, ordenados e interpretados. Esse estudo deve, ainda,
apresentar uma metodologia própria. Contudo, tal característica não deve ser confundida com a
simples reprodução de textos produzidos por terceiros. Como Severino (2002) destaca, a
dissertação precisa ser propositiva, e não apenas expositiva.
As dissertações também podem ser divididas em mais de um tipo quanto ao conteúdo. Medeiros
(2006) e Salvador (1980 apud MARCONI; LAKATOS, 2017) identificam a existência de dois tipos
de trabalho: o expositivo e o argumentativo.
TRABALHO EXPOSITIVO
No trabalho expositivo, o autor realiza grande levantamento de materiais – das mais diversas
fontes – relacionados ao tema da pesquisa. O que é avaliado aqui é a capacidade para coletar e
organizar tudo o que foi reunido.
TRABALHO ARGUMENTATIVO
Já o trabalho argumentativo exige a interpretação das ideias apresentadas e um posicionamento
por parte do autor. Os argumentos servem de sustentação tanto à interpretação quanto à posição
adotada pelo pesquisador.
No que diz respeito à forma, também há mais uma classificação aplicável às dissertações: elas
também podem ser categorizadas de acordo com a maneira que resolvem proceder. Nesse
sentido, Medeiros (2006) aponta que há três “movimentos” que uma dissertação pode adotar: para
fora, para dentro e “zigue-zague”.
No movimento para fora, o texto parte de algo próximo, específico, e vai em direção ao geral, em
um processo tipicamente indutivo. Em outras palavras, procede do particular para o universal.
/
No movimento para dentro, o sentido vai na direção oposta, ou seja, trata-se de uma dedução.
Aqui, o ponto de partida é uma generalização qualquer. Avança-se até alcançar um caso
específico.
Por fim, no chamado “zigue-zague”, o autor utiliza contraposições e comparações tanto de ideias
quanto de fatos e contextos.
TESE
As teses são trabalhos de conclusão produzidos com vistas à obtenção de dois títulos:
DOUTOR
Grau que se conquista após a conclusão de um curso de doutorado.
LIVRE DOCENTE
Grau de titulação acadêmica mais alto a que se pode chegar (apenas pesquisadores que já
tenham o título de doutor podem consegui-lo).
Assim como a dissertação, para a obtenção de tais títulos, exige-se o rito chamado defesa de
tese.
As teses consistem em um grande esforço de sistematização de uma pesquisa em um trabalho
acadêmico. Espera-se do investigador que está concluindo esta etapa que seja capaz de
proporcionar uma descoberta ou contribuição significativa para a ciência (MEDEIROS, 2006). Por
isso, alguns autores afirmam que se deve esperar a originalidade apenas em uma tese de
doutorado.
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/
ORIGINALIDADE
Como frisa Severino (2002), para sustentar sua posição, originalidade nada tem a ver com
novidade, mas, sim, com um retorno às origens. De acordo com o autor:
“[...] [explicita-se], assim, um esclarecimento original ao assunto, até então não percebido. A
descoberta original lança novas luzes sobre o objeto pesquisado, superando seja o
desconhecimento, seja, então, a ignorância”. Fonte: Severino (2002, p. 148).
A tese é descrita pela NBR 14724 como:
“DOCUMENTO QUE APRESENTA O RESULTADO DE UM
TRABALHO EXPERIMENTAL OU EXPOSIÇÃO DE UM
ESTUDO CIENTÍFICO DE TEMA ÚNICO E BEM
DELIMITADO. DEVE SER ELABORADO COM BASE EM
INVESTIGAÇÃO ORIGINAL, CONSTITUINDO-SE EM REAL
CONTRIBUIÇÃO […]”.
Fonte: ABNT (2011, p. 4).
Para além da definição técnica, Marconi e Lakatos (2017) destacam que é esperado que tais
trabalhos contemplem três pontos em especial. O primeiro deles é que sejam precisos, ou seja,
os dados apresentados precisam ser exatos, sem erros ou inconstâncias. O segundo é a
exaustão: a tese deve exaurir o assunto ao qual se dedica. Por fim, o terceiro aspecto diz respeito
à clareza, isto é, a tese precisa ser inteligível e transparente.
/
Você se lembra do que vimos no início deste módulo?
O trabalho de conclusão é feito para o outro, e não para si mesmo.
VÍDEO
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre o processo de desenvolvimento do trabalho de
conclusão de curso.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1.
INDEPENDENTEMENTE DE SUA MODALIDADE, OS TRABALHOS DE
CONCLUSÃO DE CURSO, GERALMENTE, COSTUMAM ASSUSTAR O
PESQUISADOR NESTA FASE DE SEU PROCESSO ACADÊMICO. É CLARO
QUE, SEM NECESSIDADE DE PÂNICO, DEVEMOS ESTAR ATENTOS A
ALGUNS PONTOS ESSENCIAIS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO
APRESENTA UM DESSES PONTOS:
/
A) Permitir a outro pesquisador reproduzir os procedimentos nele realizados.
B) Contribuir para o desenvolvimento de outras pesquisas.
C) Desenvolver o trabalho em linguagem clara e simples.
D) Apresentar resultados de uma pesquisa ainda em andamento.
2. DEVIDO AOS DISTINTOS ENTENDIMENTOS DE CADA AUTOR, UM FATOR
CONSEGUE GERAR DESENCONTROS NO MOMENTO DE SE DELIMITAR O
QUE SÃO MONOGRAFIAS, DISSERTAÇÕES E TESES. QUE FATOR É ESSE?
A) A divisão dos elementos textuais em introdução, desenvolvimento e conclusão.
B) A questão do nível de autonomia esperado.
C) A demanda para que o trabalho seja original.
D) O seguimento das normas da ABNT.
GABARITO
1.
Independentemente de sua modalidade, os Trabalhos de Conclusão de Curso, geralmente,
costumam assustar o pesquisador nesta fase de seu processo acadêmico. É claro que, sem
necessidade de pânico, devemos estar atentos a alguns pontos essenciais. Assinale a
alternativa que não apresenta um desses pontos:
A alternativa "D " está correta.
 
Apresentar os resultados de uma pesquisa em andamento, ou seja, conclusões ainda parciais, é
esperado em artigos científicos, e não em trabalhos de conclusão. Nestes, espera-se o registro
dos resultados relativos a uma pesquisa. Todos os demais pontos apresentados são essenciais a
um trabalho de conclusão.
2. Devido aos distintos entendimentos de cada autor, um fator consegue gerar
desencontros no momento de se delimitar o que são monografias, dissertações e teses.
/
Que fator é esse?
A alternativa "C " está correta.
 
Como vimos, a originalidade é ponto conflitante entre os autores consultados. Enquanto, para uns,
ela deve estar presente em todos os trabalhos de conclusão, para outros, é uma exigência que
deve ser circunscrita às teses de doutorado. A divisão do texto em introdução, desenvolvimento e
conclusão é esperada em todos os trabalhos, não influenciando no processo de classificação dos
trabalhos de conclusão. A verificação do nível de autonomia serve justamente como um dos
mecanismos adotados para superar o problema da delimitação, não contribuindo para possíveis
confusões. Além disso, espera-se que todos os trabalhos sejam realizados obedecendo às
orientações das normas da ABNT.
CONCLUSÃO
 
Autor: jakkaje879 / Fonte: Shutterstock
CONSIDERAÇÕES FINAIS
/
Esperamos que você tenha percebido a importância de darmos atenção a toda estrutura
necessária à organização de um trabalho acadêmico. Se, de um lado, isso permite que os
pesquisadores comuniquemos resultados de suas investigações, de outro, possibilita que se
atualizem sobre os avanços alcançados por seus pares.
Porém, para que isso aconteça, é imprescindível que os resultados de suas pesquisas sejam
registrados de alguma maneira coerente e que permitam tal compreensão. Estamos nos referindo
aos trabalhos acadêmicos: artigos científicos, livros, resenhas, trabalhos de conclusão
(monografias, dissertações e teses).
Finalizamos, então, com a palavra de duas autoras que muito nos ajudaram no itinerário
percorrido neste tema, esperando que tenhamos contribuído com sua formação:
“A ELABORAÇÃO DE UM TEXTO DE FORMA BEM
ESTRUTURADA, COM SUAS CITAÇÕES E REFERÊNCIAS
SEGUINDO REGRAS ESTABELECIDAS POR UMA
NORMA, CONFERE A ELE UM CARÁTER DE
CIENTIFICIDADE E CONFIABILIDADE, FUNDAMENTAL
PARA A SERIEDADE DO TRABALHO PROPOSTO”.
Fonte: Curty & Boccato (2005, p. 96).
/
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: Informação e documentação –
Artigo em publicação periódica científica impressa – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003a.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação –
Referências – Elaboração. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: Informação e documentação –
Resumo – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003b.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Informação e documentação
– Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Informação e documentação
– Trabalhos acadêmicos – Apresentação. 3. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
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FIORIN, J. L; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto: leitura e redação. 16. ed. São Paulo: Ática,
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VOLPATO, G. L. Como escrever um artigo científico. Anais da Academia Pernambucana de
Ciência Agrária, Recife, v. 4, p. 97-115, 2007.
EXPLORE+
Levando em conta que saber escrever de maneira clara e inteligível é uma demanda imposta a
qualquer pesquisador, para aprofundamento da produção textual, indicamos as seguintes leituras:
Argumentação, de José Luiz Fiorin.
Escrita e práticas comunicativas, de Ingedore Villaça Koch & Vanda Maria Elias.
/
Escrever melhor: guia para passar os textos a limpo, de Dad Squarisi & Arlete Salvador.
CONTEUDISTA
André Rocha de Oliveira
 CURRÍCULO LATTES
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